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Universidade Federal do Paraná

DELEM – Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas


HE 1178 A – Compreensão e Produção de Narrativas
Curso: Letras - Licenciatura em Inglês
Professora: Janice Inês Nodari
Nome: Isabella de Oliveira Alves

Pesquisa sobre termos técnicos (poesia)

Termos conhecidos:

ENJAMBEMENT - Termo francês para um processo poético que consiste no


desalinhamento da estrutura métrica e sintáctica de uma composição, onde os
versos se sucedem entre si sem pausas no final de cada um. O processo de
continuação do sentido de um verso no verso seguinte produz versos corridos,
característica de muitas composições da nossa lírica galego-portuguesa (não
significando que seja exclusivamente dela, pois desde a poesia homérica que o
enjambement pode ser identificado). Trata-se de uma alternativa ao paralelismo
tradicional e podemos testemunhá-la em cantigas de atafinda. Embora largamente
utilizado já pelos poetas renascentistas e maneiristas, só a partir de André Chénier
(1764-1811) o processo voltou a ganhar simpatia entre os poetas. Os poetas
românticos utilizam-no com alguma frequência, mas só a partir da poesia
modernista, o processo de encadeamento dos versos se vulgarizou. Hoje são raras
as composições que ainda obedecem a um alinhamento rigoroso dos versos e da
sintaxe do poema. Exemplo: Poema “Nel mezzo del camin…” de Olavo Bilac.

“E paramos de súbito na estrada


Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.”
(Olavo Bilac)
ANTÍTESE: Termo proveniente da palavra grega antithesis, designando oposição,
contraste. Como figura de estilo, a antítese consiste na utilização de dois termos, na
mesma frase, que contrastam entre si. Pretende-se com a antítese relacionar
contrários a fim de se evidenciar o poder das duas partes ou das coisas em causa,
confluindo numa ideia construída a partir de extremos. As duas partes em confronto
assumem o relevo em virtude da sua junção, sem a qual perderiam toda a ênfase.
Esta figura de estilo forma um paradoxismo, isto é, torna brusca e semanticamente
compatíveis, num discurso contextualizado, dois termos à partida paradoxais. A
antítese, enquanto figura de estilo, prevê o contraste de dois pensamentos
antagônicos, mas que se completam num determinado contexto. Exemplificando,
por vezes aproximam-se adjectivos opostos, bonito/feio; branco/preto; quente/frio, e
também substantivos, noite/dia, céu/terra, etc. De salientar que este artifício de
linguagem não exclui entre si os juízos paradoxais, o que acontece no caso da
antilogia. Exemplo:
“O mito é o nada que é tudo” (Fernando
Pessoa)

“O esforço é grande e o homem é


pequeno” (Fernando Pessoa)

Termos desconhecidos:

JUSTAPOSIÇÃO: A justaposição é uma técnica de composição poética que


consiste em colocar dois ou mais elementos lado a lado sem conectá-los com
conjunções ou outros conectores. Essa técnica pode ser usada para criar
contrastes, comparações e associações inesperadas entre os elementos
justapostos. A justaposição pode ser usada em diversos tipos de poesia, desde
haikus até poemas épicos. Pode ser uma forma eficaz de expressar a complexidade
e a ambiguidade da vida moderna. Um exemplo famoso de justaposição é o poema
“Toada do Amor”, de Carlos Drummond de Andrade:

“E o amor sempre nessa toada!


briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas, se não fosse ele, também


que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.”
(Carlos Drummond de Andrade)

ANÁFORA: Enquanto figura de linguagem, a anáfora é caracterizada pela repetição


de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. Muito utilizada
na poesia e na música, a anáfora aumenta a expressividade da mensagem,
enfatizando o sentido de termos repetidos consecutivamente. Anáfora tem sua
origem na palavra grega anaphorá, que indica o ato de trazer ou manter uma
repetição. Exemplo: o poema “A Estrela”, de Manuel Bandeira.

“Vi uma estrela tão alta,


Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!


Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância


Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.”
(Manuel Bandeira)

REFERÊNCIAS:

PORTOCARRERO, Celina (org) Amar, Verbo Atemporal: 100 Poemas De Amor - 1ª


ed. (2012)
PESSOA, Fernando. Mensagem. Poemas esotéricos. Edição crítica; coordenação
de José Augusto Seabra. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de
Janeiro; Lima: ALLCA XX (Edições Unesco), 1996.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Record, 2002.
BANDEIRA, M., Estrela da Vida Inteira, Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1973.

ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA EM PORTUGAL NO EDITAL. Enjambement.


Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/enjambement. Acesso em: 22 de
junho de 2023.
ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA EM PORTUGAL NO EDITAL. Antítese.
Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/antitese. Acesso em: 22 de junho
de 2023.
RABISCO DA HISTÓRIA. Versos em justaposição: a arte da composição poética.
Disponível em: https://rabiscodahistoria.com/versos-em-justaposicao-a-arte-da-
composicao-poetica/Acesso em: 22 de junho de 2023.
NORMA CULTA. Anáfora. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/anafora/.
Acesso em: 23 de junho de 2023.

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