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Disciplina: EDM0423 - Metodologia do Ensino de Filosofia I

Professor: Paulo Henrique Fernandes Silveira


Resenha: Introdução BNCC
Aluno: Gustavo Gondim Archanjo
No USP: 13903404

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Filosofia é um documento de


referência elaborado pelo Ministério da Educação do Brasil e tem como objetivo guiar o
ensino da disciplina, orientando a prática de ensino nas escolas brasileiras. Destaca a
importância da Filosofia como área de conhecimento relevante e incentiva o pensamento
crítico, reflexão filosófica e diálogo.
É destacada a importância do pensamento crítico, do diálogo e da reflexão filosófica
como ferramentas fundamentais para a formação dos estudantes. Também é enfatizado a
necessidade de conectar a Filosofia com a realidade vivida pelos alunos, só assim se tem uma
abordagem mais significativa em suas vidas e mais contextualizada.
O documento começa com o exame sobre as Leis de Diretrizes e Bases,
especificamente sobre os artigos:

• o art 2 prescreve que a educação tem por finalidade o pleno


desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho;
• o art. 27, que trata dos conteúdos curriculares da educação básica,
estabelece
como diretrizes a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem
democrática;
• o art. 35 estabelece como finalidades do Ensino Médio, além da preparação
básica para o trabalho e a cidadania do educando, o seu aprimoramento como
pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico (inciso III) e a compreensão
dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (inciso TV);
• o art. 36, sobre o currículo do Ensino Médio, dispõe no inciso III do § 1 que
os
conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal
forma que ao final do Ensino Médio o educando demonstre domínio dos
conhecimentos
de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. (grifo
nosso).

Os artigos destacados são de alguma maneira os mais relevantes para a área da


educação de Filosofia, pois eles apresentam de certa maneira, algumas diretrizes importantes,
mas apresentam algumas limitações críticas. Pois no geral, as medidas não são traduzidas em
ações concretas para garantir que a educação em filosofia seja efetivamente oferecida em
todas as etapas da educação básica. Acrescento que a falta de ênfase específica na filosofia
pode resultar em sua marginalização no currículo escolar, dificultando a formação de cidadãos
críticos e reflexivos.
Em resumo, apesar das diretrizes e princípios importantes para a educação de Filosofia
apresentadas pela LDB, novamente nota-se a falta de clareza e explicitação em sua
abordagem sobre diversos temas, como por exemplo a inclusão e também sobre como será o
desenvolvimento da disciplina no currículo escolar.
Adiante no texto, é comentado que as dificuldades em definir o que é Filosofia já se
encontram explicitadas nos PCNEM:

Trata-se aqui, então, de delinear alguns elementos que podem auxiliar na


contextualização mais adequada dos conhecimentos filosóficos no Ensino
Médio.
Tomando como ponto de partida o referido inciso III § 1 do artigo 36,
evidenciam-se
naturalmente três questões: (a) que conhecimentos são necessários? (b) que
Filosofia?
e (c) de que aspectos deve-se recobrir a concepção de cidadania assumida
como norte
educativo? (p. 329)

E também é notada a nítida intenção pedagógica da utilização da Filosofia no Ensino


Médio, mas destacada que não é de maneira alguma, que seja o caso de se estar conferindo
superioridade de qualquer tipo a ela, mas sim reconhecendo suas especificidades e poder de
explicitar os conceitos que permeiam todas as outras disciplinas; discutir os fins últimos da
razão humana e sobre a forma da ação humana; examinar os problemas sob a perspectiva de
um todo; e não tratar de um objeto específico, pois nada escapa ao seu interesse

O significado das competências específicas da Filosofia


No decorrer do texto e dentro do contexto do PCN de Filosofia, é abordado o
significado das competências específicas da disciplina. Essas competências têm como
objetivo direcionar o ensino e promover habilidades críticas e reflexivas nos estudantes.
Discorre sobre como deve-se portar o professor a fim de promover as competências
gerais. “Ou seja, mais do ensinar, deve “fazer aprender”, destacando a importância da
mobilização diante do reconhecimento dos conhecimentos como recursos mobilizadores nas
complexas situações reais. Nesse momento é direcionado o posicionamento de Filosofia de
forma prática, para que seja aplicado diretamente no trabalho, no convívio com a família, no
lazer e nas diversas situações que exigem que os conhecimentos sejam reconfigurados para o
momento de ação.
.
Representação e comunicação
Na sessão é destacada a importância da linguagem e da comunicação na construção do
conhecimento filosófico. O documento reconhece que a filosofia não pode ser dissociada da
linguagem, pois é por meio dela que as ideias são expressas, debatidas e compreendidas.
Destaca-se com uma citação de Kant que o processo de Filosofar é o conhecimento
que é ensinado, e não a Filosofia, assim não se transmite de maneira passiva a herança
filosófica. É descrito o meio pelo qual o aluno deve realizar o seus estudos, desenvolver a
familiaridade com o tema, depois com maior habilidade analítica, desenvolver sua capacidade
de leitura significativa dos textos. Por sua vez, o professor pode ampliar os horizontes
apresentando novos textos e diferentes registros com diferentes estruturas para que assim o
aluno possa ter seu espaço para produção própria.
Resumindo a sessão, nota-se o reconhecimento da importância da comunicação no
ensino da disciplina. No entanto, se vê a necessidade de se aprimorar as orientações para
abordar a linguagem filosófica de forma crítica e reflexiva, explorando diferentes formas de
expressão filosófica e promovendo a conscientização sobre as estruturas de poder presentes na
comunicação filosófica. Isso contribuirá para uma abordagem mais ampla e inclusiva da
representação e comunicação filosófica.

Investigação e compreensão
Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas Ciências
Naturais e Humanas, nas Artes e em outras produções culturais.
Na sessão é destacado os conteúdos programáticos oferecidos pelas escolas, que foram
no passado pensados de maneira enciclopédica, e como a educação contemporânea tem
buscado superar essa distorção atualmente, restabelecendo os elos que unem os diversos
saberes e tornando-a interdisciplinar. Esse será o desafio do professor, usar a Filosofia dessa
maneira e reafirmando a sua característica transdisciplinar (metadisciplinar), para assim
cooperar decisivamente no trabalho de articulação de diversos sistemas teóricos e
conceptuais curriculares.
Embora seja exigida essa postura, é essencial que olhemos para a formação dos
professores, só assim será garantida a qualidade do ensino de Filosofia e o desenvolvimento
das habilidades investigativas dos alunos. A capacitação dos docentes é fundamental para que
possam estimular a curiosidade, a reflexão crítica e a participação ativa dos estudantes na
construção do conhecimento filosófico.

Contextualização sociocultural
Contextualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano de sua origem específica, quanto em
outros planos: o pessoal-biográfico; o entorno sócio-político, histórico e cultural; o horizonte
da sociedade científico-tecnológica.
Essa sessão destaca a importância de situar a reflexão filosófica dentro do contexto
sociocultural. O documento reconhece que a filosofia não existe no vácuo, mas é influenciada
por e influencia a sociedade, a cultura e os diferentes contextos históricos. Todavia, o
documento não oferece orientações suficientes sobre como os professores podem promover
uma análise rigorosa das estruturas sociais e culturais que moldam a produção e a recepção da
filosofia.
Enfatiza a necessidade de conectar os conteúdos filosóficos com as questões e
problemas contemporâneos, possibilitando aos estudantes compreender como a filosofia se
relaciona com o mundo ao seu redor. A contextualização sociocultural é um ponto de partida
crucial, mas deve ser complementada por uma análise mais profunda das relações de poder,
das desigualdades e das opressões presentes no contexto filosófico. Seria necessário uma
abordagem crítica que questione as ideias tradicionais e os sistemas de pensamento que
perpetuam a injustiça e a exclusão.
Acrescentaria outro ponto crítico, a falta de orientações claras sobre como lidar com as
tensões e os conflitos que podem surgir ao discutir questões socioculturais em sala de aula. As
reflexões filosóficas podem envolver confrontos entre ideias e ideias desconfortáveis que
desafiem o status quo, o que pode gerar debates e controvérsias. Os professores devem ser
capacitados para gerenciar essas situações de maneira construtiva e promover o diálogo
respeitoso entre os alunos.

A articulação dos conceitos estruturadores com as competências específicas da Filosofia


Comenta-se como em sessões anteriores, a possibilidade por parte do professor de ter
autonomia na escolha do conteúdo programático centrado em temas filosóficos, ou na história
da Filosofia, claro que com algumas diretrizes a seguir. Porém, não é fornecido exemplos
práticos ou sugestões de atividades que possam ajudar os professores a aplicar essas
articulações de forma eficaz em sala de aula. Isso pode dificultar a implementação do
currículo e a compreensão dos educadores sobre como integrar esses elementos de maneira
concreta.

Sugestões de organização de eixos temáticos em Filosofia


Essa seção trata-se da apresentação dos eixos temáticos, exemplos para que sejam
elaboradas as próprias organizações programáticas, por parte dos educadores, visando sempre
o tempo disponível e o perfil dos alunos.
Essa sessão não deve ser entendida como uma currículo mínimo a ser adotado, trata-se
de uma proposta, nem obrigatória e nem única para ser trabalhada em cada disciplina.
É sugerido três eixos temáticos: 1) Ética e Filosofia Política, 2) Filosofia da Ciência e
3) Metafísica e Filosofia da Linguagem. Esses eixos abrangem uma ampla gama de questões
filosóficas fundamentais, permitindo que os alunos explorem diferentes aspectos do
pensamento filosófico de maneira organizada e progressiva. Esses eixos temáticos fornecem,
de certa maneira, uma estrutura flexível que permite aos educadores adaptar o currículo de
acordo com as necessidades e interesses dos alunos, além de proporcionar uma progressão
lógica de conteúdos e competências ao longo dos anos de estudo. Vale ressaltar que essa
sugestão de organização de eixos temáticos no PCN de Filosofia não é exaustiva e pode ser
complementada por outros temas e abordagens relevantes.
Algumas questões críticas a esses eixos temáticos podem surgir, pois de alguma
maneira poderiam acabar limitando a criatividade dos professores no planejamento das aulas.
A falta de orientação prática e exemplos concretos sobre como abordar cada eixo temático, é
um dos problemas encontrados, assim como a sugestão de eixos temáticos não leva em
consideração a interdisciplinaridade, ou seja, a conexão entre a Filosofia e outras áreas do
conhecimento. Nota-se uma falta de diversidade temática, a rigidez dos eixos propostos, a
ausência de orientação prática e a falta de consideração pela interdisciplinaridade. Esses são
pontos que merecem atenção. Somente assim poderemos proporcionar aos alunos uma
educação filosófica mais abrangente, crítica e enriquecedora.
Referências bibliográficas

BRASIL, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN+). Ciências Humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

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