Você está na página 1de 17

Yakuza

organização criminosa

Esta página cita fontes, mas estas não cobrem todo o conteúdo.
Saiba mais

A Yakuza ( ヤクザ [jaꜜkuza]), também conhecida como gokudō (極道 ), são os membros de
? ?

grupos de uma organização criminosa transnacional originária do Japão. A polícia japonesa


暴力団 "grupo de violência"), enquanto os
e a imprensa, os chamam de bōryokudan ( ?

membros da Yakuza chamam a si mesmos de "ninkyō dantai" (任侠団体 ou 仁侠団体 ?

"Organização Cavalheirescas"). Os membros são notórios por seus códigos de conduta


estritos e natureza muito organizada. Eles têm uma grande presença na mídia japonesa e
agem internacionalmente com um número estimado de 500 000 membros.[1]

Yakuza

Fundação Século XVII

Local de fundação Tóquio

Território (s)  Japão

Atividades Contrabando, Exploração da prostituição, Jogos


de azar

Rivais Tríade chinesa

Nome

O termo Yakuza deriva da junção de Ya-Ku-Za (que significa 8-9-3). A sequência numérica é
considerada o pior tipo de mão em um jogo de baralho típico japonês, similar ao Blackjack.
Origem

Um yakuza com uma tatuagem de dragão corre para ajudar seu camarada, que luta contra a polícia.

Apesar da incerteza acerca da origem das organizações yakuza, os yakuza mais modernos
derivam de duas classificações que surgiram em meados do período Edo (1603 – 1868):
dokai circle, aqueles que vendiam bens ilícitos, roubados ou de má qualidade; e os okada,
aqueles que se envolviam ou participavam de jogos de azar.[2]

Os "tekiya" (mascates) foram considerados um dos mais baixos grupos sociais de Edo.
Assim que eles começaram a formar organizações próprias, eles assumiram algumas
tarefas administrativas relacionadas ao comércio, tais como alocação de barracas e
proteção de suas atividades comerciais. Durante festivais xintoístas, esses mascates abriam
barracas e alguns membros eram contratados para atuar como seguranças. Cada mascate
pagava uma renda em troca do local da barraca e proteção durante a feira.
Por toda a história, especialmente desde a era moderna, a ilha de Kyushu foi a maior fonte de membros yakuza,
incluindo muitos chefes renomados no Yamaguchi-gumi. Isokichi Yoshida (1867–1936) era da região de Kitakyushu e
é considerado o primeiro yakuza moderno renomado. Recentemente, Shinobu Tsukasa e Kunio Inoue, os chefes dos
dois clãs mais poderosos do Yamaguchi-gumi, são de Kyushu. Fukuoka, a parte mais ao norte da ilha, possui o maior
número de sindicatos entre todas as províncias.

O governo Edo posteriormente reconheceu formalmente tais organizações tekiya e concedeu


aos oyabun (líderes) dos tekiya um sobrenome bem como a permissão para carregar uma
espada – a wakizashi, ou espada curta samurai (o direito a carregar a katana, ou espada
comprida samurai, permanecia de uso exclusivo das castas da nobreza e dos samurais).
Este foi um grande passo para os comerciantes, já que antigamente somente os samurais e
nobres podiam carregar espadas.

Os Bakuto (apostadores) possuíam um nível social muito mais baixo que até mesmo os
comerciantes, visto que as apostas eram ilegais. Muitas casas de jogo de azar surgiam em
templos abandonados ou santuários na periferia de cidades e vilas por todo o Japão. A
maior parte dessas casas de jogo operava negócios de agiotagem para seus clientes e eles
normalmente mantinham seus próprios seguranças pessoais.

Kenichi Shinoda conhecido como Shinobu Tsukasa é o atual líder do Yamaguchi-gumi, o maior sindicato Yakuza
desde meados do século XX.

Os próprios locais, bem como os bakuto, eram vistos com desdém pela sociedade em geral,
sendo que muito da imagem indesejável dos yakuza surgiu dos bakuto, incluindo o próprio
nome yakuza (ya-ku-za, ou 8-9-3, é um jogo parecido com blackjack).[3]

Devido à situação econômica durante o período e a predominância da classe mercante,


grupos de Yakuza em desenvolvimento eram compostos de desajustados e delinquentes
que se juntaram ou formaram grupos yakuza para extorquir consumidores em mercados
locais ao vender bens falsos ou defeituosos.[2]
As raízes da yakuza podem ser vistas ainda hoje em cerimônias de iniciação, que
incorporam rituais tekiya ou bakuto. Embora a yakuza moderna tenha se diversificado,
algumas gangues ainda se identificam com um grupo ou outro. Por exemplo, uma gangue
cuja fonte primária de receita seja o jogo ilegal pode se referir a si mesmos como bakuto.

Organização e atividades

Estrutura

Hierarquia yakuza

Durante a formação da yakuza, eles adotaram a estrutura hierárquica japonesa tradicional de


oyabun-kobun onde kobun ( 子分; lit. filho adotivo) deve a sua lealdade ao oyabun (親分 lit.
?

pai adotivo). Em um período posterior, o código de jingi (仁義 justiça e dever) foi
?

desenvolvido com a lealdade e o respeito sendo um estilo de vida.

A relação oyabun-kobun é formalizada pelo compartilhamento cerimonial de saquê de um


único copo. Este ritual não é exclusivo da yakuza – ele é normalmente feito em casamentos
tradicionais xintoístas japoneses e pode ter sido parte de relacionamentos de irmandade
juramentada.[4]

Durante o período da Segunda Guerra Mundial no Japão, a forma mais tradicional de


organização tekiya/bakuto caiu em desuso com a população inteira sendo mobilizada para
participar do esforço de guerra e a sociedade sendo controlada por um governo estritamente
militar. No entanto, após a guerra, os yakuza novamente se adaptaram.

O yakuza em potencial vem de todas as esferas da vida. Os contos mais românticos contam
como os yakuza aceitam os filhos que foram abandonados ou exilados por seus pais.
Muitos yakuza iniciam no ensino fundamental ou médio como bandidos de rua comuns ou
membros de gangues bōsōzoku. Talvez devido ao nível sócio-econômico baixo, inúmeros
membros da yakuza vêm de grupos étnicos coreanos ou Burakumin.[5]

Os grupos da yakuza são liderados por um oyabun ou kumichō ( 組長 cabeça de família) que
?

dá ordens aos seus subordinados, os kobun. A este respeito, a organização é uma variação
do modelo tradicional japonês senpai-kohai (novato-veterano). Membros das gangues
yakuza cortam seus laços familiares e transferem sua lealdade para o chefe de gangue. Eles
referem-se uns aos outros como membros da famíla – pais e irmãos mais velhos ou novos.
A yakuza é formada quase que inteiramente por homens, havendo muito poucas mulheres
envolvidas, que são chamadas de "nee-san" ( 姐さん irmãs mais velhas). Quando o terceiro
?

chefe do Yamaguchi-gumi Kazuo Taoka morreu no começo da década de 1980, sua esposa
(Fumikyo) assumiu como chefe do grupo, ainda que por um curto período de tempo.

A yakuza possui uma estrutura organizacional complexa. Há um chefe geral do sindicato, o


kumicho, e diretamente abaixo dele estão os saiko komon (conselheiros senior) e so-
honbucho (chefes da sede). O segundo na linha de comando é o wakagashira, que governa
algumas gangues em uma região com a ajuda de um fuku-honbucho que também é ele
próprio responsável por algumas gangues. As próprias gangues regionais são governadas
pelos seus chefes locais, os shateigashira.[6]

Cada conexão entre os membros é ranqueada por uma hierarquia de sakazuki


(compartilhamento de sakê). O Kumicho está no topo e controla vários saikō-komon ( 最高顧
問 conselheiros senior). Os saikō-komon controlam seus próprios subordinados em
?

diferentes áreas ou cidades. Outros estão abaixo deles, incluindo subchefes, conselheiros,
contadores e executores.

Aqueles que receberam sakê de um oyabun são parte da respectiva família e ranqueados em
termos de irmão mais velho ou mais novo. No entanto, cada kobun, por sua vez, pode
oferecer o sakazuki como oyabun para seus subordinados para formar uma organização
afiliada, que pode, por sua vez, formar organizações de nível inferior. No Yamaguchi-gumi,
que controla por volta de 2 500 negócios e 500 grupos yakuza, há organizações subsidiárias
de quinto nível.

Rituais

Yubitsume, ou o corte do dedo de alguém, é uma forma de penitência ou pedido de


desculpas. Após uma primeira ofensa, o transgressor deve cortar a ponta de seu dedinho
esquerdo e dar a parte cortada para seu chefe.[7] Algumas vezes o subchefe pode fazer isso
em penitência ao oyabun se ele quiser poupar um membro de sua própria gangue de sofrer
mais retaliações.
Sua origem deriva a maneira tradicional de segurar uma espada japonesa. Os três dedos
menores de cada mão são usados para segurar a espada com força, com o polegar e o
indicador levemente soltos. A remoção dos dedos começando com o dedinho e indo até o
indicador progressivamente enfraquece a mão de um espadachim.

A ideia é que uma pessoa que não consegue segurar a espada firmemente necessita confiar
mais no grupo para ter proteção – reduzindo ações individualistas. Em anos mais recentes,
dedos postiços foram desenvolvidos para disfarçar a aparência diferente.[4][7]

Um exemplo antigo de tatuagens Irezumi, da década de 1870.

Muitos yakuza possuem o corpo cheio de tatuagens (incluindo órgãos genitais). Essas
tatuagens, conhecidas como irezumi no Japão, são frequentemente ainda feitos à mão, isto
é, a tinta é inserida abaixo da pele usando ferramentas manuais não elétricas com agulhas
de bambu ou aço. O procedimento é caro, dolorido e pode demorar anos para se
completar.[8]

Quando membros da yakuza jogam cartas de Oicho-Kabu uns com os outros, eles
normalmente retiram suas camisetas ou abrem-nas e amarram-nas na cintura. Isto lhes
permite exibir suas tatuagens aos outros. Este é um dos únicos momentos em que os
membros da yakuza exibem suas tatuagens aos outros, visto que eles costumam mantê-las
escondidas em público com camisas de manga comprida e gola alta. Quando novos
membros se associam, eles frequentemente não são forçados a remover suas calças para
revelar qualquer tatuagem na parte inferior do corpo.
Principais famílias

Nome Descrição Símbolo

Yamaguchi-gumi ( 六代目 Criada em 1915 é a maior família da Yakuza, tem mais

山口組) de 40 mil membros e é dividida em 750 clãs. Seu


Oyabun (líder) é o Kenichi Shinoda.

Sumiyoshi-rengo ( 住吉会, Émila segunda maior família da Yakuza, com mais de dez
membros divididos em 177 clãs. Seu Oyabun atual é
às vezes chamado de
Sumiyoshi-kai ( 住吉会) o Shigeo Nishiguchi, Osomuya Tanaka. É inimiga de
morte da Yamaguchi-gumi
É a terceira maior família da Yakuza, tem mais de 7 mil

Inagawa-kaï( 稲川会) membros e é dividida em 177 clãs. Seu Oyabun atual é o


Kakuji Inagawa. Foi a primeira Yakuza a operar fora e
dentro do Japão
Towa Yuai Jigyo Kumiai É a quarta maior família da Yakuza, tem mais de mil
( 東亜友愛事業組合), às membros e é dividida em 6 clãs. Seu Oyabun atual é o
vezes chamada de Towa- Satoru Nomura. Foi a primeira Yakuza japonesa a ser
kai ( 東亜会) criada na Coreia.

Atividades atuais

Japão

A yakuza é considerada uma organização semi-legitimada. Por exemplo, imediatamente


após o Terremoto de Kobe, o Yamaguchi-gumi, cuja sede é em Kobe, mobilizou-se para
fornecer serviços de socorro (incluindo o uso de um helicóptero) e isto foi amplamente
noticiado pela mídia como uma contradição com a resposta muito mais lenta do governo
japonês.[9][10] A yakuza repetiu seu auxílio após o terremoto e tsunami em Tohoku, em 2011,
com grupos abrindo seus escritórios para refugiados e enviando dezenas de caminhões com
suprimentos para áreas afetadas.[11] Por esta razão, muitos yakuza consideram sua renda
como uma espécie de coleta de imposto feudal.

... A yakuza tende a ser mais


Muitos sindicatos yakuza, com destaque para o
gentil que seus primos
italianos. Em geral, eles não se Yamaguchi-gumi, oficialmente proíbem seus membros
envolvem com roubo, furto ou de se envolverem em tráfico de drogas, enquanto alguns
outros crimes de rua. — Jake sindicatos, como o Dojin-kai, envolvem-se bastante com
Adelstein[12]
isto.

Alguns grupos yakuza são conhecidos por lidar com


tráfico humano.[13] As Filipinas, por exemplo, são uma fonte de jovens mulheres. A yakuza
convence meninas de vilas pobres a virem para o Japão, onde elas teriam empregos
respeitáveis com bons salários. Ao invés disso, elas são forçadas a se tornarem prostitutas e
strippers.[14]
Outra atividade da yakuza é trazer mulheres de outras etnias/raças,
especialmente do Leste europeu[15] e Sudeste asiático,[15] para o Japão com a isca de um
futuro glamouroso, mas então forçando-as à prostituição.[16]

Os becos e ruas de Shinjuku são um ponto de encontro moderno e popular da yakuza em Tóquio.

A yakuza envolve-se frequentemente em uma forma de extorsão unicamente japonesa,


conhecida como sokaiya. Ao invés de assediar pequenos negócios, a yakuza assedia
reuniões de acionistas de uma corporação maior. Eles simplesmente assustam os
acionistas minoritários com a presença de membros da yakuza, que obtêm o direito de
comparecer à reunião ao comprar uma pequena quantia de ações.

A yakuza também tem laços com o mercado imobiliário japonês e bancos, através do
jiageya. Os Jiageya especializam-se em induzir os detentores de pequenas propriedades a
venderem sua propriedade para que companhias imobiliárias possam prosseguir com seus
grandes projetos arquitetônicos.[17] Muitas vezes culpa-se a bolha econômica do Japão da
década de 1980 pela especulação imobiliária por subsidiárias dos bancos. Após o colapso
da bolha imobiliária japonesa, um gerente de um grande banco em Nagóia foi assassinado,
havendo muita especulação sobre as conexões indiretas entre a indústria bancária a o
submundo japonês.
A Yakuza muitas vezes participa de festivais locais, como o Sanja Matsuri, onde eles carregam um santuário pelas
ruas exibindo suas tatuagens elaboradas.

Sabe-se que a yakuza realiza grandes investimentos em empresas conhecidas e legítimas.


Em 1989, Susumu Ishii, o oyabun do Inagawa-kai (um grupo bem conhecido da Yakuza)
comprou ações da Tokyo Kyuko Electric Railway no valor de 255 milhões de dólares.[18] A
Comissão de Supervisão de Valores Mobiliários do Japão tem conhecimento de mais de 50
empresas com laços com o crime organizado, sendo que em março de 2008, a Bolsa de
Valores de Osaka decidiu rever todas as empresas listadas e expulsar aquelas com laços
com a yakuza.[19]

Por uma questão de princípio, o roubo não é reconhecido como uma atividade legítima da
yakuza. Isto está em linha com a ideia de que as atividades deles são semiabertas; o roubo,
por definição, seria uma atividade covarde. Mais importante, tal ato seria considerado uma
transgressão pela comunidade. Além disso, a yakuza não costuma conduzir a operação dos
negócios ela própria. Atividades centrais, como o merchandising, agiotagem ou
administração de casas de apostas são normalmente gerenciadas por membros de fora da
yakuza, que pagam taxas de proteção por suas atividades.

Há muita evidência do envolvimento da yakuza em crimes internacionais. Há muitos


membros tatuados da yakuza presos em várias prisões da Ásia por crimes tais como tráfico
de drogas e contrabando de armas. Em 1997, um membro da yakuza foi capturado
traficando 4 quilos de heroína no Canadá.[20]

Em 1999, Mickey Zaffarano, membro da família Bonanno da máfia ítalo-americana, falou


sobre os lucros do comércio da pornografia que ambas as famílias poderiam ganhar.[15]
Devido à sua história como uma organização feudal legítima e sua conexão com o sistema
político japonês através do uyoku (grupos políticos de extrema direita), a yakuza de algum
modo faz parte das instituições japonesas, com seis revistas de fãs relatando suas
atividades. Um estudo descobriu que nove entre dez adultos com menos de 40 anos
acreditam que a yakuza não deveria existir. Na década de 1980, na província de Fukuoka,
uma guerra yakuza saiu fora do controle e civis se feriram. Foi um grande conflito entre o
Yamaguchi-gumi e o Dojin-kai, chamado de Guerra Yama-Michi. A polícia interveio e forçou os
chefes dos dois lados declararem uma trégua em público.

Por muitas vezes, pessoas em cidades japonesas lançaram campanhas antiyakuza com
resultados diversos. Em março de 1995, o governo japonês aprovou o Ato pela Prevenção de
Atividades Ilegais por Membros de Grupos Criminosos, que tornou a extorsão tradicional
muito mais difícil. Começando em 2009, liderado por Takaharu Ando, a polícia japonesa
começou a reprimir as gangues. Kiyoshi Takayama, chefe do Kodo-kai, foi preso no final de
2010. Em dezembro de 2010, a polícia prendeu o número três na hierarquia do Yamaguchi-
gumi, Tadashi Irie. De acordo com a mídia, encorajados por leis antiyakuza mais duras,
governos locais e empresas de construção começaram a evitar ou proibir atividades yakuza
ou envolvimento em suas comunidades ou projetos de construção.[21] A polícia estava em
desvantagem, no entanto, pela falta de um equivalente da delação premiada e proteção à
testemunha que outros países têm. Leis foram aprovadas em Osaka e Tóquio em 2010 e
2011 para tentar combater a influência yakuza ao tornar ilegal a qualquer empresa realizar
negócios com a Yakuza.[22][23]

Ironicamente, Kobe, o lar do maior sindicato yakuza, o Yamaguchi-gumi, é uma das cidades
mais seguras do Japão, pois criminosos mais simples, tais como gangues de rua e
trombadinhas, têm medo de atrair a atenção da yakuza, então eles evitam atuar na cidade.

O auxílio da Yakuza na catástrofe em Tohoku

Após o terremoto e tsunami em Tohoku em 11 de março de 2011, a yakuza enviou centenas


de caminhões cheios de comida, água, cobertores e acessórios sanitários para ajudar as
pessoas nas áreas afetadas pelo desastre natural. A CNN México disse que, apesar da
yakuza operar através da extorsão e outros métodos violentos, eles "agiram em silêncio para
fornecer auxílio àqueles em maior necessidade."[24] Tais ações da yakuza são um resultado
de seu conhecimento sobre como é "cuidar de si mesmo", sem qualquer auxílio do governo
ou apoio da comunidade, porque eles também são considerados "párias" e "abandonados
pela sociedade".[24] Além disso, o código de honra da yakuza (ninkyo) valoriza a justiça e a
honra acima de tudo e proíbe permitir o sofrimentos aos outros.[25]

Estados Unidos
A atividade da yakuza nos Estados Unidos é mais concentrada no Havaí, mas eles também
marcam presença em outras partes do país, especialmente em Los Angeles e na Baía de San
Francisco, bem como Fresno, Raleigh, Houston, Oregon, Denver, Chicago, e New York
City.[26][27] Fala-se que a yakuza usa o Havaí como uma estação intermediária entre o Japão
e o continente americano, traficando metanfetamina para dentro dos Estados Unidos e
traficando armas de fogo para dentro do Japão. Eles facilmente se misturam à população
local, visto que muitos turistas do Japão e de outros países asiáticos visitam as ilhas e que
há uma grande população de residentes que são completa ou parcialmente descendentes de
japoneses. Eles também trabalham com gangues locais, direcionando turistas japoneses
para casas de jogos e bordeis.[26]

Na Califórnia, a yakuza fez alianças com gangues locais de vietnamitas e coreanos, bem
como da Tríade chinesa, com vietnamitas sendo a aliança mais comum. As alianças com
gangues vietnamitas datam do final da década de 1980 e a maioria dos gangster
vietnamistas é usada como força bruta, visto que eles têm potencial de se tornarem
extremamente violentos quando é preciso (a yakuza viu o potencial ao observar os
constantes tiroteios em cafés e invasões à domicílios na década de 1980 e começo da
década de 1990). Os gangsters vietnamistas também não são tão imprudentes ou
facilmente capturados como outras gangues étnicas da região, o que atrai a yakuza. Na
cidade de Nova Iorque, eles parecem cobrar taxas de corretagem de mafiosos e homens de
negócios americanos para guiar turistas japoneses para estabelecimentos de jogos de azar,
tanto legais quanto ilegais.[26]

Revólveres fabricados nos Estados Unidos contribuem por uma grande fatia (33%) dos
revólveres apreendidos no Japão, seguido por China (16%) e Filipinas (10%). Em 1990, um
revólver Smith & Wesson calibre .38 que custa 275 dólares nos Estados Unidos poderia ser
vendido por 4 mil em Tóquio. Em 1997, ele seria vendido por apenas 500 dólares, devido à
proliferação de armas no Japão durante a década de 1990.[27]

O FBI suspeita que a yakuza usa várias operações para lavar dinheiro nos Estados Unidos.[19]

Em 2001, o representante do FBI em Tóquio providenciou para que Tadamasa Goto, o líder
do grupo Goto-gumi recebesse um transplante de fígado no UCLA Medical Center, nos
Estados Unidos, em troca de informação sobre operações do Yamaguchi-gumi nos Estados
Unidos. Isto foi feito sem uma consulta prévia à Agência Nacional da Polícia (Japão). O
jornalista que descobriu o caso recebeu ameaças de Goto e recebeu proteção policial nos
Estados Unidos e no Japão.[19]

Coreia do Norte
O membro da yakuza Yoshiaki Sawada foi liberado na Coreia do Norte após passar 5 anos
no país por uma tentativa de subornar um oficial norte coreano e por traficar drogas.[28]

Membros

De acordo com um discurso de Mitsuhiro Suganuma em 2006, um ex-oficial da Agência de


Inteligência e Segurança Pública, por volta de 60% dos membros da yakuza vêm de
burakumin, descendentes de uma classe marginalizada feudal, aproximadamente 30% deles
são coreanos nascidos no Japão, e 10% são grupos étnicos chineses ou japoneses
burakumin.[29][30]

Burakumin

O burakumin é um grupo que é socialmente discriminado em relação à sociedade japonesa,


cujos registros históricos datam do período Heian, no século XI. Os burakumin são
descendentes de comunidades marginalizadas do período pré-moderno, especialmente da
era feudal, principalmente aqueles com ocupações consideradas contaminadas com a
morte ou sujeitas a rituais de purificação, tais como açougueiros, carrascos ou trabalhadores
de couro. Eles tradicionalmente viviam em suas próprias aldeias isoladas.

De acordo com David E. Kaplan e Alec Dubro, os burakumin contribuem com cerca de 70%
dos membros do Yamaguchi-gumi, o maior sindicado yakuza do Japão.[31]

Coreanos étnicos

Enquanto os coreanos étnicos correspondem a apenas 0,5% da população japonesa, eles


são uma parte proeminente da yakuza, embora, ou talvez porque, eles sofrem uma severa
discriminação na sociedade japonesa juntamente com os burakumin.[32][33] No começo da
década de 1990, 18 dos 90 chefes do Inagawa-kai era coreanos étnicos. A Japanese National
Police Agency sugeriu que os coreanos compõem 10% da yakuza inteira e 70% dos
burakumin no Yamaguchi-gumi.[32] Alguns dos representantes do Bōryokudan também
são.[34] A quantidade coreanos tem sido um tabu intocável no Japão e uma das razões de a
versão japonesa de Yakuza (1986), de Kaplan e Dubro, não ter sido publicada até 1991 com a
retirada de descrições relacionadas aos coreanos do Yamaguchi-gumi.[35]

Pessoas nascidas no Japão com ascendência coreana são consideradas estrangeiros


residentes devido a sua etnicidade e são muitas vezes rejeitados em negociações legítimas
mas, contudo, são aceitos pela yakuza justamente porque eles encaixam-se na imagem de
"fora do grupo".[36] Membros famosos da yakuza descendentes de coreanos incluem
Hisayuki Machii, o fundador do Toa-kai, Tokutaro Takayama, o presidente da quarta geração
do Aizukotetsu-kai, Jiro Kiyota, o presidente da quinta geração do Inagawa-kai, Hirofumi
Hashimoto, o líder do Kyokushinrengo-kai, e os chefes de 6ª e 7ª geração do Sakaume-gumi.

Enforcement indireto

Desde 2011, a regulação tornando ilegal o negócio com membros da yakuza levou ao
declínio do número de membros associados depois do pico do século XXI. A Agência de
Serviços Financeiros solicitou ao Mizuho Financial Group o melhoramento de seu
compliance e que seus executivos reportassem em 28 de outubro de 2013 o que eles
sabiam sobre empréstimo a grupos criminosos feitos por uma afiliada de crédito ao
consumidor. Isto aumentou a pressão em relação ao braço da yakuza nos Estados Unidos.
Em 2011, instituições financeiras foram obrigadas a congelar os ativos da yakuza. Em 2013,
o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos congelou cerca de US$ 55.000 de ativos da
yakuza, incluindo dois cartões da American Express.[37]

Representações

Os yakuzas são representados principalmente na série de jogos Grand Theft Auto,


aparecendo em GTA 2, 3, Advance e Liberty City Stories. Em todas as suas aparições seu
oyabun é Asuka Kasen, e o wakagashira Kenji Kasen. No jogo, Yakuza é o nome usado para
se referir a gangue, embora o termo é normalmente usado para se referir aos membros da
organização em geral.

A série de jogos Yakuza, da Sega, protagonizada pelo ex-yakuza Kazuma Kiryu, representa o
submundo japonês com uma fidelidade reconhecida até mesmo por yakuzas reais.

Ver também

Criminalidade no Japão

Irezumi

Crime organizado

Tríade (organização criminosa)

Máfia russa

Máfia
Referências

1. Corkill, Edan, "«Ex-Tokyo cop speaks out (em inglês). Consultado em 2 de


on a life fighting gangs — and what you outubro de 2014
can do» (http://www.japantimes.co.jp/te
8. Japanorama, BBC Three, Series 2,
xt/fl20111106x1.html) .
Episode 3, televisionado em 21 de
www.japantimes.co.jp", Japan Times, 6
setembro de 2006
de novembro de 2011, p. 7.
9. Sterngold, James (22 de janeiro de
2. Kaplan, David; Dubro, Alec (2004),
1995), Quake in Japan: Gangsters; Gang
Yakuza: Japan's Criminal Underworld,
in Kobe Organizes Aid for People In
ISBN 0520274903, pp. 18–21
Quake (http://query.nytimes.com/gst/ful
3. «Urban Dictionary: Yakuza» (http://pt.ur lpage.html?res=990CE2DF1E31F931A1
bandictionary.com/define.php?term=Y 5752C0A963958260) , The New York
akuza) (em inglês). Consultado em 2 Times
de outubro de 2014
10. Sawada, Yasuyuki; Simizutani, Satoshi
4. Bruno, Anthony. «The Yakuza - Oyabun- (2008), «How Do People Cope with
Kobun, Father-Child» (http://www.trutv.c Natural Disasters? Evidence from the
om/library/crime/gangsters_outlaws/ga Great Hanshin-Awaji (Kobe) Earthquake
ng/yakuza/2.html) . truTV. Consultado in 1995», Journal of Money, Credit and
em 28 de fevereiro de 2012 Banking (40:2–3), pp. 463–88

5. «Yakuza Businesses : Japan Subculture 11. Adelstein, Jake (18 de março de 2011).
Research Center» (http://www.japansub «Yakuza to the Rescue» (http://www.the
culture.com/resources/yakuza-busine dailybeast.com/blogs-and-stories/2011-
sses/) (em inglês). Consultado em 2 03-18/japanese-yakuza-aid-earthquake-r
de outubro de 2014 elief-efforts/full/) . The Daily Beast.
Consultado em 18 de março de 2011
6. «The Yakuza, the Japanese Mafia - The
Crime Library - Crime Library on 12. « "The Last Yakuza" » (https://web.archiv
truTV.com» (http://www.trutv.com/librar e.org/web/20150328060036/http://ww
y/crime/gangsters_outlaws/gang/yakuz w.worldpolicy.org/blog/last-yakuza) .
a/2.html) . www.trutv.com www.worldpolicy.org. Consultado em 4
de outubro de 2014. Arquivado do
7. «Prosthetic Fingers Help Reform
original (http://www.worldpolicy.org/blo
Japan's Feared Yakuza Gangsters - ABC
g/last-yakuza) em 28 de março de
News» (http://abcnews.go.com/US/pro
2015, 3 de agosto de 2010, World Policy
sthetic-fingers-reform-japans-feared-yak
Institute
uza-gangsters/story?id=19337750)
13. «HumanTrafficking.org, "Human ns-criminal-underworld-by-alec-dubro-da
Trafficking in Japan" » (https://web.archi vid-e-kaplan.jsp) , Questia
ve.org/web/20111115130632/http://ww
19. Jake Adelstein. «This Mob Is Big in
w.humantrafficking.org/countries/japa
Japan» (http://www.washingtonpost.co
n) . Consultado em 4 de outubro de
m/wp-dyn/content/article/2008/05/09/
2014. Arquivado do original (http://ww
AR2008050902544.html) .
w.humantrafficking.org/countries/japa
www.washingtonpost.com, The
n) em 15 de novembro de 2011
Washington Post, 11 de maio de 2008
14. «The Yakuza, the Japanese Mafia - The
20. «YAKUZA ACTIVITIES; EXTORTION,
Crime Library - Crime Library on
WELFARE SCAMS AND INVOLVEMENT
truTV.com» (http://www.trutv.com/librar
IN COMPANIES, CONSTRUCTION, REAL
y/crime/gangsters_outlaws/gang/yakuz
ESTATE AND BANKS | Facts and
a/4.html) . www.trutv.com
Details» (http://factsanddetails.com/jap
15. Kaplan and Dubro; Yakuza: Expanded an/cat22/sub147/item810.html) (em
Edition (2003, University of California inglês). Consultado em 4 de outubro de
Press, ISBN 0-520-21562-1) 2014

16. «The Yakuza, the Japanese Mafia - The 21. Zeller, Frank (AFP-Jiji), "Yakuza served
Crime Library — Criminal Enterprises — notice days of looking the other way are
Crime Library on truTV.com» (http://ww over," Japan Times, 26 de janeiro de
w.trutv.com/library/crime/gangsters_ou 2011, p. 3.
tlaws/gang/yakuza/4.html) .
22. Botting, Geoff, "«Average Joe could be
www.trutv.com
collateral damage in war against
17. David E. Kaplan; Alec Dubro. Yakuza: yakuza» (http://search.japantimes.co.jp/
Japan's Criminal Underworld (http://boo cgi-bin/fd20111016bj.html) .
ks.google.com.br/books?id=KrstMVr1fQ search.japantimes.co.jp", Japan Times,
0C&pg=PA178&lpg=PA178&dq=jiageya+ 16 de outubro de 2011, p. 9.
yakuza&source=bl&ots=nLfvrewKrp&sig
23. Schreiber, Mark, "«Anti-yakuza laws are
=T8z7spRTQTpiPdy42dMsW0vzNnY&hl
taking their toll» (http://www.japantime
=pt-BR&sa=X&ei=vswvVIzKHMHNggSCjI
s.co.jp/text/fd20120304bj.html) .
DgDw&ved=0CDkQ6AEwAw#v=onepage
www.japantimes.co.jp", Japan Times, 4
&q=jiageya%20yakuza&f=false) (em
de março de 2012, p. 9.
inglês). [S.l.]: University of California
Press. p. 178. Consultado em 4 de 24. (em castelhano) «La mafia japonesa de
outubro de 2014 los 'yakuza' envía alimentos a las
víctimas del sismo» (http://mexico.cnn.
18. Dubro, Alec; Kaplan, David E, Yakuza:
com/mundo/2011/03/25/la-mafia-japo
Japan's Criminal Underworld (http://ww
nesa-de-los-yakuza-envia-alimentos-a-la
w.questia.com/library/book/yakuza-japa
s-victimas-del-sismo) . [[CNN en
Español|CNN México]]. 25 de março de author» (http://www.kosuke.net/japanya
2011. Consultado em 28 de fevereiro de kuza.pdf) (PDF). www.kosuke.net
2012
31. Dubro, Alec and David Kaplan, Yakuza:
25. Yue Jones, Terril (25 de março de The Explosive Account of Japan's
2011). «Yakuza among first with relief Criminal Underworld (Reading,
supplies in Japan» (http://www.reuters.c Massachusetts: Addison-Wesley
om/article/2011/03/25/us-yakuza-idUS Publishing Co., 1986).
TRE72O6TF20110325) . Reuters.
32. Yakuza: Japan's Criminal Underworld
Consultado em 28 de fevereiro de 2012
(2003) Kaplan, D. & Dubro, A. p. 133.
26. «Yakuza» (http://www.trutv.com/library/
33. KRISTOF, NICHOLAS (30 de novembro
crime/gangsters_outlaws/gang/yakuza/
de 1995). «Japan's Invisible Minority:
5.html) . www.trutv.com,
Better Off Than in Past, but
Crimelibrary.com
StillOutcasts» (http://query.nytimes.co
27. Yakuza: Japan's Criminal Underworld m/gst/fullpage.html?res=9B01E7DB113
(2003) Kaplan, D. & Dubro, A Part IV 9F933A05752C1A963958260&sec=&sp
on=&pagewanted=3) . The New York
28. «Yakuza returns after five years in North
Times. Consultado em 17 de janeiro de
Korea jail on drug charge» (http://searc
2008
h.japantimes.co.jp/cgi-bin/nn20090116
a6.html) . search.japantimes.co.jp 34. (em japonês) « "Boryokudan Situation in
16/01/2009 The Japan Times the Early 2007" » (http://www.npa.go.jp/
sosikihanzai/bouryokudan/boutai8/200
29. «Mitsuhiro Suganuma, "Japan's
70820.pdf) (PDF). www.npa.go.jp,
Intelligence Services" » (https://web.arc
National Police Agency, 2007, p. 22.
hive.org/web/20120330051608/http://
www.fccj.or.jp/node/1468) . The 35. Kaplan and Dubro (2003) Preface to the
Foreign Correspondents' Club of Japan. new edition.
Consultado em 7 de outubro de 2014.
36. Bruno, A. (2007). "The Yakuza, the
Arquivado do original (http://www.fccj.o
Japanese Mafia" CrimeLibrary: Time
r.jp/node/1468) em 30 de março de
Warner
2012
37. «Yakuza Bosses Whacked by Regulators
30. «Capital punishment - Japan's yakuza
Freezing AmEx Cards» (http://www.bloo
vie for control of Tokyo» (http://www.jan
mberg.com/news/2013-10-22/yazkuza-
es.com/products/janes/defence-securit
mobsters-whacked-by-regulators-freezin
y-report.aspx?ID=1065926328&channel
g-amexs.html) . Bloomberg
=security) . Jane’s Intelligence Review:
4. Dezembro de 2009 «Archived by the
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Yakuza&oldid=61849764"


Última modificação há 2 meses por EduardoFP7

Conteúdo disponibilizado nos termos da CC BY-


SA 3.0 , salvo indicação em contrário.

Você também pode gostar