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HANDLE
ROMANCING THE CLARKSONS 01
TESSA BAILEY
ROMANCING THE
CLARKSONS
LANÇAMENTO
EM BREVE
Quando o resgate parece um monte
de problemas...
EQUIPE
PEGASUS LANÇAMENTOS
AGRADECIMENTOS
Too hot to handle é uma história de amor entre Rita e Jasper, uma
história de amor entre quatro irmãos e também entre uma mãe e seus
filhos. Há uma crença comum de que precisamos nos amar antes de
podermos amar o outro. A família muitas vezes pode nos intimidar,
empurrar e nos questionar para reconhecer o nosso verdadeiro eu no
espelho, gostando ou não do que vê. Mas às vezes, tudo o que
precisamos é ver nosso reflexo e perceber que somos dignos.
Para minha avó, Violet, pelas histórias que você contava à nossa
família ao longo dos anos, obrigada. Espero que eu tenha deixado e que
continue deixando Belmont, Aaron, Peggy e Rita orgulhosos, como eles
eram com seus irmãos. Desculpe não poder usar o nome Violet. Não
acho que Poppy gostaria de ver esse nome em um livro de beijos.
Para meu marido e filhos Patrick e Mackenzie, por ser minha base
para tudo, a minha felicidade, os amores da minha vida, obrigada por
celebrarem meus triunfos e me confortarem nas derrotas. Lamento que
às vezes vocês falem comigo e eu esteja voando.
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viagem por uma estrada, obrigada. Eu mal posso esperar o restante
dessa jornada com você e os Clarkson.
Para Eagleat Aquila Editing, obrigada por ler a versão beta desse
livro e por dar excelentes notas, como sempre. Sua visão significa muito
para mim.
Para Jillian Stein por ser sempre a pessoa que diz: “Sim! Amo essa
ideia! Você deve escrever isso!”. Obrigada a todos que vieram a mim
para me incentivar por alguma razão, isso é sempre construtivo e
nunca é forçado. Vocês são verdadeiramente diferentes e eu os valorizo
muito como amigos.
8
PRÓLOGO
Miriam Clarkson, 1º de janeiro.
Caso esteja lendo isso, pare. A menos que algo de ruim tenha
acontecido, em outro caso que se dane. Obviamente, não estou, mais aí
para te impedir.
Então, aqui vai. Eu amo meus filhos. Amo e não tenho que dizer a
eles isso todos os dias para que saibam disso. Isso é confortável. Mas
olhando para trás, a aprendizagem é mais como 40/40, quando você
está prestes a entender que apenas se fixou nos problemas minúsculos
e ignorou os gigantescos. Eu nunca fiz jantares de família, o que é muito
irônico quando você pensa sobre isso. Sou — ou era — uma gênia
culinária, afinal de contas.
9
Por favor, seja paciente e tente se lembrar de que muitas vezes
tenho — ou tinha — um plano.
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CAPÍTULO UM
O telhado! O telhado! O telhado está... literalmente em chamas.
1 Impresso com o máximo de segredo e com tiragem desconhecida o guia Michelin é o mais respeitado do
mundo e premia os melhores restaurantes os classificando com estrelas (de 1 a 3) e que representam o sonho
ou o pesadelo de qualquer chef. Ganhar uma estrela do guia significa a ascensão do restaurante e de seus chefs
ao passo que perder uma delas pode levar até a uma tragédia como a do chef Bernard Loiseau que se suicidou
desesperado com o rumor de que seu estabelecimento perderia a classificação de “três estrelas”.
11
forma espetacular na frente de uma audiência televisiva nacional por
causa de um suflê de queijo, porra, a redenção é uma obrigação.
Será que o fogo foi a maneira de sua mãe dizer: Boa tentativa,
criança? Não, isso nunca seria o estilo de Miriam. Se os clientes
tivessem enviado a comida de volta para a cozinha da Miriam com
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queixas, ela teria dado doses de Bourbon para a equipe, encerrado o
serviço e declarado: Porra... não se pode ganhar todos os dias.
Pela primeira vez desde que o fogo começou, Rita sentiu a pressão
de lágrimas nos olhos. Vinte e oito anos de idade e já um fracasso
colossal. Não era apta para competir em um reality show. Não era apta
para continuar o legado de sua mãe. Não era adequada para nada.
Não mais.
Rita sentiu Belmont antes de ver. Foi sempre assim com seu irmão
mais velho. Pelo o que sabia, ele estava de pé nas sombras, observando
as chamas pelas últimas horas, mas não tinha vontade de anunciar
sua presença. Tudo sobre seus termos, seu tempo, seu ritmo. Deus, ela
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invejava isso. Invejava a vida solitária que ele construiu para si mesmo,
o lucrativo negócio de salvamento marítimo que lhe permitia aceitar
apenas trabalhos que o interessava, passando o resto de seu tempo se
escondendo em seu barco.
— Eu sei.
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— Oh, puta merda, Cristo, Belmont. Queimei o restaurante da
mamãe.
Rita mais uma vez pensou em colocar a mão no bolso de seu jeans.
~*~
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com a placa VOTE4AC passou ao longo da calçada, arrancando um
suspiro de ambos.
— Porra. É verdade?
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— Você está bem? — Aaron perguntou de repente, um brilho
suspeito em seu olhar. — Deve ter ficado lá um tempo aspirando a
fumaça. Há fuligem ao redor de seus olhos.
— Há.
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Na verdade, mesmo antes da tarde chuvosa, o tempo que
passaram juntos como uma família parecia obrigatório. Organizado por
sua mãe e ela fugia às pressas, era quase cômico.
O som da voz de sua irmã mais nova, Peggy, fez todos os três
xingarem baixinho. Deixe a reunião de família começar oficialmente. Não
que eles não amavam a irmãzinha. E de muitas maneiras, Peggy, uma
personal shopper2 para a elite de San Diego, ainda era um bebê, mesmo
com vinte e cinco anos. Seus grandes óculos de fundo de garrafa e
aparência bagunçada garantiam que ela fugiu às pressas. Incluindo se
esquecer de pagar o taxista, se o homem com aparência irritado
seguindo ela com um recibo na mão fosse qualquer indicação.
2 Especialista na área de compras que ajuda os clientes a escolherem com sabedoria os produtos ideais para
cada ocasião, estilo de vida e orçamento.
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— Olhe pelo lado positivo Rita. Agora você pode perseguir seu
sonho de ser um “Hot Topic3”.
— Idiota.
— Obrigada, Peggy.
3 Trocadilho que na tradução literal significa: Tema quente. É um termo usado nas redes sociais para dizer que
aquela noticia ou assunto está bombando, sendo muito falado. Também rolou um trocadilho com o “hot” e o
fato de ter incendiado o restaurante.
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CAPÍTULO DOIS
Incapaz de suportar por mais tempo a culpa que irradiava de seus
irmãos, Rita ficou de pé e caminhou para o que restava do Wayfare.
Hesitou por um milésimo de segundo quando chegou à fita amarela,
mas encolheu os ombros e se abaixou. Suas botas de couro DocMartens
esmagaram os escombros carbonizados, que esfriaram durante a noite,
enquanto os irmãos estavam sentados do outro lado da rua,
observando a fumaça dissipar.
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A boca normalmente sorridente de Aaron se transformou em uma
linha sombria.
— Hmph.
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Rita parou ao lado de uma gama de fornos de aço inoxidável,
chutando-os com a ponta da bota. Por quase não ter contato com seus
irmãos no último ano, se abrir com eles demandava um pouco de
esforço.
Nunca mais.
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de bailarina que deixou Aaron tendo que correr para segurá-la para
que não caísse. — Sentou-me no salão, na mesa de centro em frente a
todo mundo e me deu uma frigideira cheia de torta de cereja com uma
vela acesa presa no centro e disse: “Aqui. Essa é a festa da tristeza”.
Voltei a trabalhar no dia seguinte.
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determinada a cumprir. Talvez ela estivesse se agarrando a qualquer
desculpa para sair da Califórnia e deixar seus inúmeros desastres para
trás, mas a promessa de um novo começo soava melhor do que
manteiga derretida. Sem mais cozinhar. Sem mais falhar. Poderia
finalmente entrar nessa fantasia secreta de voltar para a escola para
mais nada além de trabalhar em uma cozinha. Se o diário de Miriam
lhe dava a desculpa que precisava, iria agradecer a sua mãe e levá-la.
Com ou sem seus irmãos a reboque.
— Estou indo para Nova York. Como ela queria. Vocês estão
convidados, mas eu não vou culpá-los por dizer não.
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Levou apenas dez minutos para se aproximarem do carro, olhando
como algum tipo de intervenção móvel. Aaron bateu na janela até que
Rita desceu o vidro.
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— Você realmente fará isso? Essa missão estranhamente
específica para pegar hipotermia.
Feito.
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Boggs já me recomendou como assessor de campanha. Apenas preciso
fazer contato. Se nós pudéssemos pausar nossa pequena viagem o
suficiente para encontrar-me com ele e garantir a posição que eu
quero... — Ele apertou a ponta de seu nariz. — Não posso acreditar que
estou prestes a dizer isso, mas eu irei.
Nada com sua família poda ser curto e seco, podia? Ela empurrou
o queixo para Belmont.
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Belmont não respondeu, permanecendo estranho, mas Peggy foi a
única a assentir.
— Certo.
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Os três irmãos de Rita a deixaram se sentindo como se a terra
mudasse sob seus pés. Em questão de doze horas, tudo mudou. Tudo.
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CAPÍTULO TRÊS
A correia da ventoinha do Suburban arrebentou duas horas
depois de atravessarem a fronteira do Arizona no Novo México.
4 Carlsbad é uma cidade localizada no estado americano da Califórnia no Condado de San Diego.
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no Tri-City Medical Center em pensar que acabaram de passar uma
semana no pântano.
Mal sabia Rita que sua reivindicação para a fama também viria,
mais uma vez pela internet uma década depois. E pela primeira vez, a
ironia não a divertia.
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Agora, aos sons inconfundíveis de problemas no motor do carro,
Rita subiu no banco de trás e empurrou o cabelo escuro de seu rosto.
— O que aconteceu?
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Aaron acordou no banco do passageiro, puxando os fones dos
ouvidos.
— Ele não tem ideia do que procurar, mas vou lhe dar um minuto
para tentar.
— Não, isso foi em Ética. — Disse Rita. Ela levantou seu telefone,
tentando mapear sua localização, mas foi frustrada pela falta de sinal.
— Qual é o veredito?
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— Você está agindo assim porque esse vídeo estúpido se tornou
viral, hein? — Disse Rita, chutando o pneu dianteiro esquerdo do
Suburban e jurou que o ouviu gemer. — Então, o que... todos nós
devemos ter que viver como monges tibetanos, porque você decidiu se
tornar um político?
— Oh, pare. Você come merda para viver. É o seu trabalho. — Rita
caminhou pra longe e voltou. — E o suflê de queijo estava perfeito. Você
não tem nenhuma ideia.
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Belmont a pegou no último minuto, lançando-a por cima do ombro com
pouco esforço e pisando em direção à parte de trás do Suburban.
~*~
36
duas faixas do grupo heterogêneo, o que era o seguro a se fazer. Ele
podia estar inclinado a deixar quatro moradores óbvios da cidade aos
seu respectivo destino, mas também valorizava sua pele. A mulher de
cabelos escuros e carrancuda no para-choques, aparentemente contra
sua vontade, olhou para ele. Em seus trinta e três anos, aprendeu a
evitar provocar uma fêmea quando seus olhos diziam: pode vir. A
menos que eles estivessem na cama. Em seguida, todas as apostas
estavam fora.
Ao invés disso, seu olhar foi atraído a ela, que parecia o diabo
cuspindo fogo de cabelos pretos na sombra do carro. Ele mal conseguia
distinguir suas feições, mas a suspeita que irradiava dela deu a Jasper
o estranho impulso de mostrar que podia confiar nele.
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Uma reação estranha, com certeza, uma vez que ela estava com
os braços de alguém em sua cintura fina como se a contendo de atacar
e Jasper não podia deixar de rir da animação suspensa da cena. No
que porra ele tropeçou aqui?
— Por quê?
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vez, teria especulado como ela estaria entre os lençóis sem vestir nada,
mas manteve essa parte guardada.
Então ela veio um passo mais perto e ele parou de especular sobre
suas atividades extracurriculares ou preferências meteorológicas. Ela
era um espetáculo debaixo de toda aquela maquiagem. Grandes olhos,
beicinho desafiador. E, em seguida, sua mente escorregou entre os
lençóis antes que ele determinadamente puxasse essas imagens de
volta. Mas não antes de um pensamento grosseiro escapar: ela gostava
de um homem que sabe como ser um pouco bad boy na cama.
— Não.
— Então?
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— Se precisa saber. Vou me encontrar com uma mulher.
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— Tenho alguns homens muito poderosos listados em meus
contatos. Se sinta livre para irritar minha irmã, mas traga de volta viva.
A Diaba deu a ele um bom sorriso quando seu irmão voltou para
o Suburban. Jasper prestava bastante atenção no sexo oposto e ela não
era abertamente sexual, como a maioria tende a ser. Era astuta e
deixava guardados os pensamentos que corriam por trás de seus olhos.
Ele gostava disso. Um pouco demais para se afastar. Então, ficou
aliviado quando ela cedeu.
Como se ela quisesse ver o passado e tudo o que fosse visível. Ele
não conseguia se lembrar da última vez que foi dissecado por uma
mulher e isso era bem-vindo.
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— Você pode não me reconhecer, mas sou famosa pelo que posso
fazer com uma faca.
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CAPÍTULO QUATRO
Havia uma razão para que Rita gravitasse em direção à cozinha.
Receitas. Elas eram precisas. Tinham instruções. Você quer
acrescentar as texturas e sabores corretos ou não. Não havia nenhuma
área cinza na culinária. Estava tudo ali na frente dela, escrito em uma
página brilhante. Mesmo que não pudesse foder com as instruções
passo a passo.
Errado.
Seja qual fosse a razão, Rita se jogou no show sabendo que não
podia negar que era a filha de Miriam Clarkson, ao mesmo tempo que
sabia o quanto as coisas mudariam depois daquilo. As coisas
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finalmente iriam mudar. Conseguiria ser algum talento latente em
animação ou ela se cortaria na altura dos joelhos e tudo teria
finalmente acabado.
Uma parte cínica dela fez o passeio apenas para ver o quão rápido
ele se tornaria previsível. Típico. Porque enquanto poderia jurar que
5
Sistema usado pela mocinha para classificar os tipos de homem...
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havia uma faísca de interesse em seus olhos azuis da cor do céu,
homens como Jasper eram o oposto de seu tipo.
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Honestamente, o homem provavelmente tinha problemas apenas
por andar pela rua sem ser abordado. Ela não foi abordada nenhuma
vez.
6 Filme norte-americano dos anos 60 em que a protagonista Bonnie Parker se apaixona por um ex-presidiário,
Clyde Barrow e decide acompanha-lo. Juntos, iniciam uma carreira de crimes roubando carros e assaltando
bancos até serem perseguidos pela polícia por todo o país.
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— Ele era? — Jasper virou a parte superior do corpo, parecendo
genuinamente perplexo. — Como é que ele mantinha uma mulher tão
bela ao redor sem todas as suas ferramentas de trabalho?
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— Rita.
— Rita. — Ele repetiu, embora com seu sotaque, soou mais como
Ray-da. — Gostei. Rima com chita.
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placas de oferta, os preços eram razoáveis se comparados a San Diego
e ela quase caiu da moto.
51
Rita caminhou em direção à sombra proporcionada pela oficina,
acompanhada por Jasper um momento depois. Eles observaram Stan
levar o guincho para a Main Street em silêncio e então ficaram
sozinhos. Sem o barulho do motor da moto, o silêncio deixou Rita
nervosa. Como poderia manter uma conversa agora?
Rita poderia dizer que ele estava esperando que dissesse isso.
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CAPÍTULO CINCO
Jasper manteve o sorriso no lugar, embora essa pergunta fosse
muito íntima. Se Rita soubesse, não teria se perguntado tantas vezes a
mesma coisa. Ele apreciou sua confusão na verdade. Pelo menos ela
não tinha escrito isso no rosto para que todos pudessem ver.
Não havia nenhuma regra dizendo que ela tinha que dizer isso a
ele. E Rita, poderia dizer que Jasper era uma alma decente tanto
quanto era conversador? Ele não tinha nenhuma ideia pré-concebida
sobre ela. E não conseguia se lembrar da última vez que isso aconteceu.
Talvez pudesse descobrir alguma coisa sobre Rita, antes que ela
descobrisse o pior sobre ele. Senhor, a possibilidade o fazia se sentir
mais leve como nunca em anos.
Mas Rita não sabia disso. O que significava que Jasper estava no
controle das impressões nesse caso. Um desconforto dentro dele não
lhe permitiria deixar passar essa oportunidade. Apenas para provar
que conseguia gerenciar uma coisa dessas.
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Ele apoiou o ombro direito na parede, se recusando a ficar
intimidado quando seu olhar foi em direção a sua boca, o que deixou
tudo difícil. Seria tão fácil chegar até ela e passar um polegar sobre o
osso ilíaco e aumentar a consciência entre eles. Essa dança sutil de
deixar uma mulher saber que ele iria cuidar dela na cama.
— Por quê?
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Aqueles lábios cheios dela se contraíram e ele desviou seu olhar
antes que cedesse a sua vontade de fazer outra coisa. Deus, ela era
bonita. Se não achasse que arrancaria sua cabeça, pediria para ver
como era sem a maquiagem pesada.
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— Você tem o hábito de conversar sozinha?
Sua cabeça poderia ter caído para trás com base no olhar que ela
lhe deu.
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Maldito Deus, essa boca parecia doce. Se manter onde estava era
muito mais difícil do que previu.
— Sim, há um bar. — Seu suspiro interior foi tão alto que ecoou
em seus ouvidos. — Embora o Liquor Hole seja mais como um boteco.
— Mmm.
Ele não iria dizer a ela que tinha vinte e um anos — e meio —
quando deu nome ao lugar. Sim, o fundo fiduciário deixado por seu avô
8 O duplo sentido ocorre no original, pois “Liquor” significa bebidas alcoólicas em geral, além de ser somente
a bebida “licor”, enquanto “hole” vem no sentido de “buraco” ou “lugar pequeno ou desagradável”. Ela entende
que se refere a um lugar pequeno para beber.
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no vigésimo primeiro aniversário de Jasper foi usado para comprar um
lugar com piso de madeira revestido de serradura e um letreiro de neon.
Não para a faculdade, como o velho pretendia. E assim começou a sua
década de libertinagem quando o comprou há dois anos apenas para
perceber que ninguém em sua vida o levava a sério. Ele era o “bom
momento” de todas, mas nunca confiável ou permanente para uma
única alma. Então começou a mudar, começando com seu sustento.
— Você é o dono?
— Eu trabalhava em um restaurante.
— De jeito nenhum.
— Por quê?
Basta um pouco de flerte para garantir que vou ver ela de novo.
Apenas o suficiente para se certificar de que poderia pegar onde ele
parou, como uma ardósia limpa. Acreditando que fosse a decisão certa,
passou um braço ao redor da cintura de Rita e puxou ela contra ele,
quase abafando um gemido. Senhor. Ela podia estar enterrada sob
roupas escuras e disformes, mas isso não escondia as curvas que
estavam em todos os lugares certos. Seu olhar estava colado em sua
garganta, então abaixou a cabeça até que ficaram nariz com nariz e viu
a onda de pensamento por trás de seus olhos. Ele estava a ponto de
perder fôlego.
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— Vocês irão.
Levantou a cabeça.
— Que beijo?
Jasper abaixou sua boca até que seus lábios roçassem. Ele ouviu
a respiração dela acelerar, observou-a molhar os lábios.
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Seguindo para a moto, Jasper viu o olhar de surpresa de Rita.
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CAPÍTULO SEIS
Ignorar seus irmãos e suas grandes personalidades não era fácil,
mas Rita praticou por um bom tempo. Cresceu adepta a respostas de
uma só palavra e evasivas. Não lhe ocorreu, até recentemente, que seus
métodos escoaram para outros aspectos de sua vida, mas que não era
nem aqui nem lá.
Ali não era Nova York, era o Novo México e eles tiveram que se
hospedar — como Jasper havia previsto — no Hurley Arms, um hotel
escondido no centro da cidade. Stan, o mecânico, garantiu que a parte
essencial seria entregue até o dia seguinte, assim a queixa foi mínima,
pelo menos para eles.
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elas até os cotovelos. — Felizmente, posso falar o suficiente por nós
dois. Provavelmente por todos os quatro presentes, se necessário.
9 Personagem da série The Dukes of Hazzard (Os Gatões no Brasil), exibida originalmente de 1979 a 1984 nos
EUA.
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seja, o tipo de Rita. — Ele tirou a poeira da antiga cômoda de madeira,
sentou e cruzou os braços. — Ele não é nada como Gerard.
— Eu definitivamente trouxe.
— Foi por isso que você concordou em vir junto? Para me irritar
até que eu seja levada em uma camisa de força?
Rita começou a mexer nos itens de sua mochila sem ideia do que
estava procurando. Apenas precisava de uma distração da bola de fogo
girando loucamente em seu ventre, a forma como vinha se sentindo,
sem parar, desde que ele disse que estaria duas vezes mais
determinado a conseguir aquele beijo. Percebeu que estava olhando
fixamente para um frasco de xampu e empurrou-o de volta na mochila.
Deus, ela precisava de uma distração. Ou poderia realmente considerar
se aventurar em um lugar chamado Liquor Hole em busca do cara legal
da cidade, que provavelmente já tinha esquecido seu nome.
Peggy sentou.
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escola, um cara da banda e cheio de acne. — Ele não teve motivo ou
oportunidade para comer seu hamster, Peggy.
— Eu te odeio.
Aaron disse.
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Firmando seus ombros com a perspectiva de confortar sua irmã
mais nova, Rita se virou...
— Ele está bem? Essa coisa com Sage... o que é essa coisa com
Sage?
Essa era a segunda vez que alguém dizia essas mesmas palavras
para ela em menos de uma hora. O que era um pouco desconcertante
desde que podia contar em uma mão as vezes em sua vida que alguém
manifestou o desejo de falar sobre ela.
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— Oh é sim. — Os dentes de Peggy se afundaram em seu lábio
inferior. — Se chegássemos alguns minutos mais tarde, ele não teria
saído de lá.
— Rita, não que você não seja quente em seu próprio corpo, mas
ele nem sequer me olhou. E esse short fez com que eu ganhasse a mais
recente proposta de casamento.
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Ela atraía os comedores de hamster do mundo. Não os homens
charmosos de olhos azuis, do tipo que almoçava com a avó. Ele era um
daqueles homens que gostava de suas mulheres satisfeitas? Ficou
surpresa por ter atraído a atenção e se ele fosse um ser solitário que só
queria mais uma conquista? Rita ficou surpresa ao sentir a mágoa
sobre essa possibilidade. Como se atrevia a feri-la depois de vinte
minutos juntos?
10 The Golden Girls (Supergatas) foi uma sitcom muito popular nos EUA, exibida de 1985 a 1992 e que teve
como protagonistas as atrizes Betty White, Beatrice Arthur, Rue McClanahan e Estelle Getty.
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— Ainda prefiro a garota Blanche. — A excitação de Peggy foi
drenada e ela gemeu. — Não. Nós vamos ter muito tempo para assistir
Golden Girls na viagem. Hoje à noite, vamos para o Liquor Hole.
— Recompensa de estrada?
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recusar a oferta de Peggy sobre o apoio, ainda podia sentir a respiração
de Jasper contra sua boca, o contorno de sua ereção onde roçou sua
barriga. Na hora, disse a si mesma que era a fivela do cinto, mas não.
Por alguma razão, ele a desejava. Alguma parte dela inexplorada queria
ver o desejo de perto apenas mais uma vez. Sentir a força gravitacional
que sentiu do lado de fora da oficina gordurosa, experimentar a terra
se inclinando de uma forma que a faria tropeçar cegamente na direção
de Jasper.
— Uma bebida.
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CAPÍTULO SETE
Hoje tinha de ser uma daquelas noite, não é?
Avaliou quem estava no bar para ver se tinha alguns dos rapazes
lá. Um que vinha regularmente com seus amigos e que seguiam o
exemplo dele de briga. Um ciclo feio que normalmente continuava até
que tanto socos fossem lançados ou sessões de tortura no bar ficassem
fora de controle, forçando o garçom a pulverizar os casais com água da
pistola de refrigerante.
Não era apenas sua fortuna que estava em jogo se houvesse uma
lua cheia iminente essa noite, mas finalmente sentiu interesse por uma
mulher e esperava ela entrar a qualquer momento. Droga, isso era um
exagero. Não esperava nada. Essa tensão totalmente estranha em seu
peito era esperança, pura e simples. Esperava que ela passasse pela
entrada. Caso contrário, teria que bater nas portas dos quartos do hotel
procurando e isso seria estranho, especialmente se encontrasse os
irmãos de Rita primeiro. Para não mencionar que sair e deixar o Liquor
Hole nas mãos de seus dois bartenders, um de quem ele suspeitava
que estava a uma tragada de um coma, seria imprudente.
71
Se os deuses estivessem sorrindo para ele, Rita iria aparecer.
Então o deixaria levá-la para comer um sushi. Jasper tinha um palpite
de que essa eventualidade era tão provável quanto uma tempestade de
neve em junho, mas a única arma em seu arsenal era o otimismo, então
iria usar.
Não que fosse fácil quando as noites das bruxas tendiam a deixar
a população feminina de Hurley um pouco mais solta. Até dois anos
atrás, quando seu apelo pessoal soava como um incêndio de quatro
alarmes, ele seria o homem para recorrer em Hurley para uma boa
aposta. Agora que se recusava? Bem, recebia de volta a atenção e era
como uma espécie de desafio para algumas de suas mais amorosas
conquistas do passado. Em noites como essas, preferia se trancar no
minúsculo escritório e sair apenas para reabastecer as cervejas ou
resolver as disputas.
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Pelo menos se ele deixasse sua boca cair outro centímetro essa tarde
saberia qual o gosto da boca dela. Talvez assim não tivesse uma coceira
incessante entre as omoplatas de querer saber se ela realmente poderia
deixar a cidade sem descobrir.
— Sim, chefe.
— Sente o ar aqui, Nate? Está sentido que irá chegar algo, não é?
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constantemente. Bastava experimentar um novo movimento a cada
quatro segundos ou assim, não se comprometendo a um único. Elas
faziam um bom par.
— Ei, Jasper Ellis. — Gina disse seu nome como a maioria das
pessoas diziam torta de cereja. — Você está pensando em se juntar a
nós. Posso ver isso.
Bem a tempo de ver Rita entrando no bar. Ela trouxe uma brisa
fresca, uma energia relaxante que o excitou. Sua irmã estava junto e
Jasper agradeceu por isso. Hurley era segura o suficiente, mas ele não
gostava da ideia dela caminhando para o Liquor Hole sozinha e no
escuro.
Isso era exatamente como Rita era. Uma provocação. Uma que
dizia: nem tente isso, filho da puta. Mas, ao mesmo tempo, sua camisa
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de mangas longas com os punhos abertos, fazia com que pensasse
neles deitados no chão da sala enquanto a chuva molhava o telhado. A
camisa iria mover seu cabelo para cima quando a tirasse sobre a
cabeça, mas eles não se importariam por ser sábado.
11 Também conhecidas como India Pale Ale, são cervejas de alto amargor e geralmente de alto teor alcoólico.
Cervejas carregadas de lúpulo, e por isso bem amargas, mas que conseguem se conservar por muito mais tempo
do que cervejas com menos lúpulo. É uma cerveja que varia na intensidade de amargor e percentual de álcool
de acordo com o sub-tipo: American IPA, English IPA, Imperial IPA e a nova Black IPA.
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Jasper se inclinou contra o bar ao lado de uma Rita tensa, mas
chegou a apertar a mão da irmã.
— Claro que tenho. Por favor, evite Van Halen. — Ele percebeu a
pista de dança se encher, os casais se aproximarem um do outro. —
Tende a excitá-los.
— Certo.
Agora, tinha que fazer ela olhar para ele. Parecia mais interessada
na condensação do copo que Nate colocou no balcão. Antes que
pudesse ficar encantado com os movimentos do seu dedo indicador,
Jasper disse.
— Foi inevitável.
— Como assim?
Rita tomou um gole de cerveja, ele pensou que ela iria se virar.
76
— Aquilo perto do telefone público não foi bem escondido. Eles te
vi...
— Por quê?
Ela se virou até que suas pernas apontaram para ele. Era um sinal
intermitente que dizia que o progresso poderia muito bem ter subido
em sua cabeça.
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padrões e hábitos. Um comportamento que ele pensou ter enterrado,
mas aparentemente, sua atração colossal por Rita fez tudo voltar.
Jasper virou para o lado, se apoiando com um cotovelo no bar.
— Foi inevitável.
12 General Hospital (abreviada como GH) é uma soap opera estadunidense exibida originalmente, creditado
como a mais duradoura série dramática pelo Guinness World Records, estando em atividade pela ABC desde
1963.
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de jazz enfumaçado. Ele queria que o som voltasse assim que
desapareceu. Queria ouvi-lo vibrar contra seu ventre. Vá com calma,
cara.
— Sinto muito.
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— A maioria das mães querem evitar que seus filhos se
transformem em esculturas de gelo flutuantes. Qual foi a razão?
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— Preocupado pode ser um exagero. — Disse Rita. Quando seu
olhar castanho dourado foi para a boca dele, Jasper percebeu que
mudou para seu perfil pessoal, sem qualquer pensamento consciente.
Um de seus joelhos roçava seu jeans cobrindo o quadril e Deus o
ajudasse, se o bar estivesse vazio teria se colocado entre as coxas dela
antes que pudesse chamar Jesus. Para alguém que não sentia mais do
que uma apreciação pelo sexo oposto em anos, sua libido estava
tentando aparecer com força total essa noite.
Minta. Ele tinha que mentir. Quero deitar você e te foder nesse
lugar, mas estou tentando ser um cavalheiro, isso não era um
pensamento aceitável. Era muito agressivo quando ela parecia
assustada apenas com sua proximidade. Mas estava indo embora,
deixando a cidade e a opção devagar não estava funcionando para
Jasper quando não sabia nada sobre ela. Então, diria a verdade
deixando de fora a realidade suja em sua calça.
— Estava pensando que teria sido muito ruim se seu carro tivesse
quebrado uma cidade acima. — Sua voz estava rouca, então ele limpou.
— Mais do que ruim. Estou encontrando dificuldade para pensar, se
você quer saber a verdade.
Por longos momentos, ele não pode ouvir um único som no lugar.
Sem música, sem gelo sendo triturado ou gargalhadas. Estava lá na
perplexidade de sua expressão. Esperava que ela falasse uma besteira
ou fizesse uma piada, mas não fez. Chocou ele com isso.
81
CAPÍTULO OITO
Santo cannoli com avelã.
Ele poderia muito bem ter dito o que prometeu em voz alta, porque
o rodeava como uma aura. Homens como Jasper deveriam ser
reservados para memes sexys da internet, mas ali estava ele. Seu
próprio gif privado em movimento, apesar de que não reiniciou depois
82
de três segundos13. Não, ele continuou se aproximando, como se não
pudesse evitar beijá-la uma vez que começasse. Como se pudesse fazer
uma tonelada a mais do que apenas beijar com aquela boca.
13 Ela se refere ao movimento dos Gifs animados, que duram em média três segundos e começam a se repetir
o movimento.
83
— Venha comigo, Rita. Eu quero estar com você onde ninguém
esteja olhando.
A ponta de sua língua fez contato com seu lábio inferior e seu
cérebro quase parou. Se seu gemido ecoando fosse qualquer indicação,
estava tão afetado quanto ela. Mas isso era impossível, não era? Era
ela quem ele estava beijando. Rita Clarkson. O fracasso da família, sua
carreira resumida em um vídeo de trinta segundos no YouTube.
Nenhuma perspectiva romântica para se vangloriar.
84
carismático e nem a esse lugar. Deus. E se ele estivesse apenas
entediado com o sabor local e queria algum sabor novo?
Ela estava sendo atraída de volta para seu feitiço. Mas mesmo que
sua consciência não estivesse totalmente envolvida nesse feitiço, não
conseguiria se afastar ou prestar atenção aos sinais de alerta na
estrada da destruição.
85
— Posso ser teimoso quando tenho um objetivo a atingir. Apenas
precisa esperar e ver. — Ele respondeu, completamente implacável. —
Você virá ao meu escritório para que possamos nos conhecer? Ou quer
ser levada?
Carregue-me.
Ela olhou para suas mãos unidas, notando seu aperto forte pela
primeira vez, provavelmente porque estava pronta para fazer um ponto.
Seus dedos estavam brancos, a espera inquebrável tão em desacordo
com sua atitude casual.
86
sapatos. Jasper visivelmente se irritou com a chegada das mulheres. E
essa reação revirou o estômago de Rita.
— Deixe-me ir.
87
— Não posso.
— Você pediu.
— Rita, te conheço a menos de um dia e sei que você não faz coisas
porque alguém pede.
Certo, tudo bem. Então o que ele quer ouvir? Ela veio porque ele
a fascinava? Por que se sentia atraída contra sua vontade? Ela preferia
morrer a ter que admitir isso depois de terem encontrado Minissaia Um
e Minissaia Dois no bar.
— Errada de novo.
Rita respirou.
89
CAPÍTULO NOVE
Ali estava ele.
Mas poderia ser uma oportunidade para Rita ver mais. Ele
prometeu a si mesmo que iria parar em beijos. Apenas o suficiente para
cumprir a promessa feita anteriormente fora da oficina. Apenas o
suficiente para que todos seus outros pensamentos não fossem qual
gosto ela teria... que jeito ela gostava... oh DEUS, como seria ter sua
boca? Então seu passado apareceu e o mordeu na bunda mais uma
vez, as suspeitas que ela claramente já tinha sobre ele se confirmaram
no espaço de trinta segundos.
Tudo bem.
90
irritado para ouvir a advertência. E sim, estava envergonhado.
Provavelmente ainda mais do que irritado. Foi humilhado por um longo
tempo e agora, bloquear isso parecia uma ideia muito boa.
— Foi por isso que você veio, não é? — Falar sujo com uma mulher
era como andar de bicicleta. Jasper esfregou a mão no queixo mal
barbeado e deu a Rita um deliberado aceno de cabeça, observando suas
coxas flexíveis sob seu traseiro. Seu pau gostou da visão, endurecendo
em sua cueca. Certo, linda. Vou me encaixar entre elas com força
suficiente para mostrar quem está na liderança. — Você é o tipo de
mulher que fode contra a parede, não é?
Maldita seja ela por fazer ele querer rir quando precisava quebrar
alguma coisa.
91
— Hm... — Seu abdômen se contraiu sob o toque dele e
estremeceu. — Não há nenhum lugar para ir?
— Certo. Você não tem nenhum lugar. Para ir. — Ele abriu o botão
da calça dela. — Talvez toda mulher goste contra a parede. Mas nem
todo homem pode mantê-la ali tempo suficiente para chamar isso de
foda. É a única maneira que um homem termina com uma mulher, no
meu livro. — Ele mordeu o lábio inferior. — É por isso que está aqui,
não é? Você precisa de uma boa foda sacana e decidiu que seria eu a
fazer o trabalho.
Ela abriu a boca para responder, mas ele eliminou qualquer que
fosse sua resposta empurrando a mão no jeans dela e colocando em
sua boceta.
92
ser em nada além de como ele poderia transar. Então teria informações
da melhor maneira que sabia.
— Você sabe que se não disser quanto tempo faz, mais vou
começar a trabalhar entre essas pernas.
— Por que você quer saber? Assim pode rir de mim como aquelas
mulheres fizeram? Então pode me descrever como uma despesa de
caridade em seus impostos? — Sua respiração soprou contra seus
lábios. — Vai se fuder. Não me importo com o que você pensa.
93
Ela desceu os dedos acariciando o antebraço dele para cobrir a
mão que tocava sua boceta para lembra-lo do contato íntimo. Oh e ele
se lembrou como uma vingança maldita. Colocou pressão sobre a mão,
gemendo em sua boca com a linguagem universal para mais, continue.
Com suas línguas se tocando, os lábios frenéticos, ele não tinha
escolha. Puxou a calcinha e enfiou seu dedo médio entre suas dobras
molhadas, enquanto afastava sua boca para que pudesse amaldiçoar.
— Oh, você não pode dizer coisas assim. Ou isso... acabará muito
rápido.
94
moribundo que receberia um passe livre para o céu se pudesse aliviar
a pressão que sentia dentro de Rita. Seu corpo estava quente e
apertado, sua necessidade óbvia de uma maneira que refletia a dela.
95
— Você veio aqui essa noite para a sua vez com o vagabundo da
cidade. — Disse ele contra sua boca, aço em seu tom. — Isso é tudo o
que é. O bom Jasper, ao seu serviço. Para satisfazer sua necessidade.
Então ele se lembrou. Lembrou por que não deveria ter permitido
ser puxado para baixo por seu beijo. Por que você quer saber? Assim,
pode rir de mim? Sua garganta secou com a lembrança de como ela
disse isso. Ah, Jesus. Como era possível que ambos tivessem uma ideia
errada quando sua intenção era finalmente se comportar bem com uma
mulher? Eles estavam lutando diferentes versões do mesmo demônio?
96
— Não, eu tenho que ir.
97
CAPÍTULO DEZ
Rita podia ouvir Peggy bufando atrás dela, lutando para se
manter, mas seus pés não colaboravam. A seu pedido, elas tinham a
intenção de entrar no quarto de hotel o mais rapidamente possível. Oh
Deus, o rosto dela com certeza estava manchado de vermelho brilhante.
Mortificada. Ela estava completamente mortificada.
Uma das principais razões pela qual não tinha encontros era o
medo da rejeição, medo de que alguém de quem realmente gostasse
visse o pior dela. Ou pior, o melhor dela — considerando a falta disso.
Da forma como seus instrutores na escola de culinária fizeram quando
as habilidades da filha da famosa Miriam Clarkson provaram ser
medíocres, ao invés de extraordinárias. Ela evitou as redes sociais na
internet enquanto competia no reality show, mas seus colegas
competidores não hesitaram em passar a essência. Não estava à altura
do nome. E essa noite, não apenas mostrou a Jasper suas
inseguranças, mas de alguma forma conseguiu apontar isso sem
nenhum esforço consciente.
98
Não olhe agora, mas aí vem Rita, a detentora da mediocridade e
protetora da destruição. Evite contato visual.
— Vamos lá Rita. — Peggy disse com sua voz ainda longe. — Ele
não pode ter sido tão ruim assim.
Rita bufou.
— Não foi um encontro. Foi mais como, uma sessão de beijos mais
confusa do mundo e não vou falar sobre isso, porque então mantenho
fresco.
14 Filme dos anos 90 em que 2 mulheres entediadas resolvem fazer pequena viagem para fugir da rotina
entrando em várias confusões.
99
— Engraçado você mencionar isso, porque estou pensando em me
jogar da porra de um Grand Canyon.
— Certo.
— Acho que não importa, vamos sair dessa cidade pela manhã de
qualquer maneira. Mas tinha grandes esperanças com Jasper. — Rita
esperava que sua irmã parasse a conversa depois da declaração,
sentindo um aperto no estômago, mas não foi o que aconteceu. — Oh
bem. Uma coisa é certa, você não pode vencer todos eles. Meu último
ano na universidade...
100
— Não, está tudo bem. Você está certa... nossas experiências não
são semelhantes. — Elas chegaram na brilhosa placa do hotel e Rita
viu um cansaço atípico no olhar de Peggy. — Por exemplo, duvido que
já se apaixonou por alguém por tanto tempo que não possa deixar
outros homens, na verdade, quatro bons homens honestos, realmente
lhe darem uma vida feliz. Porque ser ruim para eles é melhor do que se
contentar com qualquer outra pessoa.
De uma só vez, sua irmã se iluminou, mas seu discurso não foi
esquecido.
101
— Espere. — Ela falou para a irmã, que já estava indo em direção
ao quarto. Peggy parou ao ouvir o som da voz de Rita. — Obrigada por
tentar me fazer sentir melhor. Funcionou. Mesmo você apenas
incomodando para sentir-me menos como uma porcaria.
— É um começo.
102
que pairava sobre sua cabeça. Sem a pressão para manter a reputação
do restaurante.
— Aaron ronca.
— Quer dizer, eu não sei por que saberia isso. Nós nunca nos
vemos para descobrir essas coisas. Nós apenas nos vemos ou nos
relacionamos durante uma discussão ou pela Internet. — Disse ela. —
Gosto de saber que Aaron ronca.
Belmont grunhiu, mas ela sabia que isso significava: Por quê?
— Isso significa que ele é falho. Pensarei nisso na próxima vez que
ele chamar meu suflê de decente. — Ela pegou em seus cadarços. —
Apenas roncos agitando a janela.
— Você assistiu?
103
Outro grunhido. O prazer correu em círculos ao redor do meu
peito.
— Não se desculpe.
— Certo.
104
— Não estou aqui porque Aaron ronca. As paredes pareciam muito
perto. — Parecia irritado consigo mesmo por ter revelado isso. Rita
podia ver que eles começavam a se calar novamente e correu para
inserir um assunto.
— Certo.
Rita tinha certeza de que seu revirar de olhos não foi muito
convincente quando passou por ele indo em direção ao hotel. Seus
espíritos calmos novamente, no entanto, quando se virou para dar boa
noite para Belmont viu que o olhar distante tinha voltado.
105
A viagem foi um erro? Seu irmão mais velho estava obviamente
sofrendo algum tipo de ansiedade por estar em um ambiente
desconhecido. Ela empurrou Peggy longe, talvez ainda mais do que
antes, quando sua irmã apenas tentou ajudar. E agora que o pior de
sua vergonha esfriou, lembrou-se da forma como a voz de Jasper vibrou
com a emoção quando ele se chamou de: o vagabundo da cidade. Não
falou como algo masculino ou algum tipo de piada. Incomodava-o. Ao
invés de ser lembrada com carinho, seria a garota que parou em Hurley
tempo suficiente para cutucar seus demônios.
Um suspiro a deixou. Ela não podia fazer nada sobre Jasper agora.
Eles estavam indo embora de manhã.
106
CAPÍTULO ONZE
— O que quer dizer com “é a peça errada”?
— Não podemos ficar presos aqui outro dia. Como é que isso
aconteceu mesmo? — Aaron visivelmente parou de falar, conseguindo
uma versão de vinte dólares de seu sorriso de milhões de dólares. —
Não que Hurley não seja boa, mas estamos em um cronograma
apertado.
— Tecnicamente, um dia não irá nos matar. Você não precisa estar
em Iowa por mais uma semana.
— Sim, mas eu usei esse tempo para estabelecer bases. Não sou
o único disputando a posição de assessor.
107
— Então, está perdendo um dia. — Rita o interrompeu, tentando
realmente não pensar em como ficar outro dia em Hurley elevava
seriamente as chances de correr para determinado proprietário de bar
que ela esperava nunca mais ver. A vibração em seu estômago
definitivamente era ansiedade, não excitação. Ou alívio. Nada além
disso. — Nós vamos descobrir uma maneira de compensar o tempo
perdido.
Belmont interrompeu seu irmão com um olhar que dizia: Por favor,
não tente falar sobre carros.
108
— Quando escreveu aquele diário, tenho certeza que isso não era
o que ela tinha em mente.
Foi seguido por Belmont e Peggy, que poderia muito bem ter ido
para escapar do Tsunami que ela era. Rita. Estranho como passou toda
sua vida sem falar e agora não conseguia manter a boca fechada.
109
cozinha tiveram pausas para fumar ao longo dos anos, mas ela sempre
se absteve, com medo disso afetar o seu paladar. Por que estou
pensando nisso?
Agora que eles ficariam em Hurley mais um dia, ela não tinha
nenhuma desculpa. Cheia de determinação, Rita afastou o olhar da
terra poeirenta e se virou para dar de cara com Jasper.
110
estilistas de Hollywood provavelmente trabalhavam durante horas para
atingir esse visual e o dele vinha naturalmente. Um homem que
acordou, se esticou e flexionou o bíceps sobre sua cabeça, esfregou a
mão pelo seu cabelo e sorriu antes de se levantar para beber café nu
em sua cozinha. Afinal, por que passar um momento desnecessário
vestido? E por falar em roupas, o calor saindo de sua camisa de flanela
dentro da calça rivalizava com o sol. Ela apostaria qualquer coisa que
se cheirasse a curvatura do tecido ao redor de seu ombro se lembraria
do aconchegar de um pijama que acabou de sair da secadora.
— Uh... sim. Ainda aqui. — Pare de mover seus pés como uma
estudante do ensino médio. — A peça que chegou está errada e minha
família estava armando um motim.
15 É uma série de comédia de 1964 até 1967. O programa contava as aventuras de sete náufragos em uma ilha
tropical desconhecida e aparentemente inabitada, as dificuldades para sobreviverem e suas tentativas de
voltarem à civilização
16 Um filme de Werner Herzog – um documentário que narra a situação hipotética: uma espaçonave na órbita
da Terra é impedida de retornar ao planeta. Por algum motivo a superfície se tornou inabitável.
111
— Qual personagem você é?
112
— Nah, bonita. Não sou nenhum pouco assustador. — Ele mordeu
o lábio e chegou mais perto, ignorando a distância que colocou entre
eles, apesar de Rita sentir a mesma coleira em volta do pescoço como
na noite passada. — Mesmo que tenha pensado em tirá-la de sua cama
na noite passada para me desculpar.
Sua risada puxou ela para baixo, como areia movediça, mas ele
ficou sério quase imediatamente.
Mesmo após o fracasso da noite passada, ela não podia negar que
Jasper a fez se sentir importante. Não tão estranha. Por que ele
pensaria diferente essa manhã? Seu aparente interesse fazia Rita se
sentir realmente bem.
Ela queria saber mais sobre o homem que hesitava entre suprema
confiança e auto aversão. Queria saber como isso era possível. E com
loucura o suficiente, pensou que talvez houvesse uma chance de poder
se relacionar com ele, esse encantador e sexual homem. Não havia
113
como negar que Jasper começou uma fogueira de atração abaixo do
seu umbigo e que o calor era novo. Imaginou-o entrando pela escuridão
de seu quarto de hotel para tirá-la da cama, pensava nele colocando
uma mão sobre sua boca e inclinando o corpo pesado sobre o dela,
abafando seus gemidos quando lhe dava uma prévia do que estava por
vir. Sentiu o algodão de sua calcinha contra sua pele e sentiu o calor
se espalhando entre suas coxas. Seu pescoço estava vermelho
brilhante, ela podia sentir isso. Sabia que o tom era visível. Nunca ficou
excitada em público antes e ele não fez nada além de ficar ali de pé.
Sua percepção sobre sua condição deixou Rita ainda mais curiosa.
Quando ficou tão sem vergonha? Ela viu a evidência na última noite de
como as mulheres se jogaram para ele. Aparentemente, não era
diferente de qualquer uma delas. Rita, a perseguidora.
114
conhecer alguém novo, mais oportunidade para um passo em falso em
traquejo social. Mais problemas.
115
CAPÍTULO DOZE
Tudo certo. A fase um foi alcançada. Ela estava na moto.
Ele não iria se atrasar e desperdiçar o dia extra que tinha com
Rita. Tempo extra era o tema de hoje e era melhor começar a descobrir
alguns detalhes. Por que tinha a sensação de que estava fugindo de
alguma coisa? E por que estava determinado a ser um obstáculo que
ela não poderia passar? Alguém que a levasse a sério. Mais importante
ainda e se o impossível acontecesse e Rita o achasse digno de mais do
que um rolo no feno? O amanhã traria sua partida. Era uma coisa uma
mulher desfrutar de uma conversa de verdade com ele e outra
completamente diferente... o que?
116
— Como você sabia que estaria na oficina? — Rita perguntou em
seu ouvido.
— Você vai fazer-me admitir ser intrometido, não é? — Ele fez uma
curva e Rita se inclinou junto a ele como instruiu antes de sair da
oficina. — Os homens gostam de serem descritos com palavras como
misteriosos ou diabólicos. Se puder trocar intrometido, por um desses,
eu apreciaria.
117
isso desde que começou a construí-lo. — Como você sabe, não sou
muito bom em nomear lugares. Tenho esperança que o local possa se
autonomear.
Sua risada enviou um prazer direto para seu estômago, como areia
passando através de uma peneira.
118
As coxas ao redor de seus quadris flexionaram, forçando Jasper a
acalmar sua ereção dentro da calça. Fique calmo amigo. Nós vamos para
a casa da vovó. Volte para dentro.
Ela não respondeu, até que ele parou na frente da casa de sua
avó.
— Talvez.
Como era seu costume, Rosemary Ellis fez sua aparição antes que
ele pudesse desligar a moto, correndo para a varanda com braços
abertos, tentando dar ao mundo inteiro um abraço.
— Pare com esse tipo de conversa agora. Isso não será aceito na
minha mesa de almoço. — Ela ziguezagueava em direção a Rita,
acariciando seus ombros como se estivesse tentando apagar as
chamas. — Cabelo de Capacete.
120
Oh, rapaz.
Sua avó apertou a mão oferecida de Rita tão rapidamente que era
uma maravilha não a arrancar.
Bem, ele amava sua avó. Tanto quanto lhe dizia respeito, o lema
da cidade deveria ser “Hurley: Local de nascimento de Rosemary Ellis”.
Mas como um homem, Jasper podia olhar para trás e ver, enquanto
crescia que ela tinha uma compensação excessiva a sua falta de pais e
de interesse, indo no sentido oposto extremo, elogiando o mínimo dos
esforços. Ele a amava muito também. Porém, muitas vezes perguntou
se as palavras de incentivo de Rosemary eram autênticas ou se seus
pais tiveram uma ideia correta sobre ele.
Jasper não culpava seu avô por ter um tempo difícil em olhar para
seu único neto, um homem que acabou com o suado dinheiro em uma
pilha. Não, ele não culpava seu avô pela hostilidade, mas queria mudar
isso para caralho. Talvez não teria a aprovação, porque seria muito
para pedir depois de doze anos, mas algo parecido com o perdão valeria
a pena o tempo que colocou no restaurante.
122
— Escola de culinária. — Imaginou Rita em um avental e um
chapéu, mas não poderia ter certeza. Não na primeira vez. Não até que
ele pensou em sua mão segurando uma colher, levantando a colher à
boca. Sorrindo para si mesma sobre o que ela provou. Ok, sim. Podia
ver isso. Gostava também. — Quando você disse que trabalhou em um
restaurante...
123
andar. Abrindo uma gaveta, Rita encontrou a faca elétrica na primeira
tentativa. Era um pouco louco que ele tivesse o desejo de vê-la se
movimentando ao redor de sua cozinha como agora?
— Rita?
Sua resposta foi um grande soluço engolido e ele sentiu isso vindo
de seu peito. Jasper estendeu a mão e agarrou a faca em uma fração
de segundo antes que ela a deixasse cair.
124
CAPÍTULO TREZE
Sua mão vibrava com o som familiar da faca elétrica. E então
parou. Mas tirar o instrumento da mão de Rita não fez nada para
impedir as placas tectônicas de se deslocar debaixo de sua pele. Metade
de sua consciência ainda estava na cozinha com Jasper que falava
baixo demais para ser ouvido sobre o terremoto dentro dela, mas a
outra metade estava de volta ao Wayfare. Não na noite do incêndio.
Muito antes disso. Uma noite em que Miriam ficou até tarde na
esperança de aperfeiçoar a técnica do suflê de Rita.
~*~
— Está tudo bem se apenas admitir que talvez nunca seja boa em
uma coisa? — Seu tom era tão plano e enfadonho quanto suas últimas
cinco tentativas de um suflê. — Ouço isso o tempo todo. Lá fora. Fora da
cozinha. As pessoas dizem que não posso andar de salto. Que não sei
desenhar uma merda. Mas eles estão muito bem com isso. Talvez eu
apenas possa ficar bem bebendo alguma coisa.
125
— Rita. — Miriam disse o nome dela do jeito quente de uma lareira.
Se congratulando, brilhando. — Se uma coisa não dá certo você não tem
escolha a não ser continuar tentando.
— Tente seis.
~*~
— O que, linda?
126
Jasper olhou para suas mãos um momento, como se não tivesse
certeza de como proceder, em seguida, colocou-as cuidadosamente em
seus ombros largos e firmes. Observando para avaliar sua reação, ele
começou a balançar, lado a lado. Quase como se estivessem dançando.
Isso era ridículo, ainda estava entorpecida pelo pânico. Mas pânico de
que? Abrir um peru? Realizou a tarefa mil vezes em sua vida.
127
— Você provavelmente gostaria que fosse um pouco menos
intrometida agora. Isso vai te ensinar.
— Eu, hum...
128
— Oh, cara. — Enquanto passava por Rita e o atingindo nas costas
com um pano de prato. — Seja bom, então. Tenho planos para a tarde.
— Sim, sim. — Ele piscou para Rita, sua técnica perfeita quando
movimentou a faca. É claro que sua técnica era perfeita. — Conte-me
sobre seus planos, Rosemary. Se você irá se encontrar com o Sr. Wells,
pela terceira vez essa semana, que conta como sério no meu livro, vou
ter que lhe fazer uma visita.
129
suficiente para alimentar uma equipe de pedreiros famintos, antes de
repetir.
— Não, isso pode ser a única coisa que ele não mencionou. —
Olhando de lado, piscou para Jasper.
— Bem. Nós nos encontramos uma vez por semana para algumas
atividades. — Jogou o rolo de volta na cesta. — E acontece que essa é
a minha semana para escolher o que nós faremos.
— Oh. — Ela trocou um olhar com Jasper, que fez uma pausa. —
Pensou já em alguma coisa?
130
Jasper estava obviamente emocionado com a descrição de seus
clientes.
— Sinto muito, não ficarei aqui por muito tempo. — Por alguma
razão, Rita sentiu a necessidade de evitar olhar para Jasper. — Minha
família e eu deixaremos a cidade assim que o nosso Suburban for
reparado.
131
CAPÍTULO QUATORZE
Jasper parou sua moto no estacionamento do hotel, desejando
que o lugar fosse mais de 16 km de distância apenas para que Rita
pudesse se agarrar a ele um pouco mais. Ela estava calma desde que
deixaram a casa de Rosemary. Então novamente, supôs que estivesse
tranquilo também. Quando se encontraram pela manhã o tempo
parecia uma coisa relativa, ao passo que agora era finito.
Bem. Ele apenas tinha que se organizar para ter mais tempo, né?
132
trás com Rita, não deixaria a pressão escoar. Queria acelerar e ver o
quanto mais poderia segurar. Mas o acelerador era controlado por Rita.
133
— Tudo bem. — Jasper parou, desligou a ignição e ajudou Rita a
descer. Estava em uma situação de vida ou morte. Passou a manhã
com ela e isso inspirava um desejo de passar mais tempo em sua
companhia? Ou menos? Ele avaliou e saberia em um minuto. — Então,
eu a verei essa noite?
— O que?
134
Jasper disfarçou seu gemido com uma tosse em seu punho. Porra.
O celibato o estava transformando em um verdadeiro idiota. Tudo
aconteceu em câmera lenta enquanto Rita passava a mão pelo cabelo
dela, apertando o tecido de sua camiseta. Os mamilos se destacando
na frente. Se mamilos pudessem falar, Rita estaria dizendo: Que pena
e que triste, quem perde é você.
135
para mim, linda. Para mim, suando nesse estacionamento, tentando
levá-la para comer alguma coisa. Acha que não quero te beijar?
— Você acabou de dizer que jurou não sair mais com mulheres?
— Eu disse.
136
— Porque quero te ver essa noite. Não quero pensar em não te ver.
Preciso colocar uma mesa entre nós para que eu possa descobrir o que
está acontecendo em sua cabeça. Sem essa mesa, eu vou...
— O que?
— Você disse algo assim na noite passada. — Ela olhou para cima
de sua boca ofegante. — Eu realmente não gostei.
137
Ela realmente o ouviu ontem à noite. Ouviu as palavras dele sem
achar que eram besteiras vindo de um mentiroso, a maneira que todos
tendiam a considerar qualquer coisa que saia de sua boca. Não essa
mulher. Ainda não, de qualquer forma. E manter a atenção dessa
mulher por um dia era um milagre no livro de Jasper.
— Tentarei parar de dizer coisas que você não gosta, mas não
posso garantir nada.
— Obrigado Cristo.
138
porra eles estavam envolvidos, o que não deveria ser tão totalmente
sexy e voraz. Mas certo para caralho que era. Estavam atacando um ao
outro com a procura de línguas e lábios abertos, jogando para ver quem
iria ceder primeiro.
Ela iria embora. E ele teria falhado em sua tentativa de ser algo
mais para alguém. Jasper afastou a boca, liberando uma exalação
rouca em seu pescoço.
139
— Correndo o risco de soar arrogante Rita, eu nem sequer movi
meus quadris ainda. Você mal conseguiu uma prévia de quão bom
posso ser com...desculpas.
Não faça isso. Você terá uma ereção por uma década.
140
cinco bombeadas ásperas fizeram a moto ranger debaixo de Rita. Cric,
cric, cric. — Eu sinto muito.
Quando sua cabeça foi para um lado, colocou a boca sobre a pele
sensível de seu pescoço e chupou. Isso mesmo, deixarei uma marca. Da
maneira que eu puder.
141
— Vá para dentro. Preciso ver a porta se fechar atrás de você para
minha paz de espírito.
Rita piscou algumas vezes antes de abaixar a cabeça. Por que sua
preocupação parecia surpreendê-la? Ela foi para frente alguns passos,
depois parou, lhe dando um olhar autoconsciente sobre seu ombro.
— Italiano, então.
142
CAPÍTULO QUINZE
Rita ainda estava olhando para a porta fechada do quarto de hotel
quando o tumulto começou do lado de fora. Comoção poderia ter sido
uma palavra muito forte, mas desde que ela esteve sentada em silêncio
por uma quantidade desconhecida de tempo, tentando entender como
um morador do deserto se enfiou debaixo de sua pele em questão de
vinte e quatro horas, qualquer perturbação dessa força se qualificava
como uma comoção.
Você não irá querer nada comigo depois. Terei servido ao meu
propósito. Ela ainda podia ouvir a convicção em sua voz, a dor. E não
desconstruir a receita que era Jasper e encontrar o ingrediente
adicionado incorretamente era algo sobre o qual tinha conhecimento.
Embora, ao contrário do ato de analisar uma receita, Jasper não a fazia
143
se sentir ansiosa. Como se estivesse à beira de fracassar. Era
exatamente o oposto na verdade. Ao redor dele ela não conseguia
escapar do otimismo. O que fazia Rita pensar se tentar minimizar
coisas boas sempre foi o seu padrão.
Sage Alexander.
Claro. Ela esteve tão envolvida por certo proprietário de bar que
esqueceu o plano formado com Peggy na última noite para trazer Sage
a Hurley. Depois de concordar que o comportamento de Belmont era
cada vez mais preocupante, Peggy ligou para sua melhor amiga e
planejadora de casamentos, explicando a situação sem muitos
detalhes. Ela sabia o que eu estava dizendo sem ter que soletrar, Peggy
disse depois de desligar o telefone. Ainda era um mistério nesse
momento que tipo de relacionamento Sage tinha com Belmont, mas
Peggy parecia confiante de que a chegada da planejadora de
casamentos seria boa para ele.
144
pairando de lado enquanto as duas mulheres recapitulavam cada
passo minúsculo que deram desde a última vez que se falaram.
Embora, para ser justa, a conversa foi mais com Peggy falando sem
parar enquanto Sage ouvia com um sorriso indulgente, seu afeto por
Peggy era claro.
— Eu queria vir.
145
entretenimento como o concierge17 de um hotel cinco estrelas, dando a
Rita a oportunidade de observar Sage. Ela parecia estar em seus vinte
e poucos anos, embora com as sardas salpicando seu nariz e bochechas
poderia se passar por caloura de faculdade, se necessário. Seu leve
vestido azul era conservador para dizer o mínimo. O decote era todo
coberto abaixo de sua clavícula e se estendia bem além dos joelhos,
como uma espécie de retrocesso para os anos cinquenta. Quando Rita
ouviu as palavras organizadora de casamentos, sua mente conjurou
uma mulher com maçãs do rosto acentuadas e saltos altos que
poderiam dobrar como uma arma. Sage não poderia ser uma assassina
em seu pior dia se Rita a estava julgando corretamente.
17 Significa porteiro em francês, mas como é um hotel cinco estrelas, o nome foi mantido.
146
lugar, ela poderia nunca ter descoberto que o mundo de Belmont era
composto por Sage Alexander. É chamado de viagem no tempo da
mente. Um homem que voltava e conhecia sua esposa tudo novamente,
mantendo as lembranças de sua vida original juntos.
— Olá, Belmont.
— Por quê?
— Eu fiz franja.
148
— Franja. — Belmont repetiu, como se fosse uma palavra
estranha, estrangeira. — Eu não sei se gosto disso.
Peggy engasgou.
— Bel...
Belmont fez seu melhor para olhar Sage na calçada, mas ele
pareceu perceber isso e olhou para trás em direção ao estacionamento.
— Ok.
149
mantendo a pose. Até que ele roçou seus ombros juntos e os olhos se
fecharam. Apenas por um segundo, antes de entrar pela porta.
Nenhuma delas disse nada até que Belmont voltou para seu
quarto de hotel com a porta fechada. Nesse momento Peggy bateu
palmas, rompendo o feitiço da câmera lenta.
150
CAPÍTULO DEZESSEIS
Trinta e três anos de idade e esse é meu primeiro encontro.
Até mesmo Jasper teve que rir dessa comparação. Parou sua
caminhonete em um dos inúmeros espaços vazios em Hurley e passou
a mão pelo cabelo, não estava surpreso por estar nervoso. Passaria
tempo na companhia de uma mulher inteligente. Uma mulher
interessante. E não conseguia se lembrar da última vez que
ultrapassou a barreira da conversa trivial com alguém do sexo oposto.
Daqui vinte minutos, ele poderia muito bem estar perguntando a Rita
sua cor favorita, mas tinha muita esperança que não precisasse disso.
— O que?
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Rita respirou a palavra, causando uma pequena convulsão em seu
corpo. A saia jeans vermelha apertada que usava evidenciava seus
quadris, mergulhando baixo o suficiente para que Jasper pudesse
distinguir o recuo do seu umbigo abaixo da blusa preta.
— Por favor, me diga que você não está sozinha aí. Diga que há
um irmão ou irmã assistindo uma reprise de Cheers algum lugar.
153
outro lado do estacionamento? Ou ele estava tão excitado por essa
mulher que não podia ver direito? Não sabia. Porra, então precisava se
afastar. Mas era difícil quando mais ninguém estava lá e ela estava
voltando para a cama como se quisesse ser fodida por ele o mais rápido
possível.
Ela estava com tesão. Esse era o principal problema aqui. Embora,
se Jasper perguntasse à defesa em um tribunal, um júri iria condená-
lo, com certeza. Porque uma mulher realmente excitada era um dos
tesouros da vida. Agora Rita excitada? Era a nona maravilha do mundo.
Sua força gravitacional o arrastou para frente até que as panturrilhas
dela estavam contra o colchão e suas mãos escorregaram até as laterais
das coxas firmes. Então, sim, esse era um problema. Porque ia contra
a natureza de Jasper permitir que Rita permanecesse em tal estado.
Deixar ela no estacionamento após a sua sessão calcinha molhada
quase o matou, mas iriam fazer isso caso ela ficasse olhando assim.
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A frustração atingiu ele. Todos seus instintos gritavam para dar a
Rita o que ela precisava ou o que eles precisavam, mas seu peito ficou
oco quando imaginou o que viria depois. O que sempre vinha depois.
— Hã?
— Sim.
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— É uma... uma borboleta...massageadora.
— Por quê?
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através da umidade de sua boceta. Então puxou o fio dental para trás
alguns centímetros e bateu contra sua carne quente, saboreando seu
grito abafado, antes de se lançar sobre seu corpo, pressionando-a para
baixo, contra o colchão. Por causa da diferença de tamanho, foi
cuidadoso para não machucar ela, apenas o suficiente para que não
fosse capaz de escapar do prazer que ele pretendia infligir.
157
— O que? — Na verdade machucou falar porque ele estava
exercendo tanta vontade para manter seus quadris imóveis, evitando
empurrar para o vale de seu traseiro. Porra, ele podia sentir cada
centímetro de seu pau através de seu jeans. A imagem de sua calcinha
preta entre sua bunda brilhava em sua mente. — Você normalmente
não o que?
— Faço tão forte. Ou... muito. — Ela soltou a última palavra com
um gemido do seu nome. — Jasper.
— Tudo para você. — Ele falou contra sua nuca. — Tudo para
você.
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Quando sentiu o quadril de Rita investir, ambos disseram
maldições abafadas no quarto escuro, onde o único outro som que
competia com eles era o ar-condicionado barulhento.
— Vamos, Rita. Mova-se. Você não tem escolha, tem? Não comigo
te segurando, mantendo seu clitóris contra esse vibrador. — Ele
escorregou os joelhos para trás, aplicando um toque mais de seu peso
para baixo na bunda dela. Ela apertou os punhos no edredom com um
grito. — Nenhum lugar para ir. Não há forma de escapar. Não até que
você esfregue sua boceta contra minha mão e goze como você disse. —
Ele sussurrou em seu ouvido. — Vá em frente, linda. Não vou contar a
ninguém.
— Jesus, o jeito que você move seu traseiro... — Jasper disse entre
dentes. — Você pode muito bem estar me dando um trabalho de mão
agora Rita, com essas bochechas brancas bonitas se movendo para
cima e para baixo em ambos os lados do meu pau.
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Não houve nenhuma ajuda depois disso, porque Rita pareceu ser
incentivada por suas palavras sujas e começou a se mover mais rápido,
simulando sexo quando ela se movia sobre o vibrador. Até que seus
quadris começaram a bombear em desespero óbvio e os gemidos
começaram a sair, Jasper conseguiu permanecer parado,
simplesmente fornecendo a pressão. Agora, porém, seus quadris
começaram a se mover em conjunto, suas respirações saindo em
explosões violentas.
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funcionando para ele. Queria tudo dela. Queria dominar e satisfazê-la
o suficiente para que precisasse dele novamente. E essa não era a raiz
de tudo isso?
— Está tudo bem, Rita. — Quanto mais pressão ele aplicava, mais
ela começava a tremer e gemer. — Eu gosto de foder um pouco áspero
e muito sujo, também. — No momento exato em que apertou a garganta
de Rita, sem piedade, esfregando a parte inferior do corpo contra o
massageador sem qualquer chance de escapar e fechando os olhos, ela
gritou. — Quero que você fale meu nome quando gozar. Deixe-me ouvir.
— J-Jasper.
161
Enquanto não encontrou sua própria libertação e sim, havia um filho
da puta de um caso de bolas azuis acontecendo, se sentiu bem apenas
por Rita chegar lá.
— Mas o que?
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não havia como negar que precisava. Muito. Mas quando respondeu?
Cacete, Jasper não achava que quis dizer isso da mesma maneira.
163
CAPÍTULO DEZESSETE
Não havia muitas coisas que podiam deixar Rita em um loop.
Trabalhar, especificamente nas cozinhas de restaurantes, a submeteu
a todos os tipos de dramas, argumentos, caprichos humanos, um
cliente até a pediu para cuspir na sua sopa. Estar na escola de culinária
sozinha, com sua sabotagem e oportunismo, foi uma pequena versão
do mundo de aço em que ela vivia. Adicionar as câmeras de televisão
como em In the Heat of the Bite18, teve seu comportamento amplificado.
18 Segundo a pesquisa, ela está se referindo ao 2º livro da série Gentlemen Vampyres de de Lydia Dare. Está
rolando aqui uma leve divulgação de quem sabe o livro de uma amiga ou de quem ela é fã.
164
Jasper era experiente. O que não era nenhum exagero. Quando
seus encontros conseguiam entrar na fase do “poderíamos muito bem
dormir juntos”, — o que era o caso agora — era um sutiã desarrumado
para cá e um tentar evitar contato visual para lá. Mas Jasper
demonstrava um tipo de confiança sexual que Rita nunca sentiu
pessoalmente. Nunca. Será que algum dia conseguiria superar a
masturbação que eles fizeram naquele quarto de hotel?! Enquanto ele
mantinha a atitude fácil, fazendo parecer que acabou de chegar da aula
de ioga.
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Ela estendeu a mão para o seu cardápio e abriu, sem ver nada,
mas grata por ter as mãos ocupadas.
— Sinto muito, eu apenas não sei o que falar depois... disso. Você
deveria ir dormir depois de algo assim...certo?
— Você não pode até mesmo perguntar isso com uma cara séria.
Isso é o quanto sabe que não está errado.
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Um calor se espalhou pelo ventre de Rita.
— Ok, então.
— Frango à milanesa.
— Feito.
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estendeu a mão sobre a mesa e correu seu polegar para baixo do lado
da sua bochecha.
Ela olhou para ele sem dizer nada, porque falar sobre sua mãe
parecia eminentemente errado, então à verdade caiu para fora de sua
boca.
— Gosto desse nome. Por que você não está administrando agora?
— Está queimado.
— Semana passada.
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interiormente todos aqueles anos em que Rita não conseguiu subir à
altura da ocasião.
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Rita entendeu que ele estava se referindo a uma herança de algum
tipo. Uma herança que usou para comprar o Liquor Hole.
— Sim, mas você está fazendo algo sobre isso agora, não é?
Abrindo o restaurante?
Mas isso não iria fazer dela uma hipócrita no final? Mesmo antes
de seu serviço de jantar catastrófico na primeira noite de volta do reality
show, esteve procurando ameaçar o sucesso do restaurante até a
morte. Sucesso que sua mãe assegurou. Por que ela tentava convencer
Jasper que o resultado seria diferente?
— Se você está fazendo isso por culpa ou... talvez queira dormir
melhor à noite sabendo que seu avô aprova... não vai funcionar. — As
palavras subiram a sua garganta e saíram, apesar de tentativa de
afogá-las com vinho. — Abra o restaurante porque quer, não porque
acha que fará alguém feliz.
171
— Parece que você está falando por experiência própria.
— Estou. — Por que estava lhe dizendo isso? Deus, ele poderia
pensar que ela era duas vezes mais deplorável, sabendo quantas
vantagens teve, mas ainda assim falhou. — Minha mãe era Miriam
Clarkson.
172
bem, na verdade, ela pensou, lembrando a maneira como seu abdômen
flexionou contra suas costas na cama do hotel.
Deus, era como se ele já soubesse. Pena que ela não iria confirmar
quaisquer teorias possíveis.
173
Ela não estava completamente cega ao caso que parecia ser
superficial. Sua mãe definiu um padrão muito alto. Sua filha não pode
alcançar esse referido padrão. Tudo muito certo quando explicado
dessa forma, mas não deixava espaço para as cinzas, para as áreas
irregulares. Eram muitas áreas cinzentas. E ela certamente não estava
acostumada a ter seus problemas apresentados em uma bandeja de
prata, o que resultou em sua voz acida quando disse. — Eu não sabia
que esse encontro seria tão terapêutico.
— Quando eu tinha oito anos queria ser uma detetive. — Ela deu
uma pequena risada para o teto, incapaz de acreditar no absurdo que
174
estava compartilhando com ele. — Usei óculos de sol por um mês e me
chamei de Gumshoe19.
— Obrigada.
19 É um filme policial dos anos 70, com um tom de paródia e muitas referências à cultura popular americana
como citações de filmes, discos e livros, a narrativa explorava também momentos de tensão e violência.
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— Se você sabe o novo cardápio do restaurante de cor...talvez
pudesse me dizer?
Ele se abaixou e colocou seus lábios sobre os nós dos dedos dela,
amortecendo-os com um beijo lento, de boca aberta e isso pareceu bom
no fundo de seu estômago.
Sem aviso, a cadeira de Rita foi arrastada para mais perto pela
mão de Jasper que estava escondida debaixo da mesa, trazendo ela
contra ele. Com seu comentário ainda pairando no ar, colocou sua boca
na dela, murmurando para os clientes não ouvirem.
176
— Isso é direto o suficiente? — Perguntou com sua voz caindo
cerca de dez oitavas.
177
CAPÍTULO DEZOITO
Com exceção de alguns membros da equipe de cozinha e garçons
que foram contratados há algumas semanas, Jasper ainda não
mostrou o restaurante para ninguém. Ele passou meses construindo o
anexo, alisando e impermeabilizando as paredes, lixando e
envernizando os pisos. Inclusive, muito esporadicamente, teve ajuda
de empreiteiros locais de maneira que quase se transformou num
santuário particular.
178
normas que regem os encontros, mas a número 1 ele certamente
assimilou, podendo até declamá-la: Jamais procure descobrir as
inseguranças, culpas e receios de uma mulher antes da refeição chegar.
Pura falta de educação.
179
de trás. Em seguida, segurou o umbral de tela antes que colidisse com
a madeira lascada do batente e tirou suas chaves, sorrindo ao observá-
la esfregar animadamente as mãos.
180
de agradável, mas sem dúvida, ter uma prova irrefutável de que ele
efetivamente conseguiu realizar algo excelente... bem, isso sim seria
absolutamente inestimável. Rita ser a pessoa a fazer isso, apenas
tornava tudo mais doce.
— Não foi bem uma mentira. Daqui dois dias iremos inaugurar. —
Ele comentou encostado na parede de braços cruzados — E então, a
cidade que vai decidir.
181
— Como sempre é o caso para todo e qualquer restaurante. — Ela
acrescentou, examinando o lustre feito de chifre falso de veado —
Quanto tempo você gastou para arrumar todas essas coisas?
182
— Simplesmente não posso acreditar que isso tudo está aqui
intacto e imaculado como um tesouro enterrado.
— Qual?
Sim. Mas talvez, ele estivesse esperando que Rita entrasse por
aquelas portas, fizesse comentários e transformasse a coisa toda em
algo real, concreto e viável. Apenas assim tudo deixaria de ser um mero
projeto para se tornar efetivamente em algo possível. Talvez isso, —
esse momento — não fosse para ser apenas dele, afinal não tinha
adiado as coisas mais de uma vez?
Porque no fundo, ele sentia que faltava algo ou alguém. Mas sabia
que Rita não estava preparada para ouvir isso agora. Aparentemente,
eles haviam se aproximado o bastante para que ela confiasse alguns
183
detalhes íntimos sobre sua vida, mas não tanto ao ponto de poder
inclui-lo nesses planos.
184
Ansioso por presenciar a reação dela a cada pequena coisa,
esbarrou nela assim que saiu do frigorífico, notando que sua expressão
era uma mescla de comedida excitação e apreensão.
Ah, linda.
185
— Que tal eu beijar esse “estou bem” até ele sair de você?
Porra, seu pau! Sua porra de pau se lançou para a vida, louco de
tesão. O fodido estirou como se fosse uma âncora sendo içada dentro
de sua calça. Claro que Rita deve ter sentido, pois logo estava gemendo
junto a sua boca enquanto as mãos o tocavam, cada vez mais
insistentes, para dentro de sua calça. Esse não era um daqueles beijos
hesitantes com os quais ele foi contemplado anteriormente. Não! Ele
186
conseguia senti-la tentando se distrair e afastar os fantasmas que
aquela visita a sua cozinha trouxe à vida.
— Sim. — Ele falou com voz rouca. — E é por isso que estou
tentando ir com calma.
— Ah... mas que porra é essa? Eu não aguento mais seus enigmas.
Olha, não sou experiente para jogar... qualquer que seja o jogo. — Ela
disse perturbada e se afastando dele, caminhou em direção à saída,
arrumando os cabelos.
187
Ela sumiu cozinha afora, o som das botas ecoando pelo chão da
área do restaurante rumo à entrada, de onde se fez escutar.
— Não precisa.
Tudo. Essa conexão harmoniosa que percebia junto dela não era
mais apenas uma sensação a ser testada. Era algo maior. Podia sentir.
188
— Não! — Ele se lamentou sob o ombro dela, sentido suas
entranhas se retraírem — Claro que não, linda. Eu não faria isso. Será
que não consegue perceber o tanto quero estar dentro de você?
Seu tom de voz deve ter sido um tanto quanto preocupante, já que
ela gradualmente relaxou, conforme se virava de frente para ele. Então,
dando indicação de que o ouviria, Rita se esquivou e sentou em uma
das cadeiras. Num segundo ele já memorizava qual delas.
189
se espalhavam essas mulheres que ouviam Norah Jones22 e devoravam
esses sanduíches de metro. Naquela época, eu não agendava ou fazia
reservas para isso. Apenas deixava as coisas rolarem, o lugar meio que
caminhava sozinho... tenho para mim que muito provavelmente um dos
atendentes apenas resolveu por si só alugar o bar para uma festa.
— Jasper...
190
conscientizar dos seus muitos encontros confusos e vazios, após os
quais, sempre acordava sozinho. Ou ainda, das muitas experiências e
tentativas que sempre acabavam antes mesmo de começarem. Das
trepadas rápidas sempre acompanhadas do famoso “Depressa, antes
que alguém nos encontre”. Ou “mais rápido, eu tenho um compromisso”.
191
Ao invés de se sentir realizado por ter conquistado a admiração
dela, um buraco negro se formou em seu interior e foi se ampliando e
ampliando.
— Isso é um adeus.
192
Jasper não pode reconhecer as vozes, mas Rita aparentemente
sim, porque, sem demora, ela começou a correr em direção ao Liquor
Hole. Com Jasper imediatamente atrás dela.
193
CAPÍTULO DEZENOVE
O coração de Rita bateu forte em seu peito como um tênis dentro
de uma máquina de lavar. Era a voz raivosa de Belmont que ela ouviu,
seguida pela de Aaron. Cristo, em uma briga. Se a frustração sexual
reprimida, seguida por um balanço robusto de pesar e tristeza, cortesia
de Jasper Ellis, não a matasse, o choque de ver seus irmãos brigando
no Liquor Hole poderia.
194
capaz de dar um golpe como esse. Que cacete seu irmão mais velho
fazia para permanecer de pé? Belmont parecia quase feliz quando o
sangue jorrou em seu lábio inferior.
— Não, isso não é nada como eles. Eu acho. — Sua garganta ficou
apertada. — Não tenho certeza se conheço qualquer um deles tão bem
como deveria. Eu sei que não conheço.
— Eu cuidarei disso.
— Se acha que deixaria você ficar entre dois homens com punhos
voadores, linda, está louca.
— Não, não é sua culpa. E você deveria estar aqui. Tanto quanto
qualquer um de nós. — Ela suspirou quando Rita fez um movimento
impaciente para que continuasse. — Aaron colocou o braço em volta
dos ombros de Sage e Bel não gostou.
Rita esperou por sua irmã para continuar, mas foi recebida
apenas com o silêncio.
196
— Pequenas coisas para outras pessoas são apenas... maiores
para Belmont. — Disse Sage, acertando Rita com graves olhos
castanhos esverdeados antes que olhasse de volta para Belmont. — Eu
vou falar com ele.
197
— Você é uma santa. — Rita murmurou, indo em direção a Jasper
e Aaron.
— Sim. É.
Desde que ela mal falou com seu irmão mais novo desde a sua
briga na estrada, principalmente devido à irritação de si mesma por
deixar ele afetar ela, exibir qualquer tipo de simpatia parecia
antinatural. Oh, a quem estava enganando? Isso teria sido antinatural
sob quaisquer circunstâncias. Eles podiam muito bem serem primos
distantes.
198
— Aposto que você amou isso, não é? — Perguntou Aaron,
cutucando o espaço vago em sua boca. — Seu irmão idiota finalmente
está conseguindo o que estava destinado para ele, certo?
— Aaron, eu...
199
— Jasper. — Aaron disse, cortando ela. — Preciso de um dentista.
Conhece alguém que possa trabalhar rápido? Preciso dele para ontem.
Pela primeira vez, Rita percebeu que Jasper estava olhando para
ela com preocupação.
Ela ficou grata quando Jasper acenou com a cabeça, sem dar seu
pesar sobre a sua falta de linguagem dental.
Aaron se moveu.
— Sei o que ele está tentando dizer. — Rita não podia ignorar as
asas batendo no peito, especialmente quando a boca de Jasper
finalmente se abriu em um sorriso. — Temos que ficar mais um dia em
Hurley.
201
CAPÍTULO VINTE
Ora, ora... se ele não era um filho da puta de sorte.
Se isso não era um sinal, Jasper não saberia dizer como seria um.
Rita estivera prestes a lhe dar um beijo de adeus e então, a divina
providência apareceu como um fodido super-herói. Portanto,
atualizando sua lista de pessoas favoritas, Aaron e Belmont passaram
a ocupar o terceiro e quarto lugares, atrás apenas de Rita e Rosemary.
E mais, se durante o retorno ao hotel Hurley Arms, eles não estivessem
enroscado-se como duas cascavéis, ainda que Jasper caminhasse entre
eles, certamente, ele os teria reunido para um caloroso abraço grupal
e que se fodessem as aparências afeminadas...
Ele nem sequer se irritou com o fato de Rita ficar insistindo que
os Clarkson não precisavam de escolta, porque, no fim, conseguiu mais
algum tempo junto a ela. Bem, na verdade, alguém ou algo lhe
conseguiu isso. Não que, no momento, ele se importasse com os
detalhes. Mas de jeito algum permitiria que três mulheres sozinhas
lidassem com um eventual segundo round entre os dois irmãos. Ele,
muito menos, deixaria de aproveitar a chance de estar mais tempo com
Rita. O que foi mesmo que ela perguntou na cozinha? “Você não me
deseja?” E porra, se isso não entrou debaixo de sua pele tal qual o
esquilo do Caddyshack23.
23 Comédia sobre golfe com Bill Murray e Chevy Chase lançada em 1980. O personagem de Murray combatia
um esquilo aloprado que vivia fazendo buracos por toda a área do campo. No Brasil, o título do filme é Clube
dos Pilantras.
202
Os dois iriam esclarecer essa coisa de querer o mais rápido
possível, supondo é claro, que conseguisse ficar a sós com ela por
alguns instantes. Se bem que, a julgar pelo ar de cumplicidade de
Peggy, talvez ele já tivesse uma aliada.
203
Ele sorriu e acendendo a luz, examinou o quarto enquanto
acrescentava.
— Eu tive esse sonho também. O casal Mick Jagger & Jerry Hall24
eram o meu favorito.
24 O vocalista do Rolling Stones e a top model se casaram em 1990 e se divorciaram em 1999, quando está
descobriu que o cantor teve um caso com a brasileira Luciana Gimenez, que deu à luz a Lucas.
204
como uma espécie de calo, que se formou ao longo dos anos e estava
esquecido, até que alguém pisava nele e começava a doer. — Minha
mãe está bem e vive no Texas. Meu pai? Não sei...
205
perguntou se podia olhá-los. A resposta fria dela não foi suficiente para
impedir que sua curiosidade o impelisse a pegá-los.
— Difícil dizer....
206
bochechas, bem como o entreabrir dos lábios já o informaram da
resposta antes mesmo que ela se expressasse.
— Sim.
Certamente ele iria morrer ao enfiar o pau duro como uma pedra
dentro da calça. Contudo, ainda que murmurando e gemendo, realizou
tal façanha. Enquanto isso, uma Rita imóvel à beira da cama o
observava absolutamente boquiaberta, fato esse que igualmente o
indignou e encantou.
207
Essa noite, eles aprenderam um sobre o outro, embora ele tivesse
a impressão de que todos seus progressos houvessem sido ofuscados
por sua atitude audaciosa. Então, era melhor firmar rápido um
encontro antes que ela tivesse tempo para se perguntar por que porra
o deixou entrar em seu quarto.
208
CAPÍTULO VINTE E UM
— Então, você é organizadora de casamentos, hein... isso deve ser
gratificante.
209
Rita, cujos músculos e nervos se encontravam para lá de doloridos
depois de tão árdua caminhada, imediatamente relaxou. O sorriso e a
imagem angelicais da garota pareciam ter o poder de afugentar
tormentos e angústia, pensou ao escutar uma sonhadora Sage
prosseguir. — Quando o casal entra numa limusine ou carruagem, com
todo mundo celebrando. Ah, isso faz você acreditar em contos de fadas,
sabe?
— Você já teve algum pedido com uma temática estranha? Sei lá,
algo bizarro como alguém que quisesse um casamento ao estilo
RoboCop26 ou gatos espaciais que usam laser?
26 Filme de ficção científica de 1987, que conta a história de um policial brutalmente assassinado por um
grupo de criminosos e, posteriormente, revivido como um ciborg.
27 Sitcom americana exibida de 1969 a 1974 que girava em torno de uma grande família com seis filhos.
210
— Não pode ser... será que também jogaram bolas de futebol sobre
os noivos ao invés de grãos de arroz? — Rita gracejou, colocando a mão
livre no bolso.
28 Alice é a governanta e Marcia uma das 3 filhas da divorciada Carol Martin que se casou com o viúvo Mike
Brady, pai de 3 meninos.
211
para ela. Se ela tivesse esperado um pouquinho mais não teria andado
tanto. Porra, às vezes, a vida era tão injusta!
Por alguns instantes foi possível para Rita observar o rosto dele,
sem que a visse se aproximar. Parecia irritado. Muito irritado. Parte da
camisa estava fora da calça, os cabelos desalinhados e o corpo para lá
de rígido. Isso fez com que ela acelerasse seus passos rumo ao hotel,
sendo acompanhada pelo som da voz de Sage.
— Rita?
212
Rita sentiu como se suas emoções fossem paredes invisíveis
prestes a esmagá-la. Uma delas lhe enchia de calor e dava a
reconfortante impressão de pertencer, de ser bem-vinda. Aqui estava
um homem que sentiu sua falta. E não é que ela realmente deixaria
uma pequenina marca nesse enorme e vasto lugar? Ainda que fosse
dentro de uma pessoa. Em um homem. Mas, que homem, hein? Tão
grande, tão seguro de si mesmo. Não havia como se esquivar daquela
sua aura de poder e força, porque isso era inegável, ainda que fosse
interessante observá-lo agora assim todo abalado. Pensava ela
enquanto as solas de suas botas cozinhavam sobre o concreto fervente.
— Eu não sabia.
213
Imediatamente, uma excitação deliciosamente selvagem ocupou
todo seu ser. Certamente que se arrependeu de uma série de coisas em
sua vida, porém ela se recusava a perder a chance de aproveitar o
pouco tempo que tinha com esse homem. Nesse lugar.
— Vamos.
~*~
214
Se lembrou do lugar logo pela manhã, ao ouvir o atendente da
cafeteria flertar e convidar a namoradinha para lá. No passado, quando
estava no ensino médio, esse era o local onde levava as meninas para
uma rapidinha, igual aos outros rapazes. Na verdade, ele jamais
precisou criar uma atmosfera romântica para conquistar qualquer
garota. Mas agora? Embora houvesse se esforçado ao máximo, ele não
conseguiu pensar em nenhum lugar especial ou atraente para estar
com Rita, a não ser esse. Infelizmente, era o único que conhecia.
215
— Eu não te farei sair, ficaremos aqui dentro, linda.
216
Sua garganta, essa mesma que precisaria ser estudada pelos
cientistas quando ele caísse duro pela eventual partida dela, estava
doendo para questionar. Realmente queria perguntar sobre sua
declaração anterior a fim de entender seu significado, avaliar os
inúmeros ângulos. Mas ele a levou ali com uma missão. Sem dúvida, a
necessidade angustiante das sensações com que foi bombardeado no
quarto de hotel não desapareceu.
— Jasper...
217
traseira rebaixada. De pernas abertas, ela se posicionou sobre ele, os
joelhos batendo sobre o metal ao lado de seus quadris.
— Te quero sem calça. Preciso ter você nua da cintura para baixo,
porque preciso de você sentada no meu pau. — Murmurava ele por
sobre o fino tecido da blusa dela, entre um morder ou um beliscar. Sua
boca se fechou ao redor daqueles deliciosos seios e chupou-os com
vontade, força e os mordiscou. — Que meleca eu estava pensando ao
218
nos fazer esperar? Sinto muito, Rita. Muito mesmo. Porra, me
desculpe...
219
alguém tinha conhecimento da existência de algum homem na história
que já se excitou ao ser rejeitado sexualmente? Não. Então pense nele.
Sem dúvida, sua força de vontade estava sendo brutalmente testada.
Se ela não tivesse dito não, ele a teria de pernas tão abertas e sua boca
seria usada com tal habilidade que permaneceria mais do que disposta.
Mas, seria um maldito mentiroso se dissesse que estar deitado sob
aquela imensidão azul, conversando com ela, ciente de que ela desejava
dialogar com ele ao invés de estar com qualquer outra pessoa, não o
deixava com mais tesão ainda.
— Rita, a partir de hoje, esse céu está arruinado para mim. — Ele
disse bruscamente. — É medíocre se você não estiver diante dele.
Pensando bem, acho que será sempre assim de agora em diante. Se
não estiver aqui, não haverá qualquer cor ou brilho. — E então, afastou
sua mão e a apoiou sob a própria cabeça, deixando seus pés para fora,
pendurados na caçamba, igual ela. — Agora, o que você ia me
perguntar?
220
Pasma, ela pareceu refletir antes de continuar, o que para ele foi
uma boa coisa.
221
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Era autodestrutivo para Rita se encontrar caminhando ao longo
da avenida principal de Hurley naquela tarde em direção ao Liquor
Hole? Absolutamente. Ela deveria estar na sala de espera com Peggy
lendo revistas, enquanto Aaron passava por seu procedimento
odontológico. Ou talvez um melhor uso de seu tempo fosse tentar
conversar com Belmont sobre sua paixão óbvia por Sage. Essas eram
as pessoas com as quais iria dividir o espaço do Suburban pelos
próximos dois mil quilômetros. E mesmo assim, ali estava ela.
Provavelmente, parecendo o coiote perseguindo o papa-léguas, seus
olhos focados no estabelecimento a frente.
222
poderia deixar Jasper com essa impressão de si mesmo. Talvez ela
tivesse feito um ponto essa manhã na montanha, mas não parecia o
suficiente. Nenhuma quantidade de tempo parecia o suficiente.
223
visão que saudou Rita a mandou um passo para trás sacudindo a porta
de madeira em suas dobradiças.
Rita viu a avó de Jasper, Rosemary, quando ela passou pelo grupo
de mulheres de cabelos brancos.
— Rita!
— Oi. O que...
224
Até a explicação de Rosemary, ela esqueceu completamente a
conversa durante o almoço sobre dar uma demonstração na cozinha.
Por que ela se lembraria de algo tão irreal quando eles deveriam estar
de volta na estrada nesse momento? Isso nunca foi realmente uma
possibilidade em sua mente.
Por que ele estava falando com ela assim? Não poderia dizer que
ela estava se debatendo se corria ou pulava pela janela?
225
— Jasper... o que você fez? Não deveria ter feito isso. Eu não
estou... — Suas mãos começaram a arder, a sensação viajando até seus
antebraços. — Não estou pronta para isso.
— Claro que você está Rita. — Sua voz ainda mais baixa. — Você
estava na cozinha na noite passada e sobreviveu. Eu pensei...
— Não. Não, você não irá. — Ele segurou seu rosto e chegou perto
dela. E porra, ele a acalmou um pouco. Não o suficiente para fazer o
terror ir embora, mas o suficiente para que ela pudesse se concentrar
em seus olhos azuis. — Esse é apenas um obstáculo que você precisa
saltar. Deixe-me ajudá-la a fazer isso.
— Não, não pediu. Não acho que iria pedir a ajuda de alguém até
mesmo se estivesse em chamas. — O corpo de Rita ficou tenso com a
escolha de palavras e Jasper abaixou a cabeça com uma maldição. —
Jesus, eu estou tão suave quanto um buraco.
226
— Vamos esperar apenas um minuto. — Quando ele se virou para
abordar Rita, sua expressão era de determinação. — Não pedi sua
ajuda nomeando meu restaurante ou dando a minha cozinha o seu selo
de aprovação. Não pedi essa manhã, também. Mas estou grato por isso.
Talvez queira apenas devolver o favor.
Porra.
227
— Vejo que faremos rabanada hoje.
228
entre amigos. Seguindo para a cozinha, Jasper se virou e olhou para
Rita, mas ela rapidamente desviou o olhar.
Após o tempo que passaram juntos, como ele poderia não perceber
que ser impulsionada de volta para o fogo só faria o oposto do
progresso? E quem disse que queria fazer qualquer progresso na
cozinha? Ela estava preparada para seguir em frente, feliz em nunca
mais pegar um utensílio de cozinha de novo, até ser surpreendida por
essa festa surpresa e presunçosa. Obra de Jasper.
Dor era uma coisa feia, porém não iria parar de vir em sua mente
procurando algo para ter que suportar. Para deixa-la para baixo. Rita
manteve a dor escondida por tanto tempo que isso cresceu demais para
controlar. Uma voz estava lhe dizendo para se acalmar antes de tomar
decisões precipitadas, mas foram abafadas pelo reconhecimento
incessante da amarga decepção.
229
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Você fodeu tudo agora.
Ao deixar Rita essa manhã, Jasper sabia que precisava fazer algo
grande. Ele nunca celebrou o tipo de beleza que Rita demonstrou na
montanha. Deixando de lado suas próprias inseguranças para
remendar a de outra pessoa. A dele. E faria isso também, se a nova
confiança que experimentou fosse algum indicio. Talvez Jasper
pudesse colocar em um dedo o que sabia sobre a mente de uma mulher,
mas um homem dava um passo até a maldita placa e deixava uma
marca quando necessário. Disso ele estava certo.
230
Mas se ela pudesse se ver através dos olhos dele naquele
momento, se movendo entre os grupos, dando instruções úteis e
sorrindo pacientemente, embora tenha levado esforço óbvio para que
fosse positiva e otimista. Era boa, realmente muito boa. Suas mãos
eram ágeis, os movimentos do pulso ao levantar as mãos eram tão
naturais. Se não achasse que iria ganhar um olho roxo diria isso a ela.
Linda, posso ve-la se mover nessa cozinha por cerca de cem anos e
nunca me cansar.
231
Ela entrou em seu escritório, liberando o bolo em sua garganta
que se formou antes de entrar na cozinha.
232
Os lábios de Rita ainda estavam pairando perto dos seus.
Pior ainda, ele não queria dizer não. Sua força de vontade tinha
tantos furos que era transparente. Ela era muito linda, um pouco triste
233
e sim, necessitada. Mas não mais necessitada do que estava. Queria
uma distração de qualquer dor que se escondia em seu interior. E havia
um senso de responsabilidade nele, um que nunca experimentou
antes, para aumentar seu esquecimento cada vez que ela exigia.
— Sei que você está com raiva de mim por essa tarde. Eu mereço.
Então grite comigo.
234
de sua carne grossa e engoliu ele uma vez, duas vezes, fazendo Jasper
se contorcer na cadeira como um homem sendo torturado para dar
informações.
— Oh, Cristo. Estou com dor aqui. Muita dor. Não brinque
comigo.
235
A boca de Rita cobriu seu pau, mas ela paralisou com suas
palavras, a surpresa colorindo suas bochechas.
236
não mostrava sinais de desaceleração, com os cabelos enrolados caindo
em suas coxas quando ela abaixou a boca de novo, de novo e de novo.
237
batendo que parecia digitar o nome de Rita em código Morse. Não, não
havia nada de bom sobre o mergulho de um penhasco com apenas uma
pequena chance de sobrevivência, mas a queda, Jesus, a queda iria
explodir sua mente, não iria?
29 São determinadas partes do corpo onde o toque pode causar excitação sexual.
238
boceta úmida, gemendo com a maneira como ela flexionava ao redor
dele, a forma como seu olhar ficava vidrado.
Se ele não estivesse tão focado nas reações e nos olhos de Rita,
poderia ter perdido a batalha. O fato de não terem uma cama não era
algo que ele tinha que pensar. Mas como estavam sobre essa base
instável, talvez devesse ter pensado melhor. Antes que pudesse beijá-
la de volta, Rita escapou de sua boca, respirando forte. Ela balançou
os quadris, retirando a calcinha pelas pernas e indo para o chão, antes
de virar-se, mostrando seu traseiro virado para cima e plantando as
duas mãos sobre a mesa.
— É claro.
239
quando estava arqueada apenas o suficiente para lhe dar o acesso
perfeito a essa doce boceta rosa, sentindo sua excitação ainda em seu
dedo médio. Sua carne já estava distendida ao máximo, se preparando
para bater contra seu traseiro, apenas algumas vezes, antes de afundar
nela até suas bolas.
— Jaspe...
240
sobre o chão de madeira. A própria respiração de Jasper ficou errática,
o suor molhando sua testa. Ele tirou a blusa, ressentido por uma fração
de segundo quando a camisa bloqueou Rita de sua vista.
— Vou colocar primeiro meu dedo. Quero ter certeza que está
molhada para mim. — Jasper murmurou em uma maldição afiada. —
Você está muito molhada, não é? E isso é muito bom, porque a próxima
coisa que sentirá é a minha porra. A única coisa que precisa sentir. —
Ele colocou seu pau contra a parte inferior das bochechas da bunda
dela. — Segure a borda da mesa.
241
Jasper se inclinou e deu um beijo no centro da espinha de Rita,
arrastando sua boca até o pescoço para uma mordida de amor áspera.
E então não havia nada, apenas suor. Colocou os braços sob os ombros
de Rita, os curvando ao redor dela para se alavancar. Para impedi-la
de se mover, escapando de seus quadris batendo. A mesa gemeu,
protestando contra o acasalamento animalesco ocorrendo em sua
superfície, mas Jasper registrou o som com um vago reconhecimento,
porque havia apenas Rita e seu perfeito, dócil e bem-vindo corpo.
242
— Pensei em jogar uma dessas pernas por cima, te girar ao redor
do pau que você está gostando tanto. — Seus dentes agarraram sua
orelha e puxou. — Você é flexível? Eu sei qual tipo de corpo tenho
debaixo de mim. Sei o que pode tomar, por isso não questione.
Suas mãos torceram os fios de seu cabelo até que ela concordou.
243
sua coluna, enchendo suas bolas até que estava falando palavras
ininteligíveis acima do seu corpo que sacudia violentamente.
Com a visão turva, ele observou quando os nós dos dedos ficaram
brancos na borda da mesa e sentiu ela elevar o ventre, perdendo a
noção da realidade. A sala estava toda em preto ao redor dele ou pode
ter perdido a consciência, seu corpo drenando a tensão e o prazer em
seu ventre, até desaparecer lentamente num nevoeiro.
Não foram os dois anos de celibato que deixaram sua reação tão
feroz, consumindo completamente ele. Rita. Foi Rita. Era tão óbvio na
maneira como o coração tentou rasgar o peito dele, a maneira como a
queria como um homem ganancioso, cobiçando, como se tivesse
agarrado em um bote salva-vidas em uma tempestade.
244
Eles descansaram sobre a mesa, cada centímetro de seus corpos
moldados em um arco para acomodar bem a posição. Jasper enterrou
o rosto na curva do pescoço dela, pensando que nunca iria respirar
normalmente outra vez. Comer, dormir ou falar normalmente. Nunca
mais. Uma urgência intensa ainda existia dentro dele, apesar do estado
totalmente satisfeito do seu corpo. Tinha algo a ver com a respiração
entrecortada, seu peso pressionando ela. Estava confortável? Ele foi
muito áspero? O que aconteceria agora? Provavelmente precisava de
alguma coisa dele e ele não tinha experiência em fazer uma mulher se
sentir cuidada após o sexo. Geralmente apenas cuidavam de si, mas
não podia permitir que esse fosse o caso com Rita. Deus, ele estava
desesperado com a chance de cuidar dela.
Jasper abriu a boca para falar, mas parou quando notou que seus
dedos ainda estavam brancos onde agarrava a mesa. O que o levou a
perceber uma quantidade enorme de coisas. A tensão voltou para o
corpo debaixo dele, a respiração abrandou e eventualmente, parou
completamente. A distância apareceu entre eles, dois lados de terra
fértil rachando com a força de um terremoto. Era como assistir ao seu
próprio pesadelo aparecendo em uma tela de cinema.
245
— Bom saber.
O melhor que ela já teve. Nada sobre ele como um homem. Apenas
sua habilidade. Pior, Rita pode ter iniciado a brincadeira impessoal,
mas ao invés de corrigir o desequilíbrio entre eles, ele a seguiu
completamente e provou que era uma boa transa sem amarras, como
todos sabiam que era. Talvez eles estivessem certos o tempo todo.
— O que?
— Vai embora.
246
Porque isso era exatamente o que Rita estava se preparando para fazer.
Fodê-lo e correr. Assim como o restante delas, apesar de que dessa vez
não iria permanecer de pé tão facilmente. Ele não podia, não aguentaria
vê-la sair de qualquer maneira. Isso iria matá-lo. Então iria fazer o
oposto. Talvez fosse a diferença entre dobrar e ficar na posição vertical.
— Pode ir. Você teve o que queria. Desculpe se te fiz esperar alguns
dias. — Certificando-se de olhar nos seus olhos para que ela pudesse
ver como o destruiu, Jasper caminhou até a porta e abriu. — Saia.
— Eu não... isso não sou eu. Ou... ou você. — Disse Rita da porta,
se virando levemente, o punho pressionado na boca. — Algum dia
alguém ficará depois. Prometo.
Jasper jurou que podia ouvir cada passo que ela deu do bar até o
hotel. Contou eles como se fossem os segundos restantes de um jogo
em que sua vida estava. E quando a campainha tocou, ele perdeu.
247
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Rita estava bem familiarizada com as esferas da vergonha. E ela
não considerou caminhar pelas ruas com as roupas amassadas depois
de estar com um homem. Não, isso era diferente, descer na rua
principal empoeirada de Hurley era a epítome da vergonha.
Transeuntes desaceleravam seus carros, alguns até abaixavam a janela
para perguntar se precisava de ajuda, ao que conseguiu dar apenas um
aceno de cabeça negativo. A cada passo, seus pés escorregavam para
cima e para trás sobre as solas de suas botas, quase como se tivesse
diminuído com a auto aversão avassaladora. Mais à frente viu o carro
na oficina e foi até ali que ela se dirigiu desesperada para o Suburban
torcendo para ele estar pronto para que eles pudessem sair de Hurley.
Estou envergonhada.
248
O sexo com Jasper foi a coisa mais distante de despersonalizado.
Não foi? Mais como algo alterando sua vida. Ele falou que era um
grande jogador e acabou que se tornou ainda melhor. Jasper Ellis era
o Deus do sexo. E ele era muito, muito mais do que essa porra. Era
tudo além do sexo. Compreensivo, divertido, cuidadoso, um homem
perspicaz que apenas tentou abrir caminho até ela.
Rita não poderia fazer ninguém feliz. Não, Miriam não conseguiu
dar seu talento, apesar de Rita ser a escolhida para seguir seus passos.
Nem os irmãos que não tinham alguma razão para conectar-se ou se
comunicar com seu pós-funeral. Nem sua equipe, seus clientes, os
juízes ou concorrentes no reality show. Ninguém. E não seria diferente
com Jasper, exceto que ela não teria seu apartamento de um quarto
para se esconder. Estava em um lugar estranho com pessoas
desconhecidas. Não havia saída além do fracasso.
249
Quando ele disse a ela para sair, Rita quase ficou orgulhosa dele.
Não era nada menos do que merecia. Trabalhou durante toda a manhã
para fazer algo de bom para ela e o recompensou tratando-o como lixo.
Rita olhou para cima para ver que estava em frente a oficina. As
portas de metal enferrujado estavam fechadas, nenhuma atividade no
outro lado das janelas de acrílico. No meio do dia? Ela saltou com um
grito quando Aaron veio caminhando na esquina do edifício, um gelo
pressionado no queixo inchado.
Ok, sua cabeça estava destruída para ter uma interação humana,
mas a fala de seu irmão perfeito, definitivamente merecia uns poucos
minutos de tempo.
— Desculpe?
— Você não roncava quando era criança. Mas ronca agora. — Ela
puxou o elástico do pulso, prendendo o cabelo para trás em um rabo
de cavalo. — Ninguém nunca te disse?
250
Talvez devesse ter tirado um momento para ficar com Aaron antes
de agora. Ela sempre pensava nele como uma máquina fria, mas os
pensamentos ondulados apareceram sob a superfície, como um
submarino viajando em água parada. Era fascinante de perto.
Normalmente, olhando diretamente para alguém, especialmente Aaron,
isso faria sua pele ficar muito sensível, mas estava muito além desse
ponto essa tarde e seus receptores de estranheza habituais estavam na
oficina, ao lado do Suburban.
251
— Bem, vou te contar, de qualquer maneira. — Ela acabou
dizendo. — Ele é, porra... maravilhoso. E arruinei tudo tendo sexo com
ele.
Era uma coisa visível, Aaron deixando claro sua opção. Ele pegou
o gelo, limpou na manga e botou de novo contra seu maxilar.
252
Aaron assentiu com um ar de entendimento surgindo em sua
expressão, antes que ele escondesse, chutando a porta da oficina,
sacudindo-a em suas dobradiças.
— Bem-vinda ao clube.
~*~
253
angústia fora da oficina apenas a atormentava com mais perguntas.
Disse a ele que um novo começo era o que queria. Quis dizer isso,
também. Apenas quando tentou se imaginar assistindo aulas em Nova
York, a imagem clara que tinha ao deixar San Diego ficou obscura e
indefinida. Como uma Polaroid manchada.
30 “Vivendo e Aprendendo” no Brasil, teve 9 temporadas com 209 episódios produzidos entre 1979 e 1988.
A série fala sobre a governanta, Sra. Edna Garret, (Charlotte Rae) do colégio Eastland.
254
— Posso te dar conselhos como uma das Golden Girls. A que você
escolher. Você quer Blanche, Rose, Dorothy ou Sophia?
— Eu prefiro a Blanche.
— Obrigada.
255
— Antes que você pergunte, me sinto como uma bosta. — Aaron
resmungou, pisando no quarto e caindo sem cerimônia sobre a
cômoda. Ele e Rita trocaram um olhar avaliador, como se para
determinar onde estavam após a sua conversa anterior, mas rompeu o
contato visual sem demora. — Passei na oficina. Eles estão trabalhando
no Suburban agora, por isso vamos sair daqui de manhã.
256
Essa sugestão foi recebida por um silêncio prolongado dos irmãos
Clarkson. A organizadora de casamentos ficou de pé prontamente para
limpar os óculos com a barra de seu vestido.
— Pela primeira vez, estou com Rita. — Disse Aaron, testando sua
bochecha inchada com os dedos cuidadosos. — Esse hotel está
começando a parecer como uma cela acolchoada.
257
Outra batida na porta. O coração de Rita estupidamente acelerou,
pensando que poderia ser Jasper. Deve ter demonstrado de alguma
forma, porque os outros observaram ela com interesse.
— Eu poderia comer.
258
— Não é muito longe. — Sage murmurou. — Você pode ver a torre
do parque de estacionamento.
— Sim.
259
CAPÍTULO VINTE E CINCO
Jasper não esteve assim em dois anos, mas era extremamente
necessário seguir à risca. Não se moveu da cadeira do escritório depois
de desmaiar nela algum tempo depois que Rita o deixou. Não. Ela não
o deixou. Depois que foi expulsa. Por ele.
261
Encontrar ela era uma má ideia. Observando-a sair com seu
temperamento no máximo foi quase um assassinato, mas uma calma
seria muito pior. Se ele pudesse a ver indo embora...
262
disso. A ideia de tantas pessoas colocando os olhos em Rita fez a nuca
de Jasper coçar, então seu dedo pairou sobre o mouse a um mero fôlego
antes de ver o vídeo.
263
— Oh, vai se fuder. Como isso?
A mesma dor que viu em seu rosto essa tarde quando ele a
mandou embora. Um padrão ficou evidente, tão evidente que poderia
pegar e sacudi-lo no ar. A demonstração culinária que organizou foi um
lembrete de que Rita era vista como um fracasso. E então ela jogou em
Jasper a sua própria versão de um ataque de faca, tentando desviar a
dor. Ao invés de se esquivar como deveria ter feito, ele levou um tempo
e esfaqueou os dois onde doía.
264
Jasper agarrava seu bartender pelo colarinho da camisa antes que
percebesse.
— Cristo.
265
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Excursão ao deserto, minha bunda.
266
O escárnio de Rita foi perdido no vento.
— Cala a boca.
Fingindo que não estava vendo uma exibição rara de afeto entre
irmãos, Rita olhou para a escura e infinita areia, se perguntando se
comprou a ideia da curta excursão no deserto. Talvez a irmã estivesse
certa e qualquer forma de interação forçada fosse boa para eles.
267
Os pensamentos indesejados bombardearam Rita assim que os
jipes estacionaram ao lado de um círculo de cimento carbonizado
cercado por três toras de tamanho igual.
268
— Vocês estão esperando outra pessoa?
Aaron se levantou.
— Rita.
Era Jasper. Ela não podia vê-lo na escuridão, mas era Jasper. Ele
estava lá. O sangue correu pelo seu corpo, aquecendo ela depois de
estar congelada durante todo o dia.
— Rita?
269
desculpando, mas a gravidade potencial do que ela fez anteriormente a
manteve enraizada no local.
— Vocês devem encerrar essa atuação. Vou levar eles de volta para
o hotel agora.
— Rita...
270
forma como a organizadora de casamentos acalmou Belmont na noite
anterior, após a briga de bar. Sage era algum tipo de sacerdotisa vodu?
Todos olharam para Belmont, que assentiu uma vez e que parecia
ter a palavra final sobre o assunto. Glen ficou aliviado quando todos
voltaram a se sentar, mesmo um Aaron tranquilamente indignado. O
que deixou Rita e Jasper de pé, de frente para o outro. Os seus próprios
olhos estavam devorando a visão de Jasper da maneira como ele
parecia estar devorando a visão dela? Ela podia sentir a maneira
atormentada que a olhava até a ponta dos dedos.
271
— Meu alvará de funcionamento está vencido.
Havia apenas uma voz que poderia acabar com a briga que se
seguiu e cortar as vozes discutindo como uma faca na manteiga.
Foi isso. Ele não deu mais detalhes. Mas a revelação teve o efeito
de uma tempestade gelada os capturando em campo aberto sem abrigo.
Os irmãos trocaram olhares assustados, buscando claramente em seus
272
cérebros emocionalmente atrofiados uma resposta adequada e
chegando ao vazio.
273
Fiz algo que não deveria ter feito. Iowa não é sobre ficar à frente, é sobre
conseguir um emprego. Em qualquer lugar. Ou esse é o fim para mim.
Quando Jasper colocou a mão sobre a dela, Rita percebeu que ela
estava segurando a respiração. Mas agora o oxigênio entrou correndo,
como se estivesse sendo alimentado através de sua conexão física.
Lágrimas pressionaram por trás de seus olhos, como o frio final, sem
corte com um martelo. E ela apenas explodiu.
— Eu queimei o Wayfare.
274
CAPÍTULO VINTE E SETE
Perseguir Rita até o deserto foi um grande erro. Um erro
monumental. Ele deveria ter deixado as coisas como estavam. Jasper
viu os olhos dela brilharem com lágrimas não derramadas enquanto
Rita ouvia seus irmãos. Ouviu a nota de alívio que ela sentiu quando
ele apareceu. Seu plano para fazer as pazes pelo ocorrido parecia tolo
agora. Duas pessoas não se queimavam como eles fizeram e
simplesmente se refrescavam depois. Não. A queimadura estava lá
entre eles mais brilhante e mais voraz do que nunca.
— Poderia ter salvo ele. — Rita estava ofegante, o que levou Jasper
a apertar sua mão. — Tinha o extintor na mão. — Ela olhou à distância,
como se lembrasse. — Foi em um canto da cozinha... alguém esqueceu
uma das bocas do fogão acesa e a chama pegou em um avental
gorduroso sobre a mesa. Eu acho... acho? Apenas precisava acionar o
extintor. Mas não acionei. Apenas peguei um uísque e saí. E deixei o
restaurante da mamãe queimar.
275
Seu medo causou uma mudança em Jasper. Fazendo ele querer
levantar um escudo gigante para mantê-la oculta, enquanto defendia
suas ações. E iria defendê-la. Sem dúvida. Não tinha nenhuma questão
sobre Rita. Apenas o amor se expandindo e fortalecendo as paredes ao
redor deles.
276
Jasper cuidava de Rita, enquanto revelava sua luta para
sobreviver. Ela não podia ver quão digna era de seu orgulho?
Simplesmente por ser o tipo de pessoa que tentava tanto?
277
a. Cristo, queria levá-la para casa. Queria recompensá-la pela coragem
que demonstrou, queria pedir desculpas até que seu rosto ficasse azul
pela forma como ele exagerou naquela tarde. Mas ficou claro que os
irmãos estavam esperando Aaron se juntar a eles. Belmont, por sua
vez, parecia prestes a iniciar uma segunda fogueira com o brilho
nivelado na direção de seu irmão.
— Espere. O que?
278
A boa natureza de Aaron foi embora em um flash. Ele lançou uma
sequência de maldições que fizeram Sage cobrir os ouvidos e Peggy rir.
E Jasper não iria jurar em um tribunal, mas parece ter ouvido Belmont
rosnar.
279
sua irmã o fez fazer uma dupla tomada de suspiro para o céu do
deserto. — Ah, merda! Um dia a mais, certo?
— Eu concordo.
Porra, Jasper estava tão feliz que o olhar assombrado nos olhos
dela o fez pensar em ir à igreja domingo para agradecer. Embora, não
havia nada sagrado sobre o que queria de Rita essa noite. Não era uma
coisa única. Ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido.
280
CAPÍTULO VINTE E OITO
Era a primeira vez que Jasper mostrava sua casa para uma
mulher. Rosemary viu apenas quando ele comprou a propriedade. Mas
ter Rita andando pelas velhas tábuas, seus olhos vagando sobre seu
sofá, vendo sua caixa de pão e a sua parede com mapas era algo
completamente diferente. A voz dela fazia sua sala de estar ficar mais
suave de alguma forma. Fazia as luzes brilharem como lanternas. Fez
o seu mobiliário parecer mais convidativo. Oh mãe de Deus, ele amava
ter ela ali.
— Não posso acreditar que eles não gritaram ou... Deus, nem
sequer pareciam zangados. — Rita falou sobre a borda da taça, se
referindo a seus irmãos. Ela sorriu para si mesma um momento, em
seguida pareceu agitar-se. — Quanto é que você pagou ao mecânico
para mentir sobre o Suburban?
Ela riu e Jasper se alegrou quando o som ecoou para baixo nas
paredes de sua casa, a preenchendo com vida.
Ele não podia dizer essas palavras em voz alta para que ela não
recuasse com a pressão. Mas poderia com certeza mostrar a Rita como
se sentia. Como o fazia sentir.
282
— Não. Não. — Sem olhar, ela colocou a taça de vinho para baixo
na ilha atrás dele, antes de cruzar seus pulsos atrás do seu pescoço,
se elevando nas pontas dos pés. — Não posso acreditar que ainda não
me desculpei. Talvez eu esperasse que você tivesse esquecido.
— Rita?
283
— Não há luar suficiente para me mostrar do lado de fora. — Por
que ela parecia perturbada de repente? — Mostre-me seu lugar favorito
no quintal.
— Por que você fugiu de mim assim? — Sua boca viajou até a
orelha dela. — Senhor, estou louco por você. E me afasta quando
preciso que esteja mais perto, isso é cruel.
— Rita, eu sei...
— Não, não sabe. — Ela bateu o pé. — Não sabe o quanto eu gosto
de passar tempo com você. Qualquer um gostaria. — Seus dedos
284
torceram a barra de seu short. — Talvez não seja intencional, mas ao
manter minha família na cidade nesses dois dias... pode ter começado
algo que nunca saberá plenamente. Você fez tanto. Algum dia, alguém...
— Não diga isso. Se falar sobre outra pessoa aparecer não será
bonito, Rita. — Já era o suficiente. Ele apreciava Rita querer lhe
assegurar que sexo não era seu único motivo para voltar para casa com
ele essa noite, mas já sabia disso.
— Se fiz algo para você e sua família, fico feliz. Mas eu tenho uma
noite com você e não pretendo desperdiçá-la. Passei dois anos sem sexo
Rita e mal registrei a falta quase todos os dias.
— Mas um dia inteiro sem estar dentro de você? Parece que passei
a porra de um milênio sem gozar.
285
CAPÍTULO VINTE E NOVE
Rita iria se desonrar a qualquer momento e ofegar como um
cachorro da raça Golden Retriever. Grande, eroticamente focado e
perigoso à luz do luar... ela nunca viu nada e nem ninguém mais quente
do que o homem que a tocava. A palma da mão calosa de Jasper
acariciava para trás e para frente entre suas pernas, percorrendo um
caminho na seda de sua calcinha. Deus, ela poderia gozar apenas com
o atrito, mas quando ele enganchou um dedo no tecido e continuou o
movimento começando de sua boceta até a parte debaixo da bunda
dela, Rita parou de respirar completamente, seu corpo sacudiu com o
contato pele a pele.
— Sim.
Assim que o apelo deixou sua boca, a calcinha dela foi arrancada
caindo na madeira do balanço com um tapa.
— Abra suas coxas para mim, linda. Preciso dar uma olhada na
boceta das minhas fantasias.
286
e puxasse seu pau duro, segurando a centímetros de seu centro
exposto. Os dentes estavam serrados, o suor pontilhando sua testa.
287
Jasper sorriu contra o interior do seu joelho antes de arrastar a
língua mais para cima, para o núcleo em que seus olhos estavam tão
intensamente focados.
288
Rita lutou para inalar.
289
Sua língua entrou dentro dela, fazendo a trilha terminar com um
gemido, mas Jasper deu um tapa na parte externa da sua coxa com
um beijo, colocando ela de volta no caminho certo, mesmo enquanto
deixava sua língua dentro e fora com uma eficiência que a deixava
tonta.
290
beijo tão carnal que suas coxas se abriram sem um comando de seu
cérebro. — Passar meu pau para cima e para baixo em seu suor. Bem
na frente do seu rosto lindo. Porra. Sabe o quão excitado isso me
deixaria? Ver você observando meus impulsos de perto? — Como se
imaginando a cena, Jasper inclinou e chupou a ponta de seu seio
direito, as bochechas esvaziando. — Isso terminaria comigo gozando
em seus mamilos.
— Eu adoraria isso.
291
— Faça isso. — Ela gemeu, apoiando as pernas dobradas mais
altas nos quadris dele, usando-as como alavanca para levantar o
balanço. — Preciso de você. Forte como antes.
— Forte como antes, sim. Mas dessa vez você vai me olhar nos
olhos enquanto eu estiver te tocando. Entende?
— E em algum ponto dessa noite, vou fazer amor com você. O tipo
de sexo que leva uma hora para ser feito, lento e calmo. O tipo onde
nós envolvemos nossos dedos, então os entrelaçamos ao redor da
cabeceira da cama. E irei sussurrar coisas em seu ouvido, coisas que
eu não posso dizer na luz do dia. Prometa.
292
A tensão dentro dele explodiu e o mundo começou a girar
novamente. Jasper enterrou o rosto no pescoço dela com um gemido,
seus quadris começando um ritmo lento de bater e voltar o balanço em
que Rita estava, antes de deixar o assento de madeira e levá-la de volta
para baixo em sua ereção. Um arco de vai e vem que resultou em Rita
saltando no colo de Jasper com o som de carne batendo, balançando
para trás, em seguida, voltando para frente novamente no ar.
— Jesus. Jesus, Rita. Por que você tem que ser um ajuste tão
doce?
Rita abriu a boca para dizer que ele poderia fazer o que achasse
melhor, embora em termos menos articulados, quando a puxou do
balanço ela não conseguia ver onde a levou. Isso porque a boca dele a
distraía, movendo-se como uma promessa suja, rosnados baixos que
emanavam da garganta dele, se chocando com seus gemidos fora de
controle.
293
Pegando os joelhos de Rita, ele abriu mais as pernas dela na
medida em que iam para baixo na grama, seu corpo agitando como um
oceano de ressaca. Repicando e quebrando, caindo, antes de voltar
duas vezes mais forte.
— Sei tudo isso, linda. — Ele rosnou com a cabeça inclinada para
trás para que ela pudesse ver o suor escorrendo do seu rosto. — Eu sei
tudo sobre a dor. Sei tudo sobre o bem. Você me dá os dois, também.
— Os músculos de seu pescoço e ombros se apertaram. — Esta boceta
é boa demais. Cada centímetro apertado. Cada parte doce dela.
294
— Oh caralho, caralho, vou gozar agora. Forte. — Jasper ficou
rígido, seus músculos do braço apertando sob as pernas levantadas de
Rita, dentes abertos na escuridão.
295
Em cima de Rita, o grande corpo de Jasper sacudiu com a risada
e ela parou no momento, porque nada pareceu melhor em sua vida. Rir
para alguém que sabia como fazê-la rir de volta.
Ele estendeu a mão e usou o punho para sair do corpo dela com
um gemido gutural, removendo o preservativo e o colocando de lado.
Em seguida, concedeu a Rita outro esfregar de seus corpos, suas coxas
musculosas e cobertas de pelos fazendo-a se sentir ainda mais tonta.
Rita correu os arcos dos pés para cima e para baixo em suas
panturrilhas, massageando as costas dele com os polegares.
— Você está pensando em fazer isso até que esteja pronto para ir
de novo? Deve levar um minuto ou mais. — Seus dentes brilharam em
um sorriso, mas desapareceu logo. — Nunca fiz isso depois dessa parte.
Eu nunca quis.
297
CAPÍTULO TRINTA
Jasper inclinou para trás contra o balcão da cozinha, ouvindo os
sons de Rita tomando banho. Usando seu sabonete, sua água, suas
toalhas. Se não achasse que ela precisava de um segundo sozinha,
perguntaria se podia assistir. Porém, se isso acontecesse eles ficariam
no andar de cima o resto da noite e não estava pronto para apagar a
luz ainda. Haveria tempo de sobra para dormir quando ela saísse.
Estou apaixonado por você, Rita. Será que ela o ouviria do chuveiro
se gritasse em plenos pulmões? Com o tipo de chuveiro que tinha?
Porra, imediatamente. Ao invés disso, provavelmente era melhor
manter as palavras soando em sua cabeça. Que raio de destino cruel
estava em jogo aqui? Ele encontra a mulher de sua vida do lado da
estrada que ficou tempo suficiente para tomar sua alma e então, seria
levada embora.
Não, isso não era inteiramente verdade, era? Partiria por sua
própria vontade. Antes de trazer Rita para sua casa, ele estava
determinado a ser altruísta. Determinado a entender que ela precisava
caminhar ao longo da estrada por escolha própria. Sim, ainda estava
lúcido o suficiente para acreditar nisso. Em sua mente. O órgão que
dava a vida em seu peito, no entanto, teve outra conclusão. Se Rita
tinha a intenção de ir, porra, iria tornar tão difícil quanto possível para
ela. Será que não tinha esse direito? Quando um homem ama uma
mulher ele não luta com unhas e dentes para continuar com ela?
Cristo, sim. Sim. Ela cruzou o limiar da sua casa e agora tudo
seria colocado a seus pés como uma oferta, se gostasse ou não. Ele não
298
podia viver com a forte perspectiva de nunca a ter novamente. Acordar
dentro de dois dias, sem a possibilidade de encontrar Rita ao lado dele,
no térreo ou no quintal? Jasper iria lutar contra o destino para não ter
que viver esse pesadelo.
Aliás, era bem possível que ele poderia ser digno do sonho. O
sonho de ter Rita. Ela foi aquela que o convenceu de que sua presença
significava algo. Não importava. Estava aqui agora, não estava? Em sua
casa, com ele, feliz. Mesmo que fosse algo físico, mesmo que tivesse a
deixado com raiva. Ela ainda estava aqui. Mas não por muito tempo.
Não posso deixar isso acontecer.
299
— Você tem muitas camisas de flanela.
— Venha aqui.
— Posso ajudar?
300
Ela é bonita acima de tudo. Deus me ajude. Jasper emoldurou seu
rosto com as mãos, cuidando para não deixar seus corpos fazerem
contato. O plano era passar pelo menos alguma parte da noite não a
fodendo e Jasper estava determinado a fazer isso.
— Uma conversa?
301
— Não. — Rita pulou, então ele segurou seus braços para
estabilizá-la. — Não, você não iria. Mas sou um homem egoísta, por
isso estou feliz que não namorou com alguém inteligente o suficiente
para fazer um esforço. Eles tentariam te segurar a todo custo. —
Percebendo que estava revelando demais, Jasper limpou a garganta. —
E então eu teria que quebrar mais narizes.
— Agora mesmo?
302
— A parte de comer será o bom momento. — Havia uma leve
hesitação em seus movimentos agora. — Se eu não estragar tudo.
Ok, isso pareceu ridículo, mas o que ele queria dizer era: confie
em mim, aceite minha ajuda, me deixe ser sua outra metade. Por favor.
Apenas disse isso de uma maneira que não iria aterrorizar ela.
303
— Parece justo?
304
— Sua mãe. — Jasper apertou o rosto contra a lateral do pescoço
de Rita, tentando aquecer sua pele fria. — Algumas pessoas precisam
trabalhar pelas coisas, certo? Algumas pessoas precisam abrir um bar
com nome estranho antes de juntar sua vida.
Jasper ficou em volta dela por trás, indo para o forno, cada uma
das mãos se elevaram para ajustar a temperatura, Rita começou a
gargalhar. E em algum momento voltando para a estação de trabalho
ela parou de tremer.
Jasper viu quando ela quebrou outro ovo dentro da tigela, depois,
batendo os ovos com um garfo grande.
— Como se sente?
305
Transferindo sua atenção para a panela grande que colocou no
fogão, derretendo uma quantidade generosa de manteiga, adicionando
a farinha quando a mistura começou a espumar. Eles se moveram para
uma posição lado a lado, seus quadris se tocando quando Jasper
seguia as instruções tranquilas, mas eficientes de Rita.
Jasper tentou não olhar para ela, mas Jesus, era difícil. Estava
realmente se transformando ali mesmo em sua cozinha. Quanto mais
eles entravam no processo, mais ela brilhava, mais suave suas ações
se tornavam, até que era uma pequena fada voando ao redor do espaço
em algum ballet complicado que Jasper apenas poderia se maravilhar
mais. Onde essa mulher brilhante se escondeu a vida toda?
— Você quer mudar para algo mais leve? — Perguntou Jasper, não
se surpreendeu nem um pouco por encontrar sua voz soando como se
fosse escavar sorvete de tão dura que estava. — Outra camisa ou...
Mas ela deixou Jasper perto de gozar em seu jeans quando deu o
próximo passo. Com dedos ágeis empurrou cada botão da camisa de
306
flanela por meio de seu respectivo buraco antes de deixar cair para o
chão, deixando-a com apenas uma calcinha de bolinhas roxa e branca.
307
Jasper arrancou sua camiseta antes de Rita terminar de fazer o
pedido não tão sutil.
— Sim.
308
Jasper tinha certeza que a calcinha não iria deixar essa casa porque
ela causou um ataque e o deixaria excitado pelos próximos quarenta
anos. O tempo que ele teve para verificar sua mulher também deu
tempo para ficar impaciente, infelizmente.
Ela disse, seus movimentos muito menos graciosos agora que ele
estava balançando seu pau contra sua parte inferior, gemendo com a
necessidade de foder. Seus quadris colidindo contra o balcão com o
movimento de seu corpo. Quando decidiu que um minuto se passou,
deu um passo para o lado e começou a dar tapas na bunda dela, o
barulho ecoando pelas paredes de sua cozinha. Preso pelo perfil de
Rita, Jasper observou ela passar por tantas reações ao mesmo tempo
que poderia nomear todas e concordar sobre a indignação satisfeita.
309
para ela, mas o deixava inquieto. Rosnou em sua nuca. — Você é a
porra de um pedaço quente.
310
Aparentemente, ela queria apenas elogios de variedade física, o
que estava bem para Jasper. Ele inverteu suas posições, forçando o
corpo de Rita contra a geladeira, dando a ela impulsos libidinosos
através de seu jeans. A cabeça dela caiu para trás contra a superfície
dura, lhe dando acesso ao seu pescoço no processo.
— Foi o fato de eu cozinhar nua que deixou você assim com tesão?
— O resultado?
311
E o flash de simpatia genuína nos olhos dela não era bem-vindo.
Não era bem-vindo a um homem que estava preste a ter seu coração
arrastado como latas na parte de trás de uma limusine alugada. Isso o
irritou. Seu senso comum enviou um memorando para seu orgulho
masculino que foi firmemente rejeitado.
— Jaspe...
— Vamos usar essa boca para beijar, ao invés de dizer coisas que
não significam nada. — Disse ele, recuperando um preservativo do
bolso e rasgando a embalagem com os dentes.
— Oh.
312
também. Era fácil dizer pela forma como ela absorveu o primeiro
impulso com quase um grito de alívio, coxas apertando ao redor de seus
quadris. Talvez até quisesse ser punida em algum nível por deixá-lo.
Jasper odiava a ideia, mas seu corpo não apagava a lógica de sua
mente. Ele queria Rita de uma forma real.
313
— Você vai. — Jasper disse, os dentes apertados.
Porra, a raiva em sua voz não tinha lugar entre eles. Não havia
espaço para nada entre eles. Nada. Mas ele não podia controlá-la, não
podia impedir que transbordasse. Lágrimas rolavam pela têmpora dela,
lágrimas de arrependimento ou excitação, mas o corpo lhe pedia para
seguir. Implorou a seu corpo para usar o dela. As unhas aranharam a
pele de seu traseiro enquanto ele bombeava em sua boceta que o
apertava e Jasper a beijou no meio da tempestade, guiando-a em
segurança para o outro lado, lhe pedindo para fazer o mesmo.
— Rita. Meu Deus, Rita. — Ele colocou sua testa suada no pescoço
dela e se embalou em sua perfeição uma última vez, deixando ir com
um rugido abafado.
314
Isso deveria ser suficiente para livrá-lo da chuva, mas todos os
mesmos obstáculos permaneciam no outro lado, incitando Jasper a
colocar seu corpo perto e esperava que eles desaparecessem.
Feito.
315
CAPÍTULO TRINTA E UM
Rita estava esgotada. Tudo parecia esgotado. Seu estômago
abrigava um exército de nervos tão agitado que havia marca de pegadas
por todos os lados. Mas se considerasse as últimas vinte e quatro
horas, com suas revelações, assim como as de seus irmãos e ainda,
considerasse a atividade sexual alucinante que teve durante toda noite,
bem, ela não deveria estar estressada. Deveria se sentir alegre e
relaxada, senão absolutamente eufórica. Afinal, perdeu a contagem do
número de orgasmos que teve perto do oitavo, então acontece que o
homem com quem passou a noite, aquele mesmo que a ajudou a fazer
o suflê, não parecia em nada com o tenso e silencioso homem que a
deixou na frente do hotel a caminho do Liquor Hole.
Até ontem, Rita teria evitado o irmão como a peste negra, mas
agora as coisas estavam diferentes. Não apenas admitiram que eram
uns fodidos fracassados, mas também, pela primeira vez na vida, se
enfrentaram cara a cara, expondo igualmente suas s. Para falar a
316
verdade, ela já não sentia mais vontade de se esquivar de nada, não
mais.
317
— Hmm... — Peggy, descaradamente, tentou esconder a risada,
porém, quando seus lábios se renderam à luta, um pálido e irritante
vermelho apareceu em seu rosto. — Geralmente, resta ainda certa
euforia...
318
ter se afastado dele assim que soube como sentia-se horrível quando
as mulheres o deixavam. Exceto que fui egoísta, agora vou viver com o
terrível fato de que minha partida o tornaria inacessível para outras.
Provavelmente para sempre.
— Uau! Ok, ok... isso sim, seria uma grande mudança. Quando
foi que você...
32 As três são cadeias de lojas de departamento, de artigos de luxo e grifes. Todas localizadas em áreas nobres
de Nova York.
33 Popular série de televisão estadunidense de comédia, transmitida pela ABC de 1976 até 1983. As
protagonistas eram Laverne De Fazio e Shirley Feeney, que dividiam um quarto e, no começo do programa,
trabalhavam numa cervejaria de Milwaukee.
319
Rita ficou momentaneamente sem fala, tamanho foi o susto que
tomou. Agora mais do que nunca estava convencida de que sua mãe
teve um motivo velado ao expressar seu último desejo.
320
— Não é um não! — Rita se apressou em dizer. — Você teve mais
tempo para pensar sobre isso do que eu. Bem, três dias inteirinhos...
Fitando ela com uma sabedoria que Rita jamais viu antes, Peggy
comentou.
321
Ao cruzar o batente, Rita refletiu que era a primeira vez no quarto
dos irmãos, enquanto Peggy provavelmente já foi inúmeras vezes. O
espaço estava bem limpo, mas, a cama de Belmont se encontrava tão
imaculadamente arrumada que nem parecia que ele dormiu ali. A linha
divisória entre eles era invisível, porém, estava ali pendurada e
perceptível tal como trepadeiras selvagens. Apenas mais um lembrete
do quão pouco ela sabia sobre seus irmãos. O quanto se distanciou da
família. O que será que aconteceu entre eles para evitarem conversar
por tanto tempo?
— Você tem alguma carta sob a manga para usar em Iowa, além
de mostrar essa sua carinha charmosa? — Rita perguntou ao se sentar
no canto da cama de Belmont.
322
Rita até sentiu o olhar da irmã sobre ela, contudo não se virou.
Antes firmou mais a atenção no irmão, na tensão tão incomum que lhe
enrijecia os ombros e o maxilar.
— Você tem certeza de que é com esse grupo que deseja estar,
Aaron?
323
Se era assim, então por que seu corpo, incluindo seu coração,
pesava como chumbo diante da perspectiva de entrar no Suburban?
324
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
Em geral, Jasper deixava que Nate cuidasse das coisas no bar,
mas agora descascar limões e trocar as fitas da caixa registradora
ajudavam a manter sua mente ocupada. Ainda que o silêncio fosse
como agulhas sob sua pele.
Tudo levava a crer que deixar Rita essa manhã no hotel foi o fim.
O clima de separação iminente entre eles ficou tão sufocante dentro da
cabine da caminhonete, que ele nem se surpreendeu ao vê-la sair, lhe
dando um sorriso triste sobre os ombros. A agonia que o atingiu foi tão
intensa e profunda que ficou incapacitado de se manifestar. Não foi
capaz de chamá-la a fim de se despedir adequadamente ou qualquer
que fosse uma boa forma de dizer adeus, usada por duas pessoas, após
se entregarem à luxúria carnal por quase dez horas consecutivas.
325
tanto que a virou, escorregou por entre as coxas dela e a despertou
usando sua boca faminta. Ele ainda podia sentir o gosto.
Provavelmente o sentiria pelo resto da vida, no final de cada dia, sempre
saberia qual era o gosto dela sem precisar senti-lo todos os dias, ainda
que ansiasse tanto a sorte de poder sentir.
— Sim.
326
significasse que tudo não foi apenas algum tipo de complicado
devaneio.
— Minha irmã.
— Sim. Mas deve ter notado que ela tem suas próprias ideias.
Ele jurou que devem ter se passado mais uns cinco minutos antes
que Belmont finalmente falasse.
327
— Tudo isso é verdade?
— Qual parte?
— Eu deixei claro.
328
— Não, acho que não é... — Adiantou Jasper, escondendo sua
diversão. — É bastante óbvio que ela é preocupação sua apenas.
— Se você ama alguém, deixe-o livre para partir. Parece que isso
não saiu de moda apenas porque ficou ultrapassada.
329
— Bom, acho que isso significa que devemos tomar algo.
330
sobre o travesseiro. — Completou ele, afastando o copo para longe. —
Minha irmã faz as coisas em seu próprio tempo... você precisa deixa-la
livre, deixar ela partir.
331
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Jasper se movimentou pelo salão do Buried Treasure alisando as
cadeiras, olhando-as de diferentes ângulos. Queria estar na cozinha
com Rita, mas ela estava revisando os preparativos e falando sobre o
cardápio com o chef. O chef que trabalharia ali quando os Clarkson
fossem embora essa noite. Sua voz rouca subiu pelas paredes e caiu,
se fazendo em casa, deixando sua marca. Apenas um minuto se passou
no relógio interno de contagem regressiva de Jasper antes que fosse até
a cozinha e levasse aquela mulher para fora por cima do ombro.
Isso era loucura, não era? Ser egoísta quando sua felicidade
estava em jogo?
333
Quando se levantou de novo, esfregando o local dolorido, Jasper
já estava ao seu lado, assumindo a tarefa para ela.
— Estou bem.
— Engraçado.
334
ansiosa. Exceto que Jasper tinha certeza que iria beneficiá-los tanto
agora, considerando que estava prestes a colocar tudo na linha. Fez
um gesto para Rita segui-lo ao escritório, fechando a porta atrás deles.
Se recostou contra ela, observando como um homem faminto quando
Rita sentou na beirada de sua mesa, um pedaço de papel comprimido
entre os dedos.
— Ok. — Ela colocou alguns fios de cabelo escuro que saiam atrás
da orelha. — Olhei para o cardápio que seu chef planejava usar e ofereci
algumas sugestões. Espero que esteja tudo bem.
Senhor, ela poderia muito bem ter disparado uma rodada de balas
em seu estômago. Interpretou mal o seu silêncio antes?
— Não posso nem imaginar que não estivesse aqui. — Ele avançou
em sua direção. — Leia os especiais.
335
Jasper descansou as mãos em ambos os lados de seus quadris,
traçando a curva de seu pescoço com os lábios ávidos.
— Continue.
— Não.
336
mãos à frente e espalmar os dois seios mais doces que já viu. — Mais
alguma coisa que queira me dizer sobre o menu, Rita?
— O que?
— Por favor, não haja como se estivesse surpresa. Não serei capaz
de suportar isso. — Sua boca tocou a dela, beijando, beijando, como
um homem pronunciando uma oração fervorosamente. — Não pode
ficar surpresa quando os últimos dias me deram vida. Fique triste, feliz
ou louca. Mas não posso lidar com surpresa, como se talvez você nem
sequer por um segundo me considerasse.
338
pelas bochechas. Como algo tão bonito poderia rasgar sua alma e
pisoteá-la, mesmo que não fosse de propósito?
— Jaspe...
— Venha, então. Você não vai dizer as palavras, não vai escrever.
Use o corpo que me deixa louco e mostre o que já sabemos.
340
sabendo que queria alguns saltos fortes. — É tão bom. — Ela respirou,
já começando a tremer, seus dentes batendo.
O rosto dela caiu em seu pescoço com um soluço, mas ela não
respondeu.
341
pernas escorregaram dos lados de seu corpo e as costas se
endireitaram, ela ainda não tinha dito.
342
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
Rita caminhou tremendo de volta para a cozinha. Nada comparado
com o tremor por trás de suas costelas. O bater em sua cabeça. Jasper
a colocou contra a porta e ela não deu o que ele precisava em troca. Ou
deu, mas de uma maneira diferente. Parecia uma traição, não
importava de que ângulo olhasse.
343
Rita entrou na cozinha para encontrar Aaron e Peggy jogando um
limão para trás. O chef claramente estava irritado, mas não conseguiu
mostrar porque estava rindo de Peggy. Sage dançou até a cozinha atrás
de Rita, pegando o limão no ar e dando aos dois irmãos um olhar severo
antes de fazer um jogo de três vias de captura.
344
— Ei, qual a música que a mamãe costumava cantar quando
experimentava um novo cardápio? Não me lembro...
35 A música se refere a uma moça que usava uma boina cor de framboesa, e a mãe mudava a palavra para
sorvete de framboesa.
345
Quanto mais o tempo passava, mais Rita começava a
experimentar uma sensação sem fôlego. Um sentido iminente de perda.
Movimentos que normalmente eram naturais estavam artificiais. Cenas
com Jasper passavam em sua mente como a luz do sol através da
janela. Ela sendo pega na estrada em sua moto. Dançando na cozinha
de Rosemary. Beijando no estacionamento do hotel. Vendo o Buried
Treasure, pela primeira vez, vendo tudo o que ele trabalhou para
construir, sem a ajuda de ninguém. Deitados lado a lado na carroceria
da caminhonete, observando as nuvens mudar, falando sobre qualquer
coisa que passavam pela cabeça. Enquanto ela e os irmãos estavam se
curando de uma cicatriz profunda, outra estava se formando, se
tornando permanente.
E quando se virou para ver Jasper olhando para ela da porta, onde
ela estava se encolhendo com seus irmãos rindo, essa cicatriz
aprofundou-se e jorrou sangue fresco. Porque sem dizer uma palavra,
naquele momento, deu-lhe sua resposta.
~*~
346
refeições. Comida que Jasper podia olhar e ver o toque de Rita. Ver as
mudanças sutis que ela fez para lhe dar o toque certo. Mesmo sem ver
os pratos que enviou para fora da cozinha, ele saberia que eles tinham
pequenas peculiaridades, assim como o Buried Treasure.
347
amor de três dias não pudesse competir com a família que ela estava
lutando para juntar? Com a nova vida distante do restaurante que tão
desesperadamente queria.
348
Depois de ver as pessoas que tinham se levantado sair pela porta,
Jasper virou para encontrar Rita observando-o da estação de garçons,
um quadril apoiado contra o balcão. A tristeza se escondia em seus
olhos, mas havia orgulho lá também. Dele. Do restaurante. O avental
que usava estava coberto de manchas de molho, uma pitada em seu
rosto, deixando-o nervoso. Sem pensar, ele foi até Rita, usou seu
polegar para limpar o molho.
— Obrigado. Por tudo que sua família fez essa noite. — A bala de
canhão se materializou em seu estômago, arrastando-o para baixo. Ele
não queria ninguém ali para testemunhar quando batesse no fundo.
Especialmente ela. — Mas acabou Rita. Preciso que vá. Eu não posso
olhar para você mais sem me transformar em um idiota.
349
— Sinto muito. — Suas mãos tremiam quando ela tirou o avental
sujo e colocou-o na estação de garçons. — Eu nunca esperei você. Ou
eles. Ou nada disso. — Ela abaixou seus olhos. — Deixar a cidade a
noite parece ruim, não é? Mas não acho que serei capaz de resistir a
mais um dia se esperarmos até o sol nascer.
— Adeus Jasper.
36 Groundhog Day, é uma festa tradicional nos Estados Unidos e no Canadá, que se celebra no dia 2 de
Fevereiro. Segundo a tradição, as pessoas devem observar uma toca de uma marmota: se o animal sair da toca
por estar nublado, isso significa que o inverno terminará mais cedo; se, pelo contrário, o sol estiver a brilhar e
o animal se assustar com a sua sombra e voltar para a toca, então o inverno durará mais seis semanas.
350
Ele puxou a cadeira que Rita se sentou na primeira noite que
apresentou a ela o Buried Treasure. A noite que Rita nomeou o lugar.
Sentou, cobriu o rosto com os braços sobre a mesa. E não se mexeu.
351
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
Levou apenas vinte minutos para que todos guardassem seus
pertences que estavam no hotel e subissem no Suburban. Algo sobre
isso parecia errado para Rita. Certamente vinte minutos eram
insuficientes para apagar qualquer evidência de sua estadia em Hurley.
Não era?
Tudo tão normal. Porra. Por que todos estavam agindo de maneira
tão normal? O ar estava sendo desviado dos pulmões de Rita, ela sentia
um comichão na pele, o interior do carro cada vez menor. Com uma
maldição, abriu a porta de trás, permitindo que o vento quente do
deserto entrasse no Suburban. Ele entrou sob as mangas de sua
camisa, subiu por seu pescoço e segurou, segurou tão apertado. Como
se Jasper tivesse tomado a forma de vento invisível, tomado a decisão
de alcançá-la uma última vez. Seu rosto, suas palavras, a falha
352
evidente em ambos arranhou sua consciência. Não, não é um fracasso.
Você me ganhou. Eu apenas tenho que ir de qualquer maneira.
Jasper. Jasper. O que ele estava fazendo? Será que já tinha saído
do Buried Treasure? Será que iria para casa se sentar no balanço onde
fizeram amor? Ou talvez tomar uma xícara de café, enquanto estivesse
353
encostado na ilha da cozinha, casualmente olhando os números
daquela noite? Bastou muito pouco da concentração para que a
imaginasse na ilha ao lado dele, vestindo sua camisa de flanela,
roubando um gole de café.
Escutem. Estou soando como uma mãe. Aqui está mais um conselho
de mãe, bom... crianças parem com as insignificâncias ou eu farei um
giro ao redor desse carro agora mesmo...
E com aqueles olhos sábios nela, ela pode de repente ver. Ver
todas as coisas que não enxergou por tanto tempo. Estar na cozinha
mais cedo, foi divertido. Talvez pela primeira vez em uma cozinha.
Porque os pratos foram preparados por ela. Para Jasper. Ninguém
mais. Ela finalmente descobriu como cozinhar sem medo. E foi em
parte devido ao homem que estava deixando para trás. O homem que
passou dias a libertando da prisão, talvez, mesmo sem estar consciente
da diferença que ele fez, momento a momento.
355
Ela poderia ficar? Ficar e amar um homem sem o terror de
desapontá-lo? Desapontar a si mesma? Sim. Sim. Na noite passada,
uma semente foi plantada na cozinha de Jasper. A semente do prazer,
amor. Cozinhar a fez se sentir como antes. Antes que se perdesse na
tentativa de ser alguém diferente de Rita. Ela provou essa noite que não
foi a cozinha que a quebrou. Ela se quebrou. Mas porra, também
consertou o dano. Com Jasper. Oh Deus, Jasper. A única maneira que
podia decepcioná-lo seria ir embora.
— Sinto muito. — Ela falou para Belmont porque era mais fácil e
ele nunca teve a capacidade de julgá-la diretamente. — Sinto muito...
eu sei que isso foi ideia minha. Mas acho que posso ter encontrado um
lar com aquele homem. O único ao qual estou destinada. — Rita se
inclinou, colocando o rosto entre os joelhos. — Oh, Deus, eu sinto que
estou morrendo. Odeio isso.
— Foi ideia da nossa mãe, Rita. É por isso que estamos aqui. —
Ele se mexeu, olhando pela janela. — Você não tem que assumir a
responsabilidade por isso. Teríamos encontrado o caminho de alguma
forma, certo? — Ele estendeu a mão e cutucou seu ombro. — E se você
encontrar um lar, tudo o que vier dessa viagem, valeu a pena. Acho que
talvez haja mais para nós quatro na estrada, mas a estrada termina
aqui para você. Você e seus bebês vestindo flanela.
356
— Eu também. — Ele deu um beijo em sua testa. — Embora
mantenha que estava certo na maioria das vezes.
358
— Não. — Rita começou a andar para trás, dando uma última
olhada em sua família. — Eu tenho que fazer isso sozinha.
~*~
359
curiosidade forçou-o a ir em direção a ela, a necessidade de ter uma
visão melhor, uma bomba errática começando no peito. Seus dedos
soltos, as chaves caíram no chão, mas ver a figura que se aproximava
parecia impossível, então ele continuou andando. Caminhando para
baixo no centro da estrada principal, como uma espécie de sonambulo
maníaco. A areia rangia sob suas botas, cada vez menos tempo que se
passava entre os sons. Ele estava correndo agora? Sim, sim, estava
correndo.
360
Com o objetivo de sentá-la e colocá-la em seu colo, Jasper tentou
se mover, mas encontrou suas pernas paralisadas, agarrando-se à
estrada como plástico derretido.
Ela alisou as mãos para cima e para baixo em seu peito, como se
estivesse tentando aquecer seu coração no salto de partida. —
Continue dizendo coisas assim. Eu mereço.
— Não. Eu não quero que você se sinta culpada. Não quero que
você sinta nada além de felicidade por ter voltado para mim. Nem agora,
nem nunca.
— Deve ter se cruzado com o meu. Ele deixou a cidade junto com
você. — Ele juntou seus lábios aos dela, gemendo com a perfeição que
pensou nunca sentir novamente. Sua Rita. — Você voltou. Vai... ficar?
— Sim.
361
— Sua família...
362
— Eu também te amo. — Ela sussurrou. — Mencionei isso?
Sua casa.
363
EPÍLOGO
Aaron olhou pela janela gigante de trás do Suburban até que Rita
se tornou uma partícula cada vez menor sob os postes de Hurley. Porra.
Realmente não pensou essas coisas sobre sua irmã. Isso fez ele se
perguntar quem mais subestimou ou deu um desconto recentemente.
Quando acidentalmente fez contato visual com Belmont no espelho
retrovisor, fingiu grande interesse no conteúdo de sua pasta. Embora
sim, ele realmente não estivesse fingindo, certo? Leu a primeira página
do diário de Miriam, o que os levou a esse passeio hediondo através do
inferno, mas não foi além disso. Principalmente devido ao diário estar
sempre em posse de Rita...
É por isso que ele não abriria o diário. Hoje não. Nem em vinte
anos. Ser um grande mentiroso lhe dava a capacidade de amortecer a
realidade, de como ele era sem alma contra o pano de fundo de seus
364
irmãos. Peggy era o coração sangrando que teve que dizer sim a quatro
propostas de casamento porque não conseguia dizer não para não
machucar os sentimentos de alguém. As águas calmas de Belmont
corriam em profundidade suficiente para manter tudo e todos sob
controle. Mesmo que não fosse sempre assim entre Aaron e seu irmão.
Eles ainda eram amigos. Ou talvez imaginou a coisa toda, com certeza
parecia isso agora.
365
parada repentina. Aaron se sentiu ridículo no minuto em que pisou no
cascalho, o silêncio absoluto do deserto como um vazio ao redor dele.
Sage deu uma risada trêmula, cobrindo a boca com as duas mãos.
366
Aaron ignorou seu irmão mais velho e assobiou novamente. Por
quê? Ele não tinha ideia. Eles nunca tiveram animais de estimação.
Nem tinha certeza se gostava de cães. Mas deixar algum pobre vira-
lata no deserto escuro parecia uma coisa de merda para se fazer.
— Vamos lá, meu velho. — Aaron bateu uma vez, seus lábios se
contraindo quando o cão apenas inclinou a cabeça.
Como se dissesse: Você está falando comigo? Bom Deus, isso era
estúpido. Agachado na beira da estrada entre as cidades, tentando
atrair um animal de rua. Talvez Aaron estivesse apenas aborrecido por
seu cérebro ter passado tanto tempo sem um desafio. Talvez precisasse
de uma distração do diário que inesperadamente caiu em seu colo. Seja
qual fosse a razão, ele queria que o cão entrasse no maldito Suburban.
— Posso ver daqui que ele não tem coleira. — Aaron se voltou.
367
quanto mais Aaron chegava perto do animal, mais ele se encolhia, o
que lhe fez parar.
368
— Vamos chamá-lo de Rita. — Aaron brincou, o que lhe valeu um
tapa no ombro de Peggy. — Tudo bem, vamos chamá-lo de Velho.
Apenas até que eu possa chegar a algo melhor. — Relutantemente, ele
olhou para Belmont. — Você tem um problema com o cachorro?
~*~
369
levando-a ao céu. Apenas para guiá-la de volta para terra e iniciar o
processo novamente.
370
— Quando vi você no lado da estrada, Rita... — Sua cabeça suada
caiu na curva de seu pescoço, mas ele levantou para dizer as próximas
palavras em seu ouvido — Vi minha esposa. Eu sabia.
371
Os olhos de Jasper estavam vidrados, cheios de luxúria como seu
aperto firme. Apenas o suficiente para impulsionar Rita ao
esquecimento.
372
— Com compota de mirtilo, ao molho de manteiga e creme... e
bacon. Sempre o bacon...
FIM!
373
AGUARDE A HISTÓRIA DO PRÓXIMO CLARKSON EM:
374
AVISO 1
Por favor, não publicar o arquivo do livro
AVISO 2
Cuidado com comunidades/fóruns que solicitam dinheiro para ler
romances que são feitos e distribuídos gratuitamente!
EQUIPE
PEGASUS LANÇAMENTOS