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1.INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson é uma das doenças degenerativas mais frequentes do


sistema nervoso central (SNC), caracterizado pela morte dos neurônios
dopaminérgicos da parte compacta da substância negra, gerando uma série de
alterações caracterizadas principalmente por distúrbios motores como; tremor de
repouso, bradicinesia, rigidez muscular, instabilidade postural e déficit no equilíbrio e
na marcha (Pereira et a.l; 2009; GOULARD et al.; 2004; CHISTOFOLETTI et al.;
2009).
Atualmente a Doença de Parkinson afeta cerca de 1 a 2% da população
mundial com idade acima de 65 anos, sendo que no Brasil a prevalência é de 3%
( PETERNELLA; MARCON; 2009).
Com a transição demográfica, estima-se o dobro do número de casos de DP
em 2030, o que corresponderá a 12 milhões no mundo. Países em desenvolvimento
como o Brasil, precisam planejar métodos acessíveis e eficazes para manejo da
doença, visando qualidade de vida, que está comprometida devido aos sinais e
sintomas. O tratamento da doença se faz por meio de terapia medicamentosa, não
farmacológico e/ou cirúrgico, sendo a abordagem multidisciplinar aquela sugerida
como melhor alternativa (GONDIM et al.;2016).
Os sintomas principais como rigidez; bradicinesia e tremor podem acarretar
limitações atividades de vida diária, já na fase inicial da doença. Com a sua
progressão, a ocorrência de alterações na postura e na marcha, contribui para o
elevado risco de quedas. Todas essas alterações causam redução no nível de
atividade, o que gera, consequentemente, mais imobilidade. (Silva JAMG, Dibai
Filho AV, Faganello FR; 2011).
Devido a cronicidade e não existência de cura, a qualidade de vida se torna
fundamental para a manutenção destes no meio social (PETERNELLA; MARCON;
2009). Assim a Fisioterapia se torna importante no tratamento desses indivíduos,
cujo objetivo é retardar ou amenizar perdas funcionais e da QV (SANT et al.; 2008;
MELLO; BOTELHO; 2010).
Dada a importância da Fisioterapia o profissional deve conhecer e utilizar
instrumentos de fácil aplicabilidade a fim de se monitorar a evolução dos pacientes e
os resultados obtidos após a intervenção fisioterapêutica (RITO; 2006). Dentre as
escalas mais utilizadas tanto em pesquisas quanto em nível clínico destaca-se a
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Escala de Estágios de incapacidade de Hoehn e Yahr (HY) e questionário de doença


de Parkinson (PDQ-39). Esse são mundialmente conhecidos, confiáveis, válidos, e
podem ser úteis aos fisioterapeutas durante a avaliação do paciente (GOULART;
PEREIRA; 2005).
A fisioterapia neurológica atua na prevenção e no tratamento, com objetivo de
recuperar suas funções, proporcionando ao paciente a melhora de suas atividades
do dia-a-dia, com independência e autonomia (FERRIGNO, 2007)
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2.METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado na Clínica Escola FisioIguaçu, localizada na rua:


Oscar Soares número 1466, Bairro: Califórnia, Nova Iguaçu, RJ. Sob a supervisão
da professora Fisioterapeuta Dra: Maria Luíza Rangel, CREFITO 141157F.
Este é um tipo de estudo de caso realizado com um único paciente com
diagnóstico de Doença de Parkinson.
Paciente L.A.F.; data de nascimento: 29/08/1948; idade:70 anos; gênero
Masculino. Foi permitido pelo mesmo, a aceitação da pesquisa de acordo com
assinatura do termo de consentimento, livre e esclarecido anexado no prontuário do
mesmo.
Data de avaliação: 05/10/2018
Q.P: “Tenho falta de equilíbrio e dificuldade de sentar e levantar” sic.
H.D.A: Paciente relatou que em 2010 procurou tratamento médico para hérnia de
disco, onde foi indicado intervenção cirúrgica. No dia da cirurgia houve suspeita pelo
médico de Doença de Parkinson, por conta do diagnóstico da doença não houve
cirurgia. Em 2016 o paciente já apresenta sintomas como tremores, dificuldade na
marcha e falta de equilíbrio. Nesse mesmo período realizou cirurgia de Palidotomia
bilateral para amenizar os sintomas da Doença de Parkinson porque o paciente teve
reações adversas ao tratamento medicamentoso.
Foi utilizado a Escala de Hoehn e Yah (modificada), por ser rápida, prática e
confiável, ao indicar o estado geral do paciente. A escala que compreende cinco
estágios de classificação para avaliar a severidade da DP e abrange,
essencialmente, medidas que permitem classificar o indivíduo quanto ao nível de
incapacidade. (GOULARD F., PEREIRA X.L., 2005). O L.F.A se enquadra no
estágio 4 (Incapacidade grave, ainda capaz de caminhar ou permanecer de pé sem
ajuda).
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- Exame Físico:

Membro superior direito Membro superior esquerdo

Flexão do cotovelo 5 Flexão do cotovelo 4

Extensão do cotovelo 5 Extensão do cotovelo 5

Extensão do punho 5 Extensão do punho 3

Membro inferior esquerdo Membro inferior esquerdo

Extensão de joelho 5 Extensão de joelho 4

Dorsiflexão 5 Dorsiflexão 4

Coordenação Motora:
Index-nariz - Sem alterações; Index-index - Sem alterações; Calcanhar- Joelho –
Sem alterações

Teste Time Up And Go (TUG) - 15 segundos.

2.1 Objetivo do tratamento

Melhorar transferências posturais


Minimizar risco de quedas
Melhorara Marcha

2.2 Tratamento

Paciente com atendimento 2 vezes por semana, com 45 minutos de duração.


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2.2.1 Condutas realizadas

1- Treino de sentar e levanta da cadeira 2x8 repetições;


Exercícios de práxia fina (figura 3) 2 minutos cada lado ;
Treino de subir e descer rampa / escadas 2x8 repetições;
Circuito com cones bambolês e step (figura 1) 5 voltas completas;
Exercícios de rotação de tronco com auxílio do bastão 2x8 repetições (figura 2).

Figura 1. Circuito com obstáculos. Fonte: Arquivo pessoal


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Figura 2. Exercício de rotação de tronco. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 3.
Exercício de práxia
fina Fonte:
Arquivo pessoal

3.

RESULTADOS
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Não foi possível reavaliar o paciente, o mesmo obteve no total de seis


atendimentos.

- 2 atendimentos para avaliação


- 2 faltas
- 2 atendimentos com o tratamento proposto
O número de atendimentos não foi o esperado para que apresentasse
resultados. Porém o paciente segue com o tratamento com as condutas descritas
anteriormente, para que haja melhora da sua capacidade funcional com o objetivo
de apresentar evolução no tratamento futuramente.

4.DISCUSSÃO
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A doença de Parkinson deve ser tratada com o objetivo de se retardar a


progressão dela, já que ainda não foi descoberta a cura para tal. Vários estudos têm
demonstrado que a progressão dos sintomas em doença de Parkinson está
associada com a deterioração na condição física, caracterizada pela pobreza de
movimentos e com escassez de amplitude de movimento, gerando, com isso,
diminuição das atividades diárias, desencadeando a atrofia muscular, como explica
o Princípio do Desuso. No contexto da doença, a fisioterapia busca diminuir a
disfunção física e permitir ao indivíduo realizar atividades de seu dia-dia com a maior
eficiência e independência possível. Para isso, o alongamento em pacientes com
doença de Parkinson é necessário para a melhora da amplitude de movimento.
(HAASE et al.;2008).
É bastante comum o paciente com doença de Parkinson apresentar
dificuldade na marcha e instabilidade postural que pode ocorrer devido aos
episódios de freezing. Não há um tratamento que possa reverter esse sintoma,
porém o tratamento fisioterapêutico pode auxiliar na redução da bradicinesia
facilitando a marcha, ajudar o paciente a ter mais independência nas transferências
posturais, e conseqüentemente reduzir os riscos de quedas. A redução de distúrbios
posturais favorece na independência do paciente propocionando melhoras na
qualidade de vida (Christofoletti et al 2010)

Segundo pesquisas de revisões bibliográficas de artigos, dissertações e


teses de livros de neurologia, geriatria e ortopedia do setor de fisioterapia da
universidade Potiguar, Campos Mossoró, quando os sinais e sintomas são
detectados, provavelmente já ocorreu a perda de aproximadamente 60% dos
neurônios dopaminérgicos, e o conteúdo de dopamina nos estriado é cerca de 80%
inferior ou normal. Não foram encontrados em artigos resultados que apresentassem
dados epidemiológicos de modo válido da doença de Parkinson. (SOUZAet al.;
2011).

5. CONCLUSÃO
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A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação do paciente com


Doença de Parkinson segundo os autores citados nesta pesquisa. Mesmo não tendo
resultados neste estudo de caso, sabemos que manter o paciente no tratamento irá
evitar a progressão doença permitindo uma melhora na qualidade de vida.
Manter um programa de atividades físicas é fundamental tanto pra prevenir
comprometimentos musculoesqueléticos como também prevenir quadro de
depressão que acomete idosos devido a sua incapacidade funcional. Por isso o
tratamento fisioterapêutico irá proporcionar melhora na capacidade física e um
envelhecimento mais saudável.

REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA et al.;Doença de Parkinson: avaliação da severidade e qualidade de vida.


FIEP BULLETIN - Volume 85 - SPECIAL EDITION- ARTICLE I – 2015.

SILVA JAMG, Dibai Filho AV, Faganello FR Mensuração da qualidade de vida de


indivíduos com a doença de Parkinson por meio do questionário PDQ-39 Fisioter.
Mov., Curitiba, v. 24, n. 1, p. 141-146, jan./mar. 2011

PEREIRA, D. D. C. et al. Group physical therapy program for patients with Parkinson
disease: alternative rehabilitation. Fisioter Mov, Curitiba, v. 22, n. 2, p. 229-237,
2009.
RITO, M. Doença de Parkinson: Instrumentos avaliativos. Rev Portuguesa Fisio. v.
1, n. 2, p. 27-45, 2006

CHRISTOFOLETTI, G. et al. Aspectos físicos e mentais na qualidade de vida de


pacientes com doença de Parkinson idiopática. Fisioterapia e Pesquisa. v. 16, n. 1,
p. 65-69, 2009

SANTOS et al;Facilitação neuromuscular proprioceptiva na doença de


Parkinson:relato de eficácia terapêutica. FISIOTER. MOV., CUR FISIOTER MOV.
2012 abr/jun;25(2):281

GOULART, F. et al. Análise do desempenho funcional em pacientes portadores de


doença de Parkinson. Acta Fisiátrica. v. 11, n. 1, p. 12-16, 2004

GONDIM et al; Exercícios terapêuticos domiciliares na doença de


Parkinson:umarevisão integrativa. REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL2016 Rio de
Janeiro, vol.19, n.2, pp.349-364. ISSN 1809-9823.

PETERNELLA, F. M. N.; MARCON, S.S. Descobrindo a doença de Parkinson:


impacto para o parkinsoniano e seu familiar. Rev Bras Enferm. v. 62, n. 1, p. 25-31,
2009

GONDIM, et al.Exercícios terapêuticos domiciliares na doença de Parkinson: uma


revisão integrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol. [online]. 2016, vol.19, n.2, pp.349-
364. ISSN 1809-9823.

HAASE et al; Atuação da fisioterapia no paciente com doença de Parkinson.


FISIOTER. MOV.2008 jan/mar;21(1):79-85.

BOTELHO, A. C. G. Correlação das escalas de avaliação utilizadas na doença de


Parkinson com aplicabilidade na fisioterapia. Fisioterapia em Movimento. v.23, n.1,
p. 121-127, 2010.
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PAULAet alTESTE TIMED “UP AND GO”: uma comparação entre valores obtidos
em ambiente fechado e aberto.FISIOTERAPIA EM MOVIMENTO, CURITIBA, V. 20,
N. 4, p. 143-148, out./dez. 2007

Christofoletti et al. Eficácia de tratamento fisioterapêutico no equilíbrio estático e dinâmico de


pacientes com doença de Parkinson. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.3, p.259-63, jul/set.
2010

SANT, C. R. et al. Abordagem fisioterapêutica na doença de Parkinson. Revista


Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano. v.5, n.1, p.80-89, 2008.

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