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3º Encontro Científico-Acadêmico da UNIFEOB - 2017

Frequência de Giárdia spp. (Kunstler, 1882) em cães (Canis


familiaris) da Associação para animais Amigos com Patas
GIOVANNA C. CARNEIRO
1.Graduando, Medicina Veterinária, UNIFEOB, São João da Boa Vista-SP/Brasil.
FERNANDA L. S. B. VARZIM
2. Docente do curso de Medicina Veterinária, UNIFEOB, São João da Boa Vista-SP/Brasil.

INTRODUÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO


A Giardíase é um protozoário flagelado Giárdia spp., pertence a Ordem Diplomonadida, Das vinte e quatro (24) amostras analisadas pelo método de Faust e cols., 87,5% estavam
possuindo características únicas, como um metabolismo anaeróbico, capacidade limitada para positivas para cistos de Giárdia spp., 25% positivas para Ancylostoma spp., 4,16% positivas para
sintetizar e degradar carboidratos e lipídios (ADAM,1991). Cystoisospora spp. e 8,3% negativas nas amostras analisadas. Este resultado supera à frequência
encontrada por FAM e WITHOEFT (2013) e ADDEO et al., (2008) onde 72% dos cães de rua,
A Giardia spp. (também chamada Giardia duodenalis ou Giardia intestinalis) é a única espécie abrigo ou canis estavam parasitados com oocistos, os resultados estão apresentados no gráfico 1.
encontrada na maioria dos mamíferos, parasitando o intestino e acometendo principalmente
animais jovens ou imunocomprometidos, podendo evoluir para um quadro grave de diarreia Em populações de rua, abrigo ou canis, os animais tendem a apresentar uma ocorrência de até
com coloração clara e consistência aquosa e fétida, podendo ser aguda, crônica ou 72%, enquanto os cães com tutores são apenas 5% (FAM e WITHOEFT, 2013; ADDEO et al.,
autolimitante (CRIVELLENTI e CRIVELLENTI, 2015). Após a ingestão do cisto e a chegada do 2008). Resultados similares a este trabalho foram encontrados por GENNARI & SOUZA (2002) em
trofozoíto ao intestino delgado, o cisto se abre, liberando uma forma ativa da Giárdia spp. se que a frequência encontrada foi entre 70 e 80%. É importante ressaltar o fato de que as amostras
fixando à parede intestinal e reproduzindo, e ao serem liberados nas fezes contaminam o meio fecais neste trabalho foram coletadas de forma única, pois embora sugerido por Mundim et al
ambiente e água, infectando outros animais e pessoa. O período de incubação é de 9 á 15 dias (2003) a coleta de três amostras fecais em dias alternados, neste trabalho não foi realizado, pelas
após a ingestão do cisto e a fase aguda da doença apresenta um período de 3 á 4 dias, onde o amostras terem sido coletadas aleatoriamente do ambiente, além de que a maioria das amostras
animal se manifesta com náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia. A fase crônica apresentaram positividade para Giardia spp. não havendo a necessidade da coleta de outras
caracteriza por diarréia intermitente, comprometimento na digestão e absorção de alimentos, amostras e outros exames adicionais. Segundo Mundim (2003) quando as amostras são coletadas
desidratação, perda de peso e morte (MUNDIM et al., 2003). Segundo Beck et al. (2005) e e examinadas em dias alternados os falsos negativos são evitados. A frequência de Giárdia spp.
Mundim et al. (2003) nem todos os animais apresentam a forma clínica da doença, sendo encontrada é um alerta, pois existem espécies destes parasitas que podem ser encontradas em
muitos animais assintomáticos, principalmente os animais adultos. A sensibilidade maior é em humanos e cães (BUGG, 1999). Segundo Cimerman et al (1995) os cães são potenciais fontes de
animais menores de um ano de idade, animais de rua ou aqueles que habitam lugares como infecção de caráter zoonótico. ROBERTSON et al. (2000) sugerem os humanos como
canis ou lojas de animais (alta densidade populacional) deixando esses animais mais expostos reservatórios e que a transmissão entre pessoas é de maior importância epidemiológica que a
por um maior contato com água, alimentos e fezes de animais ou pessoas contaminadas por transmissão zoonótica.
Giardíase. O objetivo deste trabalho é comparar os resultados encontrados em uma
associação para animais com os resultados obtidos na literatura, comprovando-os.

Na medicina veterinária, o exame de fezes tem demonstrado ser o meio mais prático e eficiente
para o diagnóstico da giardíase, sendo o método de flutuação o mais viável pela sensibilidade
e baixo custo. Recomenda-se realizar o exame utilizando três amostras consecutivas de fezes,
colhidas em dias alternados, pois os cistos são excretados intermitentemente, evitando falsos
negativos. (MUNDIM et al., 2003).

MATERIAIS E MÉTODOS C D

Foram coletadas vinte e quatro (24) amostras foram coletadas de forma aleatória no abrigo
para animais “Associação Amigos com Patas” e armazenadas separadamente. O abrigo se
localizava em uma chácara na rodovia entre São João da Boa Vista e Vargem Grande do
Sul, no estado de São Paulo. Nesta associação residiam cerca de 60 cães adultos sem raça
definida (SRD). A Associação era mantida pela proprietária fundadora com a ajuda de
doações. Os cães eram criados de forma livre no terreno da chácara, que possuía uma
piscina com água, um pátio semi-coberto e um campo de futebol, de livre acesso aos
animais. Os cães eram alimentados com ração comercial (doação), água à vontade, sem Gráfico 1: Porcentagem de cistos e ovos de parasitas encontradas através da análise fecal das
vermifugação periódica. 24 amostras coletadas na casa de abrigo.

As vinte e quatro (24) amostras foram coletadas a partir do material fecal encontrado no
terreno da associação próximo a hora do almoço e após a alimentação dos animais. O
material coletado foi armazenado em sacos plásticos numerados. A coleta foi realizada uma CONCLUSÃO
única vez e em diferentes pontos da associação. As fezes coletadas foram transportadas
para o Laboratório do Hospital Veterinário “Vicente Borelli” da Faculdade de Medicina Conclui-se que a frequência de giardíase observada nas análises fecais, foi predominante entre
Veterinário “Octávio Bastos” localizado na cidade de São João da Boa Vista, no município de os animais que viviam na casa de abrigo, e superiores aos encontrados por alguns autores. É
São Paulo, onde as amostras foram processadas em dois (2) dias, sendo mantidas sob
importante ressaltar que a Giardíase tem alto risco zoonótico, além de grande impacto na saúde
refrigeração de 2 á 4 graus.
pública, sendo necessário a conscientização do tutor responsável, controle parasitológico
As amostras, foram processadas utilizando dois (2) exames coproparasitológicos distintos, o periódico dos animais, além do controle ambiental por meio de desinfetantes apropriados com a
de Faust e cols. e o método direto. Para o método de Faust e cols. cinco (5) gramas de cada finalidade de reduzir a carga ambiental, pois a aglomeração de animais favorece a
amostra foram utilizados e colocados em recipientes, onde adicionou-se Sulfato de Zinco contaminação por agentes infecciosos e parasitários.
33%, a amostra foi homogeneizada e logo em seguida, filtradas em peneiras de plástico.
Após esta filtragem, o material fecal retido, foi descartado e o líquido foi transferido para um
tubo de ensaio cônico e centrifugado à 2000 rpm por 10 minutos. Posteriormente, foi coletada
uma pequena quantidade do sobrenadante da amostra centrifugada utilizando uma pipeta de REFERÊNCIAS
Pasteur descartável de três (3) ml, onde a mesma foi colocada em lâmina de vidro com ADAM, R.D. The biology of Giardia spp. Microbiol. Rev., v.55, p.706–732, 1991.
lamínula e a amostra foi analisada em microscopia (Nikon eclipse E400) no aumento de 10x ADDEO, P.M.D. et al. Giardíase, uma importante zoonose em ascensão. Disponível em: < http://
e 40x. Para o método direto foi utilizada uma pequena porção da amostra de fezes, onde a www.crmv-pr.org.br > Acesso em 25 de maio 2016.
mesma foi colocada em lâmina e lamínula e diretamente examinada em microscopia (Nikon CRIVELLENTI, L.Z.; CRIVELLENTI, S.B. CASOS DE ROTINA em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. 2.
eclipse E400) em aumentos de 10x e 40x. ed. São Paulo: Medvet, 2015.
FAM, D. A.L.; WITHOEFT. Giardia em cães. Cães e gatos Revista Vet. food. Clínica Médica. Jun 4, 2013.
GENNARI, S.M.; SOUZA, S. Giardíase. São Paulo: Fort Dodge Saúde Animal LTDA, 2002. 13p. (Boletim
Técnico).
MUNDIM, M.J.S. et al. Frequência de Giardia spp. Por duas técnicas de diagnóstico em fezes de cães. Arq.
Bras. Med. Vet. Zootec., v.55, n.6, p.770-773, 2003.

3º Encontro Científico-Acadêmico da UNIFEOB - 2017

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