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RELATÓRIO EXPERIMENTAL: Lançamento Horizontal

Física Teórica e Experimental II- Prof. Lucas Aguiar

Autores: Giovanni Souza Malinoski, Leandro Caetano, Paulo Rogério Scholl, Rodrigo Bastos,
Thiago Kruk.

1. Resumo

O lançamento horizontal diz respeito ao movimento desempenhado por um objeto quando


este é arremessado horizontalmente e realiza um movimento curvilíneo. Este movimento é
resultado da união de outros dois tipos de movimentos, a queda livre vertical (movimento retilíneo
uniforme variado) e o movimento horizontal (movimento retilíneo). Neste experimento
procuramos replicar os efeitos destes movimentos para calcular o tempo e velocidade de queda
de uma esfera de aço. Foram utilizados um lançador universal com suporte de altura regulável,
folha sulfite, papel carbono e uma esfera de aço. Além disso, os lançamentos foram gravados
com o auxílio de um smartphone a 60fps. Em cada lançamento, a esfera era posicionada no topo
do lançador para que percorresse seu caminho até ser arremessada para fora da canaleta, de
uma altura conhecida, simulando um lançamento horizontal. A partir deste ponto a esfera
percorria um movimento curvilíneo até tocar o solo. Para marcar a posição da esfera na
superfície, foi utilizado papel carbono sobre folha sulfite. Foram feitos cinco lançamentos, onde
foi retirada a média do alcance da esfera. Em seguida, utilizamos o software Tracker para inserir
os dados de vídeos e mapear a movimentação da queda e assim comparar os dados obtidos
manualmente com aqueles gerados com o auxílio de vídeos e gráficos do Excel. Como
consequência, os resultados obtidos por meio das fórmulas se mostraram semelhantes àqueles
dos dados inseridos digitalmente no software de análise, o que validaria assim o conceito de
lançamento horizontal por meio das fórmulas.

2. Introdução:

O lançamento horizontal ocorre quando um objeto é arremessado, a uma determinada altura,


de ângulo nulo, com velocidade inicial (V0) constante. Um exemplo deste movimento é uma bola
que ao rolar por uma mesa, até sua borda, cai em trajetória curvilínea até o chão.

O lançamento horizontal é resultado do conjunto de outros dois movimentos independentes


que ocorrem de forma simultânea, o movimento de queda livre, devido a ação da gravidade, e o
movimento horizontal. Sendo assim, podemos considerar que como a velocidade horizontal (Vx)
será constante durante todo o movimento (eixo “x”), o objeto executará um movimento retilíneo
uniforme (MRU) (Eq.1). Por outro lado, no movimento de queda livre (eixo “y”), temos a atuação
da aceleração da gravidade, que aumenta constantemente a velocidade do objeto, realizando
um movimento retilíneo uniforme variado (MRUV) (Eq.2).
𝒈𝒕𝟐
𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝒕 (𝐸𝑞. 1) 𝒚 = 𝒚 𝟎 + 𝒗𝟎 − (𝐸𝑞. 2)
𝟐

Dito isso, podemos simplificar as fórmulas acima considerando alguns aspectos específicos
deste movimento. Em relação ao movimento vertical, sabendo que a velocidade horizontal é nula
e que a aceleração envolvida é a da gravidade, bem como a diferença de posição (y-y0)
corresponde à altura (H), podemos transcrever como:

𝒈𝒕𝟐 𝑔𝑡 2𝐻
𝒚 − 𝒚𝟎 = 𝟎 − > 𝑯= 𝑜𝑢 (𝑒𝑚 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜) 𝒕 =
𝟐 2 𝑔

Em relação ao movimento horizontal, podemos considerar a variação de posição (x-x0) como


o alcance horizontal (A). Desta forma temos as seguintes fórmulas:

𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝒕 > 𝒙 − 𝒙𝟎 = 𝒗𝒕 > A = 𝒗𝒕 𝑜𝑢 (𝑒𝑚 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) 𝐯 = A / t


Podemos considerar o lançamento horizontal como parte do que seria o lançamento obliquo.
Neste movimento, a mesma teoria é utilizada, porém o lançamento não parte de um ângulo nulo,
como o lançamento horizontal, mas sim de uma diagonal, entre 0º-90º. As mesmas forças estão
envolvidas realizando uma trajetória parabólica.

3. Materiais e Métodos:

O experimento foi realizado dentro de um ambiente controlado, onde um lançador horizontal


(Figura 02), foi montado junto a um tripé universal (Figura 01) sobre uma bancada. Logo abaixo
do lançador, de acordo com seu o prumo, foi posicionada uma folha de papel formato A4 (Figura
03), presa a mesa por fita adesiva (Figura 09), e sobre esta uma folha de papel carbono, também
formato A4 (Figura 04). Utilizando uma régua simples (Figura 06), foram retiradas as medidas
referentes as distâncias do prumo até a folha e a altura do final da calha do lançador horizontal
(o início do lançamento) até a bancada. Por fim, a última medida foi da esfera de aço (Figura 05),
utilizando um paquímetro universal (Figura 07).

Após a montagem do lançador, foram realizados 5 lançamentos da esfera de aço. A esfera


foi solta na parte superior do lançador horizontal, correndo pela canaleta até ser projetada
horizontalmente e seguir por um movimento curvilíneo até tocar a folha. Cada lançamento contou
com o registro da distância obtida, por meio da marca deixada pelo papel carbono na folha sulfite.

A experiencia foi registrada por meio de vídeo, gravado por celular (Figura 11) a 60fps. O
vídeo foi enviado ao software Tracker 6.1, para que o movimento de queda fosse registrado. Os
dados adquiridos foram então enviados ao Excel (Figura 10) para serem analisados.

A sequência de montagem pode ser conferida nas Figuras 12,13,14.

Figura 01 – Tripé universal sob Figura 02 – Lançador Horizontal Figura 03 – Folha de papel
bancada formato A4

Figura 04 – Folha de papel Figura 05 - Esfera aço


carbono no formato A4
Figura 06 – Régua
Figura 09 – Fita Adesiva
Figura 07 – Paquímetro
universal Figura 08 – Sorfware Tracker 6.1.x

Figura 10 – Software Excel Figura 11 – Smartfone com câmera


que grava a 60fps

3.1 Método utilizado no experimento

Figura 12 – Montagem do suporte e Figura 13 – Demonstração do Figura 14 – Demonstração do


lançador horizontal suporte, lançador horizontal, folha início do experimento
de papel e folha de carbono

Por meio do software Excel, registramos os dados obtidos no experimento como altura
inicial, raio da esfera, alcance horizontal e a média das 5 tentaivas realizadas. Ao dados podem
ser conferidos na Tabela 1

Alcance horizontal
Altura (m) Raio (m)
(m)
0,0127 0,184
0,0127 0,191
0,175 0,0127 0,195
- 0,191
- 0,191
Média 0,0127 0,1904
Desvio padrão 0 0,0040
Tabela 1 – Dados experimentais
Utilizando o software Tracker, uma ferramenta gratuita de modelagem e análise de vídeo
que foi projetado para ser usado em cursos introdutórios de física, importamos o vídeo do
experimento e extraímos os dados da posição x, da posição y e da posição t para cada intervalo
de tempo como é demostrada na tabela 2 a seguir.

t (m) x (m) y (m)


0,01666667 0,00095857 - 0,00023964
0,03333333 0,02300571 - 0,00359464
0,05000000 0,03930141 - 0,01030464
0,06666667 0,05415926 - 0,01845249
0,08333333 0,06757926 - 0,02707963
0,10166670 0,08051997 - 0,03714463
0,11833330 0,09777425 - 0,05248177
0,13500000 0,11550780 - 0,07357033
0,15166670 0,13467920 - 0,09609675
0,16833330 0,14953710 - 0,12101960
0,18500000 0,16774990 - 0,14594240
0,20166670 0,17637710 - 0,16463460

Tabela 2 – Dados de posição x tempo Figura 15 – Imagem extraída do


extraídos do software Tracker software Tracker que demostra os
pontos da trajetória do experimento

A Figura 15 demostra os pontos que foram utilizados na modelagem e análise de vídeo, e


como resultado do experimento foram geradas as informações da Tabela 2.

4. Discussão e Resultados:

Resultados obtidos na primeira parte do experimento calculados a partir das informações


registradas na tabela 1 - Dados experimentais:

Movimento Vertical Movimento Horizontal

Utilizando Eq. 2 Utilizando a Eq. 1


𝑔𝑡 2𝑦
𝒚= 𝑜𝑢 𝒕 = 𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝒕 𝒐𝒖 𝐯 = Δx / t
2 𝑔

Y= 0,175 + 0,0127 = 0,1877 m v= 0,194 / 0,195

g= 9,81 m/s2
v= 0,995 m/s
2𝑦 2 ∗ 0,1877
𝒕= 𝒕=
𝑔 9,81

t= 0,195 s

Resultados alcançados na segunda parte do experimento utilizando as informações da


Tabela 2 - Dados de posição x tempo extraídos do software Tracker
X (m)
0,20000000
0,18000000 x = 0,9465t - 0,0112
0,16000000
0,14000000
0,12000000
0,10000000
0,08000000
0,06000000
0,04000000
0,02000000
-
- 0,05000000 0,10000000 0,15000000 0,20000000 0,25000000

Figura 16- Gráfico da posição X em metros em função do tempo em segundos

Utilizando a Eq. 1 onde x= x0 + vt observamos os valores obtidos graficamente x = - 0,0112


+ 0,9465t

a) derivada primeira gera a velocidade  v= 0,9465 m/s


b) Derivando a segunda geraria a aceleração, porém deste movimento a aceleração é zero

Y (m)
-
-0,02000000 - 0,05000000 0,10000000 0,15000000 0,20000000 0,25000000

-0,04000000
-0,06000000
-0,08000000
-0,10000000
-0,12000000
-0,14000000
-0,16000000 y = -4,4155t2 + 0,0507t - 0,0004
-0,18000000

Figura 17- Gráfico da posição Y em metros em função do tempo em segundos


𝒈𝒕𝟐
Utilizando a Eq. 2 onde 𝒚 = 𝒚𝟎 + 𝒗𝟎 − observamos os valores obtidos graficamente - 4,4155t2
𝟐
+ 0,0507t – 0,0004

a) Cálculo da aceleração
 derivada primeira gera a velocidade - 4,4155t + 0,0507
 derivando a segunda gera a aceleração a= 4,3648 m/s2

b) Aceleração da gravidade pelo gráfico é obtida pela multiplicação de - 4,4155 x 2 e se


obtém 8,831 m/ s2
4.1 Comparação de resultados
Movimento Vertical Movimento Horizontal
Calculado pela Cálculo a partir do Calculado pela Cálculo a partir do
fórmula software fórmula software
g= 9,81 m/s2 g= 8,831 m/s2
v= 0,995 m/s v= 0,9465 m/s
t= 0,195 s t= 0,2017s

4.2 Discussão dos resultados obtidos

Resultados obtidos com a utilização das Resultados obtidos com a utilização das
fórmulas fórmulas
As possíveis justificativas que ocasionaram
as diferentes comparando a aplicação das
fórmulas e o resultado obtido utilizando o
software Tracker na segunda parte do
As possíveis justificativas que ocasionaram
experimento podem ser:
as diferentes comparando a aplicação das
fórmulas e o resultado obtido utilizando o
a) Erro na configuração do tamanho da
software Tracker na primeira parte do
folha de papel sulfite na utilização do
experimento podem ser:
bastão de medição no software
Tracker
a) Erro de paralaxe na leitura do
paquímetro
b) Dificuldade de se ajustar o instante
inicial no início da utilização do
b) Erro na leitura da medição com a
software Tracker
régua
c) Erro na localização do centro de
massa da esfera, na utilização do
software Tracker, nos pontos: inicial,
intermediários e final

5 Conclusão

Por meio deste experimento conseguimos fazer uma comparação entre a teoria e a
aplicação prática do lançamento horizontal e obliquo. Ao compararmos os resultados teóricos,
obtidos por meio das fórmulas do MRU e MRUV, e os resultados obtidos por meio das funções
fornecidas pelos softwares, conseguimos chegar a resultados próximos, que validam a teoria na
prática. As diferenças entres os valores encontrados variaram em 10% para a gravidade, 3%
para o tempo de queda e 5% para a velocidade da esfera. Estas disparidades, entre os valores,
podem ter ocorrido por diversos fatores, entre eles erros de medições durante o experimento,
bem como dificuldade em conseguir transcrever a seleção do centro da esfera em cada instante
de tempo do experimento no software Tracker o que contribuiu para aumentar as diferenças entre
os resultados encontrados. Podemos evidenciar esta situação quando observamos os pontos
nos gráficos que apresentam pequenas variações observadas na curva de tendência plotada
pelo software Excel (alguns pontos ficam no centro da curva, outros ficam um pouco deslocados
para direita ou esquerda da curva). Apesar das dificuldades e das pequenas divergências de
alguns dados coletados, podemos considerar como bem-sucedida a comparação entre o
experimento e a prática, uma vez que os valores obtidos foram muito próximos um do outro.
6 Referências Bibliográficas

https://physlets.org/tracker/installers/download.php?file=Tracker-6.1.2-windows-x64-installer.exe
<Acessado em 30/03/2023>

https://www.scielo.br/j/rbef/a/XvGLYsCK8wgtNqHN7njVyNt/?lang=pt <Acessado em 30/03/2023>

https://www.todamateria.com.br/lancamento-horizontal/<Acessado em 30/03/2023>

https://querobolsa.com.br/enem/fisica/lancamento-obliquo <acessado em 17/04/2023>

https://brasilescola.uol.com.br/fisica/lancamento-horizontal-no-vacuo.htm <acessado em 17/04/2023>

https://www.todoestudo.com.br/fisica/lancamento-horizontal <acessado em 17/04/2023>

https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/lancamento-horizontal.htm <acessado em 17/04/2023>

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