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Porto Alegre/RS
2013
Nina Rosa Rezende Lenzi
Porto Alegre/RS
2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente ao Prof. MSc Jairo Ramos de Jesus que atendeu rapidamente
meu pedido de orientação, e que sempre se mostrou muito presente, solícito e atencioso.
Muito obrigada por ter despendido seu tempo me ajudando a elaborar este trabalho.
Agradeço também a compreensão da minha chefe pelo tempo que tive que me
ausentar do trabalho.
E por fim, agradeço a minha mãe por me dar a chance de continuar estudando e assim
concluir uma pós-graduação. Agradeço a Deus pela vida.
Muito obrigada!
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que
(Arthur Schopenhauer)
RESUMO
Giardíase é uma doença muito prevalente em animais jovens e pessoas e é causada pelo
protozoário Giardia spp. Tem alta incidência na rotina clínica veterinária embora nem todos
animais apresentem sintomatologia, é de suma importância seu estudo pelo possível potencial
zoonótico que apresenta. Tem como principal sinal clínico a diarreia do intestino delgado que
pode levar a síndrome de má absorção. O ciclo de vida do parasito divide-se em dois estágios:
trofozoíto e cisto. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão atualizada desta
enfermidade para compreender melhor sua fisiopatologia e aplicar estes conhecimentos a
prática clínica diária. Considera-se com este estudo que a giardíase é uma patologia cada vez
mais frequente entre os seres humanos e os animais, pode se apresentar de forma sintomática
ou assintomática, ressaltando ainda a importância da conscientização da população através de
medidas profiláticas incluindo controle e tratamento de animais e pessoas doentes. Hábitos de
higiene, cuidados com alimentos e água, tratamento antiparasitário periódico e
acompanhamento médico veterinário regular mostram-se eficazes no controle da enfermidade.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8
1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 9
1.1 Definição e Taxonomia ............................................................................................... 9
1.2 Ciclo de Vida............................................................................................................. 10
1.3 Epidemiologia: Distribuição e Prevalência ............................................................... 12
1.4 Patogenia ................................................................................................................... 15
1.5 Sinais Clínicos........................................................................................................... 16
1.6 Diagnóstico ............................................................................................................... 17
1.7 Tratamento ................................................................................................................ 19
1.8 Saúde Pública ............................................................................................................ 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 26
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 27
8
INTRODUÇÃO
A giardíase é uma doença causada pelo protozoário Giardia spp. que acomete
animais domésticos, silvestres e o homem. Tem uma frequência alta na rotina clínica
veterinária em todo o país e é uma zoonose de importância mundial.
Giardia spp. não apresenta especificidade quanto ao hospedeiro e pode parasitar seres
humanos assim como uma variedade de outros animais, sendo considerada uma importante
zoonose. Os cistos do protozoário são liberados pelas fezes, podendo contaminar o esgoto
doméstico demonstrando o alto risco zoonótico da doença e grande impacto na saúde pública.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura atual, sobre essa
doença emergente, entendendo seu ciclo de vida, patogenia e sinais clínicos que apresenta.
Para Lindsay; Zajac 2009 e Almeida et al. 2007, mesmo com o uso de vermífugos mais
presente, o problema é visto diariamente em consultórios, clínicas e hospitais veterinários,
podendo ser considerada a doença entérica mais importante na clínica médica de pequenos
animais, por isso a importância de um estudo atualizado sobre o tema.
9
1 REVISÃO DE LITERATURA
Reino: Protista
Phylum: Sarcomastigophora
Subphylum: Mastigophora
Classe: Zoomastigophorea
Orden: Diplomonadida
Suborden: Diplomonadina
Familia: Hexamitidae
Gênero: Giardia
Giardíase é uma doença causada pela infecção por Giardia spp. e ocorre em muitas
espécies animais, incluindo os seres humanos (LINDSAY; ZAJAC, 2009). A nomenclatura de
Giardia ainda é confusa, uma vez que cada pesquisador emprega uma denominação. O
número de espécies de Giardia também é uma grande controvérsia, os nomes usados hoje em
dia estão constantemente mudando (BOWMAN et al. 2010; THOMPSON et al., 2000).
Atualmente, a classificação mais aceita para Giardia tem como base as características
morfológicas e as espécies descritas são: G. agilis, parasito de anfíbios; G. muris, roedores; G.
ardeae, parasito de pássaros; G. intestinalis, esta última, também denominada duodenalis ou
G. lamblia parasito de mamíferos (APPELBEE, 2005; THOMPSON, 2000). Sabe-se hoje que
somente a G. duodenalis parasito o homem e as diversas espécies de mamíferos, o que indica
o grande potencial zoonótico deste protozoário. Recentemente, por biologia molecular,
10
O cisto tem formato oval ou elipsoide, no seu interior encontram-se dois até
quatro núcleos, um número variável de fibrilas e os corpos escuros com forma de meia lua,
situados no pólo oposto aos núcleos. As estruturas em forma de meia lua e escuras,
observadas em microscopia e confundidas com o corpo mediano, provavelmente são
primórdios do disco suctorial (SOGAYAR; GUIMARÃES, 2000).
11
Segundo Bowman et al. (2010) os cistos maduros com potencial para formar dois
trofozoítos são as formas encontradas normalmente nas fezes do hospedeiro infectado.
Trofozoítos são observados em fezes diarreicas, porém esta forma é incapaz de causar
infecção e pouco resistente ao meio.
Uma vez instalado no ambiente o cisto é bastante resistente e pode sobreviver por
longos períodos. A temperatura interfere no ciclo biológico do protozoário. A Giardia tem
maior incidência em estações do ano em que a temperatura é mais fria. Variações sazonais são
um dos fatores mais comuns para a prevalência de parasitos em cães (SILVA et al., 2007).
Santos et al. (2007) fizeram um experimento para avaliar a viabilidade dos cistos
de Giardia lamblia estocados em baixa temperatura. Foram usadas 38 amostras fecais e a
viabilidade inicial foi de 94%. Após 24 horas armazenados a 4ºC, a viabilidade caiu para
88%, durante dois meses com leituras diárias e armazenados em geladeira não foram
observadas mudanças significativas. A partir do 3º ao 5º mês verificaram-se quedas nas
porcentagens de cistos viáveis, 29,5%, 27,91% e 23,23% respectivamente. No último mês de
observação, 9º mês, constatou-se a perda de viabilidade em 100% dos cistos.
Bowman et al. (2010) cerca de 7% da população humana mundial abriga Giardia no intestino
delgado, mas pouco se sabe sobre a epidemiologia deste parasito, especialmente no que diz
respeito ao papel dos mamíferos como fontes de infecção para o homem. Todos os mamíferos
são susceptíveis à infecção por Giardia. Mesmo que os animais eliminem nas fezes cistos dos
protozoários, as pessoas geralmente se infectam por transmissão direta, de pessoa para pessoa.
Para estabelecer uma real prevalência de giardíase em cães no Brasil, foi realizado
um estudo de ocorrência com laboratórios de diagnóstico veterinário. Os laboratórios
forneceram dados que representam a porcentagem de amostras positivas para Giardia entre
todas aquelas que foram enviadas para exame coproparasitológico. Os resultados estão na
Tabela 2. Todos os laboratórios citados utilizaram o método de flutuação com sulfato de
zinco. Os estudos citados utilizaram apenas uma amostra de fezes para diagnóstico definitivo,
portanto podem apresentar resultados de ocorrência de Giardia subestimados (GENNARI;
SOUZA, 2002).
prevalência encontrada em cães com proprietário foi maior 9,85% do que nos cães de rua
2,89%.
1.4 Patogenia
Segundo Lindsay e Zajac, (2009) a maioria dos cães e gatos são capazes de ingerir
cistos infecciosos de Giardia, sem ter a doença. Outros desenvolvem graus variados da
doença e de sinais clínicos. O número de cistos ingeridos desempenha um papel importante na
patogênese da doença. Em seres humanos, 10 a 100 cistos são necessários para estabelecer
uma infecção, já em animais à ingestão de somente 10 cistos é capaz de causar a infecção.
Objetos inanimados, como tigelas de alimentos e gaiolas em gatis, e canis podem servir como
reservatório de cistos infectantes.
ativa na porção anterior do intestino delgado, o parasitismo ocorre neste local. A infecção
promove atrofia das vilosidades e das microvilosidades intestinais resultando em uma
síndrome de má digestão e absorção (GENNARI; SOUZA, 2002).
Sogayar (2001) explica que um dos mecanismos mais aceitos para explicar a
diarreia e má absorção são as alterações funcionais e morfológicas da mucosa, provavelmente
ocasionadas pelo processo inflamatório induzido pelo parasito, devido à reação imune do
hospedeiro. A Giardia contém várias proteases, algumas delas capazes de agir sobre as
glicoproteínas da superfície das células epiteliais e romper a integridade da membrana. A
anormalidade da mucosa se restabelece com a erradicação dos parasitos.
Animais com giardíase podem apresentar infecção simultânea por outros agentes
enteropatogênicos como: coccídeas (Toxoplasma gondii, Isospora spp. entre outros), bactérias
(Salmonella, Enterobacter, E. coli), helmintos e/ou cestódeos. Nestes casos, o quadro clínico
pode apresentar-se agravado, perdendo as características de uma infecção exclusivamente por
Giardia (TAYLOR et al., 2007).
Infecções com Giardia são comuns, mas uma parte dos animais e pessoas
permanecem assintomáticos. A intensidade dos sinais clínicos varia de acordo com a idade,
estado, nível de estresse imunológico e nutricional. Os sinais podem ocorrer em cães com
menos de um ano de idade. A infecção em jovens pode vir a causar graves quadros clínicos e
até levar a óbito, principalmente quando ocorre em filhotes (LINDSAY; ZAJAC, 2009). Pode
ocorrer também em cães mais velhos que sofrem de outras doenças ou naqueles submetidos a
medicação imunodebilitante, quimioterapia ou corticosteróides. Geralmente na análise do
sangue, observa-se um aumento no número de eosinófilos e anemia branda (ROBERTSON et
al., 2010).
1.6 Diagnóstico
diferentes de eliminação de cistos, alguns com frequências mais altas do que outros. O
número de amostras de fezes: como a eliminação dos cistos é de forma intermitente nas fezes,
muitos autores indicam realizar o exame com três amostras fecais de dias consecutivos ou
alternados. O uso de conservantes para as fezes: muitas vezes não é possível examinar as
fezes recém- eliminadas por isso algumas substâncias são usadas para preservar as estruturas
do parasito, entre elas a formalina, o álcool polivinílico e o MIO (mertiolate-iodo-formol). E
algumas substâncias que sabidamente mascaram o resultado, incluem antibióticos, antiácidos,
óleos laxativos ou preparações para enema que podem causar alterações morfológicas ou o
desaparecimento do parasito nas fezes (SOGAYAR, 2001; PARRA; GRECCO, 2008).
Segundo Taylor et al. (2007), os cistos de Giardia podem ser detectados nas fezes
por inúmeros métodos. Os mais tradicionais de identificação envolvem: exame direto de
esfregaço fecal, ou concentração fecal por acetato-formalina e sulfato de zinco, seguido de
exame microscópico. Recomenda-se analisar três amostras consecutivas, já que os cistos são
excretados de forma intermitente.
1.7 Tratamento
Existem várias drogas que já foram usadas para o tratamento da giardíase, entre
elas estão o metronidazol, a quinacrina, o albendazol, o febendazol, a furazolidona e a
nitozoxamida (CEPAV, 2009; ABBITT 1986).
Os mesmos autores ainda afirmam que tanto a imunidade celular como a humoral
são importantes na prevenção das infecções por Giardia e na eliminação do parasito. Estudos
demonstraram que tanto a produção de IgA, quanto de IgG e IgM contribuem para a
erradicação da Giardia. A IgG tem atividade giardicida e a IgA atua recobrindo os
trofozoítos, impedindo assim sua aderência à parede intestinal.
Nos estudos realizados por Olson et al. (2001) em cães para testar a eficácia da
vacina, os animais vacinados foram desafiados um ano após a vacinação. Não foi observada
diarreia nestes animais e alguns animais eliminaram poucos cistos (média de 0,8 cistos/g
fezes) por um período curto, ao redor de sete dias. Não foram encontrados trofozoítos no
intestino delgado destes cães no final do experimento. Isso demonstra a eficácia da vacina e
que, mesmo cães vacinados quando desafiados podem ter eliminação de cistos de Giardia nas
fezes. Estudos sugerem que trofozoítos que sofreram a ação de anticorpos humorais e
22
celulares dão origem a cistos não viáveis. Para Bowman et al. (2010), contudo pesquisas sobre
o efeito dessa vacina em cães previamente infectados mostraram que elas falharam em
eliminar o parasito das fezes desses animais.
Ancylostoma, Trichuris e Giardia, alguns deles agentes da larva migrans visceral, larva
migrans cutânea em humanos, e giardíase em humanos e animais (SCHANTZ, 1999;
ROBERTSON; THOMPSON 2002).
As formas infectantes dos agentes patogênicos a saúde humana são liberadas via
fezes ou urina dos hospedeiros infectados, fazendo com que o esgoto doméstico seja uma
importante fonte de contaminação ambiental e com grande impacto na saúde pública
(MACPHERSON, 2005). A maioria das infecções humanas ocorre pela ingestão de água
contaminada, a giardíase é um exemplo importante de doença de veiculação hídrica. Dados da
Organização Mundial da Saúde apontam que 88% das mortes por diarreia em todo o mundo,
são causadas por ingestão de água contaminada ou saneamento inadequado.
aproximadamente 200 milhões de pessoas tem giardíase sintomática e 500 mil novos casos
são reportados a cada ano. Os sintomas nos seres humanos são de ordem intestinal,
aparecendo entre uma e duas semanas após a infecção, podendo durar de duas a seis semanas
ou mais tempo. Neste período pode-se observar diarreia, gases, flatulência, dores abdominais
e náuseas, a aparência das fezes pode ser oleosa. Perda de peso e desidratação pode ocorrer
(KATAGRI; OLIVEIRA-SEQUEIRA, 2007).
Casos de giardíase em humanos têm sido relatados desde a década de 40, mas os
registros dos primeiros surtos foram na década de 60. Na década de 70, Giardia lamblia foi o
agente etiológico mais identificado em água para abastecimento nos EUA. A maior parte dos
casos de diarreia não bacteriana na América do Norte é causada pela Giardia, onde se estima
que 2% da população estejam infectadas pelo protozoário (US-FDA, 2006). Os principais
surtos da doença foram associados ao consumo de água proveniente de sistemas que não
utilizam a filtração ou que apresentam deficiências no processo de tratamento. No Brasil, a
prevalência de giardíase é de 4% a 30% (SOGAYAR; GUIMARÃES, 2000).
Caí, Sinos e Gravataí, respectivamente: 75, 42, 33 e 25% das amostras foram positivas para
Cryptosporidium e 92, 83, 67 e 50% para Giardia. Os valores médios observados foram: 0,8
oocistos e 1,76 cistos/L no rio Taquari; 0,47 oocistos e 0,66 cistos/L no rio Caí; 19 oocistos e
53 cistos / 100L no rio Sinos; e 0,16 oocistos e 0,92 cistos/L no rio Gravataí. O autor afirma
que estes resultados podem estar subestimados devido à baixa recuperação dos métodos
analíticos empregados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O médico veterinário atual é aquele que estuda diariamente, tem papel importante
na saúde dos animais, no tratamento das doenças e na instrução e prevenção de zoonoses. O
tratamento da giardíase em humanos e animais quando bem realizado é eficaz, mas as
reinfecções são comuns, porque a dificuldade em eliminar a fonte de infecção do meio
ambiente requer disciplina e vigilância. O cisto permanece viável por longos períodos em
temperaturas frias, e por ser eliminado de forma intermitente seu controle é ainda mais difícil.
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