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CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,

Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.

RES. SC 56/00, de 13/12/00, publicada no DOE 14/12/00, p. 31

O Secretário da Cultura, nos termos do artigo 1o do Decreto-Lei no 149, de 15 de


agosto de 1969 e do Decreto no 13.426, de 16 de março de 1979, cujos artigos 134 a 149
permanecem em vigor por força dos artigos 187 e 193 do Decreto no 20.955, de 01 de
junho de 1983, bem como tendo em vista a Resolução SC 05, de 19 de janeiro de 1987;

Considerando
I – Que a presente regulamentação do tombamento da Estrada de Ferro Perus-
Pirapora vem buscar sanar indefinições na proposta original de preservação deste bem
cultural;
II – Que cabe lembrar o que estabelece, em termos gerais, a relevância deste
conjunto para o patrimônio cultural paulista, e que são elementos de destaque na
definição deste conjunto, essencialmente:
• Seu peculiar acervo ferroviário, de procedências diversas, mas tendo como
característica especial a estreita bitola de 60 cm da linha definitiva (?)
• O traçado da linha férrea que evita ao máximo o confronto com acidentes
naturais: acompanha cursos d’água acomodando-se em curvas de nível em meio
a paisagem predominantemente natural (além das situadas nas regiões
metropolitanas de São Paulo);
• O potencial de recuperação da área para um projeto de criação de um
complexo turístico ligado à natureza e a preservação da estrutura ferroviária
paulista.
III – Que este tombamento, porém, tem sido marcado por uma série de dificuldades
das quais podem destacar-se:
• A peculiaridade do acervo gerando dificuldades epistemológicas para sua
identificação e análise pelo quadro técnico permanente do CONDEPHAAT;
• A grande extensão da malha ferroviária;
• O fato da linha e de seus domínios serem de propriedades particulares em
regiões muito valorizadas;
• A ausência de iniciativas concretas que estimulam a preservação, superem
o desinteresse e despertem nos vários setores sociais, o reconhecimento do valor
histórico e cultural de tais bens;
• O fato do conjunto de peças de reposição e manutenção do acervo
ferroviário não ser da mesma propriedade do conjunto ferroviário, e sim bens
públicos entendidos pelo seu eventual valor metal e não vinculado ao conjunto do
qual originalmente faz parte:
• A proximidade da metrópole de São Paulo que tem ocasionado fenômenos
de invasão e loteamentos clandestinos ao longo da área envoltória.
IV – Mais ainda, que apenas por estes aspectos se pode verificar que, ao lado da
complexidade de ordem técnica, há uma forte dimensão de natureza política a dificultar a
efetivação da preservação do monumento em termos de sua conservação e, sobretudo,
em termos de sua reativação que é a meta maior e premente deste tombamento;
V – Que, ademais, ao longo dos anos de convívio com este assunto a equipe técnica do
Condephaat foi, há um tempo, buscando aparelhar-se tecnicamente para abordar com
justiça a questão e, por outro lado, amadurecendo uma reflexão sobre o tema com o
mesmo objetivo, sendo que, achando-se ainda pendente de regulamentação o
tombamento do bem, a presente regulamentação é o resultado deste esforço, de modo a
oferecer os elementos básicos para:
• Buscar a revitalização e funcionamento da Estrada de Ferro Perus-
Pirapora;
• Permitir ao principal proprietário a utilização do ponto de vista econômico
de suas terras, e
• Ordenar as ocupações ao longo da área envoltória sem descaracterizar o
bem,

Resolve:

Artigo 1o – Constituem o objeto do tombamento previsto na Resolução SC no 05, de


19.01/87:
I. o leito da via férrea, no percurso que se inicia no começo do quilômetro 2
(dois), ponto de coordenadas UTM 7.411.310 mN e 319.100 ME a qual
segue acompanhando o Rio Juquery, em sua margem esquerda no sentido
Leste-Oeste até a confluência deste com o seu afluente Ribeirão dos
Cristais; a partir deste ponto, a linha férrea segue no sentido Sul-Norte,
acompanhando a Várzea do Ribeirão dos Cristais até o ponto denominado
“Entroncamento”, coordenadas 7.413.820mN e 310.170 ME;
II. Instalações existentes no bem tombado que permitem a sua legibilidade e o
entendimento do que justificava a sua existência, para as quais se define o
grau de preservação P2, o qual permite a reorganização do espaço interno,
mas preserva inalteradas fachadas e volumetria, que são:
a) as caixas d’água localizadas no quilômetro 5 (cinco);
b) a Parada Santa Fé, localizada no quilômetro 9 (nove);
c) Desvio localizado no quilômetro 12 (doze); e
d) A Estação Mirim, localizada no quilômetro 17 (dezessete)
III. o material rodante, consistente em
a) Locomotivas, cujo conjunto é composto de 21 unidades sendo 9 ativas, 2
inativas e 10 irrecuperáveis identificadas a seguir:
Prefixo 1 (duas locomotivas) no de fabricação 14063 e 66404
Prefixo 2 no de fabricação 88037
Prefixo 3 no de fabricação 65983
Prefixo 4 no de fabricação 66405
Prefixo 5 (duas locomotivas) no de fabricação 1612 e 68833
Prefixo 6 (duas locomotivas) no de fabricação 7913 e 5980
Prefixo 7 no de fabricação 7914
Prefixo 8 no de fabricação 5990
Prefixo 9 no de fabricação 3084
Prefixo 10 no de fabricação 40675
Prefixo 11 no de fabricação 11892
Prefixo 12 no de fabricação 14275 – não existe mais
Prefixo 13 (sem placa de identificação)
Prefixo 14 no de fabricação 40674
Prefixo 15 no de fabricação 11980
Prefixo 16 no de fabricação 32694
Prefixo 17 no de fabricação 37399
Prefixo 18 (fabricação nacional)
b) Vagões, vagonetes e outros, em um total de 141 (cento e quarenta e
uma) unidades, a saber:
100 vagões de ferro tipo basculante lateral para transporte de pedra
07 vagões de madeira com guardas laterais
06 vagões de madeira fechados
01 vagão tanque
01 vagão socorro
03 vagões de passageiro (cauda)
01 vagão de passageiro administrativo
19 vagões de ferro tipo caçamba basculante
02 pranchas com lastro de madeira
01 guincho ferroviário

Artigo 2o – Com relação aos vagões de ferro, com muitos exemplares idênticos,
deverá ser feita uma seleção realizada em conjunto com pessoal especializado da
Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, para aproveitamento de parte como
reserva técnica em futuro projeto de revitalização da ferrovia, procedendo-se à liberação
do restante.

Artigo 3o – A área envoltória definida pelo Decreto Estadual no 13.426, de 16.03.79


fica livre de restrições pelo Condephaat, salvo nos seguintes setores:
I – do ponto inicial do quilômetro 2 (dois) ponto de coordenadas UTM 7.411.310 MN
e 319.100 m E – até a divisa dos municípios de São Paulo e Cajamar – ponto de
coordenadas 7.410.760 mN e 313.620 mE – em uma faixa de 50 (cinqüenta) metros da
margem esquerda do Rio Juquery, ao sul, no interior do Parque Anhanguera, em uma
faixa de 300 (trezentos) metros da linha férrea e, no restante, em uma faixa de 25 (vinte e
cinco) metros a partir do leito da linha férrea (Zona 1);
II – da divisa dos municípios de São Paulo e Cajamar – ponto de coordenadas
7.410.760 mN e 313.610 mE – até o cruzamento da estrada de ferro com o oleoduto
subterrâneo da Petrobrás junto a Polvilho – ponto de coordenadas 7.410.380 mN e
311.290 mE – ao norte, em uma faixa de 50 (cinqüenta) metros da margem esquerda do
Rio Juquery; ao sul, excepcionalmente no Bairro do Polvilho, ente as ruas Analândia e
Fernão Dias, em uma faixa de 20 (vinte) metros da linha férrea; e, no restante, em uma
faixa de 25 (vinte e cinco) metros a partir do leito da linha férrea (Zona 2);
III – do cruzamento da estrada de ferro com o oleoduto – ponto de coordenadas
7.410.380 mN e 311.290 mE – até o ponto da estrada de ferro sobre o Rio Juquery –
ponto de coordenadas 7.411.590 mN e 309.300 mE – ao norte, em uma faixa de 50
(cinqüenta) metros da margem esquerda do Rio Juquery e, ao sul, em uma faixa de 25
(vinte e cinco) metros da linha férrea (Zona 1)
IV – da ponta da estrada de ferro sobre o Rio Juquery – ponto de coordenadas
7.411.590 mN e 309.300 mE – até o cruzamento da linha férrea com a estrada Cajamar-
Polvilho – ponto de coordenadas 7.413.630 mN e 310.190 mE – a oeste, em uma faixa de
50 (cinqüenta) metros do Ribeirão dos Cristais (Zona 1) e, a leste, dentro do traçado da
estrada Cajamar-Polvilho (Zona 2);
V – do cruzamento da linha férrea com a estrada Cajamar-Polvilho – ponto de
coordenadas 7.413.530 mN e 310.190 mE – até o local denominado “Entroncamento” –
ponto de coordenadas 7.413.820 mN e 310.170 mE – a leste, dentro do traçadoda
estrada de ferro Cajamar-Polvilho e, a oeste, em uma faixa de 50 (cinqüenta) metros da
linha férrea (Zona 1).
Artigo 4o – São estabelecidas as seguintes diretrizes para os setores da área
envoltória sujeitos a restrições:
a) Deverá ser mantida livre de ocupação toda a faixa de domínio de 20 metros
de cada lado do leito da linha férrea em todo o percurso tombado. Somente serão
permitidas obras de interesse ao funcionamento da estrada de ferro.
b) A área contígua à faixa de domínio da ferrovia numa largura de 5 metros de
cada lado e ao longo de todo o percurso tombado deverá ser destinada:
• A tratamento paisagístico em caso de ocupações de caráter urbano-
industrial;
• No caso de áreas reflorestadas com essências exóticas, a exploração de
madeira deverá ser feita de maneira seletiva, mantendo-se pelo menos
50% do número total de indivíduos arbóreos, objetivando-se com isso a
preservação da fisionomia vegetal arbórea.
c) Não serão toleradas novas transposições sobre o leito da via férrea, a não
ser em casos excepcionais a serem analisados previamente pelo Condephaat.
d) Não serão toleradas nas áreas envoltórias sujeitas a restrições, tais como
definidas por esta Resolução, as atividades de extração mineral, inclusive de minérios da
classe II e movimentação de terra que coloque em risco a integridade do bem tombado.

Artigo 5o - Fica o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico,


Artístico e Turístico do Estado – Condephaat, autorizado a inscrever no Livro de Tombo
competente a regulamentação contida nesta Resolução, para seus efeitos legais e de
direito.

Artigo 6o - Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação.

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