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Scott et al.

Parasites & Vectors (2017) 10:390


DOI 10.1186/s13071-017-2324-0
Parasites & Vectors

PESQUISA acesso público

Eficácia de sarolaner (Simparic™) contra infestações


induzidas de Amblyomma cajennense em cães
Fabio Scott1, Lilian Franz2*, Diefrey Ribeiro Campos1, Thaís Ribeiro Correia Azevedo1, Daise Cunha2, Robert H. Six3, Steven Maeder3 e Travis Cree3

Resumo
Introdução: Amblyomma cajennense é o principal vetor de Rickettsia rickettsii, que causa a febre maculosa brasileira. Este
carrapato adulto infesta com predileção cavalos e capivaras, porém apresenta pouca especificidade para hospedeiros durante
seus estágios imaturos, desta maneira impondo uma ameaça aos seres humanos e cães. Neste estudo, a eficácia de sarolaner
(Simparic™/Simparica®, Zoetis) administrado oralmente aos cães uma única vez a uma dose de 2 mg/kg foi avaliada em
relação a infestações induzidas de ninfas de A. cajennense por até 35 dias após o tratamento.
Métodos: Com base nas contagens de carrapatos pré-tratamento, 20 cães foram aleatoriamente designados ao grupo de
tratamento com sarolaner (Simparic™) a uma dose de 2 mg/kg de peso corporal ou ao grupo placebo no Dia 0 do estudo.
Foram realizadas infestações artificiais utilizando ninfas de A. cajennense cultivadas em laboratório nos dias -2, 5, 12, 19, 26 e
33 do estudo. A eficácia foi determinada em 48 horas após o tratamento ou após a infestação em cada ponto de tempo em
comparação às contagens dos cães que receberam placebo.
Resultados: Não foram observadas reações adversas ao tratamento. Uma única dose de sarolaner (Simparic™) proporcionou
100% de eficácia nos dias 2, 7 e 14 do estudo; e ≥ 99,6% nos dias 21, 28 e 35. As médias geométricas das contagens de carrapatos
vivos no grupo de sarolaner foram significativamente menores do que as do grupo placebo em todos os dias (P < 0.0001).
Conclusões: Sob as condições do presente estudo, sarolaner (Simparic™) administrado a uma dose única de 2 mg/kg
proporcionou 100% de eficácia contra infestações existentes e ≥ 99,6% de eficácia em 48 horas contra desafios semanais de A.
cajennense por pelo menos 35 dias após o tratamento.
Descritores: Amblyomma cajennense, Febre maculosa brasileira, Cão, Eficácia, Isoxazolina, Oral, Rickettsia rickettsii, Sarolaner,
Simparic™, Simparica®, Carrapato.

Introdução A sorologia de cães saudáveis no Brasil indica infecções


Amblyomma cajennense ou carrapato estrela é uma espécie prévias por R. rickettsii [3, 8] e tem ajudado a identificar
de carrapato ixodídeo de três hospedeiros e de pouca várias áreas endêmicas no país. A prevalência estimada de
especificidade de hospedeiro durante seus estágios imaturos. anticorpos contra R. rickettsii em cães variou de 4,1 a 64%
Esta espécie é o principal vetor de Rickettsia rickettsii, que [9] tendo demonstrado aumentar com a idade [10]. A baixa
causa a febre maculosa brasileira, também conhecida como especificidade do teste sorológico impede uma estimativa
febre maculosa das montanhas rochosas (FMMR) [1]. Outras epidemiológica mais precisa. Algumas das áreas endêmicas
espécies de carrapatos, como o Rhipicephalus sanguineus no Brasil, de onde R. rickettsii foi isolada do carrapato A.
(sensu lato) [2] e Amblyomma aureolatum [3], já foram cajennense, incluem os estados de Minas Gerais [1], São
identificados como estando possivelmente envolvidos no Paulo [11], Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul [12] e Espírito
ciclo de transmissão, porém em menor grau. O agente da Santo [7]. Cães infectados com R. rickettsii podem apresentar
FMMR, a R. rickettsii, é altamente virulenta tanto para os seres sinais clínicos não específicos, incluindo febre, depressão,
humanos quanto para os cães [4]. Vários casos de infecções anorexia, lesões oculares, petéquias hemorrágicas, anemia
humanas foram precedidos por FMMR em cães nos Estados e trombocitopenia [13]. Todos estes sinais também estão
Unidos [4–6], enquanto quatro óbitos de humanos foram presentes na erliquiose monocítica canina (EMC) causada
relatados no estado do Espírito Santo, em 1991 [7]. por outro agente (Ehrlichia canis). Portanto, vários casos
clínicos de febre maculosa brasileira podem estar sendo
* Autora correspondente: lilian.franz@zoetis.com diagnosticados incorretamente como EMC [4].
2
Zoetis, Veterinary Medicine Research and Development, Rua Luiz Fernando Rodriguez,
Campinas, SP 1701, Brasil
A relação completa de informações dos autores está disponível no final deste artigo

© Os Autores. 2017 Acesso Público Este artigo é distribuído de acordo com os termos da Licença Internacional Creative Commons Attribution 4.0 (http://creativecommons.org/
licenses/by/4.0/), que permite seu uso, a distribuição e reprodução irrestritos em qualquer meio, desde que o devido crédito seja dado ao(s) autor(es) original(is) e à fonte, seja
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(http://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/) se aplica aos dados disponibilizados neste artigo, a menos que declarado em contrário.
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O estágio adulto do A. cajennense preferencialmente se Métodos


alimenta do sangue de cavalos e capivaras (Hydrochoerus Este foi um estudo laboratorial mascarado, de controle
hydrochaeris) [14]. Com a aceleração da urbanização, estes negativo, randomizado e de comparação de eficácia
animais silvestres são encontrados em vários ambientes não conduzido no Laboratório de Quimioterapia Experimental
rurais, adaptando-se facilmente e impactando a biologia e em Parasitologia Veterinária (LQEPV) da Universidade Federal
a ecologia dos vetores artrópodes, aumentado o risco de Rural do Rio de Janeiro, no Brasil. Os procedimentos do
exposição de cães a patógenos transmitidos por vetores [15]. estudo estavam de acordo com as diretrizes da Associação
Mundial para o Avanço da Parasitologia Veterinária
O ciclo de vida do A. cajennense tem duração de um ano, (WAAVP, na sigla em inglês) para a avaliação da eficácia de
com picos populacionais em estações distintas no Brasil, antiparasitários para o tratamento, prevenção e controle de
sendo que as larvas são mais comumente encontradas infestações de pulgas e carrapatos em cães e gatos [24], e
de março a julho. O estágio de ninfa é encontrado obedeceram aos princípios das Boas Práticas Clínicas [25]. O
frequentemente durante os meses de julho a outubro, mascaramento do estudo se deu através da segregação de
enquanto que as formas adultas são mais comuns durante funções. Todas as pessoas que conduziam as observações
os meses mais quentes, entre setembro e março [16]. As ou que cuidavam dos animais ou realizavam as infestações
larvas de A. cajennense podem ficar sem se alimentar por 6 e contagens eram mascaradas quanto à designação do
meses no ambiente e, quando aderidas a um hospedeiro, tratamento.
elas se alimentam por aproximadamente 5 dias e deixam
o hospedeiro em busca de abrigo no solo para então se Animais
transformarem em ninfas. Isto pode levar 25 dias, mas Vinte cães da raça beagle (10 machos e 10 fêmeas) de 10
pode durar até 1 ano. Depois de encontrar seu segundo meses a 7 anos de vida e pesando entre 8 e 15 kg foram
hospedeiro, este estágio se alimenta por 5 a 7 dias, e então incluídos no estudo. Cada cão foi identificado com um
deixa o hospedeiro para passar por sua segunda muda. A “transponder” eletrônico e submetido a um período de
forma adulta fica no hospedeiro por aproximadamente 10 retirada de no mínimo 60 dias para garantir que não restasse
dias, e então a fêmea ingurgitada se solta para botar de 5 a 8 nenhuma eficácia ectoparasiticida residual de qualquer
mil ovos e iniciar uma nova geração [17]. A transmissão de R. tratamento anterior. Os cães foram alojados em canis
rickettsii pode ser transovariana e transestadial. Isto permite externos individuais com paredes e chão de cimento em
que o carrapato permaneça infectado pela bactéria durante cumprimento às diretrizes aceitas de bem-estar animal,
toda a sua vida e a transmita para as próximas gerações [1]. garantindo a impossibilidade de contato direto entre os cães.
Os cães foram aclimatados a estas condições por pelo menos
O controle efetivo de A. cajennense em cães é vital devido 14 dias antes do tratamento. Os cães eram alimentados com
a vários aspectos de seu ciclo biológico e seu papel em ração de manutenção apropriada seca de marca comercial
doenças potencialmente fatais, como a febre maculosa durante todo o período do estudo. Água estava disponível
brasileira. A maioria dos produtos de controle de carrapatos ad libitum. Todos os cães passaram por exames físicos para
em cães está disponível na apresentação tópica, na forma de garantir que estivessem gozando de boa saúde no momento
coleira, xampu, banho de imersão ou aplicações tipo “spot- da admissão e que eram adequados para inclusão no estudo.
on”. Recentemente, algumas alternativas orais também foram Observações de saúde em geral eram realizadas pelo menos
introduzidas, potencialmente trazendo mais conveniência uma vez ao dia durante todo o período do estudo.
para o proprietário do cão, levando a uma maior adesão ao
tratamento. Desenho
O estudo seguiu um desenho completo em blocos
Sarolaner é um acaricida e inseticida que pertence ao randomizados. Vinte cães foram classificados de acordo
novo grupo das isoxazolinas, disponível na forma de com suas contagens de carrapatos pré-tratamento no Dia
comprimido mastigável (Simparic™, São Paulo, Brasil). Ele -2 em blocos de 2, e, dentro de cada bloco, os cães foram
inibe a função dos receptores do neurotransmissor ácido aleatoriamente alocados ao tratamento com placebo
gama-aminobutírico (GABA) e dos receptores de glutamato, ou sarolaner, resultando em 10 cães em cada grupo de
agindo na junção neuromuscular em carrapatos e pulgas, e, tratamento. Os cães foram infestados com carrapatos 2 dias
desta forma, proporcionando excelente controle de pulgas antes do tratamento, e semanalmente subsequentemente,
e carrapatos por pelo menos 1 mês após uma dose única nos dias 5, 12, 19, 26 e 33. As contagens de carrapatos
oral [18]. Simparic™ provou ser eficaz contra uma ampla eram conduzidas 48 h após o tratamento ou reinfestação
variedade de carrapatos encontrados ao redor do mundo contando-se os carrapatos vivos presentes nos Dias 2, 7, 14,
[18–23]. Nenhum estudo havia sido conduzido anteriormente 21, 28 e 35.
para avaliar a eficácia de sarolaner contra infestações de
A. cajannense em cães. O objetivo deste estudo foi avaliar Tratamento
a eficácia de sarolaner contra infestações existentes de A. Os animais foram pesados no Dia -2 a fim de determinar a
cajannense e re-infestações semanais por um período de 5 dose adequada a ser administrada. No Dia 0, os cães alocados
semanas após o tratamento com uma dose única. ao grupo T01 receberam placebo, enquanto que os cães
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do grupo de tratamento T02 receberam sarolaner. Cada Análise estatística


dose foi calculada de forma a fornecer a dose recomendada Cada cão individualmente representava uma unidade
de 2 mg/kg (variação: 2 a 4 mg/kg). As apresentações dos experimental e o desfecho primário era a contagem de
comprimidos de placebo e sarolaner eram semelhantes para carrapatos vivos. Os dados das contagens de carrapatos vivos
fins de manutenção do mascaramento. pós-tratamento (soltos e aderidos) foram sintetizados com
médias aritméticas (MA) e geométricas (MG) por grupo de
Todas as doses foram administradas manualmente para tratamento e ponto de tempo. As contagens de carrapatos
garantir a ingestão da dosagem correta e completa. Cada cão foram transformadas por transformação logarítmica
foi observado por vários minutos após a administração da dose (contagem + 1) antes da análise com o objetivo de estabilizar
para comprovação da ingestão do comprimido e de sua saúde a variância e normalizar os dados. Através do procedimento
geral em 1, 3, 6 e 24 h após a administração do tratamento. PROC MIXED (SAS 9.3, Cary NC), as contagens transformadas
eram analisadas utilizando-se um modelo linear misto. Os
Infestação de carrapatos e avaliação efeitos fixos eram: tratamento, ponto de tempo e interação
Fêmeas adultas ingurgitadas de A. cajennense foram colhidas entre o ponto de tempo e o tratamento por ponto de
de cavalos de pasto no Rio de Janeiro e foram cultivadas em tempo. Os efeitos aleatórios incluíam o bloco, interação
laboratório até que atingissem o número adequado de ninfas bloco X tratamento e erro. O teste era bilateral, com nível de
para infestação artificial ao longo do período do estudo. significância α = 0,05.

As infestações foram realizadas utilizando a forma de ninfa, A avaliação da eficácia em carrapatos vivos foi baseada no
devido à sua baixa especificidade em relação ao hospedeiro. percentual de redução nas médias aritméticas e geométricas
Cada cão foi infestado com aproximadamente 200 ninfas de A. das contagens de carrapatos vivos em relação ao placebo, de
cajennense. Os cães eram imobilizados por aproximadamente acordo com as recomendações das diretrizes mais recentes
5 minutos enquanto os conteúdos dos frascos contendo da WAAVP para acaricidas sistêmicos [24], e foi calculada
as ninfas vivas não alimentadas eram depositadas em seu utilizando a fórmula de Abbott:
dorso. Para adequação do hospedeiro e alocação dos cães
no grupo de estudo, este procedimento foi realizado no % redução = 100 x contagem média (placebo)
Dia -7 e a contagem dos carrapatos foi feita no Dia -5. Para - contagem média (tratados) / contagem
avaliar a eficácia contra infestações existentes, os cães média (placebo)
foram provocados no Dia -2 (2 dias antes do tratamento). As
infestações semanais subsequentes ocorreram nos Dias 5, Resultados e discussão
12, 19, 26 e 33 do estudo. As contagens de carrapatos foram Não ocorreram eventos adversos relacionados ao tratamento
conduzidas 48 h após o tratamento e 48 horas após cada durante o estudo. Os cães tratados com placebo mantiveram
infestação (ou seja, nos dias 7, 14, 21, 28 e 35 do estudo). infestações adequadas de carrapatos durante todo o estudo,
com contagens de carrapatos que variaram de 24 a 83 (Tabela 1).
Para remoção e contagem dos carrapatos, os cães eram
sistematicamente inspecionados de forma que toda a Para o grupo tratado com sarolaner, não foi encontrado
superfície do corpo fosse examinada manualmente e com nenhum carrapato vivo em nenhum dos cães nos Dias 2, 7
o auxílio de uma escova de cerdas finas. Cada carrapato era e 14. No Dia 21, um carrapato foi encontrado em um cão;
manualmente removido e contado. Se nenhum carrapato fosse no Dia 28, dois dos 10 cães apresentaram um carrapato vivo
encontrado, a busca sistemática continuava por mais 5 minutos. cada, e, no Dia 35, três dos 10 cães tinham um carrapato cada.
Tabela 1: Média geométrica (aritmética) das contagens de A. cajennense vivos e variações em cães tratados com placebo e sarolaner e percentual de eficácia em relação ao placebo
para cães tratados com uma dose única oral de comprimido mastigável de sarolaner a uma dosagem de 2 mg/kg no dia 0 para avaliações realizadas 48 h após o tratamento e após
reinfestações pós-tratamento.

% EFICÁCIA
Média Variação
Dia Cães com Cães com
Placebo Sarolaner Média Variação
carrapato carrapato
48 h após o tratamento 2 47 (49,2) 27 - 73 0/10 0a (0) 0-0 0/10 100
48 h após infestação 7 50,5 (51,8) 32 - 68 0/10 0a (0) 0-0 0/10 100

14 48,2 (50,6) 28 - 73 0/10 0a (0) 0-0 0/10 100

21 54 (56,2) 34 - 83 0/10 0,1a (0,1) 0-1 1/10 9,99

28 53,2 (56,4) 27 - 80 0/10 0,1a (0,2) 0-1 2/10 7,99

35 51,5 (54,8) 24 - 78 0/10 0,2a (0,3) 0-1 3/10 6,99


a
Média geométrica da contagem de carrapatos vivos significativamente menor do que com placebo (P < 0,0001)
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Portanto, o percentual de redução da média aritmética das conceito de que a eliminação de A. cajennense em 48 h deve
contagens de carrapatos vivos em comparação ao placebo reduzir o risco de transmissão de R. rickettsii em cães.
foi de 100% nos Dias 2, 7 e 14; 99,9% no Dia 21; 99,7% no Dia
28; e 99,6% no Dia 35. As médias geométricas das contagens Conclusões
de cães no grupo do sarolaner foram significativamente mais Este estudo confirma a eficácia acaricida de sarolaner
baixas (t(14,9) = 38,71, P < 0,0001) do que no grupo do placebo (Simparic™) contra infestações existentes de A. cajennense
em todos os pontos de tempo (Tabela 1). após uma dose única oral de 2 mg/kg e a manutenção do
controle por até 35 dias após o tratamento. A conveniente
Até onde sabemos, este foi o primeiro estudo apresentado apresentação oral mastigável oferece uma valiosa
a avaliar a eficácia de um produto acaricida oral contra ferramenta para o tratamento de infestações de carrapatos
A. cajennense em cães. A eficácia observada contra A. e potencialmente para a prevenção de doenças transmitidas
cajennense neste estudo - 100% em 48 h após o tratamento por carrapatos em cães.
de uma infestação existente, e ≥ 99,6% em 48 h após a
reinfestação semanal, durante 35 dias – é comparável às Abreviações
eficácias relatadas para sarolaner contra outras espécies MA: Média aritmética; EMC: Erliquose monocítica canina;
de carrapatos comumente encontradas em cães. Six et al. GABA: Ácido gama-aminobutírico; MG: Média geométrica;
[21] demonstraram que sarolaner apresentou ≥ 99,6% de RMSF: Febre maculosa das montanhas rochosas
eficácia em 48 horas de tratamento e ≥ 99,6% de eficácia em
48 horas após reinfestações semanais durante um período Agradecimentos
de 35 dias contra Amblyomma americanum, Amblyomma Os autores gostariam de agradecer a Fundação de Apoio a
maculatum, Dermacentor variabilis, Ixodes scapularis e Pesquisa Científica e Tecnológica da Universidade Federal Rural
Rhipicephalus sanguineus. Da mesma forma, Geurden et al. do Rio de Janeiro (UFRRJ), o CNPq e a CAPES pelo fornecimento
[23] demonstraram que sarolaner apresentou ≥ 99,7% de de recursos em apoio ao Departamento de Parasitologia Animal
eficácia em 48 h de tratamento e ≥ 97,5% de eficácia em 48 h do Instituto de Veterinária (DPA-IV) da UFRRJ.
após reinfestações semanais por 35 dias contra Dermacentor
reticulaus, Ixodes hexagonus, I. ricinus e R. sanguineus. Financiamento
Este estudo foi financiado pela Zoetis, VMRD- Brasil.
O presente estudo avaliou a eficácia contra ninfas de
carrapatos, já que este é o estágio de A. cajennense que Disponibilidade de dados e materiais
infesta mais comumente os cães. Os estudos relatados por O conjunto de dados que respalda as conclusões deste artigo
Six et al. [18–22] e Geurden et al. [22, 23] avaliaram a eficácia está incluído no mesmo.
contra carrapatos adultos. É interessante observar que a
eficácia demonstrada por sarolaner contra carrapatos adultos Contribuições dos Autores
foi semelhante à observada contra A. cajennense na forma de LF, DC, RHS e SM desenvolveram o protocolo do estudo,
ninfa, pelo fato de os estágios imaturos serem geralmente realizaram a interpretação dos dados e redigiram este
considerados como mais suscetíveis do que os adultos [26]. trabalho. TC foi o biométrico responsável pelo desenho
do estudo e pela análise estatística. FS foi o investigador
É necessário um período de adesão e alimentação inicial do estudo. DRC e TRCA participaram da equipe de
de pelo menos 24 a 48 horas antes que possa ocorrer a investigadores e foram os veterinários responsáveis pela
transmissão de vários patógenos transmitidos por carrapatos condução do estudo. Todos os autores leram e aprovaram o
[27, 28], e, se os carrapatos forem eliminados dentro deste manuscrito final.
prazo, pode-se prevenir a transmissão [29]. Os prazos
de transmissão de patógenos relatados em estudos que Aprovação do Comitê de Ética
avaliaram especificamente a transmissão de R. rickettsii O protocolo foi avaliado e aprovado pelo Comitê Institucional
por vetores carrapatos a hospedeiros mamíferos variam de Cuidados e Uso de Animais da Universidade Federal Rural
consideravelmente [30]. A variação nos prazos de transmissão do Rio de Janeiro anteriormente à sua implementação.
relatados nestes estudos deve-se mais provavelmente à
variabilidade nas condições do estudo específico, como Autorização para Publicação
número de carrapatos infectados aplicados, taxa de infecção Não se aplica.
nos carrapatos aplicados, e status prévio de alimentação dos
carrapatos. Contudo, Hayes et al. [31] demonstraram que Conflito de Interesse
D. andersonii infectados com R. rickettsii necessitaram de Este estudo foi financiado pela Zoetis, VMRD -Brasil. LF,
aquecimento a temperaturas elevadas (37 °C) por 24 a 48 h, RHS e TC são atualmente funcionários da Zoetis. DC é um
ou mais de 10 h de alimentação com sangue para que a R. colaborador contratado pela Zoetis. FS foi contratado pela
rickettsii se tornasse virulenta. Embora estudos com modelos Zoetis como investigador deste estudo. DRC e TRCA fazem
específicos de transmissão de patógenos sejam necessários parte da equipe de investigadores e foram os veterinários
para confirmação, os dados existentes parecem respaldar o responsáveis pela condução do estudo.
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Nota do Editor 17. Leite RCO, Lopes PR, Freitas CMV. Alguns aspectos epidemiológicos das infestações
por Amblyomma cajennense: uma proposta de controle estratégico. vol. 2. São Paulo:
A Springer Nature assume a posição de neutralidade em Colina. 1997: 9–14.
relação a processos jurídicos referentes a mapas e afiliações
18. McTier TL, Six RH, Fourie JJ, Pullins A, Hedges L, Mahabir SP, Myers MR.
institucionais. Determination of the effective dose of a novel oral formulation of sarolaner (Simparica)
for the treatment and month-long control of fleas and ticks on dogs. Vet Parasitol.
Detalhes sobre os autores 2016;222:12–7.
1
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias do 19. Six RH, Young DR, Myers MR, Mahabir SP. Comparative speed of kill of sarolaner
Instituto de Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio (Simparica Chewables) and fluralaner (Bravecto®) against induced infestations of
Amblyomma americanum on dogs. Parasit Vectors. 2016;9(1):399.
de Janeiro, DPA-IV-UFRRJ Br 467, Km 7, Seropédica, Rio de
Janeiro, Brasil. 20. Six RH, Geurden T, Carter L, Everett WR, McLoughlin A, Mahabir SP, et al. Evaluation
of the speed of kill of sarolaner (Simparica) against induced infestations of three species
2
Zoetis, Veterinary Medicine Research & Development, Rua of ticks (Amblyomma maculatum, Ixodes scapularis, Ixodes ricinus) on dogs. Vet Parasitol.
Luiz Fernando Rodriguez, Campinas, SP 1701, Brasil. 2016;222:37–42.
3
Zoetis, Veterinary Medicine Research and Development, 333 21. Six RH, Everett WR, Young DR, Carter L, Mahabir SP, Honsberger NA, et al. Efficacy
Portage St, Kalamazoo, MI 49007, USA. of a novel oral formulation of sarolaner (Simparica) against five common tick species
infesting dogs in the United States. Vet Parasitol. 2016;222:28–32.

Recebido em: 24 de março de 2017 22. Becskei C, Geurden T, Liebenberg J, Cuppens O, Mahabir SP, Six RH. Comparative
Aceito para publicação em: 4 de agosto de 2017 speed of kill of oral treatments with Simparica (sarolaner) and Bravecto® (fluralaner)
against induced infestations of Rhipicephalus sanguineus on dogs. Parasit Vectors.
Publicado on-line em: 17 de agosto de 2017 2016;9:103.

23. Geurden T, Becskei C, Grace S, Strube C, Doherty P, Liebenberg J, et al. Efficacy of


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