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Resenha do texto “Por que estudar filosofia do direito ?

” fixado no capítulo 2 do livro


homônimo do Prof. Vicente de Paulo Barretto

Pedro Borges Mourão.

O autor, no capítulo 2 de sua obra de mesmo título, faz uma reflexão profunda e
persuasiva sobre a importância da filosofia do direito como disciplina acadêmica.
Argumenta-se que somente a filosofia do direito permite uma reflexão crítica sobre o
direito e suas instituições eis que, sem uma perspectiva filosófica, torna-se difícil
questionar as normas e instituições jurídicas.

Nas palavras de Eros Graus “a fundamentação filosófica é elemento primacial da


precompreensão do juiz e, se não houver, será um desastre...” 1

Neste cenário, o autor traz duas perguntas que podem ser feitas quando se
trata da identificação das características e da utilidade da filosofia do direito. A primeira
indaga qual o tema da investigação nesta área de estudos filosóficos. A segunda
pesquisa como esta temática será transformada em conhecimento que tenha efeitos na
experiência jurídica.

Em resposta, analisa-se, de modo direto, que a função do Direito é apropriar-se


deste conhecimento para sua objetiva aplicação na justificação da eficácia da norma
jurídica nos fatos jurídicos concretos. Há assim, motivos de ordem fundamental para o
estudo da Filosofia do Direito, mormente ante a degeneração do marxismo como
projeto ideológico do anti-jurisdicismo e, ainda, ante as dificuldades havidas
internamente por parte da defesa do individualismo liberal.

Neste contexto, tendo o sistema jurídico a função crítica, valorativa e normativa


dos mecanismos sociais, deixa o direito de ser um sistema estanque. De fato, não só
sua função é regular conflitos e pacificar o corpo social, mas, também, determinar os
valores e os critérios que incidem sobre a ordem vigente.

Esta construção de forma de pensar contrapõe diretamente a visão de Kelsen


quando, em contradição para com a própria teoria geral do direito e filosofia do
direito, retira deste qualquer função crítica.

1
In Por que estudar filosofia do direito. Barretto, Vicente. Prefácio.
Nesta perspectiva, resta claro que a filosofia do direito não é divertimento
intelectual, devendo ser superada a desconfiança profissional dos juristas no tema ao
se verificar que a filosofia do direito, enquanto disciplina acadêmica, contribui
substancialmente para o direito. De fato, neste papel, a disciplina analisa os valores
fundamentais da ordem jurídica e como estes se realizam objetivamente.

Trata-se, dessarte, de imprescindível instrumental crítico capaz de desconstruir


modelos dissonantes dos valores fundamentais através de uma atividade intelectual
argumentativa. Tal atividade, em realidade, liberta o projeto jurídico ao trazer o diálogo
para com convicções políticas, sociais, morais e religiosas dos jurisdicionados,
reconciliando-o para com a prática democrática.

Em síntese, autor defende que a Filosofia do Direito não é uma disciplina que
deve ficar restrita às salas de aula ou aos debates acadêmicos. Pelo contrário, ela deve
ser utilizada como uma ferramenta pelos profissionais do Direito para melhor
entenderem o Direito e tomarem decisões mais justas e adequadas.

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