Você está na página 1de 62

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Instituto de Química (IQ)


Graduação em Química Industrial

Caio Machado Fernandes

Avaliação da eficiência de inibidor de corrosão na presença de


inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S

Niterói

2016
2

Caio Machado Fernandes

Avaliação da eficiência de inibidor de corrosão na presença de


inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal
Fluminense como requisito parcial para a
obtenção do grau Bacharel em Química
Industrial.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ariel Ponzio

Niterói

2016
3

F363 Fernandes, Caio Machado


Avaliação da eficiência de inibidor de corrosão na presen-
ça de inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S / Caio
Machado Fernandes. – Niterói: [s.n.], 2016.
60f.
Trabalho de Conclusão de Curso – (Bacharelado em Quí-
mica Industrial) – Universidade Federal Fluminense, 2016.

1. Corrosão de aço. 2. Incrustação salina. 3. Aço carbono.


4. Sulfeto de hidrogênio. 5. Isoterma de adsorção. I. Título.
CDD 620.11223
4
5

Agradecimentos

Primeiro gostaria de agradecer a Deus e aos meus guias espirituais por todos
os caminhos abertos e ajudas oferecidas ao longo do caminho.

Agradeço muito também a minha família que proporcionou a base dos meus
estudos para eu poder estar aqui hoje e do meu caráter. Obrigado por tudo, não
estaria aqui hoje sem vocês.

Meu agradecimento a Natalia Baranda, minha namorada, por toda a ajuda ao


longo desse ano e por aturar diversas reclamações e percalços no caminho, sempre
ao meu lado.

Ao Prof. Dr. Eduardo Ariel Ponzio, não só pelas orientações em diversos


trabalhos, mas pela chance de poder conhecer a pesquisa, pela confiança
depositada em mim e pela amizade e diversas risadas, muchas gracias.

Ao meu eterno Mestre Paulo Buzzetti, por todo o conhecimento passado e


confiança depositada nesse ano e meio de trabalho juntos. Obrigado também pela
amizade e diversas risadas. Sua falta é sentida todos os dias, meu amigo!

Ao Nazir Escarpini por ser o melhor parceiro de laboratório possível, nunca


fugindo de nenhum serviço.

Aos colegas feitos no Grupo de Pesquisa em Eletroquímica e Eletroanalítica


ao longo de quase dois anos.

A Associação Atlética Química UFF por me ensinar o que é responsabilidade


e saber conviver e trabalhar em grupo e ao Diretório Acadêmico de Química,
principalmente a ChapAção por todo suporte e apoio aos alunos do curso.

Por fim, agradecimento a grandes amigos que fiz ao longo da minha trajetória
na UFF como Felipe Tazawa, Higor França, Cecília Cavalcanti, Phelipe Marinho,
Victor Santos, Gabriel Paiva, André Araújo, Júnior Oliveira, Allan Vinicius, Vitor
Keller, Lorena Franco, Antonia Machado, Marcos Costa e tantos outros não citados,
porém nem um pouco menos importantes.
6

“The Chemistry must be respected.” – Walter White


7

Sumário

1. Introdução
2. Fundamentação Teórica
2.1. Corrosão do Aço Carbono
2.1.1. Proteção à Corrosão do Aço Carbono
2.1.2. Inibidores de Corrosão
2.2. Incrustação Inorgânica
2.3. Problemas Devido ao Ácido Sulfídrico
3. Objetivos
4. Procedimento Experimental
4.1. Moléculas avaliadas
4.2. Determinação da Taxa de Corrosão por Ensaio Gravimétrico de Perda de
Massa
4.3. pH, Condutividade e Turbidez
4.4. Teorias de Adsorção
4.5. Energia de Adsorção
5. Resultados e discussão
5.1. Cinética da corrosão do aço carbono em matriz salina
5.2. Inibidor de corrosão
5.2.1. Ensaio gravimétrico de perda de massa
5.2.2. Constante de Adsorção e Energia Livre de Gibbs
5.2.3. Energia de ativação e variação de entalpia e entropia do sistema
5.3. Inibidor de corrosão, Inibidor de incrustação e Sequestrante de H 2S
5.3.1. Ensaio Gravimétrico de Perda de Massa
5.3.1.1. Inibição da corrosão do BTZ na presença do DETPMP e SEQ1
5.3.1.2. Inibição da corrosão do BTZ na presença do DETPMP e SEQ2
5.3.1.3. Inibição da corrosão do BTZ na presença do PVS e SEQ1
5.3.1.4. Inibição da corrosão do BTZ na presença do PVS e SEQ2
5.3.2. Estudos específicos no BTZ na presença de DETPMP e SEQ2
6. Conclusões
7. Referências Bibliográficas
8

Lista de Figuras

Figura 1: Ilustração genérica de uma unidade off-shore............................................15

Figura 2: Tipos de corrosão mais comuns em aço carbono.......................................17

Figura 3: Célula eletroquímica....................................................................................20

Figura 4: Classificação de Inibidores de Corrosão.....................................................21

Figura 5: Mecanismo do inibidor de corrosão catódico..............................................23

Figura 6: Ilustração do inibidor de corrosão orgânico................................................24

Figura 7: Surfactante em concentração micelar crítica..............................................26

Figura 8: Exemplo de tubulações após sofrer incrustação inorgânica.......................28

Figura 9: Esquema da formação de incrustação inorgânica......................................29

Figura 10: Classificação das tecnologias de sequestro de H2S................................31

Figura 11: Estrutura química das moléculas utilizadas no trabalho...........................32

Figura 12: Primeira parte do procedimento experimental do ensaio gravimétrico de


perda de massa..........................................................................................................33

Figura 13: Segunda parte do procedimento experimental do ensaio gravimétrico de


perda de massa..........................................................................................................34

Figura 14: Cinética da corrosão do aço carbono em matriz salina de NaCl 3,5%, a
298 K..........................................................................................................................41

Figura 15: Eficiência de inibição anticorrosiva do BTZ...............................................42

Figura 16: Isoterma de Frumkin da molécula BTZ para aço carbono, em matriz salina
NaCl 3,5%, a 298 K....................................................................................................44

Figura 17: Curva de Arrhenius para o BTZ................................................................45

Figura 18: Curva de Arrhenius para o BTZ................................................................46


9

Figura 19: Ensaio de perda de massa para o aço carbono, em matriz de NaCl 3,5%,
na presença das moléculas inibidoras de incrustação DETPMP e PVS e
sequestrantes de H2S SEQ1 e SEQ 2.......................................................................47

Figura 20: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas


inibidora de incrustação DETPMP e sequestrante de H2S SEQ1 no ensaio de perda
de massa em matriz NaCl 3,5%.................................................................................48

Figura 21: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas

inibidora de incrustação DETPMP e sequestrante de H2S SEQ2 no ensaio de perda

de massa em matriz NaCl 3,5%.................................................................................50

Figura 22: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas

inibidora de incrustação PVS e sequestrante de H2S SEQ1 no ensaio de perda de

massa em matriz NaCl 3,5%......................................................................................51

Figura 23: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas

inibidora de incrustação PVS e sequestrante de H2S SEQ2 no ensaio de perda de

massa em matriz NaCl 3,5%......................................................................................53

Figura 24: Parâmetros de pH, turbidez e condutividade para as soluções contendo

BTZ, DETPMP e SEQ2..............................................................................................56

Figura 25: Isoterma de Freundlich da combinação BTZ + DETPMP + SEQ2 para aço

carbono, em matriz salina NaCl 3,5%, a 298 K..........................................................57


10

Lista de Tabelas

Tabela 1: Solubilidade de sais inorgânicos................................................................27

Tabela 2: Taxa de corrosão e percentual de eficiência anticorrosiva do BTZ...........42

Tabela 3: Coeficientes de correlação das regressões lineares resultantes da


aplicação das teorias de adsorção para o BTZ..........................................................43

Tabela 4: Constante de equilíbrio de adsorção (Kads) e energia livre de Gibbs (ΔG)


para o processo de adsorção do BTZ no aço carbono, em matriz salina de NaCl
3,5%...........................................................................................................................44

Tabela 5: Energia de ativação (Ea) do processo de dissolução do aço carbono na


ausência e presença do BTZ em matriz salina (NaCl 3,5%), a 298 K.......................45

Tabela 6: Variação de entalpia e entropia (ΔS) do sistema em função da


concentração de BTZ, a 298 K...................................................................................46

Tabela 7: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + DETPMP + SEQ1..................49

Tabela 8: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + DETPMP + SEQ2..................51

Tabela 9: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + PVS + SEQ1..........................52

Tabela 10: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + PVS + SEQ1........................54

Tabela 11: Resumo das eficiências em relação ao BTZ para o ensaio de perda de
massa para a combinação BTZ + DETPMP + SEQ2.................................................55

Tabela 12: Coeficientes de correlação das regressões lineares resultantes da


aplicação das teorias de adsorção para o BTZ + DETPMP + SEQ2.........................57

Tabela 13: Constante de equilíbrio de adsorção (Kads) e energia livre de Gibbs (ΔG)
para o processo de adsorção do BTZ + DETPMP + SEQ2 no aço carbono, em matriz
salina de NaCl 3,5%...................................................................................................58
11

Lista de siglas e abreviaturas

A: área
A’: constante de Arrhenius
AC: aço carbono
ASTM: American Society for Testing and Materials
BTZ: 1,2,3-Benzotriazol
Cinh: concentração do inibidor de corrosão em solução;
d: densidade do aço
DETPMP: pentametilfosfônicodietilenotriamina
Ea: energia de ativação
g: fator de ajuste para as interações não homogêneas
IC: inibidor de corrosão
Kads: constante do equilíbrio de adsorção
PVS: poli (vinisulfônico)
R: constante universal dos gases ideais
T: temperatura
t: tempo
Tc: taxa de corrosão na presença do inibidor de corrosão
Tco: taxa de corrosão na ausência do inibidor de corrosão
𝛉: grau de recobrimento
ŋ (%): eficiência percentual
Δ𝐆𝐚𝐝𝐬: energia livre de Gibbs
ΔH: variação da entalpia
Δm: variação da massa
ΔS: variação da entropia
12

Resumo

As unidades off-shore da indústria do petróleo são responsáveis por quase


toda a produção do petróleo brasileiro, porém sofrem muito com alguns problemas
durante a exploração, como os fenômenos de corrosão e incrustação. Muitas vezes,
a solução é a injeção de produtos químicos concomitantemente até o poço de
extração, sem nenhum estudo prévio de compatibilidade. Visando solucionar esse
problema, estudou-se o benzotriazol quanto ao seu potencial inibidor de corrosão na
ausência e na presença de duas moléculas inibidoras de incrustação
(dietilenotriamina pentametilfosfônico e poli (vinilsulfônico)) e duas moléculas
sequestrantes de H2S (sequestrante 1 e sequestrante 2). Utilizaram-se ensaios
gravimétricos de perda de massa para determinação da eficiência anticorrosiva, em
matriz salina de NaCl 3,5%, equivalente à água do mar, utilizando como corpo de
prova o aço carbono A36. Além disso, parâmetros termodinâmicos foram obtidos a
fim de entender mais a fundo o sistema de inibição de corrosão. Os resultados
obtidos mostram uma satisfatória inibição de corrosão quando presente apenas o
benzotriazol, aumentando conforme aumenta sua concentração. A adição do inibidor
de incrustação e do sequestrante de H2S acarretou numa resposta individual para
cada combinação, surtindo efeitos desde uma grande piora até uma excelente
melhora na eficiência, onde a combinação benzotriazol + dietilenotriamina
pentametilfosfônico + sequestrante 2 apresenta eficiências que variam de 39,08% a
54,82%.

Palavras-chave: inibidor de corrosão, inibidor de incrustação, sequestrante de


H2S, compatibilidade.
13

Abstract

The offshore units of the oil industry account for almost all Brazilian oil
production, but they suffer a lot from some problems during the exploration, such as
corrosion and encrustation phenomena. Often, the solution is the injection of
chemicals concomitantly to the extraction well without any previous compatibility
study. In order to solve this problem, benzotriazole was studied for its potential
corrosion inhibition in the absence and presence of two scale inhibiting molecules
(diethylenetriamine pentamethylphosphonic and polyvinylsulfonic) and two H 2S
sequestering molecules (sequestrant 1 and sequestrant 2) by weight loss method to
determine the corrosion efficiency, in a salt matrix of 3.5% NaCl, equivalent to sea
water, using carbon steel A36 as test specimen. In addition, thermodynamic
parameters were obtained in order to further understand the corrosion inhibition
system. The results obtained show a satisfactory corrosion inhibition when only
benzotriazole is present, increasing as its concentration increases. The addition of
the scale inhibitor and the H2S sequestrant resulted in an individual response for
each combination, with effects ranging from major worsening to an excellent
improvement in efficiency, where the benzotriazole + diethylenetriamine
pentamethylphosphonic + sequestrant 2 combination presents efficiencies ranging
from 39.08% to 54.82%.

Keywords: corrosion inhibitor, scale inhibitor, H2S sequestrant, compatibility.


14

1. Introdução

Apesar do aumento pela busca de energias alternativas, como por exemplo, a


eólica, a solar e a maré motriz, o petróleo ainda é líder no mercado energético
mundial, sendo fonte de mais de 30% da energia consumida. Porém, como o
combustível fóssil não é uma fonte renovável, há uma grande busca em maximizar
sua eficiência. No Brasil, essa parcela é ainda maior, ultrapassando os 44% do
consumo nacional. [1]

A maior parte do petróleo brasileiro provém de unidades off-shore e a


descoberta de reservatórios na camada do pré-sal aponta que essa característica
deve continuar, visto que é estimada uma reserva de 28 a 53 bilhões de barris de
óleo, indo da costa norte de Santa Catarina até a região central do Espírito Santo. [2]

Porém, conforme há a retirada do óleo, ocorre a redução da pressão interna


dos poços perfurados (de produção), o que diminui a produção conforme o passar
dos anos. Uma das maneiras de tentar impedir este fato de ocorrer é a perfuração
de poços secundários (de injeção) para ocorrer a injeção de fluidos que vão
compensar a falta de pressão interna, conduzindo o óleo para a superfície, tal como
representado na figura 1. Em unidades off-shore, o fluido escolhido é a água do mar,
devido a abundância e baixo custo. Contudo, a injeção da água do mar pode
acarretar diversos problemas nas linhas metálicas de transporte, como corrosão e
formação de sais de baixa solubilidade, causando incrustações. [3,4]
15

Figura 1: Ilustração genérica de uma unidade off-shore (adaptado)[40]

Tais problemas já citados acarretam enormes contratempos para a indústria


de petróleo, pois muitas vezes a unidade deve ser parada para a troca das linhas
metálicas. Em unidades off-shore, esse procedimento é muito mais complicado,
acarretando em fechamento do poço e perfuração de outro.

Este trabalho visa estudar a compatibilidade de um inibidor de corrosão com


inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S com o intuito de uma aplicação
simultânea de inibidores visando minimizar tais problemas.

2. Fundamentação Teórica

2.1. Corrosão do Aço Carbono

A corrosão metálica é um processo termodinamicamente espontâneo e


irreversível que desgasta e compromete as propriedades do material metálico. É a
passagem do estado metálico para uma forma combinada, chamada também de
produto de corrosão. A cinética do processo, ou seja, sua velocidade depende de
alguns parâmetros e condições, tais quais: composição do material metálico, pH da
16

solução, presença de determinadas substâncias dissolvidas, temperatura, pressão e


esforços mecânicos. Há um agravamento do processo de corrosão na indústria
petrolífera devido a agressividade do meio de exploração, sendo esse fenômeno
mais notável em unidades off-shore. [5]

O aço carbono (AC) é uma das ligas mais comuns e baratas existentes. É
composto, em sua maioria, por Ferro (98%). Porém também possui Carbono (0,25 –
0,29%), Manganês (1,03%), Fósforo (0,04%), Silício (0,28%) e Enxofre (0,05%). [6]

Na presença do aço carbono em ambiente corrosivo, várias reações de


oxirredução podem acontecer, dependendo do meio. A reação anódica, onde ocorre
a oxidação, é a do Ferro presente no AC, disponibilizando elétrons para o meio,
tornando possível uma reação de redução. Dependendo do cenário em que o aço
está exposto, aerado ou desaerado, temos a possibilidade de duas reações
catódicas, onde ocorre a redução: ou do oxigênio, em ambientes neutros e aerados,
ou, como pode ser observada no âmbito da indústria de extração do petróleo
(ausência do gás oxigênio), do hidrogênio, tanto em meio ácido como em meio
neutro. Isso pode ser observado nas equações de semi-reação abaixo. [7]

Fe(s) → Fe2+(aq) + 2 e- ε = +0,44 V (1)

O2(g) + 4 H+(aq) + 4 e- → 2 H2O(l) ε = +1,23 V (2)

O2(g) + 2 H2O(l) + 4 e- → 4 OH-(aq) ε = +0,40 V (3)

2 H+(aq) + 2 e- → H2(g) ε = +0,00 V (4)

2 H2O(l) + 2 e- → H2(g) + 2 OH-(aq) ε = -0,83 V (5)

Nos poços de produção, outra forma bastante recorrente de corrosão é devido


à presença de ácido sulfídrico (H2S) solubilizado no meio junto aos fluidos presentes
no reservatório. Por se tratar de um ácido bastante agressivo, ao entrar em contato
com a superfície metálica, acaba reagindo com a mesma, acarretando numa
diferente reação, mas de igual prejuízo.

Fe(s) + H2S(g) → FeS(s) + H2(g) (6)


17

Outro agravante é a presença de gás carbônico (CO2) dissolvido nas


correntes do reservatório, podendo, também, reagir com a superfície metálica,
causando danos à mesma, como mostra a reação abaixo.

Fe(s) + H2O(l) + CO2(g) → FeCO3(s) + H2(g) (7)

Como efeito dessas reações de oxirredução, tem-se o desgaste físico do


material metálico. Sendo mais comum a corrosão uniforme, que ocupa toda a
superfície do material exposto, há também outros tipos como, ilustrados na figura 2:

o Corrosão por placas: ocupa apenas algumas regiões da superfície


metálica, formando placas de escavações.
o Corrosão alveolar: formação de pequenas cavidades com profundidade
maior que o diâmetro.
o Corrosão por pite: produze cavidades profundas e ocorrem em pontos
de áreas pequenas na superfície.
o Corrosão por frestas: ocorre na junção entre duas peças, quando
possui espaço para entrada do eletrólito. [5]
18

Figura 2: Tipos de corrosão mais comuns em aço carbono.

O foco desse estudo é a corrosão uniforme ou generalizada, aquela que é


mais comum em AC nas condições estudadas.

Apesar de ser extremamente utilizado pelas indústrias, principalmente a de


petróleo, muito por seu baixo custo, o aço carbono não possui grande resistência à
corrosão, devido à ausência, ou baixíssima presença, de elementos de liga como o
Niquel (Ni) e Cromo (Cr), por exemplo. O Cr favorece a liga metálica através da
formação de filme passivador, aumentando assim sua resistência à altas
temperaturas e ao desgaste. Já o Ni, refina o grão da liga, diminuindo assim a
velocidade de transformação que pode ocorrer devido à corrosão na estrutura do
aço. Porém, a introdução desses elementos em alta quantidade nas ligas seria de
enorme aumento nos custos das mesmas, sendo inviável que isso ocorra. Há ainda
outros elementos como Vanádio (V) e Cobre (Cu) que também auxiliam a liga
metálica da mesma forma que os demais citados, todavia tendo elevado custo
também. Sendo assim, foi necessária a busca de alternativas com o intuito de
proteger o aço carbono do fenômeno de corrosão. [8,9]

2.1.1. Proteção à Corrosão do Aço Carbono

Uma das opções para a proteção das ligas de aço carbono na indústria foi o
revestimento interno. Interposta entre o metal e o meio, sua função é cobrir a
superfície metálica de modo a impedir que o agente corrosivo entre em contato,
danificando a liga. A natureza da substância que vai fazer o revestimento pode ser
diversa, dependendo do ambiente em que a liga estiver exposta. Ela pode ser
orgânica, inorgânica, metálica, sendo aplicada algumas vezes em mais de uma
camada, geralmente de diferentes tipos de material. [10]

O revestimento orgânico tem sido comumente utilizado pela indústria de


petróleo e gás. Normalmente é composto por resinas em pó que são obtidas através
da reação em cadeia de estruturas básicas, denominadas monômeros. Através de
reações de polimerização, eles formam enormes cadeias, dando origem uma
macromolécula, com elevado peso molecular. A associação dessa resina com outras
substâncias, como por exemplo, solventes, tintas, lacas forma uma combinação
19

única, com maiores chances de combater a corrosão dependendo da especificidade


que o ambiente necessita. [10]

A indústria petrolífera tem suas preferências em relação à resina e a


pigmentos aplicados como revestimento. No primeiro caso, geralmente são de
fenol/formaldeído ou são epóxi. Já no segundo, os preferidos são silicato de
magnésio e óxido de titânio. [11]

Outro tipo muito utilizado para a proteção da liga de aço carbono é a


utilização de revestimento inorgânico. Geralmente compostos por sais e óxidos,
essa técnica cria uma barreira na superfície metálica que impede o contato com o
meio corrosivo. Os esmaltes vitrosos e vidros são bastante utilizados devido à boa
resistência ao meio ácido, com exceção do ácido fluorídrico. Já para a proteção
contra um meio salino ou alcalino, são muito utilizados os cimentos e porcelanas. Se
a liga tem que ser exposta a um ambiente onde as temperaturas são extremamente
elevadas, são empregados revestimentos de óxidos, carbetos, nitretos, boretos ou
silicietos, dependo do desejado. [5]

Outro tipo de revestimento inorgânico é a anodização, que é um processo


onde há a formação de uma camada oxidativa na superfície, realizando a proteção.
É mais utilizado com alumínio, que apresenta grande resistência à corrosão
atmosférica, graças à uma camada de óxido que se forma e realiza essa proteção, já
que possui ótima aderência e resistividade elétrica. Há também a proteção utilizando
as técnicas de fosfatização e cromatização, depositando uma camada de fosfato
sobre os metais ou obtendo o revestimento através de soluções de cromatos ou
ácido crômico. [10]

Porém, com a descoberta do perigo ao meio ambiente e à saúde humana que


muitos desses sais e óxidos podem representar, eles foram sendo substituídos por
molibdatos, silicatos, terras raras e óxidos de titânio e zircônio, abrindo as portas
para o revestimento interno com metais mais raros que os presentes na liga. Esses
metais, além de ter um potencial menor que o metal majoritário da liga, devem ter
uma auto-passivação. Isso permite uma efetiva proteção a esse revestimento. [5]

O revestimento metálico pode oferecer dois tipos de proteção: pela criação de


uma barreira entre a liga e o meio ou pela proteção catódica. Na primeira forma de
20

proteção, a barreira pode ser formada por meio da deposição do metal sobre a liga
ou formando produtos de corrosão que cubram a área do metal, isolando-a do
ambiente corrosivo. Outra forma de criar esse isolamento é através da passivação
de superfície, que é a formação de uma película protetora induzida por um ácido
oxidante, preservando o metal devido à mudança no seu potencial. O segundo tipo
de proteção se dá através da criação de uma pilha, onde uma substância perde
elétrons (oxida) em resposta a uma substância que ganha elétrons (reduz), ao ser
aplicada uma diferença de potencial ao sistema. Para preservar o metal de interesse
da oxidação, é necessário que seja utilizado um metal com potencial de redução
menor. No interesse de proteger uma liga majoritariamente de ferro, por exemplo,
utiliza-se o zinco ou o alumínio, como mostrado na figura 3, sacrificando-os e
deixando a superfície da liga intacta, pois ela será o catodo na formação da pilha. [12]

Figura 3: Célula eletroquímica

Porém, na área do petróleo, principalmente no âmbito de produção, visando a


proteção interna das paredes dos dutos, as condições do meio (elevada pressão,
contínuo fluxo de fluidos) fazem com que a aplicação desse tipo de proteção seja
ineficaz, tornando o revestimento não satisfatório.
21

2.1.2. Inibidores de corrosão

A necessidade de proteger as ligas de aço carbono faz com que exista uma
constante procura por alternativas que visam preservar os materiais por mais tempo
do desgaste físico e da perda de propriedades. Inibidores de corrosão (IC) são
substâncias que podem ser adicionadas ao meio corrosivo, visando reduzir
consideravelmente o processo de corrosão. Podem ser divididos em inorgânicos ou
orgânicos, de acordo com sua natureza química, ou baseado em seu mecanismo de
proteção, podendo ser anódico, catódico, misto ou por adsorção. Há ainda uma
subdivisão do tipo anódico em oxidantes e não oxidantes, mostrado na figura 4. [13,14]

Inibidor

Inorgânico Orgânico

Catódico Anódico Adsorção

Não
Oxidante
Oxidante

Figura 4: Classificação de Inibidores de Corrosão

Os inibidores anódicos tem como função ajudar na reação de passivação da


superfície da liga metálica, através da interrupção da reação anódica, formando uma
camada que adere sobre o metal. Essa camada é feita da interação do inibidor com
22

o produto de corrosão inicialmente formado, gerando óxidos ou hidróxidos. Os


inibidores anódicos podem ter uma característica de oxidantes, como é o caso do
cromato e do nitrito. Há um resultado melhor no uso dos cromatos já que sua reação
de redução forma um sólido que se deposita na superfície metálica e, na interação
com o ferro, forma um composto bastante protetor. [15]

2 CrO42-(aq) + 10 H+(aq) + 6 e- → Cr2O3(s) + 5 H2O(l) (8)

Há também os não oxidantes, como é o caso de molibdatos, boratos,


vanadatos e tungstatos, que aderem no metal, diminuindo a corrente crítica para
passivação do metal. Todavia, para todos esses processos ocorrerem, é necessário
que o inibidor anódico esteja em concentração bem alta, permitindo assim que a
densidade de corrente catódica no primeiro potencial de passivação seja maior que
a densidade de corrente anódica crítica. A baixa concentração desse inibidor tem
efeitos piores que sua ausência, permitindo assim a corrosão por pite ao não cobrir o
metal em sua totalidade. [15]

A função do inibidor de corrosão catódico é evitar que ocorra a reação


catódica da liga metálica. Através de reações com íons metálicos que compõem
esse inibidor, devido à alcalinidade, há a formação de espécies insolúveis que se
depositam e cobrem a superfície metálica, preferencialmente em regiões catódicas.
Dessa forma, diminuem a difusão de oxigênio e a condutividade de elétrons nessas
áreas, aumentando a impedância da superfície formada. Algumas espécies muito
utilizadas para esse tipo de inibição são íons de magnésio, cálcio, zinco e níquel. [10]

Como exemplo de reação tem a ilustrada na figura 5 a seguir:

Mn+(aq) + n OH-(aq) → M(OH)n(s) (9)


23

Figura 5: Mecanismo do inibidor de corrosão catódico

Tem-se por fim a classe dos inibidores orgânicos, que funcionam por
adsorção em superfície metálica, ilustrado na figura 6. Essa adsorção pode ser física
ou química, e pode ocorrer tanto em regiões anódicas como em regiões catódicas.
Podem atuar como inibidores anódicos, catódicos ou mistos (atuando como os dois).
Geralmente, esta classe de inibidores apresenta moléculas que possuem grande
afinidade pela superfície metálica, formando um filme de proteção sobre a superfície
da liga, devido à presença de sítios eletricamente negativos, átomos com pares de
elétrons não ligantes que podem formar fortes ligações (enxofre, nitrogênio, fósforo,
oxigênio) ou insaturações. Eles devem ser solúveis ou estar dispersos pelo meio,
para assim construir uma barreira hidrofóbica que impede a oxidação do metal no
eletrólito. [14,16]
24

Figura 6: Ilustração da adsorção sobre o metal de um inibidor de corrosão orgânico

Dentre os inibidores orgânicos temos diversas classificações em que eles


podem ser divididos, como sua origem ou classificação química, mostrando assim a
especificidade. Uma delas é a de origem natural. Sendo muito pesquisada e utilizada
nos últimos anos, principalmente com o aumento da preocupação em relação ao
meio ambiente e sua preservação, essa classe viu sua utilização se tornar muito
recorrente na indústria. Extratos brutos, ou tratados com solventes, de folhas,
caules, frutas e sementes têm se tornado a principal alternativa nesse meio. Até
extratos de bagaços vêm sendo utilizados, como já demonstrou um estudo. [17] São
muito empregados em matrizes ácidas, como de ácido clorídrico ou ácido sulfúrico,
com resultados extremamente satisfatórios, chegando a mais de 90% de eficiência.
[18] As indústrias são atraídas por essa classe, também, devido ao custo benefício, já
que são recursos naturais de fontes renováveis, de baixo custo e biodegradáveis. [19]

Pode-se citar também outra classe muito utilizada: a dos polímeros. Uma das
vantagens é que sua eficiência se mantém mesmo em baixa quantidade, já que são
moléculas com elevado peso molecular, possuindo excelente estabilidade térmica e
mecânica, bloqueando a liga metálica de contato com o eletrólito. Por apresentarem
longas cadeias, permitem alteração em seus monômeros, podendo combinar
diversos tipos deles, sendo modificado em função do meio e da necessidade
protetora. [20,21,22] Um exemplo é o poli(etileno éter glicol), onde estudos mostram
uma boa eficiência em meio ácido, alcançando em torno de 84%. Já em meio salino,
foi necessária a combinação com íons de Zn2+ para obter uma inibição desejada,
acima de 85%. [23,24]

Outra classe bastante utilizada pela indústria de petróleo é a dos azóis e seus
derivados. São compostos orgânicos e aromáticos de anéis de 5 membros,
25

contendo um heteroátomo de nitrogênio e pelo menos mais um que não seja


carbono participando do anel, podendo ser N, O, S. Os pares de elétrons livres
desses heteroátomos fazem com que essas estruturas químicas realizem fortes
interações com a superfície metálica, tornando-se ótimas inibidoras. Além disso, são
extremamente utilizadas por possuírem resistência aos gases solubilizados, H 2S e
CO2, mesmo em altas concentrações e protegerem a liga metálica em ambientes
ácidos ou neutros, além de ter baixa toxicidade ao meio ambiente. [25] Dois estudos
em meio ácido foram feitos com esse tipo de inibidor, mostrando eficiências ótimas,
em torno dos 90%. [26,27]

Por último, há os surfactantes. São moléculas que possuem uma cabeça


hidrofílica, que pode apresentar carga ou não, e uma calda hidrofóbica formada por
uma cadeia linear de 6 a 11 átomos de carbonos. Muitas de suas propriedades
dependem da concentração que se apresentam no meio. Em baixas concentrações,
a proteção sobre a liga metálica não é efetiva, enquanto em altas concentrações,
elas podem acabar se solubilizando ou acarretando em uma turbidez muito grande.
Por isso precisam estar em sua concentração micelar crítica, ilustrada na figura 7,
que varia para cada surfactante diferente. Essa concentração permite que as
moléculas se acumulem em multicamadas ou formem micelas, tornando a proteção
do metal muito eficaz, sendo assim, muito estudadas como inibidores de corrosão.
[28,29] Estudos com surfactantes como inibidor de corrosão mostraram eficiências
altíssimas, acima de 90%, tanto em meio ácido como em meio neutro. [30,31]
26

Figura 7: Surfactante em concentração micelar crítica

2.2. Inibidores de Incrustação

A incrustação inorgânica é outro fenômeno muito prejudicial à produção


petrolífera. Assim como a corrosão, é termodinamicamente favorável. Nos campos
de petróleo, geralmente, é formada quando ocorre a recuperação secundária de um
poço não surgente. Com o passar do tempo na extração, a pressão natural do poço
passa a diminuir, fazendo com que o óleo não alcance a superfície. Em unidades off-
shore, é feita então a injeção de água do mar para que haja manutenção da pressão
do reservatório acima do ponto de bolha. [32]

Com isso, pode ocorrer a mistura da água de injeção, rica em sulfatos e


carbonatos, com a água de produção já presente nos poços, rica em íons de metais
alcalinos terrosos, como cálcio, estrôncio e bário. Tem-se com isso a formação de
depósitos inorgânicos, iniciando o processo de nucleação e crescimento de cristais.
27

Isso faz com que o fluxo normal vá diminuindo, devido à baixa solubilidade dos sais,
mostrada na tabela 1, até a total obstrução dos canos, acarretando no bloqueio de
líquido. Os sulfatos dos metais alcalinos citados, somado ao carbonato de cálcio,
são os principais problemas observados. [33]

Tabela 1: Solubilidade de sais inorgânicos

Solubilidade (mg/L) em H2O, a


Sal inorgânico
25°C

Sulfato de Bário (BaSO4) 2

Sulfato de Estrôncio
53
(SrSO4)

Sulfato de Cálcio (CaSO4) 114

Carbonato de Cálcio 2000


(CaCO3)

Visto que um dos principais causadores da incrustação inorgânica são sais de


sulfato (SO42-), uma das formas de prevenir é retirar esse íon do meio através da
dessulfatação. A ação de retirar o SO42- do meio se dá através de membranas
porosas específicas para reter tais íons. Porém, muitas vezes é um processo
economicamente muito caro e não é 100% eficiente. [6] A figura a seguir mostra
exemplos de tubulações entupidas devido a incrustação inorgânica.
28

Figura 8: Exemplo de tubulações após sofrer incrustação inorgânica

Então, com necessidade de impedir a incrustação inorgânica, faz-se uso de


substâncias químicas capazes de atuar sobre o processo, os inibidores de
incrustação. Análogos aos de corrosão, estes são injetados direto nas tubulações
dos poços perfurados. [34]

Tais inibidores atuam na estabilidade termodinâmica do processo de


nucleação, diminuindo sua velocidade ou impedindo-o, evitando assim o
crescimento dos cristais. Não sendo necessária a aplicação em grandes
quantidades para a dissolução dos núcleos de incrustação, é o método mais
econômico para evitar esse problema. [35,37]

Uma característica importante dos inibidores de incrustação é a presença de


substâncias que tenham grupamentos que sejam capazes de retirar do meio esses
íons metálicos, fazendo ligações ou formando complexos. Tais substâncias são
hidroxilas ou aminas, já que possuem pares de elétrons livres, e ácidos carboxílicos,
sulfônicos ou fosfônicos, já que possuem alta densidade de carga negativa. [36]

O esquema da formação da incrustação inorgânica é mostrado na figura 9.


29

Água de injeção
+ Supersaturação
Água de formação

Crescimento
dos cristais Nucleação

Incrustação
inorgânica
Figura 9: Esquema da formação de incrustação inorgânica.

2.3. Problemas Devido ao Ácido Sulfídrico

Outro grande problema visto na indústria do petróleo é a presença do ácido


sulfídrico (H2S). Não só no âmbito da corrosão estrutural, como em questões
ambientais e de segurança, esse gás tóxico e incolor, presente dissolvido nos
fluidos, é uma enorme complicação, sendo estudada a sua redução ou remoção do
meio. [38]

O H2S pode ser muito prejudicial à saúde humana. Além da irritação aos
olhos, uma vez dentro do corpo, pode atuar sobre o sistema respiratório e nervoso.
Ao inalar seu gás, ele passa pelos pulmões, alcançando a corrente sanguínea. Um
mecanismo de defesa é a oxidação desse ácido, obtendo um produto não nocivo.
Porém, quando em altas concentrações, não é possível a oxidação total. Com isso,
ele pode se ligar a enzimas essenciais que possuam elementos metálicos em sua
composição, como ferro, zinco, cobre, acarretando na perda das mesmas e de
30

funções fundamentais. Pode também atingir o sistema nervoso, afetando a área que
controla a respiração, comprometendo-a, podendo levar à morte. [38,39]

Como já mostrado anteriormente, o H2S pode ter duas origens quando


presente no meio. A primeira delas é geológica, quando ocorre a decomposição
térmica de compostos que contém enxofre e estão presentes nas rochas que há nos
reservatórios. A outra é na recuperação secundária dos poços, tendo um caráter
microbiológico, devido ação de bactérias redutoras de sulfatos, os quais estão
presentes na água de injeção. Esse aumento da massa de H 2S no sistema por ação
das bactérias é conhecido como “souring”. [39]

Com isso, desenvolveu-se o uso dos chamados sequestrantes de H2S, nome


que caracteriza qualquer substância química que seja capaz de reagir com espécies
de sulfetos, transformando-as em outras menos tóxicas e não agressivas ao meio.
Os sequestrantes devem ter algumas características imprescindíveis, como por
exemplo: reações rápidas e completas, não serem afetados por condições do meio
(temperatura, pH, pressão), não serem corrosivos e não poluírem o meio ambiente
ou afetarem a saúde dos trabalhadores. [39] As tecnologias de sequestro de H2S são
mostradas na figura 10.

Tendo em vista toda problemática mostrada anteriormente, esse estudo


resolveu verificar a eficiência de um inibidor de corrosão e a influência da presença
de inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S.
31

Tecnologia de Processos de
Sequestrantes de H2S

Processo Processo
de Sorção de Sorção
Seca Líquida

Óxidos de
Ferro Nitrito Amina Outros

Óxidos de
Zinco Triazina Lavagem

Outros
Outros sais compostos Aldeído
a base de
amina
Oxidante

Suspensão
de óxidos
de metais
Figura 10: Classificação das tecnologias de sequestro de H2S

3. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo principal verificar a eficiência de um
inibidor de corrosão (Benzotriazol) do aço carbono em matriz salina, na ausência
e na presença de inibidores de incrustação e sequestrantes de H2S.

3.1. Objetivos específicos


3.1.1. Determinar a taxa de corrosão e a eficiência anticorrosiva através do
ensaio gravimétrico de perda de massa.
3.1.2. Verificar parâmetros termodinâmicos do processo de inibição corrosiva.
3.1.3. Determinar o mecanismo de ação dos inibidores por meio de simulação
de isotermas de adsorção.
32

4. Procedimento Experimental

4.1. Moléculas utilizadas

Foi avaliada uma molécula com potencial de inibição de corrosão, da classe


dos imidazóis, junto com duas moléculas inibidoras de incrustação, as quais são
apresentadas na figura abaixo.

Figura 11: Estrutura química das moléculas utilizadas no trabalho.

Devido ao sigilo de pesquisa, as estruturas das duas moléculas de


sequestrantes de H2S utilizadas nesse trabalho não foram fornecidas, apenas seus
códigos (SEQ1 e SEQ2), por isso não aparecem na figura acima.
33

4.2. Determinação da Taxa de Corrosão por Ensaio Gravimétrico de Perda de


Massa.

De acordo com a norma da American Society for Testing and Materials


(ASTM) G 1 – 90, é possível avaliar a taxa de corrosão sofrida por determinado
material através da sua variação de massa, após exposição a um ambiente
corrosivo por um determinado período de tempo.

Realiza-se o polimento dos corpos de provas, aço carbono A36 (densidade =


7,86 g.cm-3), com lixas d’água de granulometria 400 e 600, nessa ordem. A área
exposta ao ambiente corrosivo é medida com um paquímetro digital e devidamente
registrada. O aço carbono passa então por uma limpeza química, passando por dois
banhos de água, um de água com surfactante, um de etanol e outro de acetona.
Após serem secados com auxílio de um secador térmico, os cupons de aço carbono
tem sua massa inicial medida. Dois cupons foram colocados, com auxílio de um fio
de nylon, em um tubo falcon de 50 mL contendo solução de NaCl 35 g.L -1, como
mostra a figura 12.

Figura 12: Primeira parte do procedimento experimental do ensaio gravimétrico de


perda de massa.

Esse procedimento foi repetido diversas vezes, onde os cupons


permaneceram expostos ao ambiente corrosivo por diferentes períodos de tempo,
variando de 1 a 10 dias.

Ao fim do tempo de exposição, os corpos de prova passam, além da lavagem


química, por uma decapagem química com solução de Clark (HCl, Sb 2O3, SnCl2).
São secados e têm sua massa final medida. O procedimento é ilustrado na figura a
seguir.
34

Figura 13: Segunda parte do procedimento experimental do ensaio gravimétrico de


perda de massa.

Com os dados de variação de massa coletados, é possível calcular a taxa de


corrosão, de acordo com a equação abaixo:

8,76. 104 . ∆𝑚
𝑇𝑐 = (10)
𝐴. 𝑑. 𝑡

Onde:
- Tc: Taxa de corrosão (mm.ano-1)
- Δm: variação de massa (g)
- A: área exposta (cm2)
- d: densidade do aço (g.cm-3)
- t: tempo de exposição (h)

O procedimento gravimétrico foi efetuado de forma igual na presença do


inibidor de corrosão Benzotriazol (BTZ) nas concentrações de 50, 100, 250 e 500
mg.L-1, à temperatura ambiente, 298 K. Em seguidas, foram realizados ensaios
também na presença de inibidores de incrustação, dietilenotriamina
pentametilfosfônico (DETPMP) e poli (vinilsulfônico) (PVS), nas concentrações de 5
e 50 mg.L-1, enquanto o BTZ se encontrava apenas nas concentrações de 50 e 500
mg.L-1. Posteriormente, com o BTZ novamente nas concentrações de 50 e 500 mg.L -
1, foram feitos ensaios gravimétricos na presença dos dois sequestrantes de H2S,
SEQ1 e SEQ2, nas concentrações 500 e 1000 mg.L -1. Por último, foram realizados
ensaios na presença do inibidor de corrosão, do inibidor de incrustação e no
sequestrante de H2S, nas concentrações previamente citadas.

Com os resultados obtidos, foi possível o cálculo da eficiência do inibidor de


corrosão através da equação a seguir:

(𝑇𝑐°−𝑇𝑐)
ŋ(%) = . 100 (11)
𝑇𝑐°
35

Onde:
- ŋ: Eficiência percentual frente a corrosão (%)
- Tco: Taxa de corrosão na ausência do inibidor (mm.ano-1)
- Tc: Taxa de corrosão na presença do inibidor (mm.ano-1)

4.3. Condutividade, pH e Turbidez.

Soluções com íons dissolvidos tem a capacidade de conduzir corrente


elétrica, característica conhecida como condutividade elétrica. Ocorre de forma
diferente dos metais, onde a condutividade se dá devido à estrutura cristalina, com
elétrons sobrando em umas áreas e faltando em outras, e aos elétrons livres,
capazes de conduzir a corrente elétrica. A condutividade foi medida antes e depois
dos ensaios gravimétricos, devido a capacidade de alguns inibidores de formar
quelatos com íons livres, fazendo com que tal condutividade sofra alteração. Ela foi
medida com auxílio de um condutivímetro Tecnopan.

Acompanhou-se também a variação de pH na ausência e presença dos


inibidores para verificar acidez ou basicidade do meio, com o intuito de saber qual a
relação do meio com a corrosão do aço e a variação de massa. Tem-se duas
equações de oxirredução do ferro dependendo do meio:

2 Fe(s) + 4 H+(aq) → 2 Fe2+(aq) + 2 H2(g) (12)

Fe(s) + ½ O2(g) + H2O(l) → Fe(OH)2(s) (13)

Outro fator importante a ser observado é a turbidez, visto que partículas


sólidas em suspensão, como por exemplo produtos de corrosão, interferem na
propagação da luz. Por isso, mediu-se antes e depois do ensaio gravimétrico, sendo
um importante parâmetro indicativo de eficiência do inibidor de corrosão.
36

4.4. Teorias de adsorção

Fenômeno físico-químico, a adsorção consiste na transferência de


componentes da fase líquida ou gasosa, chamada de adsorvato, para uma fase
sólida, conhecida como adsorvente.

Uma vez ligadas à superfície do adsorvente, as moléculas do adsorvato


sofrem um processo de sorção e dessorção. O tempo em que elas ficam em contato
com a superfície metálica depende principalmente da energia com que essas
moléculas são seguras pelo adsorvente. É afetada pela concentração de adsorvato,
superfície disponível, temperatura, pressão, agitação de fluidos e o tipo de interação
entre adsorvente e adsorvato.

Se a interação entre os dois for feita por ligação química, através do


compartilhamento de pares de elétrons entre elementos químicos, chama-se de
quimissorção, fenômeno exotérmico e irreversível, causando uma forte interação. Há
também a fisissorção, onde o processo de adsorção é realizado por forças de van
der Waals. Também é exotérmico, porém é reversível já que a energia para
dessorção é baixa, já que envolve atração eletroestática.

Alguns inibidores de corrosão, principalmente os inorgânicos, tendem a


precipitar na superfície metálica, adsorvendo na superfície e impedindo a
continuação do processo de corrosão. Já os orgânicos também se adsorvem na
superfície, porém sem precipitação, direto em interações físico-químicas com o
metal presente, diminuindo a superfície exposta ao meio corrosivo, diminuindo assim
a corrosão.

Muitas teorias de adsorção foram estudadas e desenvolvidas para explicar


esse fenômeno. Ajustando-as para aplicação aos inibidores de corrosão e sabendo
que o grau de recobrimento da superfície exposta está diretamente relacionado com
a eficiência de inibição da corrosão, tem-se abaixo uma equação de equilíbrio entre
um inibidor orgânico em solução e outra do grau de recobrimento da superfície
metálica, teoricamente equivalente ao adsorvato adsorvido na superfície do
adsorvente.

Inh (sol) + x H2O (ads) ⇄ Inh (ads) + x H2O (sol) (14)


37

(𝑇𝑐 𝑜 − 𝑇𝑐)
θ= (15)
𝑇𝑐 𝑜
Onde:
- θ: grau de recobrimento
- Tco: taxa de corrosão na ausência do inibidor (mm.ano-1)
- Tc: taxa de corrosão na presença do inibidor (mm.ano-1)
Com o resultado das eficiências do inibidor de corrosão, simula-se
graficamente em qual teoria de adsorção e suas características ele se encaixa
melhor. As estudadas foram:

Teoria de Adsorção de Langmuir:


Langmuir desenvolveu um modelo que assume que o adsorvato forme uma
monocamada quando adsorvido, sendo assim o processo de adsorção finito e
limitado, pois os sítios são homogêneos e equivalentes, não tendo interação lateral
entre as moléculas do adsorvato. A equação a seguir mostra matematicamente a
teoria de Langmuir:
𝐶𝑖𝑛ℎ 1
= + 𝐶𝑖𝑛ℎ (16)
θ 𝐾𝑎𝑑𝑠
Onde:
- Cinh: concentração do inibidor em solução (mg.L-1)
- θ: grau de recobrimento
- Kads: constante do equilíbrio de adsorção

Teoria de Adsorção de Freundlich:


A teoria de Freundlich trabalha com uma adsorção não ideal e reversível, não
sendo limitada a monocamadas. A adsorção ocorre em todos os locais e cada um
tem uma energia de ligação, sendo a quantidade adsorvida o somatório desses
locais, onde os de ligação mais forte são ocupados primeiro, acontecendo uma
diminuição exponencial na energia de adsorção posteriormente. Com a formação de
multicamadas, temos uma adsorção heterogênea. Mostrada abaixo, há a equação
da Teoria de Freundlich:
𝐶𝑖𝑛ℎ 1
𝑙𝑜𝑔 = 𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎𝑑𝑠 + 𝑙𝑜𝑔𝐶𝑖𝑛ℎ (17)
θ 𝑛
38

Teoria de Adsorção de Frumkin:


Essa teoria leva em conta atrações e repulsões envolvendo as espécies
adsorvidas, levando em conta uma adsorção ideal, onde Frumkin apresenta um
novo parâmetro g. A equação abaixo explicita matematicamente a teoria:
θ
𝑙𝑜𝑔[( )𝐶 ] = 𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎𝑑𝑠 + 𝑔θ (18)
1 − θ 𝑖𝑛ℎ

Onde:
- Cinh: concentração do inibidor em solução (mg.L-1)
- θ: grau de recobrimento
- Kads: constante do equilíbrio de adsorção
- g: fator de ajuste para as interações não homogêneas existentes

Teoria de Adsorção de Temkin:


Temkin levou em consideração em seus estudos a ocorrência de uma
diferença na estabilidade da adsorção devido a interações indiretas entre adsorvato
e adsorvente, onde os sítios mais energéticos são primeiramente ocupados,
ocorrendo depois um decréscimo linear na energia de adsorção. A equação a seguir
mostra matematicamente a teoria de Temkin:
θ
𝑙𝑜𝑔 ( ) = 𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎𝑑𝑠 + 𝑔θ (19)
𝐶𝑖𝑛ℎ
Onde:
- Cinh: concentração do inibidor em solução (mg.L-1)
- θ: grau de recobrimento
- Kads: constante do equilíbrio de adsorção
- g: fator de ajuste para as interações não homogêneas existentes

4.5. Energia de Adsorção

O fato do inibidor de corrosão se adaptar a uma das teorias de adsorção


propostas, permite com que seja possível o cálculo da constante de equilíbrio de
adsorção (Kads). Através da descoberta do valor dessa constante, é possível
determinar a espontaneidade da ocorrência do fenômeno, por meio da energia livre
de Gibbs (∆G). Assim, é possível a determinação da energia envolvida no processo
de adsorção do inibidor, usando a equação abaixo.
39

∆Gads = -R.T.ln(55,5.Kads) (20)

Onde:
- ∆Gads: energia livre de Gibbs (kJ.mol-1)
- R: constante universal dos gases
- T: temperatura (K)
- Kads: constante do equilíbrio de adsorção

A energia de ativação (Ea) do sistema é um parâmetro importantíssimo na


determinação do começo de dissolução do aço. A relação entre a taxa de corrosão
na presença e ausência do inibidor, em determinada temperatura, nos permite obter
valores de Ea, como mostra a equação a seguir:
𝐸𝑎
𝑙𝑛𝑇𝑐 = 𝑙𝑛𝐴′ − (21)
𝑅𝑇
Onde:
- Tc: taxa de corrosão (mm.ano-1)
- Ea: energia de ativação (kJ.mol-1)
- R: constante universal dos gases
- T: temperatura (K)
- A’: constante de Arrhenius

Com as variáveis de temperatura e taxa de corrosão, também é possível a


obtenção dos valores de variação de entalpia (∆H) do sistema, numa equação
similar a anterior.

𝑇𝐶 ∆H
ln ( ) = 𝑙𝑛𝐴′ − (22)
𝑇 𝑅𝑇
Onde:
- Tc: taxa de corrosão (mm.ano-1)
- ∆H: variação de entalpia (kJ.mol-1)
- R: constante universal dos gases
- T: temperatura (K)
- A’: constante de Arrhenius

Uma vez descoberto os valores de ∆G e ∆H, fica fácil, através da equação


fundamental da termodinâmica, descobrir o valor da entropia (∆S) do sistema, como
mostra a equação a seguir:
40

∆G = ∆H – T.∆S (23)

Onde:
- ∆G: energia livre de Gibbs (J.mol-1)
- ∆H: variação de entalpia (J.mol-1)
- ∆S: variação de entropia (J.mol-1.K-1)
- T: temperatura (K)

5. Resultados e Discussão

5.1. Cinética da corrosão do aço carbono em matriz salina

Apesar de simples, o estudo de perda de massa é de extrema importância


pois se aproxima das condições reais de degradação apresentadas fora do
laboratório, permitindo reais avaliações sobre a taxa de corrosão do material
metálico.

Foi conduzido um estudo de perda de massa do aço carbono em ambiente


salino de NaCl 3,5%, a uma temperatura de 298 K, numa variação de tempo de 1 a
10 dias, realizado em triplicata, ilustrado na figura a seguir.
41

Figura 14: Cinética da corrosão do aço carbono em matriz salina de NaCl


3,5%, a 298 K.

Através desse estudo, é possível observar que, a partir do quinto dia, a


cinética da reação indica uma taxa de corrosão praticamente constante em matriz de
NaCl 3,5%. Isso faz com que seja dispensável ensaios gravimétricos por um período
maior de dias, sendo realizados em cinco.

5.2. Inibidor de corrosão

5.2.1. Ensaio gravimétrico de perda de massa

Através de estudos de perda de massa, foi avaliada a eficiência na inibição de


corrosão do BTZ. Após ensaios na ausência do inibidor, ele foi aplicado nas
concentrações de 50, 100, 250 e 500 mg.L -1, na matriz salina, a temperatura de 298
K. Os resultados são mostrados na tabela abaixo.
42

Tabela 2: Taxa de corrosão e percentual de eficiência anticorrosiva do BTZ.

298 K
Concentração Taxa de corrosão
Molécula Eficiência (%)
(mg.L-1) (mm.ano-1)
0 0,0258 -
50 0,0213 17,2
Benzotriazol
100 0,0179 30,6
(BTZ)
250 0,0133 48,6
500 0,0088 65,8

Verificou-se uma variação de eficiência entre 17,2 e 65,8%, onde o aumento


na concentração do inibidor de corrosão mostrou um aumento na eficiência
anticorrosiva, como esperado.

Figura 15: Eficiência de inibição anticorrosiva do BTZ


43

5.2.2. Constante de Adsorção e Energia Livre de Gibbs

A fim de descobrir em qual teoria de adsorção representa melhor os dados


experimentais, assim elucidando parte do mecanismo de proteção do BTZ, foram
simuladas quatro isotermas: Langmuir, Freundlich, Frumkin e Temkin, cujas
equações já foram apresentadas previamente. Os resultados obtidos no ensaio
gravimétrico de perda de massa foram aplicado nas equações, obtendo as
determinadas isotermas e seus coeficientes de correlação, através de regressões
lineares, como mostra a tabela 3.

Tabela 3: Coeficientes de correlação das regressões lineares resultantes da


aplicação das teorias de adsorção para o BTZ
Temperatura
Molécula Langmuir Freundlich Frumkin Temkin
(K)
Benzotriazol
298 0,9968 0,9643 0,9999 0,9829
(BTZ)

Verificou-se que o melhor coeficiente de correlação resultante foi o de


Frumkin, sendo sua teoria a mais adequada para a adsorção do BTZ. Tal teoria diz
que há uma adsorção ideal, porém leva em consideração interações atrativas e
repulsivas.

Sendo assim, é apresentada a curva de adsorção baseada na Teoria de


Frumkin na figura a seguir.
44

Frumkin (T = 298 K)
3,3
3,1 y = 2,8579x + 1,2891
R² = 0,9999
log [(Θ/(1-Θ)).C] 2,9
2,7
2,5
2,3
2,1
1,9
1,7
1,5
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Figura 16: Isoterma de Frumkin da molécula BTZ para aço carbono, em matriz salina
NaCl 3,5%, a 298 K.

Com a equação da isoterma de adsorção definida, é possível determinar o


valor da constante de adsorção (Kads) do processo, que é a exponencial do
coeficiente linear. A partir do valor de Kads, fica possível o cálculo da energia livre de
adsorção do sistema, resultados mostrados na tabela abaixo.

Tabela 4: Constante de equilíbrio de adsorção (Kads) e energia livre de Gibbs (ΔG)


para o processo de adsorção do BTZ no aço carbono, em matriz salina de NaCl
3,5%.

Molécula Temperatura (K) Kads ΔG (J.mol-1)


Benzotriazol
298 19,5 - 17306,2
(BTZ)

O alto valor de Kads mostra o favorecimento de sorção da molécula na


superfície metálica, enquanto o valor negativo da energia livre de Gibbs (ΔGads)
atesta sobre a espontaneidade do processo de adsorção.

5.2.3. Energia de ativação e variação de entalpia e entropia do sistema

Ao correlacionar a taxa de corrosão do inibidor em uma determinada


concentração com a temperatura, é possível o cálculo da energia necessária para
45

iniciar o processo de dissolução do aço carbono, chamada energia de ativação (E a),


utilizando a equação X já apresentada. Os valores são mostrados a seguir.

-2,5
0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034

-3

-3,5 50 mg.L-1

ln (Tc)
100 mg.l-1

-4 250 mg.L-1
500 mg.L-1

-4,5

-5
T-1 (K-1)

Figura 17: Curva de Arrhenius para o BTZ

Pode-se observar que com o aumento da concentração de BTZ, há um


aumento na energia de ativação para a dissolução do aço carbono, mostrado na
tabela 5, o que indica uma dificuldade maior para ocorrer a reação de corrosão.

Tabela 5: Energia de ativação (Ea) do processo de dissolução do aço carbono na


ausência e presença do BTZ em matriz salina (NaCl 3,5%), a 298 K.
Molécula Concentração (mg.L-1) Ea (J.mol-1)
0 19628,04
Benzotriazol 50 22368,79
(BTZ) 100 27044,57
250 35269,28
500 45702,31

De forma similar, é possível fazer o cálculo da entalpia (ΔH) do processo de


dissolução do aço carbono, como mostra o gráfico a seguir.
46

T-1 (K-1)
0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034
-8,5

-8,9
50 mg.L-1
100 mg.L-1
-9,3
ln(Tc.T-1)

250 mg.L-1
500 mg.L-1
-9,7

-10,1

-10,5

Figura 18: Curva de Arrhenius para o BTZ

Percebe-se novamente que com o aumento da concentração do inibidor BTZ,


há um aumento nos valores de ΔH, mostrando que o processo é endotérmico e
requer cada vez mais energia para acontecer. Em posse dos valores de ΔH, também
é possível o cálculo de ΔS através da equação fundamental da termodinâmica.
Esses valores são ilustrados na tabela 6.
Tabela 6: Variação de entalpia (ΔH) e entropia (ΔS) do sistema em função da
concentração de BTZ, a 298 K.
Concentração Entalpia Entropia
Molécula
(mg.L-1) (J.mol-1) (J.mol-1)
0 16920,01 114,85
50 19688,74 124,14
Benzotriazol
100 24610,92 140,66
(BTZ)
250 32828,97 168,24
500 43004,26 202,38

Os maiores valores de ΔS indicam uma maior desordem energética do


sistema, mostrando que a molécula do inibidor atua se deslocando até a superfície
metálica, ocorrendo a dessorção de moléculas de água e a sorção de moléculas do
inibidor.
47

5.3. Inibidor de Corrosão, Inibidor de Incrustação e Sequestrante de H2S


Visto que não só o problema de corrosão devido a matriz salina atinge as
indústrias do petróleo, mas também a corrosão e nocividade do gás H 2S, bem como
problemas de incrustação, a adição contínua de três espécies químicas com
propriedades e objetivos distintos foi o motivador deste estudo. Sendo assim, a
molécula inibidora de corrosão BTZ foi avaliada em duas concentrações distintas, na
presença de uma das duas moléculas inibidoras de incrustação (DETPMP e PVS) e
de uma das duas moléculas sequestrantes de H2S (SEQ1 e SEQ2).

5.3.1. Ensaio Gravimétrico de Perda de Massa


Primeiramente, foi avaliada a característica anticorrosiva das moléculas
inibidoras de incrustação e dos sequestrantes de H2S, nas concentrações propostas
nesse estudo (5 e 50 mg.L-1 e 500 e 1000 mg.L-1, respectivamente). As quantidades
de moléculas adicionadas, tanto de inibidor de incrustação quanto de sequestrantes
forma escolhidas devido à dosagem em poços produtores de petróleo. Os resultados
são mostrados a seguir.

Figura 19: Ensaio de perda de massa para o aço carbono, em matriz de NaCl 3,5%,
na presença das moléculas inibidoras de incrustação DETPMP e PVS e
sequestrantes de H2S SEQ1 e SEQ 2.
48

Percebe-se assim que as moléculas inibidoras de incrustação tem um


comportamento anticorrosivo inversamente proporcional a sua concentração no
meio reacional, onde os melhores resultados são obtidos na concentração de 5
mg.L-1: 22,13% e 14,34% para DETPMP E PVS, respectivamente. Já para as
moléculas sequestrantes de H2S, obteve-se resultados muito próximos no que diz
respeito a inibição de corrosão, mesmo com o dobro de concentração das mesmas:
21,33% e 23,57% para SEQ1, em 500 mg.L -1 e 1000 mg.L-1, respectivamente.
32,10% e 30,48% para SEQ2, em 500 mg.L-1 e 1000 mg.L-1, respectivamente.

5.3.1.1. Inibição da corrosão do BTZ na presença do DETPMP e SEQ1


A influência da molécula anti-incrustante DETPMP e da sequestrante de H2S
SEQ1 sobre o efeito anticorrosivo do BTZ foi estudado em diferentes concentrações.
A figura a seguir mostra os resultados obtidos, tanto na ausência quanto na
presença das mesmas.

Figura 20: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas


inibidora de incrustação DETPMP e sequestrante de H2S SEQ1 no ensaio de perda
de massa em matriz NaCl 3,5%.
49

Nota-se que na concentração de 500 mg.L-1 do BTZ, considerando a barra de


erro, não há efeitos positivos ou negativos na eficiência, permanecendo a mesma, a
não ser na presença de 5 mg.L-1 de DETPMP e 1000 mg.L-1 de SEQ1, onde há uma
pequena diminuição de eficiência anticorrosiva (65,8% na ausência contra 50,11%
na presença).
Já na concentração de 50 mg.L-1 do BTZ, a não ser na combinação com 5
mg.L-1 de DETPMP e 500 mg.L-1 de SEQ1 que, considerando a barra de erro, é
praticamente a mesma eficiência do BTZ sozinho, todas as outras mais que
dobraram o porcentagem de eficiência quando combinadas em relação ao BTZ
sozinho (17,20% para o BTZ 50 mg.L-1, 39,10% para BTZ 50 mg.L-1 + DETPMP 50
mg.L-1 + SEQ1 500 mg.L-1, 41,48% para BTZ 50 mg.L-1 + DETPMP 5 mg.L-1 + SEQ1
1000 mg.L-1, 43,77% para BTZ 50 mg.L-1 + DETPMP 50 mg.L-1 + SEQ1 1000 mg.L-
1).

Apesar de não mostrar um resultado de inibição de corrosão teórico


(somatório das três moléculas separadas) como mostra a tabela abaixo, é um
satisfatório resultado, já que há significativo aumento na inibição de corrosão.
Tabela 7: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + DETPMP + SEQ1
Concentração (mg.L-1) Eficiência Teórica (%)
50 + 50 + 500 52,48
BTZ + DETPMP + SEQ1 50 + 5 + 1000 62,90
50 + 50 + 1000 54,72

5.3.1.2. Inibição da corrosão do BTZ na presença do DETPMP e SEQ2


Foi avaliada a influência do inibidor de incrustação DETPMP e do
sequestrante de H2S SEQ2 sobre o efeito anticorrosivo do inibidor de corrosão BTZ
em diferentes concentrações. A figura a seguir mostra os resultados obtidos, tanto
na ausência quanto na presença das mesmas, de onde pode-se tirar algumas
observações:
50

Figura 21: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas


inibidora de incrustação DETPMP e sequestrante de H2S SEQ2 no ensaio de perda
de massa em matriz NaCl 3,5%.
- Considerando a barra de erros, em relação ao BTZ a 500 mg.L -1, a presença
do DETPMP a 5 mg.L-1 e 50 mg.L-1 com o SEQ2 a 500 mg.L-1, não afetou na
eficiência anticorrosiva do mesmo. Já na presença de DETPMP a 5 mg.L -1 e 50
mg.L-1 com SEQ2 a 1000 mg.L-1, observou-se uma queda na eficiência do BTZ a
500 mg.L-1 (de 65,80% para 40,79% e 40,25%, respectivamente).
- Em todas as concentrações de DETPMP com SEQ2 (5 mg.L -1 + 500 mg.L-1,
50 mg.L-1 + 500 mg.L-1, 5 mg.L-1 + 1000 mg.L-1 e 50 mg.L-1 + 1000 mg.L-1), a
eficiência do inibidor de corrosão BTZ a 50 mg.L -1 aumentou de forma considerável
(de 17,20% para 52,11%, 52,56%, 39,08% e 46,29%, respectivamente).
Novamente, apesar de não ter sido o aumento de eficiência esperado pela
teoria, como mostra a tabela 8, houve uma ampla melhora na eficiência de corrosão
sobre o aço carbono.
51

Tabela 8: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + DETPMP + SEQ2


Concentração (mg.L-1) Eficiência Teórica (%)
50 + 5 + 500 71,43
50 + 50 + 500 61,63
BTZ + DETPMP + SEQ2
50 + 5 + 1000 69,81
50 + 50 + 1000 61,63

5.3.1.3. Inibição da corrosão do BTZ na presença do PVS e SEQ1


A molécula inibidora de corrosão BTZ foi submetida a análise de sua eficiência de
inibição de corrosão na presença da molécula inibidora de incrustação PVS e do
sequestrante de H2S SEQ2. Os resultados são apresentados abaixo.

Figura 22: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas


inibidora de incrustação PVS e sequestrante de H2S SEQ1 no ensaio de perda de
massa em matriz NaCl 3,5%.
É possível notar através desses ensaios que:
- Independente da combinação de PVS e SEQ1, a eficiência do inibição do
BTZ a 500 mg.L-1 é consideravelmente reduzida (queda da eficiência de 45% a 54%)
52

- Levando em consideração a barra de erros, na concentração de 50 mg.L -1


do BTZ, a presença das combinações PVS a 5 mg.L -1 e 50 mg.L-1 com SEQ1 a 500
mg.L-1, não melhora nem piora a eficiência do inibidor de corrosão quando
comparado com suas ausências.
- Há uma leve melhora na eficiência de inibição do BTZ na presença da
combinação PVS 5 mg.L-1 e SEQ1 1000 mg.L-1. Há também uma significativa
melhora na eficiência de corrosão quando presente a no meio a combinação PVS 50
mg.L-1 e SEQ1 1000 mg.L-1, aumentando de 17,20% para 39,86%.
Tabela 9: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + PVS + SEQ1
Concentração (mg.L-1) Eficiência Teórica (%)
BTZ + PVS + SEQ1 50 + 50 + 1000 41,08

Considerando a barra de erros, é possível notar que a combinação BTZ 50


mg.L-1 + PVS 50 mg.L-1 + SEQ1 1000 mg.L-1 atingiu experimentalmente o eficiência
teórica de inibição de corrosão: (39,86 ± 4,00)% experimental contra (41,08 ± 5,27)%
teórico, como mostrado na tabela 9.

5.3.1.4. Inibição da corrosão do BTZ na presença do PVS e SEQ2


Por fim, foi avaliada a eficiência contra a corrosão do inibidor BTZ na
presença do inibidor de incrustação PVS e do sequestrante de H2S SEQ2. Os
resultados são mostrados na figura 23.
53

Figura 23: Eficiência anticorrosiva do BTZ na ausência e presença das moléculas


inibidora de incrustação PVS e sequestrante de H2S SEQ2 no ensaio de perda de
massa em matriz NaCl 3,5%.
- O inibidor de corrosão BTZ na concentração 50 mg.L -1, na presença das
combinações PVS a 5 mg.L-1 + SEQ2 a 500 mg.L-1 e PVS a 50 mg.L-1 + SEQ 2 a
1000 mg.L-1, considerando a barra de erro, não tem sua eficiência alterada quando
comparado ao ensaio na somente do inibidor de corrosão.
- Há uma boa melhora na inibição de corrosão do BTZ a 50 mg.L-1 quando
presente a combinação PVS 50 mg.L -1 + SEQ2 500 mg.L-1 (de 17,20% para
29,74%). Há também uma excelente melhora na eficiência do inibidor de corrosão
BTZ a 50 mg.L-1 na presença da combinação PVS 5 mg.L-1 + SEQ2 1000 mg.L-1, de
17,20% para 46,72%.
- A eficiência do BTZ a 500 mg.L-1, considerando a barra de erro, tem um leve
efeito negativo quando comparado o ensaio dele sozinho com o ensaio na presença
da combinação PVS a 50 mg.L-1 + SEQ2 a 1000 mg.L-1. Efeito negativo que é muito
acentuado quando comparadas as outras combinações:
PVS a 5 mg.L-1 + SEQ2 a 500 mg.L-1: de 65,80% para 44,76%.
PVS a 5 mg.L-1 + SEQ2 a 1000 mg.L-1: de 65,80% para 38,96%.
PVS a 50 mg.L-1 + SEQ2 a 500 mg.L-1: de 65,80% para 33,23%.
54

Tabela 10: Eficiência anticorrosiva teórica para BTZ + PVS + SEQ2


Concentração (mg.L-1) Eficiência Teórica (%)
BTZ + PVS + SEQ2 50 + 5 + 1000 62,02

Apesar de não ter atingido a eficiência teórica, mostrada na tabela 10, foi
observada uma excelente melhoria na eficiência anticorrosiva do BTZ, aumentando
a inibição de corrosão em quase o triplo de eficiência.
Em vista dos resultados apresentados, foram realizados estudos sobre pH,
condutividade e turbidez em determinadas combinações de inibidores e
sequestrante.

5.3.2. Estudos específicos no BTZ na presença de DETPMP e SEQ2


Em resumo, os dados de eficiência anticorrosiva do BTZ na presença de DETPMP e
SEQ2 podem ser apresentados de acordo com a tabela 11.
55

Tabela 11: Resumo das eficiências em relação ao BTZ para o ensaio de perda de
massa para a combinação BTZ + DETPMP + SEQ2
Moléculas e suas concentrações

BTZ (50 mg.L-1) + DETPMP (5 mg.L-1)


+ SEQ2 (500mg.L-1)
BTZ (50 mg.L-1) + DETPMP (50 mg.L-
1) + SEQ2 (500mg.L-1)
Melhora de eficiência do BTZ
BTZ (50 mg.L-1) + DETPMP (5 mg.L-1)
+ SEQ2 (1000mg.L-1)
BTZ (50 mg.L-1) + DETPMP (50 mg.L-
1) + SEQ2 (1000mg.L-1)

BTZ (500 mg.L-1) + DETPMP (5 mg.L-


Sem alteração estatística na 1) + SEQ2 (500mg.L-1)
eficiência do BTZ BTZ (500 mg.L-1) + DETPMP (50
mg.L-1) + SEQ2 (500mg.L-1)

BTZ (500 mg.L-1) + DETPMP (5 mg.L-


1) + SEQ2 (1000mg.L-1)
Piora na eficiência do BTZ
BTZ (500 mg.L-1) + DETPMP (50
mg.L-1) + SEQ2 (1000mg.L-1)

A seguir, são mostrados os valores de pH, condutividade e turbidez para as


soluções citadas acima, bem como para a solução contendo apenas o inibidor de
corrosão BTZ.
56

Figura 24: Parâmetros de pH, turbidez e condutividade para as soluções contendo


BTZ, DETPMP e SEQ2.
Sobre o pH, pode se observar que o aumento da concentração do inibidor de
incrustação DETPMP acarretou em acidificação do meio, já que não se observa
mudanças consideráveis no aumento da concentração do BTZ ou do SEQ2,
mostrando que mesmo em pouca quantidade, o DETPMP que rege o pH do sistema
de combinação das três moléculas.
Sobre a condutividade, pode se perceber um queda nos valores na solução
salina na presença do inibidor de incrustação DETPMP e do sequestrante de H2S.
Uma possível explicação para este ocorrido é as moléculas inibidora de incrustação
e sequestrante de H2S estão formando interações fracas com os íons em solução,
gerando um par iônico, retirando os íons do meio, diminuindo a condutividade do
meio.
A turbidez foi medida após os ensaios de perda de massa, levando em
consideração o produto de corrosão e o quanto o meio ficava turvo na presença
57

dele. Quanto maior a corrosão, maior a turbidez do sistema. Isso foi corroborado
pelos ensaios, visto que quanto maior a eficiência de inibição do sistema, menor
foram os valores de turbidez, mostrando que havia menos produto de corrosão no
sistema.
O mecanismo de adsorção do inibidor de corrosão BTZ sobre o aço carbono
se adequava a teoria de Frumkin, como mostrado previamente. Já na presença das
moléculas DETPMP e SEQ2 nas concentrações sugeridas pelo trabalho, essa
adsorção sofre uma mudança e passa a se adequar a Teoria de Freundlich, como
mostra a figura 25 e a tabela 12.
Tabela 12: Coeficientes de correlação das regressões lineares resultantes da
aplicação das teorias de adsorção para o BTZ + DETPMP + SEQ2
Temperatura
Molécula Langmuir Freundlich Frumkin Temkin
(K)
BTZ +
DETPMP + 298 0,9844 0,9924 0,7750 0,7982
SEQ2

Freundlich (T = 298 K)
3,25
y = 0,7927x + 0,3599
3,15
R² = 0,9924
3,05
log C

2,95

2,85

2,75

2,65
3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6
log (C/Θ)

Figura 25: Isoterma de Freundlich da combinação BTZ + DETPMP + SEQ2 para aço
carbono, em matriz salina NaCl 3,5%, a 298 K.
Essa nova teoria de adsorção propõe uma adsorção não ideal onde não
necessariamente há a formação de uma monocamada, podendo formar
multicamadas sobre a superfície, não se distribuindo de forma uniforme.
58

Com a mudança na teoria em qual se adequam, pode-se observar alterações


nos valores das constantes de adsorção e na energia livre de sistema, como são
mostrados na tabela abaixo:
Tabela 13: Constante de equilíbrio de adsorção (Kads) e energia livre de Gibbs (ΔG)
para o processo de adsorção do BTZ + DETPMP + SEQ2 no aço carbono, em matriz
salina de NaCl 3,5%.

Molécula Temperatura (K) Kads ΔG (J.mol-1)


BTZ +
DETPMP + 298 2,8 - 12502,6
SEQ2

Aqui pode-se notar um resultado diferente do esperado, já que os valores de


Kads e ∆G diminuíram em relação aos valores quando continha apenas BTZ no
sistema, mostrando um cenário menos favorável a adsorção. Isso pode ser
explicado pelo fato de todos os pontos da mistura das três moléculas terem sido
considerados, inclusive os que diminuíam a eficiência ou não a afetaram quando
comparados com o BTZ sozinho.

6. Conclusões
Visto a compatibilidade do inibidor de corrosão BTZ com meio salino e sua
disponibilidade para uso na indústria do petróleo, pode-se destacar que o aumento
na sua concentração aumentou de forma significativa a eficiência de inibição da
corrosão, sendo possível mostrar através dos parâmetros termodinâmicos que se
trata de um processo espontâneo e obedece a teoria de adsorção de Frumkin.
A adição de moléculas inibidoras de incrustação e sequestrantes de H 2S
mostrou distintos cenários, destacando que as seguintes combinações são possíveis
de se utilizar a fim de sanar mais de um problema que a indústria do petróleo sofre
sem causar problemas na eficiência do inibidor de corrosão, muitas vezes a
melhorando:
- Todas as combinações com DETPMP ou PVS e SEQ1 ou SEQ2 que
envolvessem o inibidor de corrosão BTZ na concentração 50 mg.L-1.
59

- Na presença do BTZ na concentração de 500 mg.L -1, apenas as


combinações de DETPMP a 5 ou 50 mg.L -1 com SEQ 1 ou SEQ2 a 500 mg.L-1 e
DETPMP a 50 mg.L-1 com SEQ1 a 1000 mg.L-1.
Todas as combinações envolvendo o inibidor de corrosão BTZ na
concentração de 500 mg.L-1 com o inibidor de incrustação PVS e um dos dois
sequestrantes de H2S, SEQ1 ou SEQ2, resultaram em queda de eficiência no ponto
de vista de inibição da corrosão.

7. Referências Bibliográficas

[1] BP STATISTIC. Statistical Review of World Energy June 2015. June, 2015.
[2] MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional Final ano
Base 2015.
[3] TANG, Y. , YANG, W., YIN Y., LIU Y., YIN, P., JintangWang Investigation of
CaCO3 scale inhibition by PAA, ATMP and PAPEMP. Desalination, v. 228, p.55-60,
2008.
[4] KAN A. T., FU G., TOMSON M.B., AL-THUBAITI M., XIAO A. J., Factors Affecting
Scale Inhibitor Retention in Carbonate-Rich Formation During Squeeze Treatment.
SPE Journal, September, 2004.
[5] GENTIL, Vicente. Corrosão. 5º Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
[6] BUZZETTI, Paulo Henrique Maciel. Compatibilidade e sinergismo entre inibidores
de corrosão e inibidores de incrustação inorgânicos na indústria do petróleo. 2016.
116p. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal Fluminense
[7] ZOU, Y., WANG, J., ZHENG, Y.Y., Electrochemical techniques for determining
corrosion rate of rusted steel in seawater. Corrosion Science, V.53, n 1, p. 208-216,
2011.
[8] LLEWELLYN, David.,HUDD, Roger., Metallurgy and Applications. Elsevier,1998,
p. 291-379.
[9] AQUINO, Isabella Pacifico. Caracterização da superfície do aço-carbono ABNT
1008 revestida com organo-silanos por meio de técnicas eletroquímicas e físico-
químicas. 2006. 113 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
[10] ALIOFKHAZRAEI, Mahmood. Developments in Corrosion Protection. InTech,
2014.
60

[11] PAPAVINASAM, S., Corrosion Control in the Oil and Gas Industry. Elsevier
2014.
[12] POPOOLA, L.T., GREMA, A.S., LATINWO, G.K., GUTTI, B., BALOGUN, A.S.,
Corrosion problems during oil and gas production and its mitigation. International
Journal of Industrial Chemistry. 4:35. 2013.
[13] FRAUCHES-SANTOS, C.; ALBUQUERQUE, M. A.; OLIVEIRA, M. C. C.;
ECHEVARRIA, A., A Corrosão e os Agentes Anticorrosivos. Revista Virtual de
Química, v.6,n. 2, p. 293-309, 2014.
[14] SOLMAZ, R., Investigation of corrosion inhibition mechanism and stability of
Vitamin B1 on mild steel in 0.5 M HCl solution. Corrosion Science. v. 81, p.75–84,
2014.
[15] GAIDIS, J.M., Chemistry of corrosion inhibitors. Cement& Concrete Composites.
v. 26, p. 181-189, 2004.
[16] GARCIA L. P., Aplicação de inibidores de corrosão na indústria de Petróleo e
Gás. Unisanta Science and Technology. v.2, n.1. 2013.
[17] NATHAN, C.C., Corrosion Inhibitors. National Association of Corrosion
Engineers, Houston, 1973.
[18] PAPAVINASAM, Sankara. CanmetUhlig's Corrosion Handbook. Ontario,
Canada, 2000.
[19] FERREIRA, K. C. R., CORDEIRO, R. F. B., NUNES, J. C., OROFINO, H.,
MAGALHÃES, M., TORRES A. G., D'Elia E., Corrosion Inhibition of Carbon Steel in
HCl Solution by Aqueous Brown Onion Peel Extract. International
JournalElectrochemistryScience. v.11, p. 406 – 418, 2016.
[20] GEORG, Gerorg, Osswald, T.A., Material Science of Polymers for Engineers;
Ed. Menges Madison, Macromolecular Structure of Polymers. Wisconsin, USA.
[21] EBENSO, E.E., OKAFOR P.C., Water‐soluble polymers as corrosion inhibitors
Pigment & Resin Technology; v. 35, n. 6, p. 346–352, 2006.
[22] ARTHUR, D.E., JONATHAN, A., AMEH, P.O., ANYA, C., A review on the
assessment of polymeric materials used as corrosion inhibitor of metals and alloys.
International Journal of Industrial Chemistry. v.4, n.2. 2013.
[23] DUBEY, A.K., SINGH, G., Corrosion Inhibition of Mild Steel in Sulphuric Acid
Solution by Using Polyethylene Glycol Methyl Ether (PEGME).
PortugaliaeElectrochimicaActa. v.25, 221-235, 2007.
61

[24] RAJENDRAN, S., SRIDEVi, S.P., ANTHONY N., AMALRAJ, A. J.,


SUNDARAVADIVELU, M., Corrosion behaviour of carbon steel in polyvinyl alcohol.
Anti-Corrosion Methods and Materials. v.52, n.2, p.102–107, 2005.
[25] KATRITZKY, A.R., DRUM, C.A.,Review Literature of Heterocycles.
Comprehensive Heterocyclic Chemistry. v.5, p.47-82, 1984.
[26] ERGUN, U. M., EMREGU M. K. l., Azole Compounds as Corrosion Inhibitors:
Part I, Journal of Materials Engineering and Performance. v.23.n.1, p.213, 2014.
[27] NAHLÉ, A., IDEISAN I., ABU-ABDOUN, ABDEL-RAHMAN, I., Effect of
Temperature on the Corrosion Inhibition of Trans-4-Hydroxy-4′-Stilbazole on Mild
Steel in HCl Solution, International Journal of Corrosion.
[28] KISSA, Erik., Surfactant Science Series, v.50 , Ed. Marcel Dekker, New York
50,1994.
[29] ADAMSON, Arthur, W., Physical Chemistry of Surfactants. Ed.Johnwiley, v.110,
Issue 4, new York.1991
[30] MIGAHED, M.A., Corrosion inhibition of steel pipelines in oil fields by N,Ndi(poly
oxy ethylene) amino propyl lauryl amide. Progress in Organic Coatings. v.54,p. 91–
98, 2005.
[31] MIGAHED, M.A., Electrochemical investigation of the corrosion behaviour of mild
steel in 2 M HCl solution in presence of 1-dodecyl-4-methoxy pyridinium bromide.
Materials Chemistry and Physics. v.93,p.48–53, 2005.
[32] BEZERRA, M. C., ROSÁRIO, F. F., PRAIS, F., RODRIGUES, R. P., Process for
the Controlled Precipitation of the Inhibitor Scale in a Subterranean Formation. SPE
International Symposium on Oilfield Chemistry. Houston, EstadosUnidos, 1999.
[33] CRABTREE, M., ESLINGER, D., FLETCHER, P., MILLER, M., JOHNSON, A.,
KING, G., Fighting scale-removal and prevention. OilfieldReview. v.11, n. 3. p. 30-45.
1999.
[34] GUO, Boyun.; SONG, Shanhong; CHACKO, Jacob. Offshore Pipelines, Elsevier
Inc., 2005.
[35] TANTAYAKOM, V., SCREETHAWONG, T., FOGLER, H. S., DE MORAES, F.
F., CHAVADEJ, S. Scale inhibition study by turbidity measurement. Journal of Colloid
and Interface Science., v. 284, v.1, p. 57–65, 2005.
[36] GRAHAM, G.M., BOAK, L.S., HOBDEN, C.M., Examination of the Effect of
Generically Different Scale Inhibitor Species (PPCA and DETPMP) on the Adherence
62

and Growth of Barium Sulphate Scale on Metal Surfaces. SPE Third International
Symposium on Oifield Scale. Aberdeen, UK, p. 30-31, 2001.
[37] LEEDEN, M.C.V., ROSMALEN, G.M.V., Inhibition of Barium Sulfate Deposition
by Polycarboxylates of Various Molecular Structures”, SPE Third International
Symposium on Oifield Scale, 1988.
[38] OLIVEIRA FILHO, J. P. S. CAMAROTTI, A. J. MALTA, D. S. H. Sequestro de
H2S em Campos Maduros de Petróleo, ICTR, 2004
[39] DE SOUZA, Vanessa Moura. ESTUDO DE SEQUESTRANTES DE H2S PARA
SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ÓLEO E GÁS. 2012. 107p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Metalúrgica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[40] A Industria de Petróleo. Production Facilities Apodi Garben (disponível em
http://slideplayer.com.br/slide/1660951/)

Você também pode gostar