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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela tétrade: Tremor de repouso,
rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade postural, a qual gera um grande impacto na
qualidade de vida de indivíduos com esse diagnóstico. Como proposta de intervenção, o
Bad Ragaz foi escolhido, pois trata-se de um método da Hidrocinesioterapia, o qual
promove redução do tônus muscular e aumento da amplitude de movimento articular por
meio da realização de movimentos tridimensionais, associados aos padrões da FNP
(Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva). Objetivo: Avaliar se o método Bad Ragaz
irá promover alteração na Amplitude de Movimento (ADM) na paciente acometida pela
Doença de Parkinson. Metodologia: Foi realizado um estudo de caso com uma paciente
diagnosticada com Doença de Parkinson, sem déficit cognitivo e cooperativa com o
tratamento. A paciente foi convidada a participar do estudo e o protocolo de avaliação foi
explicado a ela. As ferramentas utilizadas para controle e avaliação da participante foram:
Goniômetro para avaliar a amplitude de movimento, Questionário da Doença de
Parkinson (Parkinson's Disease Questionnaire - PDQ-39) para avaliar a qualidade de vida
e Escala Unificada de Avaliação para Doença de Parkinson (Unified Parkinson's Disease
Rating Scale - UPDRS) para avaliar a funcionalidade da paciente. Resultados: Em relação
à qualidade de vida, a paciente apresentou melhora em alguns aspectos como cognição e
bem estar emocional e piora em outros como a mobilidade. Na funcionalidade não houve
alteração considerável e em relação à ADM os dados obtidos demonstraram boa evolução
ABSTRACT
Introduction: Parkinson's Disease (PD) is characterized by the tetrad: Resting tremor,
muscle rigidity, bradykinesia and postural instability, which has a great impact on the
quality of life of individuals with this diagnosis. As an intervention proposal, Bad Ragaz
was chosen because it is a method of Hydrokinesiotherapy, which promotes reduced
muscle tone and increased joint range of motion through the performance of three-
dimensional movements, associated with the standards of FNP (Facilitation
Neuromuscular Proprioceptive). Objective: To assess whether the Bad Ragaz method will
promote changes in the Range Of Motion (ROM) in patients with Parkinson's Disease.
Methodology: A case study was carried out with a patient diagnosed with Parkinson's
Disease, without cognitive deficit and cooperative with the treatment. The patient was
invited to participate in the study and the assessment protocol was explained to her. The
tools used to control and assess the participant were: Goniometer to assess range of
motion, Parkinson's Disease Questionnaire (PDQ-39) to assess quality of life and Unified
Parkinson's Disease Rating Scale (UPDRS) to assess functionality of the patient.
Results: Regarding quality of life, the patient improved in some aspects such as cognition
and emotional well-being and worsened in others such as mobility. In terms of
functionality, there was no considerable change and in relation to ROM, the data obtained
showed good patient evolution. Conclusion: aquatic physiotherapy, in association with
the Bad Ragaz Ring Method (MABR), promoted better results for quality of life and
functionality of individuals with PD.
1 INTRODUÇÃO
A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela perda progressiva dos neurônios
dopaminérgicos da substância negra (Opara et.al., 2017). A DP reduz a qualidade de vida
e a funcionalidade desses pacientes (Grimes et. al,. 2019). Além disso, apresenta uma
tétrade de sintomas: tremor de repouso, rigidez muscular, bradicinesia e instabilidade
postural. Entretanto, o diagnóstico da DP ocorre por exclusão, porque o parkinsonismo
abrange uma série de distúrbios de movimento com sintomas dessa doença e dentre os
critérios de exclusão para a realização do diagnóstico, encontram-se a idade e o sexo
(Merritt et, al., 2008).
A DP tem maior prevalência em homens entre 50 e 60 anos, com incidência de
1,5% acima dos 65 anos e 2,5% acima dos 85 anos (Fogel et. al., 2014). O progressivo
envelhecimento da população reduz a capacidade da adaptação do indivíduo e,
2 ETODOLOGIA
2.1 TIPO DE ESTUDO
Esse projeto refere-se a um estudo de caso com uma paciente diagnosticada com
Doença de Parkinson (DP).
2.3 PARTICIPANTE
Foi realizado um estudo de caso com uma paciente com 69 anos de idade, cor
branca, 1.57m de altura, professora aposentada, moradora do bairro Tijuca na cidade do
Rio de Janeiro, diagnosticada com costocondrite em 2016 e com a Doença de Parkinson
(DP) em 2019 por um neurologista, sem déficits cognitivos que a impediam de cooperar
com o tratamento, e que não estava sendo submetida por tratamento fisioterapêutico em
outra instituição. Apresentava como diagnóstico fisioterapêutico fraqueza muscular de
MMSS, principalmente em MSD, alterações de equilíbrio e bradicinesia. Fazia uso da
medicação Azilect para o Parkinson, mas em dose mínima. Uma vez selecionada, foi
convidada a participar do estudo e o protocolo de avaliação foi explicado à participante.
Ao concordar em participar do estudo e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE I) estava apta a participar do estudo. Este estudo foi conduzido
de acordo com as diretrizes da resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, em
conformidade com a Declaração de Helsinque de 1975.
2.4 VARIÁVEIS
2.4.1 Desfechos Primários
Alteração na amplitude de movimento foi o desfecho primário analisado nesse
estudo.
Figura 1. Goniômetro
4, sendo que o valor máximo indica maior comprometimento pela doença e o valor
mínimo indica tendência à normalidade (Allain, 1991).
Ao ser observado que ela estava ajustada mentalmente à água, com equilíbrio
dentro do novo ambiente, possuindo controle de cabeça e da respiração, foi iniciada a
técnica com a utilização de colete cervical e anel flutuador no quadril, com o intuito de
promover a estabilização da mesma na piscina. Os exercícios foram realizados com a
paciente em flutuação supina e as terapeutas coma a água ao nível de T8 e T10 e a piscina
estava aquecida na temperatura de 32ºC a 34ºC, sendo aplicados através de 2 formas de
contração: isotônica (concêntrica e excêntrica) e isocinética, com duração de 2 minutos
cada. Além disso, antes de cada aplicação, os movimentos eram realizados de forma
passiva para que a paciente conseguisse compreender o exercício proposto. O padrão de
diagonal realizado foi o em espiral sendo aplicado nos MMSS, um de cada vez, através
da realização dos movimentos de abdução, extensão, rotação lateral, adução, flexão e
rotação medial de ombro respectivamente contra a resistência imposta pela terapeuta (3
repetições cada membro) (Figuras 11 e 12); nos MMII, de forma conjunta, os
movimentos realizados foram: enquanto uma perna realizava uma leve flexão de quadril,
rotação lateral e extensão de joelho com dorsiflexão de tornozelo contra a resistência
imposta pelo terapeuta, a outra realizava leve extensão de quadril, flexão e rotação medial
de joelho e flexão plantar de tornozelo também contra a resistência imposta pela terapeuta
e depois trocava (4 repetições, sendo 2 combinações desses movimentos para cada perna)
(Figuras 13 e 14); e tronco com os movimentos de inclinação lateral através da percepção
da paciente ao toque das mãos da terapeuta na região lateral de cada coxa (2 repetições
para cada lado) (Figuras 15 e 16). Os comandos verbais foram: “Força!”, “Mantém!” e
“Relaxa!” para cada etapa da aplicação da técnica. Inicialmente, o tempo total de
aplicação da técnica foi de 10 minutos para não fadigar a participante, de forma que para
cada padrão e para cada segmento corporal o tempo de aplicação foi de 2 minutos.
Conforme a paciente foi evoluindo, o tempo aumentou gradativamente para 15 minutos
no máximo, pois a paciente relatou sentir dor na cervical durante a aplicação da técnica
para MMSS e tronco. Foram realizadas 10 sessões, sendo uma por semana.
Figura 11. Aplicação do MABR no Membro Superior Direito (MSE). Movimentos de abdução, extensão
e rotação lateral de ombro.
Figura 12. Aplicação do MABR no MSE. Movimentos de adução, flexão e rotação medial de ombro.
3 RESULTADOS
Participou desse estudo uma paciente com idade de 69 anos, do sexo feminino,
com diagnóstico da Doença de Parkinson (DP) há dois anos, sem estar sendo submetida
a outro tipo de tratamento fisioterapêutico. As avaliações da progressão da doença foram
realizadas através da aplicação de 2 escalas: Questionário da Doença de Parkinson
(Parkinson Disease Questionnaire - PDQ-39) e Escala Unificada de Avaliação para
Doença de Parkinson (Unified Parkinson's Disease Rating Scale - UPDRS). E para a
avaliação da Amplitude de Movimento (ADM) foi realizada a Goniometria.
Em relação a qualidade de vida foi utilizado o Questionário da Doença de
Parkinson (Parkinson Disease Questionnaire - PDQ-39) onde a paciente apresentou, na
primeira avaliação, escore zero para “Estigma” e “Comunicação”, baixo para “Suporte
Social” (16,6), “Cognição” (18,75), “Mobilidade” (22,5) e “Atividades de Vida Diária”
(33,3), e mediano para “Bem Estar Emocional” (41,6) e “Desconforto Corporal” (58,3)
(Tabela 1). Entretanto, de acordo com a última avaliação, os dados obtidos foram: escore
zero para “Estigma”, “Cognição” e “Comunicação”, escore baixo para “Bem Estar
Emocional” (33,3), “Suporte Social” (33,3), “Atividades de Vida Diária” (33,3) e
“Mobilidade” (35), e escore mediano para “Desconforto Corporal” (66,6) (Tabela 2).
Estigma 0
Atividades de Vida Diária 33,3
Suporte Social 16,6
Bem Estar Emocional 41,6
Cognição 18,75
Comunicação 0
Desconforto Corporal 58,3
PUNHO DIREITO
Padrão de normalidade
1ª Avaliação 2ª Avaliação
segundo Kapandji
Flexão: 85º 20º 80º
Extensão: 85º 50º 29º
Desvio Ulnar: 45º 25º 29º
Desvio radial: 15º 15º 15º
Para Membro Inferior Direito (MID), os resultados obtidos foram: quadril: ganho
de ADM para flexão e abdução e perda para os movimentos de extensão, adução, rotação
lateral e rotação medial (Tabela 9); joelho: não houve alteração da ADM para flexão, mas
houve perda para extensão (Tabela 10); tornozelo: ganho tanto para dorsiflexão como
para flexão plantar (Tabela 11).
4 DISCUSSÃO
A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela presença de uma tétrade de
sintomas: tremor de repouso, rigidez muscular, bradicinesia, e instabilidade postural
(MERRITT et, al., 2008). Esse estudo teve como objetivo utilizar a fisioterapia aquática
como proposta de intervenção para essa patologia, visto que atualmente ela é empregada
como tratamento coadjuvante na reabilitação dessas modificações devido aos efeitos
físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida
(SILVA e BERBEL, 2015) e melhora da mobilidade funcional através da atividade
muscular (SILVA et al., 2013).
De acordo com o presente estudo, um dos recursos fisioterapêuticos utilizados
para tratamento da DP é a hidroterapia, já que possui como objetivo retardar o surgimento
de contraturas, deformidades, atrofias e fraqueza muscular, além de promover amplitude
de movimento, coordenação motora, melhora do padrão de marcha e da função
cardiorrespiratória e aumento do nível de dopamina (DOS SANTOS, D. T. et al., 2021).
Dentre os efeitos terapêuticos que a água propicia evidenciam-se a redução da
espasticidade e da algia, devido à troca de calor da água com o corpo do paciente,
diminuição do tônus muscular e aumento na mobilidade articular causada pela imersão
do corpo (BIASOLI e MACHADO, 2006).
Em alguns estudos como os de CAVALCA E SOLDI (2004) e LOBATO E DIAS
(2015) foram observadas melhoras na flexibilidade, ADM e grau de forças em pacientes
com a DP após serem submetidos à terapia aquática. A Amplitude de Movimento (ADM)
aumentou em alguns movimentos tanto para membros superiores quanto para membros
inferiores, conforme demonstrado nos resultados desse estudo. Entretanto, também foram
obtidos resultados de movimentos que diminuíram e/ou não alteraram a sua amplitude.
Segundo um estudo realizado por DOS SANTOS E DE MOURA RODRIGUES (2020),
a melhora na ADM era esperada conforme apresentada pelo presente estudo, pois os
movimentos realizados dentro da água diminuem o estresse articular promovendo
facilitação da mobilidade.
O Método dos Anéis de Bad Ragaz (MABR) foi escolhido para esse estudo, pois
consiste em uma técnica de hidroterapia que associa a flutuação do paciente com auxílio
de flutuadores e a realização de exercícios funcionais, baseados na técnica de Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) e é usado amplamente para reeducação muscular,
ANDRADE, SILVA e CORSO, 2010, uma vez que se trata de uma patologia que
contribui para a diminuição gradativa da independência funcional.
Segundo um estudo de MULLER e MUHLACK (2010) a realização de exercícios
de resistência contribui para o aumento e a eficácia do medicamento Levodopa. Essa
informação corrobora também com o estudo apresentado, visto que a paciente em questão
faz uso de uma medicação também indicada para a DP (Azilect) com o objetivo de
aumentar a dopamina no cérebro. Sendo assim, o aumento da produção desse
neurotransmissor provoca regulação de humor, estresse e ansiedade (DELUCIA, 2006)
gerando crescente motivação na realização das atividades aquáticas propostas,
consequentemente promovendo melhora na capacidade motora e qualidade de vida da
mesma.
Tal como na DP, o Bad Ragaz se mostra eficaz para as sequelas de outras
patologias como, por exemplo, no Acidente Vascular Encefálico (AVE), dado que na
água, os sujeitos são mais facilmente manipulados e a técnica aplica o treino de
estabilização do tronco e exercícios resistidos, necessários para reabilitação desses
indivíduos (DE CARVALHO e BASSI, 2017), promovendo melhora na funcionalidade
e qualidade de vida para ambas as patologias. Os resultados apresentados revelam
importantes ganhos, porém, são necessários maiores estudos que possam corroborar a
aplicação do MABR em outros estágios da Doença de Parkinson.
5 CONCLUSÃO
Diante do estudo realizado, constata-se que a fisioterapia aquática é fundamental
para o tratamento de pacientes com Doença de Parkinson e, em associação ao Método
dos Anéis de Bad Ragaz (MABR), observou- se melhores resultados para qualidade de
vida e funcionalidade de parkinsonianos. E embora tenha sido observada não alteração
e/ou diminuição de alguns movimentos, houve uma melhora evolutiva da ADM da
paciente em questão, visto que a Doença de Parkinson é uma patologia degenerativa e
progressiva (HAYES, 2019) e deve-se manter a terapia medicamentosa juntamente com
o tratamento fisioterapêutico.
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ANEXOS
APÊNDICES
Toda pesquisa que envolve seres humanos, de qualquer natureza, sempre deve ter autorização de
um Comitê de Ética em Pesquisa para que possa ser realizada e todo participante de pesquisa tem
o direito de colher informações ou em caso de descumprimento do que está descrito neste termo
de consentimento, pode realizar denúncias no CEP indicado.
Eu, __________________________________________ portador do RG nº: ______________,
confirmo que Andreza Cristina Mendes Lima Rangel e Thaynara Ferreira Rangel Maciel
explicaram-me os objetivos desta pesquisa, bem como, a forma de participação. Eu li e
compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu concordo em dar meu consentimento
livremente, para o menor participar como voluntário desta pesquisa.
Local e data:_____________________, ____/____/______.
_______________________________________
Assinatura responsável ou representante legal
_______________________________________________
FICHA DE AVALIAÇÃO
Avaliador(es): Data da Avaliação: / /
Dados Sociodemográficos
Nome: Idade:
Diagnóstico Clínico:
Diagnóstico Fisioterapêutico:
Ocupação: ( ) Empregada
( ) Não Empregada
( ) Aposentada
Sinais Vitais
Temperatura Frequência Frequência Pressão arterial
Saturação
corporal Respiratória (FR) Cardíaca (FC) (PA)
______ °C ______ rpm ______ bpm _______mmHg ______SpO2
Anamnese
Queixa Principal (QP):
Medicações em uso:
PRESENÇA DE CONTRAINDICAÇÕES
Absolutas:
( ) Fístulas cutâneas ( ) Tuberculose
( ) Otite ( ) Micose cutânea
( ) Náusea ou vômito ( ) HAS grave
( ) Feridas infectadas ( ) Muito debilitado
( ) Coronáriopatias instáveis ( ) Infecção urinária
( ) Febre ( ) Afecções agudas
( ) Insuficiência respiratória grave ( ) Queimaduras graves
( ) Úlceras varicosas ( ) Câncer
( ) Nenhuma
Relativas:
( ) Hipersensibilidade aos produtos da piscina ( ) Imunodeficiência
( ) Alergia ao cloro ( ) Hidrofobia
( ) Hipertireoidismo ( ) Incontinência
( ) Uso de tala ( ) Perfuração de tímpano
( ) Patologias vasculares periféricas ( ) Epilepsia ou disfagia
( ) Nenhuma
Exame Físico
• Amplitude de Movimento (ADM):
MMSS:
Ombro Direito:
Cotovelo Direito:
Cotovelo Esquerdo:
Punho Direito:
Punho Esquerdo:
MMII:
Quadril Direito:
Quadril Esquerdo:
Joelho Direito:
Joelho Esquerdo:
Tornozelo Direito:
Tornozelo Esquerdo:
Qualidade de Vida
Parkinson's Disease Questionnaire (PDQ-39)
Funcionalidade
Unified Parkinson's Disease Rating Scale (UPDRS)