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Natal/ RN - 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
NATAL/ RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART
BANCA EXAMINADORA:
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Resumo 8
Introdução 18
1.1 – Movimentos 28
6. Referências 68
9
Laíza ferrieira
Encantamentos do rio das cobras, 2022
Série fotográfica, 9x5 cm (cada)
11
Introdução
19
Na língua indígena tupi Moju significa “Rio das Cobras”
(da junção de mboîa (cobra) e ‘y (rio) localizado no Pará,
especificamente no território quilombola de São Manoel,
Jambuaçu. A minha avó materna nasceu nessas terras e
deslocou-se à capital devido a epidemia de malária que atingiu
os nossos parentes. Guardo segredos de ancestrais para
dilatar o tempo aguado. O invisível ativa coreografias do
território para não esquecer os rastros deixados pelas
antepassadas. Assim, nos escritos de Ana Gonçalves:
que deve ser uma vingança da memória por eu não ter deixado
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no Pará. A estratégia política é ativar memórias para não
esquecer as minhas raízes. A geopoética do afeto é o
combustível de ação para lembrar das mulheres negras que
não conheci.
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O rito performance convoca as memórias como um
dispositivo de reinvenção subjetiva, pois historicamente
carregamos o abismo em nossas narrativas. Esse movimento
do corpo torna-se um arsenal de gestos relacionados a
oralidade e às nossas complexidades.
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1. Sobre o tempo espiralar que atravessa encantamentos
23
A ancestralidade das culturas negras nos guia para
temporalidades distintas para além do campo de conhecimento
cronológico. A lógica linear está inserida em diversos eixos
filosóficos ocidentais. Outras formas de pensar o tempo não
são estimuladas na educação formal. Raramente ouvimos falar
em filosofia africana.
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O encantamento segue a premissa ritualística de cura, é
uma contranarrativa aos modos predatórios de vida
provenientes das estruturas moderno capitalistas. As nossas
tecnologias ancestrais movimentam a nossa comunidade.
Observar atentamente a natureza para aprender sobre os
nossos mecanismos de defesa e autoconhecimento vital são
práticas que advém da oralidade africana, assim como também
está presente em outras culturas, mas que não serão citadas aqui.
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(2003, p.18) “O ‘segredo’ faz parte do universo tanto quanto o
revelado. Tudo que se manifesta ou oculta-se, segundo a
cosmovisão africana, compõe o universo”.
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Quando escuto os pássaros de bico vermelho ao
amanhecer eu sinto a presença dela. Atrás do meu quintal há
uma creche com uma árvore gigante que não conheço a
sua origem, mas as formas e a diversidade de pássaros que
pousam nessa árvore, inclusive o carcará, me comovem. No
rito de passagem dela, fez uma tarde linda e ventava tanto. Na
filosofia banto todo ser é força.
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Os griots não trabalham com o tempo linear dos ocidentais,
28
1.1 Movimentos
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em classificações espinhosas. As lágrimas de saudade borram
a tinta no caderno. É preciso reelaborar dinâmicas para criar
modos contra hegemônicos de experimentação corporal e
gráfica. Penso no tempo espiralar no todo, entranhado no corpo
que subverte a lógica cartesiana. Contra narrativas e
insurgências do corpo performático que ritualiza camadas
plurais de visualidades.
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2 Geopoéticas e memória afro diaspórica
31
No que seu Raimundo respondeu: Várias irmandades existiram
São Manoel aqui foi diferente. Foi uma irmandade aberta, onde
qualquer pessoa poderia vir e se associar, tanto é que desde
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A memória coletiva ecoa em nossas vidas como rastros
do tempo que entrelaçam a pluralidade de conhecimentos dos
mais velhos. A firmeza do apoio mútuo entre os habitantes do
povoado de São Manoel nos transporta para fabulações que
fortalecem os nossos caminhos. É um mergulho no
encontro dos saberes ancestrais. São diálogos que nos
aproximam de nossas histórias. Os habitantes do território de
Jambuaçu viviam do cultivo do açaí, do cupuaçu, buriti, entre
tantas riquezas que foram roubadas pelas estratégias do
extrativismo violento do agronegócio. A invasão e exploração
de terras destruiu os modos de existência e força motriz dos
povoados. Atualmente a memória das lutas dos meus
ancestrais permanece viva para os processos de formação de
resistência negra amazônida. Como observa, Santiago no
canto das comunidades eclesiais, há um especificamente
marcante:
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A minha família é pequena, assim, como não conheci
os parentes de origem materna, conheci somente duas primas
de origem paterna. Uma parte de minha família paterna possui
origens brancas e indígenas. Não tive uma relação boa com
meu pai, ele era ausente e morreu sem me conhecer
genuinamente. Tenho conexão com a minha avó materna por
ela ter me criado, enquanto a minha mãe trabalhava. Essas
conexões me levaram a especular o tempo, a pensar nas
possibilidades do passado de como seria ouvir as histórias de
minha bisavó e tataravó. O meu verdadeiro sobrenome seria
Lalô Cuimar, essa seria a pronúncia, segundo a minha avó,
Cassiana. Houve uma mudança em nosso sobrenome,
conforme a vontade de minha mãe, por motivos de
desconhecimento e desinteresse de suas próprias origens.
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A série de fotocolagens, Memória ancestral, nasceu a
partir da investigação de minhas origens. A lacuna entre as
histórias, as impossibilidades de conhecer os familiares mater
nos, e a morte de minha avó, me guiaram nesse processo. As
fotografias são de acervo pessoal. Nos rostos da minha mãe,
Raimunda e avó, Cassiana, eu inseri elementos naturais, como
folhas e plantas que colhi no jardim da casa de minha mãe,
quando estive em Ananindeua, no Pará. Ativei a memória de
minhas ancestrais como um processo de cura e reinvenção
subjetiva. Conjurei a lembrança e o segredo como armas
de proteção. É uma evocação da imaginação como rota de
fuga e recriação de um mundo. Através de minhas ruínas
pude trabalhar com a construção de uma memória coletiva.
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Subverter a lógica de incompletudes narradas pela
historiografia oficial é uma estratégia de criação. Trago o
imaginário amazônico entranhado nesse projeto de conclusão
de curso. As raízes de Ananindeua e Jambuaçu se deslocam
para o território potiguar em imersão na criação a partir de
temporalidades curvilíneas. Como diz o escritor paraense
Vicente Cecim (1983) E é preciso insistir: Nossa História só
terá realidade quando o nosso imaginário a refizer, a nosso
favor. (CECIM,1983, p.10) No manifesto Curau/ Parte II, de
Cecim, ele enfatiza a importância da força do imaginário
amazônico contra a exploração colonialista. Nesse sentido, o
que norteia a investigação desse projeto é o aprofundamento
das epistemes de nossos povos.
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3 DIÁRIO DE BORDO, ENTRE TERRA E ÁGUA
Dentro de minha prática artística, pude perceber que
havia a necessidade de aprofundar a investigação de outras
linguagens e materialidades que pudessem dialogar com
aspectos teóricos e poéticos de minha pesquisa. Desde então,
tenho experimentado métodos alternativos de impressão
fotográfica, pintura em aquarela com pigmentos naturais e
processos artesanais que envolvem a impressão de plantas e
vegetais em tecidos.
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O diário de bordo funciona como metodologia para
ampliar os encantamentos que se conectam com o tempo não
linear dos lugares que imaginei entre o rio das cobras e o mar.
Quais materialidades que o tempo espiralar insere em nossos
corpos, no sentido filosófico e bioquímico? Questão norteadora
para produção artística. Segundo Castiel Vitorino Brasileiro:
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acessível e nas possibilidades do ruído na fotografia. O “ruído”
é um aspecto presente em minha trajetória com a colagem.
Resolvi trazer essa experiência estética como um
desestabilizador da ordem colonial.
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artesanal fotográfica onde utilizei o pigmento fotossensível do
pariri para imprimir o patchouli. As impressões são realizadas
a partir da luz solar UV. Os dias estavam quentes, então obtive
resultado em dois dias de exposição solar.
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3.1 Trânsitos geográficos e afetivos
Antes de experimentar outras linguagens, como a arte
na terra e as pinturas em aquarelas para este projeto de TCC,
eu desenvolvi a série “trânsitos geográficos e afetivos” onde
pude inserir a cartografia do território de São Manoel com o
pigmento de pariri e sal grosso na fotografia. Desenvolvi essa
pesquisa na residência M.A.P.A, pelo Margem hub, de Natal.
Fiz algumas colagens com as fotografias que tirei na praia dos
artistas. Essa série desaguou no projeto de TCC, pois, foi uma
experimentação inicial. As fotografias foram feitas no litoral
norte, praia do meio e dos artistas, Natal, Rio Grande Do Norte.
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sem título, trânsitos geográficos e afetivos,
8x8cm, 2021
47
sem título, trânsitos geográficos e afetivos,
10x5cm 2021
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sem título, trânsitos geográficos e afetivos,
8x7cm, 2021
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4. Considerações para rotas de sonhos
50
A experiência de inscrever a minha ancestralidade em
múltiplas linguagens artísticas a partir da água como um fluxo
do tempo e espaço, tornou-se uma experimentação simbólica
de ativação de uma temporalidade espiralada que nos
possibilita refletir sobre a criação de caminhos corpográficos
para reafirmar as nossas complexidades em torno dos saberes
afro diaspóricos amazônidas.
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5. Encantamentos do rio das cobras
52
Sem título, aquarela e sal sobre papel,
20x30cm, 2022
53
Sem título, aquarela sobre papel,
20x30cm, 2022
54
Sem título, aquarela sobre papel,
20x30cm, 2022
55
Sem título, aquarela sobre papel,
20x30cm, 2022
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Sem título, aquarela sobre papel, Sem título, aquarela e sal sobre papel,
20x30cm, 2022 20x20,5cm, 2022
57
Sem título, aquarela sobre papel,
20x9cm, 2022
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Sem título, aquarela sobre papel,
20x30cm, 2022
59
Sem título, aquarela e sal sobre papel,
20x20,5cm, 2022
60
Sem título, aquarela sobre papel,
20x30cm, 2022
61
Sem título, Antotipia com pigmento
de pariri e impressão de patchouli,
12,5x17cm,2022
Sem título, Antotipia com pigmento
de pariri e impressão de patchouli,
13,4 x18,5cm,2022
Sem título, colagem sobre papel com
casca de aroeira, patchouli e pariri,
15x10,8cm,2022
64
Sem título, colagem sobre papel com
casca de aroeira, patchouli e pariri,
13,5x12cm,2022
65
Sem título, colagem sobre papel com
casca de aroeira, patchouli e pariri,
14x11cm,2022
66
Para fluir entre as pedras, escultura com pedras,
areia, cal, argila, sal grosso, patchouli, concha e pariri,
12x16x5x1,5 cm, 2022.
67
para fluir entre as pedras II, escultura com pedras,
areia, cal, argila, sal grosso, patchouli e pariri,
13x9,7x5,7 cm, 2022 68
6. REFERÊNCIAS
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
MARTINS, Leda Maria. Afrografias da Memória: o reinado do rosário do jatobá. São Paulo:
Perspectiva, 1997.
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Apêndice 7. Ações Pedagógicas
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Diversifiquei os meus processos educativos, e o diálogo
com os alunos é um dos norteadores. Trabalhar com crianças
pequenas têm sido um desafio e um aprendizado que
potencializa a forma de nos comunicarmos. O contexto social
e emocional das crianças me mostrou que a maioria precisava
de escuta e uma dinâmica de interação. O projeto corpografias:
laboratório de desenho expandido, está relacionado com as
minhas investigações em torno do tempo, espaço e com a
produção artística que desenvolvi para este trabalho de
conclusão de curso. Foram introduzidos os conceitos básicos
dos elementos visuais, do desenho. Através da prática em
diversos suportes, como a mesa, o papel e a terra. As aulas
aconteceram durante uma semana com dois turnos, durante
manhã e tarde.
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Na segunda aula, introduzi os tipos de texturas através
de objetos. Os alunos estavam se sentindo à vontade para
responder as questões, e através do toque identificaram os
tipos de texturas. Desenhamos em pontilhismo e hachuras.
Na aula seguinte, apresentei o conceito de land art e revisei a
questão das texturas naturais e desenho expandido.
Apreciamos exemplos de trabalhos acessíveis, em que eles
pudessem se imaginar fazendo. Na parte externa do prédio, há
um jardim imenso e com inúmeras possibilidades, como
árvores, plantas, pedras, gravetos.
Dividi a turma em dupla, o que funcionou muito bem na
questão de organização. Somente um aluno optou por
realizar individualmente. Os alunos ficaram entusiasmados com
a atividade, e houve atenção e dedicação para a produção dos
trabalhos. O planejamento seguiu com a abordagem da
metodologia ativa, onde os alunos são estimulados pela
autonomia na construção coletiva e individual de
aprendizado. Inicialmente, as aulas seguiram o fluxo de
perguntas aos alunos, relacionados aos materiais do cotidiano
e o conteúdo ministrado, com o objetivo de despertar a
curiosidade.
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Apresentei trabalhos e vídeos de artistas contemporâ
neos e conversamos sobre os materiais utilizados no dese-
nho a partir dos movimentos corporais e contextualizei sobre
os aspectos expandidos do desenho, revisando as atividades
anteriores. Infelizmente não consegui material suficiente para
juntar os papéis para obter um tamanho maior, e outra
problemática seria o número de cadeiras e mesas no espaço
que não podia retirá-las para realizar a atividade. Então, optei
por dividir a turma e iniciar com a metade de alunos. Utilizei a
folha de tamanho (50x66cm) para esta atividade.
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Considerações Transitórias
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Concluo que obtive êxito durante o projeto educativo,
pois o processo da experiência na educação aconteceu de
forma fluida. Pude notar as potencialidades poéticas de cada
aluno durante a produção artística individual e coletiva. Ao final
me senti instigada para pesquisar mais e aplicar esses
conhecimentos em aula. Fiquei satisfeita com o resultado das
aulas. É importante promovermos esses encontros para
desprogramar as ideias fixas de educação.
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Ação Pedagógica | Projeto de ensino
Período/nº de aulas previsto para o projeto: 4 Aulas de 4 horas de duração | Turno Manhã e Tarde
Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu
entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas
sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural,
histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades
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Resumo: O laboratório desenho expandido, discorre sobre os
processos corporais, tais como a coreografia do corpo
enquanto se desenha, e como interage com o outro corpo. A
potência gestual do corpo quando entra em movimento segue
o seu próprio tempo através do encontro poético coletivo. As
dinâmicas do desenho se entrelaçam com a coreografia que
se expande para o pensamento e desenvolvimento de projetos
autorais e em conjunto. O laboratório é pensado em
corporalidades múltiplas a partir de uma perspectiva não
hierárquica de ensino, onde as subjetividades serão
compartilhadas e dialogadas.
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Justificativa: O corpo e o espaço são atravessados por
dinâmicas sociais e políticas que interferem em nossos modos
de existência, através de vetores sensoriais e afetivos. “É
através do corpo que a percepção do mundo acontece, sendo
ele o “vetor semântico pelo qual a evidência da relação com
o mundo é construída.” (BRETON, 2007). As relações diárias
que obtemos com o outro, e com o espaço são vetores de
criação e afetação que nos trazem amplas reflexões sobre as
formas de interação. A partir da experimentação da
espacialidade é possível construir intervenções através do
desenho como potência de criação. As micropolíticas e
resistências são atravessadas por cada singularidade de um
determinado lugar. O corpo vivido no cotidiano é um dispositivo
para a experimentação com o desenho.
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“O mundo de hoje parece existir sob o signo da velocidade. O
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Diante disso, é importante refletir sobre as tempora-
lidades de cada corpo e gesto enquanto se desenha coleti-
vamente. Aprendendo sobre o tempo desse corpo para levar
em consideração as nuances da espacialidade e relações
imbricadas em torno dele. As questões sobre o tempo rápido
e lento, tornam-se uma contra narrativa aos fluxos de grandes
cidades. Trago fragmentos da investigação de Milton Santos
para as questões espaciais e relacionais. Sobre as questões de
temporalidades distintas, especificamente o tempo espiralar,
levantarei processos de escuta e oralidade, no sentido de
construir auto ficções que ecoam coletivamente. A memória
grafada através do desenho gestual com o intuito de encruzilhar
o tempo e romper a cronologia linear. “A primazia do movi-
mento ancestral, fonte de inspiração, matiza as curvas de uma
temporalidade espiralada, na qual os eventos, desvestidos de
uma cronologia linear, estão em processo de uma perene
transformação. (...) Vivenciar o tempo significa habitar uma
temporalidade curvilínea, concebida como um rolo de
pergaminho que vela e revela, enrola e desenrola,
simultaneamente, as instâncias temporais que constituem o
sujeito”. (MARTINS, 2001).
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Objetivos Gerais:
Conteúdos
4) Recursos: Giz de cera, carvão vegetal, linha em barbante, papel, palitos e al-gumas tintas.
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Planejamento | Turno Manhã
Fazer/Produção/Conteúdos Procedimentais/Criação/Expressão
Fazer/Produção/Conteúdos Procedimentais/Criação/Expressão
Fazer/Produção/Conteúdos Procedimentais/Criação/Expressão
Observar o espaço e analisar a forma como nos relacionamos com ele. Contextualizar as
questões sobre o espaço e outras formas de desenhar para além do papel.
Contextualizar/Contextualização/Conteúdos Conceituais/Crítica/ReflexãoDesenhar
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Planejamento | Turno Tarde
1ª Aula: Corpo, gesto e movimento – Ponto e linha
Ler/Apreciação/Conteúdos Atitudinais/Fruição/Estesia
Fazer/Produção/Conteúdos Procedimentais/Criação/Expressão
Fazer/Produção/Conteúdos Procedimentais/Criação/Expressão
Contextualizar/Contextualização/Conteúdos Conceituais/Crítica/Reflexão
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Referências
BRETON, David Le. A Sociologia do Corpo. 2º edição, Petrópolis, Editora Vozes: Rio de Janeiro,
2007.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo Martins
Fontes, 2013.
MARTINS, Leda Maria. A oralitura da memória. In: FONSECA, Maria Nazareth Soares. Brasil
afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
SANTOS, Milton. Elogio da lentidão. São Paulo: Folha de São Paulo, 11 de março de 2001.
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