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Resumo
Este trabalho tem como objetivo propor uma metodologia para o desenvolvimento de
processo de forjamento em matriz fechada, tomando como referência dados contidos na
literatura especializada e aplicando-os em um estudo de caso. Será utilizado como objeto de
estudo um produto destinado à indústria automotiva e os testes serão realizados em uma
indústria metalúrgica. Ao longo do trabalho será feita uma análise dos requisitos do produto;
será feito um estudo para definição da pré-forma ideal do material a ser forjado, seguindo os
critérios de redução de desperdícios e da energia necessária para o forjamento; os cálculos de
carga para o forjamento serão realizados de modo a determinar o equipamento adequado para
execução do serviço, quais as etapas do processo, e parâmetros geométricos; será
desenvolvido o projeto da matriz para forja do produto.
Palavras-Chaves: Forjamento, Pré-forma, Matriz fechada.
Abstract
This work aims to propose a methodology for the development of a closed die forging
process, taking as reference data contained in the specialized literature and applying them on a
case study. A product intended for the automotive industry will be used as the study object
and the tests will be carried out in a metallurgical industry. Along the work will be made a
analysis of the product requirements; a study will be made to define the ideal preform of the
material to be forged, following the criteria of waste reduction and of the energy required for
forging; the load calculations required for forging will be performed in order to determine the
appropriate equipment to perform the service, which process steps and geometric parameters;
will be developed the die design for the product forge.
Keywords: Forging, Preform, Closed die forging.
1. Introdução
Forjamento é o nome dado ao conjunto de processos tecnológicos de deformação plástica em
que se altera a forma de um metal aplicando nele forças de compressão localizadas. Pode ser
feito por meio de martelamento ou em prensas hidráulicas, mecânicas excêntricas ou de
fricção (RODRIGUES E MARTINS, 2010).
Este processo pode ser divido em duas categorias: forjamento livre ou em matriz aberta, e
forjamento em matriz fechada (BRESSIANI FILHO et all, 2011). Pode ser executado a frio, a
morno e a quente, porém a maioria das operações de forjamento é feita a quente.
O forjamento foi um dos primeiros processos de conformação para obtenção de formas úteis,
sendo utilizado como, por exemplo, na fabricação de espadas. Ainda hoje continua como um
dos processos mais utilizados na indústria por produzir peças com diversas formas e
dimensões, de diversos tipos de materiais metálicos e produzindo peças de forma complexa
com baixo desperdício de material, quando comparado a outros processos de fabricação, além
de melhorar as propriedades mecânicas do material e possuir alta produtividade.
Este processo, porém, necessita ser realizado em máquinas de alta capacidade de carga.
Quando feito a quente, a carga necessária é menor, porém o aquecimento do material
demanda alto consumo de energia e para que o processo seja feito com o mínimo de
desperdício é necessário definir uma pré-forma adequada para o material que será forjado.
Este estudo tem como objetivo o desenvolvimento de metodologia para o processo de
forjamento em matriz fechada para se produzir peças de geometria plana, o projeto da pré-
forma adequada para que o desperdício de material e a carga necessária para a execução do
serviço sejam os menores possíveis, e o projeto da matriz de forja.
2. Revisão bibliográfica
2.1. Conceitos iniciais
Segundo Rodrigues e Martins (2010), a tecnologia do forjamento permite fabricar peças com
dimensões e formas geométricas muito diversificadas, numa gama muito variada de materiais
metálicos. É um método amplamente utilizado por vários setores importantes da indústria. A
diversidade de aplicações e de produtos obtidos pode ser explicada com base na importante
relação que se consegue obter entre a qualidade e os custos de produção. Além da excelente
relação entre resistência mecânica e o peso e a elevada resistência à fadiga e aos esforços de
impacto.
Chiaverini (1995) diz que a principio, há dois tipos gerais de equipamentos para o forjamento:
os martelos de forja ou martelos de queda e as prensas. O martelamento produz deformação
principalmente nas camadas superficiais, enquanto que a prensagem atinge as camadas mais
profundas e a deformação resultante é mais regular do que a que é produzida pela ação
dinâmica do martelamento. As operações de forjamento são realizadas a quente, ou seja, a
temperaturas acima das de recristalização do metal, embora alguns metais possam ser forjados
a frio.
De acordo com Bressiani Filho, Batalha, da Silva e Button (2011), o processo de forjamento
subdivide-se em duas categorias: forjamento livre ou em matriz aberta e forjamento em matriz
fechada. No forjamento em matriz aberta o material é deformado em ferramentas de
geometria simples e o escoamento do material não é, ou é muito pouco constrangido
lateralmente. É aplicado geralmente para a fabricação de grandes peças, de baixa produção e
geometria simples. No forjamento em matriz fechada o material é conformado em ferramentas
com o formato negativo da peça a ser fabricada e o escoamento do material é constrangido
lateralmente. É aplicado geralmente para a fabricação de peças menores, de alta produção.
Permite a fabricação de geometrias complexas e com tolerâncias dimensionais estreitas,
porém as matrizes possuem um custo de fabricação elevado e o processo demanda uma maior
pressão de deformação.
Figura 01 – Forjamento em matriz aberta (a) e forjamento em matriz fechada (b)
Resultando, então,
(3)
Onde a e b são as outras dimensões do corpo representado na Figura 02.
Como na deformação o volume permanece constante, tem-se:
(4) ou (5)
∫ (6) ou (7)
(17)
( ) [ ( ) ( )]
( ) ( ) (18) ou [ ( ) ( ) ] (19)
Determinando-se as variações das tensões na direção x de uma tira com a subsequente, obtém-
se a tensão na direção x naquela determinada tira, segundo a equação:
(20) ou (21)
A aplicação da Teoria de Henri Tresca, a partir da tensão na direção x e da tensão de
escoamento de uma determinada tira é possível calcular a tensão na direção z dessa tira:
(22)
Com a tensão na direção z obtida em uma determinada tira, é calculada a tensão média na
direção z da tira anterior com a sua subsequente:
(23)
Por fim, com as tensões médias localizadas na direção z e com a área superficial de contato da
tira é possível calcular a força em cada tira. Através do somatório das forças em cada tira,
determina-se a força máxima de forjamento da peça forjada. Para cada tira, pode-se calcular a
área de contato por:
(24)
A força em cada tira é calculada por:
(25)
2.6. Projeto das matrizes de forja
Segundo Rodrigues e Martins (2010), os materiais utilizados na fabricação de matrizes para
forjamento devem possuir uma elevada resistência ao desgaste e às solicitações de
compressão e choque (elevada tenacidade), sendo esta última propriedade muito importante
no caso das ferramentas que possuam formas complexas. Para trabalho a quente, devem ser
considerados os aspectos relacionados com a manutenção das propriedades mecânicas do
material a temperaturas elevadas e com a fadiga e choques térmicos.
Os materiais mais utilizados são os aços para ferramentas que contenham como principais
elementos de liga o cromo, o tungstênio, o molibdênio e o vanádio. Recomendam-se durezas
máximas de 35 a 55 HRC para as matrizes destinadas a operações de forjamento a quente.
Nos processos de forjamento em matriz fechada devem ser levados em consideração alguns
elementos construtivos como:
- Canal e cavidade de rebarba: se a espessura do canal de rebarba for muito pequena e
existir excesso de material no interior da cavidade da matriz, a energia necessária ao
forjamento aumenta, e se a espessura da rebarba for muito elevada o material necessário ao
enchimento das matrizes pode fluir prematuramente através do canal de rebarba podendo o
componente final ficar defeituoso.
- Ângulos de saída ou conicidades: estes ângulos destinam-se a facilitar a extração das
peças forjadas no interior das matrizes de forjamento. Os ângulos de saída interiores devem
variar entre 5º a 10º, enquanto que os exteriores entre 3 e 7º.
- Raios de canto e de concordância: A seleção adequada dos raios de concordância é
fundamental para que se consiga assegurar um escoamento uniforme e adequado da matéria-
prima no interior das cavidades da matriz.
Figura 03 – Representação esquemática dos principais elementos constitutivos de uma matriz
Os cortes transversais serão aplicados nos pontos conforme a Figura 07 e os resultados serão
conformes os apresentados na Tabela 02.
Figura 07 – Pontos de corte para desenvolvimento da pré-forma
Onde: ; ; ; ;
;
Cálculo de carga necessária segundo Bressiani Filho, Batalha, da Silva e Button (2011),
usando o “Método para Estimativa Simplificada”:
̅ (11)
Figura 10 – Tensão Média de Escoamento - Método de Shida
Cálculo de carga necessária segundo Corrêa (2014), usando o “Método das Tiras”:
Tabela 03 – Cálculos da TEP
5. Conclusões
O método proposto para o projeto da pré-forma se mostrou eficaz, face aos resultados obtidos,
produzindo rebarba de apenas 0,2% do seu volume.
As etapas definidas para o processo atenderam aos requisitos do produto, não sendo
necessária a implementação de processos adicionais.
Para os cálculos de carga necessária para o forjamento foram aplicadas três teorias diferentes,
duas apresentaram carga mais baixa (31,2 e 33,6 t) e uma apresentou carga mais elevada (56,5
t). Com base no maquinário disponível, foi definida uma prensa com capacidade de 60
toneladas (92% superior ao cálculo de Chiaverini, 79% superior ao cálculo pelo Método das
Tiras e 6% superior ao cálculo pelo Método da Estimativa Simplificada), que se mostrou
capaz de executar o forjamento.
O material definido para as matrizes de forja (VH13/AISI H13 temperado e revenido à 54±1
HRC) apresentou bom desempenho, visto que colocado em regime de produção resistiu a um
ciclo médio de 12.000 golpes sem apresentar deformação significativa e/ou falhas no produto.
O projeto das matrizes de forja se mostrou adequado, visto que as dimensões finais do
produto atenderam ao que é solicitado e foi constatado que a contração do material forjado
após resfriado foi de 1,42%.
Com todos os resultados sendo positivos, a proposta de metodologia para desenvolvimento de
processo e projeto de ferramental para forjamento em matriz fechada, foi considerada válida.
REFERÊNCIAS
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Ohio: ASM Internacional, 2005.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. Processos de Fabricação e Tratamentos. Vol. II. São
Paulo: Editora Pearson, 1995.
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COSTA, Luana De Lucca; MARQUES, Angela Selau; SHAEFFER, Lirio. Fatores de influência no
projeto de matrizes para forjamento a quente . p. 660-671. In 70º Congresso Anual da ABM, Rio
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SOUZA, Altair Lúcio De. Estudo da tensão média de escoamento de aços laminados em tiras a
quente. Belo Horizonte: UFMG, 2010. Dissertação de Mestrado – Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Metalúrgica e de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
SHAEFFER, Lirio. Conformação Mecânica. 2ª Edição. Porto Alegre: Editora Imprensa Livre, 2004
VILLARES. Aços para Ferramentas. Aços para Trabalho a Quente. São Paulo: Villares, 1992.