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Informação e Generos Jornalísticos


17.03.2017
Géneros Jornalísticos, Dispositivos Cénicos e Publicidade

Identificar Imprensa Portuguesa:


 Breve / Notícias / Reportagem Acontecimento / Reportagem Temática / Perfil
 Notícias em pirâmide invertida (do mais importante para o menos importante) /
Chamada de primeira página (texto pequeno que chama para uma notícia) / Caixa
 Entrevista “pergunta-resposta”/ Editorial/ Crónica/ Lead
 Artigo de opinião/ Coluna/ Notícia comentada/ Intertítulo
 Antetítulo/ Título/ Manchete/ Subtítulo/ Sumário ou Superlead/ Lead
 Infografia/ Caricatura/ Cartoon/ Fotomontagem/ Publicidade – anúncio
 Informe publicitário – publieditorial – avertorial/ Publireportagem

Continuado – Difere da “chamada de primeira página”, na medida em que o texto é escrito e


cortado a certo ponto, interrompendo o texto, que continua no interior do jornal.

Sumário - Difere

Marques Melo (2010) propõe a seguinte organização:


• Géneros informativos: notícia, reportagem, entrevista, título e chamada
• Géneros opinativos: editorial, comentário, artigo, resenha ou crítica, coluna, carta,
crónica
• Géneros utilitários ou de serviços: roteiro, obituário, indicadores, campanhas
• Géneros ilustrativos ou visuais: gráficos, tabelas, quadros, ilustrações,
caricatura/cartoons e fotografia
• Propaganda: comercial, institucional e legal
• Entretenimento: passatempos, jogos, BD, folhetins, palavras-cruzadas, contos,
poesia, entre outros...

Publicidade Nativa Online (dissimular através de conteúdos)


Principais canais:
 Plataformas fechadas (dentro dos canais)
 Facebook, Twitter, Linkedin
 Plataformas abertas (canais exibem conteúdos – publicidade – do anunciante)
 Plataformas que nos deixam criar conteúdos publicitários e nos deixam colocar
os nossos conteúdos onde queremos publicar.
 Plataformas híbridas (anúncios externos)
 Blog (dentro dos conteúdos editoriais e nos canais sociais)
 Site de órgãos de informação (dentro dos conteúdos editoriais e nos canais
sociais)

Código Deontológico do Jornalista

1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com


honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses
atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar em clara aos olhos do
público.
2. O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem
provas e o plágio como graves faltas profissionais

3. O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as


tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do
jornalista divulgar as ofensas a estes direitos
4. O jornalista deve utilizar meios legais para obter informações, imagens ou documentos
e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como
jornalista é a regra e outros processo só podem justificar-se por razões de
incontestável interesse público.
5. O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos por todos os
seus trabalhos e atos profissionais, assim como promover a pronta retificação das
informações que se revelem inexatas ou falsas. O jornalista deve também recusar atos
que violentem à sua consciência.
6. O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O
jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de
informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se o tentarem usar
para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas
7. O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até à sentença
transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, direto ou indiretamente, as
vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve
proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8. O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor,
raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em
causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente,
valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de
recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e
responsabilidade das pessoas envolvidas.
10. O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o
seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve
valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesse.

Géneros Jornalísticos

 Notícias (breve) – textos eminentemente informativos, relativamente curtos, claros,


diretos, concisos e elaborados segundo regras definidas:
Título
Subtítulo
Lead
Construção por blocos
Forma de pirâmide invertida

 Reportagem (acontecimento vs temática/profundidade)


 Entrevista / O Perfil
 Outros géneros jornalísticos: opinião (Crónica, Artigo de opinião, Notícia Comentada)

Construção de um “Lead”
 Devem evitar-se interrogações e citações
 Numa entrevista, uma citação pode ser uma boa escolha para dar a conhecer o
entrevistado
 Uma imagem forte servirá para dar voz à reportagem
 O “lead” – 300 caracteres, dois parágrafos

 Não deve começar com uma negativa nem de forma dubitativa, interrogativa ou
condicional. Tão pouco por um gerúndio, uma conjugação ou expressões gastas do
tipo “Como se sabe”, “registe-se”, “recorde-se”, “de acordo”
 Tanto quanto possível deve acentuar-se a ação: “Forças rebeldes ocuparam ontem de
surpresa a capital X, pondo fim a um cerco de vários dias”

Exercício Lead:
O quê? Fecho do centro e estação de metro
Onde? Bruxelas, Bélgica
Quem? Autoridades belgas
Porquê? Um suspeito detido com botijas de gás na bagageira da sua viatura
Quando? 17, Março
Como? …

O centro e a estação de metro de Bruxelas foram hoje encerrados pelas autoridades belgas na
sequência da detenção de um suspeito que transportava botijas de gás na bagageira da sua
viatura

24.03.2017

ÉTICA, DEONTOLOGIA
O PAPEL DO JORNALISTA
 Recolher informação
 Noticiar/informar/dar conhecimento /esclarecer/promover o debate/inteirar-se
/investigar

Competências éticas (conduta) e deontológicas (dever):


- Aprender uma filosofia moral dignificante
- Distinguir o comportamento correto daquele incorreto
- Assimilar um conjunto de deveres e princípios aplicados a um determinado grupo profissional
- Os códigos de ética são dificilmente separáveis da deontologia

Código Deontológico do Jornalista

1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade.
Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A
distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.

2. O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem


provas e o plágio como graves faltas profissionais.

3. O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as


tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do
jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.

4. O jornalista deve utilizar meios legais para obter informações, imagens ou documentos e
proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra
e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.

5. O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e atos


profissionais, assim como promover a pronta retificação das informações que se revelem
inexatas ou falsas. O jornalista deve também recusar atos que violentem a sua consciência.

6. O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista
não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem
desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se o tentarem usar para canalizar
informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.

7. O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença


transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, as vítimas de
crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar
as pessoas ou perturbar a sua dor.

8. O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça,
credos, nacionalidade, ou sexo.

9. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto quando estiver em causa o
interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios
que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a
atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.

10. O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu
estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da
sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesse.

Requisitos:
 Inteligência: recolha de informação /enquadramento da informação
 Domínio da língua portuguesa (falada e escrita)
 Domínio das “novas” tecnologias
 Humildade para:
- Aprender continuamente “ajoelhar-se “ diante do acontecimento (procurar ignorar
as suas própria emoções)
-Aceitar críticas fundamentadas
 Distanciamento dos fatos, pessoas, acontecimentos
 Autónomo no pensamento
 Sentido crítico – só possível cultivando-se e estudando/preparar-se para os assuntos
 Tomar decisões
 Imaginação (novos temas, assuntos, histórias )

ATENÇÃO

Apagar as suas emoções das notícias



Informar os leitores das condições de produção da notícia (como foi barrado o acesso às
fontes, a documentos do domínio público, de como foi alvo de intimidações psicológicas e
físicas, de como a presença dos media pode influenciar em acontecimento, positiva ou
negativamente…)

Proximidade: é com o leitor, não com o acontecimento (acidentes, catástrofes naturais…


Sempre que possível, não transmitir emoção)

Humildade: aprender/não misturar factos e opiniões: seriedade, rigor, isenção –


imparcialidade

O jornalista NÃO:
 Difunde boatos
 Invade e devassa a privacidade fé personagens públicas
 Trafica influências
 Paga nem presta favores
 Promove determinadas personalidades nem arruína outras
 Dá lições de moral
 É um justiceiro tipo “Robin Hood”
 Coage
 Trai a confiança das fontes e dos leitores

O jornalista RELATA acontecimentos e RESPEITA o seu código deontológico: é a ÚNICA


MANEIRA DE SE DEFENDER, além de ser a forma correta de desenvolver a atividade jornalística
O jornalista descobrirá sempre, mais cedo ou mais tarde, que já:
• Se enganou
• Foi induzido em erro, consciente ou inconscientemente, por malícia ou ingenuidade

O jornalista deve sempre DESCONFIAR e questionar “PORQUÊ”:


 O seu material de trabalho é fortemente constituído pela “dimensão social do homem
- logo falível e passível de ser melhorada”

O jornalista deve evitar serviços que impliquem proximidade com causas defendidas. Este,
profissional não pode ser amigo, no momento em que está a desempenhar a sua atividade,
dos seus entrevistados. SÃO FATORES QUE PREJUDICAM A SUA ISENÇÃO
O jornalista deve procurar, por todos os meios, afastar-se ou evitar os elementos que possam
condicioná-lo, positiva ou negativamente.

O jornalista deve combater a divisão sistemática do trabalho com outros jornalistas (pool) –
porque fomenta:
 O comodismo de escrita (métodos), de esquemas mentais
 AS rotinas que só produzem homogénea, sem ritmo e interesse

As fontes devem ser cultivadas – mas nunca no sentido de fomentar a PROMISCUIDADE (mais
complicado em meios pequenos)
 O jornalista deve lembrar-se que, independentemente do público querer novidades,
tem de respeitar hábitos e rotinas, não podendo “violentá-las”/alterá-las
bruscamente.
 Os leitores possuem rotinas cognitivas que são importante respeitar: acesso
rápido à informação, hábito pelo estilo, paginação, grafismo, espaço cénico –
elementos de fidelização. NÃO FOMENTAR A DESORIENTAÇÃO
 Não se pode proceder a alterações demasiado radicais. Mas também se deve
evoluir - FUNDAMENTAL INOVAR

31/03/2017

Organização da redação
Antes
- Redação
- Departamento comercial
- Oficinas: tipografias e distribuição
Agora
- Redação
- Departamento comercial
- Online/oficinas: tipografias e distribuição – serviços entregues a outras empresas

REDAÇÃO
Direção (diretores-adjuntos/subdiretores):
- Tem direito ao título de equiparação a jornalista, mesmo que não o seja,
- Definir linha editorial
- Editoriais
- Ligação com a administração
- Mantém relações com colaboradores importantes e representa o jornal
- Assumir responsabilidades legais por textos não assinados
- Coresponsabilizar-se por textos identificados
- Gerir os quadros
- Supervisiona os grandes trabalhos
- Opinião sobre os grandes temas e aspetos de conteúdo (títulos, textos...) da primeira página

Subdireção (quando existe)


- Auxiliar direção tarefas administrativas e editoriais

Conselho editorial (quando existe)


- Definição da linha editorial
- Elementos podem ser colaboradores
- Profissionais experientes

Chefia de Redação
- Tarefas executivas
- Supervisionar trabalho da redação
- Primeira página
- Reporta ao diretor do jornal
- Atribui o número de páginas por secção
 
Editores de Secção
- Coordenar trabalho dos redatores da sua área (política, economia, desporto.....)
- Editar as peças produzidas
- Definir as peças que são inseridas em determinada secção
- Escrevem peças jornalísticas

Redatores
- Elaboram os textos
- Ligados a uma secção (especialização em sociedade, cultura, desporto...)
- Devem dominar vários géneros jornalísticos, e adaptar-se a diferentes secções
- Cumprir deadlines – tempo e recolher informação

Colaboradores
- Realizam trabalho jornalístico (podem ou não ser jornalistas): trabalho regular ou
especializado (gastronomia, cinema...)
- Não pertencem aos quadros da empresa
 
Colunistas
- Elaboram textos em nome individual
- Não representam a linha editorial do jornal
 
Secretaria de Redação
- Apoio administrativo
 
Arquivo

GÉNEROS JORNALÍSTICOS

NOTÍCIA/BREVE
 Texto eminentemente informativo, relativamente curto, claro, direto, conciso
 Particularidades segundo Daniel Ricardo (2003): veracidade, atualidade, interesse – só
existe interesse se houver proximidade, importância, conteúdo humano e
originalidade
 Regras de elaboração/construção: “lead” (o quê, quem, quando, onde porquê), títulos,
subtítulos, construção por blocos e pirâmide invertida.
 
 Pirâmide invertida (mais usual)

Vantagens
 Naturalidade – fórmula próxima da estrutura que serve para contar uma
história
 Facilidade de leitura e memorização
 Serve o leitor apressado
 Adapta-se às necessidades de edição e paginação
 Técnica que permite descodificar a realidade, apreendendo os sinais
importantes de um acontecimento e distingui-los do acessório
 Permite correção jornalística
 Adequa-se à falta de tempo para escrever (notícias de última hora) ou outras
quaisquer situações adversas para a elaboração de um texto jornalístico,
permitindo escrever corretamente

Desvantagem
 Quando o jornalista é preguiçoso, acentua rotinas e automatismo, podendo
resvalar para o comodismo da escrita e dos esquemas mentais
EX: “Realizou-se ontem, pelas 19 horas, o primeiro encontro anual da Casa do Povo da
Figueira da Foz...” / “Decorreu ontem...” / “Os militantes do PSD reuniram ontem...”
“O secretário de estado da educação anunciou ontem...”

 Construção por blocos


 Técnica que se associa à pirâmide invertida, embora possam ser utilizadas
independentemente.
 Construir um texto por blocos consiste em produzir cada parágrafo de uma forma
autónoma.
 Os parágrafos são construídos como unidade estanques, individuais, sem necessária
ligação ao parágrafo anterior do ponto de vista semântico-informativo.
 Os parágrafos inserem-se no contexto da história/acontecimento que se relata, mas
são autónomos.

Vantagens
 Se o leitor desiste da notícia num determinado ponto, perde garantidamente
informação, mas não fica com algum conceito ou ideia pendente no parágrafo
seguinte.
 O editor e o paginador sabem que se for importante/necessário diminuir o
texto devido ao espaço, podem começar a cortar parágrafos a partir do fim,
sem que se percam elementos relevantes: Exemplo: cortar até ao lead – ficaria
uma breve
 Desvantagem: Rigidez na escrita

 Picos de interesse
Mantém-se o leitor atento, introduzindo-se ao longo da peça elementos de interesse.
 
 Revelações no Final
Introduzem-se os dados de grande interesse na parte final da notícia.
 
 Criar suspense no lead
Deixa-se o leitor em “ânsia” pela revelação de um determinado dado, não se
introduzindo no parágrafo imediatamente a seguir, mas só depois de se ter aguçado a
curiosidade.

 Pirâmides sucessivas
Construção do texto através de sucessivas pirâmides invertidas, onde os temas se
encontram ordenados logicamente e separados por intertítulos/subtítulos

Observação: Qualquer jornalista deve primeiro dominar a técnica de pirâmide invertida para
depois lançar-se nas restantes, igualmente importantes para desenvolver um estilo vivo e
nervoso, de prosa criativa e original.

REPORTAGEM
 É considerado o género jornalístico mais nobre.
 Objetivo: informar os leitores, tal como a notícia.
 Investe-se mais recursos do que na elaboração de uma notícia. Pressupõe recolha de
informação in loco.
 Importa definir o “ângulo de ataque”. Implica tempo.
 Reportagem de acontecimento: notícia alargada
 Reportagem temática: prosa de grande fôlego, conta uma história, com detalhes,
procurando colocar os leitores dentro do acontecimento.
 
Vários formatos de construção:
 Acontecimento: pirâmide invertida e lead vs construção por blocos
 Temática: Pirâmide invertida (muito pouco usual) / construção por blocos / picos de
interesse / revelações no final / criar suspense no lead / pirâmides invertidas
sucessivas

EDITORIAL
 Texto da responsabilidade da direção (diretor ou subdiretores).
 Deverá acompanhar cada edição e focar-se nos acontecimentos mais marcantes da
atualidade ou dessa edição do periódico, de interesse geral e não aquele somente
caro ao editorialista.
 Texto relativamente curto, ocupar sensivelmente o mesmo espaço, escrito com ritmo
e vivacidade, vocabulário rico e frases não muito longas.

Tipologia (Beltrão apud Gradim, 2000):


 Preventivo
 De ação
 De consequência

Estilo (Beltrão apud Gradim, 2000):


 Intelectual (apela à razão)
 Emocional (apela à sensibilidade, crenças e sentimentos)

FOTOJORNALISMO
As fotografias que secundam e ilustram os textos são de grande relevância.
São os elementos que o leitor mais presta a atenção juntamente com as legendas, depois dos
títulos e antetítulos.

Objetivos:
 Embelezar as páginas;
 Possuir valor estético autónomo;
 Cortar a uniformidade dos carateres impressos;
 Estabelecer uma relação com os textos, comentando-os e revelando novas perspetivas
de leitura.

→ As fotos devem possuir “oportunidade”, captar os traços mais significativos do


acontecimento; espontâneas e não obter ângulos forçados/simulados – vários
ângulos/perspetivas
→ Fotógrafos possuem carteira de jornalista, profissão altamente especializada.
→ Fotografia em laboratório vs fotografia digital

LEGENDA
 Pequenos textos situados ao lado ou em baixo das fotografias, explicando,
contextualizando ou chamando a atenção para os aspetos mais interessantes da
imagem.
 A legenda possui um caráter eminentemente informativo. Todas as fotos devem ser
legendadas, ainda que a imagem parece óbvia a muitos leitores.
 A foto e a respetiva legenda devem funcionar como um bloco autónomo, uma vez que
um leitor pode apenas ver a foto e legenda e passar para a notícia seguinte.
 
FAIT-DRIVERS
 Pequenas notícias de temáticas muito diversificadas que relatam aspetos curiosos do
quotidiano: roubos, acidentes, coincidências, caos de polícia e, geralmente, todos os
factos curiosos que, pela originalidade ou coincidência, são suscitáveis de gerar uma
notícia.
 Embora contenham elementos informativos, não são uma notícia em sentido clássico.
Pode-se dizer que são uma pequena notícia de interesse humano que apela ao lado
voyeur e um pouco mórbido de todos os leitores.
 É, portanto, um pequeno facto curioso que funciona como uma unidade fechada e
praticamente se esgota na sua narrativa.
 A inserção no jornal serve para distrair ou desanuviar os leitores. A originalidade é o
elemento que o carateriza.

OPINIÃO
 Texto através do qual o autor exprime pontos de vista parciais e subjetivos
relativamente a determinados temas/assuntos.
 O estilo varia muito, do humor ao erudito, do maldizer ao corriqueiro, passando pela
análise seca, rigorosa e direta aos factos, relacionando factos aparentemente dispares
e enquadrando-os em deduções e conclusões.

Objetivo: afirmar determinadas posições pessoais, aduzindo argumentos a favor ou contra,


levando as pessoas a anuir ou contrariar os seus pontos de vista.
A opinião tem como objetivo lançar o debate, esclarecer o público e formar opinião, em vez de
informar.

A opinião chama a atenção, frequentemente, para muitos aspetos das notícias eventualmente
esquecidos ou que, propositadamente, interessa salientar.

CRÓNICA
 Surge, normalmente, misturado com o género de opinião
 A crónica, regra geral, é um texto que apela à imaginação e às valências estéticas da
linguagem, muitas vezes em registo pitoresco
 Conta uma história ou versa sobre factos sugestivos do quotidiano
 Não obedece a um encadeamento lógico. Exprimem raramente opiniões e não têm por
objetivo convencer o auditório
 São textos de leitura leve e agradável, sem grandes pretensões de atuar ou influir
sobre a realidade
 Existe uma grande diferença entre artigo de opinião e crónica:
Artigo de Opinião: utiliza dados sólidos e racionais para formar a opinião e atuar sobre
a realidade - convencer

Crónica: agarra no real como pretexto, fazendo uso de liberdades poéticas, estilísticas,
imaginativas, não toleradas em mais nenhum género jornalístico – não pretende
convencer ou influenciar a realidade, apenas falar/dissertar sobre ela

 É verdade que não há regras para realizar uma crónica. Mas um bom leitor sabe
identificar quando está em presença de uma excelente crónica:
 Prende a atenção
 Propõe
 Sugere
 Diverte
 Estimula intelectualmente

ENTREVISTA
 Género fundamental de toda a prática jornalística
 Refere-se a todos os contactos que são efetuados com uma fonte durante o processo
de recolha de informação.
 É a entrevista que fornece a matéria-prima (as informações) para a maior parte dos
géneros jornalísticos: notícia, legenda, opinião ou reportagem
 A entrevista também pode ser enquadrada num género jornalístico específico,
autónomo, normalmente conhecido como a “entrevista pergunta-resposta”: são as
grandes entrevistas, de fundo, a uma determinada personagem publicadas no formata
da “pergunta-resposta” – não sofrem qualquer arranjo ou composição / integração do
discurso direto ou indireto no texto jornalístico.

Material importante: bloco de notas e gravador: PORQUÊ?


 Implica questões certeiras, pertinentes / exige grande preparação
 O número de vezes que o órgão de comunicação recorre a este género depende do
seu público, do estilo da publicação e da sua área de influência: Diário de Leiria vs DN /
A Bola / Jornal de Letras / Visão / Diabo ou Crime / Le Monde Diplomatique
 O estilo pergunta-reposta que autonomiza o género jornalístico entrevista deve ser
utilizado com ponderação: justifica-se em função da relevância do entrevistado, do
tem abordado
 Convém, por isso, não exagerar – tem de existir uma razão forte

A entrevista pergunta-resposta deve ser acompanhada por um lead:


 Explica e enquadra a pertinência do trabalho
 Os aspetos mais marcantes (resumo)
 Confere informações sobre como decorreu a entrevista
 

Regras de realização da entrevista


 Linguagem proxémica: não invadir o espaço do seu interlocutor - origina desconforto
 Linguagem cinésica: gestos e movimentos corporais – agressividade / invasão
 Entrevistas presenciais – relação direta com a fonte: telefone/escrito ou meios indiretos
são frios, perdem-se os pormenores
 Postura discreta para não incomodar o entrevistado (sem agressividade)
 Não querer mostrar saber mais – humildade / não se deixar intimidar (alerta) – mesmo
quando acontece
 Por regra, não se apresentam questões prévias / não se aceitam entrevistas respondidas –
deve ser informado do tema (com clareza e rigor), mas nunca das perguntas em concreto
 Durante a fase de redação do trabalho, o discurso do entrevistado será forçosamente
reescrito, devido às diferenças entre a oralidade e a linguagem escrita / importante é ser
fiel ao pensamento e sentido das palavras do entrevistado / não é preciso ser à letra do
que foi dito (exceções são propositadas)
 Preparação – deve documentar-se bem sobre o tema / atenção a novos temas que possa
surgir das respostas do entrevistado
 Bloco de notas (tempo – ângulo) vs Gravador (pergunta-resposta)
 Importante estar concentrado no que o entrevistado diz – melhor trabalho / educação -
cortesia / frequentemente as respostas são pistas para novas questões ou abordagens
 Evitar expressões que coloquem em causa a inteligência dos entrevistados: “percebe” /
“entende” / “está a acompanhar” / “como sabe”
 Muito cuidado quando se interrompe – pode provocar a perda de raciocínio
 Tratamento: titulares de cargos públicos (ministro...), médico, advogados quando nessa
condição / senhor e senhora...
 Não se colocam palavras ou ideias na boca do entrevista antes de proferidas pelo mesmo –
condicionar
 Não se fazem perguntas para responder “sim” ou “não” – laconismo / interessa aos
entrevistados – entrevista é uma conversa
 A voz que se deve ouvir é a do entrevistado / pouco a do jornalista
 Cautela na recolha de dados ou afirmações que possam vir a gerar controvérsia
 As pessoas mais insuspeitas estão sempre prontas a retirar uma afirmação que claramente
fizeram, assustadas pelas reações ou consequências que provocaram vs não se devem
descontextualizar afirmações – cuidado (guardar entrevistas)
 Primeira fase: identificar-se, identificar o órgão para onde trabalha, explicar o tema da
entrevista
 Pontualidade / nunca se corrigem os entrevistados (gramática...) – correções fazem-se do
oral para a escrita – fiel o que foi dito / clarificar o pensamento
 Questões a colocar ao entrevistado devem ser logicamente agrupadas por temas ou áreas
de interesse - Não saltar anarquicamente de um assunto para outro
 A timidez não é para o jornalista – não ter vergonha de perguntar ou insistir sobre
determinados pontos
 Nunca colocar questões desprimorosas, humilhantes ou com as quais o entrevistado se
possa sentir justamente ofendido, nem as que violem a sua vida íntima
 Não deixar o entrevistado fugir às perguntas – reconduzi-lo ao tema / evitar ser
manipulado
 Não dar a conhecer a opinião do jornalista (não interessa) / nunca se discute com um
entrevistado – registo impessoal ouvindo o que é dito
 Familiaridade / não tratar por “tu” – não encorajar / jornalistas devem ouvir e selecionar
as vozes de quem entenderem
 Respeitar as convicções religiosas e crenças dos entrevistados

RECOLHA DAS FONTES (Gradim, 2000)


FONTES DE INFORMAÇÃO
Entidade/sujeito detentor de informações passíveis de gerar uma notícia ou de contribuir para
a feitura da mesma.
EX: internet, bases de dados, Instituto Nacional de Estatística, um pasteleiro, bombeiro,
polícia, cidadão comum

Divisão em função da relação que estabelecem com o jornal:


A) INTERNAS: jornalistas da publicação (eles próprios fontes), arquivo ou centro de
documentação do jornal (contextualizar acontecimentos), delegações e
correspondentes.
B) EXTERNAS:
 Informação: agências noticiosas, agências de comunicação e outros órgãos de
informação (em relação ao seu próprio estatuto)
 Oficiais estatais - Assembleia da República, ministérios, juntas de freguesia,
câmaras municipais, forças policiais, hospitais, bombeiros, aeroportos – “fazer
a volta”
 Oficiais não estatais – partidos, coletividades, sindicatos, empresas,
associações, clubes desportivos... Todas as instituições não estatais que
contribuem para a vida social e cultural do País.
 Fontes informais/ocasionais - a testemunha de um crime...
 Fontes documentais - relatórios, estudos, livros...
 Fontes humanas- profissionais/contactos pessoais do jornalista
a) Profissionais de relações públicas, assessores de imprensa;
b) E as fontes privadas/contactos pessoais do jornalista cuja confiança ele
conquistou ao longo do tempo;
c) O público em geral, através de cartas, alertas, e telefonemas muitas vezes
anónimos...

A seleção e acesso às fontes revela-se fundamental para qualquer publicação:

“O método fundamental em jornalismo consiste em perguntar” (Daniel Ricardo)... As


questões certas às pessoas certas.

Peça jornalística: fundamental saber como (de que modo) e que (quem?) fontes localizar

Fonte de informação: COMPETENTE E QUALIFICADA para falar acerca do assunto que se


pretende abordar – É o jornalista que atesta esta qualidade e competência
Ex: Um catedrático em História Moderna é uma fonte adequada para falar sobre a sociedade
civil da época, a estrutura da família e as Misericórdias (primeiro esboço do serviço nacional de
saúde português)... Mas não o é para falar sobre as negociações entre o último governo de
Passos Coelho e a passagem de competências (em matéria de saúde) do Estado para a Santa
Casa da Misericórdia. A sua competência sobre o assunto é similar a qualquer cidadão mais ou
menos instruído.

Fontes profissionais: existem fontes especializadas para lidar com os jornalistas, como os
assessores de imprensa e relações públicas (muitas vezes antigos jornalistas). Objetivo: passar
determinadas mensagens para os media.

Fontes profissionais: o seu trabalho é relevante para os jornalistas, mas não pode ser
considerado exclusivo: estas fontes não podem ser consideradas únicas em questões que
envolvem pessoas ou instituições para quem trabalham – nestes casos é sempre importante
contactar outras fontes (validar/cruzar informação), uma vez que os seus interesses podem
consistir, frequentemente, em MANIPULAR ou FILTRAR a informação divulgada.

FUNDAMENTAL SABER QUE: nenhuma fonte é desinteressada, mesmo as não profissionais:


motivos políticos, profissionais, autopromoção, benefícios diretos ou indiretos –
subsídios/realojamentos, etc. Quanto mais não seja por sentirem que são importantes,
socialmente relevantes/auto-estima.

Muitas fontes, pelo lugar que ocupam, tendem a produzir, INTENCIONALEMNTE OU NÃO,
versões parciais das histórias/acontecimentos

Histórias que envolvam questões sociais, confrontos ou polémicas, o jornalista deve reger-se
por várias fontes, representativas dos vários lados/perspetivas em confronto.

Exemplo 1: Funcionário dos CTT atropela uma criança de seis anos porque seguia em excesso
de velocidade, diz um cidadão que se encontrava à janela da casa, em frente ao local do
acidente.
O trabalho de confirmação de dados deve ser realizado com sensibilidade para não perturbar
inusitadamente as pessoas em dor.
Exemplo 2: Greves (números sempre manipulados)
Exemplo 3: Os serviços académicos do IPL emitem um comunicado alargando o prazo de
pagamento d propinas (questionar sempre)

Relacionamento com as fontes:


 Recolha de informação deve ser SISTEMÁTICA E RIGOROSA (todos os dados devem ser
verificados – quando não houver testemunho direto por parte do jornalista,
confirmados por outras fontes)
 O jornalista deve ter pré-definido: Quem? Quando? Por que ordem deve contactar?
 Deve saber do que anda à procura: preparar cuidadosamente as entrevistas e
contactos com as demais fontes (documentar-se e esboçar as perguntas que deseja
ver respondidas)
 Muitas fontes podem remeter para outras fontes (importa seguir este percurso e não
relaxar)
 As fontes devem ser citadas/identificadas, sem exceção
 Todas as afirmações que lhe são atribuídas (fontes) devem constar no corpo do texto,
identificados como sendo da fonte; caso contrário, podem ser imputadas ao órgão de
comunicação
 Fonte recusa revelar o nome: nesta situação, por motivos fundamentados, o jornalista
pode publicar essas informações, desde que suportadas por documentos oficiais ou
informações fidedignas, cuja autenticidade é verificada – as informações deste tipo
de fonte devem ser sempre confirmadas (casos discutidos com as chefias)
 Fontes: tratadas com cordialidade e cortesia (cultivadas). Existem, porém, limites:
 Evitar manipulação – independência/autonomia quando redige o texto;
 Separar relação profissional/amizade; evitar promiscuidade;
 Fonte deve saber que o jornalista ouve mais fontes;

 Pool: em acontecimentos imprevisíveis ou reportagens difíceis, os jornalistas


organizam-se, por vezes, em grupos – muitas vantagens e frequentemente esta é a
única maneira, através da partilha de meios, de se conseguir noticiar corretamente um
acontecimento. Mas não se deve abusar: a espontaneidade é muitas vezes o segredo
para um grande furo jornalístico
 Um bom jornalista não tem necessidade de SECAR A FONTE: impedir que outros
profissionais acedam às suas informações (ex: recolher fotografias ou outros
documentos de uma fonte e prometer que irá devolver) - informar é um serviço
público.
 Competitividade: colaborar com outros jornalistas e fornecer informações que serão
do domínio público
 Não publicar conversas que se ouvem sem o conhecimento de quem as profere (EX:
JAS)
 Off the record: a fonte não pode ser identificada, pelo que as informações avançadas
não podem ser publicadas. Serve, basicamente, para o jornalista confirmar outras
informações ou lançar pistas para futuras investigações, esclarecimentos. O off the
record deve ser rigorosamente respeitado, mesmo que a informação seja
posteriormente tornada publica (confiança da fonte). – (EX: António Oliveira)
 Embargo: as agências ou outras fontes enviam, por vezes, para as redações, certas
informações com a nota “embargo até x horas”, informações que ainda não estão
confirmadas. Tal significa que o texto ou informação não pode ser utilizado até que a
fonte que o emitiu levante o embargo (normalmente depois do acontecimento
ocorrer). Exemplo: Prémio Nobel Saramago

LEI DE IMPRENSA
Determina alguns princípios no âmbito da relação com as fontes, garantindo aos jornalistas:
 Liberdade de acesso às fontes de informação
 Incluindo o direito de acesso a locais públicos e respetiva proteção
 Direito de sigilo profissional (não revelar, em tribunal, as fontes confidenciais)

Estes desígnios encontram-se regulamentados no âmbito do Estatuto do Jornalista:

Artigo 8º
“1 - O direito de acesso às fontes de informação é assegurado aos jornalistas:
a) Pelos órgãos da Administração Pública (...);
b) Pelas empresas de capitais total ou maioritariamente públicos, pelas empresas
controladas pelo Estado, pelas empresas concessionárias de serviço público ou do uso
privativo ou exploração do domínio público e ainda por quaisquer entidades privadas
que exerçam poderes públicos ou prossigam interesses públicos (...);
2 – (...)
3 - O direito de acesso às fontes de informação não abrange os processos em segredo de
justiça, os documentos classificados ou protegidos ao abrigo de legislação específica, os dados
pessoais que não sejam públicos dos documentos nominativos relativos a terceiros, os
documentos que revelem segredo comercial, industrial ou relativo à propriedade literária,
artística ou científica, bem como os documentos que sirvam de suporte a atos preparatórios
de decisões legislativas ou de instrumentos de natureza contratual.
4 – (...)
5 – (...)

Artigo 9º: Direito de acesso a locais públicos


1 - Os jornalistas têm o direito de acesso a locais abertos ao público desde que para fins de
cobertura informativa.
2 - O disposto no número anterior é extensivo aos locais que, embora não acessíveis ao
público, sejam abertos à generalidade da comunicação social.
3 - Nos espetáculos ou outros eventos com entradas pagas em que o afluxo previsível de
espectadores justifique a imposição de condicionamentos de acesso poderão ser estabelecidos
sistemas de credenciação de jornalistas por órgão de comunicação social.
4 – (...)

Artigo 10º - Exercício do Direito de Acesso


1 - Os jornalistas não podem ser impedidos de entrar ou permanecer nos locais referidos no
artigo anterior quando a sua presença for exigida pelo exercício da respectiva atividade
profissional, sem outras limitações além das decorrentes da lei.
2 – (...)
3 - Nos espetáculos com entradas pagas, em que os locais destinados à comunicação social
sejam insuficientes, será dada prioridade aos órgãos de comunicação de âmbito nacional e aos
de âmbito local do concelho onde se realiza o evento.
4 - Em caso de desacordo (...) qualquer dos interessados pode requerer a intervenção da
Entidade Reguladora para a Comunicação Social (...)
5 - Os jornalistas têm direito a um regime especial que permita a circulação e estacionamento
de viaturas utilizadas no exercício das respectivas funções (...)

Artigo 11º - Sigilo Profissional


1 - Sem prejuízo do disposto na lei processual penal, os jornalistas não são obrigados a revelar
as suas fontes de informação, não sendo o seu silêncio passível de qualquer sanção, direta ou
indireta.
2 - As autoridades judiciárias perante as quais os jornalistas sejam chamados a depor devem
informá-los previamente, sob pena de nulidade, sobre o conteúdo e a extensão do direito à
não revelação das fontes de informação.
3 - No caso de ser ordenada a revelação das fontes nos termos da lei processual penal, o
tribunal deve especificar o âmbito dos factos sobre os quais o jornalista está obrigado a prestar
depoimento.
5 - Os diretores de informação dos órgãos de comunicação social e os administradores ou
gerentes das respetivas entidades proprietárias, bem como qualquer pessoa que nelas exerça
funções, não podem, salvo mediante autorização escrita dos jornalistas envolvidos, divulgar as
respetivas fontes de informação, incluindo os arquivos jornalísticos de texto, som ou imagem
das empresas ou quaisquer documentos susceptíveis de as revelar.
6 - A busca em órgãos de comunicação social só pode ser ordenada ou autorizada pelo juiz, (...)
avisando previamente o presidente da organização sindical dos jornalistas com maior
representatividade para que o mesmo, ou um seu delegado, possa estar presente, sob reserva
de confidencialidade.
7 - O material utilizado pelos jornalistas no exercício da sua profissão só pode ser apreendido
no decurso das buscas em órgãos de comunicação social previstas no número anterior ou
efetuadas nas mesmas condições noutros lugares mediante mandado de juiz, nos casos em
que seja legalmente admissível a quebra do sigilo profissional.

Apesar deste tipo de disposições legais:


A situação atual, na Administração Pública portuguesa, é caraterizada por SILÊNCIO
(frequentemente - dificuldade de obter informações banais e correntes)
Motivos: estruturas hierárquicas e demasiado rígidas / impreparação dos funcionários /
comodismo / cultura profissional (em lenta mas progressiva mudança)

CÓDIGO DENTOLÓGICO DO JORNALISTA – OUTRAS NORMAS DEONTOLÓGICAS


Os princípios determinados pelo código deontológico dos jornalistas podem ser completados
com outras normas ou conjunto de boas práticas:

 O jornalista deve recusar-se a noticiar suicídios, a não ser que estes ocorram em locais
públicos e sejam do conhecimento da opinião pública (não perturbar familiares na sua
dor)
 Respeitar o princípio da inocência dos arguidos até ao trânsito em julgado da respetiva
sentença – os acusados não devem ser identificados de forma a poderem ser
reconhecidos (ladrão, carteirista…)
 Evitar metonímias generalizadas de etnias, religiões, grupos sociais ou profissionais: “o
cigano, o africano, o muçulmano que assaltou uma caixa de multibanco” –
desprestigiante para toda a comunidade e municiador de representações sociais
negativas (o assaltante portuense, de raça branca)
 Muito grave identificar vítimas de crimes sexuais, homens ou mulheres, maiores ou
menores de idade, e sobretudo, menores delinquentes ou qualquer menor de idade
envolvido em situações desfavoráveis (invasão de privacidade, humilhação, danos
irreparáveis para o futuro, crianças que não têm quem as defenda, o direito ao bom
nome é violado e não punido)
Exemplo:
 “João Marcelo, de 15 anos, (fotografia do detido) iniciou o contacto com
drogas aos 11 e hoje vive numa habitação abandonada no Bairro do Ingote”
 “A Maria tem cinco anos, vive na casa de acolhimento da caridade de São
Lúcia, gosta de estudar e é uma das melhores alunas da primeira classe da
Escola Básica de Seira. Ainda recém-nascida, com duas semanas, a sua vida
ficou marcada pelo abandono prematuro da mãe, toxicodependente e
prostituta”.
 Não incitar à violência, ao ódio racial e à prática de quaisquer crimes
 Não se relacionam criminosos com pessoas públicas conhecidas, exceto quando tenha
relevância no crime cometido ou na atuação das pessoas em causa.
Exemplo (errado): Uma pessoa de 60 anos de vida impoluta e dedicada não deve ser
conotada ao neto toxicodependente que assaltou uma loja de roupa
Exemplo (correto): Deve-se falar do irmão do secretário de estado da educação que
ganhou de forma dolosa e escusa o concurso para a requalificação do parque escolar e
que, após investigações, foi acusado pelo MP – esta ligação, embora salvaguardando a
presunção de inocência, pode ser realizada (figura/cargo público)

RESPONSABILIDADE LEGAL E MORAL – JORNALISTAS:


Podem ser responsabilizados legalmente por crimes cometidos no exercício da sua profissão:
abuso de liberdade de imprensa; difamação e quebra do segredo de justiça

LINGUAGEM
Como se fazem as notícias

 Clara / precisa / concisa / ritmada / vivacidade (contos policiais)


 Frases curtas
 Uso preferencial de uma ideia por frase
 Utilização económica da linguagem – poucas palavras sem perder conteúdo
informativo
 Preferir as palavras mais curtas
 Só pode escrever claro quem tem ideias claras (recolha de informação – não podem
existir dúvidas)
 Género NOTÍCIA
 Se nos aspetos formal e estrutural, a reportagem (temática) e a crónica apelam à
criatividade do jornalista, a notícia não se compadece com grandes desvios em relação
ao modelo que se subordina

Géneros Jornalísticos
Género NOTÍCIA
Se nos aspetos formal e estrutural, a reportagem (temática) e a crónica apelam à criatividade
do jornalista, a notícia não se compadece com grandes desvios em relação ao modelo que se
subordina
1) Precisão e clareza

2) Evitar palavras incomuns retiradas de um qualquer dicionário de sinónimos e


construções frásicas cheias de “rodriguinhos” desnecessários.
Idiossincrático / procrastinação
“A última madona da nossa ficção poética recusa-se a crer que todos, hoje, na selva
portuguesa, tenham da duplicidade afivelado a máscara. E de que tudo isto seja o
último estertor do que ela própria lucidamente designa o “fundo lodoso” da cultura
greco-latina e judaico-cristã: o dualismo, a divisão abissal entre os contrários, de que
longamente falou durante a nossa curta conversa, a propósito do seu novo livro”,
entrevista a Lídia Jorge publicada num jornal de Lisboa, in Ricardo (2003)
Ou
“Ao longe, a torre de granito gótico, coalhado no breu das montanhas do Poente,
confunde-se com as meias-tintas das perspetivas que terminam, ao acaso, a visão do
quadro em plenitude”, texto publicado num jornal de Trás-os-Montes, in Ricardo
(2003)

3) Evitar imagens, comparações e metáforas desnecessárias e despropositadas


 “Cunhal era um prato que Freitas não gostava de comer”
 “A Assembleia da República entrou em transe, quando Jaime Gama mostrou
um cartão vermelho aos parlamentares que se mostraram indignados com a
moção de censura”
 “Irritado, Luís Filipe Vieira batia as asas, como uma águia”
 “Indignado, Bruno de Carvalho rugia, como um leão”
 “Descontrolado, Pinto da Costa deitava fogo pelo nariz, como um dragão”

4) Qualidades da linguagem – Explicar de maneira simples coisas complicadas


 Dar preferência a termos e expressões:
 Limpar vs absterger
 Escondido vs ábdito
 Livro vs incunábulo
 Início – princípio – origem – introdução vs exórdio
 Castidade vs pudicícia
 Fugir – ocultar-se vs homiziar-se
 Fazer – efetuar vs empreender Usuais
 Morrer – falecer vs parecer
 Lentidão – vagar vs morosidade

 Hábil vs engenhoso
 Discutir vs travar uma discussão Mais curtas
 Se vs na eventualidade de Mais concisas
 Para vs com o objetivo de

 40 graus à sombra vs um calor de rachar


 O homem navegava à velocidade de 5 nós Mais curtas e
(menos de 10 km por hora) vs o homem deslizava lentamente precisas
sobre as ondas

 A frase de maior inteligibilidade: Quando se interligam por esta ordem


 Sujeito + predicado + complementos
EX: O Presidente da República (S) vai exercer o direito de veto (P)
EX: O Presidente da República vai exercer o direito de veto (CD - o
quê? / quem? )
EX: O Presidente da República (S) ofereceu um quadro de Siza Vieira
(CD) ao Papa (CI – a quem?)

5) Simplicidade: palavras utilizadas numa conversa com pessoa respeitável/Sinónimos


 Temperamento – feitio – maneira de ser – caráter (sinónimos) vs
idiossincrasia
 Defender – advogar – argumentar – justificar – apadrinhar – proteger
– auxiliar – ajudar – socorrer – obrigar – socorrer – acudir – valer ou
patrocinar (dependendo dos contextos – sinónimos) vs abroquelar,
paraninfar ou tuitar

6) Neologismos e estrangeirismos: não colocar os leitores diante charadas –


explicar/traduzir colocando em itálico ou parênteses ou mesmo evitar:
 “O dumping (venda de bens importados a preços inferiores aos do
mercado nacional) pode colocar em sérias dificuldades a nossa
economia”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Jovens
Empresários.
Ou
“O dumping pode colocar em sérias dificuldades a nossa economia”,
afirmou o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários. E
garantiu que luta àquela prática, que consiste na venda de bens
importados a preços inferiores aos do mercado nacional, será uma das
prioridades do seu mandato”.

 - “O segundo compromesso storico (processo de consensos entre


partidos tradicionalmente antagónicos) da política italiana ainda não
deu os resultados esperados. As negociações entre as forças políticas
continuam, mas os protagonistas temem que não se chegue a uma
solução estabilizadora”.
Ou
“O segundo compromesso stórico da política italiana ainda não deu os
resultados esperados. As negociações entre as forças políticas
continuam, mas o processo tendente a reunir consensos entre
partidos tradicionalmente antagónicos ainda está longe de uma
solução estabilizadora”.
 EXEMPLO
No decorrer de uma entrevista em que um geógrafo fala em isópora
de um mapa, um zoólogo em isópteros da família dos arquípteros, um
físico em átomos isótopos, um informático em linguagem HTML:
importa que se domine determinadas noções, solicitar ao interlocutor
que esclareça tais termos ou ideias, para que todos os leitores
compreendam (NÃO TER MEDO DE SER IGNORANTE)

Numerosos estrangeirismos fazem parte da nossa língua, sendo adotados na sua forma
original (black out, chats, clip, high-tech, franchising, offset, input, rock) ou adaptados às
caraterísticas fonéticas da língua (aerodinâmica, antibiótico, chalé, chefe, computador,
cibernética, cassete)

Os estrangeirismos surgem, em geral, pela necessidade de designar um novo objeto,


atividade ou conceito. Consideram-se, neste sentido, NEOLOGISMOS, isto é: vocábulos novos.
Os linguistas ainda não se entenderam quanto ao tempo que dura uma palavra nova; penálti já
não é um neologismo
Existem neologismos que não provêm de línguas estrangeiras, antes derivam do nosso idioma,
a partir da junção de sufixos e/ou prefixos, formas imaginativas de expressão ou criações de
poetas e escritores: nevrostisar, emotival, nuvezinhado, chafra-nafra, transfazer-se,
independentizar, vortilhões...
Em jornalismo é possível usar estrangeirismo desde que respondam às necessidades de
expressão: marketing, rock, apartheid, dúplex, design...

Quando há possibilidade, é preferível usar:


 Estrangeirismos em expressão portuguesa: ementa (menu), ocorrer (ter
lugar), dar-se conta - ou aperceber-se - de que (realizar que – to realize),
assassínio (assassinato), amor próprio (auto-estima), exceto, salvo (exceção
feita a), sítio, endereço ou morada (site), equipamento informático
(hardware), programa informático (software)
 Por razões de ordem estética: bibelô (bibelot), abajur (abat-jour), sanduiche
(sandwich), andebol (handball), furgoneta (fourgonette), controlo (controle),
cabaré (cabaret), drinque (drink), gasóleo (diesel), acordeão (acordéon)...
 Estrangeirismos que já fazem parte da nossa língua (sem itálico): marketing,
rock, apartheid, duplex, design, atelier (atelier), dossier (dossiê)…

7) Alguns conselhos práticos para melhor escrever:

 Não começar parágrafos sucessivos com a mesma palavra/sequência de


palavras, nem repetir vocábulos no interior de uma frase ou mesmo de um
parágrafo
 “A célula terrorista de Bruxelas, que ajudou a realizar os atentados
terroristas de Paris em novembro e os da capital belga em março,
tinha como próximo alvo o Euro 2016 em França. Segundo escreve o
jornal francês Libération, o recém-detido terrorista Mohamed Abrini
afirmou que não havia planos de atacar Bruxelas até à súbita detenção
de Salah Abdeslam.
A célula terrorista de Bruxelas está a ser investigada pela procuradoria
federal belga. Fonte ligada à investigação confirmou que foi a
velocidade da investigação policial que precipitou os atentados em
Bruxelas.
O Euro 2016 vai ser organizado pela França em junho e julho deste
ano. A procuradoria federal belga confirmou este domingo que a
investigação da célula terrorista por detrás dos atentados de Bruxelas
planeava atacar França, e não a Bélgica. Foi a velocidade da
investigação policial que os precipitou e fez atacar em Bruxelas”.

 Evitar utilizar repetidamente as mesmas estruturas frásicas


“O presidente francês acrescentou que a competição deve representar ‘uma
forma de resposta ao ódio, divisão, medo e horror’ e disse que ‘serão tomadas
todas as medidas de segurança necessárias’ durante o torneio”. O presidente
francês acrescentou ainda que ‘nunca foi levantada a hipótese de adiar ou
suspender o Euro2016’ e disse que ‘tudo correrá dentro da normalidade’”
(aspas)

 Evitar expressões, palavras e construções frásicas com sentidos ambíguos


“Floresta portuguesa afetada pelo bicho da floresta”
“Navio portuense a caminho do Porto”
“Navio português entrava no Porto navio espanhol”

 Rimas e repetições são desaconselhadas e desagradáveis

 Nunca utilizar a primeira pessoa em géneros informativos (forma impessoal)

 Verbo preferencialmente na VOZ ATIVA, com especial atenção para os de


movimento (chegar, ir, voltar, entrar, empurrar, deslocar…), em vez daqueles
que exprimem estados (morar, residir, ficar, acreditar...)

a) ATIVA: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo


verbo
Ex: “O empreiteiro de Leiria (sujeito agente) FEZ (ação) a casa do ministro
da saúde (objeto paciente)”
b) PASSIVA: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo
verbo
Ex: “A casa do ministro da saúde (sujeito paciente) FOI FEITA (ação) pelo
empreiteiro de Leiria (agente da voz passiva)”

c) REFLEXIVA: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é,


pratica e recebe a ação.
Ex: “O empreiteiro de Leiria feriu-se”
(não confundir com noção de reciprocidade: “Os boxistas feriram-se
gravemente”

 Utilizar o presente do indicativo e o futuro do presente (composto) quando se refere


algo que vai acontecer
Ex: “O presidente viaja amanhã” ou “O presidente vai viajar amanhã”

 Evitar: “O presidente viajará amanhã” (futuro do presente – não composto)

 Presente do indicativo – expressa o facto no momento em que se fala


Ex: “O aluno lê uma notícia” ou “O aluno afirma que os valores mudaram”

 Futuro do presente – para falar da ação/acontecimento que provavelmente ocorrerá


no futuro
Ex: “O aluno irá ler o texto de encerramento”

 Evitar exibicionismos ou falsas erudições

 Descrever ao pormenor, não suprimindo informação, enriquecendo o trabalho com


grande número de factos. Imperdoável gastar muitas palavras para dizer nada

 Correta identificação das fontes

 As fontes não identificadas serão sempre uma exceção, discutida com as chefias,
sendo sempre preferível o máximo de precisão possível
Ex: “Um elemento da tripulação do navio Escola Sagres adianta que (...)”
(Evitar) “Fonte ligada ao navio Escola Sagres (...)”
ou
“Um dos elementos presentes na reunião (...)”
(Evitar) “Fontes próximas de S. Bento (...)”

A - Como escrever: identificações, artigos, preposições, adjetivação


1) Preposições: Palavra que estabelece relação entre termos de uma mesma oração
Não cair na tentação de:
Adversativas – mas, porém, contudo, todavia, no entanto...
Conclusivas – portanto, logo, pois, por isso...
Consecutivas – que, tal, tanto, tão...

2) Identificação das fontes / Fontes duplas


Ex: “Segundo escreve o jornal francês Le Monde, o relatório, disponibilizado online
esta terça-feira pela ANSM, explica que o medicamento testado.....”

3) Fontes identificadas coerentemente e sob as mesmas regras


 - Primeira vez: primeiro e último nome

 - Segunda: último nome / cargo o profissão (atenção)


 - Devem ser, sempre que possível, referidas informações como a idade, cargo
que ocupa, caso a notícia aborde alguma qualidade especial

 - Nomear figuras públicas pelo nome que são mais conhecidas. Ex: Pedro
Miguel de Santana Lopes – Santa Lopes – Pedro Lopes

 - No caso de se estarem a noticiar fatalidades, acidentes, ou atos heróicos


protagonizados por desconhecidos, deve-se incluir o máximo de dados: nome,
idade, profissão, estado civil, naturalidade e residência

 - Os graus académicos e honoríficos apenas se utilzam na identificação das


fontes quando estas falarem com o jornal nessa qualidade e apenas uma vez:
“Miguel Duarte, médico do Hospital Santam Maria.....

 - Evitar redundâncias despropositadas:


Ex: “fontes bem informadas”, “fonte segura”... quem não utiliza fontes bem
informadas ou seguras?

4) Identificações geográficas
 Identificar os lugares de onde se fala: desadequadas como “nesta escola”,
“neste país”, “aqui”, “nesta cidade”
 Tem de existir bom senso quando se refere locais: Faro e Coimbra toda a gente
sabe, mas não Moita da Roda ou Fonte Cova – Ex: “Paço, aldeia do conselho
de Leiria”

5) Datas: as datas inseridas nas peças reportam-se sempre à data do cabeçalho


do jornal
 Diário: o hoje é ONTEM; ontem é ANTEONTEM; amanhã é HOJE
 Semanário: amanhã é o dia a seguir à saída do jornal – esta data até pode
estar a uma semana de distância do dia em que o jornalista escreve

6) Uso de artigos definidos (o, a, os, as)


 Deve ser apenas aplicado quando se refere a assuntos já conhecidos do
público ou para indicar implicitamente exaustividade. Exemplo: “Greve da
TAP paralisa acessos a Lisboa”
 - Nunca utilizar artigos definidos (o, a os, as) junto de nomes próprios,
exceto, por vezes, em citações. Porquê? Se o jornalista conhece a
personagem, dá ideia proximidade e exclusão do leitor – quase uma
narrativa privada, intima.
Exemplo: “O acidente ocorreu às 18h30 da madrugada de segunda-feira. O diretor
clínico do Hospital de Leiria, José Silva, disse que a vítima se encontra nos cuidados
intensivos, em estado grave. ‘Ainda consideramos permatura avançar com qualquer
prognóstico’, referiu o José Silva 

7) Expressões não aconselháveis:


 “disse ao repórter”
 “disse à nossa reportagem”
OBS: se temos a resposta, é evidente que foi perguntado e respondido
 Adjetivação / valorização da narrativa e dos factos

 O discurso direto, em aspas, nunca surge em itálico


 Acrónimos
 Pronomes demonstrativos:
1ª pessoa: este, esta, isto;
2ª pessoa: esse, essa, isso;
3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo
 Pronomes possessivos: (muito cuidado) ” O seu objetivo passa por desafiar a
população portuguesa” (errado)
Ex: Teu, tua, seu, sua, nosso, nossa, vosso, vossa, seu, sua
 Referenciar horários: 12 horas / não 12h / 21h30 - correto
 Coerentes com o novo acordo ortográfico: datas históricas / meses em caixa alta: 25
de Abril de 1974

B - Concisão na elaboração de notícias


1) Hierarquizar as informações recolhidas: das mais relevantes para as menos
importantes
 
2) Valorizar a informação essencial: (o que aconteceu? a quem? onde? quando? porquê?
como?)
 
3) Definir um ângulo de abordagem e elaborar um plano de escrita: em conformidade
com o espaço disponível
 
4) Transmitir uma ideia por frase / não divagar: desdobrar cada mensagem informativa
em dois ou mais períodos

5) Elipses (omissão de um elemento da oração):


 Nenhuma frase jornalística pode deixar de conter um pensamento completo; não
é aceitável que da preocupação em sintetizar possam resultar erros gramaticais,
como a supressão de complementos exigidos pelo verbo.
 Conter um pensamento completo. Exemplo:
Errado
“Não queria vir para o Porto. E ficou ‘desgostosa e irritada’ quando, através do canal do
clube espanhol, soube da transferência de Madrid”.
Certo
“Não queria vir para o Porto. E ficou “desgostosa e irritada” quando, através do canal do
clube espanhol, soube da transferência de Madrid para a cidade invicta”

6) Zeugma: omissão de um palavra ou de palavras já expressas numa oração próxima. Só


se admitem quando os termos omissos se subentendem com facilidade
Exemplo
“Os políticos da região estão em pânico. (Eles) Temem as consequências das investigações
das autoridades judiciárias. E (temem) que o avolumar dos processos prejudique a imagem
da classe política”

7) Importa prescindir de dados supérfluos: repetições, antecedentes desnecessários à


compreensão da realidade – dados sem interesse informativo 
Exemplos:
a) Câmara / autarquia /edilidade
b) Pessoas – designa-se alternadamente pelo nome, cargo ou função que ocupam, idade,
ou qualquer outra caraterística pertinente.

Exemplo: “Manuel António disse...., “O diretor clínico do Hospital de Santa Maria…’’

8) Não qualificar substantivos, substituindo-os por adjetivos / evitar advérbios de modo:


Exemplos:
- Provavelmente, a carga tributária continuará se elevando.
- É certamente difícil a disputa em concursos públicos.
- Mais investimento em educação é uma iniciativa extremamente
 Feliz — felizmente
 Português — portuguesmente
 Duro ou dura —duramente
 Teimoso ou teimosa — teimosamente
 Rico ou rica — ricamente
 Chegou apressadamente, porque é tarde

9) Preferir formas verbais simples em detrimento das compostas

10) Remeter para textos complementares (caixas/cronologias...) as biografias, bibliografias,


filmografias, discografias e outras e outras listas de obras, bem como anteriores participações
das personagens das histórias em atividades políticas, sociais, científicas, desportivas,
culturais...

11) Não utilizar mais de 36 palavras por período, nem parágrafos com mais de 600
carateres – no caso do lead, não mais de 230/250 caracteres.
Exemplo correto:
“O antigo presidente da República de Itália, Giorgio Napolitano, manifestou, ontem,
em Madrid, um apoio incondicional a todas as futuras decisões do presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, relativas à guerra contra o terrorismo”. (34
palavras período / 240 carac lead)

12) Evitar excesso de laconismo: sucessão de frases muito breves – determina a supressão de
informações importantes e dá a sensação de um martelar incomodativo
Exemplo (errado)
“Rio Lis. Margem direita. Agonia. Desespero. Angústia. Incapacidade. Morrem árvores.
Desencanto. Paisagem triste. E agora? O vereador do urbanismo, Manuel Gomes, não sabe.

Rosto sombrio. Cruza as mãos. Justificações insuficientes. Olhar vago. Personificação da


mágoa. Promete. Mais. Melhor. (...)
 Texto Lacónico (errado)
“Rotunda junto ao aeroporto da Portela, última sexta-feira. Um automóvel e um veículo
pesado circulam, em simultâneo, na mesma via. Em faixas de rodagem que se cruzam. Um
agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) reage. Evita uma colisão.
‘Ambos circulavam, ao mesmo tempo, em faixas de rodagem que se cruzam na via. O camião
TIR efetuou uma travagem brusca e verteu parte da carga. A estrada ainda se encontra
interdita à circulação’, informou o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP”.

13) Escrever ao ritmo da vida


“Através da linguagem escrita, é possível, jogando com a extensão dos grupos rítmicos,
suscitar nos leitores a evocação de um sentimento, de um humor, das circunstâncias que
rodearam o acontecimento, etc. A variação do ritmo das frases, em função da velocidade ou
do vagar com que se desenrola a ação, imprime realismo à narrativa e cria contrastes rítmicos
que não só animam as peças, evitando a monótona repetição de segmentos com o mesmo
número de sílabas, como permitem realçar, isolando-as entre vírgulas, palavras e expressões
fundamentais, em certos contextos, para se perceber o que se passou no terreno” (Ricardo,
2003: 52)

 Diferenciação de ritmos:
- “Canalha, palhaço, ladrão!”, ouve-se gritar. Agitam-se os ânimos. O presidente da Junta de
Freguesia dos Marrazes, feliz, salta, a sorrir, para o palanque improvisado. Exclama:
“Vencemos, vencemos!”. Ninguém sabe como...

- “O dia foi o mais longo e fatigante da última semana de campanha. Já descontraído,


recostado no banco de trás do Mercedes cinza metalizado, braços cruzados sobre peito, o
candidato dormitava....”

14) Perífrases (políticos, advogados, diplomatas...)


 
(Errado) Quando os primeiros raios de sol começavam a tentar romper por entre as nuvens....
(Correto) Quando amanhecia
 
(Errado) Introduzir o esférico no interior da baliza.....
(Correto) Marcar golo

(Errado) Perto de Leiria, concretamente nas Cortes (...). O terreno custou milhares de euros,
designadamente 50 mil....
(Correto) Nas Cortes, perto de Leiria (...). O terreno custou 50 mil euros

15) Pleonasmos e construções redundantes: não empregar, na mesma frase, duas ou mais
palavras ou expressões com idêntico significado, nem repetir, na mesma peça, informações ou
opiniões.
Exemplos:
 além disso (também) / amigo (pessoal) / (ano de) 1995 / há três anos (atrás)
(cidade de) Lisboa ou do Porto / 21 anos (de idade)
 “Os dois estiveram juntos na guerra colonial, no tempo em que ambos eram
estudantes universitários”

16) Lugares comuns: evitar


Exemplos:
Rematou à figura / o esférico / espetáculo dantesco / soldados da paz

17) Evitar muletas de linguagem: expressões ou palavras para “colar” orações,


períodos ou parágrafos – reduzir ao máximo a sua utilização
 Exemplos:
Quer dizer / assinala-se que / como se sabe / em suma / entretanto (muito cuidado) /
em última análise / note-se que / recorde-se que / registe-se que / salienta-se que /
tudo começou quando / por outro lado (só se antes tiver utilizado por um lado)

18) Transformar orações intercaladas em períodos independentes:


 
Errado
“O presidente do Instituto Politécnico de Leiria decidiu, a fim de satisfazer uma das principais
reivindicações dos estudantes, debater com a associação de estudantes a questão das
propinas” (188 carac)
 
Certo
“O presidente do Instituto Politécnico de Leiria decidiu debater com a associação de
estudantes a questão das propinas (100 carac). Satisfez, assim, uma das principais
reivindicações dos estudantes (65 carac)

19) Evitar muletas de linguagem 


 Não utilizar o gerúndio para unir proposições de extensão considerável, mas o
ponto final para separá-las:
 
Errado
“Os estudantes devem aprender a escrever períodos curtos, impondo-se, para isso,
que eliminem as redundâncias” (108 carac)
 
Certo
“Os estudantes devem aprender a escrever períodos curtos (54 carac). Impõe-se, para
isso, que eliminem as redundâncias. (49 carac)

20) Use a construção nominal (elíptica) quando o relato não exigir um verbo
expressivo. Evita-se, deste modo, o emprego de muitos que e outras conjunções e
pronomes relativos:
 
a) Errado
-“Portugal anunciou que apoia que seja criado um observatório para os refugiados, na
condição de (...)
Tratava-se de um problema que era difícil solucionar
 
Correto
-“Portugal anunciou que apoia a criação de um observatório para os refugiados, na condição
de (...)

Tratava-se de um problema que era difícil de solucionar

b) Errado
-“O português que estava barricado nas instalações da BBC (...)”
 
Certo
-“O português barricado nas instalações da BBC (...)”

21) Evitar utilização excessiva de “que”: passar para o infinitivo o verbo


Errado
“Portugal anunciou que condena (...)
Ele disse que ambicionava que (...)
 
Correto
“Portugal anunciou condenar (...)
Ele disse ambicionar que (...)
 
 Evitar utilização excessiva de “que”: substitua o que e o verbo que se lhe
sucede nas orações explicativas por um adjetivo ou por um gerúndio
 
Errado
“O terrorista, que ansiava fazer-se explodir, afirmou que (...)
 
Correto
“O terrorista, ansioso por se fazer explodir (ou ansiando fazer-se explodir), afirmou
que (...)

22) Utilizar palavras curtas: quando se pode escolher uma entre duas ou mais palavras de
significado idêntico, opte pela que tiver menos carateres
 
 - unicamente (10 carac), somente (7 carac), apenas (6 caract) / prefira....só
 - desmoronar-se / prefira......cair ou ruir
 - momento em que/ prefira.....quando
 - apressadamente / prefira.....à pressa (dois vocábulos- exceções)

-Admite-se o uso da mais comprida das palavras para evitar repetições:


Exemplo
“Privilégios foram abolidos nas prisões portuguesas. ‘As cadeias não são hotéis’, eis o novo
lema nos estabelecimentos prisionais, anunciado pelo ministro da Administração Interna

23) Começar textos – regras:


a) Vá direto ao assunto e ponto final
 
b) Quando o tema é complexo, pode tornar-se desejável iniciar a notícias com uma ou duas
frases curtas, destinadas a despertar o interesse dos destinatários / numa reportagem de
acontecimento (quente) até se pode recorrer a uma colorida descrição do local ou do
ambiente em que ocorreram os factos, a fim de transportar o leitor para o centro da ação
 

c) Antijornalismo é divagar, contextualizar ou recordar os antecedentes, primeiro, e noticiar


ou relatar, depois

FAZER TÍTULOS
 Os títulos anunciam a peça jornalística que lhes sucede. O espaço de titulação é o
primeiro elemento que o leitor apreende, juntamente com as fotografias

 O clássico leitor viaja de título em título até encontrar aquele que lhe prende a
atenção e o convida a ler a notícia

 Os jornalistas sabem que titular implica talento e arte. Conhecem bem as dificuldades
subjacentes a um bom título

 O título é o elemento mais complicado numa peça jornalística. Não é por acaso que se
deixa, normalmente, para o fim. Porquê?

 Nessa altura, o jornalista já domina por completo o conteúdo da peça, sendo mais
fácil construir uma mensagem/imagem em poucas palavras

 “O título deve possuir um ritmo próprio e um equilíbrio interno que o tornem,


simultaneamente, apelativo e esclarecedor”, Anabela Gradim apud Silva Araújo (2000)

 “Apesar da intenção declarada de cativar o leitor, a regra de ouro de todo o título é


nunca o enganar, prometendo em título mais do que aquilo que se tem para lhe
oferecer. O resultado disso são títulos gritantes e sensacionalistas que defraudam e
frustram os leitores. O título deve respeitar rigorosamente o texto a que se reporta, e
nunca insinuar — por exemplo, através da descontextualização de uma frase —
elementos que a peça não contempla”, Anabela Gradim (2000)

Ideias base:
 Títulos apelativos e esclarecedores
 Regra de ouro: nunca o enganar, prometendo mais do que aquilo que se tem para
lhe oferecer
 Respeitar rigorosamente o texto a que se reporta

Espaço de titulação
 
Antetítulo: Ontem em Belém (completa o título e retira-lhe a obrigação de dizer tudo)
Título: Delegações do PSD e PCP reuniram-se com Presidente da República
(condensa a informação presente no lead )
 
Subtítulo/ - Comunistas e centristas querem eleições antecipadas
Pós-título
Sumário: - Comunistas preferem “política de mudança” legitimada nas urnas
- Centristas estão disponíveis para novas coligações governamentais
 
Reportagem
Superlead: O dramático encontro de um bandido tresloucado, um policial imprudente e
uma jovem inocente produz uma chocante cena de violência e faz o governo
acelerar plano nacional de segurança
Entrevista

Superlead: Com um quarto de século de emissões literárias, abandona o “palco”, legando


ao audiovisual inesquecíveis autorretratos de escritores e intelectuais. Uma
aventura televisiva
Perfil
Superlead: Ocupa-se do dossier mais explosivo do governo: a educação. Investigador, amante
do campo, dos cavalos e do vinho, Tiago Rodrigues é um estreante na política. Ensaio sobre a
vida e o percurso profissional de um governante que assumiu ter sido alcoólico.
 Num passado relativamente recente, estes elementos estavam presentes no espaço
de titulação.
 Vantagem: davam toda a informação
 Desvantagem: tornavam a notícia menos aliciante
 Atualmente: novas regras exigem um jornalismo mais atrativo e até informal -
implicam a supressão de um ou outro elemento para deixar o leitor com “água na
boca”.

Segundo Daniel Ricardo (2003), existem:


 
a) Títulos informativos
- enuncia os dados principais da mensagem essencial
- surpreende pela novidade que revela
Exemplos:
 “João Sousa vence Roland Garros”
 “Socialistas e comunistas convergem na AR”
 “Mulher assaltada na rua direita”
 “Ucranianos passam no Poço do Bispo”

b) Títulos informativos/explicativos
- enuncia os dados principais da mensagem essencial
- surpreende pela novidade que revela
- explica
Exemplos:
 “Alqueva abre comportas para salvar cegonhas”
 “GNR em luta por melhores salários”

c) Títulos incitativos/apelativos
- nascidos da imaginação
- surpreendem pela originalidade e pelo modo singular como formulam as ideias ou
combinam as palavras (por vezes metaforicamente)
- notícias / reportagens de interesses humano – features / situações que foram notícia /
entrevistas-retrato / perfis / matérias que prestam serviços úteis ao leitor
 Exemplos:

 “Um sarilho chamado Lis” (protesto relativamente às descargas das suinicultoras)


 “Boss Springsteen” (perfil de Bruce Springsteen)
 “Roland Garros 2016 (antetítulo) / O ano da glória de João Sousa”
 “Vítimas de fogo ficam a arder” (propr. florestas ardidas deixam de receber
indeminizações)
 “Tudo sobre o caso Sócrates”

 Títulos incitativos/apelativos
- “Alimentação (antetítulo) – Descubra como comer de forma saudável”

 Verbos no imperativo: transformam os títulos em “vozes autoritárias e de


comando”

entr
 “Aprenda a manter-se em forma” / “Como manter-se em forma”
 “Conheça o turismo cultural do oeste” / “Roteiro do turismo cultural do oeste”

Regras para a construção de títulos


 Os títulos têm de surpreender
 Títulos puramente informativos para notícias fortes (que por si só agarram o leitor)
 Quanto mais forte (conteúdo) for uma notícia, mais simples, direto e concreto deverá
ser o título:
EX: “Preço da gasolina desce em março / Jovens e reformados deixam de pagar taxas
moderados”
 Títulos que exigem maior criatividade incidem sobre notícias de menor impacto
EX: “Carros: o barato sai caro” (problema carros LBaixa) / “Jesus perto do céu” (Benfica
reforços)

Segundo Daniel Ricardo (2003), importa evitar títulos:


 “Brancos”: ideias vagas e abstratas
EX: “Deputado escreve ao PR” / “Os mitos da paixão” / “Leiria, capital da cultura”  

 Enunciativos ou temáticos: limitam-se a dizer o assunto do texto


EX: “Vida difícil para o União de Leiria”
“Câmara endividada”
“Terrenos da Prisão Escola com destino incerto”

 Exortativos: Lançam apelo


“Ajudemos os refugiados sírios”

 Valorativos: Exprimem juízos de valor


“The World Needs Nata, um pastel encantador” / “O Gato das Botas, um filme
cativante” 

Segundo o livro de estilo do jornal Público:


Principalmente em notícias e reportagens de acontecimento
 “Os títulos e os antetítulos dos textos informativos devem ser sempre inspirados no
‘lead’”

 “A liberdade ‘poética’ de escolher o título noutra zona do texto, que não no ‘lead’, não
é admissível”

 “Se o ‘lead’ não está devidamente construído e não justifica o título, corrija-se o ‘lead’.
Mas, se o ‘lead’ respeita as regras, não há razão alguma para que o antetítulo e o título
fujam ao seu conteúdo”

 “Os títulos e antetítulos (bem como a entrada) devem constituir unidades de sentido
por si só - não devem ser repetitivos em relação ao "lead", nem "matar" a informação
contida nele”
 “É, no entanto, admissível que o antetítulo e o título sejam complementares entre si,
deixando, neste caso, cada um de constituir uma unidade de sentido por si só”
 “A obrigação destes se inspirarem no "lead" não significa que repitam as mesmas
expressões. Inspiração não é sinónimo de repetição”

Mau exemplo:
Antetítulo - "Secretário de Estado revelou ontem”
Título - "Estado deve 500 milhões à Segurança Social”
Lead - "O Estado deve 500 milhões de contos à Segurança Social, revelou ontem o
secretário de Estado”  

 “Títulos imaginativos e vigorosos são uma característica do PÚBLICO. Mas isso não
deve confundir-se com a facilidade dos trocadilhos ou das "private jokes" cifradas”

 “Entre um título descritivo e sóbrio, mas rigoroso, e outro que se reduz a um mero
jogo de palavras, o primeiro deve ser a opção correta. A utilização do humor pode ser
desejável, mas o traço grosso da caricatura não tem lugar”

 “Os títulos descritivos não devem exceder as seis palavras, e os títulos-síntese as


quatro”

 “Os subtítulos (intertítulos) não devem exceder as três palavras e as duas linhas a uma
coluna, intervalados entre si por 2000 caracteres. Devem ser sugestivos, captando o
essencial do trecho do texto que introduzem, sem anular o "suspense" da leitura nem
repetir palavras ou ideias sintetizadas noutros intertítulos/subtítulos, no título e nas
legendas da peça. Não devem vir muito antes nem depois do ponto a que se referem
e, nas entrevistas, não devem ser inseridos entre uma pergunta e uma resposta”

 “As entradas dos textos, as fotografias e as legendas, desde que estas se encontrem
associadas ao bloco do título, devem ser lidas de forma complementar com o título e
antetítulo, como se fossem peças de um mesmo ‘puzzle’
Numa situação limite, em que o leitor apenas tivesse tempo para ler esse conjunto de
sinais, eles deveriam ser suficientes para lhe fornecer uma informação mínima. Ou
seja, esse conjunto terá que conter os elementos informativos essenciais do texto,
numa interação conjugada”

 Alguns artigos definidos e partículas devem ser retirados – mas não quando alteram o
sentido do texto:
“Os mistérios do IPLeiria” (todos)
“Mistérios do IPLeiria” (alguns)
 Devem ser construções afirmativas: o verbo colocado no presente do indicativo
Quando o acontecimento ocorre num passado recente: utilizar o presente do
indicativo

Errado: “Parlamento aprovou duodécimos / Benfica comprou terrenos da


segunda circular”
Correto: “Parlamento aprova duodécimos” / “Benfica compra terrenos da
segunda circular”
 
 Se o título respeita a factos num passado distante, utiliza-se pretérito perfeito:
EX: “Alexandre Dumas escreveu Conde de Monte Cristo com penas de galinha”

 Facto ainda não ocorrido: usar o presente do indicativo em vez do futuro do indicativo
EX: “Primeiro-ministro visita Sicília na próxima semana”

 Evitar fórmulas interrogativas. Aceitam-se quando convidam o leitor a procurar


respostas no texto:

Errado: “IPLeiria e governo: são muitas as palavras que os separam?”


Correto: “Como vai mudar Portugal?”

 Não utilizar a forma condicional: “Assaltante teria sido preso” (foi ou não?)

 Desaconselha-se a utilização de títulos na negativa. Aceita-se em citações.

Errado: “Marco Gomes não foi condenado pelo Tribunal de Leiria”


Correto: “Marco Gomes absolvido pelo Tribunal de Leiria”
Correto: “Marco Gomes: ‘Leiria não tem espaços verdes”
Exceção: quando está em causa comoção ou alívio - “UE não aplica sanções a
Portugal / Portugal não entra na III Guerra”

 Preferir formas verbais simples em vez de compostas:


EX: “João Sousa (foi) convidado para US Open”

 Não utilizar o verbo querer (ou outros) quando se trata de uma certeza;

Errado: “Câmara de Leiria quer demolir o teatro Miguel Franco” / “Benfica pode
contratar mais um avançado”
Correto: “Câmara de Leiria decide demolir o teatro Miguel Franco” / ““Benfica
deve contratar mais um avançado”

 Não confundir ação com declaração:


Errado: “Ministro afasta perigo de epidemia”


Correto: “Ministro nega (ou desmente) perigo de epidemia”
 Os títulos, da mesma forma que os períodos e as frases, nunca podem iniciar por
algarismos. Nem acabar: número deverá ser escrito por extenso
EX: “20 milhões de euros perdidos na bolsa” / “Vinte milhões e euros perdidos na
bolsa”

 É proibido o uso de ponto e vírgula e reticências

 Sinais de pontuação devem ser reduzidos ao estritamente indispensável e, sempre que


possível, eliminados – são admissíveis a vírgula, o travessão e dois pontos “: , –”

 É um erro repetir palavras no mesmo bloco antetítulo-título: evitar repetições de


palavras, rimas, cacofonias ou sons chocantes, chavões, lugares comuns e expressões
com duplo sentido

 Quando num título se recorre a uma citação ou opinião, o autor da mesma deve ser
identificado no antetítulo

 Não se devem generalizar raças, etnias, nacionalidades ou profissões, excepto quando


tal se reporta a atitudes colectivas de tais grupos:

Errado: “Polícia mata mulher e amante”/ “Romeno assalta banco” / “Cigano


responsável por incêndio do Coimbrão”
Correto: “Italianos referendam rede pública de água” / “Enfermeiros anunciam
greve de zelo”

 Títulos exigem mensagens compressíveis:

Errado: “Ameaça de impeachment paira sobre Obama” / Ministro da Cultura


quer salvar TT” / “Aldo Giannuli ganha Prémio Pessoa”
Certo: “Mandato de Obama ameaçado de impugnação / Ministro da Cultura
salva Teatro Tivoli / Investigador italiano ganha Prémio Pessoa”

 Antetítulo completa o título


Antetítulo: “Ontem em Belém”
Título: “Delegações do PSD e PCP reuniram-se com Presidente da República”
 Evitar perífrases:

Errado: “Traficantes portugueses contratam ex-profissionais da PSP”


Correto: “Traficantes portugueses contratam ex-polícias”

 Pleonasmos e redundâncias:

Errado: “Cientistas discutem cancro num debate em Leiria”


Correto: “Cientistas discutem cancro em Leiria”

 Os títulos não merecem:


 Palavras eruditas
 Nomes de pessoas desconhecidas
 Rimas e cacofonias
 
 Título/antetítulo não devem apregoar tomadas de posição ou pontos de vista: errado
utilizar adjetivos qualificativos, aumentativos, diminutivos, advérbios de modo e
enunciados subjetivos. Exceto em citações.

Errado: “Spread tem de baixar” / “Banca paga pouco”


“Porque é preciso abolir as taxas moderadoras” / “NOS faz mau negócio”
“Golão de Rui Vitória vale campeonato” / “Governo estranhamente silencioso”
Correto: “Raul Castro: Os leirienses contribuem pouco para a cultura e são
reacionários”

 Títulos incitativos podem não ter verbo. Já os informativos precisam de um verbo que
lhes confira expressividade, dinamismo e rigor:
“Consumo aumentou em Abril”
“Isabel Neves no PS” / Correto: “Isabel Neves adere ao PS”
“IPLeiria contra o Estado” / Correto: “IPLeiria processa Estado” (rigor)

 Evitar palavras extensas, incluindo a maioria dos advérbios de modo:

Errado: “Expropriações dos terrenos prosseguem aceleradamente”


Correto: “Expropriações dos terrenos prosseguem com rapidez”

 Evitar eufemismos:

Errado: “Câmara planeia prescindir de 200 trabalhadores”


Correto: “Câmara planeia despedir 200 trabalhadores”

 Evitar, nos títulos informativos, verbos como: “ser, estar, ter e haver, ir e vir,
fazer, dizer, colocar...”

Evitar: “PR vai ao Congresso do IPLeiria”


Correto: “PR discursa (ou preside) ao Congresso do IPLeiria”

 Títulos de notícias e reportagens de acontecimento (reportagens noticiosas)


requerem, preferencialmente, verbos de ação

 Título informativo: nunca começar com o verbo deixando o sujeito


subentendido: Errado: “Exigem a demissão de Passos Coelho” / “Marcaram o
golo da vitória”

 
 Importa titular, em geral, sobre as consequências em vez das causas: torna-se
mais mobilizador

Evitar: “Parlamento aprova aumento de pensões”


Correto: “As pensões vão aumentar” ou “Pensões aumentam em janeiro”

 Vocábulos grafados a itálico, como estrangeirismos, devem estar entre aspas


“impeachment”

 Utilizar dois pontos para introduzir citações. Nunca para relacionar pessoas,
instituições, acontecimentos e situações ou outras realidades – preferível a
vírgula ou deslocar as palavras para antetítulos:

Errado: “Isabel Neves: da TSF para a Antena 1” / “Recessão: investimento


abranda”
“França: reeleição de Holande pouco provável” / “Acidente: comboio descarrila
em Alcobaça” / “Universidades: conselho de reitores discute financiamento”
Correto: “Isabel Neves, da TSF para a Antena 1” / “Isabel Neves (antetítulo) Da
TSF para a Antena 1”

Caraterísticas do superlead (grafado negro)


 Em termos redatoriais, é um convite à leitura
 Do ponto de vista gráfico, é uma ponte entre o título e a o texto
 Função: apresentar, de forma atraente, o tema da peça no ângulo e no tom que foi
abordado
 Quanto mais incitativo/apelativo for o título, mais informativo deve ser o superlead
 Deve funcionar como uma chave de leitura:
 Esclarecer, completar
 À falta de um antetítulo, deve enquadrar no tempo e no espaço, num
acontecimento ou numa situação, a mensagem do título
 Expor as razões que que justificam a realização do trabalho ou sumariar os
pontos mais curiosos ou significativas da história
 Desenvolver em frases curtas,
 Palavras fortes, diferentes daquelas utilizadas no título
 Não reproduzir os dados contidos na abertura/entrada/lead

Superlead – reportagem acontecimento Perfil | Entrevista


Pontos fortes da reportagem Resumir elementos do percurso pessoal
Enquadrar no tempo e no espaço, num Pontos fortes do perfil/entrevista
acontecimento ou situação

Razões que justificam realização do trabalho

- Onde fica o supermercado?


- Ele disse estar pronto para entrar.
- Ele escreveu um texto sobre acidentes de trânsito.
- Inglaterra anunciou defender a adulteração do relatório sobre as emissões de gases.
- O francês enterrado na praia da luz.
- Jose afirmou ambicionar estar perto da luz solar.
- O bombeiro desejava fazer-se imolar disse não pretender palavras alheias.
- O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tomou posse no dia 20 de
novembro, proferiu um discurso onde contradizia todas as intervenções públicas de
Cavaco Silva.
- O vencedor do carro do carro por mim desejesado disse preferir o outro cujo o primo
tinha comprado.
- O jornalista cuja reportagem aparecera no jornal de seguinda feira, ganhou o prémio
desejado por todos.
- Espero uma resposta a fim de esclarecer as duvidas a respeito das questões
previamente discutidas.

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