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Transferência e Estocagem

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA


TRANSFERÊNCIA E ESTOCAGEM

1
Transferência e Estocagem

2
Transferência e Estocagem

TRANSFERÊNCIA E ESTOCAGEM
ADAIR MARTINS

Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
3

CURITIBA
2002
Transferência e Estocagem
Módulo
Transferência e Estocagem

Ficha Técnica

Contatos com a Equipe da Repar: Antonio Razera Neto


Refinaria Presidente Getúlio Vargas – Repar (Coordenador do Curso de Desenho Industrial)
Rodovia do Xisto (BR 476) – Km16 Maurício Dziedzic
83700-970 Araucária – Paraná (Coordenador do Curso de Engenharia Civil)
Mario Newton Coelho Reis Júlio César Nitsch
(Coordenador Geral) (Coordenador do Curso de Eletrônica)
Tel.: (41) 641 2846 – Fax: (41) 643 2717 Marcos Roberto Rodacoscki
e-mail: marioreis@petrobras.com.br (Coordenador do Curso de Engenharia
Uzias Alves Mecânica)
(Coordenador Técnico) Textos de Eng. Raul Elkind – RH/ Universidade
Tel.: (41) 641 2301
Corporativa
e-mail: uzias@petrobras.com.br
Adair Martins
Décio Luiz Rogal (Autor)
Tel.: (41) 641 2295
Marcos Cordiolli
e-mail: rogal@petrobras.com.br
(Coordenador Geral do Projeto)
Ledy Aparecida Carvalho Stegg da Silva
Tel.: (41) 641 2433 Iran Gaio Junior
e-mail: ledyc@petrobras.com.br (Coordenação Ilustração, Fotografia e
Adair Martins Diagramação)
Tel.: (41) 641 2433 Carina Bárbara R. de Oliveira
e-mail: adair@petrobras.com.br (Coordenação de Elaboração dos Módulos
Instrucionais)
UnicenP – Centro Universitário Positivo Juliana Claciane dos Santos
Oriovisto Guimarães (Coordenação dos Planos de Aula)
(Reitor) Luana Priscila Wünsch
José Pio Martins (Coordenação Kit Aula)
(Vice Reitor) Angela Zanin
Aldir Amadori Leoni Néri de Oliveira Nantes
(Pró-Reitor Administrativo) Érica Vanessa Martins
Elisa Dalla-Bona (Equipe Kit Aula)
(Pró-Reitora Acadêmica) Carina Bárbara Ribas de Oliveira
Maria Helena da Silveira Maciel (Coordenação Administrativa)
(Pró-Reitora de Planejamento e Avaliação Cláudio Roberto Paitra
Institucional) Marline Meurer Paitra
Luiz Hamilton Berton (Diagramação)
(Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa) Cíntia Mara Ribas Oliveira
Fani Schiffer Durães (Coordenação de Revisão Técnica e Gramatical)
(Pró-Reitora de Extensão) Contatos com a equipe do UnicenP:
Euclides Marchi Centro Universitário do Positivo – UnicenP
(Diretor do Núcleo de Ciências Humanas e Pró-Reitoria de Extensão
Sociais Aplicadas) Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza 5300
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4 (Coordenadora do Curso de Pedagogia) Tel.: (41) 317 3093
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(Diretor do Núcleo de Ciências Exatas e
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Tecnologias)
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Transferência e Estocagem

Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.


Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.

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Transferência e Estocagem

Sumário
1 PETRÓLEO 8
1.1 Composição ........................................................................................................................................................................................... 8
1.2 Origem .................................................................................................................................................................................................. 8
2 TRANSPORTE DE PETRÓLEO ................................................................................................................................................................... 9
2.1 Do Poço aos Terminais ......................................................................................................................................................................... 9
2.2 Armazenamento nos Terminais ............................................................................................................................................................. 9
2.3 Transferência por Oleodutos ............................................................................................................................................................... 10
2.3.1 Acompanhamento Operacional .............................................................................................................................................. 10
2.3.2 Comunicação .......................................................................................................................................................................... 11
2.3.3 Separação de produtos ............................................................................................................................................................ 11
2.3.4 Rastreamento ........................................................................................................................................................................... 11
2.4 Armazenamento de Petróleo nas Refinarias ....................................................................................................................................... 11
3. TANQUES DE ARMAZENAMENTO ....................................................................................................................................................... 12
3.1 Tipos de Tanques de Armazenamento ................................................................................................................................................... 12
3.1.1 Tanques com Teto Fixo ........................................................................................................................................................... 12
3.1.2 Tanques com Teto Flutuante ................................................................................................................................................... 12
3.1.3 Tanques Esféricos ................................................................................................................................................................... 13
3.2 Classificação dos Tanques em Função da Finalidade ......................................................................................................................... 13
3.2.1 Tanques de Cru ....................................................................................................................................................................... 13
3.2.2 Tanques de produtos intermediários ....................................................................................................................................... 14
3.2.3 Tanques de resíduos ................................................................................................................................................................ 14
3.2.4 Tanques de mistura ................................................................................................................................................................. 14
3.2.5 Tanques de Produtos Finais .................................................................................................................................................... 14
3.3 Liberação de Tanques à Manutenção .................................................................................................................................................. 14
4. ROTINAS NA PREPARAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE TANQUES .................................................................................................... 15
4.1 Homogeneização ................................................................................................................................................................................. 15
4.2 Repouso ............................................................................................................................................................................................... 15
4.3 Determinação do Volume do Líquido ................................................................................................................................................. 15
4.3.1 Medição do Nível do Tanque .................................................................................................................................................. 15
4.3.2 Medição de Temperatura ........................................................................................................................................................ 16
4.4 Drenagens ............................................................................................................................................................................................ 16
4.5 Amostragem ........................................................................................................................................................................................ 17
4.5.1 Coleta de amostragens em tanques, recipientes e equipamentos de amostragem .................................................................. 17
4.5.2 Pontos de Amostragens e Manuseio das Amostras ................................................................................................................ 17
4.5.3 Testes de Laboratório .............................................................................................................................................................. 17
4.6 Alinhamentos ...................................................................................................................................................................................... 17
4.7 Polegada .............................................................................................................................................................................................. 18
4.8 Controle da Tancagem (acompanhamento operacional) .................................................................................................................... 18
4.9 Controle de Qualidade ........................................................................................................................................................................ 19
4.10 Especificação de Produtos .................................................................................................................................................................. 19
4.11 Principais Operações Realizadas na Área de Transferência e Estocagem ......................................................................................... 21
5 PRODUTOS DERIVADOS DO PETRÓLEO ............................................................................................................................................. 22
5.1 Gás Combustível ................................................................................................................................................................................. 22
5.2 GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo) ....................................................................................................................................................... 22
5.3 Nafta ................................................................................................................................................................................................. 22
5.4 Gasolina .............................................................................................................................................................................................. 23
5.5 Solventes ............................................................................................................................................................................................. 23
5.6 Querosene ............................................................................................................................................................................................ 23
5.7 Óleo Diesel .......................................................................................................................................................................................... 23
5.8 Gasóleo Leve ....................................................................................................................................................................................... 23
5.9 Gasóleo Pesado (GOP) ........................................................................................................................................................................ 23
5.10 Óleo Desasfaltado ............................................................................................................................................................................... 23
5.11 Resíduo de Vácuo ............................................................................................................................................................................... 24
5.12 Óleo Combustível ............................................................................................................................................................................... 24
5.13 Resíduo Asfaltico (RASF) .................................................................................................................................................................. 24
5.14 Asfaltos ............................................................................................................................................................................................... 24
5.14.1 Cimento Asfáltico ................................................................................................................................................................... 24
5.14.2 Asfaltos Diluídos .................................................................................................................................................................... 24
5.15 Óleos Lubrificantes ............................................................................................................................................................................. 25
6. EMED ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO .............................................................................................................................................................. 26
6.1 Medidor tipo turbina ........................................................................................................................................................................... 26
6.2 Medidores de Deslocamento Positivo ................................................................................................................................................. 26
6.3 Aferição dos Medidores ...................................................................................................................................................................... 27
7 Tratamento de Resíduos ............................................................................................................................................................................... 28
7.1 Emulsões ............................................................................................................................................................................................. 28
7.2 Borras ................................................................................................................................................................................................. 28
7.3 Área de Recuperação de Óleo ............................................................................................................................................................. 29
7.3.1 Principais Sistema de Coleta de Efluentes Hídricos .............................................................................................................. 29
7.3.2 Separador de Água e Óleo ...................................................................................................................................................... 29
7.4 Unidade de tratamento de despejos industriais .................................................................................................................................. 29
7.4.1 Tratamento primário ............................................................................................................................................................... 29
7.4.2 Tratamento secundário ............................................................................................................................................................ 29
8 SISTEMA DE TOCHAS .............................................................................................................................................................................. 30
8.1 Conceitos básicos ................................................................................................................................................................................ 30
8.2 Vasos de Separação ............................................................................................................................................................................. 30
6 8.3 Vasos de Selagem ................................................................................................................................................................................ 30
8.4 Pilotos ................................................................................................................................................................................................. 31
8.5 Linhas de Mistura ou Acendedores (Ignitores) ................................................................................................................................... 31
8.6 Fluxo Mínimo de Gás ......................................................................................................................................................................... 31
8.7 Selo Molecular .................................................................................................................................................................................... 31
8.8 Injeção de Vapor nos bicos Queimadores das Tochas ........................................................................................................................ 32
8.9 Bico Queimador .................................................................................................................................................................................. 33
EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................................................... 34
Transferência e Estocagem

Introdução

Os princípios de elaboração deste material têm como objetivo for-

necer aos seus usuários os pré-requisitos básicos para iniciar seu

aprendizado (estágio) na indústria de refinação de petróleo, com foco

na área de Transferência e Estocagem.

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Transferência e Estocagem

Petróleo 1
uma graxa. Há tipos leves e claros como a ga-
1.1 Composição
solina, outros marrons, amarelos, verdes, ver-
O petróleo, substância oleosa, menos den- de-escuros ou, ainda, pretos.
sa do que a água, é constituído essencialmen-
te pela mistura de milhares de compostos de
carbono e hidrogênio, chamados de hidrocar-
1.2 Origem
bonetos. É encontrado em profundidades variáveis,
tanto do subsolo terrestre como do marítimo.
Dependendo dos tipos de hidrocarbone- Segundo os geólogos, sua formação é o resul-
tos predominantes em sua composição, o pe- tado da ação da própria natureza, que trans-
tróleo pode ser classificado como de: formou em óleo e gás, o material orgânico de
Base Parafínica – Nesta classe, estão os restos de animais e de vegetais, depositados
óleos leves, fluidos ou de alto ponto de flui- há milhões de anos no fundo de antigos mares
dez, com densidade inferior a 0,85. São exce- e lagos.
lentes para produção de querosene de aviação Além do petróleo extraído dos campos
(QAV), diesel, lubrificantes e parafinas. A produtores, existe, também, uma rocha que
maior parte destes petróleos é produzida no pode fornecer um óleo semelhante ao petró-
Nordeste Brasileiro. leo: trata-se do “xisto” (folhelho pirobetumi-
Base Naftênica – Nesta classe, enquadra- noso). A Petrobras produz óleo de xisto, em
se um número muito pequeno de óleos. Apre- São Mateus do Sul, no Paraná.
sentam baixo teor de enxofre e são originados
da alteração bioquímica de óleos parafínicos
e parafínicos-naftênicos. Produzem frações
significativas de gasolina, nafta petroquímica,
QAV e lubrificantes. Alguns óleos da Améri-
ca do Sul, da Rússia e do Mar do Norte per-
tencem a esta classe.
Base Aromática – Compreende óleos fre-
qüentemente pesados, com teor de enxofre
acima de 1 % e densidade usual acima de 0,85.
Indicado para a produção de gasolina, solven-
tes e asfalto. Provem do Oriente Médio, Áfri-
ca Ocidental, Venezuela, Califórnia e Medi-
terrâneo.
Quando não há predominância de um tipo
de composto sobre o outro, o petróleo é clas-
sificado como de “Base Mista”.
8 As características físicas, como fluidez,
odor e cor, variam de acordo com sua compo-
sição e com o campo de onde foi extraído. Pode
ser, portanto, encontrado sob forma fluida,
semifluida ou com consistência aproximada de Cavalo de Pau para prospecção de Petróleo em terra.
Transferência e Estocagem

Transporte de
Petróleo 2
A água, principalmente a água salgada, é
2.1 Do Poço aos Terminais
Conforme a região, a existência de petró- dos subprodutos, o mais problemático das eta-
leo pode ocorrer a poucos metros de profundi- pas de extração, tratamento, armazenamento
dade, entretanto, na maioria dos casos, é ne- e transporte. Além de gerar processos de cor-
cessária a perfuração de poços, que atualmen- rosão nos equipamentos em geral, pode che-
te atingem a marca de até 2 mil metros de lâ- gar até aos tanques de armazenamento das re-
mina d´água e de até 5 mil metros de perfura- finarias causando dificuldades operacionais na
ções terrestres. programação de petróleo para produção ou
O petróleo é trazido para a superfície, quer problemas na unidade de processo.
naturalmente, através do aproveitamento da
pressão no reservatório, ou artificialmente, 2.2 Armazenamento nos Terminais
mediante o uso de bombas e de injeção de água O petróleo proveniente dos poços terres-
ou gás. O petróleo necessita, quase sempre, tres ou plataformas submarinas é transporta-
de tratamento na área de produção, antes de do através de navios ou por oleodutos até os
ser transportado, pois sai geralmente do poço terminais, portos especiais para carga e des-
misturado com gás, água e sólidos (tais como carga de petróleo e derivados, ou diretamente
areia), em diversas proporções. para as refinarias.
Os meios de produção e tratamento remo-
vem aquilo que se denomina “água e sedimen- Capacidade de Armazenamento dos terminais portuá-
to” (BSW – Bottom Sediment Water), e sepa- rios da Petrobrás (Tancagem)
ram o óleo e o gás. A água ocorrerá geralmen-
te sob duas formas: a água livre, que se separa Terminal Quantidade de Tanques Total (m3)
do óleo com bastante rapidez, e a água em for- DTBASA 49 826.759
ma de emulsão. A emulsão, uma mistura em DTCS 171 4.360.625
que gotículas de uma substância ficam suspen- DTNEST 45 237.078
sas em outra substância, na produção de óleo, DTSUL 55 1.313.013
tipicamente, consiste em uma suspensão de DTSE 66 2.113.884
gotículas de água em óleo. TOTAL 386 8.851.359

Navio-Tanque da Petrobras para Transporte de Petróleo e


Plataforma para prospecção de petróleo no mar. Derivados.
Transferência e Estocagem
2.3.1 Acompanhamento Operacional
As transferências por oleodutos envolvem
operações complexas. Atualmente, novos sis-
temas de controle e proteção têm sido coloca-
dos em operação.
Os sistemas de controle dos dutos são uma
combinação de sensores de campo, computa-
dores e softwares especiais, sistemas de tele-
comunicações e acionadores automáticos, que
permitem a operação e controle, à distância,
das variáveis operacionais dos oleodutos a
Terminal de Armazenamento da Petrobras. partir da sala de controle.
Os Operadores podem através de diferen-
2.3 Transferência por Oleodutos tes Sistemas Supervisórios, ler dados dos equi-
Petróleo, gás e derivados podem ser trans- pamentos dos dutos de distribuição, coman-
portados por um sistema integrado formado dar para abrir e fechar válvulas, acionar as
por navios ou dutos. Através deste, é possível bombas, etc. A tarefa real de executar um co-
movimentar produtos dos campos de produ- mando começa quando estes comandos são
ção para refinarias. recebidos por um controlador lógico progra-
Os derivados de petróleo produzidos nas mável (CLP).
refinarias passam também pela rede de trans- Um controlador lógico programável é um
porte em direção aos terminais marítimos, onde computador especialmente projetado para:
são embarcados para distribuição em todo o – controlar as bombas, ligando e desli-
país ou diretamente das refinarias aos centros gando-as;
consumidores. – controlar as válvulas, abrindo ou fe-
Os dutos são o meio mais seguro e econô- chando-as completa ou parcialmente;
mico para transportar grandes volumes de petró- – transmitir sinais da instrumentação para
leo, derivados e gás natural a grandes distâncias, as Casas de Controle;
pois evitam a circulação de centenas de cami- – garantir um ambiente operacional se-
nhões, economizando combustível e reduzindo guro, executando independentemente
o tráfego de veículos pesados nas estradas. os procedimentos de parada de emer-
Os dutos podem ser construídos em terra gência se necessário;
(chamados terrestres) ou no fundo do mar (de- – controlar automaticamente determina-
nominados submarinos). São destinados ao dos equipamentos e variáveis para man-
transporte de líquidos (oleodutos) ou de gases ter as operações do oleoduto dentro de
(gasodutos) Os oleodutos que transportam de- certos limites pré-determinados.
rivados de petróleo e álcool são também cha- O acompanhamento das variáveis de pres-
mados de polidutos. Outras modalidades de são e vazão é de extrema importância devido
transporte, como o rodoviário e o ferroviário, à extensão e pressão de trabalho dos oleodutos.
são apenas ocasionalmente empregadas para Qualquer anormalidade nestas variáveis pode-
a transferência de petróleo e derivados. rá indicar vazamentos, contaminações por
A Petrobras possui extensa rede de dutos manobras erradas, surtos de pressão, etc. Nos
que interliga campos petrolíferos, terminais oleodutos sem sistema supervisório, cabe ao
marítimos e terrestres, bases de distribuição, operador a importante missão de manter o con-
fábricas e aeroportos. A malha de transporte é trole permanente das operações, a checagem
formada por cerca de 15.300 quilômetros de periódica das quantidades transferidas, a cla-
dutos, 53 terminais (dez marítimos, três fluviais, reza na troca das informações entre as Esta-
29 terrestres e 11 terminais em portos de ter- ções de Bombeamento, o registro de todas as
ceiros) e um sistema de armazenamento com anormalidades do oleoduto para que as opera-
capacidade para aproximadamente 10,5 mi- ções sejam executadas com eficiência e segu-
lhões de metros cúbicos de produtos. O siste- rança, preservando o meio ambiente, a comu-
10
ma de transporte completa-se com a frota em nidade e a imagem da Petrobras.
torno de 114 navios-tanques, dos quais 64 são Para aumentar a confiabilidade das opera-
próprios representando uma capacidade total ções com oleodutos, a Petrobras está implan-
de transporte de sete milhões de toneladas de tando Sistemas Supervisórios em todos os dutos,
porte bruto. a fim de detectar vazamentos em tempo real.
Transferência e Estocagem
2.3.2 Comunicação tanto, acompanhar cuidadosamente esta ope-
A comunicação entre expedidor / recebe- ração de forma a evitar que se retire de especi-
dor e vice-versa é de suma importância para a ficação o produto de um determinado tanque.
segurança e confiabilidade das operações de
transferência por oleodutos. A troca de infor- 2.3.4 Rastreamento
mações trata dos produtos e volumes progra- A movimentação de petróleo e derivados
mados, condições operacionais dos equipa- através de oleodutos traz preocupações na
mentos, vazão de bombas, pressão do siste- manutenção da qualidade, pois o risco de con-
ma, horário de início e previsão de parada, taminação sempre existe, mesmo porque, são
volumes acumulados, etc. São mantidos, tam- bombeados diversos produtos por um mesmo
bém, todos os registros arquivados por um oleoduto e existem muitas interligações com
determinado período. outras tubulações pelo caminho. Para acom-
panhar a qualidade dos produtos e contamina-
2.3.3 Separação de produtos ções no transporte até o recebimento nas refi-
Para oleodutos que movimentam mais de narias e destas até as Bases de Distribuição, o
um produto, o ponto de contato entre os dife- operador efetua rastreamentos através de
rentes produtos dentro da tubulação forma uma amostragens em pontos estratégicos.
mistura chamada de “interface”.
Nas bases finais de recebimento do oleo- 2.4 Armazenamento de Petróleo nas
duto, todo o produto gerado na região da Refinarias
“interface” deve ser separado para evitar con- Nas refinarias, o petróleo é armazenado
taminações. A “interface” pode ser diluída em em tanques de grande capacidade possibilitan-
tanques de produtos similares (um dos produ- do assim a formação de estoques e garantindo
tos da mistura) ou enviada para posterior tra- o suprimento para a Unidade de Processo por
tamento. Os operadores de dutos devem, por- um determinado período de tempo.

Tancagem de Armazenamento – Refinaria.

Anotações

11
Transferência e Estocagem

Tanques de
Armazenamento
No presente item, será feito um detalha-
3
ração, cerca de 430 m3 anuais. Outro proble-
mento sobre tanques de armazenamento, de- ma é a emanação de vapores específicos como
vido ao fato destes serem equipamentos bási- o sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás altamen-
cos da área de transferência e estocagem. te tóxico, bem como de vapores inflamáveis
Embora os tanques pareçam simples, de petróleo e derivados.
deve-se tomar extremo cuidado em seu projeto Nas refinarias, são usados tanques de teto
e construção. A fundação do tanque precisa ser fixo (geralmente cônico) para produtos pesa-
capaz de suportar o peso do tanque, seu conteú- dos como asfalto, resíduo de vácuo, gasóleo,
do e qualquer quantidade de água acumulada. óleo diesel e querosene.
O costado do tanque é construído com chapas
metálicas soldadas, com espessuras crescen-
tes à medida que se encontram mais próximas
ao fundo do tanque. Cada tanque é cercado por
um dique (talude) de terra, que cria um espaço
semelhante a uma bacia em torno do tanque.
O dique é suficientemente alto para conter toda
a capacidade de armazenamento do tanque em
caso de ruptura.

3.1 Tipos de Tanques de Armazenamento Tanque de armazenamento de teto fixo para produtos
Há três tipos de tanques de armazenagem armazenados à temperatura ambiente.

comumente usados na indústria petroleira:


– com teto fixo em forma de cone;
– com teto flutuante;
– esféricos.

3.1.1 Tanques com Teto Fixo


Os tanques com teto fixo são aqueles em
que o teto é soldado às paredes dos mesmos e
apoiado sobre uma estrutura de sustentação em
forma de cone. Os tanques com teto fixo pre-
cisam de um respiro que possa ser aberto quan-
do o tanque recebe ou envia líquidos. Este dis- Tanque de armazenamento de teto fixo revestido com
positivo de abertura é chamado de válvula de isolamento térmico para produtos escuros (alta viscosidade).
pressão e vácuo e tem a finalidade de proteger 3.1.2 Tanques com Teto Flutuante
o tanque contra pressurizações ou vácuo. As Os tanques com teto flutuante eliminam o
válvulas de pressão e vácuo podem se tornar problema do escape de vapor associado aos
um problema para os tanques com teto fixo, tanques com teto fixo. Em um tanque com teto
pois permitem que os vapores provenientes dos flutuante, o teto literalmente flutua sobre a
12 líquidos armazenados escapem para a atmos- superfície do líquido. Conseqüentemente não
fera causando a perda de produto. Experiências ocorrem evaporações significativas.
práticas têm demonstrado que um tanque de Pelo fato do teto ser plano e estar geral-
teto fixo cônico de aproximadamente 12.000 mente situado abaixo das bordas do costado
m3, armazenando gasolina, perde por evapo- do tanque, a chuva acumula-se facilmente no
Transferência e Estocagem
teto. Sem a drenagem adequada, a água pode vapor do GLP, este requer exigências especiais
infiltrar-se no tanque, contaminando o produ- para armazenagem.
to ou acumulando sob o teto e aumentando seu Os tanques esféricos são usados para ar-
peso, com conseqüente afundamento. O siste- mazenar produtos sob pressão. A forma da
ma de drenagem é constituído por dutos arti- esfera distribui a pressão uniformemente so-
culados ou mangueiras que coletam a água bre toda a superfície do tanque, tornando-o
acumulada sob o teto, canalizam-na para fora
capaz de suportar muito mais pressão do que
do tanque.
um tanque de formato convencional de mes-
Os sistemas de drenagem nos tanques com
teto flutuante funcionam bem, mas exigem mo tamanho. São usadas para armazenamen-
manutenção freqüente. Além disso, à medida to de volumes maiores, como, por exemplo,
que o tanque envelhece, os selos de vedação 2000, 3000 ou mais m3.
entre o teto e as paredes deterioram-se, permi-
tindo um aumento na quantidade de água ad-
mitida no tanque.

Tanques Esféricos (Esferas) para armazenamento de Gás


Liqüefeito de Petróleo.

3.2 Classificação dos Tanques em Função


Tanque de teto flutuante para produtos leves. da Finalidade
É comum classificar a tancagem confor-
Nas refinarias, os tanques de teto flutuan- me o produto armazenado. Normalmente, são
te são utilizados para produtos mais leves como classificados em:
naftas, gasolina, solventes, petróleos, entre – Tanques de Cru;
outros, porque ficam diretamente apoiados na
– Tanques de Produtos Intermediários;
superfície do líquido, têm boa flutuabilidade,
acompanhando o nível do produto durante os – Tanques de Resíduos;
períodos de esvaziamento e enchimento do – Tanques de Produtos Finais.
tanque. São utilizados com o objetivo de mi-
nimizar as perdas por evaporação devido às 3.2.1 Tanques de Cru
movimentações do produto. Tanques de grande capacidade e teto flu-
tuante, normalmente recebem dos terminais
através dos oleodutos. Em algumas refinarias, 13
3.1.3 Tanques Esféricos há tanques de petróleo com serpentina de aque-
Todos os tanques detalhados até agora são cimento, pois foram projetados inicialmente
usados para armazenar óleo cru, álcool e deri- para armazenar petróleos parafínicos de baixo
vados, exceto o GLP. Devido à alta pressão de ponto de fluidez.
Transferência e Estocagem
3.2.2 Tanques de produtos intermediários Produto Final Componentes da Mistura
Tanques destinados a armazenar produtos Nafta Craqueada + Nafta de Destilação
provenientes do processo e que servem de car- Gasolina
Direta
ga (matéria-prima) para outra unidade de pro- Asfalto diluído de Petróleo Cimento Asfáltico de Petróleo + Querosene
cesso, para retirada de mais frações leves, con- – CM (cura média)
forme o produto. Podem ser de teto fixo ou Óleo Combustível A1 Resíduo Asfáltico + Óleo Decantado ou
flutuante. Alguns produtos intermediários são LCO
altamente viscosos e, portanto, necessitam ser
armazenados em tanques com serpentinas de 3.2.5 Tanques de Produtos Finais
aquecimento e isolamento térmico. São tanques destinados ao armazenamen-
Alguns exemplos de produtos intermediários. to dos derivados prontos para a venda. No par-
Faixa de
que de armazenamento de produtos finais, con-
Produto Unidade Carga de taminações geradas principalmente por insta-
Temperatura de
Produtora Unidade bilidades nas Unidades de Processo e mano-
Armazenamento
Gasóleo leve e 90,0º C Destilação Craqueamento bras erradas podem causar prejuízos elevados
pesado Catalítico devido à perda de especificação do tanque ou
Desasfaltação Craqueamento necessidades de reprocessamento. Outro fator
Óleo Desasfaltado 90,0º C
a Solvente Catalítico é a possibilidade da contaminação estender-
Desasfaltação se até o cliente final.
Destilação a a solvente
Resíduo de Vácuo 150,0º – 160,0º Vácuo Unidades de
Fertilizantes
3.3 Liberação de Tanques à
Unidades de Manutenção
Lubrificantes As principais razões para retirada de um
Nafta Solvente Ambiente Destilação Unidade de tanque correspondem às seguintes situações:
Atmosférica Solventes a) Operacionais – quando a quantidade
de sedimentos (chamados de borra) for-
3.2.3 Tanques de resíduos mada em seu interior começar a preju-
Estes tanques armazenam óleo recupera- dicar a qualidade ou movimentação do
do nas Estações de Tratamento de Resíduos, produto armazenado.
produtos remanescentes da liberação de equi-
pamentos, produtos de drenagem em geral, b) Manutenção – Para reparos gerais ou
emulsões provenientes de limpeza de equipa- parciais, visando garantir a vida do
mentos, entre outros. Normalmente, há tanques equipamento. A manutenção geral de
para Resíduo Pesado (alta viscosidade) com um tanque é programada.
serpentinas de aquecimento, e tanques para
Resíduo Leve (escoa a temperatura ambiente). c) Atendimento de requisitos das nor-
Uma vez que estes tanques coletam vários mas ISO (qualidade do produto).
tipos de resíduo, é necessário extremo cuida-
do na operação dos mesmos, pois é comum a
presença de altos teores de produtos tóxicos Anotações
como amônia, H2S, benzeno, etc. O tanque de
resíduo leve também pode armazenar águas
ácidas geradas no processo que possuem altos
teores de amônia e H2S. Nestes casos, o tan-
que deve conter equipamentos adicionais de
segurança.
Os resíduos são tratados adequadamente
em tanques e enviados posteriormente para
reprocessamento.
14 3.2.4 Tanques de mistura
São tanques destinados à operação de mis-
tura de dois ou mais produtos.
Alguns exemplos de misturas de produ-
tos em tanque:
Transferência e Estocagem

Rotinas na Preparação e
Movimentação de Tanques
A seguir serão abordadas as principais ro-
4
a fim de que água e sedimentos decantem e
tinas presentes na maioria das movimentações possam ser drenados. O período de repouso
da Área de Transferência e Estocagem. pode variar de acordo com o petróleo e/ou de-
rivado.
4.1 Homogeneização
Após recebimentos de diferentes volumes 4.3 Determinação do Volume do Líquido
de petróleo e/ou derivados nos tanques, pode 4.3.1 Medição do Nível do Tanque
ocorrer a separação de produtos (estratificação) O volume de líquido em um tanque de ar-
devido a densidades diferentes. Com o objeti- mazenagem é determinado:
vo de homogeneizar o produto, alguns tanques – através de medições manuais ou auto-
são providos de misturadores (agitadores), cuja máticas.
finalidade é movimentar a massa líquida e evi- Para medições manuais, utiliza-se uma tre-
tar a sedimentação de impurezas no fundo do na de aço graduada em milímetros. Dois mé-
tanque. O período de agitação de um determi- todos são utilizados para medição manual:
nado tanque pode variar de acordo com o tipo a) A medição direta: Este método deter-
e características do produto nele contido. mina a distância entre o fundo do tan-
que e a superfície do líquido, isto é,
determina o espaço cheio.
b) A medição indireta: Este método de-
termina a distância entre a superfície
do líquido e o topo do tanque (altura
de referência), determinando o espaço
vazio. Neste caso parte do prumo que
penetrar no líquido deverá ser subtraí-
da da leitura de trena, pois ponto zero
corresponde a ponta do prumo. Este
método é ideal para medição de produ-
tos viscosos.
Exemplo de conversão da medição indi-
reta em direta:
Tanque com agitador. – Diminue-se da altura de refêrencia os
milimetros de espaço vazio encontrado;
4.2 Repouso Altura de Referência 14.700 mm 14.700
O petróleo, mesmo passando por tratamen- Altura de Trena 2.600 mm 2.600
to na origem, pode chegar aos tanques das re-
finarias com a presença de água e sedimentos Corte do Prumo 113 mm (soma) 113
em quantidades variáveis de acordo com a fon- Altura do nível de líquido 12.213
te de produção dos mesmos. Do processo de
tratamento, os tanques podem receber soda As medições manuais por trena são usa-
cáustica arrastada, sólidos suspensos, partícu- das para confirmar e verificar as medições 15
las de catalisador, água, etc. Devido a isso, é automáticas ou para medir os líquidos nas tran-
necessário um tempo de repouso entre o final sações de venda de derivados quando a medi-
do recebimento e/ou agitação (homogeneiza- ção em linha (através de instrumentos ins-
ção) e o envio para processamento ou venda, talados na tubulação) não é feita.
Transferência e Estocagem
As leituras automáticas são realizadas por do tanque, o que, no caso de tanques de petró-
medidores de nível instalados nos tanques, leo, pode ocorrer em grandes volumes. O en-
estes indicam o nível junto ao tanque e trans- vio acidental desta água para as unidades de
mitem os dados para a Casa de Controle. produção pode causar sérios acidentes, danos
Para a determinação do volume de produ- a equipamentos, assim como levar à perda de
to no tanque a partir da altura do líquido, são especificações de produto e a uma Parada de
utilizadas tabelas especiais chamadas “tabe- Emergência da Unidade.
las de arqueação”. Estas tabelas, construídas A presença de água em tanques ocasiona
individualmente para cada tanque, compensam outro problema que é o desenvolvimento de
eventuais irregularidades no formato cilíndri- colônias de microorganismos na interface
co do tanque. água-hidrocarbonetos. Estes microorganismos
As medições corretas garantem a fideli- alimentam-se dos hidrocarbonetos, transfor-
dade dos volumes recebidos e expedidos en- mando-os em um produto de odor desagradá-
volvendo o faturamento de uma refinaria. É vel, características ácidas e corrosivas e, ain-
de suma importância a correta medição dos da, a propriedade de reter pequenas gotas de
produtos movimentados, pois envolve interes- água no produto, formando o que se denomi-
ses financeiros do sistema e do cliente com- na “borra”.
prador. A “borra”, de aspecto marrom ou preto,
Observação: Para medição de tanques há quando presente no óleo diesel, causa proble-
normas de segurança que serão tratadas em mas como entupimento de telas e filtros e des-
curso específico. gastes nos componentes da bomba injetora
devido à sua característica corrosiva.
No querosene de aviação, estas colônias
de microorganismos podem chegar aos tanques
de combustíveis de aeronaves, causando pro-
cessos corrosivos, que levam ao entupimento
de filtros.
Ao eliminar a água dos tanques de deriva-
dos, impede-se o desenvolvimento de colônias
de microorganismos.
A drenagem é uma das operações que o
operador mais executa na Área de Transferên-
cia e Estocagem, portanto, é de extrema im-
Trena de Aço para medição manual de tanques.
portância o cuidado do operador na execução
da mesma. Em função disto, importante des-
tacar algumas orientações gerais:
4.3.2 Medição de Temperatura As drenagens exigem acompanhamento
A medição do volume de líquido em um permanente do operador e deverão ser inter-
tanque sempre envolve a medição da tempe- rompidas caso o operador necessite ausentar-
ratura do líquido. Lembre-se dos efeitos da se, mesmo que por um curto período de tempo.
temperatura sobre líquidos: expandem quan- Antes de iniciar qualquer drenagem, o
do aquecidos e contraem quando resfriados. operador deve ter conhecimento da natureza
Na Petrobras, os volumes normalmente são do produto a ser drenado, produtos voláteis,
referenciados a 20°C. quentes, viscosos, emulsionado, produto quí-
Para medir a temperatura, os operadores mico, produto contaminado com H2S, teores
usam um termômetro, que é submerso no pro- de benzeno, amônia,etc.
duto, são feitas leituras de temperatura em di- Uma atenção especial deve ser dada para
versos níveis do tanque uniformemente espa- drenos que possam esguichar o produto da dre-
çadas e calculada a média dos resultados. nagem sobre outros equipamentos (bombas,
turbinas, plataformas, passadiços, escadas,
16 4.4 Drenagens corredores de passagem de pessoas, etc.) e para
A presença de água nos tanques pode ocor- aqueles que possam espalhar o produto por
rer pela decantação da água presente em emul- grandes áreas, o que poderia colocar em risco
são, ou por infiltrações através do selo do teto outros trabalhos executados longe do local de
flutuante. A água tende a se acumular no fundo drenagem.
Transferência e Estocagem
A drenagem torna-se mais difícil, quanto 4.5.1 Coleta de amostragens em tanques,
mais próxima for a densidade do produto à recipientes e equipamentos de amostragem
densidade da água. A vazão de drenagem não
As amostras são coletadas de um tanque
deve ser muito alta pois a velocidade do líqui-
em vários níveis. O operador abaixa um cilin-
do provoca vórtice interno causando arraste de
dro de metal pesado com tampa apropriada a
produto. Para facilitar este tipo de drenagem,
ser aberta em diversos níveis do tanque.
os tanques passaram a ter um dispositivo deno-
Os recipientes para recolhimento e trans-
minado dreno-sifão com chapa quebra-vórtice.
porte de produtos amostrados são de material
Durante as drenagens deve ser evitado, ao
próprio ao derivado e às características a se-
máximo, o envio de produtos para o sistema
rem determinadas (metálicos, vidro claro ou
de esgoto oleoso e, em hipótese alguma, deve-
âmbar, de plástico, etc). O material não deve
se drenar produtos de alto ponto de fluidez ou
proporcionar alteração do produto. Os dispo-
muito viscoso, pois os mesmos poderão obs-
sitivos de fechamento devem proporcionar
truir o sistema de drenagem.
uma boa vedação para não incorporar conta-
minantes às amostras.
4.5 Amostragem
O conteúdo de um tanque geralmente é 4.5.2 Pontos de Amostragens e Manuseio das
constituído de produtos com mais de uma
batelada, incluindo os derivados de misturas Amostras
feitas no próprio tanque, resultando assim, em Recolhem-se amostras em linhas ou tubu-
um produto com características diferentes da- lações, tanques de armazenamento, vagões e
quelas dos seus componentes originais. É atra- caminhões-tanques, navios petroleiros, barca-
vés das amostragens e seus resultados que se in- ças, tambores, etc. Cuidado extremo e bom
dica a qualidade dos petróleos e derivados. senso são, fundamentalmente, os principais
A responsabilidade do operador da área pontos a serem observados durante a obten-
de Transferência e Estocagem é de fundamen- ção e manuseio de amostras. Cuidados:
tal importância para a confiança da represen- – Luvas limpas;
tatividade das amostras colhidas, pois, basean- – Evitar inalação de vapores;
do-se nos resultados de suas análises, são – Encher e drenar o equipamento de
efetuadas as programações dos petróleos a se- amostragem antes de enchê-lo com o
rem processados, as vendas para o mercado produto a ser enviado para análise;
nacional e internacional, as tomadas de deci- – Recolher amostras de produtos voláteis
sões, assim como, a boa imagem do sistema em recipientes refrigerados com gelo e
Petrobrás junto aos clientes. com técnica que evite as perdas por
vaporização;
“Uma amostragem incorreta invalida qual-
quer conclusão que se queira tirar sobre a – Proteção à luz para produtos sensíveis
qualidade de um produto com base em sua a ela;
análise”. – Proteção, quando necessária, contra
umidade e poeira;
Uma amostra mal tirada poderá acarretar
– Nunca encher totalmente o recipiente;
sérios prejuízos à produção,tais como:
– Distúrbios no funcionamento das Uni- – Arrolhar bem os frascos;
dades em função das características er- – Identificar as amostras imediatamente
radas de um petróleo, como viscosida- após a operação de amostragem;
de, teor parafínico entre outras;
– Correção desnecessária, que interfere 4.5.3 Testes de Laboratório
na qualidade de outros produtos origi- Uma vez que as amostras são colhidas (ou
nários da mesma unidade; coletadas da casa de amostragem) são levadas
– Desvio de produto para reprocessa- para um laboratório local para a realização das
mento (tanque de refugo), ocasionan- análises.
do custos desnecessários; 17
– Tempo e material gastos na repetição 4.6 Alinhamentos
das análises; Os alinhamentos consistem basicamente
– Atraso na entrega de produtos para os em estabelecer o caminho para o fluxo de pro-
clientes, afetando a imagem da empresa. dutos nas tubulações de um ponto a outro.
Transferência e Estocagem
Com o tanque pronto, o operador efetua o Observação: Os tempos de agitação, re-
alinhamento, que, apesar de parecer rotineiro, pouso, o modo de se fazer a “polegada” e ti-
é uma operação de grande importância.Um pos de amostragem são referenciais, que po-
alinhamento errado pode ocasionar parada de dem ser alterados, conforme o processo de cada
Unidade, contaminações nos produtos movi- refinaria.
mentados, aquecimento ou resfriamento inde-
vidos causando rompimento de tubulações e 4.8 Controle da Tancagem (acompanhamento
juntas devido a pressões acima do especifica- operacional)
do, vazões menores que às desejadas, resul- Os sistemas de controle da Área de Trans-
tando em danos às instalações, agressão ao meio ferência e Estocagem são a combinação de
ambiente, prejuízos financeiros podendo com- componentes de computador, programas, ter-
prometer o abastecimento do mercado. minais de vídeo e equipamentos de comuni-
Os principais equipamentos envolvidos na cações que permite, a partir da sala de contro-
execução de alinhamentos na Transferência e le, monitorar e controlar todas as movimenta-
Estocagem são: tanques, linhas, bombas, per- ções realizadas nos tanques de armazenamento.
mutadores, filtros, válvulas, instrumentos. O controle de vazão é a variante que mais se
Qualquer modificação de alinhamento destaca, através dela, é possível controlar e
deve ser realizada com muita atenção. O ope- monitorar:
rador deve cultivar o hábito de rever os ali- – volumes enviados ou recebidos;
nhamentos executados, de modo a verificar e – desempenho de bombas;
testar a estanqueidade das válvulas das inter- – parada de bombeios;
ligações do sistema. – controle de interfaces;
Muitas ocorrências anormais operacionais – polegadas e troca de envio;
são provocadas por falta de atenção e planeja- – carga das Unidades;
mento dos alinhamentos envolvidos. – injeções nas cargas;
– troca de tanques em recebimento;
– aferições de instrumentos de vazão.
Por intermédio de leituras de medições,
pode-se controlar as vazões das unidades, expe-
dições e transferências internas. Tomam-se duas
medidas do tanque em um intervalo de tempo
determinado e, pela tabela do tanque ou fator
volumétrico do mesmo, calcula-se a vazão.
Exemplo:
a) Um tanque cujo fator seja 2,362 l/mm;
a primeira medição anotada foi de 9000 mm
Operador executando alinhamento na Tubovia.
e a segunda, 3,5 horas após, foi de 7500 mm.
Calcular a vazão em m3/d.

4.7 Polegada (9000 – 7500) x 2,362 x 24/3,5 = 24295 m3/d


Para se evitar alterações bruscas no esta- Na maioria dos casos, os tanques possuem
do de operação das unidades de processo, o monitoramento de nível e temperatura com
alinhamento de um novo tanque de carga para transmissão para a Casa de Controle. Sempre
as unidades deve ser sempre feito lentamente,
que vamos executar uma movimentação, é
de modo que a participação do produto do novo
necessário o acompanhamento operacional.
tanque na carga da unidade vá se elevando gra-
No acompanhamento de movimentações,
dualmente. Essa operação, denominada “po-
geralmente constam: nível do tanque ou vaso,
legada”, é realizada abrindo-se aos poucos
(uma polegada por vez) a válvula de sucção o volume programado e acumulado, a pressão
das bombas de carga no novo tanque a proces- de bomba, etc.
18 sar. A vazão limita-se a um determinado per- Com os dados do acompanhamento, ava-
centual em relação à vazão total da carga da lia-se a operação. Em caso de dúvida deve-se
unidade, mantendo o processo em paralelo até analisar a situação, podendo até interromper a
a adequação da unidade de processo às novas movimentação enquanto o motivo não for es-
características da matéria-prima. clarecido.
Transferência e Estocagem
Resumindo: O acompanhamento é a for- 4.10 Especificação de Produtos
ma de garantir que a operação está correta e se A qualidade do petróleo e de seus deriva-
não estiver, permite a sua interrupção evitan- dos, caracterizada pela “Especificação”, é um
do maiores prejuízos. conjunto de características estabelecidas de
Exemplo: acompanhar e registrar as va-
comum acordo entre as partes envolvidas. Es-
zões de bombeio, a fim de prever antecipada-
tas características são determinadas pelas pro-
mente a parada da cota programada ou bom-
priedades químicas e físicas do produto em
beamento.
questão. A especificação que pode ser quali-
tativa ou quantitativa, serve como garantia de
padrões mínimos de qualidade, rendimento e
segurança na utilização do produto.
As características são definidas por méto-
dos-padrão de ensaios de laboratório ou de
campo tão rigorosos quanto possíveis (limita-
dos pelos aspectos práticos e econômicos).
A seguir estão especificadas as principais
propriedades, em que se baseiam os ensaios,
para a especificação dos produtos de petróleo:

Casa de Controle Operacional.


– Densidade – É, por definição, a rela-
ção entre a massa e o volume de uma
4.9 Controle de Qualidade substância. Na indústria do petróleo,
utiliza-se mais comumente a chamada
O controle de qualidade inicia-se na pro-
Densidade Relativa, definida como a
gramação de produção, colocando os petróleos
massa de uma substância no estado lí-
favoráveis e, às vezes, misturando-os aos quido, em relação à massa de igual vo-
menos favoráveis. Prossegue no preparo do lume de água na temperatura padrão de
petróleo em tanque da área de transferência e 20/4ºC. A importância da densidade
estocagem (TE), no processamento nas uni- decorre do fato da venda do petróleo e
dades de refino, no recebimento dos deriva- seus derivados ser feita à base de peso
dos em tanques da TE e em tanques das com- ou volume, tornando-se necessário o
panhias distribuidoras. No envio para termi- conhecimento de suas densidades para
nais marítimos em navios-tanques através de se proceder as conversões necessárias.
amostragens e análises qualitativas e quanti-
tativas. É de grande importância o controle de – Volatilidade – Pode ser definida como
qualidade, a fim de ser preparada uma carga a tendência que têm as moléculas de
com condições de processamento ou a venda uma substância líquida de escaparem
de um produto dentro das especificações re- para a atmosfera. Esta tendência tor-
queridas. na-se mais evidente quando há aumen-
Além disso, a TE adota procedimentos adi- to da temperatura da substância.
cionais como por exemplo: rotina de limpeza Entre os ensaios baseados na volatili-
de tanques, repouso de produto, drenagem fre- dade, podem ser citados: ponto de ful-
qüente para evitar água no produto armazena- gor, destilação e pressão de vapor.
do, pintura anti-corrosão nos tanques, etc.
Para garantir a qualidade de seus produ- – Ponto de Fulgor – É a temperatura
mais baixa na qual um composto va-
tos, a Petrobras não se limita a cumprir a le-
poriza-se em quantidade suficiente para
gislação, adotando especificações extras.
formar uma mistura inflamável com o
Qualquer dúvida quanto à determinada ar, pelo contato com uma chama. 19
característica, contaminante ou água, o pro- Este ensaio serve para indicar a tempe-
duto a ser enviado pode ser esclarecida atra- ratura abaixo da qual o produto pode
vés de amostragens na altura de sucção do ser manipulado sem correr o risco de
tanque. inflamar-se.
Transferência e Estocagem
Pode, também, servir como base na clas- quando resfriado, de acordo com pres-
sificação de petróleos, em conjunto com crições recomendadas.
outros ensaios, além de indicador de É de grande importância no caso dos
possíveis contaminações dos produtos. óleos pesados; pois está intimamente
ligado ao problema de armazenamen-
– Destilação – Há vários tipos de desti- to, bombeamento e transporte.
lação, utilizados de acordo com o deri- É utilizado no cálculo das instalações
vado a ser analisado. de queima de óleos combustíveis (sis-
A destilação ASTM (American Society tema de bombeamento, pré-aquecimen-
of Technical Methods) é a mais comu- to e armazenamento).
mente usada nas refinarias. Nos óleos lubrificantes, o ponto de flui-
A destilação do petróleo e de seus de- dez é importante quando os mesmos
rivados é de grande valor, pois permi- são usados em clima frio ou em má-
te, entre outras coisas: quinas de refrigeração industrial.
– Prever os rendimentos dos produtos
dos diversos petróleos,
– Indicar a qualidade da gasolina com – Ponto de névoa – Ponto de névoa é a
respeito aos principais pontos carac- temperatura na qual a parafina e outras
terísticos que são os 10%, 50% e 90% substâncias começam a cristalizar, e
destilados ASTM (porcentagem em separam-se do produto de petróleo,
volume na destilação ASTM), quando o mesmo é resfriado de acordo
– Indicar a presença de frações leves com prescrições recomendadas.
ou pesadas no querosene e no óleo O ponto de névoa é útil para o conheci-
diesel, pois a presença de leves está mento da base dos petróleos e para o con-
intimamente relacionada com o pon- trole dos processos de desparafinação.
to de fulgor do produto, Quando o óleo diesel é empregado em
– Indicar eventuais contaminações de climas frios, a cristalização da parafina
qualquer derivado, pode provocar entupimentos nos filtros
– Indicar, através do resíduo da desti- dos motores e, assim, causar transtornos.
lação, a presença de compostos áci-
dos de caráter orgânico ou inorgâ- – Cor – A cor de um derivado de petró-
nico, que se formam pela decompo- leo fornece dados sobre o andamento da
sição, devida às altas temperaturas operação no momento em que o mesmo
alcançadas na destilação. foi produzido e sobre o grau de refina-
ção atingido em um dado processo.
– Pressão de Vapor – É a pressão na qual Serve para indicar eventuais contami-
um líquido está em equilíbrio com seu nações sofridas por diversos produtos,
vapor em uma determinada temperatu- além da estabilidade dos mesmos du-
ra. Indica a tendência de vaporização rante o armazenamento.
do líquido.
Este ensaio é realizado em condições
padrões e serve para controlar a quan- – Ponto de fuligem – Ponto de fuligem é
tidade de compostos leves existentes a altura máxima, em milímetros que a
em um derivado de petróleo. chama de um produto iluminante pode
alcançar, sem formação de fuligem.
– Viscosidade – A viscosidade é a me- – Enxofre – A presença de compostos
dida da resistência ao escoamento dos de enxofre nos petróleos, ocorre em
fluidos. É de grande importância na es- proporções variadas, pode deixar odo-
pecificação dos óleos lubrificantes e res desagradáveis em alguns produtos,
óleos combustíveis. ser agente corrosivo em outros e afetar
20
a estabilidade da cor e a reação ao
– Ponto de fluidez – O ponto de fluidez chumbo tetraetila nas gasolinas.
de um produto de petróleo é a tempe- O enxofre é, assim, um constituinte in-
ratura mais baixa na qual o óleo flui, desejável nos derivados do petróleo,
Transferência e Estocagem
embora em muitos casos apareça em Nota: Deve-se sempre ter cuidado para
quantidades tão pequenas que não afe- não receber produtos sem especificação
tam a qualidade dos produtos. em tanques especificados, produtos visco-
Os vários métodos de ensaio, empre- sos em tanques que não tenham aqueci-
gados para o controle de compostos de mento, produtos em cima de lastros que
enxofre existentes nos produtos de pe- possam contaminar o produto a receber.
tróleo, estão diretamente ligados ao em-
prego industrial e às propriedades des-
ses produtos. Anotações
– Impurezas – É considerada como im-
pureza a presença de quantidades apre-
ciáveis de ácidos, cinzas, sedimentos e
água no petróleo e seus derivados.
Água em gasóleo para a unidade de cra-
queamento catalítico causa sérios trans-
tornos à operação. Em condição nor-
mal não está presente na carga.
No caso do petróleo, essas impurezas
podem causar problemas de deposições
nos equipamentos, normalmente nos
tubos dos fornos e nos trocadores de
calor.
Dependendo do tipo de produto e de
sua utilização, há necessidade de se es-
pecificar a quantidade máxima de im-
purezas que possa estar presente.

– Octanagem – É a porcentagem em vo-


lume de iso-octano que se deve mistu-
rar com heptano normal para igualar a
intensidade de detonação do combustí-
vel ensaiado. Serve para medir o poder
antidetonante de uma gasolina. Isto cor-
responde a dizer, que a gasolina deve
apresentar qualidades antidetonantes, as
quais estão na dependência direta da taxa
de compressão do motor.

4.11 Principais Operações Realizadas


na Área de Transferência e Estocagem
– Recebimento de petróleo;
– Recebimento das unidades de processo;
– Envio de carga para as unidades de pro-
cesso;
– Transferências internas entre tanques
via bomba ou por gravidade;
– Transferência de derivados de petróleo
por oleodutos para terminais e bases
distribuidoras da Petrobras.
– Venda de produtos para as Companhias 21
distribuidoras.
– Em algumas refinarias, existem estações
de carregamento de caminhões-tanque
e carregamento de vagões-tanque.
Transferência e Estocagem

Produtos Derivados
do Petróleo
Nas refinarias, os diversos processos a
5
5.2 GLP (Gás Liquefeito de Petróleo)
que é submetido o petróleo têm por finalida- É a mistura formada basicamente por hi-
de fracioná-lo em diferentes produtos de in- drocarbonetos de 3 a 4 átomos de carbono, que
teresses do consumidor. Esses produtos, lo- embora gasosa à pressão atmosférica, é ven-
gicamente, são também misturas de hidrocar- dida sob pressão para manter-se na fase líqui-
bonetos e diferem entre si, pelo fato de con- da à temperatura ambiente. O craqueamento,
terem hidrocarbonetos, cujos pontos de ebu- devido à quebra de moléculas maiores, é o pro-
lição, encontram-se dentro de uma faixa de- cesso mais importante na produção de GLP,
terminada. Em função dessa faixa, os produ- razão principal do emprego generalizado des-
tos apresentam outras propriedades que os ca- se tipo de processo nas refinarias.
racterizam, tais como a densidade, o peso mo- Embora o GLP tenha a sua maior utiliza-
lecular, a pressão de vapor, a viscosidade a ção como combustível doméstico, ele pode ser
cor, etc. utilizado para combustível industrial, ser ma-
Desta forma são separadas ou preparadas téria-prima para Petroquímica, matéria-prima
misturas de hidrocarbonetos que possuem de- para obtenção de gasolina de aviação e, tam-
terminadas características. Estas misturas re- bém como veículo propelente para aerosóis.
cebem o nome de frações. As principais são: O GLP pode ser produzido tanto na desti-
gás combustível, GLP, gasolina, querosene, lação direta do petróleo quanto no craqueamen-
óleo diesel, óleo lubrificante, óleo combustí- to térmico ou catalítico.
vel e asfalto. No refino de petróleo, são elimi- Devido à baixa porcentagem de propanos e
nadas também as impurezas indesejáveis das butanos no petróleo, a produção de GLP nas uni-
diversas frações pelos chamados processos de dades de destilação direta é normalmente baixa.
tratamento.

5.1 Gás Combustível 5.3 Nafta


Nafta é um termo genérico usado para fra-
É basicamente formado por uma mistura ções leves do petróleo, que abrange a faixa de
de gases, rica em metano e etano, com teores destilação dos produtos comerciais gasolina e
menores de propanos e butanos, além de ga- querosene. Esta faixa de destilação, baseada
ses inorgânicos como o gás sulfídrico. É a cor- na curva de destilação ASTM pode variar, em
rente mais leve do petróleo e de menor rendi- geral, de 20ºC a 200ºC.
mento na destilação. O gás presente no petró- A nafta obtida pela destilação do petróleo
leo bruto é removido nos campos de produção é conhecida como nafta DD (Destilação Dire-
ta) e pode ser fracionada em duas ou três ou-
formando a corrente de gás natural. Apenas
tras naftas, caracterizadas pela faixa de desti-
uma pequena parte que fica em equilíbrio com
lação ASTM e conhecidas como: nafta leve,
o petróleo é removida na Unidade de Destila- nafta pesada e nafta intermédiaria. Este fracio-
ção. Normalmente, esta corrente é utilizada namento da nafta nestes dois ou três cortes,
como gás combustível junto com outras cor- depende da aplicação final.
rentes oriundas do processo de craqueamento A nafta DD pode constituir parte do “pool”
22 catalítico. de gasolina automativa em baixa proporção,
O gás combustível produzido na refinaria devido ao seu baixo poder antidetonante.
é vendido para indústrias vizinhas da mesma, Uma outra aplicação importante é como
ou consumido internamente nos fornos e cal- matéria-prima para Petroquímica ou para o
deiras. processo de Reforma Catalítica, que produz
Transferência e Estocagem
uma nafta dita reformada, com elevado teor escala crescente da energia elétrica como fon-
de compostos aromáticos, ou seja, uma mistu- te de iluminação.
ra de benzeno, tolueno e xilenos (BTXs). Este Outras aplicações para este derivado, po-
reformado, com elevado Número de Octano, rém em escala bastante reduzida, são como
pode incorporar-se ao “pool” de gasolina ou matéria-prima para produção de detergentes
ser enviado à petroquímica para obtenção dos bio-degradáveis, como solvente, como agente
compostos aromáticos BTXs.
pesticida e combustível para tratores.
Uma outra utilização da nafta é na produ-
ção de solventes industriais.
5.7 Óleo Diesel
5.4 Gasolina É empregado como combustível em moto-
A gasolina é uma mistura de hidrocarbo- res de combustão interna (Motores a Diesel). É
netos com 4 a 11 átomos de carbono. produto da destilação direta do petróleo.
É um derivado de grande importância de- O óleo diesel é um derivado do petróleo
vido ao largo uso como combustível nos mo- intermediário entre o querosene e o óleo com-
tores de combustão interna. Pode ser produzi- bustível. As correntes que podem compor o
do tanto no processo de destilação direta do óleo diesel são: nafta pesada, querosene, die-
petróleo, como no processo de craqueamento sel leve, diesel pesado e gasóleo leve. Em al-
térmico ou catalítico de frações pesadas. gumas unidades que possuem Hidrotratamen-
A gasolina proveniente do craqueamento to, também é incorporado o LCO.
apresenta maior número de octano que a pro- As correntes que compõem o óleo diesel
duzida na unidade de destilação direta. Isto
contêm compostos de hidrocarbonetos instá-
ocorre devido aos tipos de hidrocarbonetos
aromáticos e os de cadeia ramificada que pos- veis que se oxidam e reagem com compostos
suem maior poder antidetonante e são muito orgânicos contendo enxofre, oxigênio e ni-
comuns nas gasolinas de craqueamento. trogênio, causando aumento na taxa de de-
posição e escurecimento do produto (degra-
5.5 Solventes dação de cor). Esta degração pode ser detec-
Hexano comercial – usado para extração tada por ensaios DOE, ponto de entupimento
de óleos vegetais. e delta cor.
Hexano especial – usado para extração
de parafinas e usos petroquímicos. 5.8 Gasóleo Leve
Solventes de borracha – usados na in- É um produto semelhante ao óleo diesel,
dústria de Pneumáticos e outros artefatos de porém com alto teor de enxofre. É incorporado à
borracha sintética. corrente de gasóleo pesado, constituindo maté-
ria-prima para a Unidade de Craqueamento.
5.6 Querosene
O querosene é um produto intermediário
entre a gasolina e o óleo diesel. É produzido
5.9 Gasóleo Pesado (GOP)
Produto intermediário da Torre de Vácuo,
na destilação direta e com faixa de destilação
ASTM que se situa normalmente entre 150 e fração mais pesada do gasóleo e mais
300ºC. craqueável. É o principal componente do ga-
A principal utilização do querosene é como sóleo para carga do Craqueamento. Em algu-
combustível para jatos, sendo comumente cha- mas refinarias o GOP representa até 70% do
mando de QAV (querosene de aviação). Esse volume total da Carga da Unidade.
querosene apresenta praticamente a mesma É armazenado em taques com aquecimen-
faixa de destilação que o querosene comum, to e mantido na faixa de 90,0ºC.
mas deve atender a um maior número de es-
pecificações de qualidade, o que implica em 5.10 Óleo Desasfaltado
seleção do petróleo que lhe dará origem, além Óleo desasfaltado, produzido na Unidade 23
de exigir maiores cuidados nos tratamentos e de Desasfaltação, é incorporado a corrente de
no transporte.
Gasóleo Leve e Pesado e armazenado na tan-
O querosene também é empregado como
combustível de iluminação, no entanto o cagem de gasóleo para compor a carga do Cra-
consumo é baixo e tende a cair com o uso em queamento.
Transferência e Estocagem

5.11 Resíduo de Vácuo Abaixo alguns exemplos e utilização.


Produto da torre de vácuo, possui viscosi-
Tipo Viscosidade Enxofre (%) Consumidor
dade muito elevada, o que torna difícil seu Máx.
manuseio, necessitando de linhas e tanques
MF-180 180 Cst a 50oC 4.5 Navios
com aquecimento para fluir. O mesmo tem
MF-380 380 Cst a 50oC 5.0 Navios
múltiplas aplicações e pode ser considerado
como produto intermediário e armazenado em OCIA 620 Cst a 60oC 5.0 Indústria
tanques. Posteriormente é enviado para pro- OC2A 960 Cst a 60oC 5.5 Indústria
cessar na Unidade de Desasfaltação a qual OC3A 2300 Cst a 60oC 3.5 Indústria
consegue extrair o, óleo desasfaltado (ODES) OCREF 4500 Cst a 60oC 3.5 Refinaria
que se incorpora a corrente de gasóleo. OC8A 1.000.000 SSF a 50oC 5.5 Indústria
Alguns petróleos mais pesados podem
produzir asfalto diretamente da destilação a 5.13 Resíduo Asfaltico (RASF)
vácuo. Nestes casos, o resíduo de vácuo pro- Produto de fundo das Extratoras da Uni-
duzido em condições operacionais adequadas dade de Desasfaltação, o resíduo asfáltico ne-
constituirá o asfalto usado para pavimentações cessita de altas temperaturas para escoar de-
e isolamentos. vido a alta viscosidade, normalmente é rece-
Quando a Unidade de destilação visa à bido em tanques juntamente com diluentes.
produção de óleos lubrificantes, este resíduo O resíduo asfáltico pode compor os óleos
de vácuo é matéria-prima para obtenção de combustíveis, asfaltos e serve como matéria-
outro óleo lubrificante de alta viscosidade, prima para algumas fábricas de fertilizantes.
conhecido como “Bright Stock” em uma Uni-
dade de Desalfatação a solvente. 5.14 Asfaltos
Parte do resíduo de vácuo pode também Asfaltos de petróleo ou betume asfáltico
ser carga do processo de produção de coque é o nome que se dá aos resíduos de vácuo.
de petróleo, conhecido como U-coque. Depen- Na preparação de asfaltos de boa qualida-
dendo do petróleo, pode-se produzir diferen- de, a seleção do petróleo é de capital impor-
tes tipos de coque com aplicações específicas. tância. Os petróleos mais apropriados para
Eventualmente o resíduo de vácuo pode obtê-los são os de base naftênica (também cha-
servir como matéria-prima para Unidades de mada de base asfáltica).
Fertilizantes. A maior parte dos asfaltos fabricados (cer-
ca de 90%) é utilizada em trabalhos de pavi-
5.12 Óleo Combustível mentação, enquanto uma pequena parte desti-
O óleo combustível, quase totalmente na-se a aplicações industriais, como impermea-
constituído dos resíduos atmosféricos e a vá- bilização, isolamento entre outras. Os asfal-
cuo, é o derivado de petróleo de menor valor tos, de acordo com sua aplicação, classificam-
comercial. O resíduo do craqueamento catalí- se, portanto, em dois grupos:
tico (óleo decantado) também é injetado no
óleo combustível. 5.14.1 Cimento Asfáltico
A quase totalidade dos componentes de O cimento asfáltico, semi-sólido à tempe-
enxofre e dos resíduos asfálticos está presen- ratura ambiente, constitui o produto básico
te no óleo combustível. Em vista disso, possui proveniente da destilação de certos tipos de
viscosidade muito elevada o que torna difícil petróleo. É um material ideal para aplicação
seu manuseio. em trabalhos de pavimentação pois, além de
Os tanques armazenam diversos tipos de suas propriedades aglutinantes e impermeabi-
óleos combustíveis e diferem entre si princi- lizantes possui características de flexibilida-
palmente pela viscosidade, podendo variar de, durabilidade e alta resistência à ação da
também em relação ao seu teor de enxofre. A maioria dos ácidos, sais e álcalis.
preparação destes óleos, e o enquadramento
da especificação requerida para cada tipo de 5.14.2 Asfaltos Diluídos
24 óleo, de um modo geral, são realizadas nas Os asfaltos diluídos resultam da dissolu-
áreas de armazenamento onde podemos utili- ção do cimento asfáltico em destilados leves
zar diluentes como o óleo decantado, quero- de petróleo.
sene intermediário, óleo diesel decantado do Os diluentes utilizados funcionam apenas
Craqueamento Catalítico (LCO). como veículos, resultando em produtos me-
Transferência e Estocagem
nos viscosos que podem ser aplicados a tem-
peraturas mais baixas. Devem evaporar-se to-
talmente após a aplicação, denominando-se
“tempo de cura” o espaço de tempo necessá-
rio à evaporação do diluente.
De acordo com o tempo de cura determi-
nado pela natureza do diluente utilizado, os
asfaltos diluídos classificam-se, normalmen-
te, em duas categorias:
– Asfaltos diluídos de cura rápida – CR
– Asfaltos diluídos de cura média – CM
Para obtenção de CR usa-se como
diluente uma nafta com ponto inicial
mais alto, enquanto que para os CM
usa-se um querosene.

5.15 Óleos Lubrificantes


As frações mais pesadas do petróleo, pas-
síveis de serem obtidas por destilação a vácuo
quando satisfazem certas especificações de
viscosidade e fluidez, são usados como óleos
básicos para lubrificantes.
Devido ao preço mais baixo e à estabili-
dade, o lubrificante derivado de petróleo é o
mais usado no mundo inteiro.

Anotações

25
Transferência e Estocagem

EMED
Estação de Medição
A finalidade das Estações de Medição
6
determinado. Os medidores tipo turbina são
(EMED) é controlar e apurar quantidades de usados quase exclusivamente para medir os
produtos transferidos das Refinarias para as produtos entregues em “pontos A”.
Companhias Distribuidoras para efeito de fa- Os medidores tipo turbina conforme figu-
turamento. ra abaixo apresentam um equilíbrio fino e são
Os produtos que não são faturados pela mais apropriados.
EMED são os bombeios efetuados diretamen-
te para vagões e caminhões tanque. Nestes
casos, o faturamento é efetuado por peso car-
regado, medido através de balança.
Todos os dutos de venda para as Compa-
nhias Distribuidoras possuem um “Trem de
Medição”, composto por: filtro desaerador,
vaso condensador, estabilizador de fluxo,
turbina ou ainda medidor de deslocamento
positivo, indicadores de pressão e tempe-
ratura, válvulas controladoras, sensores
para adaptação dos pulsos e compensador
de temperatura.
Na transferência de volumes para o clien-
te, a Estação de Medição deve quantificar o
volume exato de líquido transportado. As Esta-
ções de Medição também são usadas para con-
trole operacional e detecção de vazamentos. À medida que o líquido flui através do medidor, a turbina gira
a uma velocidade proporcional à vazão.
Para medir, com precisão, os volumes
transferidos para os clientes, são usados me-
didores de vazão. Os dois tipos mais comuns 6.2 Medidores de Deslocamento
de medidores de vazão são Medidor tipo Tur- Positivo
bina e de deslocamento positivo. Os medidores de deslocamento positivo
estão entre os mais antigos dispositivos utili-
6.1 Medidor tipo turbina zados para medir líquidos, sendo ainda tidos
O medidor tipo turbina, também conheci- como confiáveis dentro de determinadas limi-
do como medidor por inferência, é constituí- tações. O medidor é composto de uma seção
do de um hélice que gira livremente ou “turbi- inferior com um rotor com palhetas ou impe-
na” montada sobre mancais axiais que ficam lidores (lóbulo); uma parte central com engre-
dentro de um duto de comprimento curto. Cada nagens que ligam o rotor com o registrador e,
pá da turbina tem um pequeno ímã na ponta. na parte superior, o registrador.
Quando o líquido flui pelo duto, a turbina gira Os medidores de deslocamento positivo
a um velocidade proporcional à vazão. À me- são mais adequados para produtos muito vis-
26 dida que ela gira, as pás da turbina passam por cosos como óleos combustíveis e para aque-
um detector eletromagnético ou indutivo que les que contêm parafina ou outros sedimen-
produz pulsos elétricos. Os pulsos são alimen- tos, porque são menos suscetíveis aos danos
tados para um contador eletrônico, a partir do causados por impurezas, em relação aos me-
qual o volume total passado pelo medidor é didores tipo turbina.
Transferência e Estocagem
6.3 Aferição dos Medidores
As linhas de venda estão interligadas com
um sistema aferidor em formato de um tubo
em “U”, de fluxo bidirecional ou unidirecional,
denominado “provador”.
O provador é um equipamento de volume
rigorosamente conhecido, aferido pelo
INMETRO, cuja finalidade é calibrar os medi-
dores de vazão instalados em linha.
É composto por um tubo em “U”, conten-
do em seu interior uma esfera de poliuretano
cheia de água, álcool ou glicerina. O processo
de aferição dos medidores chama-se corrida.
A corrida consiste em desviar o fluxo para
esse provador, a fim de que, a bola contida em
seu interior seja deslocada ao longo do tubo e
passe por sensores que disparam uma conta-
gem de pulsos (sinais elétricos) gerados pelo
medidor e encerrando a contagem ao passar
pelo segundo sensor. Através de cálculos, com-
para-se o volume passado pelo provador e vo-
lume quantificado pelo medidor.
Para os produtos faturados a 20ºC, os trens
de medições possuem compensadores de tem-
peratura que corrigem o volume à temperatu-
ra de bombeio para a temperatura de fatura-
mento. Para GLP e óleo combustível, fatura-
dos por peso, o trem de medição comporta um
densímetro em linha, o qual gera um sinal
multiplicado pelo volume bombeado resultan-
do em massa.

Anotações

27
Transferência e Estocagem

Tratamento
de Resíduos 7
A Geração de Resíduos é um dos grandes Caso gotículas de óleo estejam dispersas
problemas enfrentados pelas Indústrias de na água, a emulsão será do tipo óleo em água.
Refinação de Petróleo. A Petrobras está fazen- Se gotículas de água estiverem dispersas
do pesados investimentos no sentido de eli- em óleo, a emulsão será do tipo água em óleo.
minar passivos de resíduos assim como modi- Na indústria do petróleo, a emulsão mais co-
ficações em seus processos para reduzir os mum é do tipo água em óleo, para a qual são
impactos ambientais. empregados vários métodos com o objetivo
de rompê-la. Além do uso de produtos quí-
A contribuição da operação é de extre- micos desemulsificantes, os métodos abai-
ma importância neste processo. Na execução xo são empregados isoladamente ou em as-
das operações, o operador deve sempre ado- sociação:
tar os seguintes critérios em ordem de priori- – Decantação;
dade em relação à geração de resíduos: – Aquecimento ou destilação;
1. Eliminar a geração; – Centrifugação;
2. Diminuir a geração; – Filtração.
3. Reutilizar o resíduo;
7.2 Borras
Na maioria das refinarias, é na Área de Borra oleosa ou resíduo oleoso: Resí-
Transferência e Estocagem que são realizados duo constituído pela mistura de óleo, sóli-
a recuperação do óleo e o tratamento dos des- dos e água, com eventual presença de ou-
pejos industriais. tros contaminantes. Pode-se classificar as
O óleo recuperado e os restantes dos borras em:
efluentes hídricos passam por processos físico- – Borra Oleosa Limpa: Emulsão oleosa
químicos e biológicos antes de serem lançados líquida, pastosa ou sólida e isenta de
nos rios ou no mar. As borras e sedimentos são sólidos grosseiros como carepa de fer-
tratados em unidades de biodegradação natu- rugem, areia, terra e outros. Normal-
ral, nas quais microorganismos do solo degra- mente, é gerada na limpeza de tanques
dam os resíduos sólidos. Outros resíduos sóli- de petróleo e derivados, dessalgadoras
dos são enclausurados em aterros industriais e outros equipamentos;
constantemente controlados e monitorados. – Borra Oleosa Suja: Emulsão oleosa lí-
Os principais poluentes de uma refinaria quida, pastosa ou sólida que contém
são hidrocarbonetos, cloretos, fenóis, sulfetos, sólidos grosseiros como carepa de fer-
mercaptans, soda cáustica, amônia, cianetos e rugem, areia, terra e outros. Normal-
metais pesados. mente, é gerada quando da limpeza de
Como a maioria dos resíduos tratados são canaletas de águas oleosas, separado-
emulsões e “borras”, será feita uma aborda- res de água e óleo e tanques de petró-
gem mais detalhada sobre este assunto. leo e seus derivados
28 – Areia e Terra Oleosa: Resíduos oleo-
7.1 Emulsões sos, pastosos ou sólidos, constituídos
As emulsões são misturas de dois líqui- geralmente de mistura de óleo com terra
dos mutuamente imiscíveis, um dos quais está ou areia. Normalmente, é gerado nos
disperso como gotículas no outro líquido. casos de vazamento de óleo.
Transferência e Estocagem

7.3 Área de Recuperação de Óleo 7.4.1 Tratamento primário


A finalidade desta área é recuperar os hi- – Misturador – os efluentes são recebidos
drocarbonetos de drenagens de equipamentos, numa câmara de mistura já com adição
drenagem de tanques e eventuais vazamentos de produtos químicos para correção de
nas Áreas de Processo e Transferência e Esto- pH e floculação dos poluentes.
cagem. Nesta área, chegam os principais efluentes – Floculação – tanques com agitadores,
com contaminantes da refinaria. cuja finalidade é a formação de flocos
pelos poluentes.
7.3.1 Principais Sistema de Coleta de – Flotação – tanques onde os flocos re-
Efluentes Hídricos cebem micro-bolhas de ar para que flu-
– Esgoto Oleoso – Os efluentes que es- tuem. Os flocos sobrenadantes são
coam por esse sistema originam-se das coletados por pontes raspadoras e os
drenagens de águas oleosas provenien- mais pesados decantam e também são
tes das Unidades de Processo e Utili- recolhidos por pontes raspadoras de
dades, Laboratórios, Parque de bombas fundo para um tanque coletor de lodo.
da Transferência e Estocagem, tanques
de petróleo e vasos do sistema de to- 7.4.2 Tratamento secundário
chas. As linhas desse sistema são ge- A água com os contaminantes que não
ralmente subterrâneas. foram removidos pelos processos químicos
– Águas Contaminadas – Sistema com- e físicos é enviada para o tratamento bioló-
posto por canaletas, a céu aberto, que gico.
circundam as tubovias e algumas ruas Nos reatores biológicos (tanques com
da área industrial, recebendo por exem- lodo ativado), a água é misturada por agita-
plo drenagens de bacias de tanques e dores ao lodo ativado (rico em bactérias ati-
vazamentos de tubovias. vas). Os hidrocarbonetos e alguns poluentes
– Águas Pluviais – Sistema constituído serão metabolizados pelas bactérias. Para
por canaletas a céu aberto, que circun- que esta metabolização ocorra com eficiên-
dam as ruas da refinaria e que recebem cia, os tanques necessitam ser aerados (for-
águas pluviais não correndo o risco de necimento de oxigênio), o que é garantido
receberem hidrocarbonetos. Estas ca-
por agitadores.
naletas não descarregam para o trata-
Clarificadores – Recebem água tratada
mento de efluentes.
mais o lodo ativado dos reatores biológicos.
Nos clarificadores, decanta-se o lodo, e em
7.3.2 Separador de Água e Óleo seguida, este é recolhido e reciclado ao pro-
No Separador de Água e Óleo, os hidro-
cesso na entrada dos reatores biológicos (tan-
carbonetos chegam sobrenadante na água de-
ques de aeração). A água que sai dos clarifi-
vido à diferença de densidades. Estes hidro-
cadores vai para um lago de polimento final
carbonetos sobrenadantes são recolhidos por
e, após, para o rio.
rolos mecânicos, pás raspadoras de superfície,
flautas para coleta de óleo, etc. Os hidrocar-
Unidade de biodegradação de borras
bonetos coletados são transferidos para tan-
A finalidade da área de biodegradação é
ques nos quais recebem tratamento para que-
bra de emulsões e, posteriormente, enviados tratar a borra gerada no tratamento primário
para reprocessamento. da Estação de Tratamento de detritos industriais
(ETDI), borras removidas da limpeza de tan-
7.4 Unidade de tratamento de despejos ques e borras pastosas em geral.
industriais O processo consiste em aplicar a borra em 29
A finalidade desta unidade é tratar água uma área com o solo tratado, a fim de criar as
residual para deixar os teores de poluentes condições adequadas para o desenvolvimento
dentro do exigido pela legislação. As princi- de colônias de bactérias que irão metabolizar
pais fases do tratamento são: os poluentes.
Transferência e Estocagem

Sistema de
Tochas 8
tes de equipamentos de alta e baixa
8.1 Conceitos básicos
O processamento de combustíveis a ele- pressão das unidades de processo e
vadas temperaturas e pressões, requer adoção transferência e estocagem.
de determinados procedimentos no projeto de – Tocha Química – Recebe o desvio de
refinarias, visando à segurança do pessoal, de gases ácidos da Unidade de Águas Áci-
equipamentos e do meio ambiente. Baseado das, gases desviados da Unidade de
nessas premissas, nas Unidades de Processa- Recuperação de Enxofre, entre outros.
mento, as torres, vasos e permutadores em O sistema de tocha exige uma série de
geral, dispõem de válvulas de segurança, cuja cuidados e dispositivos para uma operação
finalidade é descarregar, em emergências, os segura. Basicamente, o principal cuidado im-
gases e produtos combustíveis para um Siste- plica em não haver ar presente no sistema
ma Coletor que encaminhe a chaminé de se- quando os gases inflamáveis alcançarem os
gurança (tocha), onde são queimados. pilotos situados no topo das tochas.
Exemplos de emergências que resultam Os seguintes equipamentos são previstos
em elevação da pressão acima do valor da pres- para garantir a segurança:
são do projeto dos equipamentos e conseqüente
abertura de válvulas de segurança nas Unida-
des de Processo são: Incêndio, falta de energia 8.2 Vasos de Separação
elétrica, falta de vapor, falta de ar, falta de água de Destinam-se a separar o líquido arrastado
refrigeração, válvula bloqueada e queda do com- pelos gases. Os gases são direcionados para
pressor de gases da Unidade de Craqueamento. queimar na tocha, enquanto a fase líquida de-
O coletor geral é dimensionado para o canta nos vasos e é bombeada para tanques de
maior risco isolado de uma refinaria, isto é, a resíduo. Os vasos são equipados com serpen-
maior contribuição de uma única Unidade de tinas de vapor de baixa pressão, para impedir
Processo. Além das áreas de processo, áreas o congelamento de frações pesadas e vapori-
de armazenamento de gases liqüefeitos podem zar líquidos leves.
descarregar suas válvulas de segurança para o
coletor geral da refinaria, o que nem sempre é
viável também por razões econômicas.
8.3 Vasos de Selagem
Cada Sistema de Tochas foi projetado com O sistema de tocha convencional, possui
a possibilidade de usar duas chaminés para fins vasos de selagem com água onde o fluxo de
de flexibilidade operacional e de manutenção; gás descartado borbulha no líquido, seguindo
em condições normais, ambas as chaminés para o tubulão horizontal, tubulão vertical até
estarão operando. o selo molecular e bico queimador. Estes va-
As tochas devem sempre estar prontas para sos têm a função de impedir o retorno da cha-
receber e queimar os gases provenientes de ma do bico da tocha, se ocorrer esta eventuali-
emergências nas Unidades de Processo e áreas dade por falta de fluxo mínimo de gás, falta
de armazenamento de gases da refinaria. Para de vapor, falha dos selos moleculares ou outro
isso, é necessário que os pilotos permaneçam evento qualquer.
30 acesos ininterruptamente, garantindo a quei- A água de selagem é sempre mantida em
ma dos gases. nível adequado por controladores de nível, e
Nas refinarias, normalmente são encontra- indicação de campo e remota. Os vasos pos-
dos dois tipos de tochas: suem um dreno sifão que se projeta até o nível
– Tocha Convencional – Recebe descar- de 50% dentro do vaso.
Transferência e Estocagem
É previsto para ser usado nas seguintes condições:
– Drenar hidrocarbonetos eventualmente arrastados para o vaso de selagem;
– Drenar e renovar a água do vaso e, ao mesmo tempo, garantir um nível mínimo de selagem.

Vaso de selagem, impede o retorno de chama para o tubulão da tocha.

8.4 Pilotos 8.5 Linhas de Mistura ou Acendedores


São equipamentos cuja função é garantir (Ignitores)
a combustão dos gases queimados no topo da São quatro tubulações de pequeno diâme-
tocha, permanecendo sempre acesos, alimen- tro, instaladas a partir do sistema de ignição,
tados por gás combustível e alinhados a partir que seguem até o topo da tocha, ficando, nes-
do sistema de ignição. te local, sobrepostos e bem juntas dos pilotos.
Têm a função de levar a chama e acender os
pilotos.

8.6 Fluxo Mínimo de Gás


As linhas de tochas são mantidas com
pressão positiva à montante dos vasos de se-
lagem para evitar pressão negativa nas linhas
de tocha à montante dos vasos quando o fluxo
de gás for muito pequeno ou até nulo.
Quando a vazão de gases para as tochas
for excessivamente baixa, existe a probabili-
dade de ocorrência de entrada de ar pelo topo
da tocha, com o retorno da chama dos quei-
madores, possibilitando risco de queima inter-
na. É necessário, portanto, manter um fluxo
mínimo de gás, o que assegurará o perfeito
funcionamento do selo molecular.

8.7 Selo Molecular


O Selo Molecular utiliza o gás de purga
que possui massa molar menor que 28 unida-
des de massa molar. Devido à baixa densida-
de do gás, é criada uma zona de pressão maior 31
que a atmosférica no topo da tocha, em uma
região protegida do vento. Com esta pressão
positiva, é evitada a possibilidade de retorno
de ar pelo bico queimador para o tubulão da
Detalhe do piloto e ignitor.
Transferência e Estocagem
tocha. O gás combustível possui massa molar na parte inferior e distribui vapor ao
de aproximadamente 18 u.m atendendo com longo de uma anel de tubos de peque-
folga à necessidade de projeto. no diâmetro. O vapor liberado dentro
destes tubos, ejeta o ar que se mistura
ao gás de passagem promovendo uma
combustão melhor.

c) Uma terceira linha injeta vapor para o anel


superior (também com controle). Este
anel possui vários bicos, montados em
sentido vertical ao anel. As saídas dos
bicos estão ligeiramente torcidas para o
lado direito. A alta velocidade de saída
do vapor forma um ciclone, produz vá-
cuo no topo da tocha, aspirando ar e gás.
Forma-se, então, no topo da tocha, uma
zona de grande turbulência, aumentando
a área de contato entre o ar e o gás a ser
queimado. O aumento da área de contato
entre o oxigênio e o gás é o responsável
pela queima sem fumaça.
É necessário abrir vapor pelas controla-
doras em todo descarte efetuado para as tochas.
A não abertura de vapor poderá danificar seria-
mente o bico queimador devido à radiação.
Selo Molecular. Na Tocha Química, não é injetado vapor
devido aos gases serem ácidos e, associados
Obstrução do dreno do selo molecular ao vapor d’água, causarem corrosão severa no
Tem sido comum a obstrução do dreno do bico queimador.
selo molecular devido ao acúmulo de óxidos
no fundo do selo. Este acúmulo de óxidos é
decorrente do arraste de produtos de corrosão
nas linhas de tochas durante grandes descartes.
Nas Tochas Químicas, a obstrução do dre-
no do selo molecular é agravada devido ao
sulfeto de ferro e sais de amônia.

8.8 Injeção de Vapor nos bicos


Queimadores das Tochas
É usual encontrarmos três pontos de inje-
ção de vapor:
a) Vapor de selagem: Uma linha segue di-
reto para o interior do bico queimador,
um pouco acima do meio. Neste local, o
tubo condutor libera fluxo de vapor no
sentido horizontal, proporcionando uma
selagem contra a entrada de ar pelo topo
da tocha e também ajuda refrigerar o pró-
prio bico contra altas temperaturas.
32
b) Vapor para os ejetores: Em uma linha,
com uma válvula controladora instala-
da na base da tocha, a injeção de vapor
é controlada. Esta linha circunda o bico Bico Queimador com detalhes dos pontos de infeção de vapor.
Transferência e Estocagem
tensão e ataque por compostos resultantes da
reação entre enxofre, ar e água.

Fadiga Térmica no Bico Queimador –


Além dos elevados gradientes térmicos a que
está sujeito, que resultam em alto tensionamen-
to mecânico, o bico sofre o fenômeno da fadi-
ga térmica, ocasionado pelos freqüentes ciclos
de aquecimento e resfriamento dos componen-
tes, durante a operação. A conseqüência disto
é o aparecimento de trincas passantes, que ace-
leram o processo de desgaste do material.

Tocha para queima dos gases não ácidos.

8.9 Bico Queimador


Como foi visto o bico queimador é com-
posto por vários acessórios e a operação in-
correta pode ocasionar sérios danos como:

Gradientes térmicos no Bico Queimador –


Descartes intermediários fazem com que a
tocha opere em vazões intermediárias. Ope-
rando nestas condições e sob a ação do vento,
é criada uma região de baixa pressão no lado
oposto ao que incide o vento, fazendo com que,
neste local, a chama atinja a superfície do bico.
Esta situação faz com que o bico fique sujeito
ao contato direto da chama ocasionando ele-
vados gradientes de temperatura e conseqüen-
te deterioração do bico.

Corrosão no Bico Queimador – Apesar


do material utilizado no bico queimador ser
uma liga de aço bastante resistente, a exposi-
33
ção do mesmo a elevadas temperaturas e por
períodos prolongados pode gerar corrosão sob Visão geral do Bico Queimador e acessórios.
Transferência e Estocagem
17. Qual a finalidade da “Polegada” em tan-
Exercícios ques de carga para as unidades de processo?
01. Quais os subprodutos (contaminantes) que
normalmente estão associados na extração de 18. Calcule a vazão.da seguinte operação;
petróleo dos poços de produção? Um tanque cujo fator seja 0,393 l/mm; a pri-
meira medição anotada foi de 10280 mm e a
02. Qual finalidade do tratamento primário nos segunda, 4 horas e 45 minutos após, foi de
poços de extração de petróleo? 7500mm. Calcular a vazão em m3/d.

03. Qual a importância de se conhecer a com- 19. Cite três tipos de especificações (ensaios)
posição do petróleo? utilizadas para produtos de petróleo.

04. O que é interface na operação de dutos? 20. Qual a finalidade da Estação de Medição?

05. A finalidade do rastreamento em oleodu- 21. Explique com suas palavras o que é
tos é: emulsão.

06. Cite os tipos de tanques mais comuns en- 22. Qual o critério em ordem de prioridade que
contrados em uma refinaria e as diferenças o operador deve adotar em relação a geração
básicas entre eles. de resíduo?

07. Qual a utilização mais comum dos Tan- 23. Cite as principais fontes de envio de hi-
ques com Teto Fixo ? drocarbonetos para a Área de Recuperação de
Óleo.
08. Qual a finalidade dos Tanques com Teto
Flutuante? Cite 2 exemplos de produtos que 24. Porque os reatores biológicos necessitam
devem ser armazenados nestes tanques. de aeração (fornecimento de oxigênio)?

09. Qual a finalidade dosTanques Esféricos? 25. Explique com suas palavras o princípio de
funcionamento do selo molecular.
10. Qual o objetivo da homogeneização em
tanques e como é realizada? Anotações
11. Qual a finalidade do repouso em tanques
de petróleo e derivados?

12. Explique a diferença básica entre os mé-


todos de medição direta e indireta.

13. Porque o petróleo e derivados são corrigi-


dos para a temperatura de 20ºC para serem
faturados e não na temperatura ambiente?

14. Explique com suas palavras como ocorre


o desenvolvimento de microorganismos em
tanques de hidrocarbonetos.

15. Cite os principais cuidados que o opera-


dor deve ter ao executar uma drenagem?

34 16. A drenagem torna-se mais difícil quanto


mais próxima for a densidade do produto à
densidade da água. Explique com suas pala-
vras porque isto ocorre.
Transferência e Estocagem

35
Transferência e Estocagem

36
Transferência e Estocagem

No UnicenP, a preocupação com a construção e reconstrução do


conhecimento está em todas as ações que são desenvolvidas pelos pró-
reitores, diretores de Núcleos, coordenadores de Cursos e professores.
Uma equipe coesa e unida, em busca de um só objetivo: a formação do
cidadão e do profissional, que é capaz de atuar e modificar a sociedade
por meio de suas atitudes. Preparar este cidadão e este profissional é uma
responsabilidade que esta equipe assume em suas atividades no Centro
Universitário Positivo, que envolvem, principalmente, as atividades em
sala de aula e laboratórios, bem como a utilização contínua dos recursos
disponibilizados pela Instituição em seu câmpus universitário. Esta equipe
trabalha em três núcleos básicos da área de graduação – Núcleo de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Núcleo de Ciências Biológicas e da
Saúde, Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – além das áreas de pós-
graduação e de extensão.
O UnicenP oferece em seus blocos pedagógicos 111 laboratórios, clínicas
de fisioterapia, nutrição, odontologia e psicologia, farmácia-escola,
biotério, central de estagio, centro esportivo e salas de aula, nos quais é
encontrada uma infra-estrutura tecnológica moderna que propicia a
integração com as mais avançadas técnicas utilizadas em cada área do
conhecimento.
37
Transferência e Estocagem

Principios Éticos da Petrobras


A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
éticos são os valores maiores que orientam a relação da
Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,
parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais
segmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes


de competitividade e lucratividade, sem descuidar da
busca do bem comum, que é traduzido pela valorização
de seus empregados enquanto seres humanos, pelo
respeito ao meio ambiente, pela observância às normas
de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento
nacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pela


Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma
relação de respeito e transparência com seus
empregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dos


empregados é um assunto pessoal, desde que as
atividades deles não prejudiquem a imagem ou os
interesses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do


julgamento, considerando a justiça, legalidade,
competência e honestidade.

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