Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 2525-8761
RESUMO
Introdução: O acompanhamento periódico do estado nutricional do paciente com doença
renal crônica, através da avaliação nutricional se torna fundamental para um diagnóstico
precoce, prevenção e tratamento da desnutrição. Esse estudo objetivou compreender a
viabilidade da utilização do teste força de preensão palmar (FPP) na avaliação da perda
da massa e força muscular em pacientes que realizam hemodiálise. Métodos: Refere-se a
um estudo de revisão integrativa, onde foram pesquisados os descritores no MESH:
Handgrip strength and hemodialysis e DECS: Força de preensão palmar e hemodiálise,
nas bases de dados LILACS, SCIELO e PUBMED, utilizando como critério de inclusão
artigos dos últimos 10 anos, idiomas em inglês, português e espanhol, artigos de acesso
livre e artigos realizados com humanos maiores de 18 anos. Foram selecionados 9 artigos
para análise dessa revisão. Resultados e Discussão: Ainda não se tem uma padronização
do protocolo de aferição da FPP em pacientes renais crônicos e nem valores referências
de adequação para essa população, somente a recomendação da medição na mão oposta
da fístula arteriovenosa. Os estudos analisados demonstraram uma correlação entre a
força muscular estimada pela FPP e variáveis como idade, gênero, estatura, diabetes
mellitus, hipertensão, exames bioquímicos, mediadores inflamatórios e prognostico de
hospitalização e mortalidade. Conclusão: A FPP se mostrou uma ferramenta viável e
confiável na avaliação da função muscular em pacientes renais crônicos, porém, notasse
a necessidade de padronizar um protocolo de aferição nesses pacientes, principalmente
no que se referem à posição do teste, valores referenciais de adequação e tempo de
aplicação.
ABSTRACT
Introduction: Periodic monitoring of the nutritional status of patients with chronic kidney
disease, through nutritional assessment, is essential for an early diagnosis, prevention and
treatment of malnutrition. This study aimed to understand the feasibility of using the
handgrip strength test (HGS) to assess the loss of muscle mass and strength in patients
undergoing hemodialysis. Methods: Refers to an integrative review study, where the
descriptors in the MESH: Handgrip strength and hemodialysis and DECS: Handgrip
strength and hemodialysis were searched in the LILACS, SCIELO and PUBMED
databases, using articles as inclusion criteria over the past 10 years, languages in English,
Portuguese and Spanish, free access articles and articles made with humans over 18 years
old. Nine articles were selected for analysis of this review. Results and Discussion: There
is still no standardization of the HGS measurement protocol in chronic renal patients and
no reference values of adequacy for this population, only the recommendation for
measurement in the opposite hand of the arteriovenous fistula. The analyzed studies
showed a correlation between the muscular strength estimated by the HGS and variables
such as age, gender, height, diabetes mellitus, hypertension, biochemical tests,
inflammatory mediators and prognosis for hospitalization and mortality. Conclusion:
HGS proved to be a viable and reliable tool in the evaluation of muscle function in chronic
kidney patients, however, noted the need to standardize a measurement protocol in these
patients, especially with regard to the test position, reference values of adequacy and
application time.
1 INTRODUÇÃO
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela perda da função renal de forma
progressiva e irreversível, apresentando marcadores de danos renais e taxa de filtração
glomerular alterada por um determinado tempo, segundo Kidney Disease Outcome
diagnóstico. Esse método de avaliação é de fácil aplicação, baixo custo e não invasivo,
realizado através de uma força de preensão manual por um dinamômetro, instrumento
utilizado para avaliar força, com objetivo estimar o desempenho muscular ou desnutrição
de um indivíduo, auxiliando assim em uma melhor avaliação da sua capacidade funcional
(EL KIK, 2016; STEEMURGO et al., 2018).
Logo, a realização dessa revisão integrativa objetivou compreender quais
protocolos são utilizados para força de preensão palmar (FPP) em pacientes com doença
renal crônica em tratamento hemodialítico, seus pontos de corte para o diagnóstico de
sarcopenia e a viabilidade do método para esse público.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Na realização dessa revisão integrativa da literatura foram seguidos os seguintes
passos: identificação do problema, busca de artigos científicos por meio de descritores
nas bases de dados da literatura cientifica com aplicação de critérios seleção e exclusão
para a seleção dos artigos, como idioma e ano de publicação, após, avaliação e análise
dos dados contidos nos artigos selecionados. A busca dos estudos ocorreu no período de
julho a setembro de 2020. As bases de dados científicos foram: LILACS, SCIELO e
PUBMED, os artigos utilizados foram aqueles publicados nos últimos 10 anos sendo no
intervalo de tempo 2010 – 2020, nos idiomas, inglês, português e espanhol com acesso
livre, sendo critérios de inclusão os artigos realizados com humanos, maiores de 18 anos
nos os descritores no Mesh: Handgrip strength and hemodialysis e Decs: Força de
preensão palmar e hemodiálise. Após aplicação de filtro de descritores foram
encontrados 164 artigos na base PUBMED para leitura exploratória dos resumos, e então
selecionados 23 artigos para leitura integral. Após a leitura analíticas, foram selecionados
8 artigos para revisão, pois desses 23 artigos selecionados, 11 artigos não permitiram o
acesso livre e foram descartados. Na base LILACS foram encontrados 10 artigos, após
leitura dos resumos, 5 artigos foram selecionados para leitura integral, desses, 2 artigos
entram no escopo desta revisão. Na base SciELO foram encontrados 9 artigos,
selecionados 3 para leitura analítica, 1 artigo foi excluído por não fazer parte dos critérios
de inclusão. Na base PUBMED (2 artigos) e LILACS (1 artigo) apresentaram-se em
duplicata, oriundos da base SciELO. A seleção está descrita no Quadro 1. portanto para
essa revisão integrativa foram utilizados para análise e discussão 7 artigos no total.
Lilacs Handgrip 8 4 1 1 0
strength and
hemodialysis
Força de 2 1 1 0 1
preensão
palmar e
hemodiálise
SciELO Handgrip 9 3 2 2 0
strength and
hemodialysis
Fonte: Os autores (2020)
3 RESULTADOS
Os resultados da presente revisão estão demonstrados na tabela 1., separados por
autores, ano, país, sujeitos da pesquisa, tipo de estudos, resultados encontrados
relacionados FPM e conclusão do estudo. Todos os estudos analisados são a respeito de
pacientes em hemodiálise e aplicação do método FPM. Os estudos encontrados foram
realizados principalmente na América do Sul (5), seguido de Europa (2) e Ásia (2).
Autores (ano) País Pesquisados Tipo do Estudo Resultado do Estudo Conclusão do Estudo
Lin et al., 2020 Taiwan 126 pacientes de HD, Estudo de coorte Pacientes com FPP baixa: 51,6% dos Conclui que o
maiores que 20 anos, em HD prospectivo pacientes usando os critérios taiwaneses e diagnóstico da
por pelo menos três meses. 64,3% usando os critérios europeus. sarcopenia pode ignorar
Pacientes com baixa FPP, comparados com pacientes com fraqueza
pacientes com FPP normal, apresentaram muscular isolada, uma
associações significativas com hospitalização vez que esses não
e mortalidade. Pacientes que não apresentam redução de
apresentavam sarcopenia, porém a FPP baixa massa muscular, porém,
foi associado a um aumento na nesta população
hospitalização. específica, os riscos de
hospitalização e
mortalidade
permanecem elevados
Hasheminejad et al., Irã 83 pacientes em HD, de 18 a Análise Os valores de FPP dos pacientes identificados A FPP pode ser
2016 70 anos e em hemodiálise há Transversal como levemente desnutrido e incorporada como uma
pelo menos 2 meses. moderadamente desnutrido foram 22,6 ± 9,6 confiável ferramenta
kg e 16,9 ± 7,04 kg, respectivamente. A para avaliar a massa
pontuação total da FPP foi significativamente muscular em relação à
associada a MIS, porém, após ajuste para nutrição em pacientes
idade, diabetes mellitus, peso corporal e que realizam HD. Porém,
altura, a FPP não houve correlação com a a poucos estudos
MIS. propondo valores de
referências para
avaliação da perda
muscular.
Isoyama et al., 2014 Suécia 330 pacientes (18 a 75 anos) Análise 36% apresentaram baixa força muscular, total Os resultados da FPM
em diálise incidente (203 transversal post de 118 pacientes. Comparados com pacientes com os braços dominante
homens), recrutados entre hoc com com força muscular adequada, os pacientes e não dominante não
1994 e 2010 e acompanhado acompanhamento com baixa força muscular eram mais velhos e apresentou diferença
prospectivamente por até 5 prospectivo de tinham mais comorbidades, como também significativa entre o
anos, ou até a morte, uma coorte apresentaram IMC, creatina sérica e albumina ensaio 1 e ensaio 2. As
transplante renal.
Para os pesquisadores Pinto et al. (2015), esses, utilizaram mesmo protocolo que
Hasheminejad et al. (2016), porém a aferição ocorreu antes e após a sessão de HD e para
pacientes com uso de cateter a medida foi realizada no braço dominante. Aferição ocorreu
com dinamômetro manual de pressão hidráulica do tipo Jamar e para a adequação da
FPM, foi empregado um padrão de referência nacional, onde foi calculada com base no
percentil 50 para sexo e idade.
O estudo de Isoyama et al. (2014) não especificou protocolo utilizado para análise,
apenas descreveu que utilizou dinamômetro Harpenden Handgrip e a medida ocorreu na
mão dominante ou na mão sem fístula, e o maior valor das três tentativas foi anotado.
Para diagnóstico de baixa força muscular foram usados os critérios postulados pelo Grupo
de Trabalho Europeu sobre sarcopenia em idosos. Os pontos de corte para baixa força
muscular foram definidos a partir de populações jovens de referência (<30kg em homens
e <20 kg em mulheres).
Já no trabalho de Segura-Ortí et al. (2011) realizou-se o teste antes da sessão de
HD, utilizando um dinamômetro (Takei Physical Fitness Test TKK 5401 Grip
Dynamometer), os pacientes foram posicionados em pé com o cotovelo estendido no
momento do teste, aferição ocorreu nos dois braços, com três repetições de aferição em
cada e o maior valor foi obtido para análise. No estudo de Callegari et al. (2018) realizou
a medida antes da sessão de HD, realizada na mão dominante, utilizou dinamômetro
North Coast Medical, e a aferição ocorreu com o paciente sentado, cotovelo a 90° graus
e o maior das três tentativas foi considerado para os resultados.
Os dados dos estudos apresentados mostram-se em diferentes metodologias para
o entendimento da aplicação da (FPP), essas nuances divergentes nos fazem pensar qual
método seria melhor para aplicabilidade nessa população com DRC.
4 DISCUSSÃO
Com as diferenciações nos protocolos utilizados nos estudos, mostra-se a
importância da compreensão entre os mesmos, assim como a utilização e protocolos. Para
a utilização da (FPP) como uma avaliação fidedigna de sua utilização para pacientes com
(DRC) é relevante saber qual foi o aparelho utilizado, o tipo de dinamômetro, posição do
paciente ao realizar as aferições, escolha da mão, forma de manuseio do equipamento,
intervalo de descanso entre as aferições e instruções realizadas pelo avaliador (El Kik,
2016). El Kik (2016) discute a padronização pela American Society of Hand Therapist
(ASHT) a instituição explana sobre a posição a ser aplicada o teste de FPP sendo,
posicionar o indivíduo sentado em uma cadeira com encosto reto e sem apoio para os
braços, ombro aduzido e neutramente rodado, cotovelo flexionado a 90° graus, antebraço
em posição neutra e punho entre 0° a 30° de extensão e 0° a 15° de desvio ulnar.
Dos estudos analisados nessa revisão somente Hasheminejad et al. (2016) e Pinto
et al. (2015) seguiram a padronização orientada pela ASHT. Alguns estudos mostram
outros entendimentos sobre a metodologia de avaliação, como o estudo de Leal et al.
(2011), que defende em sua discussão o uso do protocolo onde o paciente se posiciona
em pé e com os braços estendidos, pois produzem valores maiores de FPP comparados
com protocolos que utilizam cotovelos flexionados a 90°, como também, relata que os
valores de FPP depende do dinamômetro utilizado, calibração do aparelho, números de
repetições, tempo de descanso entre as medições e pratica de aquecimento antes do teste.
Sendo assim, mostra-se necessário um padrão nos protocolos de estudos para avaliação
dessa população com (DRC) em especial aqueles que realizam hemodiálise, conforme as
orientações da Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (KDOQI) (Ikizler et al.,
2020).
No estudo de Segura-Ortí et al. (2011) realizaram a medição nos dois braços e ao
analisar os resultados, descobriram que a presença da fístula não afetou a força de
preensão manual, mostrando um indicativo que a fistula não interfere na (FPP), porém
seriam necessários mais estudos para uma afirmativa. Em contrapartida no estudo de Lin
et al. (2020) aplicaram a FPP no lado oposto do acesso em vez da aplicação da mão
dominante, e relatou que isso foi um dos fatores limitantes da pesquisa, podendo ter
levado a um viés de classificação incorreta da FPP, os dados desse estudo deixam claros
a nossa problemática em avaliar a aplicabilidade e viabilidade, incluindo a escolha da
mão para avaliação do teste.
Em consonância com essa afirmação o estudo de Sostisso et al. (2020) expõe que
a aplicação do teste na mão oposta da fístula é uma limitação do estudo, declarando que
não foi possível avaliar, já que houve diferença nos resultados entre os pacientes que
realizaram o teste com a mão dominante e aqueles que optaram pela aplicação na mão
sem a fistula. Alguns trabalhos realizaram conforme orientado pela Diretriz da prática
clínica Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (KDOQI) o teste de FPP na mão
dominante quando não tinham acesso vascular, ou seja, lado oposto da fístula. Contudo,
até a nossa presente revisão a diretriz não havia sido publicada (Ikizler et al., 2020) e com
isso as pesquisas não poderiam ser norteadas na aplicabilidade sobre a FPP.
idosos, o que se justifica pela redução da massa magra e força muscular decorrente da
sarcopenia associada ao envelhecimento, e não necessariamente só pela DRC como relata
o estudo de Pinto et al. (2015).
Em questão da avaliação da FPP no que tange o sexo, mulheres tem a FPP menor
que homens, o que se justifica pela diferença de composição corporal e quantidade de
massa muscular em relação fisiológica sobre gêneros (LEAL et al., 2011; PINTO et al.,
2015; HASHEMINEJAD et al., 2016; CALLEGARI et al., 2018; HERNANDEZ et al.,
2020; SOSTISSO et al., 2020).
No estudo de Isoyama et al. (2014) observou que embora o IMC não tenha
apresentado grande diferença entre os pacientes com força muscular adequada e baixa
força muscular, valor médio dos pacientes com baixa força muscular 23,3 kg/m² (18,5-
30,8) e valor médio dos pacientes com força muscular adequada 24,1 kg/m² (20,2- 30,0),
os pacientes com baixa força muscular apresentaram valores menores de IMC, assim
como no estudo de Lin et al. (2020) os pacientes com sarcopenia apresentaram menor
IMC comparados com não sarcopênicos, segundos critérios de Taiwan (CHEN et al.,
2014) e critérios Europeus (CRUZ-JENTOFT et al., 2010), porém na comparação apenas
da FPM, o IMC apresentou pouca diferença entre os pacientes com baixa força muscular
normal e força muscular normal, 24,6 ± 4,7 e 25,9 ± 4,8 respectivamente.
Porém em alguns estudos, observaram que o IMC apresentou uma correlação fraca
com a FPP, podendo ser justificado pela incapacidade desta medida diferenciar massa
magra de massa adiposa (LEAL et al., 2011; PINTO et al., 2015; CALLEGARI et al.,
2018; HERNANDEZ et al., 2020).
É importante ressaltar que outras patologias podem interferir na FPP, como o
diabetes e a hipertensão, no estudo de Hernandez et al. (2020) os pesquisadores fazem
essa correlação, devido algumas doenças terem uma ação catabólica sobre a massa
muscular, assim corroboram com essa afirmação os trabalhos de (ISOYAMA et al., 2014;
PINTO et al., 2015; HASHEMINEJAD et al., 2016; CALLEGARI et al., 2018; LIN et
al., 2020). Os estudos mostram que independente do sexo e idade, pacientes diabéticos
apresentaram menor valores na FPP comparado com pacientes não diabéticos.
Essa observação sobre o diabetes mellitus pode ser explicada por alguns, como as
complicações musculoesqueléticas, fadiga muscular durante hiperglicemia, sinais e
sintomas de disfunções neurológicas chamada de neuropatia diabética que pode
influenciar na diminuição da força muscular e diminuição significativa de massa
muscular.
O estudo de Lin et al. (2020) observou que pacientes com baixa FPP apresentaram
associação significativa com hospitalização e mortalidade, comparados com pacientes
que apresentaram FPP normal, como também, observou que pacientes que não
apresentaram sarcopenia, a qual se baseia na baixa massa muscular, porém apresentaram
baixa FPP e baixa velocidade de marcha manteve-se a associação significativa de
hospitalização e mortalidade, concluindo que a baixa força muscular e a baixa velocidade
de marcha trazem melhores previsões do quadro clínico do paciente crônico em HD, do
que a baixa massa muscular, Assim como no estudo de Isoyama et al. (2014) que notou,
sendo a baixa força muscular assim como a baixa massa muscular apresentaram
associação com maior risco de mortalidade, porém a baixa força muscular apresentou
uma afinidade mais forte com a mortalidade do que a baixa massa muscular. Diante do
exposto, mostra-se que medidas terapêuticas voltadas para prevenção da perda da massa
magra, aumento da massa muscular e exercícios focados na melhora da força, serão
positivos para os pacientes com Doença Renal Crônica.
A Diretriz de prática clínica Kidney Disease Outcomes Quality Initiative
(KDOQI), atualizada em 2020, confirma a confiabilidade do teste de FPP em pacientes
renais crônicos, podendo ser usado como uma medida indireta para avaliar a função
muscular e o estado nutricional em manutenção de pacientes em diálise. O risco e o dano
potencial associado ao método descrito pela diretriz é o lado do corpo avaliado, sendo
necessária a realização da medição no lado oposto do acesso vascular (IKIZLER et al.,
2020).
Contudo a diretriz não definiu um protocolo a ser seguido, apenas recomenda mais
pesquisas sobre FPP em relação ao melhor método para padronização do teste, novos
estudos para definição de valores de corte, e pesquisas que avaliam a confiabilidade e
validade do teste comparando com outros métodos padrão ouro que avaliam função
muscular. Os estudos analisados nesta presente revisão abordaram diversos variáveis
relacionadas ao teste de FPP que contribuem para uma melhor avaliação do teste, o que
demonstra a confiabilidade da FPP em pacientes renais que realizam HD, contribuindo
para uma avaliação nutricional, antropométrica mais eficaz, mesmo que ainda não se
tenha um protocolo padronizado da sua aplicação, mostrando também a importância de
ser ter uma avaliação nutricional completa devido a outros fatores que influenciam na
estado nutricional da massa magra desses pacientes.
5 CONCLUSÃO
Portanto essa revisão integrativa mostra por meio dos estudos selecionados que
não há um consenso sobre a relação do melhor protocolo ou uma orientação de qual
protocolo utilizar na avaliação da Força de Preensão Palmar nos pacientes com Doença
Renal Crônica em hemodiálise. Sobre a aplicabilidade a única recomendação que
mostram os estudos é a aplicação do teste ao lado oposto ao acesso vascular,
recomendação essa da Diretriz de Prática Clínica Kidney Disease Outcomes Quality
Initiative (KDOQI).
Sobre o tempo de aplicação do teste, os estudos mostram conclusões contraditórias
que podem ser devidos as diferentes metodologias aplicadas nesses trabalhos, assim como
a avaliação dos valores de referências para avaliação e aplicabilidade do teste nessa
população, não tendo uma conclusão única.
Os estudos também fazem uma correlação com algumas doenças sendo a
hipertensão e o diabetes como fatores de diminuição da FPP, no que tange a avaliação
bioquímica laboratorial os estudos não seguem o mesmo padrão de avaliação. A baixa
FPP apresentou associação significativa com hospitalização e mortalidade, demonstrando
a importância da aplicação do teste de maneira contínua para um melhor prognostico do
estado de função muscular e nutricional do paciente.
Essa revisão mostra a necessidade da formulação de um protocolo para o teste da
FPP em relação a perda de massa magra e força nos pacientes com (DRC) principalmente
no que se refere a posição da aferição, melhor período em que o teste será aplicado, pré
ou pós hemodiálise e referência de valores de cortes para essa população.
Contudo, apesar de não haver uma padronização do teste em pacientes que
realizam HD, a FPP se mostrou uma ferramenta viável e confiável de triagem na avaliação
da função muscular e na identificação do risco de desnutrição nessa população, sendo
uma ferramenta de fácil aplicação, barata e não sendo afetada pelo estado de hidratação e
inflamação do paciente.
REFERÊNCIAS
Brasil. (2014). Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica
– DRC no Sistema Único de Saúde/ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde.
Callegari, C., Magenta, M., Carosella, L., Laham, G. Baek, I. Castellaro, C. & Díaz,C.
(2018). Predictores de fuerza de presión palmar en hemodiálisis en un centro único en
Argentina. Ver Nefrol Dial Traspl, 38(4), 237-43
Chen, L. K., Liu, L. K., Woo, J., Assantachai, P., Auyeung, T. W., Bahyah, K. S., Chou,
M. Y., Chen, L. Y., Hsu, P. S., Krairit, O., Lee, J. S., Lee, W. J., Lee, Y., Liang, C. K.,
Limpawattana, P., Lin, C. S., Peng, L. N., Satake, S., Suzuki, T., Won, C. W. & Arai, H.
(2014). Sarcopenia in Asia: consensus report of the Asian Working Group for
Sarcopenia. Journal of the American Medical Directors Association, 15(2), 95–101. doi:
https://doi.org/10.1016/j.jamda.2013.11.025
Cruz-Jentoft, A. J., Baeyens, J. P., Bauer, J. M., Boirie, Y., Cederholm, T., Landi, F.,
Martin, F. C., Michel, J. P., Rolland, Y., Schneider, S. M., Topinková, E., Vandewoude,
M., Zamboni, M., & European Working Group on Sarcopenia in Older People (2010).
Sarcopenia: European consensus on definition and diagnosis: Report of the European
Working Group on Sarcopenia in Older People. Age and ageing, 39(4), 412–423. doi:
https://doi.org/10.1093/ageing/afq034
El Kik, R.M. (2016). Manual para utilização da força de preensão palmar no cuidado de
nutrição de adultos e idosos [recurso eletrônico]. Porto Alegre: EDIPUCRS (BR).
Hasheminejad, N., Namdari, M., Mahmoodi, M. R., Bahrampour, A., & Azmandian, J.
(2016). Association of Handgrip Strength with Malnutrition-Inflammation Score as an
Assessment of Nutritional Status in Hemodialysis Patients. Iranian journal of kidney
diseases, 10 (1), 30–35.
Hernández Corona, D. M., González Heredia, T., Méndez Del Villar, M., Pazarin
Villaseñor, L., Yanowsky Escatell, F. G., Topete Reyes, J. F., & Hernández García, S.
(2020). Loss of muscle strength in patients under hemodialysis evaluated by
dynamometry in the Mexican population. Nutricion hospitalaria, 37(5), 964–969. doi:
https://doi.org/10.20960/nh.03076
Ikizler, T.A., Burrowes, J.D., Byham-Gray, L.D et al. (2020) KDOQI Nutrition in CKD
Guideline Work Group. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020
update. Am J Kidney Dis, 76(3)(suppl 1), 1-107. doi:
https://doi.org/10.1053/j.ajkd.2020.05.006
Isoyama, N., Qureshi, A. R., Avesani, C. M., Lindholm, B., Bàràny, P., Heimbürger, O.,
Cederholm, T., Stenvinkel, P., & Carrero, J. J. (2014). Comparative associations of
muscle mass and muscle strength with mortality in dialysis patients. Clinical journal of
the American Society of Nephrology: CJASN, 9(10), 1720–1728. doi:
https://doi.org/10.2215/CJN.10261013/
Leal, V. O., Stockler-Pinto, M. B., Farage, N. E., Aranha, L. N., Fouque, D., Anjos, L.
A., & Mafra, D. (2011). Handgrip strength and its dialysis determinants in hemodialysis
patients. Nutrition (Burbank, Los Angeles County, Calif.), 27(11-12), 1125–1129.doi:
https://doi.org/10.1016/j.nut.2010.12.012
Lin, Y. L., Liou, H. H., Wang, C. H., Lai, Y. H., Kuo, C. H., Chen, S. Y., & Hsu, B. G.
(2020). Impact of sarcopenia and its diagnostic criteria on hospitalization and mortality
in chronic hemodialysis patients: A 3-year longitudinal study. Journal of the Formosan
Medical Association = Taiwan yi zhi, 119(7), 1219–1229. doi:
https://doi.org/10.1016/j.jfma.2019.10.020
National Kidney Foundation (2002). K/DOQI clinical practice guidelines for chronic
kidney disease: evaluation, classification, and stratification. American journal of kidney
disease: the official journal of the National Kidney Foundation, 39(2 Suppl 1), S1–S266.
Neves, P. D. M. M., Sesso, R.C. C., Thomé, F. S., Lugon, J. R., & Nasicmento, M. M.
(2020). Censo Brasileiro de Diálise: análise de dados da década 2009-2018. Brazilian
Journal of Nephrology, 42(2), 191-200. Epub May 20,
2020.https://doi.org/10.1590/2175-8239-jbn-2019-0234
Pinto, A.P., Ramos, C.I., Meireles, M.S., Kamimura, M.A. & Cuppari, L.(2015). Impacto
da sessão de hemodiálise na força de preensão manual . J Bras Nefrol, 37 (4), 451-457.
doi: 10.5935/0101-2800.20150072.