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Por
Anderson Cavalcante, Gabriel Cândido, José Avelino Neto, Marina Neves, Suelen Beatriz e Yuri Lins
1. CONCEITO
Desde as origens do cinema, duas forças caminharam lado a lado durante o seu
desenvolvimento enquanto arte: a constante experimentação de suas formas e o fascínio pelo
fantástico e pelas narrativas horripilantes. O cinema, nascido no século industrial, testou os
seus limites em uma velocidade impressionante, enquanto transpôs séculos de literatura e
tradição oral para o meio fílmico, incorporando os mitos que representavam os medos de sua
época. Com o tempo, o cinema aperfeiçoou sua forma, encontrando o equilíbrio perfeito entre
a inteligibilidade de uma história narrada e uma gramática clássica com técnicas e
convenções bem estabelecidas. Dentro dessa tradição, o horror se consolidou como um
gênero autônomo, com suas próprias regras, autores e obras incontornáveis.
No que diz respeito à segurança, embora a praça mantenha os desafios comuns aos
centros urbanos, é importante ressaltar que ela é constantemente monitorada e patrulhada por
viaturas, devido à sua importância como ponto de encontro e passagem. Além disso, a
FUNDAJ conta com um serviço de segurança interna dedicado a proteger a instituição e
garantir a tranquilidade dos frequentadores.
A mostra exigirá um investimento de 70 mil reais, que será utilizado em várias áreas
de sua produção. Uma parte significativa desse valor será destinada à obtenção das cópias dos
filmes em película e na melhor qualidade digital disponível.
A FUNDAJ dispõe de duas salas para a mostra: a Sala João Cardoso Ayres, adequada
para exibições em película de 16mm e H264, e a Sala José Carlos Cavalcanti Borges,
destinada a projeções em DCP e/ou 35mm.
É importante mencionar que a FUNDAJ não possui um projetor 16mm, portanto será
necessário alugar esse equipamento de um fornecedor terceirizado. Em Recife, há o
colecionador Velocidade, conhecido por alugar seus projetores e oferecer suporte operacional
durante as sessões.
Grande parte dos filmes selecionados para a mostra serão adquiridos através da
distribuidora “Light Cone”, uma renomada organização sem fins lucrativos dedicada à
distribuição, promoção e preservação do cinema experimental. A Light Cone possui acervos
de realizadores como Stan Brakhage e Takashi Ito, o que facilitará a curadoria e o acesso às
cópias,
Além disso, para os filmes que não possuem cópias em película, há a possibilidade de
obter cópias digitais. É importante destacar que todos os filmes selecionados para a mostra
foram lançados em DVDs ou Blu-rays, o que indica a existência de cópias restauradas
disponíveis.
Para viabilizar a exibição dos filmes, será necessário arcar com os custos de aluguel e
transporte das cópias. Esses valores serão cobertos pelo orçamento da mostra. Para mais
informações sobre a Light Cone, você pode acessar o site deles:
https://lightcone.org/en/about-light-cone
Os convidados que participarão dos debates terão suas passagens aéreas e
hospedagens cobertas pelo evento. Para garantir a comodidade e facilidade de acesso, a
mostra conta com opções de hotéis localizados nas proximidades da FUNDAJ. Entre as
alternativas, destacam-se o Novo Hotel Recife, situado na Rua Henrique Dias, no bairro da
Boa Vista, próximo ao Derby, e o Recife Plaza Hotel, localizado no final da Avenida Conde
da Boa Vista.
As sessões acontecerão diariamente a partir das 19h, buscando atrair o público que
sai do trabalho no início da noite. As sessões serão cuidadosamente planejadas para não
ultrapassar 1h30 de duração, incluindo a exibição dos filmes em conjunto. Isso também se
aplica ao debate com os pesquisadores Lucas Baptista e Rodrigo Carreiro, que ocorrerá após
a sessão do terceiro bloco de filmes no sábado. Nos demais dias, os blocos de filmes serão
repetidos.
Nesse contexto, três filmes destacam-se como referências. O primeiro é "Frank Stein"
(1972), de Iván Zulueta, uma leitura pessoal do clássico de terror cult "Frankenstein" (1931),
de James Whale, filmado diretamente de sua transmissão televisiva e reduzindo o original de
Whale a apenas três minutos intensos e vertiginosos, nos quais o sensível monstro do filme
evolui de maneira incomum.
O segundo filme será "Outer Space" (1999) de Peter Tscherkassky, que reelabora de
maneira magistral sequências do filme de terror dos anos 80 "The Entity" (1982), de Sidney
J. Furie, em uma experimentação tátil e imersiva do espaço cinematográfico. Tscherkassky
cria um turbilhão de fragmentos audiovisuais, destruindo de forma impressionante as normas
narrativas.
O terceiro destaque é "Dellamorte Dellamorte Dellamore" (2000), de David
Matarasso, uma releitura do filme "Della Morte Dellamore" (1995), dirigido por Michele
Soavi. Nessa abordagem, Matarasso atua como reeditor das imagens originais,
conferindo-lhes uma aura abstrata que se aproxima do horror primordial. Por meio do recorte
e da remontagem das imagens, Matarasso cria uma nova montagem que transcende a
narrativa convencional do filme, explorando uma perspectiva única e provocativa.
Neste bloco, destaca-se "Ghost" (1984), de Takashi Ito. O diretor utiliza técnicas
como fotografia de longa exposição, stop motion e pintura com luz para criar uma
experiência no espaço assombrado. Essas técnicas trazem efeitos visuais que capturam o
movimento do fantasma e dão vida a objetos inanimados, resultando em uma atmosfera
imersiva. O filme transporta o espectador para um mundo além da realidade, proporcionando
uma experiência única.
Também de Takashi Ito, mais dois de seus filmes se destacam na mostra: "Thunder"
(1982) e "Grim" (1985). Em "Thunder", o filme apresenta uma série de slides fotográficos de
uma mulher com uma aparência fantasmagórica, repetidamente cobrindo e descobrindo o
rosto com as mãos. Essas imagens são projetadas nas paredes interiores de um prédio de
escritórios vazio, criando dobras e distorções nas superfícies. Já em "Grim", a imagem de
objetos é copiada, flutua no ar e depois é colada em diferentes objetos. Esse filme foi filmado
quadro a quadro e utilizou a técnica de longa exposição. Ambos os filmes exploram de forma
única a relação entre a imagem e o espaço, proporcionando uma experiência visual intrigante.
O terceiro bloco, intitulado "Horizonte abstrato", apresenta uma seleção de filmes que
exploram a abstração como elemento central na criação de um sentimento de horror. Nesses
filmes, a busca pela imersão sensorial e a experiência cinematográfica ultrapassam os limites
do realismo, mergulhando em uma atmosfera de medo que se constrói por meio da própria
linguagem cinematográfica
Será exibido "The Dante Quartet" (1987), de Stan Brakhage, que consiste em uma
representação visual em quatro partes da internalização de um homem do livro "Divina
Comédia", de Dante Alighieri . O filme apresenta pinceladas multicoloridas contra um fundo
branco, representando o Inferno. Em seguida, há imagens em rápida montagem mostrando
cores em movimento, com breves vislumbres de estrelas e da lua. O Purgatório é retratado
com borrões de cores que ocasionalmente desaceleram e congelam, revelando momentos
fugazes de janelas e rostos. Por fim, cores vivas giram e piscam, intercaladas com vislumbres
momentâneos de atividade vulcânica.
Dentro deste bloco, será exibido o único longa-metragem de nossa seleção: Sleep Has
Her House (2017), de Scott Barley, é um filme que transporta o espectador para uma jornada
contemplativa dentro de uma floresta marcada por inúmeras tragédias humanas. Com
tomadas longas e estáticas, somos levados de volta às origens, onde a natureza revela suas
camadas mais profundas e sombrias. Através da imersão na paisagem sonora, as vozes dos
mortos ecoam pelo solo, ressurgindo de um passado perdido. A combinação de imagens reais,
fotografias estáticas e desenhos à mão cria uma atmosfera que evoca as raízes ancestrais
dessa floresta, enquanto um horror primordial emerge e toma forma de maneira tangível.
É importante ressaltar que os filmes mencionados até agora são apenas uma seleção
preliminar. Cada bloco do programa terá uma variedade maior de filmes, que serão resultado
de uma pesquisa mais abrangente realizada pela curadoria. Essa pesquisa minuciosa garantirá
uma seleção cuidadosa e diversificada, enriquecendo ainda mais a programação com obras
relevantes e representativas do tema proposto.
O debate com os pesquisadores poderá ser realizado tanto na sala principal do Cinema
da Fundação, dependendo de sua disponibilidade, quanto na sala João Cardoso Ayres, que,
por não ter uma programação regular, pode ser utilizada não apenas para exibições de filmes,
mas também para debates. Todos os membros da equipe da mostra receberão credenciamento,
assim como será disponibilizado credenciamento para empresas de mídia interessadas em
cobrir o evento.
No que diz respeito à divulgação, a mostra contará com uma assessoria de imprensa
responsável por enviar comunicados à imprensa e alimentar as redes sociais do evento. Além
disso, aproveitaremos as redes sociais ativas da FUNDAJ e do Cinema da Fundação para
promover a mostra. Um designer profissional será contratado para criar peças gráficas e
desenvolver a identidade visual da mostra, contribuindo para uma divulgação coerente e
atrativa.