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ABSTRACT
The focus of this work was on daseinsanalyse, which is a psychotherapy
school developed by Medard Boss based on Heidegger's thought. Theoretical
implications, goals of psychotherapy and therapist attitudes were emphasized.
The goals of psychotherapy are directed toward revealing meaning, a new
understanding of the patient's attunement, and the promotion of existential
freedom. The therapist's posture involves embracing, approaching and
accepting the patient. The therapist must have a clinical perspective and
clarify the patient's experiences. The synthetic interpretations suggest a
dispersion of the therapist's objectives and postures that converge to
existential care, while daseinsanalyse is a therapeutic practice in the original
sense of the term. It points to the possibility of Dasein's analytical thinking
supporting the practice of harm reduction from a new perspective. In the
present work, a brief summary of the contributions to the psychological clinic
of Ludwig Binswanger and Medard Boss is also made.
Ludwig Binswanger
Ludwig Binswanger foi um psiquiatra suíço nascido na cidade de Kreuzlingen, em
1881. Morreu em 1966, aos 84 anos.
No nível profissional, ele trabalhou como médico e como diretor de uma clínica para
pessoas com transtorno mental em sua cidade natal, Kreuzlingen.
Estudou medicina nas décadas de 1900 e 1906, em Lausanne, Heidelberg e
Zurique. Antes de trabalhar como médico, ele trabalhou como assistente voluntário
em uma clínica universitária chamada Burgholzli. Naquela época, essa clínica era
administrada pelo psiquiatra Eugen Bleuler, que fez importantes contribuições ao
campo da esquizofrenia.
Posteriormente, Ludwig Binswanger fez seu doutorado, realizando sua tese de
doutorado no reflexo psicogalvânico, sob a direção de Carl Jung.
Binswanger, também estudioso das obras fenomenológicas de Husserl, toma para a
psiquiatria a ideia de ir às coisas mesmas e se interessa pela estrutura da
intencionalidade. Passa a orientar sua investigação psiquiátrica, através da
compreensão e investigação do significado existencial das doenças, no ato de
existir, as condições de possibilidade para o doente. Ele então descreve várias
instâncias clínicas, principalmente com diagnóstico de esquizofrenia, como o célebre
caso de Ellen West.
Medard Boss
Medard Boss, psiquiatra suíço, nascido em 1903, é conhecido como o
fundador da Daseinsanalise. A descrição da existência humana que
fundamenta sua obra foi desenvolvida pelo filósofo Martin Heidegger,
notadamente em seu livro Ser e Tempo (Heidegger, 1927/1998). Boss
assume a tarefa de desenvolver a disciplina que demonstre "os fenômenos
existenciais comprováveis do Dasein social-histórico e individual relacionados
no sentido de uma antropologia ôntica, de cunho daseinsanalítico" (Boss &
Heidegger, 1987/2009, p. 164-5) dividida em uma antropologia
daseinsanalítica da existência saudável e uma patologia compreendida à luz
do homem como Dasein, ser-aí. Para essa tarefa, Medard contou com a ajuda
do filósofo, que passou dez anos em sua casa em Zollikon, ensinando
psiquiatras em seminários onde discute a condição humana em termos de
análise existencial, visando construir essa ciência na qual o ser humano não
tem pressupostos científicos-naturais deterministas que obscurecem a
compreensão do processo de cura (Boss & Heidegger, 1987/2009).
Medard Boss (1988), no prefácio de Angústia, culpa e libertação, reconhece
que deve a Heidegger toda a sua formação filosófica.
Destaca algumas das questões que acredita que devem ser pensadas em
termos da clínica nos termos dos pressupostos heideggerianos: a
inseparabilidade do orgânico e do psíquico, a angústia e a culpa como fatores
de suma importância no âmbito dos psiquicamente doentes e, por fim, o
caminho para a libertação. Além destas, Boss pensou muitas outras questões
em psicologia, tais como o ser-doente, os distúrbios psíquicos e a
psicossomática. Para o exercício clínico trouxe como contribuição a
interpretação dos sonhos a partir de uma tematização de sentido que aquele
que sonha atribui ao sonhado.
DASEINSANÁLISE
Segundo Costa (2017):
A daseinsanalyse enquanto prática psicoterapêutica tem suas origens na
apropriação pioneira realizada por Ludwig Binswanger do pensamento de
Martin Heidegger, especialmente as noções expressas na obra "Ser e
Tempo" (1927/2012). A proposta de Binswanger era encarar a clínica, a
patologia e a realidade existencial do paciente a partir de uma perspectiva
fenomenológica, destacando-se do pensamento científico hegemônico de
então (Boss & Condrau, 1976/1997; Holanda, 2014). No entanto, partir de
uma série de críticas realizadas pelo próprio Heidegger em torno da
compreensão errônea de determinados pontos de sua filosofia, Binswanger
afastou-se do pensamento heideggeriano, cabendo ao psiquiatra suíço
Medard Boss a tarefa de continuar empreendendo o desenvolvimento da
daseinsanalyse, recebendo o suporte intelectual de direto Heidegger (Boss
& Condrau, 1976/1997, Heidegger, 1987/2001).