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Sumário - Difere
Géneros Jornalísticos
Construção de um “Lead”
Devem evitar-se interrogações e citações
Numa entrevista, uma citação pode ser uma boa escolha para dar a conhecer o
entrevistado
Uma imagem forte servirá para dar voz à reportagem
O “lead” – 300 caracteres, dois parágrafos
tí
Não deve começar com uma negativa nem de forma dubitativa, interrogativa ou
condicional. Tão pouco por um gerúndio, uma conjugação ou expressões gastas do
tipo “Como se sabe”, “registe-se”, “recorde-se”, “de acordo”
Tanto quanto possível deve acentuar-se a ação: “Forças rebeldes ocuparam ontem de
surpresa a capital X, pondo fim a um cerco de vários dias”
Exercício Lead:
O quê? Fecho do centro e estação de metro
Onde? Bruxelas, Bélgica
Quem? Autoridades belgas
Porquê? Um suspeito detido com botijas de gás na bagageira da sua viatura
Quando? 17, Março
Como? …
O centro e a estação de metro de Bruxelas foram hoje encerrados pelas autoridades belgas na
sequência da detenção de um suspeito que transportava botijas de gás na bagageira da sua
viatura
24.03.2017
ÉTICA, DEONTOLOGIA
O PAPEL DO JORNALISTA
Recolher informação
Noticiar/informar/dar conhecimento /esclarecer/promover o debate/inteirar-se
/investigar
1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade.
Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A
distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
4. O jornalista deve utilizar meios legais para obter informações, imagens ou documentos e
proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra
e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.
tí
6. O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista
não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem
desrespeitar os compromissos assumidos, exceto se o tentarem usar para canalizar
informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
8. O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça,
credos, nacionalidade, ou sexo.
9. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto quando estiver em causa o
interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios
que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a
atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10. O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu
estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da
sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesse.
Requisitos:
Inteligência: recolha de informação /enquadramento da informação
Domínio da língua portuguesa (falada e escrita)
Domínio das “novas” tecnologias
Humildade para:
- Aprender continuamente “ajoelhar-se “ diante do acontecimento (procurar ignorar
as suas própria emoções)
-Aceitar críticas fundamentadas
Distanciamento dos fatos, pessoas, acontecimentos
Autónomo no pensamento
Sentido crítico – só possível cultivando-se e estudando/preparar-se para os assuntos
Tomar decisões
Imaginação (novos temas, assuntos, histórias )
ATENÇÃO
O jornalista NÃO:
Difunde boatos
Invade e devassa a privacidade fé personagens públicas
Trafica influências
Paga nem presta favores
Promove determinadas personalidades nem arruína outras
Dá lições de moral
É um justiceiro tipo “Robin Hood”
Coage
Trai a confiança das fontes e dos leitores
O jornalista deve evitar serviços que impliquem proximidade com causas defendidas. Este,
profissional não pode ser amigo, no momento em que está a desempenhar a sua atividade,
dos seus entrevistados. SÃO FATORES QUE PREJUDICAM A SUA ISENÇÃO
O jornalista deve procurar, por todos os meios, afastar-se ou evitar os elementos que possam
condicioná-lo, positiva ou negativamente.
O jornalista deve combater a divisão sistemática do trabalho com outros jornalistas (pool) –
porque fomenta:
O comodismo de escrita (métodos), de esquemas mentais
AS rotinas que só produzem homogénea, sem ritmo e interesse
As fontes devem ser cultivadas – mas nunca no sentido de fomentar a PROMISCUIDADE (mais
complicado em meios pequenos)
O jornalista deve lembrar-se que, independentemente do público querer novidades,
tem de respeitar hábitos e rotinas, não podendo “violentá-las”/alterá-las
bruscamente.
Os leitores possuem rotinas cognitivas que são importante respeitar: acesso
rápido à informação, hábito pelo estilo, paginação, grafismo, espaço cénico –
elementos de fidelização. NÃO FOMENTAR A DESORIENTAÇÃO
Não se pode proceder a alterações demasiado radicais. Mas também se deve
evoluir - FUNDAMENTAL INOVAR
tí
31/03/2017
Organização da redação
Antes
- Redação
- Departamento comercial
- Oficinas: tipografias e distribuição
Agora
- Redação
- Departamento comercial
- Online/oficinas: tipografias e distribuição – serviços entregues a outras empresas
REDAÇÃO
Direção (diretores-adjuntos/subdiretores):
- Tem direito ao título de equiparação a jornalista, mesmo que não o seja,
- Definir linha editorial
- Editoriais
- Ligação com a administração
- Mantém relações com colaboradores importantes e representa o jornal
- Assumir responsabilidades legais por textos não assinados
- Coresponsabilizar-se por textos identificados
- Gerir os quadros
- Supervisiona os grandes trabalhos
- Opinião sobre os grandes temas e aspetos de conteúdo (títulos, textos...) da primeira página
Chefia de Redação
- Tarefas executivas
- Supervisionar trabalho da redação
- Primeira página
- Reporta ao diretor do jornal
- Atribui o número de páginas por secção
Editores de Secção
- Coordenar trabalho dos redatores da sua área (política, economia, desporto.....)
- Editar as peças produzidas
- Definir as peças que são inseridas em determinada secção
- Escrevem peças jornalísticas
Redatores
- Elaboram os textos
- Ligados a uma secção (especialização em sociedade, cultura, desporto...)
- Devem dominar vários géneros jornalísticos, e adaptar-se a diferentes secções
- Cumprir deadlines – tempo e recolher informação
tí
Colaboradores
- Realizam trabalho jornalístico (podem ou não ser jornalistas): trabalho regular ou
especializado (gastronomia, cinema...)
- Não pertencem aos quadros da empresa
Colunistas
- Elaboram textos em nome individual
- Não representam a linha editorial do jornal
Secretaria de Redação
- Apoio administrativo
Arquivo
GÉNEROS JORNALÍSTICOS
NOTÍCIA/BREVE
Texto eminentemente informativo, relativamente curto, claro, direto, conciso
Particularidades segundo Daniel Ricardo (2003): veracidade, atualidade, interesse – só
existe interesse se houver proximidade, importância, conteúdo humano e
originalidade
Regras de elaboração/construção: “lead” (o quê, quem, quando, onde porquê), títulos,
subtítulos, construção por blocos e pirâmide invertida.
Pirâmide invertida (mais usual)
Vantagens
Naturalidade – fórmula próxima da estrutura que serve para contar uma
história
Facilidade de leitura e memorização
Serve o leitor apressado
Adapta-se às necessidades de edição e paginação
Técnica que permite descodificar a realidade, apreendendo os sinais
importantes de um acontecimento e distingui-los do acessório
Permite correção jornalística
Adequa-se à falta de tempo para escrever (notícias de última hora) ou outras
quaisquer situações adversas para a elaboração de um texto jornalístico,
permitindo escrever corretamente
tí
Desvantagem
Quando o jornalista é preguiçoso, acentua rotinas e automatismo, podendo
resvalar para o comodismo da escrita e dos esquemas mentais
EX: “Realizou-se ontem, pelas 19 horas, o primeiro encontro anual da Casa do Povo da
Figueira da Foz...” / “Decorreu ontem...” / “Os militantes do PSD reuniram ontem...”
“O secretário de estado da educação anunciou ontem...”
Vantagens
Se o leitor desiste da notícia num determinado ponto, perde garantidamente
informação, mas não fica com algum conceito ou ideia pendente no parágrafo
seguinte.
O editor e o paginador sabem que se for importante/necessário diminuir o
texto devido ao espaço, podem começar a cortar parágrafos a partir do fim,
sem que se percam elementos relevantes: Exemplo: cortar até ao lead – ficaria
uma breve
Desvantagem: Rigidez na escrita
Picos de interesse
Mantém-se o leitor atento, introduzindo-se ao longo da peça elementos de interesse.
Revelações no Final
Introduzem-se os dados de grande interesse na parte final da notícia.
Criar suspense no lead
Deixa-se o leitor em “ânsia” pela revelação de um determinado dado, não se
introduzindo no parágrafo imediatamente a seguir, mas só depois de se ter aguçado a
curiosidade.
Pirâmides sucessivas
Construção do texto através de sucessivas pirâmides invertidas, onde os temas se
encontram ordenados logicamente e separados por intertítulos/subtítulos
Observação: Qualquer jornalista deve primeiro dominar a técnica de pirâmide invertida para
depois lançar-se nas restantes, igualmente importantes para desenvolver um estilo vivo e
nervoso, de prosa criativa e original.
tí
REPORTAGEM
É considerado o género jornalístico mais nobre.
Objetivo: informar os leitores, tal como a notícia.
Investe-se mais recursos do que na elaboração de uma notícia. Pressupõe recolha de
informação in loco.
Importa definir o “ângulo de ataque”. Implica tempo.
Reportagem de acontecimento: notícia alargada
Reportagem temática: prosa de grande fôlego, conta uma história, com detalhes,
procurando colocar os leitores dentro do acontecimento.
Vários formatos de construção:
Acontecimento: pirâmide invertida e lead vs construção por blocos
Temática: Pirâmide invertida (muito pouco usual) / construção por blocos / picos de
interesse / revelações no final / criar suspense no lead / pirâmides invertidas
sucessivas
EDITORIAL
Texto da responsabilidade da direção (diretor ou subdiretores).
Deverá acompanhar cada edição e focar-se nos acontecimentos mais marcantes da
atualidade ou dessa edição do periódico, de interesse geral e não aquele somente
caro ao editorialista.
Texto relativamente curto, ocupar sensivelmente o mesmo espaço, escrito com ritmo
e vivacidade, vocabulário rico e frases não muito longas.
FOTOJORNALISMO
As fotografias que secundam e ilustram os textos são de grande relevância.
São os elementos que o leitor mais presta a atenção juntamente com as legendas, depois dos
títulos e antetítulos.
Objetivos:
Embelezar as páginas;
Possuir valor estético autónomo;
Cortar a uniformidade dos carateres impressos;
Estabelecer uma relação com os textos, comentando-os e revelando novas perspetivas
de leitura.
LEGENDA
Pequenos textos situados ao lado ou em baixo das fotografias, explicando,
contextualizando ou chamando a atenção para os aspetos mais interessantes da
imagem.
A legenda possui um caráter eminentemente informativo. Todas as fotos devem ser
legendadas, ainda que a imagem parece óbvia a muitos leitores.
A foto e a respetiva legenda devem funcionar como um bloco autónomo, uma vez que
um leitor pode apenas ver a foto e legenda e passar para a notícia seguinte.
FAIT-DRIVERS
Pequenas notícias de temáticas muito diversificadas que relatam aspetos curiosos do
quotidiano: roubos, acidentes, coincidências, caos de polícia e, geralmente, todos os
factos curiosos que, pela originalidade ou coincidência, são suscitáveis de gerar uma
notícia.
Embora contenham elementos informativos, não são uma notícia em sentido clássico.
Pode-se dizer que são uma pequena notícia de interesse humano que apela ao lado
voyeur e um pouco mórbido de todos os leitores.
É, portanto, um pequeno facto curioso que funciona como uma unidade fechada e
praticamente se esgota na sua narrativa.
A inserção no jornal serve para distrair ou desanuviar os leitores. A originalidade é o
elemento que o carateriza.
OPINIÃO
Texto através do qual o autor exprime pontos de vista parciais e subjetivos
relativamente a determinados temas/assuntos.
O estilo varia muito, do humor ao erudito, do maldizer ao corriqueiro, passando pela
análise seca, rigorosa e direta aos factos, relacionando factos aparentemente dispares
e enquadrando-os em deduções e conclusões.
A opinião chama a atenção, frequentemente, para muitos aspetos das notícias eventualmente
esquecidos ou que, propositadamente, interessa salientar.
CRÓNICA
Surge, normalmente, misturado com o género de opinião
A crónica, regra geral, é um texto que apela à imaginação e às valências estéticas da
linguagem, muitas vezes em registo pitoresco
Conta uma história ou versa sobre factos sugestivos do quotidiano
Não obedece a um encadeamento lógico. Exprimem raramente opiniões e não têm por
objetivo convencer o auditório
São textos de leitura leve e agradável, sem grandes pretensões de atuar ou influir
sobre a realidade
Existe uma grande diferença entre artigo de opinião e crónica:
Artigo de Opinião: utiliza dados sólidos e racionais para formar a opinião e atuar sobre
a realidade - convencer
tí
Crónica: agarra no real como pretexto, fazendo uso de liberdades poéticas, estilísticas,
imaginativas, não toleradas em mais nenhum género jornalístico – não pretende
convencer ou influenciar a realidade, apenas falar/dissertar sobre ela
É verdade que não há regras para realizar uma crónica. Mas um bom leitor sabe
identificar quando está em presença de uma excelente crónica:
Prende a atenção
Propõe
Sugere
Diverte
Estimula intelectualmente
ENTREVISTA
Género fundamental de toda a prática jornalística
Refere-se a todos os contactos que são efetuados com uma fonte durante o processo
de recolha de informação.
É a entrevista que fornece a matéria-prima (as informações) para a maior parte dos
géneros jornalísticos: notícia, legenda, opinião ou reportagem
A entrevista também pode ser enquadrada num género jornalístico específico,
autónomo, normalmente conhecido como a “entrevista pergunta-resposta”: são as
grandes entrevistas, de fundo, a uma determinada personagem publicadas no formata
da “pergunta-resposta” – não sofrem qualquer arranjo ou composição / integração do
discurso direto ou indireto no texto jornalístico.
Peça jornalística: fundamental saber como (de que modo) e que (quem?) fontes localizar
Fontes profissionais: existem fontes especializadas para lidar com os jornalistas, como os
assessores de imprensa e relações públicas (muitas vezes antigos jornalistas). Objetivo: passar
determinadas mensagens para os media.
tí
Fontes profissionais: o seu trabalho é relevante para os jornalistas, mas não pode ser
considerado exclusivo: estas fontes não podem ser consideradas únicas em questões que
envolvem pessoas ou instituições para quem trabalham – nestes casos é sempre importante
contactar outras fontes (validar/cruzar informação), uma vez que os seus interesses podem
consistir, frequentemente, em MANIPULAR ou FILTRAR a informação divulgada.
Muitas fontes, pelo lugar que ocupam, tendem a produzir, INTENCIONALEMNTE OU NÃO,
versões parciais das histórias/acontecimentos
Histórias que envolvam questões sociais, confrontos ou polémicas, o jornalista deve reger-se
por várias fontes, representativas dos vários lados/perspetivas em confronto.
Exemplo 1: Funcionário dos CTT atropela uma criança de seis anos porque seguia em excesso
de velocidade, diz um cidadão que se encontrava à janela da casa, em frente ao local do
acidente.
O trabalho de confirmação de dados deve ser realizado com sensibilidade para não perturbar
inusitadamente as pessoas em dor.
Exemplo 2: Greves (números sempre manipulados)
Exemplo 3: Os serviços académicos do IPL emitem um comunicado alargando o prazo de
pagamento d propinas (questionar sempre)
LEI DE IMPRENSA
Determina alguns princípios no âmbito da relação com as fontes, garantindo aos jornalistas:
Liberdade de acesso às fontes de informação
Incluindo o direito de acesso a locais públicos e respetiva proteção
Direito de sigilo profissional (não revelar, em tribunal, as fontes confidenciais)
Artigo 8º
“1 - O direito de acesso às fontes de informação é assegurado aos jornalistas:
a) Pelos órgãos da Administração Pública (...);
b) Pelas empresas de capitais total ou maioritariamente públicos, pelas empresas
controladas pelo Estado, pelas empresas concessionárias de serviço público ou do uso
privativo ou exploração do domínio público e ainda por quaisquer entidades privadas
que exerçam poderes públicos ou prossigam interesses públicos (...);
2 – (...)
3 - O direito de acesso às fontes de informação não abrange os processos em segredo de
justiça, os documentos classificados ou protegidos ao abrigo de legislação específica, os dados
pessoais que não sejam públicos dos documentos nominativos relativos a terceiros, os
documentos que revelem segredo comercial, industrial ou relativo à propriedade literária,
artística ou científica, bem como os documentos que sirvam de suporte a atos preparatórios
de decisões legislativas ou de instrumentos de natureza contratual.
4 – (...)
5 – (...)
tí
O jornalista deve recusar-se a noticiar suicídios, a não ser que estes ocorram em locais
públicos e sejam do conhecimento da opinião pública (não perturbar familiares na sua
dor)
Respeitar o princípio da inocência dos arguidos até ao trânsito em julgado da respetiva
sentença – os acusados não devem ser identificados de forma a poderem ser
reconhecidos (ladrão, carteirista…)
Evitar metonímias generalizadas de etnias, religiões, grupos sociais ou profissionais: “o
cigano, o africano, o muçulmano que assaltou uma caixa de multibanco” –
desprestigiante para toda a comunidade e municiador de representações sociais
negativas (o assaltante portuense, de raça branca)
Muito grave identificar vítimas de crimes sexuais, homens ou mulheres, maiores ou
menores de idade, e sobretudo, menores delinquentes ou qualquer menor de idade
envolvido em situações desfavoráveis (invasão de privacidade, humilhação, danos
irreparáveis para o futuro, crianças que não têm quem as defenda, o direito ao bom
nome é violado e não punido)
Exemplo:
“João Marcelo, de 15 anos, (fotografia do detido) iniciou o contacto com
drogas aos 11 e hoje vive numa habitação abandonada no Bairro do Ingote”
“A Maria tem cinco anos, vive na casa de acolhimento da caridade de São
Lúcia, gosta de estudar e é uma das melhores alunas da primeira classe da
Escola Básica de Seira. Ainda recém-nascida, com duas semanas, a sua vida
ficou marcada pelo abandono prematuro da mãe, toxicodependente e
prostituta”.
Não incitar à violência, ao ódio racial e à prática de quaisquer crimes
Não se relacionam criminosos com pessoas públicas conhecidas, exceto quando tenha
relevância no crime cometido ou na atuação das pessoas em causa.
Exemplo (errado): Uma pessoa de 60 anos de vida impoluta e dedicada não deve ser
conotada ao neto toxicodependente que assaltou uma loja de roupa
Exemplo (correto): Deve-se falar do irmão do secretário de estado da educação que
ganhou de forma dolosa e escusa o concurso para a requalificação do parque escolar e
que, após investigações, foi acusado pelo MP – esta ligação, embora salvaguardando a
presunção de inocência, pode ser realizada (figura/cargo público)
LINGUAGEM
Como se fazem as notícias
Géneros Jornalísticos
Género NOTÍCIA
Se nos aspetos formal e estrutural, a reportagem (temática) e a crónica apelam à criatividade
do jornalista, a notícia não se compadece com grandes desvios em relação ao modelo que se
subordina
1) Precisão e clareza
Hábil vs engenhoso
Discutir vs travar uma discussão Mais curtas
Se vs na eventualidade de Mais concisas
Para vs com o objetivo de
Numerosos estrangeirismos fazem parte da nossa língua, sendo adotados na sua forma
original (black out, chats, clip, high-tech, franchising, offset, input, rock) ou adaptados às
caraterísticas fonéticas da língua (aerodinâmica, antibiótico, chalé, chefe, computador,
cibernética, cassete)
As fontes não identificadas serão sempre uma exceção, discutida com as chefias,
sendo sempre preferível o máximo de precisão possível
Ex: “Um elemento da tripulação do navio Escola Sagres adianta que (...)”
(Evitar) “Fonte ligada ao navio Escola Sagres (...)”
ou
“Um dos elementos presentes na reunião (...)”
(Evitar) “Fontes próximas de S. Bento (...)”
- Devem ser, sempre que possível, referidas informações como a idade, cargo
que ocupa, caso a notícia aborde alguma qualidade especial
- Nomear figuras públicas pelo nome que são mais conhecidas. Ex: Pedro
Miguel de Santana Lopes – Santa Lopes – Pedro Lopes
4) Identificações geográficas
Identificar os lugares de onde se fala: desadequadas como “nesta escola”,
“neste país”, “aqui”, “nesta cidade”
Tem de existir bom senso quando se refere locais: Faro e Coimbra toda a gente
sabe, mas não Moita da Roda ou Fonte Cova – Ex: “Paço, aldeia do conselho
de Leiria”
11) Não utilizar mais de 36 palavras por período, nem parágrafos com mais de 600
carateres – no caso do lead, não mais de 230/250 caracteres.
Exemplo correto:
“O antigo presidente da República de Itália, Giorgio Napolitano, manifestou, ontem,
em Madrid, um apoio incondicional a todas as futuras decisões do presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, relativas à guerra contra o terrorismo”. (34
palavras período / 240 carac lead)
12) Evitar excesso de laconismo: sucessão de frases muito breves – determina a supressão de
informações importantes e dá a sensação de um martelar incomodativo
Exemplo (errado)
“Rio Lis. Margem direita. Agonia. Desespero. Angústia. Incapacidade. Morrem árvores.
Desencanto. Paisagem triste. E agora? O vereador do urbanismo, Manuel Gomes, não sabe.
tí
Diferenciação de ritmos:
- “Canalha, palhaço, ladrão!”, ouve-se gritar. Agitam-se os ânimos. O presidente da Junta de
Freguesia dos Marrazes, feliz, salta, a sorrir, para o palanque improvisado. Exclama:
“Vencemos, vencemos!”. Ninguém sabe como...
(Errado) Perto de Leiria, concretamente nas Cortes (...). O terreno custou milhares de euros,
designadamente 50 mil....
(Correto) Nas Cortes, perto de Leiria (...). O terreno custou 50 mil euros
15) Pleonasmos e construções redundantes: não empregar, na mesma frase, duas ou mais
palavras ou expressões com idêntico significado, nem repetir, na mesma peça, informações ou
opiniões.
Exemplos:
além disso (também) / amigo (pessoal) / (ano de) 1995 / há três anos (atrás)
(cidade de) Lisboa ou do Porto / 21 anos (de idade)
“Os dois estiveram juntos na guerra colonial, no tempo em que ambos eram
estudantes universitários”
tí
20) Use a construção nominal (elíptica) quando o relato não exigir um verbo
expressivo. Evita-se, deste modo, o emprego de muitos que e outras conjunções e
pronomes relativos:
a) Errado
-“Portugal anunciou que apoia que seja criado um observatório para os refugiados, na
condição de (...)
Tratava-se de um problema que era difícil solucionar
Correto
-“Portugal anunciou que apoia a criação de um observatório para os refugiados, na condição
de (...)
tí
b) Errado
-“O português que estava barricado nas instalações da BBC (...)”
Certo
-“O português barricado nas instalações da BBC (...)”
22) Utilizar palavras curtas: quando se pode escolher uma entre duas ou mais palavras de
significado idêntico, opte pela que tiver menos carateres
- unicamente (10 carac), somente (7 carac), apenas (6 caract) / prefira....só
- desmoronar-se / prefira......cair ou ruir
- momento em que/ prefira.....quando
- apressadamente / prefira.....à pressa (dois vocábulos- exceções)
FAZER TÍTULOS
Os títulos anunciam a peça jornalística que lhes sucede. O espaço de titulação é o
primeiro elemento que o leitor apreende, juntamente com as fotografias
O clássico leitor viaja de título em título até encontrar aquele que lhe prende a
atenção e o convida a ler a notícia
Os jornalistas sabem que titular implica talento e arte. Conhecem bem as dificuldades
subjacentes a um bom título
O título é o elemento mais complicado numa peça jornalística. Não é por acaso que se
deixa, normalmente, para o fim. Porquê?
Nessa altura, o jornalista já domina por completo o conteúdo da peça, sendo mais
fácil construir uma mensagem/imagem em poucas palavras
Ideias base:
Títulos apelativos e esclarecedores
Regra de ouro: nunca o enganar, prometendo mais do que aquilo que se tem para
lhe oferecer
Respeitar rigorosamente o texto a que se reporta
Espaço de titulação
Antetítulo: Ontem em Belém (completa o título e retira-lhe a obrigação de dizer tudo)
Título: Delegações do PSD e PCP reuniram-se com Presidente da República
(condensa a informação presente no lead )
Subtítulo/ - Comunistas e centristas querem eleições antecipadas
Pós-título
Sumário: - Comunistas preferem “política de mudança” legitimada nas urnas
- Centristas estão disponíveis para novas coligações governamentais
Reportagem
Superlead: O dramático encontro de um bandido tresloucado, um policial imprudente e
uma jovem inocente produz uma chocante cena de violência e faz o governo
acelerar plano nacional de segurança
Entrevista
tí
b) Títulos informativos/explicativos
- enuncia os dados principais da mensagem essencial
- surpreende pela novidade que revela
- explica
Exemplos:
“Alqueva abre comportas para salvar cegonhas”
“GNR em luta por melhores salários”
c) Títulos incitativos/apelativos
- nascidos da imaginação
- surpreendem pela originalidade e pelo modo singular como formulam as ideias ou
combinam as palavras (por vezes metaforicamente)
- notícias / reportagens de interesses humano – features / situações que foram notícia /
entrevistas-retrato / perfis / matérias que prestam serviços úteis ao leitor
Exemplos:
tí
Títulos incitativos/apelativos
- “Alimentação (antetítulo) – Descubra como comer de forma saudável”
entr
“Aprenda a manter-se em forma” / “Como manter-se em forma”
“Conheça o turismo cultural do oeste” / “Roteiro do turismo cultural do oeste”
“A liberdade ‘poética’ de escolher o título noutra zona do texto, que não no ‘lead’, não
é admissível”
“Se o ‘lead’ não está devidamente construído e não justifica o título, corrija-se o ‘lead’.
Mas, se o ‘lead’ respeita as regras, não há razão alguma para que o antetítulo e o título
fujam ao seu conteúdo”
“Os títulos e antetítulos (bem como a entrada) devem constituir unidades de sentido
por si só - não devem ser repetitivos em relação ao "lead", nem "matar" a informação
contida nele”
“É, no entanto, admissível que o antetítulo e o título sejam complementares entre si,
deixando, neste caso, cada um de constituir uma unidade de sentido por si só”
“A obrigação destes se inspirarem no "lead" não significa que repitam as mesmas
expressões. Inspiração não é sinónimo de repetição”
Mau exemplo:
Antetítulo - "Secretário de Estado revelou ontem”
Título - "Estado deve 500 milhões à Segurança Social”
Lead - "O Estado deve 500 milhões de contos à Segurança Social, revelou ontem o
secretário de Estado”
“Títulos imaginativos e vigorosos são uma característica do PÚBLICO. Mas isso não
deve confundir-se com a facilidade dos trocadilhos ou das "private jokes" cifradas”
“Entre um título descritivo e sóbrio, mas rigoroso, e outro que se reduz a um mero
jogo de palavras, o primeiro deve ser a opção correta. A utilização do humor pode ser
desejável, mas o traço grosso da caricatura não tem lugar”
“Os subtítulos (intertítulos) não devem exceder as três palavras e as duas linhas a uma
coluna, intervalados entre si por 2000 caracteres. Devem ser sugestivos, captando o
essencial do trecho do texto que introduzem, sem anular o "suspense" da leitura nem
repetir palavras ou ideias sintetizadas noutros intertítulos/subtítulos, no título e nas
legendas da peça. Não devem vir muito antes nem depois do ponto a que se referem
e, nas entrevistas, não devem ser inseridos entre uma pergunta e uma resposta”
“As entradas dos textos, as fotografias e as legendas, desde que estas se encontrem
associadas ao bloco do título, devem ser lidas de forma complementar com o título e
antetítulo, como se fossem peças de um mesmo ‘puzzle’
Numa situação limite, em que o leitor apenas tivesse tempo para ler esse conjunto de
sinais, eles deveriam ser suficientes para lhe fornecer uma informação mínima. Ou
seja, esse conjunto terá que conter os elementos informativos essenciais do texto,
numa interação conjugada”
tí
Alguns artigos definidos e partículas devem ser retirados – mas não quando alteram o
sentido do texto:
“Os mistérios do IPLeiria” (todos)
“Mistérios do IPLeiria” (alguns)
Devem ser construções afirmativas: o verbo colocado no presente do indicativo
Quando o acontecimento ocorre num passado recente: utilizar o presente do
indicativo
Facto ainda não ocorrido: usar o presente do indicativo em vez do futuro do indicativo
EX: “Primeiro-ministro visita Sicília na próxima semana”
Não utilizar a forma condicional: “Assaltante teria sido preso” (foi ou não?)
Não utilizar o verbo querer (ou outros) quando se trata de uma certeza;
Errado: “Câmara de Leiria quer demolir o teatro Miguel Franco” / “Benfica pode
contratar mais um avançado”
Correto: “Câmara de Leiria decide demolir o teatro Miguel Franco” / ““Benfica
deve contratar mais um avançado”
Quando num título se recorre a uma citação ou opinião, o autor da mesma deve ser
identificado no antetítulo
Pleonasmos e redundâncias:
Títulos incitativos podem não ter verbo. Já os informativos precisam de um verbo que
lhes confira expressividade, dinamismo e rigor:
“Consumo aumentou em Abril”
“Isabel Neves no PS” / Correto: “Isabel Neves adere ao PS”
“IPLeiria contra o Estado” / Correto: “IPLeiria processa Estado” (rigor)
Evitar eufemismos:
Evitar, nos títulos informativos, verbos como: “ser, estar, ter e haver, ir e vir,
fazer, dizer, colocar...”
Importa titular, em geral, sobre as consequências em vez das causas: torna-se
mais mobilizador
Utilizar dois pontos para introduzir citações. Nunca para relacionar pessoas,
instituições, acontecimentos e situações ou outras realidades – preferível a
vírgula ou deslocar as palavras para antetítulos: