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Nas primeiras civilizações a humanidade se encontrava nas margens da dúvida de um

mundo inteiro a ser explorado, a curiosidade em saber qual lugar ocupamos no universo nos
levou a explicar tal grandeza por meio de mitos acerca de entidades extremamente
poderosas. O que certamente não viria a perdurar, afinal tudo começa com um
questionamento de um observador ávido por respostas. Em 585 a.C. Tales de Mileto, o
primeiro teórico a rejeitar os mitos utilizando de bases racionais para explicar fenômenos
naturais, conseguiu prever um eclipse solar apenas observando os movimentos do sol e da
lua. A ciência em sua essência mutável nos revela que estamos fadados a uma busca
incansável pela verdade que em perspectiva cósmica nunca vai acabar, sempre há algo novo
a ser descoberto por olhos atentos o suficiente, o universo está sempre se expandindo.
Ao discorrer sobre o livro Cosmos de Carl Sagan, ao analisarmos o início da ciência até o
contexto histórico atual, é possível observar que inicialmente perguntas sensatas feitas por
homens comuns por meio da observação da natureza foram cruciais para mudar o rumo de
nossa história, ou seja coisas que hoje consideramos senso-comum, no passado eram,
portanto, desconhecidas. Hoje sabemos que a terra não é plana, mas será que a 276- 194 a.
C. de cristo teríamos, de alguma forma, vislumbrado a curvatura da terra ou trataríamos
esses assuntos como assuntos mundanos? Nesse tempo, Erastóstenes, astrônomo e
matemático grego, observou a posição do sol e viu que bastões enfiados verticalmente no
solo em lugares diferentes não projetavam sombras de comprimento igual. Em se tratando
de uma terra plana, os raios de sol deveriam ter o mesmo ângulo de inclinação em relação
aos bastões, logo Erastóstenes concluiu que a superfície da terra era curva (Sagan, 1980). A
simples observação de Erastóstenes seguida de questionamentos e experimentos, o
permitiu ser conhecido até hoje como a primeira pessoa a medir a circunferência da terra
com precisão, mesmo sem as milhares de possibilidades tecnológicas que temos hoje.
Á medida que estudamos os grandes nomes que estreavam a ciência até a formulação do
método científico como conhecemos atualmente, compreendemos que mesmo as mentes
brilhantes podem se equivocar e esses equívocos foram fundamentais para proporcionar
debates sobre suas hipóteses. O nascer de uma teoria, na maioria das vezes, é turbulenta,
passando por vários teóricos até termos o produto final. Como o processo de um diamante
a ser lapidado. Testemunhamos isso no histórico do próprio método científico que ao longo
do tempo passou por figuras notáveis como Aristóteles, Francis Bacon e Galileu Galilei. Se
por um lado inicialmente, Aristóteles confiava totalmente na observação e evidência por
meio da racionalidade, viajando para catalogar espécies, por outro lado Galileu Galilei sabia
que apenas observar e levantar hipóteses não eram suficientes, sendo um dos primeiros a
trazer a perspectiva experimental para o método científico como regra.
O fato é que o ato de fazer ciência depende de uma “progressão de ideias”, a ação de
retomar trabalhos anteriores usando o método científico como princípio. Entendemos que a
terra é redonda porque alguém refutou a ideia inicial de uma terra plana, nosso modelo
atômico atual é a consequência de uma série de teorias que evoluíram com o passar do
tempo, sabemos da existência das luas de saturno porque mesmo a milhares de anos atrás
já tínhamos a curiosidade de observar as estrelas o que se sucedeu até a criação do
telescópio por Galileu Galilei, e assim sucessivamente. Essa é dádiva do método científico, a
ciência é a mesma para todos os lugares, o que nos permite retomar trabalhos de qualquer
época em qualquer lugar do mundo. Uma pessoa em Dubai pode chegar a mesma hipótese
de alguém que mora na França, as duas estarão ligadas por um processo de
questionamentos, observações e experimentações.
Partindo do pressuposto que a ciência nos ajuda a entender como o universo funciona,
aprendemos que o ensino de ciências pode e deve ser algo interessante, que prenda a
atenção dos alunos ao mesmo tempo que não os restrinja a meros ouvintes, utilizando de
métodos de ensino mais dinâmicos e personalizados, que os envolvam no processo de
aprendizado e sejam mais relevantes para as necessidades do mundo moderno. Ao
limitarmos os estudantes a rotina repetitiva de uma única metodologia, estamos limitando a
vontade de explorar o mundo e descobrir como ele funciona, mesmo sabendo que a
curiosidade é a base da investigação científica, e sem ela, muitas descobertas importantes
teriam passado despercebidas como vimos anteriormente.
Com a rápida evolução da ciência e tecnologia, a necessidade da alfabetização científica
tornou-se fundamental para a formação de cidadãos bem-informados e engajados, com
pensamentos críticos voltados para a sociedade e meio ambiente. Nós, como futuros
professores de biologia, somos essenciais para contribuir com tal fato, haja vista que
passamos a ser responsáveis por ensinar conceitos importantes, como a ecologia e a
preservação ambiental (que são cruciais para um futuro sustentável), apresentar os
processos biológicos que ocorrem no mundo ao nosso redor e conscientizar os estudantes
sobre os riscos a vida, como mudanças climáticas e poluição. Além disso, o professor de
biologia tem a responsabilidade de ajudar os alunos a desenvolverem habilidades de
análise, crítica e síntese, ou seja, temos o dever de fomentar a curiosidade cientifica dos
alunos, incentivando-os a buscar informações sobre novas descobertas e avanços na área da
biologia.

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