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A Verdade Dói

CAPÍTULO DOIS

CENA 01

Casa dos Almeida Silva

Jardim

Janete abre a porta e sai, ela está no jardim da mansão, e de longe ver Brenda trabalhando
ao lado do jardineiro Seu Juca.
Janete vai até eles.

Brenda-Seu Juca por mais que o senhor explique, eu não consigo entender nada de planta.
Juca-Planta é pra quem tem o dom de cuidar delas Brenda, eu nasci com esse dom, mas tu
não.
Brenda-Deve ser maravilhoso ter um dom assim.
Juca-É, eu me sinto mais perto da natureza.
Brenda-Que incrínvel.

Janete chega.

Brenda-Iai dona Janete.


Janete-Oi Brenda, vá para a cozinha, a pia está cheia de louça suja.
Brenda-Mas dona Janete, eu tô achando tão legal ficar aqui cuidando das plantas mas o
seu Juca.
Janete-Mas as louças são mais importantes e eu preciso falar com o ele agora mesmo.
Juca-Vai Brenda, se a Janete disse que é pra tu ir, obedece.

Brenda sai.

Janete-Seu Juca, meu Deus, essa casa tá pra pegar fogo.


Juca-O que foi muié de Deus?
Janete-Como se já não bastasse o Élio está internado naquele hospital eu e a dona Aline
fizemos uma descoberta terrível.
Juca-E qual foi?
Janete-É a Geórgia, ela é viciada em cocaína.
Juca-Meu Deus que nos acuda! Tu tem certeza Janete.
Janete-Claro, eu e a dona Aline encontramos no quarto dela uma caixa cheia de posinhos
brancos, só pode ser cocaína, mas o pior de tudo você ainda não sabe.
Juca-E tem como essa situação ficar pior?
Janete-Tem sim, a Geórgia sumiu e nem eu e nem a dona Aline sabemos onde ela está.
Juca-E por que tu e ela não ligou pra polícia?
Janete-Não, você sabe que a dona Aline faz de tudo pra evitar escândalos, se eu chamar a
polícia, isso vai parar em tudo quanto é jornal, sem contar que eles só procuram depois de
24 horas.
Juca-Mas a gente tem que fazer alguma coisa, vai que algo de ruim acontece com ela.

CENA 02

Hospital São Lucas

Triagem

Amanda está na ala de atendimentos quando recebe um telefonema.


Ela pega o telefone a cabo e atende.

Amanda-Oi.
Lucas-Emergência Amanda, um homem foi baleado aqui mesmo no estacionamento, é
grave, você tem que sair daí agora e vir para a emergência agora mesmo.
Amanda-Me aguarde.

Amanda sai andando a passos rápidos para o elevador.


Uma mulher se levanta.

Mulher-Peraí moça, eu tenho que medir minha pressão.

Amanda chega ao elevador onde o chama para o primeiro andar, ela bate nos botões com
raiva.

Amanda-Vem logo elevador, maldito!

CENA 03

EMPRESA A PORCELANA

A câmera faz um pequeno esboço das máquinas funcionando e de alguns trabalhadores


polindo e moldando pratos e xícaras.

ESCRITÓRIO

Eduardo-Que Deus, tenha a santa piedade, eu não aguento mais assinar esses papéis,
minhas mãos estão doendo.

Ele larga a caneta em cima da mesa e vai até a janela respirar um ar.
Nicole abre a porta e entra, ela está segurando um monte de papéis.

Eduardo(alto)-Que inferno! Nicole, você não sabe mais bater na porta não?
Nicole-Desculpa senhor Eduardo é que eu me esqueci com todos esses papéis!
Eduardo-Então trate de ser menos esquecida, agora ponha os papéis em cima da mesa e
cai fora daqui!
Nicole põe os papéis em cima da mesa, Eduardo pega a caneta e torna a escrever de novo.

Nicole-Será que o senhor não tá precisando de companhia hoje.

Nicole põe as mãos em cima da de Eduardo.

CENA 05

Brasilândia

Geórgia continua a discurssão com as duas meninas, o garoto homossexual lá atrás grava
tudo e os rapazes também assistem a briga.

Geórgia-Me desculpa meu amor, eu não sabia que você era a dona do bairro.
Menina 1-Mas agora sabe.
Geórgia-A rua é pública não é, de acordo com a constituição eu tenho o direito de ir e vir
para onde quiser.
Menina 1-Você pode ir pra qualquer lugar, mas aqui não.

As duas garotas trocam pelas costas um canivete, que é passado para as mãos da menina
1.

Geórgia-Tá esperando o quê pra vir me tirar.


Menina 1-Te prepara pra morrer piriguete milionária.

A menina 1 saca o canivete, os rapazes se impresionam e Geórgia joga a bolsa no chão.


Menina 1 vai com o canivete pra cima de Geórgia, esta segura o seu braço e em um
movimento rápido o dobra para trás, a menina 2 soca a cara de Geórgia repetidas vezes,
esta pega o outro braço da menina 1 e vira para a menina 2 a atira para cima dela.
As duas tropeçam mas não chegam a cair.
Geórgia ainda detém o canivete.

Geórgia-Vem bando de cachorra, vem!

CENA 06

EMPRESA A PORCELANA.

Escritório

Eduardo está com as calças abaixadas e o seu pênis está penetrando o bumbum de Nicole,
esta geme muito.

Nicole-Ah! Ah! Ah, vai mais fundo, mais fundo e não para, não para.
Eduardo-Iai vagabunda tá gostando?
Nicole-Eu tô amando.
Eduardo-Quer mais?
Nicole-Quero, eu quero sim.

Eduardo puxa uma raquete de tênis da gaveta e começa a bater no bumbum de Nicole.

Nicole-Ai, ai o que é isso?

Ele tampa a sua boca.

Eduardo-É melhor ficar calada!

Eduardo continua a deferir raquetadas na bunda de Nicole, seu telefone toca.

Eduardo-Não, não acredito, que inferno!

Eduardo atende.

Eduardo-Alô!

Corta para A CASA DOS ALMEIDA SILVA, onde Janete está com o telefone na mão e o
Seu Juca sentado no sofá.

Janete-Oi, Eduardo, você tem que vir pra casa agora!

Volta para a empresa.

Eduardo-O quê? Mais por quê? O papai já voltou pra casa antes do tempo.

Corta para a mansão.

Janete-Não, é a sua irmã.


Eduardo-Qual das duas?
Janete-A Geórgia né e quem seria?
Eduardo-Mas o que aconteceu com ela?
Janete-Ela sumiu hoje de manhã e até agora nunca voltou pra casa.
Eduardo-O quê? Me dá só um minuto.

Eduardo põe o celular em cima da mesa e sobe ás calças.

Nicole-O quê? Por que você vai parar agora, o que houve?
Eduardo-Problemas familiares, vai embora daqui.
Nicole-Seu monstro, você só sabe me usar pra depois me jogar fora né?!
Eduardo-Eu não vou perder meu tempo discutindo com uma rapariga feito você não,
qualquer coisa pede demissão.

Nicole chora de ódio.

Nicole-Seu grosso!
Eduardo pega o telefone de volta.

Eduardo-Oi Janete.
Janete-Por favor, diz logo que você já tá voltando pra casa, senão eu vou enlouquecer.
Eduardo-Pode deixar, eu estou voltando agora mesmo.

Eduardo desliga, ele pega a pilha de papéis e sai da sala, entrando em uma outra onde tem
duas bancadas com computador, uma delas está vazia, mas a outra está com Branca no
comando.

Branca-Bom dia senhor Eduardo.


Eduardo-Oi Branca, cadê aquela infeliz da Nicole?
Branca-Ela saiu da sua sala chorando e foi para o banheiro, e todos esses papéis?
Eduardo-Eu quero que você verifique e assine pelo menos metade deles, eu vou ter que
sair agora.
Branca-Tudo bem.

Eduardo vai saindo, mas volta.

Eduardo-E diga para a Nicole que eu peço desculpas e que eu a amo muito.
Branca-Ok chefe.

Eduardo sai.

CENA 07

Hospital São Lucas

Sala De Espera

Douglas anda de um lado para o outro, ele está no quarto da sua irmã, ele sai e vai para o
quarto do seu pai.
Douglas o encara por alguns segundos.

Douglas-O senhor deve tá muito satisfeito agora não é, só aí, deitado nessa cama feito um
inválido, enquanto eu tenho que aguentar carregar a pressão de ficar aqui cuidando de uma
mulher que nem é minha irmã totalmente, e você pai, a única coisa que soube fazer de bom
foi infernizar a vida de todas as pessoas que te amavam, a começar pela sua mulher, o
senhor nunca valorizou a minha mãe, nunca valorizou os filhos que Deus fez o favor de te
dar, sempre cobrou de nós algo que a gente nunca quis ser, sempre quis transformar a sua
família num exemplo embora que para isso tivesse que passar por cima dos nossos
sentimentos...(pausa).
Sabe o que você é, um maldito, um velho nojento e imbecil que nunca soube respeitar
ninguém, sabe qual é a única coisa que eu sinto de você, é nojo(alto)-NOJO, porque você
só sabe cobrar perfeição das outras pessoas, mas nunca se esforça nem um pouquinho pra
enxergar os defeitos que existem dentro de você.
Douglas num acesso de fúria começa a socar as paredes ao lado da cama do pai, depois
ele dar um soco na cara de Élio e sem querer arranca o tubo plástico do respirador do pai,
ele começa a ficar ofegante.

Douglas(desesperado)-Não, não o que eu fiz?

Douglas volta a tentar enfiar o respirador no nariz do pai, mas não conssegue, o médico
entra acompanhado por duas enfermeiras que são Rosana e Amanda.

Daniel-O que você fez?

Douglas chora.

Douglas-Foi… Foi um acidente, eu juro que foi um acidente.


Daniel-Eu já entendi tudo, leva ele daqui Amanda.
Amanda-Senhor, tem que se retirar agora.
Douglas(soluçando)-Não, eu não quero ver o meu pai morto.
Amanda-Então precisa nos deixar trabalhar, saia imediatamente.

Amanda conduz Douglas até a porta, este sai, se encosta na parede, se arrasra até se
sentar no chão e começa a chorar.

Douglas-Não(soluços)-Se eu tiver matado o meu pai(soluços)-Eu nunca vou me perdoar.

CENA 08

Janete está batendo na porta do quarto de Geórgia, onde Aline está.

Janete-Dona Aline, dona Aline, por favor abre essa porta, a senhora já tá aí á tanto tempo,
eu já tô começando a ficar preocupada.

Aline abre á porta assustada e desorientada.

Janete-Dona Aline, vem comigo por favor!


Aline-Não, eu não tô me sentindo bem, não tô.
Janete-O que a senhora tem,
Aline-Geórgia, Geórgia, Geórgia…
Janete-A Geórgia não tá aqui dona Aline, eu já liguei pro Eduardo e ele está a caminho.
Aline-Geórgia, Geórgia.
Janete-Ai dona Aline, a senhora está me assustando, vem comigo tomar um copo d'água.
Aline-Não, eu quero a minha filha, a minha filha Janete.
Janete-Dona Aline, eu já liguei para o Eduardo, tenha fé que ele vai fazer de tudo pra achar
ela.

Janete segura nos braços de Aline e a conduz até a porta.

CENA 09
Douglas está sentado ao chão chorando copiosamente, Camila aparece na porta do quarto.

Camila-Cadê o meu pai? Douglas, o que você tá fazendo aí?

Douglas fica em pé.

Douglas(soluçando)-O nosso pai… Foi submetido a uma outra cirurgia, não sei.
Camila-Mas o que aconteceu, por que você tá chorando assim? Não, não me diz que
aconteu alguma coisa.

Douglas continua chorando.

Douglas-Eu não sei.

Ele se abraça a Camila, esta também começa a chorar.

Camila-Meu Deus! Douglas fala o que é que tá acontecendo?

CENA 10

Casa Dos Linhares Dutra.

Silvia está vendo TV, Lucas passa por ela.


Silvia pega o controle e pausa a Tv.

Silvia-Até que enfim você acordou, eu já tava pensando em ligar pra sua mãe.
Lucas-Nossa, você nem me comprimenta primeiro.
Silvia-Bom dia, ó filho pródigo.
Lucas-Bom dia, ó rainha da chatice, o que é que tem pra comer?
Silvia-Mas que atrevimento é esse? Eainda por cima me trata como se eu fosse sua
empregada!
Lucas-Vai responder, ou eu vou ter que ligar pro vovô.
Silvia-Ah tá! Ele mandou te dizer que tem biscoito no armário e leite na geladeira.
Lucas(alto)-ISSO!

Lucas vai correndo para a cozinha, mas é barrado por Silvia.

Silvia-Espera!

Lucas para, repentinamente e se vira, cruza os braços.

Lucas-O que é?
Silvia-Você vai ter que ficar um tempo sozinho aqui, eu tenho um encontro com algumas
amigas.
Lucas-Como assim? Você não pode me deixar aqui sozinho.
Silvia-Que foi? Tá com medinho, vai ser apenas por meia hora.
Lucas-Claro que não, eu não tenho medo de nada, tirando você.
Silvia-Tô morrendo de rir, topa ou não topa?
Lucas-Com tanto que você não demore muito.
Silvia-Eu não, já disse que vou ser rápida.

Silvia se levanta da poltrona e se aproxima.

Silvia-Toca aqui!

Eles realizam o clássico comprimento manual.

Silvia-Não esquece, qualquer coisa não liga nem pra sua mãe, nem pro seu avô e nem pro
seu tio, eles estão trabalhando agora, você tem que ligar pra mim.
Lucas-Entendi.
Silvia-Ótimo.

Silvia pega a bolsa em cima da mesa de centro.

Silvia-Como eu disse eu não demoro, tchal.

Silvia abre a porta e sai.

Lucas(imitando-a)-Como eu disse eu não demoro.

Lucas vai para a cozinha.

CENA 11

Casa dos Almeida Silva.

Sala.

Eduardo entra, Seu Juca está sentado no sofá, ele se põe de pé imediatamente.

Juca-Oi, seu Eduardo.


Eduardo-Olá seu Juca, cadê a mamãe e a Janete?
Juca-Elas foram lá pra cima.

Janete e Aline descem ás escadas.

Eduardo-Oi mãe.

Eduardo vai abraçar a mãe que ainda está chorando.

Aline-Eu tô acabada, meu filho, mal cheguei do hospital e nunca conssegui pregar um olho
no outro com tanta angústia.
Eduardo-Mas mamãe, você tem que dormir.
Janete-Eu já disse isso á ela centenas de vezes.
Aline-Será que vocês não entendem, eu tô com o marido no hospital, minha filha tá
desaparecida, como vocês esperam que eu possa simplesmente dormir.
Janete-Mas dona Aline, tanto estresse sem nem um pouco de descanso pode lhe fazer mal.
Aline-Eu não tô nem aí, tudo o que eu mais quero agora é a minha filha.
Eduardo-A gente tem que falar pra polícia.
Aline-Mas isso seria outro escândalo gigante, e eles só procuram depois de 24 horas.
Eduardo-Mamãe, mas isso já é demais, trata-se da sua filha, que pode tá correndo risco de
vida á essa hora e você pensando em "escândalo" meu Deus.

CENA 11

Douglas continua chorando abraçado a irmã, ele parece está mais calmo, Camila segura o
irmão pelos ombros.

Camila-Douglas pelo amor de Deus, me diz o que é que tá acontecendo.


Douglas-Eu… Eu matei o papai.
Camila-Que conversa é essa meu irmão, cê tá ficando doido? Meu Deus Douglas, fala que
é mentira.

Camila dá um tapa na cabeça de Douglas.

Douglas-Foi um acidente, eu sem querer tirei aqueles fios que ele respirava.

Douglas volta a se sentar nas cadeiras do corredor.

Camila-Não, não é possível, Douglas pelo amor de Deus fala que você tá mentindo!
Douglas-Eu não sei, o médico me expulsou lá do quarto, eu tô com medo de ir preso.
Camila-Mas ele te disse que o papai morreu?
Douglas-É como eu te falei, ele só mandou que eu saísse do quarto.
Camila-Então cala a boca, e espera aí mesmo sentado e se o papai morrer, o primeiro
passo que você deve tomar é se manter em silêncio constante e negue qualquer acusação.

CENA 12

Silvia está em frente á sua casa, esta chama um táxi, que para em frente ao local, ela entra.

Taxista-Bom dia moço.


Silvia-Bom dia é lá na zona 9.
Taxista-Zona Nove, e onde é que é isso?
Silvia-Que tal ir andando, eu posso ir te explicando pelo caminho.
Taxista-Ainda bem, olha que eu cobro por excesso de beleza hein.
Silvia-Ah é, e eu posso ligar pra polícia e te cobrar uma boa idenização.
Taxista-Eu só tava brincando dona.
Silvia-Eu não tô afim de cantada, nem de brincadeira, só de chegar no meu destino e
agradeço se você puder cooperar.

O taxista segue dirigindo.

CENA 13
Brasilândia.

Geórgia continua brigando com as duas meninas, até que um dos rapazes vem separar a
briga.

Geórgia-Me solta, me solta que eu quero continuar quebrando a cara dessa cretina.
Rapaz 1-Já chega, já deu, cês tão tudo pirada hoje.
Menina 1-Isso segura, ela bem pra que eu posso acertar essa.

Geórgia em um salto conssegue evitar o soco que a outra garota ia lhe dar.
Ela dá um chute com os dois pés em sua barriga, esta despenca até o chão e é socorrida
pela amiga.

Menina 1-Aai! Sua nojenta, eu vou te matar.

Ela tenta se desvenciliar dos braços da amiga, mas é contida por esta e pelo Rapaz 1.

Rapaz 1-É melhor tu vim pra casa, tu já apanhou demais.


Menina 2-É escuta ele miga.
Menina 1(para Geórgia)-Te preparara hein, mosca morta, que tua hora tá perto de chegar.

Geórgia ri alto.

Geórgia-E desde quando filha de barão tem medo de puta de favela?


Menina 1-Pois é né, espera que eu vou te ensinar a ter, isso aqui vai ter trouco.

Menina 2 e Rapaz 1 consseguem levar Menina 1 para longe dali.

Menina 2-Bora mulher que esse frango aí a gente despena depois.

Geórgia conssegue se soltar.

Geórgia-Me larga! Me deixa em paz.


Rapaz 1-Eita que hoje ela tá braba.
Geórgia-É hoje a fera tá solta e ou tu tira a mão, ou então eu arranco ela.
Rapaz 1-É tá bom, Deus tá vendo que se não fosse por causa de mim tu tinha era morrido
na mão daquelas piriguetes.
Geórgia-E por que tu num deixou que elas me matasse? Seria melhor do que focar aqui
ouvindo tu me encher o saco sacana.

Geórgia pega a sua bolsa e se afasta dali.

Rapaz 1-Deixa, pode deixar que tu ainda vai me agradecer de joêi dobrado.
Geórgia-Ó aqui ó.

Geórgia dá dedo pra Rapaz 1.


CENA 14

Casa Dos Almeida Silva

Sala

Aline-Ai meu Deus, eu não sei como, mas quando eu tava lá no quarto da Geórgia eu
estava sentindo uma coisa muito ruim aqui no meu coração, mas parece que agora eu tô
mais aliviada.
Janete-A gente não pode deixar de levar em conta que a senhora sentiu a mesma coisa
quando o Élio sofreu aquele acidente e quando a mãe dele morreu.
Eduardo-Meu Deus, cala a boca Janete!
Janete-Eu só tô falando a verdade.
Aline-Eu não sei porque, mas eu como mãe usinto que eu vou descobrir algo vai mudar
totalmente o rumo da minha história.
Eduardo-Fala sério, lá vem a senhora de novo com essa besteira, tomara que o Otávo
chegue logo.

Brenda entra, com uma xícara de chá na mão.

Brenda-Tá aqui dona Aline, um chá de camomila com mel pra acalmar os nervos.
Aline-Não, eu já falei que eu não quero nada, só a minha filha.
Janete-Mas dona Aline, só um chazinho agora não vai lhe fazer mal, pelo contrário só tem a
fazer bem pra senhora.
Aline-Não, meu estômago tá fechado, eu não consigo comer, nem beber nada.
Janete-A senhora tem que ser forte dona Aline.
Aline(gritando)-CHEGA! CHEGA, EU JÁ CANSEI(um pouco mais baixo)-Desde que o meu
marido sofreu aquele acidente que eu não tenho mais sossego, minha filha sumiu, e como
se isso já não bastasse a única coisa que eu escuto é "calma", é que eu tenho que ser forte,
mas desse jeito eu não tô consseguindo ser(chorando)-Eu sou um ser humano com
sentimentos e não uma máquina que não é capaz de sentir nada, eu, eu juro não aguento
mais.

Aline põe as mãos na cara e começa a soluçar.


Eduardo se levanta e abraça a mãe.

Eduardo-Mãe, por favor coopera com a gente, eu não aguento te ver assim, isso também
me dói muito.
Aline-Eu não sei se eu consigo aguentar mais do que já estou aguentando agora.
Eduardo-Aguenta! Aguenta sim, a senhora sempre nos sustentou até aqui, ensinou essa
família a tirar força de onde menos esperávamos nos piores momentos da nossa vida, a
senhora foi a nossa fortaleza, eu tenho certeza que a senhora precisa se manter sã e
menos desesperada pra enfrentar qualquer notícia que chegar da Janete, ela também é
muito forte e eu sei que ela está bem, agora toma o chá e aquieta um pouco o seu
coraçãozinho de mãe.

CENA 15
Brasilândia.

Geórgia chega até apadaria de Márcia, ela chama por atendimento e Afonso vem atendê-la.

Afonso-Pois não minha filha.


Geórgia-Oi, a Márcia está?
Afonso-Sim, eu vou chamá-la, só espere um pouco.
Geórgia-Tudo bem.

Afonso se retira e bate no quarto de Márcja, esta está jogando no seu PC.

Afonso-Márcia, ô Márcia!

Ele chama enquanta bate á porta, Márcia pausa o jogo.

Márcia(Alto)-Oi.
Afonso-A sua amiga tá te chamando lá fora.
Márcia-Já vai!

Márcia se levanta e abre a porta.

Márcia-Que amiga é essa?


Afonso-Aquela que todo mundo aqui chama de… de Gótica.
Márcia-Ah não acredito! Meu Deus, será que eu tô ao menos apresentável?
Afonso-Claro que sim, filha você é linda.
Márcia-Ah fala sério!
Afonso-Se quiser, pode convidá-la pra entrar, eu tô indo ali no mercadinho comprar massa
pra fazer pão.
Márcia-Tá certo meu padeiro favorito.

Márcia beija o rosto de Afonso.

Afonso-Olha, antes que eu me esqueça tem biscoito de polvilho dentro do armário.

Márcia pega um batom e começa a passar no rosto.

Márcia-É mesmo? A mamãe não me falou que tinha feito isso.


Afonso-Ela foi na casa da vizinha e mandou eu te avisar que ela sabe que você adora.
Márcia-É, sem contar que ela sempre me disse que o melhor jeito de se agradar uma visita
é pelo estômago.
Afonso-Pois é, eu vou dizer pra ela que é já que tu aparece.
Márcia-Ok.

Afonso se retira e volta para a recepção onde Geórgia aguarda.

Afonso-Ela jajá aparece, tá só se arrumando.


Geórgia-Tudo certo.
Afonso-Pode sentar aí.
Afonso sai.

CENA 16

Camila está sentada com o irmão do seu lado.

Camila-Meu Deus, Douglas, mas como tu é sem noção viu cara e o pior de tudo é que eu tô
aqui, mas eu não sei como é que tá o meu filho.

Camila pega o telefone e começa a ligar para o marido.

Douglas-Eu já falei que eu não queria fazer nada disso, foi tudo um grande acidente.
Camila-Tu reza viu, reza pra tu não ter que contar isso pra um juiz… Alô… Sim, eu ainda tô
aqui esperando, o papai piorou.

A cena muda para Carlos que está tentando trocar a fralda do seu filho.
Ele segura a fralda com os dedos no nariz.

Carlos-Eu mesmo não aguento mais esse cheiro.


Camila-Pois se prepara viu, que tu ainda vai ter que aguentar ele por muito tempo ao que
tudo indica.
Carlos-Caramba, foi tão ruim assim?

Carlos joga a fralda no lixo.


O médico sai.

Camila-Olha, continua cuidando dele direitinho, se ele sentir fome dá o leite dele que eu já
deixei feito na geladeira, tchal.
Carlos-Tá beijos.

Camila desliga o telefone e encara o médico.

Camila-Como é que tá o meu pai?


Médico-Ele está parcialmente fora de perigo.

Camila e Douglas suspiram.


As enfermeiras saem caladas do quarto.

Amanda-A saturação e pulsação dele estão ótimas.


Médico-Tudo bem, vocês estão dispensadas.
Amanda-Ótimo.

Amanda e Julia saem.

Médico-Agora eu só quero entender o que foi que aconteceu aqui afinal de contas?
Camila-O meu irmão estava alterado doutor, foi apenas isso.
Médico-Mas isso quase levou o meu paciente á morte, eu sinto muito, mas eu como médico
terei que relatar isso.
Camila-Eu não sei se você sabe, mas o paciente que acabou de operar trata-se de ninguém
mais, ninguém menos de que o empresário Élio Almeida Silva, uma das pessoas mais
influentes do país, portanto eu tenho certeza de que você não gostaria de problemas com a
família dele não é?
Médico-Como eu disse, o paciente está bem, não corre mais nenhum perigo, mas terá que
ficar de cadeiras de rodas por um longo período.
Camila-Ele já acordou?
Médico-Não é claro, mas isso é uma questão de tempo, de pouco tempo.
Camila-Tudo certo, agora pode ir.

Médico sai.

Camila(para Douglas)-Teve sorte viu moleque, se eu não tivesse aqui eu duvido se tu ia se


safar dessa.
Douglas-Te devo essa.

CENA 17

Dona Alzira está na casa de Sueli, uma senhora de idade e já debilitada, âmbas estão
assistindo á Tv.

Alzira-Vixe como a Suely demora pra tomar banho hein dona Velma.
Velma-É, minha filha sempre foi assim, banho pra ela é mais relaxamento, sem contar que
ela sempre volta muito cansada do trabalho.
Alzira-E que trabalho!
Velma-E como está a sua filha, a Márcia?
Alzira-A Márcia é o meu maior orgulho com certeza, eu vim aqui justamente para convidar a
senhora e a Suely para virem amanhã para a formatura da minha filha, se eu não me
engano já entreguei dois convites para a Suely.
Velma-Minha filha vive muito sobrecarregada, ela com certeza esqueceu de me falar sobre
isso, mas até que enfim viu, ás vezes eu imaginava que a sua filha nunca mais ia parar de
estudar.
Alzira-Pra senhora ver como esses jovens de hoje em dia tem um mundo de oportunidades,
eu mesmo só estudei até o nono ano e pronto.
Velma-Pelo menos nisso eu concordo plenamente com você, lá na roça eu só tive o
privilégio de chegar até a sexta série.
Alzira-Ás vezes a Márcia estudava tanto que eu brigava com ela, acredita que a menina
quando começou não tirava o livro da frente dos olhos um só segundo.
Velma-A Márcia sempre foi muito esforçada, mas eu já passei por esse mesmo perrengue
de adolescência, faculdade e juventude com a Suely, quando ela começou era o tempo
todo, ou de dieta, ou estudando e em festa, encontros com amigos tirando o meu sono.
Alzira-Mas agora a senhora deve ter muito do que se orgulhar, tendo uma filha que cuida
muito bem de você.
Velma-Pois é, esse é o lado bom de ser mãe, mas e o seu outro filho o Mateus?
Alzira-Ele já tem planos para voltar para a casa.
Velma-Ele também já completou os estudos?
Alzira-É claro que não, aquele moleque teve a coragem de trancar á faculdade, ele nunca
quis uma graduação.
Velma-É por isso que eu sempre quis ter apenas uma filha, porque muitas vezes nós que
somos mães acabamos por nos apegar muito com um e nos decepcionar bastante com
outro.
Alzira-É, a senhora tá coberta de razão, eu nem quero imaginar o tamanho da briga que vai
dar entre ele e o pai dele quando o Afonso descobrir.
Velma-Você não contou ainda?
Alzira-Eu estou procurando a melhor forma de fazer isso.
Velma-Mas eu não entendo porque o Mateus largou a faculdade? Ainda mais nos Estados
Unidos?
Alzira-Eu prefiro não comentar.
Velma-Eu também tenho uma neta que nunca representou orgulho para mim.
Alzira-A Vânia.
Velma-Sim, ela não quer voltar para a casa de jeito nenhum, eu já liguei, já supliquei de
todas as formas, mas ela não quer sair do meio daquela guerra de jeito nenhum.

CENA 18

Casa Da Ana.

Sala

Leonor está assistindo a uma novela na Tv, ela está bebericando uma xícara de chá, Janice
entra.

Leonor-Janice filha, que bom te receber aqui em casa.


Janice-Eu tenho a obrigação de vir visitar a senhora constantemente não é? Eu sou sua
filha.

Janice se abaixa um pouco e beija a mãe na bochecha, esta se senta no sofá ao seu lado.

Leonor-Cadê o seu noivo?


Janice-Ele ainda tá trabalhando né mãe!
Leonor-Entendo, e como tá indo o seu relacionamento?
Janice-Que pergunta mãe, por que a senhora quer sempre saber de tudo?
Leonor-Justamente pelo fato deu ser a sua mãe, você acha que eu não me preocupo com
você.
Janice-A senhora é idosa, eu é que tenho que me preocupar com a senhora.
Leonor-Não precisa.
Janice-Precisa sim, iai como é que a senhora tá? Você me contou que a Ana voltou?
Leonor-Sim, ela está dormindo lá no quarto.
Janice-Eu não acredito, quanto descaramento, mãe depois de tudo o que ela disse pra
senhora, você ainda tem coragem de receber ela aqui em casa.
Leonor-Ela não fez nada demais Janice, só tivemos uma discussão boba.
Janice-Mas se eu não tivesse chegado á tempo, ela tinha te matado com aquele vaso.
Leonor-Jane, você não é mãe, quando o seu marido te der um filho, aí sim você vai me
entender.
Janice-Eu não entendo, quando ela acordar, eu vou tirar aquela vadia dessa casa nem
que…
Leonor-Janice, controle-se, você não pode fazer isso.
Janice-Então eu vou voltar a morar aqui, enquanto aquele monstro estier aqui, eu não vou
te deixar sozinha.
Leonor-Pode parar aí, você não tá maluca de deixar o seu noivo sozinho em casa.
Janice-Eu estou disposta a fazer isso, você não entende, você corre perigo vivendo no
mesmo teto que aquela infame.
Leonor-Janice, não se atreva a fazer isso, é uma ordem Janice.
Janice-Tchau mãe.

CENA 19

Márcia vem encontrar com Geórgia.

Márcia-Iai Vampirona.
Geórgia-Bem na medida do possível.
Márcia-Então não tá 100 por cento bem né?
Geórgia-É, mas nada que uma visita na casa da minha melhor amiga possa melhorar.
Márcia-Que bom porque eu da minha parte já tava ficando enjoada de tanto estudar.
Geórgia-Eu também não sei como é que tu aguentou 6 anos numa faculdade.
Márcia-Força de vontade e um bom futuro para a minha família foi o que me motivou.
Geórgia-Nossa, é por isso que eu te admiro tanto, você ama tanto a sua família, já eu por
outro lado sinto vergonha da minha.
Márcia-Não diz isso, talvez lá no fundo você ame todos eles, mas só não se dê conta disso.
Geórgia-Olha vamos mudar de assunto, eu vim aqui fazer outra coisa.
Márcia-O quê?

CENA 20

Hospital São Lucas

Amanda retorna para a triagem, ela senta na cadeira e uma senhora entra.

Senhora-Vem cá, por que tu não mediu minha pressão?


Amandaa-Eu tinha um assunto de maior urgência para resolver.
Senhora-Que assunto de maior urgência o quê? Aqui tá todo mundo sentindo dor, criança
com febre e você não tem vergonha na cara de simplesmente sair e deixar-nos a deriva
aqui.
Amanda-Êpa! Êpa! Minha senhora vai baixando a bola, eu sou uma enfermeira e como uma
profissional eu devo priorizar casos mais urgentes do que outro, sem contar que eu posso
lhe garantir que qualquer um que passar mal aqui vai ser atendido na hora.
Senhora-Isso é uma grande mentira.
Amanda-Isso pense como quiser, agora eu peço que você volte para o seu lugar antes que
eu chame os seguranças.

A senhora dá um tapa na cara de Amanda, as duas se agarram ali dando origem a um


barraco, algumas pessoas vem tentar separar a briga.
CENA 21

Cada De Márcia

Márcia e Geórgia continuam conversando.

Márcia-O que é tão importante que te.fez vir aqui depois de tanto tempo.
Geórgia-Márcia, isso é muito grave, nós devemos manter isso em segredo.
Márcia-Meu Deus, o que foi Gótica? Fala logo.
Geórgia-Márcia, eu acho que eu tô grávida.
Márcia-O QUÊ?
Geórgia-Garota, tá maluca, fala baixo.
Márcia-Meu Deus, é que você me assustou, como assim você tá grávida.
Geórgia-Eu nos últimos dias tô sentindo muito enjôo e tontura.
Márcia-Não acredito, mas isso pode ser outra coisa, você nunca levou em conta isso?
Geórgia-Pelo amor de Deus Márcia! Você vai se formar em medicina, sabe que isso não é
normal, eu já comprei os testes de gravidez.
Márcia-E você quer usar eles aqui?
Geórgia-Olha se você não quiser, eu entendo, até porque eu acho que eu já te envolvi
demais nisso.
Márcia-Não imagina, você pode testar eles aqui mesmo.
Geórgia-Obrigado Márcia, eu sabia que de todas as amigas você era a única que eu
poderia confiar.
Márcia-Amigas são pra isso bobinha.

CENA 22

Hospital São Lucas

Triagem

Amanda está sendo amparada pela sua amiga Rosana, ela lhe dá um copo d'água.

Rosana-Iai Amanda, tá tudo bem?


Amanda-Claro que não, aquela velha é uma louca.
Rosana-Eu entendo você, até porque ninguém merece apanhar em pleno trabalho.
Amanda-Ainda mais quando você tá fazendo um bem pra esse povo eles te retribuem
dessa forma.
Rosana-Mas isso é algo que a gente acostuma.
Amanda-Que acostuma o que? Eu não aprendi a me acostumar com ignorância.

O segurança passa segurando a mulher que grita.

Senhora-AI ME SOLTA! ME SOLTA! EU QUERO MEDIR MINHA PRESSÃO, ME SOLTA


BANDO DE MALDITOS!

Eles saem segurando a mulher.


Amanda-Eu não te falei, ela é louca.
Rosana-E eu acho que logo, logo eu também fico assim com tanto trabalho.

CENA 23

Casa Da Ana

Quarto

Ana está deitada e lentamente acorda, ela põe as mãos na cabeça.

Ana-Meu Deus! Que dor de cabeça é essa? Meu pai.

Ana se levanta e passa um batom no rosto.


Ela sai do quarto e se assusta com um quadro na parede, ele mostra o seu pai, a cena dele
rolando pela escada invade a mente de Ana.
Ana sai dali rapidamente, ela está no topo da escada e sua mãe está sentada no sofá
vendo TV.
Ana chega ao andar térreo.

Leonor-Filha, que bom que você acordou! Tá tudo bem?


Ana-Não, não tá nada bem.
Leonor-Nossa o que houve? Andou tendo pesadelo foi?
Ana-Que pesadelo o quê? Eu pensei que a senhora já tinha jogado aquele quadro fora.
Leonor-Que quadro?
Ana-Aquele perto do meu quarto.
Leonor-Ah, o quadro do seu pai?
Ana-Não imagina, eu tô falando do papel de parede, é claro que é aquele quadro maldito.
Leonor-Meu Deus! Mas o que aquele quadro tem que te dá tanto medo?
Ana-Medo? Eu não tô com medo, eu só… Só acho aquele quadro muito antigo e acaba co a
decoração da casa.
Leonor-Besteira, eu acho que não é pra tanto, afinal de contas eu acho que não se trata
disso, toda vez que a gente fala do seu pai, você quer a todo custo mudar de assunto ou
falar de outra coisa, como se isso te assustase, eu sempre notei isso mas sempre deixei pra
lá.
Ana-É impressão sua.
Leonor-Não, não é, isso não é impressão minha coisíssima nenhuma e eu quero que você
me diga, por que todo esse medo?

CENA 23

Casa De Sueli

Sala

Sueli entra e vê Alzira conversando com a sua mãe Velma.


Sueli-Oi, Oi Alzira.
Alzira-Tudo bem com você Sueli?
Sueli-Sim, hoje eu tô aproveitando á berça que é o meu dia de folga.
Alzira-O que você me diz de irmos lá em casa aproveitar e comer um pouco?
Sueli-Eu não posso, tenho um compromisso.
Velma-Que compromisso é esse filha?
Sueli-Nada, não é nada demais mãe, é apenas um encontro entre amigas.
Velma-Geralmente quando ela vai nesses encontros ela demora muito Alzira.
Alzira-Bom, então eu acho que eu já vou.
Velma-Sério? Mas tá tão cedo.
Alzira-Eu tenho que ir dona Velma, até porque eu não posso deixar a lanchonete nas mãos
da minha filha, ela é muito irresponsável.
Sueli-Vamos Alzira, eu te dou uma carona até lá.
Alzira-Não, eu posso ir de pé mesmo, você não tem o compromisso.
Sueli-Não, mas pra sair aqui do bairro eu tenho que passar pela sua casa, vai aceita, afinal
é a única forma que eu posso pagar pelas vezes em que você vem aqui fazer companhia
para a minha mãe.
Alzira-Por falar nisso cadê a menina que tomava conta dela?
Sueli-Ela já tá vindo, eu já telefonei, é que hoje ela tirou a manhã de folga.
Alzira-Ok então.

CENA 24

Casa Da Márcia

Sala

Márcia está sentada no sofá com a mão no queixo.

Márcia-Geórgia, ainda vai demorar muito?

Geórgia sai do banheiro, Márcia fica em pé rapidamente.

Márcia-Iai, como foi?


Geórgia-Eu tô grávida Márcia.

Márcia põe as mãos na boca.

Márcia-Ge, meu Deus, eu não acredito.

Geórgia começa a chorar.

Geórgia-E agora o que vai ser de mim?


Márcia-Não fica assim, vem cá.

Márcia abraça Geórgia.


Márcia-Agora você precisa ser forte.

Geórgia se solta.

Geórgia-Forte? Como você pode me pedir isso? Como eu posso ser forte agora carregando
um filho na barriga? Um filho que a minha mãe vai desprezar com todas as suas forças, só
porque eu tive ele com um empregado.
Márcia-Um empregado?
Geórgia-Sim, um cara que trabalhava lá em casa, a gente transou por várias vezes
seguidas, sempre sem camisinha.
Márcia-Mas você é muito doida né, onde já se viu isso?
Geórgia-Eu fui muito burra mesmo, só agora eu tô me dando conta disso.
Márcia-Mas você tem certeza que fez os testes direito?
Geórgia-Claro, eu não tô ficando maluca, eu sei muito bem usar isso.
Márcia-Agora, é Deus nos acuda.
Geórgia-Que ele me proteja!
Márcia-Mas você pretende fazer o quê?
Geórgia-Você ainda pergunta, eu vou matar esse filho.
Márcia-Quê? Você tá ficando maluca, Gótica isso é um crime.
Geórgia-Eu não tô nem aí, eu já tive muitas amigas que já passaram pelo mesmo drama
que eu e fizeram a mesma coisa.
Márcia-Mas pode ser que tenha dado certo com elas e se não der com você?
Geórgia-Deixa de ser idiota Márcia, eu quero abortar essa criança, vou arrumar um lugar
pra isso, nem que eu tenha que dar uma volta inteira no globo terrestre.
Márcia-Sendo assim, não conte com a minha ajuda para isso.
Geórgia-Como? Você tá pretendendo contar que eu tô grávida?
Márcia-Claro que não, mas eu não posso ser sua cúmplice nesse crime, eu já disse não
conta comigo.
Geórgia-Mas é claro que eu não tô pensando em te envolver nisso, eu quero que você fique
calada, que o resto cuido eu.

CENA 25

Sueli estaciona o carro em frente á casa de Márcia, Alzira está sentada ao seu lado.

Sueli-Como é que anda indo os negócios aí da lanchonete?


Alzira-De vento em popa.
Sueli-Vão bem ou não vão? Eu não entendo essas gírias.
Alzira-Vão mais ou menos, bem agora eu tenho que ir, não quero atrasar você.
Sueli-Imagina, tchal.

CENA 26

Casa Da Márcia

Sala

Alzira entra e vê Geórgia e Márcia conversando, Geórgia está bebendo um copo de água.
Alzira-Geórgia, iai como é que você está?
Geórgia-Bem, eu vim aqui visitar a Márcia.
Alzira-Sério? Já fazia tanto tempo que você não vinha aqui.
Geórgia-Eu sei, digamos que eu andava muito ocupada.
Alzira-Eu fiquei sabendo que o seu pai tinha sofrido um acidente, ele está bem?
Geórgia-Claro, ele está se recuperando.
Márcia-Mamãe, onde você estava?
Alzira-Eu fui na casa da dona Velma, ver a Sueli, mas eu sei que eu não posso deixar essa
casa só com você e o seu pai um só minuto, e por falar nisso cadê ele?
Márcia-Ele teve que sair pra ir comprar algumas coisas que estão faltando.

O celular de Geórgia toca, ela atende.

Geórgia-Alô!

Corta para a casa dos Almeida Silva.

Eduardo-Fala sua louca, onde é que você tá Geórgia?

Volta para a casa de Márcia.

Geórgia-Eu tô aqui na casa de uma amiga minha, mas não se preocupa, eu já tô indo.
Eduardo-Como assim? diz o endereço que eu vou aí te buscar?
Geórgia-Não precisa, eu já tô chegando aí.

Geórgia desliga.

Eduardo-Geórgia!

Volta para a casa de Márcia.

Geórgia-Gente, eu tenho que ir.

CENA 27

Casa Da Ana

Sala

Segue o discurso entre Ana e Leonor.

Ana-Não que eu tenha medo de falar sobre o papai.


Leonor-Então, pra que toda essa cena.
Ana-É por que tudo isso me leva de volta… De volta ao passado e eu não gosto de voltar á
ele, pelo contrário eu gosto de viver o presente.
Leonor-Mas eu não entendo onde é que um simples quadro entra nisso.
Ana-Aquele quadro é tão antigo quanto esta casa.
Leonor-Ah, faça-me um favor Ana, vamos mudar de assunto.
Ana-Vamos, ótima ideia.
Leonor-A sua irmã veio aqui.
Ana-A Jane.
Leonor-Sim, ela mesma, fez o maior barraco só por que eu disse qye você vai focar alguns
dias aqui.
Ana-Ah fala sério, ela fala como se a casa fosse dela.

Ana se senta, Leonor faz o mesmo.

Leonor-É, pelo menos nisso você tem razão.


Ana-E o que foi que ela disse?
Leonor-Um monte de besteiras, mas você acredita que ela vai vir morar aqui.

Ana se põe de pé, Leonor faz o mesmo.

Ana-Como? Morar aqui? Mas ela não tem á casa do marido dela?
Leonor-Ela tem medo de que você possa me fazer alguma coisa.

Ana se vira furiosamente.

Ana-Ah que inferno! Que mulher maluca.


Leonor-É, mas pensa bem Ana, agora você vai ter que ser muito paciente.
Ana(alterada)-Paciente? Como assim paciente? Eu acho que eu já fui demais,
principalmente com ela, eu não aguento mais aquela perua.
Leonor-Não aguenta, mas você terá que aguentar, isso se quiser ficar aqui.
Ana-Então eu vou embora.

Ana faz menção de se retirar, Leonor a agarra pelo braço.

Leonor-Espera! Você tá ficando doida? Como você vai sair daqui com a polícia inteira atrás
de você, por causa daquele carro?

Ana se solta.

Ana-Onde você viu isso?


Leonor-Tá em tudo quanto é jornal, eles não param de falar na empregada maluca que
roubou o carro do grande Élio.
Ana-Meu pai, eu não acredito nisso, eu tô perdida!
Leonor-Calma, primeiro não existe nenhum regostro ou foto que possa te denunciar, e antes
de mais nada, você deve se livrar daquele carro.
Ana-Mas como eu faço isso? E se as pessoas daqui souberem de tudo?
Leonor-Você sabe que o povo daqui mal assiste televisão e vivem andando á cavalo ou
passeando na floresta.
Ana-Tá bom, mas como é que eu faço pra me livrar dele?
Leonor-Presta atenção, eu vou comprar um galão cheio de gasolina e você vai levá-lo lá pro
morro velho.
Ana-E onde fica isso?
Leonor-Aquele lugar que eu levava você e sua irmã pra ficarem brincando quando vocês
eram crianças.
Ana-Ah lembrei, aquele lugar é perfeito, longe de tudo e todos.
Leonor-Perfeito! É só uma questão de tempo e aquele carro vira cinzas.

CENA 28

Hospital São Lucas

Pátio

Amanda vai saindo ao lado de Rosana.

Amanda-Ainda bem que amanhã é o meu dia de folga, Deus sabe o quanto o agradeço por
isso.
Rosana-Eu sei, não é pra menos, já a minha folga é só final de semana mesmo.
Amanda-A gente é tão guerreiro, luta a semana inteira e somos tratados daquela forma
como eu fui tratada hoje á tarde.
Rosana-Coisas assim acontece com todo cidadão de bem.
Amanda-É, mas não deixa de ser revoltante.
Rosana-Mas pelo visto você não deixou a luta livre pra aquela bandida não.
Amanda-Por muito pouco, aquela tinha umas unhas de ferro viu.
Rosana-Acredito.

As duas começam a sorrir quando um homem para perto delas em um carro.

Heitor-Iae meninas.
Amanda-O que você quer Lucas?
Heitor-Eu é que pergunto, será que vocês não tão afim de uma carona não?
Amanda-Hum! Tá muito bom andar de pé e eu vou pegar um táxi.
Rosana-Então tchal amiga!

Rosana abre a porta e entra.

Amanda-É, bela amiga você viu Rosana.


Rosana-Deixa de ser chata Amanda e entra aí.
Amanda-Tá certo, mas só porque minhas pernas estão doendo.

Amanda entra.

Heitor-Tomou a decisão certa, amores.


Amanda-Agora você vai ver, ele vai ficar convencido assim o resto da semana.

Todos riem.

CENA 29

Casa Dos Almeida Silva


Um caminhão estaciona em frente á casa dos Almeida Silva, Geórgia desce.

Geórgia-Obrigado seu Afonso!


Afonso-Até mais Geórgia.

Sala

Na sala estão apenas Janete e Eduardo.

Janete-Meu Deus! Que barulho foi esse?


Eduardo-Deixa eu ver.

Eduardo vai até a Janela.

Eduardo-Ué, é um caminhão.
Janete-Mas o que?
Eduardo-É sério, vem ver aqui.

Janete se levanta ao mesmo instante em que Geórgia entra.

Janete-Geórgia.

Ela corre para abraçá-la.

Janete-Menina, eu vou te matar onde é que você se meteu?


Eduardo-Você acha que pode sair assim e enlouquecer todo mundo aqui em casa garota?
Geórgia-Ah não enche! Eu já tô cansada o suficiente pra ter que aturar sermão uma hora
dessas.
Janete-Ah, mas vai aturar, vai atirar sim, eu exijo que você me conte onde e com quem a
senhora se meteu?
Geórgia-Eu tava na casa de uma amiga.
Janete-Será que não tinha como ter avisado onde era a casa dessa amiga? Ou ter saído
com o motorista da mansão?
Geórgia-Eu sei que eu errei, desculpa, mas eu também tenho o direito de querer sair de
casa sem ninguém me seguindo.
Janete-Geórgia, você não é adulta, você é uma adolescente e até lá precisamos manter o
maior cuidado com você, antes que você se meta numa roubada.
Geórgia-Ah Janete, eu estou bem, estou bem você não tá vendo.
Janete-Não Geórgia, você não tá bem coisa nenhuma, eu e a sua mãe descobrimos tudo.
Geórgia-Descobriram o quê?
Janete-Que você usa drogas.

CENA 30

Marília se levanta da cama, ela está completamente nua e começa a se vestir, ao seu lado
está Bira.
Bira-Você já vai?
Marília-Não, tô só me vestindo pra ir me deitar de novo.

Bira se senta.

Bira-Ah não, tá tão cedo!


Marília-Já eu acho que já passei foi tempo demais aqui, ainda tenho que dar uma passada
no jornal.
Bira-Cadê o dinheiro?
Marília-Ah é! Valeu por me lembrar.

CENA 31

Amanda chega em casa e encontra o seu filho deitado no sofá, ela lentamente se aproxima
dele, senta no sofá e começa a acariciar sua cabeça.

Amanda-Lucas, tudo bem.

Lucas não reage.

Amanda-Lucas, meu bem acorda, a mamãe já chegou!

Ela mexe em Lucas.

Amanda-Lucas, ai meu Deus, Lucas, Lucas!

CENA 32

Casa Da Ana

Sala

Ana está sentada no sofá e demonstra sinais de impaciência, Leonor entra.


Ana se levanta de um salto.

Ana-Até que enfim mãe, eu tava aqui feito uma louca te esperando.

Leonor está usando um véu e um óculos, ela retira âmbos e põe em cima da mesa, ela
também segura uma sacola preta.

Leonor-Você acha que é fácil? Sair daqui mais disfarçada que agente da CIA?
Ana-Deixa de besteira, iai consseguiu a gasolina?
Leonor-Claro, eu não sou você.
Ana-Me dá logo e não enche.
Leonor-Você sabe muito bem o que tem que fazer, á essas horas não tem mais um pé de
cristão na rua, leve o carro ao morro velho, mas tente voltar o mais rápido possível, aquelas
bandas são muito perigosas á noite, entendeu?
Ana-Sim.
Ana põe uma jaqueta que está em cima do sofá e põe os óculos.

Ana-Vai doer tanto me livrar daquela jóia rara.


Leonor-Acredite, dói mais em mim quem em você, mas agora cai fora, chega de ficar
perdendo tempo.
Ana-Tchal!
Leonor-Vai, vai, vai.

CENA 33

Ana sai da casa da sua mãe e vai até a garagem onde abre o portão eletrônico com a chave
do carro.
Ana entra e traz o carro para fora, ela acelera.

CENA 34

Morro Velho

Ana sobe dirigindo o carro para o alto de um monte feito de barro, ela sai do carro e despeja
nele toda gasolina, depois acende um palito de fósforo e o incendeia.
Em segundos o carro vira uma imensa fogueira.

Ana-É uma pena que agora eu vou ter que voltar de pé e nesse frio.

CONTINUA…

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