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E. M. Dr.

Leandro Franceschini

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

SUMARÉ
2010
MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

Trabalho de Língua Portuguesa


requisitado pela professora Angelina,
sobre a leitura do livro “Memórias de um
Sargento de Milícias”, de Manuel
Antônio de Almeida.

Andrei Vieira de Brito 03


Guilherme Rossi Fernandes 09
Paulo Sergio Avelar Júnior 23
Rafael de Camargo 24
Thiago Roberto Tozzi 30
3º INFO A

SUMARÉ
2010
BIOGRAFIA DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

Manuel Antônio de Almeida nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de


novembro de 1830. Doutorou-se em Medicina no Rio de Janeiro, embora não
tivesse chegado a exercer a profissão. Foi funcionário público, nos cargos de
administrador da Tipografia Nacional e de oficial do Ministério da Fazenda. Como
jornalista, colaborou no Correio Mercantil.
Além de uma tradução do Rei dos Médicos, do francês Paul Fléval e do
drama lírico Dois Amores, que foi publicado em 1861, o único trabalho de sua
autoria, que merece menção, é o romance „Memórias de um Sargento de Milícias‟,
que foi publicado primitivamente em folhetins e mais tarde em livro, em dois
volumes.
Este trabalho, que foi o primeiro romance de costumes publicado no Brasil,
bastou para consolidar-lhe a fama de romancista. Manuel Antônio de Almeida se
aproveita de tudo o que é popular. Seus personagens são mendigos, cegos,
soldados, barbeiros, comadres, mestres de rezas, meirinhos, etc. saídos
diretamente da vivacidade típica da sociedade média da época. Simultaneamente,
há uma utilização dos elementos lingüísticos correspondentes aos tipos que
habitam seu romance, operacionando toda uma rede de brasileirismos, modismos,
ditos populares, frases feitas etc., além de um vasto repertório de músicas, danças
e costumes do povo nacional às vésperas da independência do país. Morreu em
Macaé, RJ, em 1861.
SÍNTESE

Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça viajavam juntos num navio de Lisboa


para o Rio de Janeiro, onde se apaixonaram. Casaram-se e tiveram um filho
também chamado Leonardo, um menino manhoso, arteiro e muito chorão.
No batismo, a madrinha foi a parteira, e o padrinho, o barbeiro da frente.
Leonardo foi, na infância, um infortuno para os vizinhos e para seus pais.
Atormentava os vizinhos com seu choro, e logo que aprendeu a andar e falar
quebrava e rasgava tudo à sua frente. Com o chapéu armado de seu pai,
espanava toda a casa.
Com o passar do tempo Leonardo passou a suspeitar que Maria o estivesse
traindo, primeiro com um sargento que sempre que passava, espiava para dentro
da casa, depois, um amigo que sempre o procurava quando não estava em casa, e
depois se esbarrava com o capitão do navio que os trouxera de Lisboa. Um dia
entrou sem ser esperado e alguém na sala saltou pela janela para a rua, e
desapareceu.
Enquanto Leonardo dava uma surra na mulher, o menino assistia a tudo
rasgando as folhas dos autos que Leonardo tinha largado. Ao perceber seu
trabalho reduzido a fragmentos, Leonardo suspendeu seu filho pelas orelhas e lhe
deu um pontapé. Leornardinho então procurou refúgio por entre as pernas do
padrinho, que o acolheu quando seu pai o deixou. Maria fugiu com o capitão do
navio que viera de Portugal, e não deu chance para as desculpas de Leonardo.
Leonardo (filho) ficou aos cuidados de seu padrinho, um barbeiro “bem
arranjado” que passou a estimar muito o menino. Quis que ele fosse padre,
começou a ensiná-lo a ler e a escrever e depois o mandou à escola. Leonardo não
passava um dia sem apanhar com a palmatória do mestre, e quando começou a ir
sozinho, cabulava aula para ir à igreja para fazer bagunça com Tomás.
Imaginando a facilidade que teria em aprontar se fosse coronhinha junto
com o amigo, pediu ao padrinho, o qual aceitou alegremente seu interesse pela
igreja. Mas logo o menino foi expulso por tanto aprontar. Na juventude passou a
levar uma vida de vadio. Ele e seu padrinho passaram a frequentar a casa de D.
Maria, que tinha uma sobrinha, Luisinha, pela qual Leonardo se apaixonou.
Entretanto, havia José Manuel, que também demonstrava interesse por
Luisinha. A madrinha de Leonardo tomou parte e inventou uma mentira para que o
rival de seu afilhado perdesse o respeito que D. Maria tinha por ele. Nesse tempo o
padrinho morreu e Leonardo foi viver com seu pai que depois de muito lutar pelo
amor de uma cigana, que também o abandonara, acabou casado com a filha da
comadre. Ele não se dava muito bem com a madrasta, então em um dia após
visitar D. Maria e não encontrar Luisinha, se envolveu de novo em uma briga com a
madrasta, seu pai tomou parte dela e o ameaçou com uma espada. Leonardo fugiu
pela rua.
Depois de muito andar encontrou-se com Tomás, seu amigo da sé, e mais
uns amigos, dentre eles Vidinha, que pela qual se apaixonou. Foi viver na casa
deles, onde viviam duas senhoras irmãs, uma, mãe das três moças e a outra, mãe
dos três rapazes. Uma das moças era namorada de Tomás, a outra já estava
arranjada com um dos primos, e Vidinha era a paixão dos dois rapazes que
sobraram. Como Vidinha se mostrava mais interessada em Leonardo, os dois
primos armaram contra ele.
Devido à armação, Leonardo foi preso justamente por não fazer nada, pelo
Major Vidigal, mas antes que chegasse à cadeia o rapaz fugiu. Era o primeiro
prisioneiro que fugira das mãos do Major Vidigal. Com o objetivo de evitar motivos
para uma nova prisão, a madrinha de Leonardo lhe arrumou um emprego na
Ucharia da casa-real, mas o rapaz logo foi despedido por ter se aproximado da
mulher do toma-largura.
Ao saber de tudo, Vidinha foi tomar satisfações. Leonardo saiu atrás dela
para impedir, e quando chegaram à porta da casa do toma-largura, na indecisão de
entrar ou não, ele acabou sendo levado por Vidigal que o esperava por lá. Nesses
tempos a mentira da madrinha tinha vindo à tona, José Manuel foi perdoado e
ganhou a mão de Luisinha em casamento. Depois do casamento, José Manuel
revelara o mau-caráter que realmente era.
Vidinha e sua família procuraram muito por Leonardo, e sem encontrar nada
a respeito passaram a odiá-lo por ter abandonado sem explicação aqueles que o
acolhera.
Devido à desfeita de Leonardo, a mãe de Vidinha encontrou no toma-largura
um bom partido. Após algumas visitas à casa de Vidinha, a vizinhança já
comentava o que poderia surgir daquilo. Fizeram uma festa como de costume para
comemorar o futuro relacionamento entre Vidinha e o toma-largura. Infelizmente
ele tinha um defeito: bêbado, dava-se por baderneiro e desordeiro. No meio do
jantar se sentiu ofendido e começou a quebrar tudo por perto. O Vidigal surgiu por
entre as moitas e ordenou que um granadeiro fosse efetuar a prisão do baderneiro.
Tal granadeiro era o Leonardo.
Vidigal em uma noite armando a prisão de Teotônio mandou Leonardo até a
casa do pai dele, onde ele estava dando a festa de batizado de sua filha com a
filha da comadre, e Teotônio animava a festa. Leonardo ficaria no batizado para
facilitar a captura, Vidigal junto com seus homens esperariam na porta.
No entanto, Leonardo se sentiu um traidor e armou com Teotônio sua fuga
sem que se comprometesse. O plano deu certo, mas de tão alegre que ficou
acabou se denunciando. Vidigal então o prendeu. Ao saber de tal coisa sua
madrinha e D. Maria foram pedir a libertação do rapaz, o que não conseguiram.
As duas senhoras foram atrás da ajuda de Maria-Regalada a qual tinha sido
a primeira paixão de Vidigal. Ela concedeu a ajuda e as três foram implorar pela
libertação de Leonardo. Depois de muito tentar e nada conseguir, Maria-Regalada
falou em particular com Vidigal, dizendo que se libertasse o rapaz iria viver com
ele, como ele já lhe pedira muitas vezes. Com tal proposta o major cedeu e ainda
prometeu uma surpresa.
Durante tais acontecimentos Luisinha ficou viúva, e no dia do enterro de
José Manuel Leonardo apareceu, tinha sido feito sargento. Passou a frequentar
novamente a casa de D. Maria, seus interesses por Luisinha renasceram e os dela
também. A madrinha e D. Maria estavam mais do que de acordo com o casamento
deles, a única coisa que impedia o matrimônio era o posto de sargento que não
permitia o casamento. Pediram então novamente a ajuda de Vidigal, que nesses
tempos já vivia com Maria-Regalada. O homem cedeu com gosto e fez de
Leonardo sargento de milícias, oficio que permitia o casamento.
Leonardo casou-se com Luisinha, e depois de tudo isso, Leonardo Pai e D.
Maria vieram a falecer.
ENTREVISTA COM OS PERSONAGENS

Leonardo Filho

1. Leonardo, conte-nos como foi a sua infância.


Nasci no Rio de Janeiro, na periferia, aonde meus pais vieram morar.
Leonardo Pataca, meu pai, era um meirinho corrupto e a minha mãe, Maria da
Hortaliça, era uma mulher de costumes socialmente condenáveis. Deram-me para
ser batizado pela comadre, parteira e benzedeira, e pelo compadre, um barbeiro
muito bondoso.
Minha mãe se engraçou com um capitão e, ao descobrir, meu pai ficou
furioso. Com a família destruída, fui largado com o compadre, que me criou muito
bem. Talvez o fato de nunca ter tido filhos tenha o tornado muito conivente com
minhas travessuras. No entanto, nem por isso ele as aceitava. Ele sempre me
defendia diante de todos e tinha um plano para meu futuro: ser padre. O que
acabou não acontecendo, pois não tinha vocação.

2. Explique sua vida amorosa, tanto com Vidinha quanto com Luisinha.
Ao fugir de casa certa vez, eu encontrei um antigo colega, o Sacristão da
Sé, num piquenique em companhia de moças e rapazes, o qual me convidou para
ficar; eu aceitei e me enchi de amores por Vidinha, cantora de modinhas, que
tocava viola. Ela era uma mulatinha jovem, de altura regular, ombros largos, peito
alteado, cintura fina e pés pequeninos, tinham os olhos muito pretos e muito vivos,
os lábios grossos e úmidos, os dentes alvíssimos.
Logo que perceberam, dois irmãos, amigos desse meu colega sacristão, se
uniram contra mim, pois um deles tinha esperanças com Vidinha. Vidinha e duas
senhoras, que eram duas irmãs viúvas, sendo uma delas a mãe de Vidinha,
tomaram o meu partido. Os primos, vencidos, combinaram um modo de vingança.
Fizeram um piquenique semelhante ao que haviam feito quando me conheceram e
avisaram o Major Vidigal, a personificação da justiça da época.
Ele chegou no meio de uma farra em que estava e acabou me prendendo.
Ainda consegui fugir e depois de preso novamente acabei entrando para a milícia
por obra do Major Vidigal. No meio dessa confusão, Vidinha acaba se separando
de mim após a primeira prisão.
Enquanto isso, Luisinha, por quem comecei a nutrir uma paixão, acabou se
casando com José Manuel, um advogado e homem experiente. Ele havia ganhado
uma causa para D. Maria e, com isso, obteve o consentimento para o casamento.
Passado um tempo, José Manuel veio a falecer. Depois do luto, Luisinha e eu
recomeçamos o namoro.
Queríamos nos casar, mas havia uma dificuldade: eu era soldado, portanto
não podia me casar. Levamos o problema ao Major Vidigal, que ao ser
chantageado não teve problemas em ceder uma nova patente. Ele me nomeou
sargento de milícias e, assim, pude finalmente me casar e encontrar estabilidade
amorosa.

Leonardo Pai

3. Leonardo, como você se sentiu quando descobriu que sua mulher lhe
traía?
Meu mundo caiu, não dá pra definir um sentimento apenas, mas foi uma
mistura de ira com tristeza, decepção, parecia uma facada pelas costas, mas
também parecia tão óbvio, parecia que eu esperava por aquilo, mas eu não podia
fazer nada. Eu a amava e estava disposto a perdoá-la, mas pelo visto ela não me
amava mais.

4. Porque você abandonou seu filho?


Quando minha mulher me deixou, eu não sabia o que pensar, eu quase
enlouqueci, e além de tudo o compadre se ofereceu pra cuidar do menino, ele ia
ficar melhor com o compadre do que comigo!
ANÁLISE E CONCLUSÃO DO GRUPO

Memórias de um Sargento de Milícias é um romance centrado na vida de


Leonardo, desde seu início até o desfecho em que o título do livro se faz valer. Mas
não somente, o livro também é uma caracterização da vida dos portugueses que
vieram ao Brasil, destacando seus costumes. Embora classificado como um
romance, a história não visa contar um romance. O romance é simplesmente o
detalhe mais visível entre os vários desdobramentos da história.
Manoel Antônio de Almeida opõe-se às características gerais de um
romance e centraliza a história em um protagonista cujo estereótipo é o de anti-
herói. Não somente Leonardo é pautado pelas inconsistências e falhas, como os
demais personagens são caracterizados por seus defeitos e ornamentados com
algumas qualidades. Há um constante contraste entre as posturas moralistas e as
atitudes inconsequentes.
O autor também opta por um ambiente mais popular em sua narrativa. A
história corre, durante quase todo o tempo, através dos subúrbios do Rio de
Janeiro. Esse ambiente é incomum, considerando as demais obras românticas,
que narram a vida na corte e entre a realeza. Como consequência ao ambiente
caracterizado, a linguagem dos personagens é coloquial.
Quanto à história em si, não há linearidade. Há regressões a memórias
passadas a todo o momento, além das duas histórias paralelas – contanto as
peripécias de Leonardo em uma e de seu pai em outra. Há ação durante toda a
história, em todas as tramas existentes, o que gera uma sensação de
desorganização do livro e do ambiente retratado por ele. As várias tramas são
todas ligadas a um ponto comum, Leonardo, e é ele quem mantém o elo entre
todas firme. Essa característica de diversos núcleos de enredo poderia definir o
romance como uma novela.
Seguindo o preceito de uma novela, a vida de Leonardo é organizada
somente no fim da história. Há um equilíbrio satisfatório, em que a ordem
finalmente impera. A partir daí, o romantismo destaca-se na história. No geral, a
história evolui muitos anos e cada período é acompanhado de uma crítica do autor
às atitudes narradas. O livro sintetiza a luta da época, mas também narra algo
atemporal: a superação do homem sobre seus próprios defeitos e como, apesar de
possuí-los, pode ter um fim razoável.

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