Armazenagem e

Movimentação
de Terminais
Desenvolvimento do material
Júlio César de Souza Loureiro

1ª Edição
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO

L892a Loureiro, Júlio César de Souza.

Armazenagem e Movimentação de Terminais / Júlio César de Souza Loureiro. –

Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO, 2020.
122 p. : il. ; 23 cm.

ISBN: 978-85-9549-155-7

1. Logística empresarial. 2. Manuseio e transporte de materiais. 3.

Armazenagens gerais. I. Título.

CDD – 658.78

Armazenagem e Movimentação de Terminais 2

 Projetando um Armazém
Sumário
Para início de conversa... ................................................................................. 21
Apresentação ....................................................................................................... 6
Objetivo ......................................................................................................... 21
Objetivos Gerais ................................................................................................. 6
1. Localização do Armazém (Níveis de Decisão Envolvidos,
Proximidade das Fontes de Matérias-Primas e Fornecedores,
A Armazenagem no Contexto Logístico Proximidade dos Consumidores, Facilidades de Acesso) ................ 22
Para início de conversa... ................................................................................. 8 2. O Layout do Armazém (Objetivos, Utilização Cúbica, Estruturas
Administrativas, Docas, Câmaras Frias, Frigoríficas e Outras
Objetivo ......................................................................................................... 8
de Apoio à Operação, Estudos de Layout) ............................................ 25
1. Características da Armazenagem (Funções de Armazenagem, 3. Decisões de Layout do Armazém ............................................................. 34
Tipologia dos Armazéns e Terminais de Operações Logísticas) ...... 9
Referências ......................................................................................................... 36
2. Necessidades de Espaço Físico (Razões para a Adoção de
um Espaço Físico) .......................................................................................... 13
Recebimento de Materiais
3. Armazém Próprio x Armazém Terceirizado x Misto (Exemplos,
Vantagens e Desvantagens de Cada Modelo) ..................................... 14 Para Início de Conversa .................................................................................... 38
3.1 Armazém Próprio .................................................................................... 15 Objetivo ......................................................................................................... 38

3.2 Aluguel de Espaço de Terceiros ......................................................... 16 1. Antes do Recebimento Físico (Agendamento, Conciliação
da DANFE x Pedido) ..................................................................................... 39
3.3 Estoque em Trânsito ............................................................................. 17
2. Recebimento Físico (Recebimento de Devoluções, Conferência
3.4 Operações Mistas ................................................................................... 18
de Recebimento, Contagem Cega, Recebimento Automático e de
Referências ......................................................................................................... 19 Fornecedor Certificado, Situações que Demandam Recebimento
Técnico e Quarentena para Aferição da Qualidade) .......................... 42
Armazenagem e Movimentação de Terminais 3
3. Registro de não Conformidades (Relatório de Ocorrências); 1. Endereçamento e Localização no Armazém (Projeto de
Devolução Total e Parcial; Lançamento nos Sistemas de Identificação de SKU, Identificação de Ruas, Espaços e
Controle, Trâmite de Documentos e Incorporação Áreas Especiais, Endereço Fixo, Aleatório WMS) ................................ 70
ao Estoque Físico ........................................................................................... 47
2. EPI, EPC e NR-35 para a Equipe Envolvida
Referência ......................................................................................................... 50
na Armazenagem ........................................................................................... 76
3. Prevenção de Perdas na Armazenagem, Tecnologias de
Equipamentos voltados para a armazenagem e a Monitoramento .............................................................................................. 79
movimentação de produtos
Referências ......................................................................................................... 81
Para Início de Conversa .................................................................................... 52
Objetivo ......................................................................................................... 52 Separação e Expedição
1. Principais estruturas de armazenagem (blocado, porta-paletes,
estantes, mezaninos, drive-in, drive-through etc.) ............................ 53 Para início de conversa... ................................................................................. 83
2. Principais equipamentos de movimentação (paleteiras, Objetivos ......................................................................................................... 83
empilhadeiras, AGV, talhas, pórticos móveis, pontes rolantes, 1. Técnicas de separação física (formas e soluções) .............................. 84
rebocadores, guindastes, carrinhos, transelevadores etc.) ............. 61
2. Mecanismos de conferência, embalagem dos produtos
3. Esteiras, transportadores, carrosséis horizontal e vertical ............. 65
separados, pesagem e identificação ....................................................... 88
Referências ......................................................................................................... 67
3. Emissão do DANFe, expedição de mercadorias com
direcionamento para as transportadoras e destinação
Endereçamento e Cuidados no Armazém adequada de avarias e resíduos ............................................................... 92
Para início de conversa... ................................................................................. 69 Referências ......................................................................................................... 95
Objetivo ......................................................................................................... 69

Armazenagem e Movimentação de Terminais 4

Custos na Armazenagem
Para início de conversa... ................................................................................. 97
Objetivo ......................................................................................................... 97
1. Principais custos associados à armazenagem e à movimentação
de materiais e soluções para reduzi-los ............................................... 98
2. Conceito LDC laid-down cost (dos custos de entrega afetados
pela localização dos armazéns) ............................................................... 104
3. Trade-offs na armazenagem (compensação de custos, custo
da sobra, da falta e das avarias) ............................................................... 106
Referências ......................................................................................................... 110

O Futuro da Armazenagem
Para Início de Conversa .................................................................................... 112
Objetivo ......................................................................................................... 112
1. Armazém do Futuro (Hub Multimarcas e Multiempresas) .............. 113
2. Armazém Verde e Autossustentável ....................................................... 116
3. Desafios Logísticos para Manter e Elevar o Nível de Serviço
ao Cliente com a Armazenagem ............................................................... 118
Referências ......................................................................................................... 122
Considerações Finais ........................................................................................ 122

Armazenagem e Movimentação de Terminais 5

Apresentação fortemente ligadas ao viés de sustentabilidade, a fim de manter e elevar
o nível de serviço ao cliente por meio de um processo de armazenagem
Caro leitor, seja muito bem-vindo à disciplina Armazenagem e bem articulado.
Movimentação de Terminais, a qual aborda tópicos de extrema relevância,
como a identificação do tipo de armazenagem, critérios para a escolha
da opção mais vantajosa para a organização, as principais características Objetivos Gerais
da armazenagem, considerando as suas funções, tipologia dos armazéns
▪ Registrar dados e tratamento da informação relativos aos estoques e
e terminais de operações logísticas. Exploraremos as razões que levam
à logística do armazém.
os gestores a necessitarem de um espaço físico para acomodar as suas
▪ Descarregar e conferir as mercadorias ou produtos recepcionados no
operações logísticas.
armazém.
No desenrolar das unidades, você irá conhecer os tipos de armazéns ▪ Preparar e expedir encomendas.
existentes, bem como as atividades existentes nas operações, que ▪ Identificar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e
vão desde o recebimento, incorporação aos estoques, movimentação Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).
de produtos, separação, conferência, expedição até a entrega às
▪ Interpretar as normas de qualidade e a sua aplicabilidade.
transportadoras para o posterior envio aos clientes. Além disso, daremos
▪ Proceder ao planejamento e controle de tráfego associado à recepção
destaque aos tipos de estruturas, equipamentos de movimentação,
de mercadorias e produtos.
técnicas de endereçamento, localização, sistemas informatizados de
apoio à operação e tecnologias de prevenção de perdas.

E como tudo que se move na logística representa um custo, você será

convidado a conhecer os principais custos associados à armazenagem
e movimentação de materiais, assim como as soluções que você
poderá propor para reduzi-los. Por fim, veremos as tendências futuras,

Armazenagem e Movimentação de Terminais 6

Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
A Armazenagem no
Contexto Logístico
Para início de conversa... Objetivo
Sejam todos muito bem-vindos ao nosso primeiro capítulo. Aqui, Interpretar os tipos de armazéns existentes e escolher a opção mais
iniciamos nossa caminhada na disciplina Armazenagem e Movimentação vantajosa para a organização.
de Terminais e partimos conhecendo os principais tipos de armazéns
existentes, como também os critérios que devem ser utilizados para a
escolha da opção mais vantajosa para a organização, considerando o
contexto organizacional e os seus objetivos. Em seguida, vocês terão
contato com as principais características da armazenagem, suas funções,
tipologia dos armazéns e terminais de operações logísticas. Além disso,
exploraremos as razões que levam os gestores a necessitarem de um
espaço físico para acomodar as suas operações logísticas.

Interpretaremos, aqui, os tipos de armazéns existentes e decisões que

você poderá tomar um dia. Esse tipo de conhecimento permitirá à sua
empresa optar por um armazém próprio, terceirizado ou misto. Veremos
exemplos e examinaremos as vantagens e desvantagens apresentadas
por cada um dos modelos propostos.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 8

1. Características da Armazenagem (Funções
de Armazenagem, Tipologia dos Armazéns e
Terminais de Operações Logísticas)
A logística passou a ser percebida como uma alternativa para o
cumprimento eficiente dos objetivos de todas as organizações. É uma
disciplina que cuida de todas as atividades que envolvem a movimentação
e armazenagem, as quais, segundo a visão de Nogueira (2018), contribuem
positivamente para o fluxo de produtos, iniciando com os primeiros elos
das cadeias de suprimentos, com a obtenção de matérias-primas, e, em
seguida, perpassando por todos os elos, até chegar ao consumidor final ou
cliente. Envolve fluxos de informações capazes de colocar os produtos em
Figura 1: Ajudante de armazém efetuando a coleta do código de barras de um item durante
movimento, objetivando o atingimento de níveis de serviço que atendam a separação física com o auxílio de um coletor de dados móvel integrado a um sistema
às expectativas dos consumidores por um custo razoável. especialista chamado WMS (Warehouse Management System – Sistema de Gerenciamento do
Armazém, em português). Fonte: Dreamstime.

Ainda segundo Nogueira (2018), apesar de as atividades de transporte,

Atualmente, as grandes e médias empresas estão bem niveladas em relação
ao aspecto tecnológico, pois existem soluções acessíveis para muitos
segmentos, sendo a logística um dos principais elementos capazes de
assegurar a sobrevivência e o crescimento dessas organizações no mercado.
Uma logística eficiente pode representar o diferencial de uma empresa.
manutenção de estoques e processamento de pedidos, conhecidas
também como atividades primárias, serem os principais elementos que
contribuem para garantir a disponibilidade e a condição física de bens
e serviços, existe uma série de atividades complementares que apoiam
essas atividades primárias. São conhecidas como atividades de apoio e,
dentre elas, encontra-se a armazenagem.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 9

As atividades de apoio são: adequada, a fim de lançar um produto ao mercado da forma mais
competitiva possível.
▪ Armazenagem.
▪ Manuseio de materiais. Uma vez implementados tais canais de distribuição, a segunda questão
▪ Embalagem de proteção. está ligada à melhor forma de mantê-los em operação, garantindo, dessa
forma, níveis satisfatórios de serviço aos consumidores para os quais
▪ Obtenção.
o produto foi inicialmente projetado. Sabe-se que, na atualidade, os
▪ Programação de produtos.
consumidores ou clientes estão cada vez mais exigentes.
▪ Manutenção de informação.
Logo, devem ser tomadas medidas específicas para custear a construção
A armazenagem refere-se à administração do espaço necessário para e a conservação de estoques de produtos, que devem ser capazes de
manter estoques, solucionando problemas típicos da sua função, como: comportar prioritariamente os itens de maior consumo, uma vez que
1. Localização. seria inviável financeiramente fazer isso para todos os produtos possíveis
2. Dimensionamento de área. de serem armazenados. A estratégia ideal é manter a menor quantidade
possível armazenada, conseguindo, assim, ocupar uma quantidade
3. Arranjo físico.
menor de espaço e minimizar o acionamento de recursos. Isso permite
4. Recuperação do estoque.
uma redução do valor imobilizado em estoque, passando a manter uma
5. Dimensionamento de docas ou baias de atracação. condição mais ágil de atendimento pelo canal de distribuição escolhido
6. Quantidade de docas ou baias de atracação. para esses produtos.
7. Própria configuração e destinação do armazém.
Um sistema de  armazenagem  envolve mais do que a simples
Atualmente, ao optar pela montagem ou reestruturação de uma cadeia armazenagem de materiais. Abrange muitos outros fatores, como
de abastecimento, em sua totalidade ou parcialmente, os gestores tomam disponibilização de espaço, estruturas de  armazenagem, sistemas
decisões importantes, como a escolha do sistema de armazenagem mais de movimentação de materiais, pessoas, equipamentos, programas
indicado e do canal, ou canais, voltados para uma distribuição mais (softwares), equipamentos (hardwares), entre outros.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 10

O sistema de distribuição a ele associado dependerá das características Diante das alternativas disponíveis, um gestor poderá adotar (conforme
do negócio de cada empresa, da forma que foi planejado seu fluxo de a disponibilidade orçamentária, avaliação de custos e políticas da
processos logísticos, de sua cadeia de abastecimento e da forma que empresa em que atua) uma estrutura que mais se adéque à realização
a empresa compete no mercado. E para que isso funcione de forma de suas atividades logísticas de armazenagem. Para uma empresa que
harmônica, é importante que o fluxo dos processos de armazenagem e necessite de espaço físico, considerando a natureza de suas operações e
distribuição estejam muito bem elaborado, a fim de proporcionar o os tipos de produtos que precisa armazenar, para, em seguida, entregar
atendimento das expectativas dos clientes, conforme mencionamos aos seus clientes, ela poderá decidir entre criar um espaço físico próprio
anteriormente. ou alugar um espaço terceirizado, contratando, também, as operações
necessárias à sua execução.
Como pôde ser percebido, a armazenagem  é um dos tópicos mais
relevantes relacionados à logística. Um sistema de  armazenagem, O gestor ainda terá a opção de
quando bem especificado, adequado e aplicado na empresa, pode utilizar estruturas permanentes
solucionar e evitar diversos problemas que influenciam diretamente ou temporárias. As primeiras
o processo produtivo e de distribuição dos produtos. Além disso, pode possuem uma característica de
otimizar a utilização dos espaços e contribuir com a redução de custos resistência e de construção
dos produtos, tanto para abastecer as linhas de produção quanto para mais robusta, servindo por
o consumidor final, proporcionando, consequentemente, o aumento da longos espaços de tempo,
competitividade da empresa focal no mercado. enquanto as últimas
emprestam um caráter
A principal função da armazenagem é administrar o espaço e o tempo.
de transitoriedade ao seu
O espaço dependerá do tipo de produto a ser manuseado e armazenado,
uso, podendo ser erguidas
como estudaremos mais adiante. Cientes disso, os operadores podem
com materiais mais sutis e
usar o espaço disponível de forma efetiva, e algumas das ferramentas
montadas e desmontadas
logísticas potencializam a flexibilização desse espaço, como será visto
em curtos espaços de tempo,
nas unidades 2 a 4 da disciplina.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 11

como aquelas construídas para armazenar a produção de uma empresa
de bebidas, a fim de agilizar as entregas de final de ano (atendimento de
volume extra decorrente de demanda sazonal).
Quanto ao tipo de armazém, os públicos (que podem ser contratados
e utilizados por qualquer empresa apta, não necessariamente ligados
e operados pelo poder público) oferecem um amplo leque de opções
e serviços.
Por outro lado, as empresas que optam por ter e manter armazéns próprios
segmentam esses espaços de acordo com a natureza e vocação de suas
operações. Isso envolve um alto grau de especialização na elaboração dos
projetos de construção ou adaptação de uma estrutura existente às suas
necessidades, incluindo a prescrição de equipamentos mais adequados
ao projeto e à finalidade, o que, muitas vezes, limita a usabilidade dessa
estratégia em função do risco de imobilização em equipamentos e
edificação ou de reformas com adaptação de estruturas existentes.
Percebendo essa realidade, muitos armazéns públicos vêm se esforçando
para corresponder às expectativas dos contratantes, oferecendo
plataformas capazes de atender, sob um custo razoável, diversas opções
de equipamentos, serviços e facilidades. Dessa forma, os armazéns
públicos se notabilizam pela plasticidade de processos e equipamentos
disponíveis, tornando-se capazes de atender aos mais variados tipos de
produtos armazenados e de serviços demandados.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Ballou (2007) elenca os cinco tipos mais comuns de armazéns públicos:
▪ Armazéns de commodities: Destinados a abrigar os tipos mais
comuns de mercadorias padronizadas, tais como madeira, algodão,
café e cereais.
▪ Armazéns para granéis: Voltados para o manuseio e armazenagem
de produtos granelizados, tais como produtos químicos líquidos,
petróleo e seus derivados, xaropes e concentrados. Podem oferecer
a combinação e o fracionamento de carga como parte do serviço que
prestam.
▪ Armazéns frigorificados: Funcionam como grandes câmaras
frigoríficas. São depósitos refrigerados, destinados à guarda de
produtos perecíveis, como proteína animal, frutas, flores, laticínios,
comida processada e congelada, além de produtos químicos e
farmacêuticos.
▪ Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Voltados para
a armazenagem e manuseio de produtos de miudezas domésticas,
ferramentas, acessórios, entre outros.
▪ Armazéns de mercadorias em geral: Idealizados para permitir o
manuseio de inúmeros tipos de produtos, sem apresentar, no entanto,
as facilidades ou equipamentos especializados existentes nos tipos
anteriores.
12

Figura 2: Armazém terceirizado (público) para guarda de frutas. Observe o equipamento de
refrigeração instalado na parte superior destinado à conservação dos vegetais. Fonte: Dreamstime.
2. Necessidades de Espaço Físico (Razões para
a Adoção de um Espaço Físico)
Tão antiga como os registros na história humana sobre as atividades
envolvendo o transporte de coisas ou pessoas, a armazenagem  de
produtos é uma tarefa desenvolvida há séculos. A guarda de cereais,
alimentos, animais vivos, entre outros, é comumente encontrada na
literatura das antigas escrituras de vários povos.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Para Nogueira (2018), a armazenagem engloba a guarda, a manutenção
e a movimentação da matéria-prima e de produtos acabados, com o
intuito de manter a qualidade do produto, administrando o espaço e
tempo. No período atual, sabe-se que tanto o Centro de Distribuição (CD)
como o armazém são os meios mais eficientes para a consolidação das
cadeias logísticas, possibilitando a manutenção de um fluxo constante
para atender aos seus clientes.
Quando a questão é a luta pelo espaço físico, ele pode ser melhor
utilizado quando administrado por um sistema localizador de estoque.
Graças ao apoio da informática, programas especialistas e equipamentos
de apoio tecnológico são capazes de realizar diversas funções de
gerenciamento de estoques existentes em um armazém, porém, além
dessas tecnologias, são necessárias pessoas treinadas e capacitadas
para utilizá-las e melhorá-las.
Um sistema integrado de localização, destinado ao oferecimento de
maior visibilidade da operação e rastreamento das etapas dos processos,
requer uma atuação eficiente dos colaboradores que trabalham no
armazém. Desde a entrada do material no recebimento até a saída na
expedição, todas as etapas precisam ser registradas, evitando, assim,
divergências no ato de inventariar um determinado produto. A Figura
3, a seguir, apresenta as principais atividades de um armazém (CD), na
visão de Nogueira (2018).
13
 Recebimento 3. O pronto acesso a todos os itens (seletividade).
4. Uma máxima proteção aos itens estocados.
5. Uma boa organização.
Movimentação 6. E o mais importante: o atendimento das necessidades dos clientes.
física
Produtos ou Locação de material
matéria-prima A armazenagem  pode ser simples ou complexa, o que irá depender
Controle de qualidade das características intrínsecas aos materiais, tais como o seu grau de
Estocagem Controle de embalagem
fragilidade, oxidação, radiação, volume, combustividade, explosividade,
Gestão de corrosão, peso, volatização, intoxicação, inflamabilidade e forma.
Armazém Inventário

Gestão de recursos
Após análise do tipo de material que será armazenado, os gestores
poderão projetar as necessidades do armazém para promover uma boa
Picking
e packing gestão dos processos e produtos.
Embarque
físico

Montagem de
cargas e expedição 3. Armazém Próprio x Armazém Terceirizado x
Figura 3: Gestão do armazém. Fonte: Adaptada de Nogueira (2018).
Misto (Exemplos, Vantagens e Desvantagens
Um armazém, com seus processos otimizados e alinhados, proporciona de Cada Modelo)
para as empresas, a um custo razoável: Como visto anteriormente, em função dos objetivos e disponibilidade
1. Uma máxima utilização do espaço (ocupação do espaço). de investimento de uma organização, ela pode dispor de estruturas
próprias ou contratadas para a realização de suas operações, sejam elas
2. A efetiva utilização de recursos disponíveis (mão de obra e
desempenhadas em armazéns públicos ou terceirizados.
equipamentos).

Armazenagem e Movimentação de Terminais 14

As organizações que precisem de espaço físico para estoques podem
escolher entre possuir o depósito, alugar o espaço físico (para depois
operar por conta própria ou por meio da contratação de empresas
terceiras, responsáveis pela operação de armazenagem), alugar o
depósito (contratar um depósito montado para ela própria operar ou
também contratar os serviços ali existentes, como no caso dos armazéns
públicos) ou estocar em trânsito. Como esperado, cada uma das quatro
opções possui vantagens e desvantagens. A seguir serão relacionados os
tipos de depósitos e suas características mais relevantes.
3.1 Armazém Próprio
O espaço físico próprio é utilizado pela maioria das indústrias e prestadoras
de serviços, visto que essas organizações demandam um espaço físico
para a realização da armazenagem de alguma forma, que pode ocorrer
a partir da utilização de uma sala com poucos metros quadrados ou de
um galpão com dezenas de milhares de metros quadrados. No entanto,
independentemente do caso, as empresas investem capital na criação e
disponibilidade para uso dessas facilidades (estruturas).
A partir do investimento, espera-se conseguir os seguintes resultados:
▪ Custo da armazenagem inferior ao praticado por terceiros,
especialmente quando existe uma elevada taxa de utilização da
facilidade na maior parte do tempo.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
▪ Maior grau de controle sobre as operações de armazenagem, o
que permite rápidas modificações e ajustes para o atendimento de
demandas pontuais, com níveis de serviço e respostas mais eficientes.
▪ Uso do terreno e da edificação para outros fins, caso haja necessidade,
de modo que a área pode ser reutilizada para comportar atividades de
manufatura ou administrativas, garagem de veículos, departamentos
ou salas comerciais.
▪ Caso a empresa precise armazenar produtos químicos ou
farmacêuticos específicos, essa poderá ser a melhor solução e, talvez,
a única alternativa possível e viável.
Uma desvantagem é o fato de que o investimento em estruturas próprias
demanda um minucioso estudo e levantamento da taxa de retorno do
investimento, o que implica uma maior parcela de responsabilidade aos
investidores, envolvendo encargos trabalhistas, contratação de pessoal
próprio e, o mais relevante, riscos associados de perda do capital
investido, caso a rentabilidade projetada não se materialize por aspectos
alheios ao mapeamento realizado. Isso tudo faz com que, muitas
vezes, a opção mais viável seja o aluguel do espaço, e não sua posse
e manutenção.
Outro ponto desfavorável é a possibilidade de subutilização do espaço
em períodos de baixa demanda.
15
Como exemplo desse tipo de operação, podemos citar o armazém próprio
da empresa Casas Bahia, localizado no município de Duque de Caxias,
estado do Rio de Janeiro, com 137.000 m2 de área total, utilizado para
receber, armazenar, separar e despachar para diversas lojas e municípios
os produtos comercializados pelas lojas físicas e virtual da empresa,
oferecendo maior pontualidade e agilidade nas entregas.
3.2 Aluguel de Espaço de Terceiros
As empresas podem evitar a adoção de depósitos próprios ao optarem
pela contratação de espaços públicos. Atualmente, muitas empresas
prestam esse tipo de serviço com custos competitivos e proporcionando
uma série de opções e facilidades, conforme as exigências dos
contratantes.
O aluguel de espaço pode se dar de várias formas, das mais simples às
mais complexas. Isso cobre desde a locação do terreno ou de espaço
ocioso em operações de outras organizações, para que a empresa
contratante assuma a construção, adequação e operação, evoluindo para
uma operação própria dentro de espaços alugados, até opções mais
sofisticadas, como a contratação do espaço, estruturas, equipamentos,
pessoal e operações, que passam a ser executadas remotamente
por terceiros e acompanhadas pelos indicadores de desempenho
estabelecidos nos contratos celebrados entre as partes.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
As atividades podem ser operadas em espaços públicos, como visto
anteriormente, de forma que diversas empresas contratantes permitem
que suas mercadorias sejam armazenadas em espaços comuns,
juntamente com outras das demais contratantes, separadas conforme a
categoria, tipo e cuidados necessários.
Como operam para diversos contratantes, podem apresentar um preço
tão competitivo quanto os armazéns próprios, sendo uma alternativa a
ser avaliada.
Como já citado anteriormente, existem algumas categorias
predominantes de espaços públicos, como os de commodities, granéis,
frigorificados, utilidades e gerais.
Esses espaços devem apresentar serviços que atraiam seus potenciais
clientes, com ações alinhadas às suas expectativas. Geralmente oferecem
atividades de recebimento, armazenagem, despacho, consolidação,
combinação e montagem de cargas, transferências e estocagem em trânsito.
Com o aumento do nível de serviço exigido, muitos passaram a oferecer
outros serviços adaptados às especificidades dos clientes, tais como:
▪ Manuseio, armazenagem e distribuição por volumes.
▪ Ambiente com umidade e temperaturas controladas.
▪ Espaço para colocação de escritório, sala de reuniões e exposição
de itens.
16
▪ Rastreamento de produtos.
▪ Integração de sistemas via EDI (Electronic Data Interchange, ou
Intercâmbio Eletrônico de Dados, em português).
O termo B2B refere-se ao relacionamento entre duas empresas,
correspondendo ao termo em inglês business-to-business.
As vantagens desse tipo de operação envolvem a melhoria do foco no
negócio, obtenção de acesso à capacidade de nível mundial, redução dos
riscos de investimentos finais caros na aquisição de ativos logísticos,
compartilhamento de riscos, liberação de recursos próprios, que seriam
utilizados nessa operação para outros fins, diminuição ou possibilidade
de controlar de maneira mais eficiente os custos das operações, assim
como melhoria na gestão de funções difíceis ou fora de controle.
Como desvantagens, pode-se elencar a necessidade de vincular-se
a contratos que podem ter uma duração longa. Em função do tipo de
investimento exigido para a operação, a vantagem competitiva pode
ser perdida, caso seja oferecida para outras empresas, incluindo as
concorrentes. Outro ponto negativo é o de que a imagem da empresa
fica associada ao serviço prestado pela empresa contratada, vinculando-
se ao que ela fizer de bom ou de ruim. Além disso, existe a possibilidade
de perda da visibilidade dos custos e do nível de serviço real.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Um exemplo desse tipo de operação é o caso da empresária Tânia
Gomes, a qual, percebendo a sua dificuldade e, também, a de outras
consumidoras, que calçavam sapatos na numeração 33 ou 34,
decidiu criar uma empresa que vende produtos pela rede mundial de
computadores. Ela negociou com os fornecedores o envio dos produtos
em caixas identificadas, os quais, após a realização da venda pela
internet, são direcionados para um armazém terceirizado (público)
responsável por realizar a separação, embalar e despachar o pedido
pelos Correios. Tudo é acompanhado em tempo real, com rastreamento
e utilização dos recursos de pessoal, estruturas de armazenagem e de
movimentação do próprio armazém contratado.
3.3 Estoque em Trânsito
O estoque em trânsito, citado inicialmente, representa a possibilidade
de as empresas possuírem estoques embarcados em veículos durante
o trajeto de suas entregas, partindo do emitente até chegar ao
destinatário, podendo passar de um modal para outro, transitar entre
estruturas físicas temporárias, como alfândegas, até atingir o destino
final. Não deve ser confundido com as facilidades de estoque temporário
oferecidas por algumas transportadoras.
Trata-se de uma modalidade de armazenagem especial que demanda
uma sincronização e coordenação precisa com o modal escolhido, pois
diferentes opções de transporte envolvem diferentes custos para a sua
realização e diferentes tempos de trânsito. O analista deverá observar os
17
custos associados à escolha e selecionar o modal que reduza, ou até mesmo
elimine, a necessidade de utilização da armazenagem convencional. Essa
opção pode ser atrativa para empresas que atuam de fortemente em
períodos sazonais e que utilizam transportes por longas distâncias.
3.4 Operações Mistas
As operações mistas representam uma alternativa na qual as empresas
podem contratar o aluguel do espaço físico e colocar o seu próprio
quadro de pessoal para rodar a operação, ou, no outro extremo, ter
instalações próprias operadas por empresas especializadas em prestar
serviços dentro das contratadas (logística in-house).
Figura 4: Operação de reabastecimento de endereço em um armazém público (terceirizado),
sendo realizado por profissional da empresa contratada. Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Como vantagens, tem-se a busca da ampliação das vantagens dos dois
modelos e a mitigação dos riscos. Quanto às desvantagens, destacam-
se os problemas observados em operações puramente próprias ou
totalmente terceirizadas na sua essência.
Um exemplo desse tipo de operação pôde ser observado na operação
conduzida pela Gefco Logística do Brasil com um dos seus clientes, a Irwin
Rubbermaid, localizada em São Paulo, em meados da primeira década
dos anos 2000. As instalações físicas e equipamentos de separação e
movimentação pertenciam à Irwin. Contudo, a efetivação e supervisão
das operações de armazenagem, que compreendiam o recebimento,
separação, conferência, expedição, recebimento e desova de contêineres,
montagem de kits expositores, tratamento de devoluções, reembalagem,
etiquetagem e inventário físico, ficavam a cargo da Gefco. A operação
era acompanhada por indicadores de desempenho e pautadas pelo
atendimento do nível de serviço e metas mensais de embarques.
Como pôde ser observado ao longo dessa Unidade de Aprendizagem, são
muitos os fatores que influenciam e impactam as decisões relacionadas
à utilização de uma estrutura totalmente própria ou totalmente
terceirizada, considerando, ainda, os estágios intermediários entre essas
configurações. O que realmente importa é compatibilizar os custos
e esforços, que precisarão ser empreendidos, e ponderar os níveis de
serviços que espera-se atingir no atendimento das necessidades dos
clientes das empresas.
18
Viu-se que muitas organizações buscam especialização no atendimento
de empresas interessadas em armazenagem, possibilitando um ganho
de escala tão significativo a ponto de torná-las aptas a competir em
custos, prestar serviços e oferecer atividades logísticas diferenciadas,
atendendo a demandas cada vez mais variadas de serviços.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Referências
BALLOU, R. H. Logística Empresarial: transportes, administração de
materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007.
NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: um guia prático de operações
logísticas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2018.
19
Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Projetando um Armazém
Para início de conversa... Objetivo
O objetivo desta segunda Unidade de Aprendizagem é avaliar a Avaliar a localização de um armazém, considerando o layout e as
localização de um armazém, considerando o layout e as decisões que decisões que impactam a sua escolha.
impactam a sua escolha.

Para isso, estudaremos os aspectos que envolvem a localização do

armazém, considerando os níveis de decisão envolvidos, proximidade
das fontes de matérias-primas e fornecedores, proximidade dos
consumidores, facilidades de acesso, entre outros elementos.

Conheceremos a composição do layout de um armazém, ou seja, os seus

objetivos, utilização cúbica, principais estruturas envolvidas, tais como
as administrativas, docas, câmaras frias, frigorificadas e outras de apoio
à operação. Veremos, ainda, alguns aspectos relacionados aos estudos de
layout.

Por fim, reuniremos as principais decisões que um gestor deverá tomar

diante da elaboração do projeto de layout do armazém, seja ele uma
estrutura completamente nova, uma adequação de uma instalação
já existente ou uma expansão desta, que será aproveitada por meio
de reformas para acomodar a nova realidade operacional que será ali
executada.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 21

1. Localização do Armazém (Níveis de Decisão e diversas outras indústrias de processamento de produtos químicos.
b. Estocagem intermediária: trata-se de estocar os materiais que já
Envolvidos, Proximidade das Fontes de passaram por transformação ou foram submetidos a algum tipo de

Matérias-Primas e Fornecedores, Proximidade processamento de forma parcial ou total para, então, seguir para a
próxima etapa da produção. Como exemplos, temos a produção de
dos Consumidores, Facilidades de Acesso) motores em uma planta automotiva, que aguardam o momento de
serem aplicados nos automóveis.
A decisão quanto à escolha de localização de um armazém ou de
c. Estocagem de produtos acabados: feita para atender ao usuário,
qualquer facilidade logística deve ser criteriosa, dispensando impulsos
cliente ou consumidor, seja para os produtos de entrega imediata
e decisões ocasionais. Geralmente são estruturas de médio e grande
(produção empurrada), seja para o caso de encomendas sob pedido
porte que trarão inúmeras dificuldades de mudanças das instalações
(produção puxada). Um caso que ilustra essa situação é a das
e permitirão o acesso de veículos de maior porte e capacidade ou até
estruturas que armazenam geladeiras prontas para serem enviadas
mesmo expansões e ampliações quando do aumento do volume.
aos clientes dispostos e interessados em adquiri-las.
Para Dias (2018), existem três formas básicas de estocagem utilizadas
por fábricas ou manufaturas que transformam as matérias-primas em
produtos acabados e orientam a tomada de decisão relacionada à
A produção empurrada pode ser melhor compreendida como aquela
escolha da localização do armazém:
observada nos alimentos de consumo de massa, como arroz, feijão e
a. Estocagem de matéria-prima: apesar da existência de certas matérias- laticínios, pois ela utiliza a previsão da demanda futura para providenciar
primas que, em função de sua natureza e propriedades, podem ser os seus itens fabricados. Por outro lado, a produção puxada é aquela
armazenadas ao tempo, sem proteção específica, a estratégia mais comumente observada em itens com elevado grau de personalização
ou de alto valor agregado, como veículos, servidores de tecnologia da
comumente observada é a de estocagem interna, protegida das
informação ou aeronaves, feitos sob encomenda e com especificações
intempéries. Podemos citar como exemplos a estocagem da madeira
muito rigorosas, conforme as exigências de cada cliente.
na indústria do papel, dos lingotes na laminação do alumínio e do aço,

Armazenagem e Movimentação de Terminais 22

A seguir, apresentaremos considerações importantes sobre cada
uma das situações elencadas anteriormente, as quais impactam
a escolha do local da armazenagem, apresentando as respectivas
vantagens e desvantagens:
▪ A escolha entre a centralização de toda a matéria-prima ou seu
armazenamento junto ao ponto de utilização (fábrica) passa a ser
considerada a partir da observação das vantagens de cada um
desses critérios, pois, ao ser centralizada, facilita o planejamento
da produção. Essa medida agiliza e auxilia o controle de inventário
e manutenção por parte de um pessoal especializado, que ficará
concentrado em um só ponto da fábrica (almoxarifado). A decisão
pela centralização permite dispensar um melhor controle sobre
as peças ou produtos defeituosos, tornando o ato de rejeição
mais simples.
▪ Já a armazenagem da matéria-prima, sendo realizada de forma
descentralizada, espalhada ao longo das linhas de produção,
favorece a prática de rotinas de inventário mais rápidas, com
auxílio de recursos visuais (como o quadro Kanban), e, por estar
localizada junto aos pontos de utilização, reduz os impactos
causados por atrasos e enganos no envio de materiais a outros
locais que não sejam o de utilização. O trabalho burocrático de
preenchimento de documentos e de atualização dos controles é
reduzido com essa opção (apesar de continuar existindo).
Armazenagem e Movimentação de Terminais
▪ Quando a armazenagem é centralizada, tanto para o caso de
matérias-primas quanto para produtos semiacabados, é comum
o emprego em maior proporção de veículos transportadores com
carga completa por causa do volume movimentado. Já o processo
de descentralização, por lidar com volumes menores, passa a exigir
o uso de frações menores, com paletes ou caixas, que podem ser
apoiados por racks, ou de prateleiras, pois serão dispostos juntos ou
próximos das estações de trabalho.
▪ Por fim, para a armazenagem de produtos acabados padronizados,
o desejável é que se situe próximo ao local de expedição. Por sua
vez, para o atendimento de pedidos especiais, variáveis de cliente
a cliente, isto é, os chamados personalizados ou customizados,
a localização passa a ter importância secundária, buscando,
preferencialmente, a proximidade dos mercados aos quais se
detina, isso porque, para atender a essa demanda cada vez maior, as
empresas optam pela postergação da montagem final ou fazem o
processamento da fabricação por demanda puxada, de acordo com
os requisitos do cliente.
▪ Se o produto acabado é destinado à manutenção interna da fábrica ou
da própria estrutura logística, equipamentos de escritório, entre outras
tarefas, o sistema centralizado é o mais indicado. Considerando uma
empresa de grande porte, poderá ser estabelecida a subdivisão do
estoque em áreas específicas, tais como manutenção elétrica, predial,
hidráulica, material de expediente, de limpeza e conservação, etc.
23
Caberá ao gestor a escolha do melhor sistema de estocagem. Ele As facilidades de acesso
deverá formular sua decisão contemplando aspectos como espaço envolvem não apenas a
disponível, o número de itens estocados, tipo de embalagem, velocidade proximidade das fontes
de atendimento necessária, características de cada item armazenado, de matérias-primas
entre outros. Ao se iniciar um projeto de implantação ou modificação ou dos mercados a
de um armazém, são ponderados os custos de armazenagem do novo que se destinam os
sistema e as vantagens adquiridas em termos de tempo e custo, nível produtos acabados,
de automação e participação de recursos tecnológicos. Deve-se observar mas passam, também,
os princípios fundamentais do sistema de estocagem, que são os de pela proximidade de
conservar e retirar ou acrescentar um material a qualquer momento. rodovias, ferrovias,
portos, dutos, aeroportos
Quando ampliamos a visão da localização dos pontos de estocagem e o
e facilidades logísticas,
colocamos na perspectiva de uma cadeia de suprimentos, perceberemos
conforme cada caso.
que quanto maior for o valor agregado do material em estoque, maior
Uma siderúrgica deve
será a tendência para a centralização e eliminação de estoques de
possuir proximidade de
segurança ao longo da cadeia, pois haverá uma forte tendência à
linhas férreas para receber
obsolescência a partir da sua descentralização, bem como de se justificar
os minérios e enviar os seus
ter e manter diversos estoques distribuídos em vários locais.
produtos acabados por meio de vias
O estágio da cadeia de suprimentos no qual se dá a sua localização de acesso que permitam o fluxo
também pode ser caracterizado por diferentes atributos, tais como: de veículos, como carretas para Figura 1: Silos que funcionam como armazéns
visibilidade da demanda; tempo de resposta dos elos; se ele está voltado entrega das chapas ou bobinas de milho (grãos) ao lado de uma fábrica de
ração animal, com facilidade de acesso por
para a operação, para a manutenção das instalações ou para a produção; produzidas, com destino às rodovia e ferrovia. Fonte: Dreamstime.
e se os estoques serão utilizados na distribuição. fábricas que as utilizarem.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 24

Pouco ou nada adiantaria instalar uma fábrica em um local de difícil
circulação de veículos, tanto para a realização das entregas de matérias-
primas quanto para a disponibilização de insumos, componentes,
conjuntos ou subconjuntos destinados à montagem, por mais
interessantes que fossem as condições de aquisição do terreno ou de
construção em terreno alugado para essa finalidade.
Outros pontos a serem considerados na localização do armazém são:
▪ Presença de pedágios: pode ser que existam vias em um raio próximo
que não sejam pedagiadas; essa análise tornará a operação mais
competitiva à medida que custos adicionais possam ser evitados.
▪ Pontos de retorno na via: existem terrenos em excelentes condições
para venda, mas cujos retornos nas vias se dão muitos quilômetros
à frente. Se você precisar dele, terá de acrescentar na viagem o
deslocamento, que pode ser evitado ao se observar esse aspecto.
▪ Características do terreno: os terrenos mais indicados para a
edificação são aqueles que apresentam baixo risco de alagamentos
ou inundações, planos e que estão situados em municípios capazes
de possibilitar a construção conforme a natureza do projeto. Terrenos
acidentados ou com risco de sofrer impactos naturais demandam
investimentos mais robustos para adequação.
▪ Grau de urbanização do entorno: locais muito urbanizados tendem
a obrigar que instalações industriais e comerciais cumpram a lei
Armazenagem e Movimentação de Terminais
do silêncio, eliminando a possibilidade de operação noturna ou
tornando-a limitada. Diante disso, é necessário dispor de altos
investimentos para reduzir os sons produzidos.
2. O Layout do Armazém (Objetivos, Utilização
Cúbica, Estruturas Administrativas, Docas,
Câmaras Frias, Frigoríficas e Outras de Apoio à
Operação, Estudos de Layout)
Na visão de Dias (2015), ao se elaborar o layout (do inglês) ou leiaute
(equivalente em português) de um armazém, que diz respeito à forma
de distribuição de elementos em um espaço, espera-se atingir alguns
objetivos. Ao se implantar um depósito, tem-se a oportunidade
de desenhá-lo de forma a contemplar as atividades que ali serão
desempenhadas, o que sugere a tomada de decisões relacionadas à
escolha do local, projeto escolhido para a sua construção, localização
de equipamentos e estações de trabalho, seleção do equipamento de
transporte e movimentação, estocagem, expedição, número e quantidade
de docas e dezenas de outros detalhes que envolvem desde a topografia
do terreno até a presença ou não de janelas, pois sabe-se que quanto
maior forem os pontos de contato com o meio externo, maiores serão as
necessidades de controle para prevenção de furtos e desvios.
25

No projeto citado, o nível de serviço que se espera prestar e os itens a
serem estocados são os parâmetros em torno dos quais os profissionais
especializados na elaboração de layout montarão suas propostas,
visando cercar o projeto em curso com as condições ideais de operação,
maximizando o seu rendimento com o mínimo de recursos. Mas como o
ótimo é inimigo do bom, podem ocorrer situações ajustadas ao modelo,
processos e equipamentos já em uso. Nesse caso, são executados estudos
para um layout de adaptação ao existente.
As docas podem ser perpendiculares em relação ao armazém, permitindo
a carga e descarga com os veículos alinhados pela porta traseira com o
edifício, como no exemplo trazido pela Figura 3, a seguir, ou inclinadas,
formando um ângulo menor que os 90º da situação anterior, desenhadas
para locais com espaço limitado para manobras, onde o veículo encosta
em docas que formam ângulos menores, como no exemplo com 45º.
Docas de 90o Docas de 45o
Plataforma Plataforma
b b

Carretas
Carretas
a

Maior número de Menor número de

docas por metro docas por metro
linear de construção, linear de construção,
maior demanda de menor demanda de
área de manobra. área de manobra.
Figura 2: Docas de carga e descarga de produtos, visão
externa e interna. Fonte: Dreamstime. Figura 3: Tipos de docas de carga e descarga. Fonte: Adaptada de SCM Concept.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 26

Essas estruturas podem ter dispositivos niveladores que se adequam à
altura dos veículos, facilitando o acesso de empilhadeiras ou paleteiras
para carga e descarga, conforme ilustra a Figura 4, a seguir:
Figura 4: Empilhadeira acessando o interior de um veículo de carga, graças ao
nivelamento do piso entre o depósito e o caminhão, patrocinado pela doca niveladora.
Fonte: SCM Concept.
Para acesso às câmaras frias (estruturas especializadas de armazenagem
que mantêm a temperatura baixa e controlada), as docas são adaptadas
Armazenagem e Movimentação de Terminais
com estruturas que minimizam a perda de temperatura, auxiliando na
redução do consumo de energia e contribuindo para a conservação da
temperatura indicada para os produtos ali alocados.
As câmaras frigoríficas são estruturas desenvolvidas para permitir
o armazenamento refrigerado, segundo as propriedades específicas
de cada produto. Um paralelo pode ser observado em uma geladeira
doméstica: os FLV (frutas, legumes e vegetais) são colocados na gaveta,
que normalmente fica na parte inferior do compartimento maior, demais
produtos, como laticínios, bebidas, ovos e alimentos preparados que serão
consumidos em breve, são guardados nas prateleiras de cima, e proteínas
animais, alimentos congelados e gelo, no freezer do equipamento.
O mesmo se dá em equipamentos maiores dentro dos armazéns.
Geralmente utilizam-se dois padrões de armazenamento: a câmara fria
de resfriados e a câmara fria de congelados. A temperatura é o fator
que as diferencia; na primeira, a temperatura varia de 0°C a + 18°C, e na
última a temperatura interna assume temperaturas inferiores a 0°C.
Cada atividade desenvolvida dentro e fora do depósito apresenta
fluxogramas típicos, o que não quer dizer que eles permaneçam estáticos
ao longo dos anos. Novos procedimentos ou equipamentos podem tornar
ultrapassados e obsoletos quaisquer materiais, equipamentos, etapas e
funções que eram perfeitamente adequados para as condições vigentes
na época de implantação, mas que, em função das atualizações, devem
sofrer ajustes no layout, influenciando a dinâmica do depósito.
27
Em muitos casos, são incluídas no projeto inicial previsões sobre
futuras expansões ou até mesmo sobre atualização ou incorporação
de tecnologias ainda incipientes na fase de projeto, mas que poderão
promover avanços expressivos, quando passarem a ser difundidas
e implementadas nas empresas. A não observância desse detalhe
demandará a busca de espaços e ampliações, caso não tenham sido
previstas. Um excelente exemplo se dá na indústria alimentícia, visto
que, por causa do mercado altamente competitivo, ela promove
lançamentos periódicos de produtos, apresentando novidades
relacionadas à embalagem, forma de apresentação e região onde
os itens serão comercializados. Tal condição pode requerer grandes
alterações nas operações de um depósito, como a circulação de
um maior número de equipamentos e de pessoal. Logo, além da
instalação inicial, todas as possíveis ampliações e modificações são
registradas e indicadas pelo layout.
Em uma visão resumida, o layout pode ser entendido como a
combinação de pessoas, materiais e máquinas sob um arranjo,
considerando a integração e fluidez dos materiais, movimentação e
funcionamento dos meios e equipamentos de deslocamento, os quais
devem atuar adequadamente e em sincronia para promover uma
produtividade maior das pessoas que ali trabalham, tudo isso para
proporcionar a excelência na armazenagem de determinado produto
em conformidade com o máximo possível de economia e rendimento.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Segundo Nogueira (2018), os modernos armazéns são bem diferentes
dos que existiam há trinta anos, pois o papel estratégico e o propósito da
armazenagem vêm sofrendo mudanças nos últimos anos por influência
da crescente velocidade e necessidade de disponibilização de produtos
em curto espaço de tempo.
A armazenagem depende de um bom layout, com grande acessibilidade
e circulação dos equipamentos de movimentação aos produtos e fluidez
do fluxo de materiais. Deve contar, ainda, com a eficiência da mão de
obra, segurança do pessoal e do armazém.
O prédio que abriga as instalações industriais deve fazer parte dos
estudos e projetos de layout, uma vez que essa estrutura atuará em
parceria com o armazém, visto que a sua forma, espaço disponível,
aspectos de estruturas e localização, analisados antecipadamente para
a escolha do local, podem anular ou abafar a solução ideal que deveria
ser adotada para a edificação do armazém demandado. Tal fenômeno se
observa com maior frequência em estruturas e edificações já existentes.
Ao se debruçarem sobre a realização de estudos e projetos de
adequação de instalações existentes para o uso final esperado, as
empresas podem optar por montar equipes especializadas para a
realização de tais atividades ou contratar escritórios especializados na
elaboração e execução do projeto. O recomendado é que os gestores
da área de materiais e logística façam o acompanhamento e participem
de reuniões e tomadas de decisão quanto ao que se pretende modificar,
28
adequar. Encerradas as obras de adequação, a logística cuidará do
espaço, então é justo que ela tenha uma participação efetiva desde
as reuniões de alinhamento iniciais.
Seguem as possíveis situações que desencadeiam uma mudança
de layout:
▪ Modificação de um produto – mercados muito competitivos exigem,
por vezes, atualizações e modificações periódicas dos produtos que
acabam trazendo impactos nos recursos disponíveis (equipamentos,
mão de obra e espaço físico).
▪ Lançamentos de novos produtos – o desenvolvimento de um novo
produto, ou mesmo a descontinuidade na produção de um produto da
carteira de vendas, produz alterações na estrutura de armazenagem; o
novo layout deve ser providenciado em paralelo com o planejamento
do processo de fabricação do novo membro do portfólio.
▪ Variação na demanda – um aumento ou uma redução das vendas ou
produção que demande estudos de capacidade ociosa, obsolescência
iminente do produto, mudança de perfil de consumo dos clientes são
condições que justificam adequações de layout.
▪ Obsolescência das instalações – procedimentos, linhas de separação,
equipamentos e até mesmo a edificação podem se tornar um
obstáculo na armazenagem de determinado produto. O problema
do equipamento é o que menos afeta o layout nesses casos. A
obsolescência de um processo exige, por outro lado, modificações
Armazenagem e Movimentação de Terminais
sensíveis, ao passo que, no caso do prédio, o layout pode indicar a
necessidade de ampliações horizontais ou verticais das instalações,
com a construção de novo bloco ou até mesmo a mudança radical
para um novo endereço.
▪ Ambiente de trabalho inadequado tanto para quem atua dentro da
empresa quanto para o meio onde está inserida. Com a crescente
urbanização, verificada nos últimos anos, o  layout  deve levar em
conta as adequações necessárias para atenuar o efeito do ruído,
das temperaturas anormais, presença de agentes agressivos, a
adequação às normas ambientais de uso da água, possibilidade de
aproveitamento dos ventos (ventilação cruzada) e da luz solar durante
o dia (redução do consumo de energia para iluminar a operação) e de
outros fatores que possam contribuir para o rendimento do trabalho.
Ainda fazem parte desse agrupamento os estudos e a disposição das
estações de trabalho, acesso a materiais e ferramental.
▪ Índice elevado de acidentes – fazem parte dos estudos de  layout  a
localização de instalações que possam atender em caráter de
emergência os operários que entram em contato com produtos
químicos altamente corrosivos (para instalação de equipamentos de
proteção coletiva, como o lava-olhos), o isolamento ou confinamento
de certos locais de trabalho, previsão de mecanismos de contenção
de vazamento ou de direcionamento de fluxos de pressão, como o
observado em operações com riscos de explosões. Compreende,
também, o dimensionamento e a demarcação de corredores, passagens,
29
 portas antipânico, áreas de tráfego e de manobra de veículos, entre
outras medidas, objetivando não apenas a proteção, mas também um
eventual atendimento de emergência de acidentados.
▪ Mudança na localização do mercado consumidor – é um problema
que, não tendo influência direta, age como reflexo no layout, já
que a necessidade na relocação de um depósito envolve um novo
estudo de layout.
▪ Redução de custos – um melhor aproveitamento da edificação da
mão de obra e dos equipamentos e produtos de um layout adequado
traz consigo uma redução nos custos não só de estocagem, mas
também de manutenção.
Como observado, existem muitos fatores a serem considerados no
projeto de um armazém. Inicialmente, deve-se determinar o nível de
flexibilidade desejado, com base no propósito da instalação. Se esse
objetivo for uma instalação para estocar itens raramente utilizados,
então provavelmente não será necessária uma resposta rápida. Se
for um armazém no qual grandes cargas precisam ser rapidamente
movimentadas para dentro e para fora da instalação, a flexibilidade
é imperativa. Esses tipos de armazém incluem produtos acabados,
cross-docking (que significa “atravessar docas”, ou seja, o produto
é recebido em um CD e despachado para entrega – conforme cada
região atendida, rumo aos clientes, sem transitar pelos estoques) e
suporte à manufatura.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
O CD automatizado da Natura em São Paulo é um ótimo exemplo, pois
a agilidade na carga e descarga com equipamentos automatizados
representa um diferencial no layout de um armazém.
Com uma área construída de 35.000m² e capacidade de armazenar 3
milhões e 600 mil caixas, o HUB recebe por dia cerca de 20 carretas
provenientes de suas fábricas próprias e terceirizadas.
Quando os paletes chegam, passam por uma estação de controle que
verifica, por meio de sensores, se o palete e a unidade de carga estão
em perfeitas condições para serem armazenados.
Após essa checagem, os paletes são direcionados para o armazém
vertical. Esse armazém tem uma capacidade de 90.000 posições de
armazenagem e é equipado com 13 transelevadores, que além de
movimentarem os paletes de forma completamente automática,
garantem uma elevada eficiência energética do processo.
Uma vez que os paletes são retirados do armazém vertical, eles
podem ir tanto para a área de expedição quanto para a área de
despaletização, dependendo da quantidade solicitada pelos Centros
de Distribuição.
Quando o palete é despaletizado, as caixas são enviadas para o
inovador sistema navette, que armazena e organiza os mais de 1.000
produtos diferentes da Natura, permitindo a montagem robotizada de
paletes mistos, contendo os produtos e quantidades exatas solicitadas.
30
Voltando às etapas do planejamento, após definido o objetivo da estrutura
em estudo, passa-se à fase de seleção dos equipamentos de armazenagem
(porta-paletes, estantes, etc.) e, em seguida, aos de movimentação
(empilhadeiras, transelevadores, etc.), visando assegurar que eles
contemplarão todas as necessidades previstas e futuras, com margem de
flexibilidade. Segundo Christopher (2018), devemos considerar os seguintes
atributos do estoque:
▪ Tamanho, forma e peso dos itens e cargas a serem movimentados.
▪ Quantidades de reabastecimento.
▪ Nível de atividade de cada SKU (Stock Keeping Unit).
▪ Quantidade recebida e expedida por carga.
▪ Necessidades especiais de acesso aos contenedores (tipo de suporte
para a manipulação e armazenagem da mercadoria com o qual se forma
uma unidade de carga. Podem ser caixas, gradis, racks, entre outros
equipamentos).
▪ Necessidade especiais de movimentação e estocagem de materiais
(por exemplo: gases e líquidos, materiais que oferecem riscos quando
manuseados de maneira incorreta).
▪ Estocagem e movimentação.
O sistema mais utilizado para a realização de tais levantamentos é baseado
na curva ABC. Limitar o número de categorias pode aumentar a flexibilidade,
permitindo que diversos SKU sejam estocados em locais diferentes.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
No fim do século XIX, o italiano e economista sócio-político Vilfredo
Pareto observou que havia uma distribuição desigual de riqueza e
poder na população total. Ele calculou matematicamente que 80% da
riqueza estava nas mãos de 20% da população. Desses seus estudos
surgiu a curva ABC, ferramenta muito utilizada para a identificação e
classificação dos estoques.
Para Nogueira (2018), na escolha das estruturas de armazenagem,
deve-se dar preferência para equipamentos de estocagem com
aberturas (vãos livres) e que permitam o uso de contenedores de
diversos tamanhos.
Inicie escolhendo os equipamentos para estocagem de itens maiores
e siga até os menores. A opção mais popular de estocagem de cargas
de grande porte é a clássica estrutura porta-paletes. As estruturas
de estocagem determinarão os equipamentos de movimentação de
materiais a serem utilizados no armazém, e não o oposto.
A maximização e a utilização efetiva da metragem quadrada e cúbica
tornam a densidade de estocagem (ocupação) do armazém mensurável.
Quanto maior a densidade ocupada, melhor.
Para estimar a densidade de estocagem, o Instituto de Movimentação
e Armazenagem de Materiais (2013) ilustra o caso de um armazém
que foi projetado para abrigar um estoque de 200 mil m³ (somatório
de todos os itens que podem ser armazenados, em volume de itens:
31
base x lado x altura) e cuja área de estocagem total (incluindo os Essa dependência está relacionada com o giro em torno do seu
corredores e demais estruturas internas, como salas) seja 57 mil m². eixo, proporcionando um raio maior ou menor para sua realização.
Nossa densidade de estocagem é dada pela divisão dos 200 mil m³ Esse raio deve ser relacionado com a largura do corredor para que
pelos 57 mil m², cujo resultado é 3,50 m³/ m². ele possa realizar essa rotação de forma livre, sem esbarrar nas
laterais das colunas e estantes. Independentemente da largura e do
Se o pé direito, que é a altura livre tipo de equipamento, recomenda-se a instalação de proteções nas
para colocação de produtos bases das colunas dos porta-paletes, evitando-se esbarrões com os
nas estruturas, for de 8m, equipamentos de movimentação que poderiam, em caso de colisão,
teremos uma densidade fazer colapsar a estrutura.
de 3,5 m³/m² na altura
vertical de 8m. Outra
forma de visualizar
isso é imaginar que As modernas empilhadeiras elétricas, em função das suas
se todos os produtos características de construção, possuem um comprimento total
(sem os paletes e reduzido, quando comparadas aos modelos de mesma capacidade
corredores) fossem com motores à combustão. Isso favorece as suas manobras em
empilhados nos 57 corredores mais estreitos, possibilitando que em um mesmo
mil m², as mercadorias armazém sejam economizados centímetros valiosos em todos os
subiriam 3,5 m do piso. corredores, liberando espaço para instalação de novas estruturas do
tipo porta-paletes.
A largura dos corredores
está diretamente relacionada
com o tipo de equipamentos de A padronização deve ser considerada para facilitar a manutenção e
Figura 5: Estruturas de armazenagem do tipo
movimentação de cargas que porta-paletes com destaque para a proteção substituição de componentes, sejam eles ligados às estruturas de
serão escolhidos. citada. Fonte: Dreamstime. armazenagem ou aos equipamentos de movimentação.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 32

A altura para colocação da última carga paletizada na estrutura
de armazenagem depende da elevação máxima do garfo da
empilhadeira, além da altura do pé-direito do armazém, presença
de luminárias, equipamentos de ventilação, entre outros aspectos.
Esses detalhes são vitais para não limitar a armazenagem em locais
com restrição de acesso pela presença de obstáculos ou limitação

2
de elevação da empilhadeira. A utilização de túneis de circulação
entre as estruturas de armazenagem (um pouco superiores à
altura para passagem de empilhadeiras), facilita a circulação dos

1
equipamentos de movimentação de materiais de um corredor para
o outro e permite a utilização do espaço acima que ficaria sem
uso. Porém, deve-se atentar para a altura do maior equipamento de
movimentação utilizado para que este não fique comprometido em
relação à sua passagem.

As empilhadeiras possuem uma tabela de elevação que possibilita
a movimentação de cargas mais pesadas. Quanto mais próximas as
empilhadeiras estiverem do solo e à medida que as cargas são elevadas,
a capacidade de elevação se torna menor pelo deslocamento do centro
de gravidade total. O deslocamento deve ser feito com a carga próxima
ao solo, ampliando a estabilidade do conjunto. A imagem a seguir ilustra
em (1) a altura do equipamento e em (2) a altura livre, que deve ser
preservada como margem de segurança.
Figura 6: Empilhadeira atravessando uma estrutura porta-palete por um túnel que possibilita o
aproveitamento da parte superior para armazenagem. Fonte: Adaptado de Mecalux (2020).
O dimensionamento das estruturas, estantes e locais de estocagem de
caixas, paletes ou contenedores dependerá das medidas e peso desses
elementos. Além de todos esses detalhes, na elaboração de um layout
de prédio já existente (reforma ou retrofit), será importante avaliar o
estado geral das instalações do prédio, tipo de piso, presença de rede
de prevenção de incêndio, rede elétrica capaz de atender ao quadro de
consumo que será ali instalado, encanamentos no piso ou tubulação no

Armazenagem e Movimentação de Terminais 33

teto, colunas, paredes (se possuem condições de suportar o aumento
do pé direito, caso necessário), quantidade de portas e janelas (quanto
maior o número, maiores as chances de furto), escadas, entre outros.
No que se refere ao piso, é importante verificar se o pavimento será
capaz de suportar a instalação da estrutura de armazenagem escolhida.
Ele deve ser plano e nivelado (eliminar possíveis trincas, buracos ou
desníveis). Também é preciso observar se o piso do armazém possui
estruturas construídas com paralelepípedos, bloquetes, lajotas, placas de
rocha e piso asfáltico, pois geralmente ficam desnivelados e possuem
baixa resistência para suportar os chumbadores das estruturas de
armazenagem. O ideal é a utilização de piso monolítico de concreto
armado com características mínimas de resistência a esforços verticais,
conforme o projeto estabelecido.
Quanto ao desenho e número dos corredores, eles funcionam como
as veias e artérias do nosso sistema circulatório, pois permitirão a
movimentação dos equipamentos com cargas da área de recebimento até
a de armazenagem, e desta até a expedição. Quanto maior a quantidade
de corredores, menor o espaço disponível para armazenar. Basicamente
são definidos e dimensionados um corredor central de mão dupla e
corredores perpendiculares ou não de acesso às estruturas. A largura
dependerá dos equipamentos de movimentação escolhidos. Nenhuma
estrutura deverá estar encostada nas paredes. Logo, deve-se atentar para
o recuo previsto a fim de possibilitar a manutenção da parte de trás
das estruturas, caso seja necessário. Todas as passagens são projetadas
Armazenagem e Movimentação de Terminais
em conformidade com os equipamentos de movimentação, operações de
manuseio, cargas e descargas.
Também é válido considerar locais livres para guardar os equipamentos,
operações gerais, separação de mercadorias, embarque e desembarque,
quarentenas.
3. Decisões de Layout do Armazém
Como observado, são muitas as decisões que permeiam o projeto de um
armazém, envolvendo desde a análise do tipo de piso até a configuração
dos corredores e equipamentos que ali irão circular. Um bom projeto
deve analisar diversas disciplinas ligadas ao assunto, maximizando
o retorno que será feito, seja na aquisição e construção ou na mera
adequação de uma estrutura existente.
Para tais casos, quando se tratar da adequação de algo previamente
construído, o recomendado é ponderar quanto à meta a ser atingida
pela empresa e aos fatores que influenciam o fluxo das atividades que
serão desenvolvidas na estrutura existente, isto é, o futuro armazém, o
qual, após as adequações, passará a ter o logístico considerado. Dessa
forma, pode-se buscar a minimização da movimentação interna, a
redução do custo de estocagem ou, ainda, a maximização da estocagem,
independentemente do quanto isso vai representar para o orçamento da
organização, visando sazonalidades ou fluxos diferenciados de vendas,
34
como no caso do álcool em gel ou álcool a 70% observado durante a
pandemia de Covid-19 no início de 2020.
Figura 7: Armazém recém-construído com piso em cimento e estruturas do tipo porta-palete.
Fonte: Dreamstime.
Ao se pensar na proposição de quaisquer dos pontos listados
anteriormente para a execução de um novo projeto ou para a adequação
de uma estrutura existente, deve-se ter em mente que a operação
com o novo layout deve contemplar soluções que sejam operadas
preferencialmente a um custo menor do que o existente, para que haja
vantagem econômica na mudança. Caso contrário, deve-se pensar na
manutenção do modelo existente. Se as decisões forem tomadas com
Armazenagem e Movimentação de Terminais
base nesse princípio, lembrando-se de que as opções viáveis são poucas
e precisam ser comparadas racionalmente, deve-se evitar a escolha de
ideias preconcebidas ou de preferências subjetivas.
E, por fim, destacamos algumas preocupações dos gestores no
momento de discutir o projeto de reforma de uma instalação já
existente para um rearranjo, visando à melhoria da circulação de
materiais e ao ganho de espaço:
▪ Procurar as plantas dos edifícios e das utilidades ou, se não for
possível encontrá-las, refazê-las.
▪ Traçar os fluxos dos produtos mais importantes.
▪ Rever a política de abastecimento de matérias-primas, a fim de tentar
reduzir os estoques e ganhar espaço no armazém.
▪ Rever a política de armazenamento de produtos acabados, a fim de
tentar reduzir os estoques desses itens e ganhar espaço na expedição.
▪ Tentar ganhar espaço vertical, principalmente nos depósitos de
matérias-primas, materiais auxiliares, produtos semiacabados e
acabados, procurando empilhá-los ao máximo.
▪ Alugar depósitos auxiliares para estocar matérias-primas e produtos
acabados.
▪ Enterrar os tanques de óleo combustível, solventes e demais líquidos.
▪ Colocar motores, ventiladores, transformadores e outros acessórios
sobre estrados sob os quais sobre uma área de circulação,
especialmente nos corredores entre prédios.
▪ Colocar os motores debaixo das máquinas, quando possível.
▪ Colocar escritórios de supervisores e instalações sanitárias em
35
 mezaninos, aproveitando a área útil por baixo deles. Construir
jiraus para estocagem. Referências
▪ Remover todo o lixo, material inservível, máquinas obsoletas CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos.
ou reduzir o espaço ocupado pelo lixo ao mínimo (por exemplo,
São Paulo: Cengage, 2018.
prensando aparas de papel). Aqui, a aplicação da ferramenta da
qualidade 5S poderá ser de grande utilidade. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6 ed.
▪ Incorporar melhorias que possam ser usadas posteriormente numa São Paulo: Atlas, 2015.
fábrica nova (como as prateleiras metálicas nos almoxarifados,
mais fáceis de desmontar do que as equivalentes confeccionadas IMAN – Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais. Revista
em madeira). Logística, 2013. Disponível em: https://www.imam.com.br/consultoria/
Como pôde ser observado ao longo dessa Unidade de Aprendizagem, artigo/pdf/calcule-espaco.pdf. Acesso em: 12 abr. 2020.
são diversos os fatores que nos auxiliam na elaboração de um
NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: um guia prático de operações
projeto robusto de armazenagem, que deve partir das necessidades
relacionadas aos materiais, tipicidades de operação requeridas, logísticas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2018.
passando pelos equipamentos de armazenagem e movimentação que
serão prescritos. Estudamos, ainda, as possibilidades de incorporação
de métodos de construção ou reforma que viabilizem o aproveitamento
de correntes de vento, de iluminação diária (você não vai pagar nada
por isso), das águas da chuva, captação de energia solar e eólica, entre
outras medidas sustentáveis.
O projeto também deverá prever a plena utilização dos espaços tidos
como nobres para a armazenagem propriamente dita, deixando espaços
como refeitórios, salas de reunião e de trabalho para ocupar espaços
em mezaninos, preferencialmente acima da área de recebimento e
expedição, pois essas áreas geralmente não são utilizadas para a
estocagem, ficando, então, liberadas para esse fim.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 36

Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Recebimento de Materiais
Para Início de Conversa Objetivo
Na terceira unidade de aprendizagem da disciplina de Armazenagem Planejar e operacionalizar as etapas de agendamento, recebimento e
e Movimentação de Terminais, teremos a oportunidade de conhecer registros relativos às entregas de produtos realizadas pelos fornecedores.
uma das atividades mais relevantes da logística: o recebimento,
que compreende as fases de agendamento, recebimento e registros
relativos às entregas de produtos realizadas pelos fornecedores.

Essa ação de recebimento de materiais é iniciada muito antes de

ocorrer o recebimento físico. Ela se dá conforme as instruções de
aquisição celebrada entre as partes, com o agendamento prévio da
entrega e a conciliação do documento fiscal emitido com o pedido.

Passaremos, assim, pelo recebimento físico, suas etapas, cuidados e

pontos de maior atenção e, em caso de alguma anormalidade, como
se deve proceder com relação ao registro de não conformidades.
Para tal, conheceremos as situações que possibilitam a devolução
total ou parcial.

Dando continuidade ao processo, após tudo conferido fisicamente,

será feito o lançamento dos dados contidos no documento fiscal nos
sistemas de controle, os desdobramentos documentais e, finalmente,
o material será movimentado e incorporado ao estoque físico,
passando a estar disponível para ser consumido na produção ou, em
se tratando de produto acabado, pronto para ser encaminhado ao elo
seguinte da cadeia de suprimentos.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 38

1. Antes do Recebimento Físico (Agendamento,
Conciliação da DANFE x Pedido)
As empresas adquirem insumos e matérias-primas, para a produção,
ou produtos acabados, a partir de procedimentos de compras, que
dependerão das políticas que tratam desse assunto em cada empresa.
Em geral, as intenções das aquisições são divulgadas de maneira ampla,
permitindo uma concorrência. Nessa etapa, a necessidade de compra
de determinado item é compartilhada com vários dos seus potenciais
fornecedores, aptos a venderem tal produto. Assim, esses fornecedores, ao
apresentarem uma proposta comercial, informam os valores sugeridos,
as condições de entrega e o prazo, tudo alinhado com os interesses da
empresa solicitante.
Após as rodadas de negociações, é estabelecido o prazo e as condições
de entrega, caso isso não tenha ficado claro e definido no instrumento
que convocou as empresas aptas ao fornecimento. Esse procedimento
obriga o fornecedor vencedor da compra a cumprir as exigências de
local e data firmados para entrega dos seus itens.
Atualmente, contamos com as facilidades tecnológicas e com um
maior rigor de fiscalização por parte dos agentes públicos envolvidos
na emissão de documentos fiscais para o acompanhamento das
mercadorias, como a operação de emissão do Documento Auxiliar da
Nota Fiscal Eletrônica (DANFe), que é uma representação gráfica da NFe
Armazenagem e Movimentação de Terminais
(Nota Fiscal Eletrônica) e que só existe digitalmente. O DANFe pode ser
impresso e reimpresso conforme a necessidade dos envolvidos e contém
os dados principais do documento fiscal, sendo usado  principalmente
para a circulação das mercadorias e para facilitar o ato de recebimento e
escrituração dos itens comprados.
A emissão se dá após o ciclo da separação das mercadorias adquiridas
(mas ainda não entregues) e sua respectiva conferência. Assim, se tudo
estiver de acordo com os requisitos do fornecedor, o setor de faturamento
envia os dados à secretaria de fazenda, que o processa e devolve em
seguida. Esse processo permite o envio dos dados eletronicamente
para a empresa que adquiriu os produtos, possibilitando à empresa
compradora iniciar as tratativas do futuro recebimento.
A NFe é um padrão mais moderno de documento fiscal, pois se trata de
um arquivo digital, criado para ser lido por computadores. O DANFe não
substitui a NFe, mas facilita o acesso aos seus dados. Como o DANFe
contém a chave numérica de acesso da NFe, ele permite que o comprador
confirme a existência efetiva da NFe em uma simples consulta pela
internet. Além da chave numérica, é obrigatório que ele apresente um
código de barras, para facilitar a leitura da chave.
A Figura 1, a seguir, ilustra um modelo de DANFe com alguns dos seus
campos citados. O campo nº 1 se refere ao número de série da NFe; o nº
2, ao seu código de barras referente ao nº 3, que é a chave de acesso; o
nº 4 informa o emitente do documento; e o nº 5, o destinatário:
39
 Antes da existência de sistemas capazes de realizar uma integração, as
empresas emitiam suas notas fiscais seguindo sequências numéricas
em talões ou formulários contínuos, o que possibilitava a existência
de fraudes e sonegação de impostos a serem recolhidos. Atualmente, o
processo se dá com o envio das informações à Secretaria de Fazenda
Estadual (base ICMS para comercialização de produtos) ou Secretaria
Municipal (base ISS para prestação de serviços de qualquer natureza),
que registra, processa e devolve a autorização para emissão da NFe.
A empresa vendedora de posse dessa autorização emite o DANFe. A
Figura 2, a seguir ilustra o processo de emissão do documento fiscal:

Transmite NFe
Protocolo de entrega

Venda Pedido Faturista Faturista

Acompanha
mercadoria

Cliente
Emite DANFE

Figura 2: Fluxo simplificado de emissão da nota fiscal eletrônica e do DANFe. Fonte:

Figura 1: Exemplo de DANFe. Fonte: Dnafinanceiro.com
Adaptada de Volpe (2020).

Armazenagem e Movimentação de Terminais 40

Sabendo-se que existe um intervalo de tempo entre a emissão do DANFe
e o recebimento físico, as informações que podem ser transmitidas
ao comprador possibilitam uma série de ações administrativas, como
liberação de espaço físico, organização das entregas agendadas para
determinado dia, agilização na digitação de dados (que são enviados
de maneira antecipada no arquivo eletrônico).
O agendamento visa a conferir melhor organização e acionamento dos
meios empregados no recebimento de forma mais racional. Tomemos
como base o atendimento médico em um hospital para consultas
ambulatoriais (não são casos de emergência), se todos os clientes
decidirem chegar ao mesmo tempo para serem atendidos em uma
especialidade, como clínico geral. Podemos prever nesse cenário uma
aglomeração de clientes na parte da manhã, em que os consultórios
ficarão cheios, devendo ser acionados profissionais de outras áreas
para ajudar. A recepção também terá muitas pessoas aguardando
atendimento. Haverá uma forte tendência para insatisfações e
reclamações dos clientes. Ao contrário desse cenário, na parte da
tarde, poderemos observar um cenário diferente, com pouca procura,
consultórios vazios e ociosidade de profissionais e recursos.
Agora, imagine se existisse um controle de fluxo, que permitisse às
pessoas agendar previamente o seu atendimento, com hora marcada.
Certamente, o número de pessoas aguardando atendimento seria
Armazenagem e Movimentação de Terminais
menor, e poderíamos observar, ao longo do dia, um equilíbrio entre
os turnos da manhã e da tarde. Em consequência, o número de
profissionais também seria mais equilibrado.
A mesma analogia vale para uma fila de recebimentos. Quando deixamos
essa etapa sob responsabilidade das transportadoras, poderemos
observar um fluxo concentrado na parte da manhã e uma ociosidade à
tarde. Por essa razão, o fluxo precisa ser entendido e melhor distribuído
ao longo do dia, e um agendamento evitaria que os veículos de entrega
permanecessem por várias horas aguardando a descarga, o que reduziria
os custos associados àquela entrega.
Outra ação que chama a atenção é a possibilidade de conciliação prévia
entre o pedido de compras emitido pelo comprador e os itens que estão
sendo aguardados para envio do fornecedor. Essa conferência permite
saber se o pedido será entregue na totalidade (ou parcialmente), se os
preços, as marcas e as unidades de medida dos itens da negociação
foram preservados, entre outras informações.
O envio antecipado das informações do DANFe permite que a empresa
compradora organize a fila de recebimento no armazém, com base na
previsão de envio, e, com isso, possibilitar a geração de um relatório de
conferência de mercadorias de forma cega, ou seja, sem a necessidade
da presença física ou mesmo sistêmica para conferência do pedido
de compras. Esse procedimento é utilizado por muitas empresas que
41
buscam mitigar desvios de cargas; além de agilizar os procedimentos de uma cópia do pedido de compras. Esse procedimento ocorre para que
digitação das informações das mercadorias recebidas nos seus controles o recebimento possa ser feito inicialmente com o cruzamento das
internos, quando da entrada em estoque das mercadorias. informações do pedido e do DANFe, para, posteriormente, ser executada
a conferência física, buscando-se evitar, desse modo, transtornos
Muitos gestores divergem sobre a importância da necessidade de envio
ou não ao setor de recebimento de uma via do pedido de compra. Aqueles posteriores, como veremos no próximo capítulo.
que se opõem a esse fornecimento argumentam que os conferentes
precisam ter maior cuidado nas operações de conferência quando
não possuem meios de confrontação. Em tese, bastaria ao conferente 2. Recebimento Físico (Recebimento de
confiar nas quantidades descritas o DANFe e lançá-las nos sistemas
de controle de sua empresa que a operação estaria cumprida, sem que
Devoluções, Conferência de Recebimento,
ele precisasse conferir tudo o que está sendo entregue. De acordo com Contagem Cega, Recebimento Automático
esse entendimento, as divergências poderiam ser identificadas apenas
quando da realização de procedimentos de inventário.
e de Fornecedor Certificado, Situações
que Demandam Recebimento Técnico e
A emissão do relatório de recebimento às cegas, conhecido também
como conferência cega, exige dos conferentes uma atenção Quarentena para Aferição da Qualidade)
maior. Por tudo isso, o envio antecipado das informações daquilo
Independentemente da possibilidade da conciliação prévia, como
que supostamente será entregue permite aos destinatários das
ilustrado anteriormente, muitas empresas não dispõem dessa
mercadorias a utilização de expedientes que agilizem o processo de
facilidade, ficando o setor de recebimento encarregado de proceder
recebimento, e, como demonstrado, assegurem maior confiabilidade
à verificação e ao confronto do pedido de compras emitido e da
ao processo de recebimento.
DANFe que o acompanha, em busca de inconsistências entre o que
Caso a empresa opte por não adotar a conferência cega, seja via foi pedido pela empresa (compradora) e o que consta no envio feito
sistema ou impressão física do citado relatório, deverá disponibilizar pelo fornecedor.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 42

Na visão de Dias (2015), o setor que cuida do recebimento dos
materiais nas organizações cumpre as funções de desembalagem dos
itens recebidos e conferência das quantidades e condições qualitativas.
Assim, qualquer falha nesse processo poderá acarretar prejuízos para a
empresa compradora. Podemos entender, então, que, quando dispomos
de algumas informações antecipadas, é possível cuidar melhor da
organização e do preparo para o recebimento em questão.
Ainda segundo o autor, entende-se como recebimento e conferência
de materiais o ato de receber insumos, produtos, matérias-primas ou
quaisquer itens para uso ou armazenamento na organização. Tal ação
deve sempre ser acompanhada do pedido de compras ou da requisição
de material correspondente, quando esta se der especificamente
entre os setores de uma empresa. O recebimento pode ser ainda
ocasionado pela devolução de produtos não entregues, itens em
consignação que retornaram, produtos com cobertura de garantias,
entre outros.
No ato do recebimento alguns cuidados deverão ser tomados para
evitarmos transtornos posteriores. Por exemplo, a área que será
utilizada para o recebimento deve estar limpa e desimpedida; a
circulação de pessoas e veículos no local deverá ser restrita; e o
conferente ou o responsável pelo recebimento deve disponibilizar
caixas, paletes e demais itens de apoio para facilitar a descarga e
posterior conferência.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Recebimento físico
Para a realização de um bom recebimento físico, inicialmente confrontam-
se os dados da DANFe com o pedido de compras, preços praticados,
dados do emitente, se a sua empresa é realmente o destinatário daquele
material, forma de pagamento, responsável pelo pagamento do frete,
condições de pagamento, CNPJ contido no DANFe, entre outros, caso não
tenha sido escolhido o procedimento de conferência cega, que concilia
tudo de forma automatizada. Isso evita que ocorram possíveis envios em
multiplicidade de pedidos já atendidos e entregues.
Dessa forma, se tudo estiver conforme o previsto, procede-se ao
recebimento físico dos materiais, com a conferência física daquilo que
está sendo apresentado e, também, da quantidade, da qualidade, das
marcas, dos tipos de embalagens (volume x quantidade), entre outros.
Muitas empresas estimulam que os fornecedores indiquem o número do
pedido de compras para agilizar a identificação nos seus controles.
O recebimento demanda muita atenção por parte das unidades de
fornecimento. Alguns materiais podem requerer a compatibilização,
como a transformação de caixas em unidades. Exemplo: a compra foi de
sessenta unidades, mas a DANFe sinaliza dez caixas. Sendo certo que
cada caixa possui seis unidades, a entrada no estoque será de sessenta
unidades adquiridas e, não, pelas dez caixas do documento fiscal.
43
Vencida a conferência, o canhoto da DANFe será assinado e devolvido
ao entregador. Pode ocorrer, ainda, de a transportadora contratada para
a realização da entrega solicitar a assinatura no Documento Auxiliar
do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTe) – equivalente da
DANFe, para comprovar a entrega da carga, que reúne os dados do
Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e). Em seguida, os itens,
então, serão registrados no respectivo sistema de controle, com a
digitação das informações do documento fiscal que os acompanhou,
sendo movimentados e armazenados nos seus endereços.
A DANFe será liberada e enviada para pagamento pelo setor financeiro.
Geralmente, guarda-se uma cópia do documento e do relatório de
recebimento (se existir), para futuras consultas sobre lotes, datas de
validade, quantidades, entre outros pontos que possam vir a elucidar
possíveis divergências encontradas nos inventários.
Em caso de avarias ou não conformidades, deverão ser descritas no verso
da DANFe, e o material poderá ser devolvido conforme a política da
empresa, de forma total ou parcial. Se parcial, será necessária a emissão
de NFe de devolução. Algumas organizações praticam o expediente de
assumir as divergências (avarias, inversões ou até mesmo faltas), pois,
posteriormente, negociam com os fornecedores descontos para futuras
aquisições, assumindo o descarte dos produtos não conformes. Isso
acaba sendo mais vantajoso para ambas as partes, pois não existe a
necessidade de operar a logística reversa das avarias.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Recebimento de devoluções
Tão importante quanto receber produtos dos fornecedores é cuidar da
conferência das devoluções processadas. Muitos são os motivos que
podem levar um envio a ser devolvido, que devem ser estratificados
conforme os motivos, estudados e identificadas as possibilidades de
eliminar as suas causas.
Entre os motivos que podem gerar devoluções estão: destinatário
ausente; endereço incompleto ou não encontrado; pedido errado (em
duplicidade ou outro motivo); avaria na entrega; inversão; falta; sobra;
itens vencidos; marcas ou quantidades erradas; compra cancelada (se
aplicável); entre outros.
Ao serem enviados aos seus destinatários, normalmente, os produtos
seguem com um aproveitamento máximo da ocupação do veículo;
logo, a possibilidade de sofrerem impactos e danos no deslocamento
é reduzida. Ao retornarem pelos motivos assinalados pela tripulação
de entrega, podem retornar em um veículo praticamente vazio
(popularmente conhecido como “caminhão batendo mola”, gíria alusiva
ao fato observado em caminhões vazios em deslocamento apresentarem
um som metálico característico das batidas dos feixes de mola do
eixo traseiro, típicos da ausência de peso na carroceria), estando mais
expostos e sujeitos às avarias decorrentes do transporte.
44
Recomenda-se, dessa forma, que, quando ocorrerem devoluções
(mercadorias enviadas pela empresa e devolvidas ou não entregues
aos seus clientes), sejam emitidos relatórios de recebimento e que as
cargas sejam minuciosamente conferidas, pois, ao assumir faltas, avarias
ou outros problemas quaisquer, a não conformidade passa a ser da
empresa. Ao identificar a falta de itens, caixas violadas ou tentativas
de aproveitamento indevido dos materiais em processo de devolução,
é possível que a empresa adote medidas de prevenção de perdas que
estejam alinhadas com o setor jurídico e de pessoal (Recursos Humanos
– RH) da própria organização, sujeitando os profissionais envolvidos
na ocorrência a sofrerem a aplicação das medidas administrativas
cabíveis. As mercadorias devolvidas que estiverem em condições de
serem reintegradas ao estoque deverão ser registradas nos sistemas de
controle. As avariadas ou danificadas deverão ser baixadas conforme
política da empresa. O sistema deverá sempre ser informado e
alimentado com as informações relacionadas a saídas, entradas, ajustes
e baixas processadas, reduzindo a chance de diferenças entre o saldo
físico e o equivalente contábil (registrado nos citados controles).
Contagem cega
Como antecipado, trata-se de um processo de conferência, no qual o
agente encarregado de receber os itens desconhece as quantidades
informadas nos documentos que acompanham os produtos. Ele é
precedido da etapa que realizou a conciliação entre o constante na
Armazenagem e Movimentação de Terminais
DANFe e o pedido de compras, que pode ser feito automaticamente
via sistemas ou por um setor específico que controla os recebimentos
das DANFe, que faz a conciliação. Em seguida, é liberado um tipo de
formulário, em que constam os SKU (Stock Keeping Unit, ou unidade
de apanhe do estoque) dos itens que estão sendo recebidos, podendo
conter as marcas e as unidades de medida de cada um, sem, contudo,
considerar as quantidades envolvidas. O conferente anotará as
quantidades daquilo que ele está efetivamente recebendo; ao finalizar
a conferência física, ele fará a digitação das quantidades observadas,
se as mesmas coincidirem com o pedido de compras, os produtos
serão liberados para movimentação e poderão ser colocados nos seus
respectivos endereços. Muitos sistemas especialistas estão programados
para aceitar apenas um lançamento de quantidade. Caso ocorra algum
erro de digitação ou as quantidades lançadas sejam divergentes das
esperadas, um novo lançamento será possível com a chave de acesso de
um superior hierárquico.
Pelas explicações expostas é que a contagem é chamada de cega, pois o
conferente não tem acesso às quantidades daquilo que foi pedido; logo,
ele deverá lançar o que efetivamente está conferindo e recebendo.
Recebimento de fornecedor certificado
Atualmente, as cadeias de suprimentos passam por processos
integrativos, que possibilitam saltos evolutivos com vantagens
45
para as empresas envolvidas. Uma das possibilidades decorrente
da integração e do estreitamento nas relações entre as empresas
parceiras é a certificação de determinados fornecedores, quanto à
padronização dos seus produtos e dos seus envios. Isso possibilita
um recebimento mais ágil, dispensando a adoção de rigorosos
procedimentos de recebimento, aplicáveis a outros que ainda não
atingiram o grau de confiança esperado.
etiqueta possui um código de identificação único, vinculado a um
código SKU.
A figura a seguir ilustra o recebimento de produtos que foram
identificados com etiquetas de RFID, sendo realizado com o auxílio
de leitores de dados.

Recebimento automático

Outra opção de recebimento mais ágil, que pode evoluir até um

nível automático, pode ser observada quando ocorrem transferências
entre unidades de negócios de um mesmo grupo empresarial, pois,
em função da existência de controles internos e de processos muito
bem definidos, as rotinas de abastecimento das unidades podem
ser facilitadas e até automatizadas, com o emprego de sofisticados
recursos mecanizados e robotizados.

O desenvolvimento, a disseminação e a introdução das etiquetas de

identificação de Frequency Identification (RFID) – ou simplesmente
radiofrequência – permite que as empresas detentoras dessa
tecnologia procedam ao recebimento físico de forma mais
rápida e automática, pois as antenas de RFID são capazes de ler,
Figura 3: Coletor de dados capaz de efetuar a leitura de códigos de barras ou de etiquetas
simultaneamente, diversos códigos sem duplicidades, pois cada
de RFID. Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 46

Situações que demandam recebimento técnico e quarentena para
aferição da qualidade
Em função da necessidade de conferência de determinados aspectos que
envolvem certas matérias-primas, quanto ao seu grau de pureza ou para
atestar a qualidade de fornecedores que ainda não possuam um melhor
grau de confiabilidade quanto aos seus envios, pode ser requerida a
adoção de procedimentos específicos de confirmação das propriedades
declaradas pelo fornecedor. Caso isso ocorra, o material será recebido,
conferido, mas não será imediatamente juntado ao estoque, ou seja,
ficará numa condição de quarentena, enquanto aguarda a conclusão dos
exames aos quais possa ter sido submetido.
Tal expediente visa a garantir que as matérias-primas ou demais
insumos do esforço produtivo, que estão sendo recebidos pela empresa
compradora, realmente ajudarão na manutenção dos padrões de
qualidade esperados em um determinado processo, sem comprometê-la.
Muitos equipamentos, itens de mobiliário e complementos de máquinas,
em função de suas características operacionais e de manutenção por
parte dos seus usuários, demandam a realização de um recebimento
técnico. Para tanto, a empresa adquirente nomeará uma equipe
habilitada, que cuidará do dito recebimento. Essa equipe é composta por
profissionais escolhidos por reunirem condições técnicas específicas, a
fim de atestar se os equipamentos estão nas condições indicadas, bem
como o estado e a presença de acessórios, manuais e sobressalentes.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Em se tratando de material de patrimônio, esse recebimento, geralmente,
se dá com o concurso de um técnico da área de patrimônio da empresa,
que, no ato, procede ao registro e ao tombamento do bem, com a
colocação da identificação equivalente, quando aplicável.
O recebimento de um equipamento adquirido pela empresa deve ser
feito, preferencialmente, com o apoio de profissionais conhecedores
do assunto, quando necessário. Os relatórios emitidos em razão do
recebimento técnico deverão ser juntados ao processo de aquisição
para futuras consultas.
3. Registro de não Conformidades (Relatório
de Ocorrências); Devolução Total e Parcial;
Lançamento nos Sistemas de Controle, Trâmite
de Documentos e Incorporação ao Estoque Físico
Como já citado, durante o recebimento, podem ser descobertas
anomalias, que precisam ser registradas para viabilizar a apuração das
responsabilidades. As empresas que realizam o recebimento sem esse
47
cuidado, caso venham a perceber avarias, faltas, inversões ou quaisquer
outras não conformidades, terão grande dificuldade em processar os
acertos, pois a empresa fornecedora poderá exigir a emissão posterior
de relatórios e juntada de evidências para fins de ressarcimento. Caso
a identificação e o respectivo registro ocorra no ato do recebimento,
pode-se decidir o destino a ser dado para a carga em processo de
entrega: devolução total, devolução parcial ou recebimento (mesmo
com divergências).
Devolução total e parcial
Em se tratando de procedimentos de devolução, sejam de forma total ou
parcial, o conferente ou outro profissional responsável pelo recebimento,
amparado nas políticas de recebimento e devolução da organização,
poderá efetuar a devolução ou proceder ao recebimento daquilo que
está sendo entregue e que tenha apresentado alguma não conformidade.
Imagine que uma entrega de laticínios tenha sido realizada com
produtos fora da temperatura ideal ou vencidos (todo o lote ou parte
dele). Nesse caso, a devolução deverá ser total.
Os elevados custos dos fretes, em função das distâncias que
normalmente envolvem os agentes da negociação, podem levar as
empresas a encontrar um ponto de equilíbrio em relação ao destino das
mercadorias inservíveis ou avariadas. O fornecedor, como antecipado,
poderá enviar a mercadoria que apresentou problemas junto com
Armazenagem e Movimentação de Terminais
um lote de uma futura entrega, inclusive, como bonificação ou com
desconto, a fim de compensar eventuais perdas dos compradores. Como
citado, tudo dependerá das regras internas de cada empresa, pois, ao
assumir uma divergência, o processo deve ser acompanhado, para que
ocorra a reposição na quantidade e com a qualidade daquela que foi
enviada com problemas.
Muitas organizações, no intuito de incentivar que seus fornecedores
se esforcem nos controles e de garantir entregas cada vez mais
eficientes, dispensam a possibilidade de ajustes futuros, processando
a devolução total.
Outro expediente admissível é a emissão de uma NFe de devolução
dos produtos com problemas. Com isso, será dada a entrada no
estoque apenas da quantidade que não apresentou problemas,
ficando o ônus dos itens avariados por conta do fornecedor.
Lançamento nos sistemas de controle
Com a facilidade de acesso tecnológico e baixo custo das modernas
soluções informatizadas à escolha dos gestores, muitas empresas
vêm optando pela utilização de sistemas integrados do tipo
ERP (Enterprise Resource Planning), que possibilitam a emissão
de requisições de material, pedidos de compras, recebimento de
materiais, separação de mercadorias, emissão de documentos fiscais,
entre outros procedimentos.
48
Independentemente do sistema ou do mecanismo de controle utilizado,
após o recebimento, a empresa precisar tomar ciência da incorporação
ao seu estoque dos itens adquiridos, conferidos e recebidos, passando,
então, a estar disponíveis para separação, transferência, doação, consumo
ou até mesmo a sua venda.
A digitação dos dados contidos na DANFe nos sistemas especialistas de
controle se dá após a realização da conferência de recebimento e pelo
lançamento das informações recebidas no documento citado, ou, ainda,
pela importação dos dados contidos no arquivo eletrônico gerado por
ocasião da emissão da NFe. Contudo, no decorrer desse ato, deve-se ter
em mente que aquilo que for lançado nos meios de controle passará a
valer para fins de contabilização do estoque. Entradas a menor ou maior
trarão impactos negativos para a empresa.
Trâmite de documentos
Após a conferência física dos produtos entregues, caso tudo esteja
dentro do esperado, ou após a realização dos procedimentos de
devolução parcial, como já citado, procede-se à liberação dos
agentes que fizeram o transporte, com a respectiva devolução do
canhoto da DANFe assinado, e passa-se à digitação nos sistemas,
conforme informado.
Muitas empresas contam com sistemas especialistas capazes de
associar o ato do recebimento ao responsável pelo mesmo, registrando
Armazenagem e Movimentação de Terminais
eletronicamente a operação e sinalizando automaticamente o setor
financeiro e a área de compras quanto ao procedimento efetuado.
Outras necessitam que o conferente, após a digitação das informações
nos sistemas de controle, identifique-se e assine no verso da DANFe
(atestando o correto recebimento), que, depois, seguirá para o financeiro
da empresa para fins de pagamento, em data futura, conforme acordado
no processo de compras.
Quando o responsável pelo pagamento do frete é o destinatário (frete
FOB – Free on Board), isso vem destacado na DANFe e, em geral, uma
cópia do conhecimento de transporte eletrônico – CTe, com os dados
para pagamento do frete, é enviada juntamente com a mercadoria. Esse
documento, após a validação, será enviado ao financeiro, para que seja
processado o seu pagamento, tal qual o acordado.
Incorporação ao estoque físico
O ato final do recebimento é a sua incorporação ao estoque físico da
empresa, conforme as suas diretrizes de armazenagem. Se a empresa
possui endereços fixos para colocação das mercadorias ou insumos,
eles serão levados, mediante orientação e comando do conferente para
ser colocado nos locais indicados. Se a empresa contém um sistema
especialista do tipo Warehouse Management System (WMS), ela poderá
utilizar o endereçamento conforme a classificação ABC dos materiais,
pois esse tipo de sistema faculta o endereçamento dinâmico.
49
Em geral, os estoques contêm uma área de apanhe ou picking e outra
de reserva. Dependendo dos níveis observados em cada uma delas, Referência
a incorporação poderá se dar para um ou outro lugar, conforme a DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6 ed.
disponibilidade de espaço. Ao incorporar os itens no estoque, deve-se
São Paulo: Atlas, 2015.
ter o cuidado de observar as datas de validade dos itens, deixando
aqueles com data mais próxima do vencimento em condições de ser
separados prioritariamente, evitando-se, com isso, o vencimento dos
itens em estoque.

Ao longo desta unidade de aprendizagem, foram abordados os

cuidados que podem ser adotados muito antes do recebimento físico,
como as atividades de agendamento, conciliação da DANFe e pedido
de compras.

Na sequência, conhecemos um pouco mais sobre o recebimento físico,

incluindo o recebimento de devoluções, os cuidados na conferência
de recebimento, o procedimento de contagem cega, o recebimento
automático e de fornecedor certificado, as situações que demandam
recebimento técnico e a quarentena para aferição da qualidade.

Finalmente, analisamos os motivos que levam ao registro de não

conformidades efetuado por intermédio do relatório de ocorrências.
Verificamos, ainda, as situações de devolução total e parcial, além de
como se processa o lançamento nos sistemas de controle, trâmite de
documentos e, por fim, encerramos a unidade com a incorporação ao
estoque físico.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 50

Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Equipamentos voltados para a armazenagem
e a movimentação de produtos
Para Início de Conversa Objetivo
Imagine se tudo o que entra em um armazém fosse colocado diretamente Prescrever os equipamentos de movimentação e estruturas de
no piso. Isso faria com que, dependendo da quantidade de produtos ali armazenagem mais indicados para cada tipo de operação logística
armazenada, fossem consumidos muitos endereços de armazenagem no de armazenagem.
piso para acomodar a carga. Esse processo demoraria para acessar os
endereços mais distantes, perdendo muito tempo na movimentação.

A armazenagem diretamente no piso é conhecida como blocado,

utilizada para aumentar a ocupação do espaço. Existem, atualmente,
outras estruturas capazes de verticalizar os produtos, ocupando
melhor o espaço, como as estruturas do tipo porta-paletes, estantes,
mezaninos, drive-in, drive-through, entre outros. Para cada uma delas
há equipamentos de movimentação mais adequados, com destaque
para as paleteiras e as empilhadeiras até os modernos veículos guiados
automaticamente, os AGV.

Ao final desta unidade, você terá subsídio para indicar os equipamentos

de movimentação e as estruturas de armazenagem ideais para cada tipo
de operação logística de armazenagem.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 52

1. Principais estruturas de armazenagem constituída de embalagens de transporte, organizada, arranjada ou
acondicionada, possibilitando manuseio, movimentação, transporte e
(blocado, porta-paletes, estantes, mezaninos, armazenagem com o auxílio de equipamentos como uma unidade.

drive-in, drive-through etc.)
Quando pensamos em um armazém, naturalmente imaginamos muitos
produtos guardados em um local protegido. Pode ocorrer de a nossa
imaginação nos fazer perceber até mesmo a presença de paletes (estrados
de madeira ou outros materiais, do inglês pallet), com produtos em cima
e estruturas de armazenagem, em uma configuração semelhante à de
um prédio com muitos apartamentos, com os
produtos devidamente organizados.
Justamente a possibilidade de reunir muitos produtos em uma única
unidade, capaz de ser movimentada de uma só vez, possibilitou que,
conforme a natureza e o tipo de produtos, fossem desenvolvidas soluções
que permitissem não apenas movimentar, mas, também, armazenar de
forma eficiente uma gama de materiais.
Na opinião de Dias (2015), o sistema de paletização vem sendo cada
vez mais empregado por empresas que precisam de uma manipulação
rápida e estocagem racional de significativos volumes de carga.

Esses paletes de madeira com caixas A adoção das empilhadeiras combinadas com os paletes é capaz de
ou outros tipos de embalagens em gerar uma economia de até 80% do capital necessário para atender ao
cima são apresentados sob a forma sistema de transporte interno. A escolha dos sistemas de movimentação
de uma única unidade, capaz de ser mais indicados deve ser acompanhada de um planejamento rigoroso,
movimentada pelas empilhadeiras e que indicará a viabilidade ou não da utilização de um sistema.
colocadas nas estruturas citadas.
O manuseio ou a manipulação em lotes de caixas, sacos, engradados
Essa unidade (de movimentação) é ou outros agrupamentos permite que as cargas sejam transportadas e
também chamada de carga unitária ou estocadas como uma só unidade, conforme já explicitado na unitização.
unitização, que, na visão de Dias (2015), Figura 1: Sacos de cimento organizados As principais vantagens de sua adoção são a economia de tempo, uso da
pode ser definida como uma carga sobre um palete de madeira, formando mão de obra e do espaço necessário para as rotinas de armazenagem. Um
uma carga unitária. Fonte: Dreamstime.
sistema de paletização bem organizado permite a formação de pilhas

Armazenagem e Movimentação de Terminais 53

altas e seguras, capazes de oferecer melhor proteção às embalagens, dificuldade em efetuar a devolução dos paletes retornáveis aos seus
que podem ser manipuladas em conjunto. Esses sistemas combinados de proprietários, o que acaba encarecendo a operação.
empilhadeiras e paletes permitem a agilização, inclusive, das operações
Ainda de acordo com o autor, existem diversos fatores que precisam
de carga e descarga de caminhões.
ser considerados ao se escolher um palete para operar um sistema de
Os paletes, normalmente feitos de madeira (podendo ser de materiais movimentação de cargas.
plásticos, metálicos e até de derivados de papel), vêm conquistando
1. Peso
cada vez mais usuários em todos os elos da cadeia de suprimentos.
2. Resistência;
Hoje, os paletes são vistos acompanhando a carga em versões 3. Tamanho;
retornáveis ou descartáveis (one-way), presentes no abastecimento
4. Necessidade de manutenção;
das linhas de produção, nas áreas de estocagem, indispensáveis
5. Material empregado na sua construção;
na expedição, embarque e distribuição. Para facilitar a utilização
dos paletes, países como a Inglaterra e os EUA padronizaram 6. Umidade (para os de madeira);

suas medidas, permitindo, assim, que eles viagem com extrema 7. Tamanho das entradas para os garfos;
flexibilidade em caminhões, vagões ferroviários, aviões cargueiros e 8. Custo;
embarcações marítimas. 9. Tipo de construção;
10. Capacidades de carga;
Por aqui, o modelo mais utilizado é o Palete Brasileiro Retornável - PBR,
desenvolvido pela ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados. 11. Tipo de carga de movimentação;
Eles são produzidos em duas dimensões distintas, sendo a principal 12. Capacidade de empilhamento;
em 1m x 1,2m (PBR 1) e 1,05m x 1,25m (PBR 2), podendo ser montados 13. Possibilidade de manipulação por transportador;
em madeira de eucalipto, pinus e de lei mista, o que lhes confere maior 14. Viabilidade para operações de estiva.
resistência. Quando se quebram, podem ser reformados e recolocados
em uso. Muitas empresas recebem as cargas paletizadas e têm Figura 1: Escolha de paletes. Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 54


Outro ponto importante a se destacar é que a distribuição e o
balanceamento da carga sobre o palete deve bem planejada. A
organização dos produtos sobre o estrado formam a primeira camada,
também conhecida como lastro. As demais camadas serão colocadas
umas sobre as outras, até a altura estabelecida. Essas são atitudes que
podem otimizar a utilização do espaço de armazenagem, o equipamento
de movimentação e até a ocupação nos veículos de transporte.
Os empregados da operação que farão a organização dos produtos sobre
os paletes devem ser treinados e orientados, para saberem a maneira
mais correta de carregá-los com volumes de determinados tamanhos.
A seguir, listamos os principais cuidados a serem tomados:
▪ Tamanho da carga: existem diversas maneiras de paletizar uma carga,
que pode ser: de diversos tipos e tamanhos (cargas mistas), apenas
de um tipo (um único SKU) ou nenhuma chance de ser paletizada
(cargas que não podem ser colocadas sobre paletes, dependendo
do seu tamanho). Em geral, as mais pesadas são colocadas na base,
possibilitando maior proteção às mais leves e frágeis, no caso das
cargas mistas.
▪ Peso do material: o número de camadas está condicionado à resistência
do palete e da embalagem, devendo ser observado o empilhamento
Armazenagem e Movimentação de Terminais
máximo permitido. O projeto de embalagem considera a utilização
pelo usuário final, a quantidade dos itens que cabem em uma caixa e
a quantidade de caixas por camada e palete. O peso total do palete e
o seu volume irão impactar e influenciar a escolha do equipamento
de movimentação e o tipo de estrutura de armazenagem.
▪ Carga unitária: o comprimento, a largura e, especialmente, a
altura da carga unitária, tomada como um todo (palete montado),
devem ser considerados. Observar também o centro de gravidade,
pois cargas unitárias podem ter o centro de gravidade deslocado
para um dos lados ou para a parte superior, o que, por si só,
deve ser informado para fins de utilização de equipamentos de
movimentação, como empilhadeiras.
▪ Perda de espaço: alguns tipos de arranjos das camadas tendem
a apresentar muitos espaços vazios entre as unidades dentro de
uma mesma camada. Além da natural perda de espaço, corre-se
o risco de o peso ser distribuído de forma desigual, o que pode
comprometer o centro de gravidade, favorecendo um possível
desmoronamento das pilhas.
▪ Compacidade: as várias unidades de um arranjo devem estar casadas,
formando uma amarração (a figura anterior ilustra a alternância
entre o posicionamento das camadas, formando a dita amarração ou
casamento), tal como os tijolos em uma parede, sempre que possível.
Isso se faz necessário para que haja um do conjunto e o espaço
ocupado seja minimizado.
55
▪ Métodos de amarração: os tipos de fixação das várias unidades
de carga em conjunto são:
▪ colagem;
▪ uso de cordas de algodão, como nos paletes de caixas de
bebidas retornáveis, aplicadas na camada superior para evitar
o tombamento lateral das pilhas, pois as caixas não podem ser
entrelaçadas;
▪ uso de filme strecht (rolo de plástico que é aplicado pela parte
externa das caixas, enfaixando as diversas camadas;
▪ arqueamento com fitas metálicas ou de nylon.
▪ Essas fixações poderão ser dispostas sobre o palete sem
maiores preocupações, sendo recursos necessários quando as
cargas têm pouca ou nenhuma amarração entre si.
Principais estruturas de armazenagem: blocado
A blocagem, na logística, pode ser observada dentro e fora das
instalações cobertas e abrigadas. O termo blocagem, do inglês block
stacking, de acordo com Dias (2015), é um tipo de empilhamento
simples, sem o uso de porta-paletes, no qual os paletes são empilhados
diretamente no chão.
Dessa forma, poderá receber outras camadas por cima, formando
uma pilha até o limite de empilhamento do produto, do pé direito
Armazenagem e Movimentação de Terminais
da instalação (altura livre de armazenagem do edifício), até a
estabilidade do conjunto.
Para Dias (2015), quando a empresa adota os paletes combinados
com o sistema de blocagem, de altura em altura, isso faz com
que a carga possa ser movimentada por empilhadeira, utilizando
corredores mais estreitos com consequentes custos menores
de armazenagem. Passa-se a utilizar não mais uma blocagem
simples (produto diretamente apoiado no piso), mas a blocagem
com inserção de paletes. Todavia, principalmente se o produto for
frágil ou de difícil paletização, a pilha continuará instável, haverá
risco de danos aos produtos das camadas mais baixas (caso não
observado o limite de empilhamento) e a empresa perderá altura de
armazenagem, que poderia ser obtida com outras estruturas, como
será abordado mais à frente.
Esse tipo de organização de produtos tem como destaque a pequena
área que deve ser usada para circulação, pois ao serem reunidos de
forma compacta, protegem os paletes, contribuindo para o melhor
povoamento e a densidade de armazenagem, ideal para espaços
mais restritos, indicado para produtos de maior valor agregado.
A Figura 2 a seguir ilustra uma estrutura de blocado em um
armazém.
56

Figura 2: Blocados de produtos químicos. Fonte: Dreamstime.
As estruturas porta-paletes
As estruturas do tipo porta-paletes são muito comuns nas operações
logísticas. Trata-se de uma estrutura, geralmente, montada com perfil
de aço, sendo populares as colunas apresentadas em azul, cinza
ou outra cor e as longarinas pintadas na cor laranja para chamar a
atenção dos empilhadores. Para Dias (2015), ela é flexível, permitindo
remanejamentos e modificações na altura e na largura das divisões.
Também resiste melhor aos danos acidentais causados por veículos de
movimentação, o que pode ser ampliado com a adoção de protetores de
colunas (tipo de acessório fixado um pouco à frente das colunas para
evitar o contato direto dos equipamentos de movimentação).
Armazenagem e Movimentação de Terminais
O projeto de instalação de uma estrutura desse tipo deve levar em
consideração o tipo de configuração e a capacidade de carga do piso,
pois o peso dos diversos paletes ali colocados será transferido das
longarinas às colunas, e dessas ao piso. Assim, se não tiver a capacidade
de carga, capaz de suportar o peso do conjunto carregado completo,
poderá ocorrer desde o aparecimento de fissuras e trincas no piso até
o afundamento e o colapso da estrutura de forma parcial ou total.
Cada projeto prevê uma capacidade de carga, conforme parâmetros de
aquisição junto ao fornecedor. Em geral, são configurados para suportar
uma carga padrão de um palete mediano, podendo receber acréscimos
em sua resistência para suportar paletes mais pesados, o que irá
influenciar o preço, o peso e a resistência das colunas e longarinas. As
colunas e as longarinas, uma vez amassadas ou danificadas, devem ser
substituídas por outras de igual capacidade e resistência.
Os diversos fabricantes têm padrões de furação e de fixação distintos,
sendo complexa a utilização de partes de outros fornecedores em um
mesmo conjunto. Os paletes são apoiados em cima das longarinas
com o auxílio de equipamentos de movimentação, normalmente
empilhadeiras. Na sua arrumação, devem ser utilizados paletes do
tipo PBR ou outro reutilizável com estrutura compatível com o que irá
suportar, sendo vetados os do tipo descartável, uma vez que, por terem
sido projetados para serem desprezados após o uso ou a entrega, são
mais sutis e frágeis.
57
Os paletes podem ser organizados em fileiras, com corredores entre
elas, mantendo-se uma distância que possibilite a manobra dos
equipamentos de movimentação. São comuns os aproveitamentos
de vãos e dos espaços para circulação de empilhadeiras, formando
túneis, otimizando a ocupação do armazém.
Figura 3: Porta-palete convencional com aproveitamento do espaço acima do corredor.
Fonte: Imam.com
Estantes
As estantes são estruturas, geralmente, confeccionadas em aço,
com partes que podem ser montadas e organizadas em alturas e
espaçamentos conforme o tipo de material ali armazenado. Podem, ainda,
conter divisões, formando escaninhos em uma mesma prateleira. São
Armazenagem e Movimentação de Terminais
muito empregadas em locais de separação (picking) ou para armazenar
produtos de dimensões menores.
Mezaninos
O sistema conhecido como mezanino ou mezanino industrial permite, tal
qual o porta-paletes ou a estante, em função da versatilidade em seus
mecanismos, emprestar à operação espaços para a execução de novas
formas de trabalho, seja para a criação de um ambiente totalmente novo
ou simplesmente um apoio aos processos logísticos realizados dentro
de um armazém.
Para Bertolini (2019), trata-se de um sistema direcionado que pode
ser utilizado para montagem de áreas de separação, armazenagem ou
mesmo para abrigar setores completos de apoio à operação. Conforme o
tipo de projeto, pode aumentar significativamente a capacidade da área
útil em um armazém, de maneira prática e econômica.
Para NTC (2006), é uma plataforma apoiada por colunas, usada para
estocagem ou operação, construída em plano superior, o que permite o
movimento de pessoas ou equipamentos na parte de baixo.
São comuns os mezaninos montados a partir das estruturas de
estantes metálicas ou mesmo porta-paletes, contendo um segundo
andar, protegido por guarda-corpos ao seu redor, tendo um portão para
colocação e retirada de paletes neste piso.
58
 de ré, com o equipamento de movimentação. Uma prática comum é a
sua construção com um dos lados encostados na parede.

Como principal limitação, seria o fato do preenchimento de um túnel

(corredor útil)somente ser possível quando se forma uma chaminé
(coluna) completa de paletes na mesma profundidade (em relação ao
corredor). Então, a empilhadeira começa a preencher outro túnel, depois
que o anterior está completamente cheio. A carga e a descarga são feitas
sempre pela mesma face da estrutura. Ideal para o uso do sistema de
gestão de estoques UEPS (último que entra no estoque é o primeiro que
sai) ou LIFO (last-in, first-out). (NTC, 2006).

Figura 4: Mezanino montado sobre estrutura porta-paletes.Fonte: Dreamstime.

Drive-in

O drive-in é um tipo de estrutura de armazenagem que permite um

aproveitamento do espaço maior que o obtido com os porta-paletes.

Na visão de Dias (2015), é uma solução que elimina os corredores

transversais. O sistema é muito semelhante, na aparência, ao
convencional de porta-paletes; no entanto, as longarinas horizontais são
substituídas pelas ombreiras, ponto de apoio para os paletes. O resultado
desse sistema é a formação de um corredor, por onde a empilhadeira
pode penetrar de frente, com o garfo ajustado na altura do plano de Figura 5: Estrutura do tipo drive-in sendo abastecida com um palete de produtos.
carga ou descarga. Ao ser colocado ou retirado o palete, a saída é feita Fonte: altamira.com.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 59

Drive-through
O drive-through, ou simplesmente drive-thru, na opinião de Dias
(2015), é um drive-in que foi desencostado da parede, permitindo o
acesso aos produtos que estão na parte de trás. Por ter sido afastado
da parede, demanda no projeto maior robustez e estabilidade do
conjunto. Essa opção permite que a empilhadeira atravesse com o
palete a área de carga e saia na área de descarga, economizando
o movimento de contorno da estrutura. Esse tipo de estrutura
permite a inclusão de um sistema dinâmico ou de palete deslizante.
As longarinas, no sentido de profundidade, são configuradas em
plano inclinado com o uso de rodízios ou roletes, possibilitando
que o palete simplesmente deslize com a ajuda da gravidade, nesse
caso, a empilhadeira não mais precisará penetrar os túneis. Ao
ser depositado, o palete na borda do túnel descerá por gravidade
até a outra face (ou até encontrar um outro palete, já parado). Os
fabricantes adicionam retardadores (tiram a velocidade do palete,
com dispositivos mecânicos ou hidráulicos), para que a carga não
deslize sozinha, evitando-se danos aos produtos.
Esse sistema permite com sucesso a adoção do sistema PEPS
(primeiro que entra no estoque, primeiro a sair) ou FIFO (first-in,
first-out). (NTC, 2006).
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Figura 6: Drive-though e outro modelo com inclusão de roletes para aproveitamento da ação da
gravidade para deslocar os paletes.Fontes: longa.com.br / mecaluxbr.combr.
Outros sistemas de armazenagem
Atualmente, existem no mercado diversos equipamentos e acessórios
que possibilitam melhor aproveitamento dos recursos existentes,
conforme o tipo e o perfil dos produtos armazenados. Nesse contexto,
podemos citar os racks metálicos, que conferem maior robustez e
estabilidade à carga, sendo um meio-termo entre a blocagem e os
porta-paletes.
A Figura 7, a seguir, mostra esse equipamento, que é montado com
um palete de madeira, possui partes metálicas encaixadas e, após a
montagem, pode ser apoiado sobre outras estruturas iguais. Ideal para
cargas que não permitem empilhamento maior ou são frágeis. Após o
uso, podem ser desmontados e guardados sem ocupar muito espaço.
60

Figura 7: Rack metálico montado sobre palete de madeira.Fonte: engesystems.com.br.
2. Principais equipamentos de movimentação
(paleteiras, empilhadeiras, AGV, talhas,
pórticos móveis, pontes rolantes, rebocadores,
guindastes, carrinhos, transelevadores etc.)
Os equipamentos de movimentação têm como característica transportar
e/ou elevar os produtos para que sejam armazenados adequadamente.
Podem, ainda, abastecer linhas de fabricação, realizar entregas dentro
das empresas, coletar sobras e resíduos, entre outras aplicações. Vamos
conhecer algumas dessas máquinas e saber um pouco mais sobre elas.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Paleteiras
As paleteiras são equipamentos muito comuns em operações
de armazenagem. Podem ser observadas em mercados ao
movimentarem com os seus operadores os paletes para a área onde
realizamos as nossas compras.
São estruturas metálicas com roletes que facilitam o seu
deslocamento. Têm um dispositivo hidráulico acionado com um
timão (seu acionamento elimina o contato direto do palete com o
chão), que também serve como direcionador e onde encontra-se a
tecla que permite que o palete suspenso seja novamente apoiado
no piso. Podem ter o acionamento elétrico do consjuto, permitindo,
em alguns modelos, que o operador viaje embarcado. Importante
observar que há limitações quanto ao peso do palete que pode ser
retirado do chão (elevação), em função da capacidade do sistema
hidráulico que acompanha.
Ao se utilizar paleteiras singelas com cargas acima da sua capacidade,
é possível observar, além dos inconvenientes vazamentos de fluido
hidráulico, que a carga vai lentamente abaixando até encostar o
piso, mesmo sem o acionamento da tecla específica.
Empilhadeiras
As empilhadeiras, de acordo com o NTC (2006), são equipamentos
utilizados com a função de empilhar e mover cargas em armazéns,
portos, parques ferroviários, entre outros.
61

Para Portside (2015), a empilhadeira, assim como muitas outras
invenções, surgiu em 1917, quando Clark Company, que, na ocasião,
fabricava eixos, criou um veículo de transporte interno, batizado com o
nome de tructractor, para movimentar materiais na sua fábrica.
Os profissionais da indústria que visitavam a fábrica perceberam o
potencial do equipamento e fizeram encomendas. Poucos anos depois,
a peça passou a contar com um elevador hidráulico motorizado,
permitindo o poder de elevação.
Em 1923, o fabricante Yale introduziu os garfos, que possibilitavam
elevar cargas a partir do piso, e uma torre de elevação,  que poderia
colocar as cargas na altura do caminhão. O veículo da Yale é considerado
o pioneiro das empilhadeiras como atualmente a conhecemos.
O NTC (2206) ainda destaca que as empilhadeiras podem conter
mastro retrátil ou pantográfico para que os garfos alcancem ou
posicionem melhor os paletes. Também podem ser destinadas a operar
em corredores estreitos ou muito estreitos, sendo equipadas com
dispositivos laterais ou trilaterais para um melhor aproveitamento
dos curtos espaços de manobra. Podem, ainda, serem equipadas com
Armazenagem e Movimentação de Terminais
dispositivos de comando para possibilitar a separação com operador
embarcado, recebendo o nome de selecionadora de pedido. Há a
possibilidade de serem movidas por diversas fontes, sendo as mais
comuns as elétricas e as com motores a combustão por gás liquefeito
de petróleo – GLP ou outras fontes, como as movidas a óleo diesel
para as de maior capacidade.
AGV
Os veículos guiados automaticamente (Automatic Guided Vehicles -
AGV)  são equipamentos de transporte que se deslocam de forma
automática, seguindo uma trajetória traçada ou programada de
antemão. Para o NTC (2006), na sua movimentação encaminham
materiais ou produtos, posicionando-os em locais predefinidos, sem
a presença e a ação de um operador.
Talhas
As talhas são sistemas de elevação de cargas com a redução do
esforço que seria necessário para a sua realização. Podem ser
manuais, com o auxílio de correntes metálicas, ou elétricas, com
botões que executam comandos. Geralmente empregadas para
carregar ou retirar cargas pesadas em veículos de transporte, tais
como bobinas e equipamentos. Demandam uma estrutura no local
que as suporte, bem como o peso que ela irá suportar.
62
Pórticos móveis
Os pórticos móveis são estruturas semelhantes a grandes traves
de futebol, combinadas com talhas, possibilitando que a carga
seja retirada do piso e colocada ou retirada de veículos de carga.
A vantagem é que o sistema dispensa a presença de uma estrutura
vinculada às instalações para o seu uso. Em portos, existem estruturas
desse tipo capazes de movimentar contêineres.
Pontes rolantes
As pontes rolantes são estruturas apoiadas sobre as colunas de um
edifício e utilizadas para elevar e movimentar cargas pesadas, como
bobinas de aço. Possuem uma talha com movimento de elevação e
deslocamento lateral ao longo da ponte. Esta, por sua vez, se desloca
sobre trilhos, cobrindo a área planejada no seu projeto de instalação.
Rebocadores
Os rebocadores são veículos de movimentação semelhantes às
empilhadeiras, porém, não possuem equipamentos de elevação.
Servem para tracionar e transportar cargas colocadas sobre carrinhos
de carga entre setores da empresa (dentro do armazém e deste para
a linha de produção, por exemplo). Podem ser movidos pelas mesmas
fontes de combustível das empilhadeiras.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Guindastes
Os guindastes podem ser encontrados em muitos locais e formas
de apresentação, desde os que estão apoiados em uma coluna e
auxiliam a movimentação de cargas entre dois pontos próximos,
até os autopropulsados, montados sobre chassis de caminhões ou
de veículos especiais, sendo empregados na movimentação pontual
de cargas geralmente fora dos padrões atendidos pelas soluções
anteriormente citadas, sejam em ambientes internos ou externos.
Carrinhos
Os carrinhos são comuns nas operações de movimentações de
produtos em vários locais de uma empresa, seja na distribuição
de produtos de uma requisição de almoxarifados entre os setores
atendidos; na separação de um pedido que será enviado para um
cliente ou nas linhas de produção. Podem ter direção ou rodízios
para facilitar a manobra. São confeccionados em diversos materiais e
variada capacidade de carga.
Transelevadores
Os transelevadores são tipos especiais de empilhadeiras, integradas
a sistemas de gerenciamento de armazenagem, do inglês Warehouse
Management System – WMS.
63
 Outros equipamentos de movimentação

Dispensam a presença do operador, pois as coordenadas de movimentação
até os endereços são dadas pelo programa especialista. Empregaoas
em armazéns com estruturas de armazenagem com corredores muito
estreitos e de altura de armazenagem elevada.
Paleteiras
Guindastes Empilhadeiras
Como cada situação demanda uma solução que pode ser única, os
fornecedores desenvolvem soluções específicas para determinados
segmentos, conforme cada caso.
Um bom exemplo seria as monovias, adotadas por empresas que
precisam movimentar produtos entre armazéns distintos ou entre
estes e a linha de produção, semelhante a um teleférico.

Pontes
AGV
Rolantes
Exemplos de
equipamentos de
movimentação
Transelevadores Talhas

Pórticos
Carrinhos
Rebocadores Móveis

Figura 8: Exemplos de equipamentos de movimentação. Fonte: Elaborada pelo autor, 2020. Figura 9: Sistema de monovia para movimentação de cargas. Fonte: duren.com.br.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 64

 Transportadores
3. Esteiras, transportadores, carrosséis
horizontal e vertical Os transportadores são modelos de esteiras com dispositivos que
possibilitam a mudança de direção dos produtos ali transportados,
Existem outros equipamentos que, pela versatilidade e flexibilidade, sendo mais versáteis que as esteiras. Podem ser de operação manual ou
permitem que o operador não precise se deslocar para movimentar os operados com o apoio de programas especialistas. É possível a utilização
produtos. Vamos conhecer algumas dessas fantásticas soluções. também com um sistema em circuito fechado, no qual diversos SKU são
colocados de uma só vez sobre a sua estrutura em um dos lados e, do
Esteiras outro, são retirados por diversos separadores rumo aos seus destinos.
As esteiras permitem o deslocamento de produtos sobre si e possuem
como princípio de funcionamento um movimento contínuo em
uma direção. Em geral, são feitas com material flexível ou metálico
segmentado, proporcionando o deslocamento de cargas por uma
distância predeterminada. Podem ser construídas com roletes ou outros
dispositivos que permitam a livre movimentação de produtos.

Figura 11: Transportador contínuo movimentando caixas com pedidos. Fonte: Dreamstime.

Carrosséis horizontal e vertical

O carrossel horizontal é um sistema que utiliza cestas suspensas e

tracionadas por sistema mecânico. Pode ser controlado de forma manual
ou operado remotamente por sistemas do tipo WMS.

Já o vertical proporciona a condição de armazenamento em um único

Figura 10: Exemplo de esteira transportadora com roletes metálicos. Caixas deslocadas pelo
movimento de rotação dos roletes até chegarem ao batente no final dela. Fonte: Dreamstime. local de diversos SKU com otimização do espaço vertical. Tal qual uma

Armazenagem e Movimentação de Terminais 65

roda-gigante, os produtos são armazenados em escaninhos que, ao
serem solicitador pelo operador, são deslocados até o local onde se dará
a separação ou o apanhe do item escolhido.
Figura 12: Tipo de carrossel horizontal. Fonte: mecaluxbr.com.br.
Figura 13: Carrossel Vertical. Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Como observado, existem diversas estruturas de armazenagem que
podem ser normalmente observadas em um armazém, tais como os
blocados, as fantásticas estruturas do tipo porta-paletes, as versáteis
estantes, os mezaninos para aproveitamento de espaços improváveis,
como a parte de cima das áreas de recebimento e expedição, as
estruturas do tipo drive-in e drive-through, entre outros.
Como muitas estruturas têm capacidade maior de armazenagem,
elas vão precisar de equipamentos específicos para operarem
a movimentação, com destaque para as populares paleteiras
hidráulicas, empilhadeiras até os modernos veículos guiados
automaticamente, os AGV.
Por fim, espero que você tenha os subsídios necessários para
identificar e indicar os equipamentos de movimentação e as
estruturas de armazenagem ideais para cada tipo de operação
logística de armazenagem.
66
Referências
BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de
materiais e distribuição física. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

BERTOLINI. Bertolini Sistemas de Armazenagem. Disponível em:

encurtador.com.br/hkuS1. Acesso em: 11 mai. 2020.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed.

São Paulo: Atlas, 2015.

NOGUEIRA, A. de S. Logística empresarial: um guia prático de operações

logísticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

NTC - Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. Glossário

NTC de Logística e Transporte. São Paulo: Renover, 2006.

PORTISIDE. Portside, a história da empilhadeira. Disponível em:

http://www.portside.com.br/historia-da-empilhadeira/. Acesso em:
11 mai. 2020.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 67

Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Endereçamento e Cuidados
no Armazém
Para início de conversa... Objetivo
Nesta quinta Unidade de Aprendizagem, conheceremos os sistemas de Diferenciar as metodologias de endereçamento existentes nos armazéns.
endereçamento e os cuidados que devem ser dispensados ao armazém
sob sua responsabilidade.

O objetivo deste capítulo é capacitar você, leitor(a), para a diferenciação

das metodologias de endereçamento existentes nos armazéns, pois a
sua seleção e uso serão de vital importância para uma movimentação e
separação eficientes.

A unidade se desdobra em três partes, sendo a primeira relativa ao

endereçamento e localização no armazém (projeto de identificação
de SKU, identificação de ruas, espaços e áreas especiais, endereço fixo,
aleatório WMS). Em seguida, daremos destaque à importância do uso dos
equipamentos de proteção individual (EPI), equipamentos de proteção
coletiva (EPC) e a algumas normas regulamentadoras, com destaque para
a NR-35, que fala sobre o trabalho em altura. Por fim, serão abordados
os temas relacionados à prevenção de perdas na armazenagem e às
modernas tecnologias de monitoramento que podem ser empregadas.
Bons estudos!

Armazenagem e Movimentação de Terminais 69

1. Endereçamento e Localização no Armazém (Projeto
de Identificação de SKU, Identificação de Ruas, Espaços
e Áreas Especiais, Endereço Fixo, Aleatório WMS)
Quando se pensa no projeto de identificação de um item específico na
área de materiais (SKU), seu objetivo é criar uma regra para definir uma
catalogação, simplificação, especificação, normalização, padronização
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da
empresa. Como afirma Dias (2015), ter um sistema de classificação
é decisivo para qualquer departamento de materiais, pois sem ele os
profissionais da área não conseguem exercer um controle eficiente dos
estoques nem realizar os procedimentos de armazenagem adequados e
a operacionalização do almoxarifado da maneira correta.
Ao simplificar o material, pode-se reduzir a diversidade de itens em
estoque que se destinam a um mesmo fim, como no caso de múltiplos
códigos empregados para o papel A4, que pode ser identificado em
alguns estoques, sem o devido saneamento, como papel A4, papel para
impressora, papel para copiadora, entre outras nomenclaturas criativas.
Assim, no caso de haver duas ou mais peças para uma mesma finalidade
qualquer, aconselha-se a simplificação, ou seja, optar pelo uso de uma
delas. A não simplificação (padronização) pode confundir o usuário do
material visto que pode apresentar uma forma ou apresentação em um
dia, e no outro, uma configuração totalmente diferente, o que pode gerar
Armazenagem e Movimentação de Terminais
compras desnecessárias de mesmo SKU, falta de um item ou a sobra de
itens iguais ou muito semelhantes.
Além da simplificação no quantitativo de itens iguais ou muito próximos,
é necessário que seja criada uma boa especificação do material, ou seja,
uma descrição minuciosa que possibilite um melhor entendimento entre
o consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de material a ser requisitado.
A normalização refere-se à maneira pela qual devem ser utilizados os
materiais em suas múltiplas finalidades, bem como à padronização
e identificação do material, a fim de que tanto o usuário quanto o
almoxarifado possam requisitar e atender aos itens solicitados utilizando
a mesma terminologia. A padronização também é aplicada no caso de
peso, medida e formato.
Ao classificar um material, o profissional irá agrupá-lo levando em
considerção sua forma, dimensão, peso, tipo, uso, entre outros atributos. A
classificação não deve gerar confusão, ou seja, é preciso evitar qualquer
tipo de segmentação que gere confusão entre um produto e outro,
mesmo que sejam semelhantes. A classificação deve ser feita de maneira
que cada gênero de material ocupe seu respectivo local no armazém.
Produtos químicos, se forem armazenados ao lado de produtos
alimentícios, podem estragá-los. Classificar material, em outras palavras,
significa ordená-los segundo critérios previamente adotados, agrupando-
70
 os de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar confusão ou 26x84

dispersão no espaço e alteração na qualidade (DIAS, 2015). 25x72

24x66

Ao realizar uma boa classificação do material, pode-se avançar para 23x60

a codificação desse item, ou seja, representar todas as informações 23x54

necessárias, suficientes e desejadas por meio de números e/ou letras 22x54

com base em toda a classificação obtida do material. Os sistemas de
22x48
codificação mais comumente usados são: o P - Pregos
P/AA - Pregos 14 x 18 - 1 1/2 x 14
alfabético, o alfanumérico e o numérico, 22x45
P/AB - Pregos 16 x 20 - 2 1/4 x 12
também chamado de decimal. 22x42 PIAC - Pregos 30 x 38 - 3 1/4 x 8

Ao aplicar o sistema alfabético, o
material é codificado segundo
uma letra, aplicando-se uma
quantidade de letras suficiente
para preencher toda
identificação do material. Por
sua limitação em termos de
quantidade de itens e pela
difícil memorização, esse sistema
está caindo em desuso, sendo
substituído pelo decimal na maioria
das empresas.
Figura 1: Sistema alfabético de codificação de materiais. Fonte: Elaborada pelo autor.
O sistema alfanumérico apresenta vantagens em relação ao sistema
alfabético, uma vez que permite uma combinação entre letras e números, o
a que dá margem para um número de itens em estoque superior ao do sistema
alfabético. Com ele, pode-se fazer a divisão em grupos e classes, por exemplo.
AC 3721
Código indicador
Classe
Grupo
Figura 2: Sistema alfanumérico de codificação de materiais. Fonte: Elaborada pelo autor.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 71


Atualmente, o sistema de identificação das placas dos veículos
automotores em nosso país utiliza o sistema alfanumérico de
identificação, combinando letras e números.
Segundo Dias (2015), o terceiro sistema que pode ser observado é o
decimal, o qual, atualmente, é o mais utilizado pelas empresas. Isso se
deve à sua simplicidade e à capacidade de associar muitas informações.
Para facilitar o entendimento, observe o caso de uma empresa que utiliza
a seguinte classificação para especificar os diversos tipos de materiais
em estoque:
01 – matérias-primas;
02 – óleos, combustíveis e lubrificantes;
03 – produtos em processo;
04 – produtos acabados;
05 – materiais de limpeza;
06 – materiais de escritório.
Pode-se verificar que todos os materiais estão classificados e agrupados
sob títulos gerais, de acordo com suas características, o que configura
uma classificação abrangente. Cada um dos títulos da classificação
Armazenagem e Movimentação de Terminais
geral serão submetidos a uma nova divisão que irá promover a
individualização dos materiais. Nesse caso, tomemos como exemplo
o título 05 – materiais de limpeza, extraído da classificação geral, e
suponhamos que tenha a seguinte divisão:
05 – materiais de limpeza;
01 – desinfetantes;
02 – panos;
03 – vassouras;
04 – aromatizantes.
Pelo fato de uma empresa demandar diversos tipos de materiais de
limpeza, essa classificação se torna necessária e recebe o nome de
classificação individualizada.
No entanto, essa codificação ainda não é suficiente, por faltar uma definição
dos diversos tipos de materiais. Por causa disso, cada título receberá uma
nova codificação. Para ilustrar o caso de maneira mais assertiva, tomemos
como exemplo o título 03 – vassouras, da classificação individualizada, e
suponhamos que seja classificado da seguinte maneira:
03 – vassouras;
01 – marca Jullius, piaçava, chapa nº 3;
02 – marca Ionny, sintética, multipiso.
72
Essa nova e última classificação é chamada de codificação definidora,
aplicada quando precisamos fazer referência a um material específico
que, para operacionalização, poderia ser encontrado pelos números das
três classificações, considerando a seguinte ordem:
nº da classificação geral;
nº da classificação individualizada;
nº da classificação definidora.
Para requisitar uma vassoura da marca Jullius, piaçava, chapa nº 3, bastaria
montar a sequência com 05 da classificação geral (materiais de limpeza);
03 da classificação individualizada (vassouras); e 01 da classificação
definidora (marca Jullius, piaçava, chapa nº 3), ficando assim:
05 – 03 – 01
Em função de necessidades pontuais, podem ser utilizados mais campos
de classificação ou até mesmo um campo específico, com código
verificador, a fim de evitar uma digitação errada e a consequente seleção
ou movimentação equivocada do item.
Muitos dos sistemas informatizados de gestão de materiais possuem
uma funcionalidade que permite a codificação com sugestões de
descrição de itens, os quais incluem o numérico sequencial, em que
o primeiro item a ser cadastrado receberá o número 1, e os demais,
Armazenagem e Movimentação de Terminais
seguindo a sequência, receberão os números subsequentes em ordem
crescente, sem compromisso com a taxonomia e regras anteriormente
demonstradas. A vinculação a grupos ou famílias de itens com
desempenho ou características próximas será feita no ato do cadastro
de cada item, em tela específica.
Um passo importante a ser dado dentro do armazém é o de possibilitar uma
localização mais fácil dos locais onde os produtos serão armazenados. Da
mesma forma que a indicação do município, bairro, rua, bloco e apartamento
pode diferenciar uma residência de outra, o endereço logístico proporciona
o caminho mais curto e certo para se chegar ao produto.
Deve-se evitar o uso de letras na estrutura do endereço logístico. Contudo,
seu uso não é raro; o mais comum é a configuração com o uso exclusivo
números, que podem ser representados como mostra a Figura 3:
02 - 03 - 001 - 02 - 7
Área
Rua
Coluna
Nível
Sequência
Figura 3: Exemplo de endereço logístico. Fonte: Elaborada pelo autor.
73
Os passos seguintes são a marcação nas estruturas de armazenagem Na visão de Dias (2015), podem ser percebidos na armazenagem dois
dos endereços logísticos, a sinalização das áreas de circulação e a tipos de endereçamento dos materiais ali alocados: a estocagem fixa e a
organização do armazém com colocação de placas de sinalização. estocagem livre.

Para Nogueira (2018), com o objetivo de aproveitar melhor o espaço e

Nível 5 1.01.05 1.03.05 1.05.05 1.07.05 1.09.05
por conta de possíveis remoções ou inserções de novos produtos, pode-
Nível 4 1.01.04 1.03.04 1.05.04 1.07.04 1.09.04
se utilizar alternância de números nos endereços ou posições onde os
Nível 3 1.01.03 1.03.03 1.05.03 1.07.03 1.09.03
produtos serão armazenados, como A1-0001, A1-0003, A1-0005, e assim
Nível 2 1.01.02 1.03.02 1.05.02 1.07.02 1.09.02 por diante.
Nível 1 1.01.01 1.03.01 1.05.01 1.07.01 1.09.01
Segundo Dias (2015), no sistema de estocagem fixa, os locais para a
Nível 0 1.01.00 1.03.00 1.05.00 1.07.00 1.09.00
armazenagem são pré-fixados, atribuindo-se um número de áreas de
Prédio 1 Prédio 3 Prédio 5 Prédio 7 Prédio 9
estocagem (fixas), associadas a um determinado tipo de material. Com
Rua 1 isso, somente aquele determinado SKU poderá ser estocado nos endereços
Prédio 2 Prédio 4 Prédio 6 Prédio 8 Prédio 10 ou locais identificados. Apresenta como desvantagem um maior risco de
ociosidade de áreas de armazenagem e desperdício, pois em função do
Nível 0 1.02.00 1.04.00 1.06.00 1.08.00 1.10.00
dinamismo dos fluxos de materiais, poderá ocorrer a falta de espaço para
Nível 1 1.02.01 1.04.01 1.06.01 1.08.01 1.10.01
um determinado material ou excesso de espaço para outro. Situações de
Nível 2 1.02.02 1.04.02 1.06.02 1.08.02 1.10.02 falta de endereço para guarda de material, quando os endereços vinculados
Nível 3 1.02.03 1.04.03 1.06.03 1.08.03 1.10.03 àquele código SKU estiverem completos, poderão levar à estocagem em
Nível 4 1.02.04 1.04.04 1.06.04 1.08.04 1.10.04 outros endereços ou fazer com que os itens sejam deixados nos corredores,
Nível 5 1.02.05 1.04.05 1.06.05 1.08.05 1.10.05
comprometendo a segurança e a circulação do local.

Ainda segundo o autor, a outra opção é a adoção de um sistema de

Figura 4: Exemplo de localização de uma posição em uma porta-palete.
Fonte: Adaptada de Lima (2020). estocagem aleatória ou livre. Nogueira (2018) denomina essa opção

Armazenagem e Movimentação de Terminais 74

como variável, a qual é caracterizada pela inexistência de fixação do
item ao endereço. Como o próprio nome diz, o endereçamento é livre, ou
seja, feito de acordo com as necessidades e características do material,
geralmente de forma associada à curva ABC dos itens e ao peso e
volume do palete unitizado. No ato do encerramento do recebimento,
os materiais serão movimentados para a armazenagem, quando serão
ocupados os espaços vazios disponíveis dentro do armazém. Possui como
desvantagem a necessidade de utilização de um sistema especialista no
endereçamento e localização de itens, como o Warehouse Management
System – WMS, caso contrário, corre-se o risco de possuir materiais
em estoque que não se sabe ao certo onde foram guardados, os quais
só serão descobertos após buscas, uso de planilhas auxiliares ou até
mesmo ao acaso, como durante a realização de um inventário. Em ambos
os casos, na falta de um sistema informatizado capaz de emprestar
dinamismo ao processo, este poderá ser realizado pelo sistema de duas
fichas, composto de uma ficha mestra, que mostra o controle do saldo
total por item, e outra de controle do saldo por local de estoque.
O sistema WMS é formado por um banco de dados com extremo índice
de confiabilidade. Trata-se de uma tecnologia de busca de coordenadas
de forma confiável e rápida, com uso de tabelas de dados otimizadas
e inteligentes. Permite o controle de datas de validade, lotes, datas de
recebimento, entre outros atributos.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Apresenta como principal vantagem um baixo índice de intervenção
humana nas decisões, que passam a ser tomadas pelos algoritmos do
sistema, parametrizado com as informações da operação na qual for
aplicado. Possibilita a escrita no banco de dados, com inserção de novas
informações, como códigos novos ou atualização e complementação de
dados dos SKU existentes. Oferece uma maior autonomia para a operação
e pode ser integrado com os sistemas de gestão da empresa, permitindo
o uso de coletores de códigos de barras e de rádio frequência. Demanda
poucas horas de treinamento e acompanhamento, bem como de suporte
técnico especializado.
Alguns dos benefícios obtidos com o uso da ferramenta são: a redução
de todos os tempos de movimentação do armazém; eliminação da
dependência da equipe produtiva, uma vez que as informações estão
todas dentro do sistema, e não na cabeça das pessoas da operação;
eliminação da perda de mercadorias por vencimento das respectivas
datas de validade; diminuição do tempo de realização do inventário
(balanço); redução do tamanho da equipe e, consequentemente, de
custos associados com pessoal; redução drástica da devolução de
mercadorias pelo cliente; aumento do indicador de acuracidade dos
estoques e da segurança nas operações.
Outras possibilidades que envolvem a avaliação da produtividade do
75
armazém conquistadas com o uso do recurso são: a rastreabilidade das
quantidades movimentadas; incremento do nível de serviço junto aos
clientes; controle de chegada e prioridades de descarga na portaria;
redução do tempo de execução de inventários; minimização dos ruídos
entre as áreas de compras e logística; otimização do tempo de separação
dos pedidos; aumento da densidade de estocagem, diminuindo
distâncias a serem percorridas; entre outras.
2. EPI, EPC e NR-35 para a Equipe Envolvida
na Armazenagem
O ambiente de trabalho pode gerar doenças ou acidentes quando
estratégias de prevenção deixam de ser implementadas para proteger
os trabalhadores. Essas estratégias devem ser adequadas a cada tipo de
operação, com foco na diminuição ou eliminação completa dos riscos
presentes no ambiente e dos impactos sobre os fatores comportamentais
dos trabalhadores.
Trabalhar em um local sadio e seguro é o que todos os trabalhadores
desejam, independentemente da sua área de atuação. O empregador, por
sua vez, deve garantir um ambiente de trabalho adequado às condições
psicofisiológicas dos funcionários. Essa condição ambiental é garantida
Armazenagem e Movimentação de Terminais
por lei aos trabalhadores, começando pela Lei Maior, passando pelas
leis infraconstitucionais e chegando até as leis infralegais (Decretos,
Portarias Ministeriais, Normas Regulamentadoras e instruções
normativas). Um ambiente de trabalho desorganizado, com condições
inseguras, contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho. E esses
acidentes de trabalho impactam a produtividade da empresa, bem como
sua imagem e credibilidade frente a seus clientes e empregados.
Outro fator que dá margem para a ocorrência de acidentes de trabalho
é a negligência de questões relacionadas à segurança das atividades,
em detrimento da produtividade. Para um equilíbrio entre as exigências
legais (aqui incluídas as NR)  e os valores e princípios da empresa,
é necessário desenvolver ações como capacitações, levantamentos
estatísticos de acidentes, doenças, custos associados e comparar
como a prevenção resulta em economia, tudo isso para promover a
conscientização dos gestores e trabalhadores sem que seja necessária
a celebração de uma atitude punitiva extrema, como autuação e multa.
A NR-6 considera como equipamento de proteção individual (EPI) todo
dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira
destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Os
equipamentos de proteção individual deverão conter um Certificado
de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou
por uma área vinculada a ele. O EPI poderá ser consultado no endereço
eletrônico http://caepi.mte.gov.br/internet/ConsultaCAInternet.aspx.
76
 Figura 6: Tela de consulta ao CA do EPI. Fonte: caepi.mte.gov.br (2020).

São exemplos de EPI os protetores auditivos, calçados, capacetes,

aventais, óculos, entre outros itens.

CA 28750

Figura 5: Luva de couro com o respectivo CA. Fonte: sertepi.com.br (2017).

Com base no CA identificado na luva em tela, foi realizada uma consulta

no domínio do MTE, pela qual pode-se comprovar a validação desse
item, como mostra a Figura 6, a seguir: Figura 7: Exemplos de EPI. Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 77

Existem outros equipamentos que possuem uma maior abrangência
e proteção, os quais são conhecidos como equipamentos de proteção
coletiva (EPC). São soluções adotadas para diminuir ou eliminar os riscos
ambientais identificados por meio do Programa de Prevenção de Riscos
no Ambiente (PPRA). Os EPC garantem proteção aos trabalhadores
e são muito eficientes para eliminar os riscos antes mesmo de serem
estabelecidos os EPI associados.
Figura 8: Exemplos de EPC. Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
São exemplos de EPC os corrimões, cavaletes e os cones de sinalização.
Os EPI devem ser prescritos pelos profissionais da área de segurança
do trabalho, que farão o mapeamento dos riscos de acordo com o local
onde são desempenhadas as atividades.
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento
e nas seguintes circunstâncias:
▪ Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente
inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de
acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
▪ Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo
implantadas.
▪ Para atender às situações de emergência.
Nas operações de movimentação e armazenagem, existem outras
normas relevantes a serem observadas, como a NR-11, que cuida do
transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, a
NR-15, de operações insalubres, NR-16, de operações perigosas, NR-17,
de ergonomia, e a NR-19 de produtos explosivos.
Existe, também, a NR-35, relacionada ao trabalho em altura, que define
as medidas protetivas para trabalhos realizados acima de dois metros de
altura e em valas com mais de dois metros de profundidade. Os trabalhos
em altura só podem ser realizados com o auxílio de EPC, como guarda-
78
corpos, plataformas ou redes de segurança. Essa norma é relevante para
as operações de armazenagem, pois 40% dos acidentes de trabalho
registrados nas empresas são consequentes da não observância dessa NR.
Imagine a seguinte cena: um pedido urgente está sendo separado e
faltam apenas duas caixas de um item. A empilhadeira está trocando a
bateria na sala de baterias, e as duas caixas estão no terceiro nível do
porta-paletes, ou seja, a aproximadamente 4,5 metros de altura do piso.
Um separador pode escalar o porta-paletes e pegar as caixas? Claro que
não! Imagine se ele escorregar e cair da estrutura! O risco de morte é
elevadíssimo, não havendo proteção prevista para esse tipo de queda.
Como observado, a conscientização e a prevenção são sempre o melhor
caminho para a garantia de uma operação sadia e segura, auxiliando na
manutenção da operacionalidade e satisfação dos trabalhadores.
3. Prevenção de Perdas na Armazenagem,
Tecnologias de Monitoramento
Segundo Dias (2015), a adoção de um correto sistema de armazenagem,
ele possibilitará um melhor aproveitamento da movimentação e
Armazenagem e Movimentação de Terminais
manuseio da matéria-prima e dos meios de movimentação utilizados
dentro do armazém. O uso de sistemas de proteção nas estruturas de
armazenagem serve para evitar ou reduzir a perda de produtos por causa
de batidas e fortes impactos durante o manuseio e movimentação. Isso
minimiza a ocorrência de perdas e outros extravios.
As perdas na movimentação são registradas sob diversas circunstâncias,
como: desnivelamento do piso, o que desencadeia o tombamento
das cargas; falta de marcações e sinalizações nas ruas, passagens e
caminhos utilizados para a movimentação, gerando perda de tempo na
localização correta; precariedade na segurança dos equipamentos de
armazenagem, como falta de proteções de coluna nos porta-paletes, o
que, diante do movimento indevido de uma empilhadeira, por exemplo,
poderá causar o desmoronamento da estrutura de armazenagem; baixa
manutenção nos equipamentos de movimentação, que poderá causar
perda de produtividade e aumento nas manutenções corretivas; falta
de treinamento do pessoal, o que gera retrabalho e baixa qualidade;
pressão por resultados que muitas vezes atropelam a direção defensiva
e os deslocamentos seguros.
A adoção de procedimentos de organização dos locais de separação com
base nas datas de vencimento, quando não existem soluções de controle
sistematizadas, evita o desperdício de produtos em estoque, garantindo
que a saída aconteça de acordo com as datas de vencimento futuras,
impedindo as perdas por vencimento dos materiais.
79
Outras perdas acontecem em virtude das precárias rotinas de é uma realidade. O dispositivo utiliza as redes de comunicação celular,
recebimento das entregas dos fornecedores ou das devoluções de radiofrequência ou outra forma de troca de dados para enviar sinais de
mercadorias não entregues, como já visto, além de procedimentos de localização de forma remota, tal qual um rastreador veicular. Ele pode
expedição com baixo controle. A baixa preocupação com o controle de ser recuperado nos locais de entrega e recarregado para novas viagens.
entrada de materiais, que pode ser feito por meio de duplas conferências
A Figura 9, a seguir, ilustra um veículo de cargas equipado com uma
por amostragem, conferência cega ou uso de câmeras, pode fazer com
solução de rastreamento, com aplicação no cavalo mecânico (conjunto
que materiais adquiridos não deem entrada no estoque nas quantidades
motor), na carreta (reboque) e em algumas caixas contendo mercadorias,
e condições comercializadas. Muitos produtos possuem significativo
distribuídas na carreta. Caso o cavalo mecânico seja substituído ou o
valor de revenda em mercados clandestinos, sendo cobiçados em vista
módulo de rastreamento seja desabilitado, ainda assim será possível
dos lucros que podem gerar quando desviados das operações onde
rastrear o veículo e a carga.
estão armazenados.

Para reduzir as perdas por furtos de mercadorias ou desvios, além das

possibilidades citadas anteriormente, atualmente existem soluções
como o uso de etiquetas de identificação por rádio frequência (RFID),
que elevam o grau de confiança naquilo que está sendo recebido,
movimentado, armazenado ou expedido.

O uso de iscas eletrônicas (dispositivos eletrônicos de empresas

gerenciadoras de risco de cargas) inseridas de forma disfarçada junto
às cargas idealizadas para manter o rastreamento, sinalizando para
onde os produtos foram levados em caso de sinistro, roubo ou furto, já Figura 9: Rastreamento de cargas e pacotes. Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 80

Como visto ao longo dessa Unidade de Aprendizagem, muitos recursos
estão disponíveis aos gestores para melhorar os resultados nas
operações de armazenagem, reduzindo as indesejáveis perdas. Outro
ponto de destaque é que a prevenção segue como a melhor estratégia
na manutenção das vidas e segurança dos locais de trabalho.
O cadastro do item de material, o endereçamento correto e a localização
no armazém (projeto de identificação de SKU, identificação de ruas,
espaços e áreas especiais, endereço fixo, aleatório WMS) permitem saber
exatamente onde os produtos devem ser guardados, conforme as suas
características e propriedades.
O uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e dos equipamentos
de proteção coletiva (EPC) faz parte do dia a dia das operações, o
que, juntamente com as normas regulamentares, torna a operação
mais segura. A conscientização e a prevenção são sempre o melhor
caminho para a garantia de uma operação sadia e segura, auxiliando na
manutenção da operacionalidade e satisfação dos trabalhadores.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Referências
BRASIL. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Normas
Regulamentadoras – Português. s.d. Disponível em: https://enit.trabalho.
gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-
normatizacao/sst-nr-portugues?view=default. Acesso em: 31 maio 2020.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6 ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
LIMA, F. Boas práticas na operação logística (parte 1). Bluesoft, 2016.
Disponível em: https://blog.bluesoft.com.br/boas-praticas-na-operacao-
logistica-parte-1. Acesso em: 31 maio 2020.
NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: um guia prático de operações
logísticas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2018.
81
Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Separação e Expedição
Para início de conversa... Objetivos
Neste estudo, vamos aprender um pouco mais sobre a separação e a Identificar as formas de separação existentes.
expedição de produtos em uma operação logística. A separação ou
picking, conforme o tipo e o volume de serviços exigidos, poderá ser
simples com a aplicação de listas de separação impressas, passando por
modelos híbridos até arranjos mais elaborados com maior participação
de processos automatizados, com o apoio de sistemas informatizados
que comandam dispositivos de separação.

Se tudo o que tiver sido separado corresponder ao esperado, a

conferência fará a liberação para embalagem, visando a proteger os
itens durante o transporte até chegada às mãos dos clientes finais. Serão
emitidos os documentos fiscais que acompanharão as mercadorias,
de onde serão expedidos e direcionados para as transportadoras que
ficarão encarregadas de levá-los até o seu destino final.

Veremos também que nem sempre tudo acontece conforme o esperado,

e que precisaremos lidar com itens avariados e outros resíduos que, se
adequadamente tratados e destinados corretamente, contribuirão para a
sustentabilidade da organização.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 83

1. Técnicas de separação física (formas e soluções)
Para Nogueira (2018), a atividade de separação  de pedidos apresenta
diversas formas de ser realizada e destaca que aquilo que pode ser
adequado para uma organização pode não ser o mais indicado para outra.
Assim, faz-se necessário identificar o método de separação de pedidos
mais adequado, considerando o apoio de sistemas informatizados para
dar suporte à operação, conforme o porte e o tipo de negócio.

No processamento do pedido, etapa que antecede à separação, será

verificado se o cliente está devidamente cadastrado, se tem crédito
para efetuar a compra (em caso de venda com pagamento posterior ao
recebimento), se os dados de entrega e envio estão preenchidos (aqui
muitas empresas solicitam a informação de um local de referência
próximo ao de entrega, a fim de minimizar devoluções por endereços
não encontrados). Para tanto, consulta-se o meio de pagamento
disponibilizado (depósito em conta, transferência bancária, boleto,
débito, crédito, entre outros), bem como a disponibilidade em estoque
(existência de saldo no estoque do sistema – que deve sempre refletir o
saldo físico, por meio de mecanismos de controle e realização de rotinas
de inventários).
Figura 1: Apoio de sistemas informatizados para dar suporte à operação. Fonte: Dreamstime.
Havendo saldo no sistema, o pedido é liberado para separação, sendo
então emitida a ordem de separação, também conhecida como picking
list, apanhe, cinta ou lista de separação, que, segundo o NTC (2006),
trata-se de uma lista de itens a serem separados para atender às ordens
de fabricação ou expedição, entre outros nomes.
A atividade mais importante dentre as existentes no armazém é
conhecida como separação ou, do inglês, picking, o que se deve ao fato
de ela consumir uma grande parcela de recursos (tempo do ciclo do
pedido, distância, mão de obra envolvida, entre outros).

Armazenagem e Movimentação de Terminais 84

A ordem de separação poderá ser impressa ou transmitida pelos nos estoques, pois vender um item indisponível, avariado ou até mesmo
dispositivos de separação (coletores, sistemas pick to light etc.), como vencido pode comprometer a experiência de compra daquele cliente e a
ilustrado mais à frente. reputação da empresa vendedora.

De posse da ordem de separação, o profissional encarregado daquela
operação se encaminhará ao local do estoque designado e fará a coleta
dos itens nas quantidades indicadas no dito documento.
A figura abaixo ilustra um ciclo de separação, que é iniciado com o
processamento do pedido, que pode ser feito de diversas formas:
comando manual ou comando via sistema especialista.
Emissão do
documento de separação

Separação
Processamento de pedidos
do pedido

Separação Após conferência

de pedidos embalar para envio

Figura 2: Ordem de separação realizada pelo profissional encarregado. Fonte: Dreamstime.

Com o uso cada vez maior de soluções que permitem a venda a partir Expedição e
de aplicativos ou de sites especializados em vendas, o processamento envio ao cliente

dos pedidos se dá de forma automática, com base na disponibilidade Fatura para o cliente
dos itens, no pagamento dos produtos ou serviços e na liberação para com emissão do DANFE
a separação. Por tudo isso, percebemos a importância da acuracidade
Figura 3: Ciclo de separação de pedidos. Fonte: Nogueira, 2018 (Adaptado).

Armazenagem e Movimentação de Terminais 85

Complementa Nogueira (2018) que, em se tratando de  separação  de
pedidos, ela pode se dar por paletes fechados, por camadas de um mesmo
palete, por caixas fechadas ou por itens avulsos, além da possibilidade
de ser realizada por qualquer combinação delas.
Com o dinamismo das atividades de armazenagem, é provável que
a aplicação de mais de um método de  separação  de pedidos possa ser
observada na empresa. A combinação de métodos pode levar a uma sua
solução ótima, em função das características dos itens a serem separados.
Para operações muito pequenas, o modelo de separação mais indicado
é o manual, utilizando uma lista de separação, uma vez que, em função
do tamanho e do porte envolvidos, a sincronização não será um ponto
crítico.
A separação manual pode ser agilizada com o emprego de equipamentos
que fazem a leitura dos códigos de barras, presentes nas embalagens
e etiquetas. A coleta, se feita da forma correta, funciona como uma
conferência adicional. O uso de etiquetas e coletores podem ser
observados em diversas tarefas, como a realização de inventários,
recebimento físico, separação, conferência, entre outras aplicações.
Mesmo para as operações que dispõem de coletores de códigos de
barras, ter a opção de imprimir e utilizar as ordens de separação físicas
pode ser de grande valia, principalmente como contingência ao uso dos
equipamentos, caso venham a ficar indisponíveis ou em momentos de
Armazenagem e Movimentação de Terminais
grande demanda, quando o número de pessoas capazes de efetuar a
separação é superior ao número de coletores.
Dessa forma, ter e manter um terminal de computador na operação é
muito útil, considerando a possibilidade de utilizá-lo para controlar cada
transação, analisar o movimento do dia, identificar quem fez a separação
de determinada ordem de separação, consultar itens e identificar o fluxo
de separação, levando para mais próximo da expedição os itens que
apresentarem maior giro.
A separação antecede a expedição de materiais; logo, qualquer atraso no
envio de produtos aos clientes se transforma em um gargalo operacional
(situação na qual o volume de transações a ser realizado supera a
disponibilidade de meios existente, gerando uma fila ou retenção),
problema que tende a responsabilizar os profissionais envolvidos no
apanhe pela morosidade. A falta de atenção na realização da tarefa pode,
ainda, registrar erros na seleção dos de itens (inversões), diferenças nas
quantidades solicitadas, entre outros problemas.
O maior desafio, atualmente, refere-se ao aumento no volume de
separações, no percurso de menores distâncias no armazém e em menos
tempo, além de agregar valor ao cliente com uma separação eficiente.
Para Nogueira (2018), os sistemas de separação de pedidos podem ser
reunidos em quatro grupos:
86
▪ Unitário: cada separador faz a coleta de um só pedido por vez.
▪ Por lote: a separação é feita em lote, ou seja, em um grupo de pedidos
por vez.
▪ Por zona: a separação é organizada por zona, cada área conta com um
separador, que, após coletar os itens do seu espaço, passa o resultado
da separação para um colega que dará continuidade em outra zona, e
assim sucessivamente, até terminar a operação.
▪ Por onda: método similar à separação unitária, a diferença é que um
grupo de pedidos é programado, como a separação a partir das 8h
da manhã dos pedidos que caíram durante a noite e a madrugada
no sistema e que foram liberados pelo financeiro. Pode ocorrer
outra onda na mesma operação às 12h, para os pedidos que tiverem
sido realizados entre o corte da última onda e às 12h, e assim
sucessivamente.
Alguns pontos de atenção devem fazer parte da rotina dos profissionais
envolvidos na separação:
▪ manter uma rotina de inventários para ter certeza de que a mercadoria
estará disponível (quantidade, qualidade, validade), no momento em
que for acessada;
▪ localizar no armazém a mercadoria que será separada, caso a
informação não esteja disponível na ordem de separação ou nos
coletores de dados móveis;
Armazenagem e Movimentação de Terminais
▪ agrupar os itens do pedido na sequência de  separação, segundo
o local de estocagem, o que reduzirá a circulação pelos diversos
endereços;
▪ designar o tempo necessário para separar o pedido, para balancear e
programar o trabalho no armazém;
▪ liberar os pedidos para conferência em lotes sincronizados, para
evitar gargalos;
▪ calcular o peso e a medida cúbica da mercadoria para definir
características volumétricas e de peso do transporte, selecionando o
mais adequado conforme o destino e a urgência, dentro das opções
cadastradas;
▪ enviar o pedido para o faturamento, em que será emitida a nota fiscal
e o respectivo DANFe, com os dados do cliente;
▪ acumular os documentos fiscais e as respectivas mercadorias por
praça (local de destino e/ou número de rota, maximizando a ocupação
dos veículos).
Os sistemas convencionais de  separação  de pedidos vão desde os mais
simples, realizados com uma lista impressa em papel, até os automatizados,
operados por modernos sistemas de controle, que possibilitam uma
separação sem erros e com grande volume de pedidos por ciclo.
87
A figura abaixo ilustra os principais sistemas disponíveis.
2. Mecanismos de conferência, embalagem dos
produtos separados, pesagem e identificação
Item vem
Separador
até o separador
Após a separação, devem ser feitos os esforços necessários para a
vai até o item garantia de que aquilo que foi separado corresponde ao que estava
(pick to tote)
constante da ordem de separação.

O mais usual, quando ocorre a separação manual ou com uso de coletores,

Separação nos Separação por som é que ocorra uma nova conferência ao final do ciclo, em que os produtos
níveis superiores (pick by audio) separados passarão por nova contagem e verificação, geralmente conduzida
Separação por outro profissional, diferente daquele que efetuou o apanhe dos produtos.
de Materiais Se for observada alguma divergência entre o previsto e o apurado, esta será
sanada e o pedido liberado para seguir para a etapa seguinte, relacionada
com os procedimentos de embalagem ou diretamente para identificação,
Separação ao Separação pela visão pesagem e emissão da nota fiscal e do DANFe.
Separação sem (pick by vision, com uso
nível inferior dos óculos google)
papeis (seja pelo
reconhecimento de Quando as operações contam com os coletores de códigos de barras, a
voz, o pick by voice) separação, se realizada de forma correta, funcionando como uma pré-
radiofrequência sistema
orientad pela luz, conferência. Alguns gestores optam por efetuar a segunda conferência
também conhecido como
pick to light) por amostragem ou sorteio, sendo os resultados das divergências
vinculados aos separadores para fins de treinamento e contabilização
de metas de desempenho da equipe e até mesmo individuais nos
Figura 4: Sistemas de separação. Fonte: Nogueira, 2018 (Adaptado). programas de bonificações que algumas empresas utilizam para dividir
os lucros e os resultados.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 88

Os sistemas de separação que utilizam as etiquetas de identificação por
radiofrequência - RFID fazem a coleta de todos os códigos de etiquetas
quando as mercadorias passam pelos portais contendo as antenas de
identificação e, com isso, todos os itens são conferidos simultaneamente
sem margem de erros (sobras, faltas ou inversões).
Atualmente, os sistemas de separação automáticos, como o A-frame, têm
a capacidade de separar grandes volumes de produtos, para Ilos (2002),
trata-se de uma solução capaz de separar centenas de pedidos em um
curto espaço de tempo, com grande precisão e com um reduzido quadro
de pessoal. 
Pode ser acrescida nessa solução a conferência por peso, para tanto, os
itens são cadastrados nos sistemas de controle do armazém de forma
mais completa, incluindo seu volume e peso. Isso permite definir o tipo
de embalagem que será destinada àquele pedido, bem como identificar,
pela diferença de peso no total de produtos selecionados, se houve
alguma diferença, nesse caso, o pedido será conferido manualmente.
O aumento da importância da atividade de picking fez com que novos
investimentos fossem feitos nessa área, principalmente nos sistemas de
separação. Para se ter uma ideia da representatividade dos custos dessa
atividade, em média, o picking é responsável por 60% dos custos de um
centro de distribuição.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Após a conferência, estando tudo certo, os produtos serão embalados
de acordo com as suas características, em função do tipo de transporte
que precisará ser acionado e do tempo em trânsito até a chegada ao
seu destino.
Para Nogueira (2018), compete à logística movimentar bens sem danificá-
los a um custo razoável. Para tanto, um bom projeto de embalagem do
produto auxilia a garantir movimentação sem quebras e, se apresentar
dimensões adequadas de empacotamento, ainda encorajam o manuseio
e a armazenagem mais eficientes.
Para Nogueira (2018), a embalagem  primária é a embalagem  de
contenção, é aquela que está em contato direto com a mercadoria ou
contém o produto (pode ser de vidro, metal, papelão, material plástico ou
outros), sendo a medida de produção e de consumo. Também pode ser a
unidade de venda no varejo.
Já a embalagem secundária é a de apresentação, ou seja, aquela que
proporciona o acondicionamento, também chamado de contenedor,
que protege ou serve para apresentar a  embalagem  primária ao
usuário no ponto de venda. A embalagem  terciária ou unidade de
despacho é a dita embalagem de comercialização, que contém
um múltiplo da  embalagem  secundária ou primária; é o caso das
89
caixas de madeira, papelão, plástico ou outro material de proteção.
A combinação das embalagens primária e secundária acaba sendo a
medida de venda ao atacadista.
A embalagem quaternária ou unidade padrão de carga é a embalagem de
movimentação, múltiplo da  embalagem  terciária, que envolve o
contenedor e facilita a movimentação e a armazenagem. Existe ainda
a embalagem  quintenária, que é a unidade conteinerizada, ou as
embalagens especiais para envio a longa distância. E não podemos
nos esquecer da embalagem  autoexpositiva, que, além de transportar
a mercadoria, visa a expô-la no ponto de venda – PDV, também
chamada de  embalagem  de autovenda. Nem todos os
produtos precisam de todas as embalagens citadas.
Pode acontecer de o produto exigir apenas
uma embalagem e esta, por sua vez, será a
que o levará até o consumidor final, como
aquelas que observamos nos equipamentos
eletrônicos, como notebooks.
Ainda de acordo com o autor, a
embalagem  de distribuição física é aquela
destinada a proteger o produto, idealizada
para suportar as condições físicas verificadas
no processo de carga, transporte, descarga e
entrega. Pode ser uma  embalagem  primária ou
secundária, e caracteriza-se por:
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Proteger o produto das adversidades presentes na
distribuição física.
Identificar o conteúdo e prestar
informações sobre os cuidados a serem
dispensados no seu manuseio,
acondicionamento e armazenagem.
Fornecer ao cliente facilidades
para abrir, desembalar, fechar
novamente, empunhar, reutilizar
ou descartar.
Podem ser de papelão, madeira,
material plástico, aço, fibra de vidro,
cilindros e botijões para gás, barris e
tonéis de madeira ou fardos.
Figura 5: Objetivos das embalagens secundárias ou primárias. Fonte: Dreamstime.
A embalagem  pode ser descartável (one-way), que é aquela projetada
para ser usada apenas uma vez. Normalmente, esse tipo tem um custo
menor quando comparadas com as ditas retornáveis, não exigindo maior
controle nem procedimentos de devolução. Quando aplicável, ela poderá
ser retornável, nesse caso, tem como vantagem o fato de ser usada e
reutilizada por um período maior de tempo, protegendo o seu conteúdo
nas condições idealizadas. Podem ou não incluir acessórios retornáveis,
como separadores, bandejas, divisores, caixas plásticas etc.
As funções da embalagem vão desde a proteção dos produtos, passando
pelo complemento dos profissionais de marketing, que a utilizam para
promover o produto. Servem para prestar informações aos usuários,
alterar a densidade do produto, conservar a temperatura, entre outras.
90
Os produtos, após serem colocados nas caixas, deverão ser organizados
para que não fiquem muito dispersos, soltos ou mal arrumados, em seu
interior. Para tanto, sacos cheios de ar, escamas ou flocos de isopor ou
outro material sintético e leve, entre outras possibilidades são aplicados
para melhor proteção. Deve-se ainda ponderar que as caixas poderão
ser empilhadas dentro dos veículos de entrega; logo, produtos com
embalagens primárias mais sutis ou mesmo os produtos frágeis deverão
receber proteção adicional, como embalados com plástico bolha (duas
camadas de plástico que possuem pequenas bolsas, semelhantes às
embalagens de comprimidos, preenchidas com ar, que, ali aprisionados,
servem para dar maior proteção).
Figura 6: Produto eletrônico em envelope de plástico bolha e garrafa protegida com
tela em espuma. Fontes: Superbolhas; Unipoli.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Após o fechamento, geralmente, são aplicados recursos que aumentam
a proteção, como fitas personalizadas, lacres que evidenciam uma
tentativa de abertura indevida, grampos, cola e até a aplicação de cintas
(metálicas ou plásticas) em torno das caixas. Tudo para garantir que os
produtos chegarão nas melhores condições possíveis ao seu destino.
Figura 7: embalagem tipo caixa de papelão com aplicação de cintas plásticas.
Fonte: Dreamstime.
A etapa de pesagem, como antecipado, serve para conferir, com base no
somatório dos pesos dos itens separados, se o que foi ali apresentado
corresponde ao pedido separado ou, após a etapa de embalagem, para
constar no documento fiscal, cálculo do frete (nesse caso, havendo mais
de uma empresa cadastrada, capaz de atender determinada região de
91
entregas, no prazo estipulado, pode-se optar pela de menor custo),
ocupação do veículo e distribuição da carga.
Algumas cargas, por apresentarem baixa densidade, podem ser, além de
pesadas, também medidas (base x largura x altura), para levantamento
do volume que ocupam.
Saber o que está contido na caixa, sem a necessidade de abri-la para
uma nova conferência, pode ser feito com a colocação de etiquetas de
identificação, que informam o pedido, a data da embalagem, a origem,
o destino, o número de volumes, entre outras informações. Isso pode
ocorrer com a fixação de uma etiqueta com todas essas informações, que
poderá ser lida por coletores de códigos de barras ou de RFID.
A segunda caixa da figura anterior contém, em uma das faces, alguns
símbolos, que devem ser utilizados quando se pretende indicar os tipos
de cuidados adicionais que devem ser dispensados, seja no manuseio, no
transporte, no empilhamento, na conservação e na armazenagem.
3. Emissão do DANFe, expedição de mercadorias com
direcionamento para as transportadoras e destinação
adequada de avarias e resíduos
Como visto na terceira unidade, os produtos devem ser acompanhados
do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica - DANFe, que é uma
Armazenagem e Movimentação de Terminais
representação gráfica da NFe (Nota Fiscal Eletrônica). Com os avanços
tecnológicos, a nota fiscal só existe digitalmente e pode ser comprovada
pelo DANFe, que é, então, impresso, após obtidas as informações
referentes ao peso das mercadorias com destino ao cliente nele indicado.
Como espelho da NFe, ele contém os dados principais do documento
fiscal, usado  principalmente para a circulação das mercadorias e para
facilitar o ato de recebimento e escrituração dos itens comprados.
A emissão se dá após o ciclo da separação dos itens constantes da
ordem de separação e sua respectiva conferência, se tudo estiver de
acordo, o setor de faturamento envia os dados à secretaria de fazenda,
que fará o processamento e, em seguida, a sua devolução com o número
do documento. Ao mesmo tempo, a empresa que solicitou os produtos
receberá uma cópia do mesmo, que poderá ser utilizada para a realização
de procedimentos de pré-conferência de recebimento, agendamento,
entre outras ações. Uma ou mais vias poderão ser impressas e
acompanhar as mercadorias, conforme o desenho da operação.
Ela não deve ser emitida simultaneamente à emissão das ordens de
separação, pois pode ocorrer de algum item constante da lista não estar
disponível no momento da separação; dessa forma, haveria a emissão
de um documento fiscal com o recolhimento dos impostos associados
92
de um item inexistente e indisponível naquele momento para entrega,
o que faria com que houvesse uma devolução por falta de produtos,
reclamações e insatisfação dos clientes.
Ato contínuo à emissão da documentação obrigatória para a circulação
das mercadorias, o(s) volume(s) é(são) destinado(s) à expedição. Pode
ocorrer que uma ordem de separação resulte em mais de uma caixa
contendo produtos. Dessa forma, teremos, por exemplo, dois volumes
seguindo para um mesmo local de entrega com um único DANFe. Aqui,
cada caixa poderá conter uma etiqueta com todas as informações que
possibilitem o rastreamento, diferenciando-as entre si: a informação
na primeira caixa de “volume 1 de 2” e, na segunda, de “volume 2
de 2”. Com isso, tanto o pessoal envolvido na movimentação quanto
na distribuição saberão que uma ou outra caixa fazem parte de uma
entrega com dois volumes.
Quando a empresa opera com mais de uma transportadora, vem
informado no DANFe, possibilitando ao setor de expedição direcionar
o(s) volume(s) para a região designada para aquela transportadora.
Os volumes são agrupados e, então, é confeccionada manualmente
ou emitida, via sistema, uma listagem contendo todos os DANFe com
destino àquela empresa de transportes, conhecido como romaneio de
cargas, que não contém valor fiscal, mas indica quais são as cargas
relacionadas cujos volumes não podem ser abertos (pelo transportador).
Armazenagem e Movimentação de Terminais
A transportadora, por sua vez, após a coleta dos volumes, na expedição da
empresa contratante, emitirá o conhecimento de transporte eletrônico, o
CTe, que é  um documento fiscal eletrônico utilizado para identificar o
remetente e o destinatário da carga, além do trajeto que será realizado.
Cada destino deve ter um CTe. E se as cargas forem transportadas para
outros estados, será emitido um manifesto eletrônico de documentos
fiscais – MDFe.
Durante o recebimento (itens novos ou devoluções de entregas não
realizadas), movimentações dentro do armazém e de todo o processo de
separação podem ocorrer as indesejadas avarias, que, em muitos casos,
podem ser tratadas e terem os custos a elas associados minimizados.
Muitas organizações, quando possível e isso for viável, utilizam o
expediente de reembalar os produtos que apresentem avarias nas
embalagens (normalmente, nas secundárias ou terciárias), desde que isso
não resulte na possibilidade de alteração, contaminação ou modificação
nas propriedades e características dos produtos.
Aquilo que não puder ser reaproveitado poderá ser destinado para
revenda em mercados secundários, aproveitamento de matérias-primas
ou componentes, tudo conforme orientação e políticas da própria
empresa. Os líquidos deverão ser enviados para tratamento específico
em estações de tratamento e não poderão ser descartados na rede de
esgotos da empresa, sob pena de contaminação das redes ou do solo
(quando derramados no mesmo).
93
As embalagens descartadas, avariadas (danificadas, molhadas, manchadas
etc.) poderão ser agrupadas, separadas conforme o tipo e destinadas
para reciclagem, bem como os materiais de apoio comumente utilizados,
como os estrados de madeira, cantoneiras, plásticos (tipo filme strecht,
que é um plástico utilizado para ajudar na proteção de objetos durante
o transporte, sendo comumente observado para manter organizadas as
caixas em cima de um palete), cintas plásticas ou metálicas, entre outros.
Para agilizar a coleta de mercadorias que serão transportadas, muitas
transportadoras disponibilizam dispositivos semelhantes a uma grande
gaiola, na qual são colocadas as mercadorias daquela transportadora. A
cada nova coleta, são deixadas novas gaiolas vazias que serão enchidas
e recolhidas no próximo ciclo de coleta. A figura a seguir ilustra um
dispositivo desse tipo.
Figura 8: rack metálico (gaiola) para agilizar a coleta de volumes. Fonte: Dreamstime
Armazenagem e Movimentação de Terminais
O gestor deve cuidar para que todos os resíduos resultantes das
atividades e armazenagem sejam destinados adequadamente, para
reaproveitamento, venda como sucata ou destinação final, conforme
cada caso. Em todos eles deverão ser reunidos esforços para minimizar
o impacto ambiental e recuperar algum valor financeiro, quando isso for
aplicável e possível.
Neste estudo, identificamos as principais formas de separação existentes,
desde as mais simples, como o emprego de listas impressas, até as
mais sofisticadas, como os sistemas informatizados que comandam
dispositivos automatizados de separação.
Aprendemos que, após a separação, os itens precisam ser conferidos, para
garantirmos que cada pedido contenha os produtos nas quantidades e
na qualidade esperada pelos clientes. Assim, a separação poderá ser feita
manualmente ou com o apoio de balanças, por amostragem ou até mesmo
com o emprego de sistemas que envolvem as etiquetas de RFID. Liberados
pela conferência, os produtos são embalados, pesados, identificados e
emitidos os documentos fiscais que acompanharão as mercadorias.
Entendemos também a importância da emissão da NFe e do respectivo
DANFE, com a expedição de mercadorias com direcionamento para as
transportadoras que devem se encarregar de levar as ditas mercadorias
aos clientes.
Finalmente, vimos que os gestores devem dedicar especial atenção à
destinação adequada de avarias e resíduos, a fim de evitar indesejados
impactos ambientais produzidos pela operação.
94
Referências
GAIOLAS. Transportes Translovato Ltda. Disponível em: https://www.
translovato.com.br/a-translovato/estrutura/equipamentos/gaiolas.
Acesso em: 14 jun. 2020.

LIMA, M. Armazenagem: considerações sobre a atividade de picking.

Ilos, 2002. Disponível em: https://www.ilos.com.br/web/armazenagem-
consideracoes-sobre-a-atividade-de-picking/. Acesso em: 13 jul. 2020.

NOGUEIRA, A. de S. Logística empresarial: um guia prático de operações

logísticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

NTC - Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. Glossário

NTC de Logística e Transporte. São Paulo: Renover, 2006.

PLÁSTICO bolha para embalar produtos. Super Bolhas. Disponível em:

https://www.superbolhas.com.br/saco-plastico-bolha. Acesso em: 14 jun.
2020.

REDE de espuma protetora para garrafa. Unipoli Embalagens Especiais

Ltda. Disponível em: https://www.unipoli.com.br/rede-espuma-
protetora-garrafa. Acesso em: 14 jun. 2020.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 95

Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
Custos na Armazenagem
Para início de conversa... Objetivo
Globalmente, a logística é percebida como um conjunto de atividades Calcular os principais custos associados à armazenagem e à
(primárias e de apoio), capaz de entregar o produto certo no momento movimentação.
exato, no local determinado e ao menor custo possível, para aquele
momento, pois o tema custo deve ser objeto constante de revisão.

Esse conceito global de logística vem sendo utilizado para descrever os

esforços das empresas em busca da excelência.

Neste estudo, veremos os principais custos associados à armazenagem e

à movimentação de materiais e soluções para reduzi-los. Conheceremos
o conceito LDC (Laid-Down Cost, ou dos custos de entrega afetados
pela localização dos armazéns) e, finalmente, os principais trade-offs
na armazenagem (compensação de custos, custo da sobra, da falta e
das avarias).

Armazenagem e Movimentação de Terminais 97

1. Principais custos associados à armazenagem
e à movimentação de materiais e soluções para
reduzi-los
Para Dias (2015), a operação de armazenamento de material gera
alguns custos, tais como: juros; depreciação; aluguel; equipamentos
de movimentação; deterioração; obsolescência; seguros; salários e
encargos trabalhistas, bem como com a conservação das instalações e
dos equipamentos.
Figura 1: Armazenagem e movimentação de materiais. Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Para facilitar a análise, podem ser reunidos e agrupados em modalidades,
como:
▪ Custos de capital (juros, depreciação);
▪ Custos com pessoal (salários, encargos sociais e horas extras);
▪ Custos com a edificação do armazém (aluguéis, impostos, luz, água e
conservação);
▪ Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipamento).
Duas variáveis aumentam os custos citados: a quantidade em estoque e
o tempo de permanência dos materiais e produtos em estoque, pois, para
movimentar grandes quantidades de materiais, serão necessários maior
efetivo e ou maior quantidade de equipamentos, o que eleva os custos.
Havendo um menor volume em estoque, o efeito é o oposto, exceto para
os materiais com grandes dimensões.
A todos esses custos, chamamos custos de armazenagem, que são
calculados com base no estoque médio e, geralmente, indicados em %
do valor em estoque (fator de armazenagem); existem empresas que
indicam um valor unitário em R$. Os custos de armazenagem mantêm-se
proporcionais à quantidade e ao tempo de permanência em estoque.
98
Para que essa expressão seja válida, torna-se necessária a verificação
de duas hipóteses: a primeira de que o custo de armazenagem é
proporcional ao estoque médio e a segunda que o preço unitário deve
ser considerado constante no período analisado.
Assim, para calcular o custo de armazenagem de determinado material,
deve-se utilizar a seguinte expressão:
Q
custo de armazenagem
=   ⋅T ⋅ P ⋅ I
2
Onde:
Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado.
T = Tempo considerado custo total dos pedidos de armazenagem.
P = Preço unitário do material.
I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de
percentagem do custo unitário, conforme detalhado abaixo, sendo ela o
somatório de diversas taxas:
a. Taxa de retorno de capital.
O capital investido na compra do material armazenado deixa de ter
rendimento. Esse aspecto demonstra a preocupação dos gestores
de recursos financeiros, para que a administração de materiais faça
uma eficiente gestão dos itens adquiridos. Se forem armazenados em
quantidades superiores à necessidade, ficarão sem movimentação e
acarretarão custos desnecessários à operação. Se fossem solicitados na
quantidade necessária, sem excessos, o montante de capital, empregado
na compra, poderia permanecer investido nas aplicações da área
financeira.
b. Taxa de armazenamento físico:
S⋅A
Ib
= ×100, onde
C⋅P
S = área ocupada pelo estoque.
A = custo anual do m2 de armazenamento.
C = consumo anual.
P = preço unitário.
Portanto, CP = valor dos produtos estocados.

lucro c. Taxa de seguro, sejam os relacionados com as edificações ou aos itens

=Ia ×100
valor dos estoques armazenados:

Armazenagem e Movimentação de Terminais 99

 custo anual do seguro Portanto, para uma empresa que apresente um custo de armazenagem
=Ic ×100
valor do estoque + edifícios de R$ 2.000.000,00 ao ano e que possua 10.000 posições paletes, o
custo de armazenagem por posição palete será obtido pela divisão do
d. Taxa de movimentação, manuseio e distribuição, estão aqui associados custo de armazenagem pela quantidade de posições palete, que, neste
os custos associados à depreciação dos equipamentos envolvidos na caso, será de R$ 200,00.
operação:
depreciação anual do equipamento
Id ×100
valor do estoque
Compete ao gestor conhecer e mensurar os custos envolvidos na
operação, para que sejam tomadas medidas para reduzir, sempre que
e. Taxa de obsolescência, que são os itens que ficaram obsoletos e
possível, os custos de armazenagem, bem como otimizar a estrutura para
deixaram de ter fornecimento: que ela comporte, sem excessos e exageros, os produtos ali armazenados.
perdas anuais por obsolescéncia
Ie ×100
valor do estoque
Na visão de Nogueira (2018), na maioria das organizações, a atividade
f. Outras taxas, tais como a de consumo de água, luz, entre outras. de transporte é a que absorve, em média, de um a dois terços
dos custos logísticos; logo, os custos logísticos restantes estão distribuídos
despesas anuais
=If ×100 na manutenção de estoques e no processamento de pedidos. Essas três
valor do estoque
atividades são conhecidas como as atividades primárias da logística.
Do somatório de todas as taxas indicadas, a taxa de armazenamento é Como não é economicamente viável produzir ou realizar uma entrega
dado a seguir pela expressão: instantânea aos clientes, faz-se necessário ter e manter estoques, que
atuam como uma proteção, equilibrando a oferta e a demanda. Como
I = I a + Ib + Ic + I d + Ie + I f
os transportes absorvem de um a dois terços dos custos, os estoques
respondem praticamente pelo restante. Se a empresa for orientada

Armazenagem e Movimentação de Terminais 100

para distribuição, a participação na conta dos transportes será mais
expressiva; se for orientada para armazenagem, esta terá o peso maior.
O transporte adiciona valor de lugar ao produto, movimentando-o
para onde for necessário; o estoque, por sua vez, consegue agregar
valor de tempo. Para tanto, o estoque deve ser posicionado próximo
aos consumidores ou aos pontos de manufatura, conforme a indicação
da política da empresa. Em geral, os de menor valor agregado e baixa
customização (personalização) devem ficar próximos aos consumidores,
e aqueles de maior valor agregado e elevada customização devem ser
posicionados próximos das fábricas, limitando a existência de estoques de
segurança ao longo da cadeia de suprimentos.
Um número elevado de locais de armazenagem e os
altos  custos  associados a manter esses produtos
armazenados, em geral entre 25 e 30% do
valor do produto por ano, demandam uma
administração cuidadosa. A administração
de estoques deve, portanto, se esforçar
para manter seus níveis tão baixos quanto
for possível, de modo que possa garantir a
disponibilidade desejada pelos clientes.
Figura 2: Visão externa de um armazém. Seu número
elevado acarreta custos elevados em serviços redundantes
como segurança, vigilância, limpeza, administração, manutenção
entre outros. Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Finalmente, os custos associados ao processamento de pedidos tendem
a ser pequenos, quando comparados aos outros citados, aos  custos  de
transporte ou aos de manutenção de estoques.
Todo o processo logístico deve estar conectado ao conceito da logística,
ou seja, buscar levar os produtos certos aos clientes, na hora indicada,
no local acordado, a um custo justo, proporcional ao nível de serviço
esperado, e, sempre que possível, buscando reduzi-lo para manter ou
ampliar a competitividade da empresa. Para tanto, os gestores devem
compreender as áreas que cuidam das operações de suprimento,
produção e distribuição, para que sejam aproveitadas as oportunidades
de ganhos mútuos.
Um veículo que faz entregas pode, por exemplo, coletar materiais para a
produção em locais próximos e, com isso, otimizar o processo logístico
da organização como um todo.
Essa visão de logística compartilhada deve abranger desde as fontes
iniciais de matérias-primas até a destinação do produto acabado, em que
ganhos em escala são possíveis, como o ilustrado anteriormente. Assim,
pode ser ampliado com a visão em cadeia de suprimentos (CS), para
movimentação de componentes, inclusive para os fornecedores, obtendo,
com isso, descontos que podem refletir em produtos de menor valor final,
ampliando a margem da organização em tela ou até mesmo dando-lhe o
fôlego financeiro para disputar mercado com os concorrentes.
101
Em mercados altamente competitivos, a empresa que tiver o menor Outra ferramenta muito útil e conhecida é o JIT (just-in-time), que,
custo e que puder manter uma política de preços mais baixa por maior combinado com os programas do tipo EDI (electronic data interchange –
tempo conseguirá maior participação, afastando ou neutralizando o intercâmbio eletrônico de Dados) e ECR (efficient consumer
poder de barganha dos concorrentes. response – resposta eficiente ao consumidor), possibilita uma
resposta mais rápida, o que acarreta na necessidade de
A busca por soluções que possibilitem a redução de estoques, decorrente
menores níveis de estoques ou praticamente zerá-los
de um ambiente cada vez mais competitivo, demandam respostas mais
com o uso do JIT.
rápidas e eficientes para reabastecimento, otimização do espaço físico
do armazém (CD) e redução dos  custos  de estoque. O uso do cross-
docking  é uma excelente opção para trabalhar com esses quesitos de
importância no gerenciamento de estoque.
JIT (just-in-time)
EDI (electronic data interchange)
O cross-docking, segundo o NTC (2006), é o sistema que possibilita a
expedição imediata de pedido ao recebimento, para evitar a estocagem. ECR (efficient consumer response)
Trata-se literalmente de atravessar a doca, ou seja, a mercadoria a ser
entregue não ficará estocada no local. Esse sistema possibilita o envio de
cargas de um ou mais armazéns para um único, que consolida as cargas
e as envia ao cliente final. Aqui, podem ser observadas operações que
agregam valor, como reembalagem, montagem de kits promocionais,
etiquetagem e rebaixamento de paletes, para atendimento de alturas
diferenciadas de armazenagem exigidas por certos clientes. Nesse
modelo, pode haver vários fornecedores enviando cargas para clientes Figura 3: Exemplos de soluções que
em comum. possibilitem a redução de estoques.
Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 102

Isso permite que os processos de produção, logística e planejamento
possam ser síncronos, gerando maior racionalização de estoques
e a consequente redução de  custos  na cadeia produtiva. Como
resultado prático, pode-se obter maior competitividade e aumento da
disponibilidade de produto no cliente.
Figura 4: Linha de montagem automotiva com emprego da filosofia JIT. As peças são dispostas
no momento da montagem dos veículos, de acordo com a programação da produção.
Fonte: Dreamstime.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Para empresas montadoras, o emprego dos condomínios industriais
passou a ser uma alternativa em termos de inovação no gerenciamento
da CS, pois permitem a redução dos  custos  logísticos e a melhoria do
gerenciamento dos estoques.
A implementação do sistema de coleta programada de peças, quando
aplicável, contribui para a redução dos custos de armazenagem. Também
conhecido como  milk run, esse sistema vem sendo adotado por um
número crescente de empresas, pois permite maior controle sobre as
peças que serão realmente necessárias para aplicação nas linhas de
produção, uma vez que permit maior frequência de abastecimento (lotes
menores) e a consequente redução de estoques.
Uma solução logística que possibilita que a organização também reduza
seus custos de armazenagem é a adoção do transit-point. Nessa estrutura,
os produtos recebidos já estão destinados, ou seja, foram enviados a
partir do centro de distribuição com a destinação pré-informada; dessa
forma, podem ser imediatamente expedidos para entrega local.
A carga pode, inclusive, ser retirada do caminhão de transferência
diretamente para os veículos de menor porte e capacidade, que ficarão
encarregados de fazer a entrega da última milha, ou a chamada last mile
delivery. Nessa operação, não há espera pela colocação dos pedidos,
eles já foram feitos anteriormente, colocados, processados, separados,
conferidos, expedidos e localmente poderão ser entregues aos seus
clientes finais.
103
A operação identifica uma forma de distribuição diferenciada em relação
às instalações de armazenagem tradicionais, em que os pedidos são
atendidos a partir do seu estoque. Tal modelo reduz custos, à medida
que não será necessário ter e manter os estoques na praça em análise,
apenas a estrutura de transit-point.
O termo transit point  descreve instalações similares aos centros de
distribuição, cuja diferença é a inexistência de estoque. É semelhante ao
cross-docking, contudo, os produtos já têm seu destino estabelecido ao
serem enviados para o local, a partir do CD, portanto, não há perda de
tempo. Essa opção se torna viável com a existência de grandes volumes
de carga a serem transportados.
número limitado de categorias que abrangem: a natureza dos fatores
preponderantes, o número de instalações, o nível de agregação dos
dados e o horizonte de tempo. A localização de instalações normalmente
é determinada por um fator mais crítico que os demais.
Para o MBA SKOOL (2018), o laid-down cost é o custo final (porta a porta)
de se entregar um produto qualquer, onde quer que ele seja demandado,
ao final do processo de distribuição. Para tanto, devem ser considerados
todos os custos relativos à movimentação interna, armazenagem,
transporte, mudança de modais, seguros, certificações, licenças e tributos.

2. Conceito LDC laid-down cost (dos custos de

entrega afetados pela localização dos armazéns)
Para ILOS (2001), a tarefa de localizar as instalações de armazenagem
ao longo de uma cadeia de suprimentos remete a uma importante
decisão que dá forma, estrutura e conformidade ao sistema logístico.
Normalmente, os problemas de localização enquadram-se em um
Figura 5: Movimentação interna. Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 104

 Entre duas empresas concorrentes
ou entre dois canais de vendas
de uma mesma empresa que
atendam ao mesmo público-alvo,
pode-se formar uma fronteira de
mercado, que é o nome dado à
linha de indiferença entre duas
possíveis e diferentes cadeias de
suprimentos, em que os laid-down
costs serão idênticos.
A obtenção de alguma vantagem
competitiva, diante dessa concorrência,
consiste em estabelecer formas de
compreensão nos trade-offs, contemplando os
custos passíveis de serem reduzidos. Qualquer diferença a menor que
puder ser obtida, altera o status do laid-down cost, desestabilizando a
fronteira de mercado e viabilizando uma nova fonte de suprimentos, por
parte da empresa ou cadeia que for mais eficiente.
Ainda de acordo com ILOS (2001), os gestores enfrentam muitas
decisões relacionadas com a localização dos armazéns e essas, por
sua vez, envolvem dimensões estratégicas que podem afetar os
laid-down costs:
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Número adequado de armazéns Tamanho de cada armazém
para atender a operação. em função do volume a ser
comercializado e nele
armazenado.
Localização de cada
armazém em relação ao
público por ele atendido Destinação de espaço
para cada produto em
cada armazém.
Distribuição de produtos
conforme o perfil de clientes em
cada armazém (mix de produtos).
Figura 6: As dimensões estratégicas que podem afetar os laid-down costs. Fonte: Dreamstime.
O objetivo deve ser, portanto, o desenho ou a configuração da rede
logística, com foco na mitigação ou redução dos custos totais. Ele
deve considerar a projeção de um ano: de operação, de produção, de
manutenção de produtos em estoque, das instalações (armazenagem,
manuseio e demais custos fixos), das compras e dos meios de transporte,
todos sujeitos a um determinado nível de serviço (disponibilidade e
tempo de entrega) aos clientes finais.
105
Uma característica ainda observada em muitos segmentos de negócios,
a despeito dos avanços e das considerações sobre a eficiência na
distribuição, é a de que, para ser bem-sucedida, a empresa deve
conter vários armazéns, localizados próximos aos clientes como
diferencial competitivo. Esse pensamento repousa na crença de que os
consumidores, foco direcionador dos esforços logísticos dos arranjos em
cadeia de suprimentos, esperam que o fornecedor mantenha os seus
estoques distribuídos pelos mercados locais, capazes de oferecer, com
isso, níveis de serviço mais elevados.
Tudo isso ficou conhecido como o paradigma da presença local, que
levou muitas empresas a adotarem o posicionamento dos estoques de
forma pulverizada ao longo da cadeia de suprimentos, como forma de
compensação no transporte e no processamento de pedidos.
Com os avanços tecnológicos verificados nos últimos anos, as empresas
passaram a reavaliar esse paradigma da presença local.
Tudo isso se deve primeiramente à constatação de que, em função
de melhorias na roteirização (evitando trechos e horários com
habituais congestionamentos), de confiabilidade nos deslocamentos e
Armazenagem e Movimentação de Terminais
operacionalidade da frota, os horários de chegada e saída passaram
a ser mais previsíveis e confiáveis. E em segundo lugar, a tecnologia
de informação reduziu o tempo associado à transmissão e ao
processamento de informações, permitindo monitorar continuamente
os veículos e seus carregamentos.
Seja em razão dos avanços no transporte e na tecnologia de informação,
bem como da mudança do posicionamento gerencial em relação
aos níveis de estoque, isso vem contribuindo positivamente para o
dimensionamento de um menor número de armazéns, capazes de cobrir
e atender os clientes em uma determinada área de mercado.
3. Trade-offs na armazenagem (compensação de
custos, custo da sobra, da falta e das avarias)
Para Dias (2015), o chamado trade-off ou compensação vem a ser a
situação em que um aumento de custos em determinada área é feito
com o intuito de obter uma grande vantagem em relação às outras (em
termos de aumento de rendimento e lucro). Em outras palavras, serve
para demonstrar que nenhuma decisão deve ser tomada exclusivamente
com base na análise de um custo isolado, mas na sua análise em relação
aos demais custos envolvidos.
106

Na  logística, um  trade-off  implica análise de um custo para uma
determinada empresa, quando compreendido em seu contexto total, não
devendo ser analisado isoladamente. Exemplo: custo do frete aéreo para
grandes distâncias quando comparado em conjunto com seguro, estoque
de segurança, estoque em trânsito, custo de inventário, espaço ocupado por
esses estoques, tempo de deslocamento, incertezas, entre outros fatores.
Para a armazenagem, o trade-off é uma importante fonte de custos
para toda a cadeia de suprimentos, pois lida com a incerteza causada
pela relação do custo de ter e manter estoque versus a disponibilidade
do item. Não existe uma maneira precisa de estipular a demanda, em
razão das incertezas de oferta, ditada pela capacidade de atendimento
dos fornecedores e a procura ou demanda, cadenciada pelos clientes,
ao longo da cadeia de suprimentos. Ter e manter estoque nesse caso
contribui para a manutenção da satisfação dos clientes e portanto da
imagem, reputação e nível de serviço prestado.
Já para a movimentação e para os transportes, a compensação recai na
escolha dos equipamentos de movimentação, pois equipamentos com
maior nível de automação e que podem cumprir mais tarefas são mais
caros que os operados manualmente por um operador, todavia não
dependem tanto da presença humana para a sua operação.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Para as tarefas associadas à distribuição, as escolhas caminham entre a
escolha dos modais, como ilustrado, o uso de modais com custo maior
de operação como o do transporte aéreo podem compensar custos com
seguros e tempo de trânsito, quando comparados com modais mais
lentos como navios de longo curso. A utilização de roteirizadores, tanto
para as movimentações internas no armazém, quanto para a distribuição,
pode apresentar um custo operacional elevado em função dos programas
e recursos para a sua operação que acabam sendo compensados pela
redução no consumo de combustível, material rodante e manutenção
dos equipamentos.
E, finalmente, a opção pela terceirização de operações relacionadas
com a armazenagem pode compensar pela elevação no nível de serviço
e redução de custos com pessoal e equipamentos. Aqui se preza pela
equação do custo da operação versus o prazo de entrega.
Figura 7: Empresas especializadas na prestação de serviços são ótimas alternativas para a
melhoria do nível de serviço e redução de custos. Fonte: Dreamstime.
107
Para Nogueira (2018), existem processos que podem emprestar
requisitos adicionais na busca da redução dos custos de armazenagem
e desta forma contribuir para tornar a operação menos onerosa e que
também servem para a compensação de custos:
1. adoção de cadastro de materiais enxutos e de fácil identificação;
retirada de itens duplicados, com cadastramento incompleto ou
dúbio que podem levar a uma aquisição desnecessária;
2. gestão de suprimentos eficiente; com integração entre as áreas de
planejamento, compras e armazenagem mitigando aquisições em
demasia e promovendo o giro dos itens, identificando e tratando
aqueles que apresentarem descontinuidade no consumo;
3. área de compras dedicada à redução dos custos de aquisição, seja
pela ampliação no cadastro de fornecedores, com a entrada de
novos candidatos ao fornecimento ou apresentação de alternativas
de itens alternativos ou mesmo que possam substituir o suprimento
com base no parecer das áreas envolvidas;
4. seleção e emprego de modais de transporte e possibilidades de
efetuar a distribuição, cada vez mais eficientes; seja com o uso
de programas como o transport management system (TMS), que
seleciona a opção mais vantajosa para determinado trecho de
deslocamento com a indicação da empresa e modal de menor custo;
5. organização do armazém para facilitar e reduzir a movimentação
interna com povoamento do armazém por zonas e aplicação da
Armazenagem e Movimentação de Terminais
classificação ABC para a estocagem; se você anda menos para
recolher os itens de uma ordem de separação, serão menores todos
os custos a isso associados, como a manutenção dos equipamentos,
consumo de combustível (GLP ou eletricidade), material rodante e
tempo do separador e equipe;
6. conservação e manejo de produtos para evitar o vencimento
comercial – shelf-life e expiração da validade do produto, uso
de embalagens eficientes, que sejam ao mesmo tempo leves e
resistentes, com possibilidade de reaproveitamento ou com emprego
cada vez maior de materiais reciclados na sua constituição.
O custo da sobra é outra patologia típica dos armazéns que ocorre todas
as vezes em que for feita uma aquisição acima das necessidades reais;
isso pode ser verificado nas compras para atender a um pedido específico
de um cliente ou para uma quantidade de produtos a ser produzida.
Muitas empresas se deparam com essa realidade ao solicitarem
quantidades padronizadas, com margens fixas, que podem variar de
5 a 15%, sempre acima das reais necessidades e verificarem que,
após realizada a tarefa inicialmente programada, aquela indesejada
sobra acaba ocupando espaço dentro do armazém. Esta prática é
rotineiramente observada em algumas empresas da construção civil e
no segmento de confecções têxteis.
108

Uma saída possível será a venda com desconto para outro potencial
consumidor interessado, ou poderá ser destinada a um mercado
secundário de saldos, para tentar recuperar algum valor financeiro.
De acordo com ILOS (2001), na decisão de escolher e acionar o número
de armazéns de acordo com o tipo de operação, existe a incidência
também dos chamados trade-offs, que podem estar associados aos
custos da operação e entre custo e nível de serviço:

Para o NTC (2006), o custo da falta é o dito custo da indisponibilidade de

estoque de um produto solicitado pelo cliente, podendo implicar perda
parcial ou total da venda, ou até mesmo do cliente, caso existam outras
fontes de suprimento no mercado. Ele envolve os custos das vendas não Melhoria nos níveis de Diminuição nos gastos com
serviço, em razão da transporte de distribuição,
celebradas provenientes da venda perdida e pode gerar indesejados redução no tempo de pois os pontos de
entrega ao cliente final. atendimento estão mais
custos adicionais, ao promover pedidos de reposição urgentes, em próximos.
razão de aquisições ou de uma oscilação no consumo que não foram
planejadas.  Um outro custo relevante é o da obsolescência, observado
quando são encontrados no estoque itens obsoletos ou sucateados. Tais
itens são normalmente oriundos de componentes de equipamentos ou
máquinas fora de linha de fabricação. 
Aumento nos custos de ter e Aumento nos gastos com
Ao se movimentar, manusear e distribuir materiais e produtos acabados, manter estoques, devido aos
aumentos nos níveis de estoque
transferências para suprimento,
pois as transferências da fábrica
as indesejadas avarias podem ocorrer. Uma das formas mais eficientes de segurança, obrigatórios para ou do CD principal serão mais
defender cada armazém contra as constantes e esses estão
de evitá-las é justamente com a adoção de medidas preventivas, seja na incertezas na demanda. distantes do depósito avançado.
utilização de melhores embalagens, conforme o modal de transporte, Aumento nos gastos administrativos para fazer a gestão das
seja na regularização do piso do armazém, a fim de evitar tombamentos, diversas operações, todas as estruturas para o funcionamento do
depósito avançado são frações daquelas verificadas no CD, com
ou, ainda, na sinalização dos locais de circulação, evitando-se quedas. a desvantagem de que muitas atividades irão demandar
recursos em contingência para uma perfeita operação.
Em todos os casos, as avarias, invariavelmente, serão convertidas em
prejuízo, salvo aquelas que puderem ser reembaladas (repacking) e Figura 8: Objetivos com a decisão de escolher e definir o número de armazéns Fonte: Dreamstime.
reaproveitadas conforme orientação do fabricante.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 109

Assim, todos esses elementos estão associados aos custos da operação
e impactam o momento das decisões referentes às definições quanto ao
número de armazéns.
De acordo com o que aprendemos neste estudo, a logística vem sendo
cada vez mais estudada e percebida como um conjunto de atividades
(primárias e de apoio), cuja missão é entregar o produto certo no
momento exato, no local determinado e ao menor custo possível, em
função das necessidades estabelecidas pelos clientes.
Consideramos, assim, que o assunto custo é tema constante na agenda
dos gestores. Todo esse protagonismo da logística deve-se ao fato de
esse segmento ser cada vez mais evocado para descrever os esforços
das empresas em busca da excelência em mercados cada vez mais
competitivos.
Vimos, ainda, os principais custos associados à armazenagem e à
movimentação de materiais e soluções para reduzi-los, descobrimos os
fatores que auxiliam a reduzir os custos de entrega e a localização dos
armazéns.
Finalmente, conhecemos um pouco mais sobre os principais trade-
offs na armazenagem, ou seja, a compensação de custos, bem como os
indesejados custos da sobra, da falta e das avarias.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Referências
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
MBA SKOOL. MBA Skool Team. Disponível em: https://www.
mbaskool.com/business-concepts/operations-logistics-supply-chain-
terms/15271-laid-down-cost.html. Acesso em: 21 jun. 2020.
NOGUEIRA, A. de S. Logística empresarial: um guia prático de operações
logísticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NTC - Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. Glossário
NTC de Logística e Transporte. São Paulo: Renover, 2006.
WANKE, P. ILOS. Especialistas em Logística e Supply Chain. Aspectos
Fundamentais do Problema de Localização de Instalações em Redes
Logísticas. 2001. Disponível em: https://www.ilos.com.br/web/aspectos-
fundamentais-do-problema-de-localizacao-de-instalacoes-em-redes-
logistic/. Acesso em: 20 jun. 2020.
110
Armazenagem e
Movimentação
de Terminais
O Futuro da Armazenagem
Para Início de Conversa Objetivo
Neste capítulo, teremos a oportunidade de aprender um pouco mais Debater as tendências e perspectivas futuras da armazenagem.
sobre as atividades que fazem parte do cotidiano das operações de
armazenagem. Poucos duvidam que os avanços tecnológicos possibilitam
o desenvolvimento de novas ferramentas de gestão, controle e operação
das atividades logísticas, incluindo as de armazenagem.

Veremos que o uso de etiquetas de RFID, a adoção de sistemas como

o WMS e a automação de processos de movimentação e separação
são alguns desses recursos, mas ainda existem outros que serão
apresentados. Entenderemos como será o armazém do futuro e as
possibilidades para torná-lo autossustentável.

Vamos descobrir, também, alguns dos principais desafios logísticos

para manter e elevar o nível de serviço para o cliente por meio da
armazenagem.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 112

1. Armazém do Futuro (Hub Multimarcas e
Multiempresas)
Buscar alternativas para o desafio atual da
armazenagem de garantir a mobilidade urbana de
cargas e pessoas diante dos congestionamentos
cada vez maiores e dos consequentes
impactos da poluição deve ser o foco de
gestores, pesquisadores, municípios,
organizações governamentais e não
governamentais, associações de classe
e demais atores envolvidos com a
temática urbana.
Nos quatro cantos do mundo, propostas
vêm sendo formuladas na tentativa de
apontar para caminhos que auxiliem a
tomada de decisão e a conscientização para o
correto tratamento desses problemas.
Para o Grupo Capgemini (2008), a solução
Figura 1: Armazém do futuro. seria a organização de estruturas capazes de
Fonte: Dreamstime.
absorver, num mesmo espaço, operações de
recebimento, consolidação e destinação de
cargas em ambientes multimarcas e multiempresas, com os produtos
sendo entregues para lojas físicas ou diretamente aos clientes a partir de
Armazenagem e Movimentação de Terminais
veículos compartilhados.
Um fato constatado todos os dias é que as cargas armazenadas em quaisquer
tipos de estruturas, compartilhadas com outras empresas ou não, precisam
ser movimentadas para chegar às mãos dos clientes finais ou do próximo
elo na cadeia de suprimentos. Para tanto, precisarão ser movimentadas na
mesma proporção em que o próprio armazém deverá ser abastecido.
Movimentação de cargas é um tipo de operação que movimenta coisas
(situação distinta de movimentar pessoas) dentro das áreas urbanas e
não urbanas.
Quando a movimentação de cargas precisa acontecer dentro dos grandes
centros urbanos, há um desafio em virtude das dificuldades de acesso,
restrições de movimentação dos veículos de entrega, precariedade
de pontos de estacionamento de carga e descarga, bem como da
inexistência de facilidades logísticas para a realização de entregas.
Uma dessas movimentações, a distribuição urbana da última milha,
chama a atenção pelo seu forte crescimento nos últimos anos,
impulsionada pelo aumento de transações em lojas virtuais, pela
variedade de produtos e pela logística reversa. Para o NTC (2006),
a entrega da última milha (do inglês last mile delivery) é a etapa final
da movimentação, realizada a partir de um fabricante, transportador
ou plataforma logística ao destino da mercadoria. O Grupo Capgemini
113
(2008) ilustra como se dará a estrutura logística colaborativa do futuro.
Figura 2: Cadeia de suprimentos do futuro. Fonte: Adaptada de Capgemini (2008).
Atualmente, muitas vendas efetuadas em lojas virtuais ou físicas
Armazenagem e Movimentação de Terminais
possuem solicitações de entrega em endereços localizados nos centros
urbanos. São compradores que preferem receber suas encomendas nos
seus locais de trabalho, para serem ali utilizadas, consumidas no próprio
local ou movimentadas por meios próprios aos destinos finais.
114
O momento atual vivenciado nos grandes centros urbanos, que são
marcados pelo cenário de cargas urbanas, mostra que existe:
▪ pouca atenção à incorporação das cargas no planejamento dos
transportes urbanos;
▪ um aumento do número dos veículos automotores (carros e
motocicletas) e de transporte de massa (principalmente dos ônibus)
para circulação de pessoas, concorrendo por espaço nas mesmas vias
por onde trafegam os veículos de entregas e de abastecimento dos
armazéns;
▪ crescimento da variedade de produtos, adoção de políticas de
estoques baixos e filosofia JIT com remessas menores e em horários
específicos, pressionando o aumento e a frequência nas entregas;
▪ crescimento no setor de prestação de serviços, aumentando os
deslocamentos daqueles que dão suporte às operações;
▪ inexistência de malhas ferroviárias de carga voltadas para as entregas
urbanas;
▪ impactos decorrentes da poluição ambiental (sonora, visual e no
ar) consequente dos congestionamentos urbanos e da operação de
veículos com queima de combustíveis fósseis;
▪ inexistência de preocupação das autoridades públicas com a
movimentação de cargas. Apenas Chicago, Londres, Melbourne, Los
Angeles e Nova Iorque possuem considerações explícitas sobre
procedimentos de planejamento de transportes de cargas em seus
planos diretores;
Armazenagem e Movimentação de Terminais
▪ incentivos à aquisição de veículos automotores individuais em
detrimento da requalificação dos meios de transporte de massa, como
trens, metrô, ônibus, entre outros.
Os gestores podem lidar e resolver esse problema com a
implementação de terminais e de instalações com facilidades
logísticas, como terminais de consolidação de cargas nas proximidades
dos grandes centros urbanos, que funcionarão como plataforma para
recebimento de veículos maiores, separação de cargas por zonas e
abastecimento de veículos menores, os quais farão as entregas em
bolsões dentro das áreas de maior concentração, reduzindo o número
total de veículos em circulação.
Investir em drones e na estrutura de apoio para que eles possam operar
pode ser algo impensável para a realidade de muitas micro e pequenas
empresas. Contudo, o uso inteligente de sistemas de entregas utilizando
entregadores a pé, com o apoio de carrinhos ou de bicicletas, torna a
operação mais dinâmica, além de ampliar a cobertura e a capacidade
de carga sob um custo razoável.
Tais terminais poderão operar como um Hub, que, segundo o NTC
(Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), é o nome
115
dado a um ponto central utilizado para coletar, separar e distribuir para Para o Sebrae (2020), um projeto logístico de apelo sustentável é
uma determinada área ou região específica, sendo capaz de realizar aquele que poderá abrigar uma facilidade logística, como um armazém
operações multimarcas e multiempresas, de forma que será possível ou outra estrutura de apoio, que pode derivar de uma – ou mais – das
entregar produtos de vários fabricantes que dividirão espaço nos seguintes condições:
mesmos veículos de entrega. demanda avanço tecnológico necessidade
de mercado, que viabilize a expressa dos
Conforme afirma Loureiro (2018), dali partirão veículos de carga da diferenciação adoção de uma stakeholders (públicos
e vantagem solução sob um de interesse na
última milha, carregados com produtos. Os Hubs funcionarão como competitiva do custo baixo, como os organização)
concorrente ou
depósitos avançados, permanecendo parados, enquanto equipes de solicitações de painéis solares de validada e acolhida
clientes; captação de energia; pela organização.
entregadores a pé, com o apoio de carrinhos de entregas ou bicicletas,
realizarão as entregas das mercadorias. necessidade
exigência legal ou
regulatória, que
empresarial, como
pode ser imposta
a padronização
por um governo
de operações
2. Armazém Verde e Autossustentável globais;
local ou bloco
econômico;

Um armazém verde é um tipo de Green Building (prédio verde), uma
estrutura que contribui não só para o meio ambiente e bem-estar
humano, mas também para o desenvolvimento do país, pois a construção
civil é um dos segmentos que mais emprega e movimenta a economia.
Para o WWF (2018), a definição mais aceita para desenvolvimento
sustentável é a de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades
da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota
os recursos para o futuro.
Figura 3: Condições e facilidades logísticas que precisam de apoio logístico. Fonte: Sebrae (2020).
Para ser considerado um projeto sustentável, não basta ter um
atributo associado aos métodos construtivos. Podem ser agregadas
condições que auxiliem no desenvolvimento da comunidade local,
com o engajamento e encorajamento da direção e dos funcionários
em atividades comunitárias a partir do estímulo e promoção do uso
de efetivo (contratação de pessoal), serviços e produtos locais, bem
como por meio do apoio à educação local, inclusive com oficinas de
educação ambiental.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 116

Os projetos que objetivem assegurar um melhor rendimento podem
contar com material técnico de apoio, como as orientações contidas
na certificação Leadership in Energy and Environmental Design – LEED
(Liderança em Energia e Design Ambiental, em português).
A sigla ganhou espaço no mercado da construção civil no Brasil
nos últimos anos. Trata-se de uma certificação americana para
empreendimentos e bairros sustentáveis, segundo o SustentArqui (2016).
Figura 4: Armazém com painéis solares para produção de energia elétrica. Fonte: Dreamstime.
Hoje, muitos prédios comerciais buscam a certificação  LEED, com a
intenção de associar suas marcas ao meio ambiente para atingir economia
nas contas de água, luz, entre outras, além de oportunizar melhores
níveis de produtividade aos funcionários e oferecer contribuições para
um mundo melhor.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Para tanto, nos novos projetos (edificações de armazéns completamente
novos) ou nas modernizações, devem ser feitas consultas prévias à
comunidade sobre a implementação do empreendimento. Também
é necessário buscar, entre seus fornecedores, aqueles que prezam
pela utilização de práticas sustentáveis, com preferência pelos
que implementam práticas sustentáveis de produção. Tais ações
contribuem para a sustentabilidade dos negócios ao promover o
desenvolvimento local.
A seguir, serão apresentadas algumas questões usuais no campo da
análise econômica de um projeto, pois, além de sustentável, ele poderá
tornar o negócio mais rentável:
O projeto contribui para garantir/ampliar o retorno do capital empregado pelo
acionista?
O projeto amplia a participação de mercado e/ou permite a empresa a se manter
permanentemente competitiva nele?
O projeto viabiliza o desenvolvimento de novos produtos e serviços e/ou melhora a
proposta de valor dos existentes?
O projeto aumenta a eficiência operacional da organização (relação entre despesas
operacionais e receitas operacionais)?
O projeto é de cunho legal e, portanto, é mandatório de ser implementado para
manutenção da empresa na legalidade? (SEBRAE, 2020)
E estas são as novas questões propostas quando tratamos do
desenvolvimento sustentável, com o objetivo de verificar se o projeto
contribui para diminuir ou erradicar alguns males:
117
 Acaba com a pobreza e a fome? Como pode ser observado, as ações vão muito além da eficiência
Proporciona educação básica de qualidade para todos? energética e podem contar com outras dimensões para um melhor
Proporciona um ambiente de igualdade entre os sexos e a valorização da mulher? aproveitamento dos conceitos sustentáveis.
Reduz a mortalidade infantil?
Melhora saúde das gestantes?
Combate doenças como AIDS, malária e outras? 3. Desafios Logísticos para Manter e Elevar o
Melhora qualidade de vida e respeita o meio ambiente? Nível de Serviço ao Cliente com a Armazenagem
Permite o desenvolvimento geral das nações menos desenvolvidas? (SEBRAE, 2020)
Espera-se que, no futuro, para atender à crescente
E, por fim, os questionamentos a seguir são levados em consideração demanda dos clientes, que estão cada vez mais
quando tratamos do modelo de gestão socialmente responsável, visto exigentes, haja um aumento na automação de
que estão relacionados às condições necessárias para a internalização processos, tornando as operações em geral
das ações adotadas: menos dependentes dos seres humanos.
Permite a internalização dos valores e a ampliação da transparência da organização? O desenvolvimento, o aperfeiçoamento e
Possibilita o engajamento dos fornecedores em novos paradigmas de gestão a aplicação de impressoras em terceira
socialmente responsável? dimensão (3D) permitirão a substituição
Viabiliza o engajamento do público interno na materialização das práticas da gestão de diversos bens de consumo que antes
socialmente responsável? precisavam ser produzidos, transportados
Melhora a gestão ambiental? e armazenados, mas que, graças aos avanços
Melhora as condições de vida das comunidades do entorno da organização? tecnológicos, agora poderão ser impressos
Há ética e transparência na relação com os clientes e consumidores? em locais como os armazéns colaborativos,
Há ética e transparência na relação entre a organização, o poder público e a postos que estarão localizados em shoppings Figura 5: Impressoras 3D.
sociedade? (SEBRAE, 2020) Fonte: Dreamstime.
ou na sua própria casa.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 118

A estação espacial internacional conta com dispositivos de impressão pelo qual compraria o livro tradicional. O resultado é a impressão do
3D que permitem a produção de peças para manutenção e conservação livro escolhido com a qualidade de um impresso numa gráfica tradicional,
da estrutura em poucos minutos, reduzindo o espaço que antes seria o que possibilitou a eliminação dos livros impressos nas prateleiras e
destinado para armazenar as mesmas peças transportadas daqui da Terra. estoques da livraria.

As relações de consumo se tornarão cada vez mais diretas. As empresas

tentarão descobrir o que o consumidor está “pensando”, por meio do
aperfeiçoamento da Inteligência Artificial (IA), para fazer a simulação e
modelagem de tendências de consumo baseadas
em pesquisas feitas em aplicativos e lojas
virtuais, antecipando futuras demandas, o
que possibilitará a adoção de estratégias
de armazenagem mais enxutas. Isso se
dará a partir do aumento na precisão
e alcance dos esforços de marketing,
com conteúdos personalizados para os
mecanismos de busca.
Figura 6: Livro impresso pela máquina Espresso Book Machine na livraria Les Puf, em Paris.
Fonte: Giglio (2018). No segmento da tecnologia e defesa, há
muito tempo drones são utilizados para
missões militares de ataque, observação e defesa.
No meio civil, o nome muda para Veículo Figura 7: Os drones terrestres.
Desde 2016, a livraria Les Puf, em Paris, imprime qualquer um dos títulos
disponíveis no seu acervo digital na hora, e você paga o mesmo preço Aéreo Não Tripulado, ou VANT. No futuro, Fonte: Dreamstime.

Armazenagem e Movimentação de Terminais 119

esses equipamentos poderão ser empregados para entregas da última
milha, aplicação de defensivos agrícolas, monitoramento de áreas rurais,
levantamentos topográficos, entre outras possibilidades.
Os drones terrestres vêm sendo estudados para emprego em entregas
urbanas, pois, diferentemente dos seus irmãos alados, eles poderão se
deslocar pelas ruas e calçadas, obtendo maiores chances de concretizar as
suas entregas em comparação com os aéreos, que ainda precisarão vencer
as limitações legais para uso e as físicas para pouso, principalmente nos
grandes centros urbanos.
Os recursos remotos da educação corporativa, potencializada pelas
limitações da pandemia de 2020, possibilitarão o treinamento de equipes
com a aplicação de recursos com prêmios e recompensas (gamificação),
virtualização e aprendizagem colaborativa.
Nos equipamentos de movimentação dos armazéns e nos meios de
transportes, haverá uma presença maior de veículos movidos por fontes
renováveis e menos poluentes, incremento no uso de tecnologias
embarcadas, como o aplicativo para celular Waze, uso do Ground Position
System (GPS), monitoramento de rotas, uso de programas como o Transport
Management System (TMS), RFID, telemetria, entre outros recursos.
Nos estoques, serão percebidas doses maiores de automação de processos
e intensificação de utilização dos códigos de barras, dispositivos de RFID,
Armazenagem e Movimentação de Terminais
VANT para a realização de inventários, WMS para o gerenciamento das
rotinas e equipamentos autônomos, como rebocadores e empilhadeiras,
além dos transelevadores.
No campo das energias aplicáveis aos armazéns, haverá um significativo
aumento na busca pela utilização de energias mais limpas e renováveis,
como a solar, eólica e até do movimento das marés.
As ferramentas de IA serão cada vez mais usadas, seja no aperfeiçoamento
dos sistemas de roteirização, acompanhamento de pedidos, atendimento
a clientes, pagamentos com criptomoedas, adoção dos chamados
blockchains como tendência de uma maior proteção às transações
bancárias na rede e entre os próprios elos da cadeia de suprimentos.
Para tornar sua empresa esteja preparada e consiga se adaptar aos
desafios que serão vivenciados nos próximos anos, é fundamental seguir
algumas dicas:
1. Torne seu negócio mais sustentável, não apenas por modismo ou por
imposição dos atores governamentais. As empresas precisarão ser
mais sustentáveis, reduzindo as suas emissões, especialmente dos
gases do efeito estufa (CO e CO2).
2. Otimize a CS de uma forma mais ampla. Veremos uma colaboração
mais profunda e radical das empresas, pois sem isso não será
possível atender aos desafios que nos serão impostos.
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3. Promova o engajamento com os consumidores. Com o advento e aumento da eficiência energética das instalações, assim como o
da pandemia de 2020, houve um aumento significativo no uso desenvolvimento de ações de responsabilidade social com a participação
de entregas em domicílio, tendência que deverá ser mantida nos dos atores envolvidos.
próximos anos. As linhas de produção e de distribuição deverão
Por fim, vimos que existem muitos desafios a serem vencidos pelos
ser desenhadas para as plataformas que irão abarcar o crescente
gestores, e isso só será conquistado com o engajamento de todos em
número de consumidores pelos canais digitais e tradicionais.
prol desse ideal.
4. Foque a qualidade de vida. As empresas precisam se atentar para a
qualidade de vida dos seus empregados e consumidores, com oferta
de produtos menos calóricos, com menos sal, mais orgânicos, mais
saudáveis e mais transparentes quanto à origem.

Esses são fatores que podem contribuir significativamente para o sucesso

das organizações quando se trata de enfrentar os desafios logísticos que
estão por vir.

Nesse estudo, aprendemos que a integração de processos e uma atuação

com maior proximidade de outros interessados na distribuição física
levarão as empresas a atuarem de forma conjunta, permitindo que um
mesmo veículo de transporte faça o deslocamento e as entregas a um
mesmo destinatário, de uma só vez.

Sabemos que, no momento, um dos assuntos mais comentados é a

sustentabilidade e a consequente redução dos impactos no ambiente.
A logística pode contribuir com isso ao adotar soluções que reduzam
o consumo de combustível das frotas e estimulem o aproveitamento

Armazenagem e Movimentação de Terminais 121

Referências
GIGLIO, G. Les Puf: uma livraria que imprime (na hora) o livro que você
quer. Update or Die, 2018. Disponível em: https://www.updateordie.
com/2018/11/09/les-puf-uma-livraria-que-imprime-na-hora-o-livro-
que-voce-quer/. Acesso em: 15 set. 2020.
GRUPO CAPGEMINI. Future Supply Chain. 2008. Disponível em: https://
www.capgemini.com/resources/future_supply_chain_2016/. Acesso em:
27 jun. 2020.
LOUREIRO, J. C. S. Entregas urbanas a pé. In: Velo-City, 2018. Disponível
em: https://ecf.com/sites/ecf.com/files/Loureiro_J._Entregas_urbanas_a_
pe.pdf. Acesso em: 27 jun. 2020.
SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
Sustentabilidade: práticas saudáveis que impulsionam o seu negócio.
2020. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/
sustentabilidade-para-os-pequenos-negocios,b6ad6ca28e87e510VgnVC
M1000004c00210aRCRD. Acesso em: 25 jun. 2020.
SUSTENTARQUI. Certificação LEED no Brasil. 2016. Disponível em: https://
sustentarqui.com.br/certificacao-leed-no-brasil/. Acesso em: 25 jun. 2020.
WWF. World Wildlife Fund. Questões ambientais, desenvolvimento
sustentável. 2018. Disponível em: https://www.wwf.org.br/natureza_
brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/. Acesso
em: 25 jun. 2020.
Armazenagem e Movimentação de Terminais
Considerações Finais
Ao longo dos oito capítulos desse livro, aprendemos um pouco mais sobre
a armazenagem e o contexto logístico, fatores decisivos e capazes de
oferecer uma significativa vantagem competitiva para as empresas que se
dedicam a cuidar e aperfeiçoar a sua gestão.
Vimos que, ao projetar um armazém, devemos refletir sobre a simplicidade
e facilidade de acesso, além de desenvolver um bom planejamento para
elevar as capacidades estáticas e dinâmicas, gerando economias que, em
outros casos, seriam desperdiçadas no dia a dia das operações.
Pudemos verificar que o ato do recebimento de materiais encerra, em si,
o início de tudo. Se for bem feito e possuir critérios adequados, evitará
problemas de difícil detecção, identificáveis apenas por ocasião das
separações, entregas ou realização dos inventários.
Entendemos que atualmente existem muitos equipamentos voltados para
a armazenagem e movimentação de produtos, que incorporam tecnologias
e níveis de automação nunca antes alcançados. Um endereçamento
eficiente e a adoção de cuidados no armazém, com processos e rotinas,
contribuem para o máximo desempenho da estrutura logística.
Aprendemos sobre os cuidados demandados na separação e expedição,
os quais, se não observados, elevam os custos associados às atividades
de armazenagem, que não são poucos e devem ser evitados ou mitigados.
Por fim, conhecemos algumas das iniciativas que vêm sendo incorporadas
ao repertório das organizações para torná-las (ainda) mais eficientes.
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