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INTRODUÇÃO

Freud escreveu o Projeto de 1895 na última década do século XIX, onde ele tem a
intenção de propor uma psicologia como uma ciência natural; o que obviamente quase
chega a ser um contracenso de tudo o que ele fez e defendeu anteriormente. Neste
mesmo período outro autor de língua alemã (Wilhelm Dilthey) publica o ensaio
“Psicologia Comparada”, cujo primeiro capítulo tem o tema “Ciências da natureza e
ciências do espírito”. Mas outros nomes já haviam se destacado antes deles, que
defendiam a psicologia como ciência, como por exemplo Herbart que foi orientador de
estudos de Freud durante sua formação médica. Ele foi talvez o único a oferecer um
conceito de inconsciente dinâmico antes de Freud. Mas não o bastante para ter se
tornado seu sucessor. Mas Herbart e Freud tem um ponto em comum que é a crença
inabalável de que os processos psíquicos são passíveis de serem expressos por leis
científicas.

Os principais conceitos apresentados no livro “Projeto de 1895”

Freud já no início das escritas de seu projeto deixa claro seu propósito de oferecer
uma concepção quantitativas de seus processos psíquico. Mas em razão de tantos
conhecimentos e mestres que passaram pela sua vida, não podemos dizer com 100%
de certeza que ele estava pautado nos estudos de Herbart.
Freud tinha a convicção de que a ciência é a produção suprema do homem e a única
capaz de conduzí-lo ao conhecimento. Portanto, ciência natural para Freud, era
puramente ciência. Apenas isso.
Duas principais ideias são defendidas logo no início do Projeto: o “neurônio” como
suporte material e elemento constituinte do aparto psíquico. Ele afirma que cada
neurônio é um unidade separada, ou seja, que é anatomicamente independente ,
mesmo que eles formem a rede neural. Este modelo psicológico apresentado por
Freud não é científico( apesar da ciência ter contribuído muito para suas teses) é um
trabalho de natureza teórica, hipotético. Mas que sem dúvida faz muito sentido...
Ele foi um dos pioneiros da teoria neuronal, mesmo antes de Wilhelm Waldeyer ter
publicado uma série de estudos experimentais.
O Projeto é uma elaboração de uma metapsicologia, mas ele não fugiu das idéias de
quantidade e intensidade remontadas por Herbart. Tanto que Freud partiu do princípio
de casos de histeria e de neurose apresentou hipóteses sobre a intensidade dos
traumas e a intensidade dos sintomas. Por isso ele propõe desde o início do Projeto
uma concepção quantitativa dos processos psíquicos e quantidade de excitação.
Freud também traz informações no Projeto sobre o “princípio da inércia neurônica”
onde ele defende esse princípio como o modelo de funcionamento do arco reflexo,
onde a quantidade de excitação recebida pelo neurônio sensitivo deve ser
inteiramente descarregada na extremidade motora. Além da função de descarga,
também tem a fuga de estímulo, que Freud chama de função neurônica primária. O
princípio de inércia é quase confundido com o princípio do prazer. Pois o prazer resulta
da diminuição do estímulo.
O Projeto defende a necessidade de substituir o princípio da inércia pelo princípio da
constância, sendo este o regulador dos processos psíquicos.
A Besetzung é uma peça fundamental no Projeto de Freud. Ele usa este termo
(substituído por “investimento”) para designar uma representação cujo afeto não foi
descarregado. Este é um conceito fundamental no Projeto.
No Projeto Freud explica também a questão das “barreiras de contato”, que explica as
funções do aparelho neural concebido por Freud.
Para a concepção do aparato psíquico Freud defende o “Bahnung” (Facilitação ou
Trilhamento), que é a distinção entre neurônios permeáveis e neurônios impermeáveis
é o suporte necessário para conceber o sistema como um aparato de memória que se
forma por estratificação sucessiva. A Bahnung é um trilhamento que se constitui pelo
diferencial facilitação/dificultação no percurso da excitação.
No Projeto Freud fala também sobre O Sistema e a Consciência. E neste momento
Freud precisa explicar a origem da qualidade, e neste momento percebe que o
problema da consciência aparece de forma plena. Freud consegue muito bem falar
sobre a quantidade, mas a qualidade para ele ainda é um problema. Freud não
admitia, de acordo com a ciência da época, que a qualidade pudesse ter origem no
mundo externo.
Durante todo o percurso teórico empreendido por Freud, o tópico de maior dificuldade
é o que fala do “aparelho da consciência”. É um sistema que contraria os demais, pois
ele funciona com um mínimo de investimento ou até mesmo quando esta desinvestido.
Freud ao nos expor o modo de funcionamento do sistema de neurônios, aponte como
sua função principal a de fornecer para o sistema signos, signos de realidade ou
signos de qualidade (Realitatszeichen ou Qualoitatszeinchen), que se poderia chamar
aqui de “aparelho da consciência” é um dos tópicos de maior dificuldade da teorização
freudiana.
No Projeto Freud dedica um capítulo inteiro para falar da “dor”, que ele considera a
repetição do desprazer. A dor para ele é uma falha dos dispositivos de proteção do
aparato neuronal, e aponta um caminho que memso envolvendo o desprazer, continua
se repetindo.E este é um conceito que coloca Freud na da pulsão de morte, e o leva
a reformular o dualismo pulsional. Onde um pouco depois Freud fala da introdução do
conceito de pulsão do eu. O conflito psíquico se faria entre a pulsão sexual, a serviço
da sexualidade e a pulsão do eu, a serviço da conservação do indivíduo.

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