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INTRODUÇÃO

Havendo o conhecimento de que a força de uma nação, na paz como na guerra


depende do número dos seus habitantes, a divergência exprime-se apenas quanto a
relação entre a população e riqueza.

Assim afirmação de Diderot segundo a qual uma sociedade quanto mais numerosa
for mais poderosa é durante a paz mais temível e durante a guerra, onde asceta que a
grande riqueza de um estado é o número dos seus sujeitos, ele está a perfilhar uma tese
populacionista contestada por outros enciclopedistas.

O crescimento Demográfico depende da melhoria da situação econômica,


particularmente da agricultura é o crescimento dos rendimentos que aumenta a
população, onde que a fonte de qualquer crescimento de rendimentos reside na
agricultura, ou seja, existe um laço biológico entre população e subsistências de tal
maneira que, como escreveu Canfillon, quando os alimentos aumentam, os homens
multiplicam-se como ratos numa granja.

2.1 Malthus e o malthisianismo Malthus apresenta o famoso princípio de população,


segundo a qual, o poder de crescimento da população é infinitamente maior do que o
poder da terra para produzir as subsistências do homem. A População quando não é
travada, aumenta segundo uma progressão geométrica. As Subsistências aumentam
apenas segundo uma progressão aritmética.

Um dos críticos de Malthus foi o português Fernando Salano Constâncio que sendo
responsável pela tradução para Francês do princípios de economia política,
curiosamente empenhou-se em demonstrar a falsidade do sistema de M.Malthus,
destruindo inteiramente a quimérica progressão geométrica.

Constâncio rebate a ideia de Malthus segundo a qual as populações duplicam


necessariamente de 25 em 25 anos. Ao mesmo tempo, contra o alegado pessimismo de
Malthus argumenta com a sua convicção de que os produtos anuais da agricultura,
exceptuo em anos de excepcional escassez, excedem as precisões reais da totalidade dos
habitantes.

Assim por exemplo os dois postulados apresentados na primeira edição acerca da


relação necessária entre o homem e os alimentos e acerca da paixão entre os sexos, são
suprimidos na edição seguinte.

Destes dois postulados decorriam três teses:

Primeira tese: O aumento da população é necessariamente limitado pelos meios de


subsistências.

Segunda tese: A população aumentará inevitavelmente sempre que aumentarem as


subsistências.

Terceira tese: O dinamismo inerente a expansão da população é reprimido e aquela


mantida em equilíbrio com as suas subsistências através do duplo constrangimento da
miséria e do vício.
Já a partir da segunda edição, Malthus acrescenta a sua terceira tese um terceiro
travão a obrigação moral. Esta obrigação moral refere-se à opção pelo celibato e pelo
casamento tardio, a qual é necessário, aos olhos de Malthus pelo facto de que qualquer
homem que pertença constituir uma família só deverá fazê-lo se e quando definir os
meios que assegurem a sua subsistência e a dos seus familiares.

Confrontando com as teorias de Malthus com as características atuais da população


mundial, Etienne Van de Walle indica três domínios em que o mundo evolui em sentido
contrário da sua teoria. Assim:

1. Os travões positivos não limitaram o crescimento da população.


2. Os Efeitos da paixão entre os sexos foram travados não pelos travões negativos
de Mathus, mas pelas contracepções que condenavam.
3. A quantidade de subsistências aumentou muito para além do que Malthus
imaginava.

Tendo como Objectivo supremo educar o proletariado e as mulheres no acesso


ao controlo da procriação, os neomalthusianos associam a procriação do acto
sexual e defendem o direito ao prazer. Em consequências questionam os termos
em que se relacionam os sexos e o lugar da mulher na sociedade.

2.2. Notestein e a teoria da transição demográfica

O primeiro esboço da teoria da transição demográfica, formulado por


Thompson em 1929 coloca-se no centro da velha questão demográfica, isto é, a do
equilíbrio entre o crescimento demográfico e subsistências.

Para Notestein a transição demográfica constituiu em processo de ruptura com o


antigo regime isto é o estádio Uigh Growth potencial. Ruptura através da qual o
crescimento natural é controlado: O controlo da mortalidade o qual original uma fase de
crescimento demográfico e controle da fecundidade o qual representa uma forma
avançada da através da qual o crescimento pode ser controlado de outro modo doque
pela morte.

2.3 Landry e a teoria do regime demográfico moderno

Na análise da teoria malthusiano, Landry adopta uma perspectiva muito crítica


em relação aos seus fundamentos. Esta teoria, segundo ele, enferma de uma contradição
básica. Esta contradição seria segundo Landry, devido ao facto de que, sendo a
primeira redacção de ensaios um panfleto, quando mathus se abalançou a fazer um
estudo mais fundamentado sobre a população, apoiando-se para o efeito nas
observações que recolheu durante as suas viagens através da Europa, teve que constatar
que aquelas desmentiam a sua concepção primitiva.

Em conclusão, Landry limita o papel de Malthus ao facto de, através da primeira


edição do ensaio, ter chamado a atenção do grande público para o problema da
população.
2.4 Questão em torno da teoria da transição demográfica

A teoria da transição demográfica tem sido o objeto de numeras críticas. Essas


críticas põem em causa:

1- O paradigma evolucionista.
2- O desajustamento dos parâmetros demográficos, definidos como fundamentos
da teoria em relação a diversidade das tendencias verificadas nas populações
Europeias
3- A omissão relativamente ao papel da nupcialidade e das migrações externas.
4- O primado das estruturas socioeconômicas, enquanto causa da transição.

2.4.1 A questão do paradigma

O Evolucionalíssimo da TTD inspira-se nas teorias da modernização. A persistente


influência dessas teorias talvez explique que alguns dos críticos da teoria não a tenham
rejeitado enquanto paradigma universal. Perante a evolução demográfica dos países
industrializados a seguir a segunda guerra mundial - que desmente a previsão de um
regime estacionário após a transição -alguns autores avançaram com a ideia de uma
segunda transição e mesmo de uma terceira.

A questão dos parâmetros demográficos

Dois demográficos belgas, Joseph Boutte e Dominique Tabutin Confrontando aos


parâmetros em que assenta a teoria de Notestein com alguns resultados obtidos pela
demografia histórica, concluem que esses parâmetros não se ajustam a diversidade de
tendências das populações europeias. Assim:

1- A situação não é homogénea na Europa quanto às datas em que terá começado a


queda da fecundidade: nalguns países terá começado cedo, em meados do século
XVIII, noutros só no final do sec. XIX

2- O mesmo acontece com os níveis de partida e de chegadas das taxas brutas de


natalidade e de mortalidade, os quais variam de país para país. Não existe o que
Boutte designa por uniformidade dimensional. E acrescenta Tabutin: `os ritmos
de baixa e a duração do período de transição podem depender da situação de
partida

3- A cerca do momento inicial da transição, permanecem questões sem resposta.

2.4.3 – A questão da omissão do papel da nupciadade e das migrações

Quanto a nupcialidade, como observa Tabutin, foi preciso esperar os trabalhos


Hajnal para ver a sua importância reconhecida e as pesquisas destes últimos anos,
nomeadamente as da Universidade de Princeton confirmaram a importância deste
fenómeno no estudo de transição.
Ao querer definir um modelo universal de transição, Notestein quase era obrigado a
ignorar a nupcialidade, dado que a grande variedade de sistema de casamento praticados
na população mundial dificilmente se acordava com a definição de modelos
homogêneos
2.4.4- Drásticas mudanças na cena social e económica
Versus primado dos fatores económicos

Depois de sumariar o processo de recuo da mortalidade na Europa Notestein analisa as


causas da descida da fecundidade, que considera um processo mais complexo e
demorado, o qual só se tornou irreversível após drásticas mudanças na cena social e
económica que realmente alteravam os motivos e os objetivos das pessoas a respeito do
tamanho da família. O cento dessas extensas mudanças foi, no entender de Notestein, o
crescente individualismo e os crescentes níveis das aspirações populares desenvolvidas
no viver urbano no contexto demográfico de explosão urbana.

2.5. A modernidade revolução das mentalidades

Quanto a esta questão, Ariés concentra o essencial da sua interpretação sobre as causas
de aumento da longevidade entre os mais velhos. Até ao sec. XVIII, os velhos vivam na
sociedade tradicional numa zona neutra entre a morte social e a morte fisiológica. Estes
estados de proscrição social, sendo tacitamente aceite pelos interessados, refletia a
submissão secular dos indivíduos a uma ordem das coisas imutável e intangível que
nenhuma força humana podia alterar. A recusa da morte social por parte dos velhos foi
segundo Ariés, o primeiro passo para subverter essa submissão. Pouco Importa, o
essencial é que o problema tenha sido posto e que a necessidade tenha nascido. Porque
vencida a inércia da aceitação da procriação da velhice a sociedade deu em seguida um
passo mais ousado: a ideia revolucionária, extraordinária de fazer recuara morte

A transição demográfica nos países não europeus

Mas recentemente, alguns autores debruçaram - se sobre o contexto cultural em que


ocorreu em alguns países a baixa de fecundidade. Lesthaeghe e Wilson embora admitam
que a baixa da fecundidade possa ser terminada por factores econômicos, afirmam que o
ritmo dessa baixa tenderá a ser condicionada, em última instancia, pela religião
dominante e pelo sistema político. Leasure acrescentou a estes factores a educação.

2.7.2. A questão do dualismo português

A proximidade entre transição das populações do Sul e o modelo dominante entre as


populações europeia é incontestável:

1- No período pré – transicional, a natalidade do Norte era baixa, devido às


restrições matrimonias, que deduziam o período de actividade fecunda das
mulheres beneficiavam de um acesso mais fácil ao casamento e por isso,
dispunham de um tempo de procriação mais longo, a natalidade tal como na
maioria dos países europeus, era mais elevada

2- Não apenas o início da queda da natalidade foi mais precoce entre as populações
do Sul, como, ao contrário do que aconteceu no Norte - onde a natalidade subiu
durante a década de 1950 e 1960, essa tendencia não teve um carácter
meramente conjuntural, tendo-se desenvolvido de forma linear a partir do seu
início.

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