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PAVIMENTAÇÃO
PROF. ALLAN CASSIOLATO BERBERT
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
ESTRADAS E PAVIMENTAÇÃO
PROF. ALLAN CASSIOLATO BERBERT
SUMÁRIO
AULA 01 RODOVIAS E TRÁFEGO 05
AULA 16 PATOLOGIAS 93
ESTRADAS E PAVIMENTAÇÃO
PROF. ALLAN CASSIOLATO BERBERT
INTRODUÇÃO
AULA 1
RODOVIAS E TRÁFEGO
Olá, aluno! Nesta primeira aula iremos conversar sobre as rodovias e sua importância no
desenvolvimento de uma região, abordando alguns de seus aspectos históricos e algumas
formas de realizar a sua classificação.
Quando falamos de rodovias é necessário abordar a sua função que é auxiliar na
necessidade de deslocamentos a longas distâncias. Os primeiros indícios de estradas são
entre os chineses, mas posteriormente foram os romanos que aperfeiçoaram-nas pensando
na drenagem superficial.
A princípio, até 400 anos a.C. os caminhos utilizados pelos romanos eram de terra. Temos,
então, o surgimento de vias pavimentadas com blocos de pedras em cerca de 312 a.C. no
império romano, que é a Via Ápia, que recebe esse nome devido a Ápio Claudio Cego, que foi
o seu criador. Ela foi criada por uma necessidade estratégico-militar após um ataque gaulês
ao império Romano, em que as tropas demoraram no deslocamento. O império Romano
constrói então cerca de 150.000 km de vias pavimentadas.
Nas Américas, mesmo sem a troca de experiência com os romanos, os incas, que se
situavam onde hoje encontramos o Equador, Peru, Chile, Bolívia e Argentina, também realizam
pavimentação. Eles também utilizavam rochas para a construção das vias, e essas são
atualmente conhecidas como caminhos incas.
Segundo Bernucci et al (2008), a primeira estrada reportada é de 1560, foi feita como
ligação ente São Vicente ao Planalto Piratininga. E no decorrer da ocupação do território
nacional foram consecutivamente sendo abertas novas vias para auxiliar no desenvolvimento
das regiões.
Na década de 1930, têm-se o início do planejamento viário nacional, até então o
planejamento era feito por planos não oficiais e regionais. Dessa forma, em 1930 inicia-se
a análise envolvendo diferentes modais com planos mais formais. É criado o Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) como órgão responsável pelo setor rodoviário.
Embora as primeiras rodovias brasileiras tenham surgido no século XIX, foi o governo
Vargas, nos anos 1930, que viabilizou a ampliação da malha rodoviária. Também
contribuíram a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER),
em 1937; a implantação da indústria automobilística, a partir da segunda metade da
década de 1950; a aceleração do processo de industrialização nacional; e a mudança
da capital federal para Brasília.
A partir dos anos 1960, a malha rodoviária se ampliou de maneira acelerada, tornando-
se a principal via de transporte de carga e de passageiros do país.
Em contrapartida, a década de 1980 viu o crescimento acelerado se transformar em
estagnação em função da perda de receitas, a partir de 1988, causada pela extinção
de impostos sobre lubrificantes e combustíveis líquidos e sobre serviços de transporte
rodoviários, cuja arrecadação era destinada prioritariamente à ampliação e manutenção
da malha rodoviária.
Em 2017, a malha rodoviária brasileira possuía 1.720.700,3 km, incluindo trechos
pavimentados e sem pavimentação. A região Sudeste possui a maior malha do país, com
um total de 533.795,6 km, equivalente a 31% do total nacional, sendo os estados de Minas
Gerais e São Paulo responsáveis por 280.355,2 km e 196.050,2 km, respectivamente.
As rodovias pavimentadas representam 12,4% do total, com 213.452,8 km
Link de acesso: Relatório Técnico: Panorama do Transporte Rodoviário de Cargas no
Brasil (modal.org.br)
O setor rodoviário então tem um grande crescimento desde a criação da Lei Joppert até
meados dos anos 70, em que se inicia um processo gradual da transferência dos recursos do
FRN para outros fundos, até em 1988 que ocorre o total desmonte do modelo de vinculação
tributária com a Constituição Federal, que permite esse modelo somente para a Educação.
Nessa época também estava acontecendo a redução do tamanho dos órgãos, uma vez que
os quadros de funcionários estavam envelhecendo. Unido a isso entra a iniciativa privada
nas concessões para exploração rodoviária.
Em 2001 ocorre uma reorganização do sistema de transportes em que se cria a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Departamento nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), este substitui o DNER que é extinto.
Em 2011 é criado o Sistema Nacional de Viação (SNV) que é constituído formalmente de
vários modais de transporte de pessoas e bens. O SNV classifica os modais de transporte
em: Rodoviários, Ferroviários, Aquaviários e Aeroviários.
Apesar da rodovia em si ser um ente com características próprias, ela tem uma finalidade
bem delimitada que é servir como via para o tráfego atendendo critérios que permitam
conforto e segurança aos usuários.
Por esse motivo não é possível conceber a ideia de uma estrada sem pensar no tráfego
que faz utilização dela. Dessa forma, o tráfego é um dos principais elementos rodoviários e
é para quem a rodovia é direcionada para servir.
Para realizar a determinação do tráfego o DNIT (2006a) aponta que devem ser estudados
três aspectos: volume, velocidade e densidade. Para os nossos estudos, iremos trabalhar
somente questões relativas ao volume de tráfego, uma vez que os outros dois aspectos
interferem mais em um nível operacional da via e não projetual como é o objetivo dessa
disciplina.
O Volume de Tráfego ou, como também é conhecido, Fluxo de Tráfego é definido como “o
número de veículos que passam por uma seção de uma via, ou de uma determinada faixa,
durante uma unidade de tempo. É expresso normalmente em veículos/dia (vpd) ou veículos/
hora (vph).” (DNIT, 2006a).
Existe uma variação temporal no volume de tráfego, essa variação ocorre entre horas
do mesmo dia, entre diferentes dias de uma semana, entre diferentes meses de um ano e
entre diferentes anos.
A principal medida que se tem para a caracterização do volume de tráfego é o Volume
Médio Diário (VDM), em que é realizada a contagem dos veículos que passam por uma
determinada seção da via no período de 24 horas, ele é expresso em veículos/dia (vpd). O
VDM pode ser expresso da seguinte forma:
• Volume Diário Médio anual (VMDa): média de todos os VDM de cada dia de um determinado
ano.
• Volume Diário Médio mensal (VMDm): média de todos os VDM de cada dia de um
determinado mês.
• Volume Diário Médio semanal (VMDs): média de todos os VDM de cada dia de uma
determinada semana.
• Volume Diário Médio diário (VMDd): é a própria contagem de um determinado dia.
Por sua vez outro elemento importante é o Volume Horário (VH) em que é expresso os
valores para cada hora do dia, isso nos auxilia a fazer a avaliação do comportamento do
tráfego nos momentos críticos que são as horas de pico. A sua determinação é feita também
pela contagem de tráfego e é expresso em veículos/hora (vph).
Na nossa próxima aula iremos abordar alguns conceitos relativos à classificação das
rodovias. Para uma das classificações iremos utilizar os conceitos de VDM e VH e assim
conseguiremos definir algumas características projetuais. Até a nossa próxima aula!
AULA 2
CLASSIFICAÇÃO RODOVIÁRIA
As rodovias podem ser classificadas de vários modos e cada uma das classificações é
importante para a determinação de algum elemento. Iremos agora, aluno, abordar as principais
classificações rodoviárias para que possamos compreender melhor os elementos viários.
• Federal: quando a União possui responsabilidade sobre a via, isto acontece quando a
via interliga dois ou mais estados, ou faz ligação com outro país.
• Estadual: quando algum estado possui responsabilidade sobre a via, isto ocorre quando
a estrada fica inteiramente dentro de um determinado estado e interliga duas ou mais
cidade.
• Municipal: quando algum município possui responsabilidade sobre a via, ela é municipal
quando está totalmente dentro da área de um município.
• Vicinal: quando a responsabilidade sobre a estrada é da sociedade civil, isso ocorre entre
estradas que fazem a ligação entre propriedades e a sua área faz parte de algum imóvel.
A classificação Geográfica diz respeito ao local que a via se dispõe no território. Como as
vias são entes com características lineares, ou seja, possuem uma dimensão muito maior
que as outras duas, a classificação geográfica classifica a colocação dessa linha sobre o
território.
A rodovia normalmente recebe o nome pelo conjunto da classificação conforme a jurisdição
(BR no caso das federais), um traço separador e então 3 algarismos que representam sua
classificação geográfica, por exemplo BR-101, BR-116 e BR-230. O primeiro algarismo
diz respeito à categoria da rodovia, podendo ser: 0 para radial, 1 para longitudinal, 2 para
transversal, 3 para diagonal e 4 para ligação. Os últimos dois algarismos dizem respeito a
posição da rodovia nos limites geográficos do país, sendo Brasília o ponto central de cada
categoria.
As Rodovias Radiais têm como característica uma extremidade em Brasília se estendendo
para algum extremo do país. O primeiro algarismo é 0 e os últimos dois algarismos sempre
são múltiplos de 10, variando de 10 a 90, estes são relativos ao azimute (a partir do norte
girando em sentido horário.
As Rodovias de ligação são aquelas vias que não se enquadram em nenhuma das
características anteriores. O primeiro algarismo é 4 e os últimos dois algarismos variam de
01 a 99, sendo crescente de norte para sul, sendo a rodovia passante por Brasília de valor 50.
Esse mesmo modo de nomenclatura é utilizado nos estados e municípios, dessa maneira
é possível se locomover pelo território nacional somente tendo em vista os nomes das vias.
A classificação conforme a função, visa o apontamento dos tipos de serviços que a via
oferece. Esse tipo de serviço diz respeito ao nível de mobilidade e de acessibilidade da via
(LEE, 2008).
A acessibilidade viária é um conceito que diz respeito à liberdade de movimentação dos
veículos na via. Vias com alto índice de mobilidade são caracterizadas com muitos acessos
de outras vias ou propriedades privadas diretamente na via com intersecções em nível. Por
sua vez vias com baixo índice de acessibilidade têm acessos controlados, em que por meio
de vias marginais é feita a coleta de tráfego para em pontos específicos fazer ligação com
a via principal, normalmente intercepções são em desnível.
A mobilidade viária diz respeito à fluidez do tráfego, vias com alto índice de mobilidade
têm valores altos de veículos passantes por unidade de tempo. Para isso é necessária uma
diminuição da acessibilidade, pois é contrário à segurança termos vias com velocidades
elevadas e alto número de veículos com grandes quantidades de acessos. Dessa forma, ao
priorizarmos a mobilidade precisamos optar pela diminuição da acessibilidade e vice-versa.
Assim, realizamos a classificação funcional em:
• Vias Arteriais: são vias em que se têm altos valores de mobilidade combinado com
baixos valores de acessibilidade.
• Vias Coletoras: são vias que proporcionam um misto entre mobilidade e acessibilidade.
• Vias Locais: são vias que priorizam altos índices de acessibilidade tendo baixos valores
de fluxo de veículos.
Anote isso
Tabela 1 – Classes técnicas para determinação da velocidade de projeto. Fonte: Adaptado de (LEE, 2008).
Lembre que o critério de classificação quando feita a contagem dos veículos é sempre
após 10 anos da data de abertura, porém para a determinação da classe IV-A e IV-B é feita
essa determinação com os valores considerados para a data da abertura da via.
Nessa aula vimos alguns critérios e classificações viárias, compreendendo melhor as
funções viárias. Vamos ver na nossa próxima aula sobre estudos de campo necessários
antes de realizar o traçado viário.
AULA 3
ELEMENTOS DE PROJETO
Olá, alunos! Nesta aula iremos conversar um pouco sobre a determinação de algumas
características que irão influenciar nos Projetos Geométricos Rodoviários. Com base nessas
características que serão abordadas poderemos dimensionar os elementos geométricos da
melhor forma.
Os elementos geométricos rodoviários são todos elementos que têm forma e fazem
parte da rodovia, como curvas horizontais e verticais, inclinação transversal e longitudinal
das faixas de tráfego, faixas contínuas ou tracejadas da sinalização viária, dentre outros
elementos que veremos no decorrer dessa disciplina.
A adoção de características geométricas inadequadas poderá gerar diversas problemáticas
tanto na execução quanto na operação da via. Dentre os problemas que podem surgir cita-se:
• Acidentes viários.
• Problemas de fluidez do tráfego.
• Obsolescência precoce da via.
• Altos custos de adequação após execução.
• Altos custos aos usuários com uso de lubrificantes, combustíveis, etc.
3.1 Velocidade
A velocidade que os carros assumem em uma via basicamente depende de três elementos: o
motorista, o veículo e a estrada. Segundo Pimenta (2017), o motorista influencia na velocidade
em relação a sua capacidade, habilidade e estado psicológico. O veículo influência basicamente
em relação ao seu tipo, potência, conservação e qualidade de combustível. E por fim a estrada
em relação à geometria, à conservação, ao volume de tráfego e ao clima.
Apesar de estarmos acostumados com a definição física da Velocidade, em que basicamente
é a distância percorrida dividida pelo tempo gasto no percurso, para a engenharia rodoviária
Anote isso
Relação entre Velocidade de Projeto e Velocidade Média de Percurso. Fonte: DNIT (2006ª)
A Velocidade Média de Percurso sempre será menor que a Velocidade de Projeto, apesar
de possivelmente existirem veículos que transitam acima dessa velocidade. Um elemento
que influencia nessa relação é o volume de tráfego, uma vez que o Volume de Tráfego se
relaciona com a Densidade de Tráfego, em que maiores volumes consequentemente levam
a maiores densidades.
Com Densidades elevadas se tem baixa liberdade de manobras e de escolha de velocidades
e isso leva a uma Velocidade Média de Percurso muito abaixo da Velocidade de Projeto. Em
contrapartida o inverso também é válido, com baixos volumes de tráfego (e consequentemente
baixas densidades) os motoristas têm maior liberdade de manobras, como troca de faixas
e ultrapassagens, e de velocidades, dessa forma se têm Velocidades Médias de Percurso
que se aproximam das Velocidades de Projeto.
Distância de Visibilidade é a extensão da estrada que pode ser vista a frente pelo motorista
ela é um importante elemento de segurança, já que é a partir dela que regularizamos alguns
tipos de movimentações em pista, além de avaliarmos alguns elementos de projeto conforme
o trecho visível à frente.
Dessa forma, quanto mais uma estrada permite que o usuário tenha uma maior distância
de visibilidade, mais segura essa via é neste aspecto. Dessa forma, precisamos garantir que
se tenha essa distância de segurança.
Basicamente existem dois tipos de Distância de Visibilidade, a Distância de Visibilidade
de Frenagem e a Distância de Visibilidade de Ultrapassagem. Vamos conhecer um pouco
sobre elas.
d1 = Vp.Tr
d1(m) = 0,7.Vp )
d2 = 0,0039. )
Df = 0,7.Vp + 0,0039. )
Existem duas fases nesse processo, a 1ª fase de decisão, em que o motorista toma a
decisão de realizar a ultrapassagem, inicia o processo e faz a ocupação da faixa de sentido
contrário percorrendo 1/3 da distância de ocupação dessa faixa. Se o motorista nesse
processo percebe outro veículo se aproximando na faixa contrária, essa manobra é abortada
e se retorna a faixa sem concluir a ultrapassagem.
Porém, se o motorista já tiver percorrido mais de 1/3 da distância d2, de ocupação da faixa
contrária, ele irá finalizar a ultrapassagem. Esse processo de finalização da ultrapassagem é
denominado como 2ª fase da ultrapassagem. Observe na figura a seguir essas duas fases.
Tabela 2 – Determinação da Distância de Visibilidade de Ultrapassagem. Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)
Dessa forma, nesta aula vimos alguns conceitos de Velocidade nas rodovias e estudamos
como determinar a Distância de Visibilidade de Frenagem e de Ultrapassagem. Na nossa
próxima aula iremos conversar sobre Estudos que precisam ser realizados em campo para
iniciar o processo de traçado da rodovia.
AULA 4
CONDICIONANTES E
DETERMINAÇÃO DO TRAÇADO
Olá, Alunos! Nesta aula iremos conversar um pouco sobre os estudos que devem ser
realizados para realizar os levantamentos das condicionantes que influenciam no traçado
rodoviário e então determiná-lo. Na primeira parte da aula vamos abordar os estudos que
precisam ser feitos e quais as características deles, e na segunda parte como devemos
realizar os traçados.
O Traçado rodoviário é feito projetando a via sobre o terreno para isso é necessário que
se conheça o terreno e os elementos dele que limitam ou dão maiores possibilidades da
escolha do traçado.
Quando pensamos em uma estrada precisamos pensar que ela necessariamente liga dois
extremos e existem diversas possibilidades de traçados para a ligação desses dois pontos.
Por isso é necessário que seja conhecido o espaço que está entre os pontos para que o
melhor traçado seja adotado.
Para isso analisamos o terreno e realizamos a marcação da chamada Diretriz Viária
que é uma ampla faixa de terreno a qual desejamos estudar. Depois de estudar a Diretriz,
dentro dela podemos realizar a marcação do melhor Traçado, uma vez que conhecemos as
características do terreno. Observe a seguinte figura em que foi realizada a determinação
da Diretriz e do Traçado.
Dessa forma, os estudos que devem ser realizados serão feitos a partir da Diretriz para a
determinação das características da área. Segundo Pimenta (2017), as características que
são levantadas nesse espaço são chamadas de condicionantes do traçado, vamos conversar
sobre as principais condicionantes a serem avaliadas.
4.1.1 Topografia
A topografia é uma das principais condicionantes, isso porque ela influencia de maneira
direta nos custos da obra, nas velocidades a serem consideradas em projeto (conforme vimos
na aula passada quando conversamos sobre Classificação técnica) e na fluidez do tráfego.
A topografia basicamente pode ser classificada em relevo plano, relevo ondulado e relevo
montanhoso. Essa classificação é feita de maneira subjetiva pela observação do relevo pelo
responsável pelo projeto.
O relevo Plano é o que gera mais facilidade na escolha do traçado, dando maior liberdade
ao projetista e os custos de obra serão mais baixos, uma vez que será necessária menores
movimentações de terra.
Por sua vez o relevo Ondulado apresenta uma dificuldade moderada quando se pensa na
escolha do traçado e tem-se um custo intermediário devido à terraplenagem.
Já o relevo Montanhoso gera grandes dificuldades na escolha de traçados e na adoção
de técnicas para superar grandes dificuldades, como um traçado em zigue-zague. O seu
custo de execução é muito elevado já que será necessária a realização de altos volumes de
terraplenagem e execução de obras de arte especial, como pontes.
Anote isso
A água superficial, como rios e lagos, são obstáculos que precisarão ser evitados ou
superados. Caso se tenha que superá-los será necessária a adoção de alguma estrutura,
como uma ponte. Essas estruturas geram custos elevados para as obras.
É indicada a escolha do local de transposição de um rio no ponto em que se tenha um
estreitamento da largura. Essa transposição também deve ser feita ortogonalmente
ao eixo do rio (PIMENTA, 2017).
4.1.4 Desapropriações
Quando é feita a implantação de uma nova rodovia, o local em que será executado o
pavimento precisa ser desapropriado e o estado que fica responsável pela área. Porém,
não é somente a largura da rodovia que precisa ser desapropriada é necessário realizar a
desapropriação de toda a faixa de domínio e esta tem largura variável conforme o porte da
rodovia que será executada.
Então, essa desapropriação tem um impacto direto na viabilidade econômica, já que deve
ser feita a indenização ao proprietário da área, e caso existam algum tipo de benfeitorias
(construções) esse custo se torna mais elevado.
O Ecossistema leva em consideração a Fauna e Flora deve ser avaliado as APPs, Zonas
de Preservação Ambiental e outros elementos próprios da área de estudo ambiental.
Dessa forma, deve ser avaliado os impactos ambientais e pensar em planos de mitigação e
compensação ambiental. Esse processo de Licenciamento Ambiental é realizado nos órgãos
conforme a jurisprudência da rodovia.
Da mesma forma se tiver indícios de bens relativos ao patrimônio histórico em uma região
que uma rodovia deverá passar é necessário que sejam feitos estudos mais aprofundados
e acompanhamento arqueológico na execução. Também se deve ter anuência do IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para realização das obras.
Também precisam ser levantados outros elementos intrínsecos a área que possam
influenciar na locação da rodovia, como interligações com malhas urbanas, outras rodovias
que serão cortadas, marcação de zonas turísticas, dentre outros elementos de relevância
regional.
Os Pontos Obrigados são uma compilação de todo o estudo das condicionantes de traçado
em que se fará a marcação no mapa da área dos pontos que devem ser obrigatoriamente
atingidos e os pontos que devem ser obrigatoriamente evitados.
Segundo Lee (2008), os pontos Obrigados podem ser classificados em:
Basicamente esses pontos são obtidos pelos estudos citados anteriormente, por exemplo,
iremos fazer a marcação dentro da diretriz de um relevo muito acentuado o qual desejamos
evitar. Também realizaremos a marcação do ponto em que se tem o estreitamento da largura
do rio que o traçado precisa cortar, e assim sucessivamente todos os outros pontos que
nos nossos estudos, por critério técnico ou econômico, vimos que precisam ser atingidos
ou evitados.
Tendo feita as devidas marcações em mapa é realizado o traçado da rodovia no trecho
que melhor atende as expectativas podemos fazer esse traçado por meio de retas que são
ligadas pelos seus extremos (que são chamadas Tangentes) ou já podemos iniciar o processo
de criação dos trechos em Curva interligando as Tangentes.
A respeito da combinação do traçado entre as Tangentes e Curvas Circulares iremos
abordar na nossa próxima aula, até lá.
AULA 5
PROJETO EM PLANTA: CURVAS
HORIZONTAIS SIMPLES
Olá, aluno! Conforme visto na Aula 3 da nossa disciplina, o Projeto Geométrico Rodoviário
tem sua representação gráfica usualmente em três grupos de desenhos, em que cada um
deles apresenta algumas características de duas dimensões da rodovia. São eles o projeto
em planta, as seções transversais e o perfil longitudinal.
Nesta aula iremos abordar alguns aspectos da análise em planta, em que falaremos
basicamente dos seus dois principais elementos, as tangentes, que são os trechos retos e as
curvas horizontais, que são os trechos curvos. Estas últimas podem ser Curvas Horizontais
Simples ou Curvas Horizontais com Transição.
5.1 Tangentes
Existem dois meios básicos de realizar o traçado de uma rodovia. O primeiro deles é com
base no estudo da topografia do local realizar a locação de retas (tangentes) pelo terreno e
então nos pontos de intersecção inserir as seções curvas (curvas horizontais).
Outro meio é localizar os “pontos obrigados” (vimos sobre eles na Aula 3) e colocar curvas
sobre eles, e então realizar a concordância entre as curvas com retas tangentes (por isso
as seções retas recebem esse nome) (PIMENTA, 2017).
Anote isso
Em relação à combinação entre tangentes e curvas horizontais, Lee (2008) afirma que
devemos evitar trechos em Tangente com mais de 3 km de extensão. Isso se deve ao fato
que os motoristas ficam desatentos e cansados em grandes trechos sem alterações, sendo
assim podendo provocar acidentes, mesmo em vias com boa conservação.
Existem três pontos notáveis nas Curvas Horizontais Simples, o primeiro, como abordado
anteriormente é o Ponto de Interseção das Tangentes (PI). O segundo ponto notável é o Ponto
de Curva (PC) em que ocorre o início da curva no ponto de transição entre a tangente e a
curva. E o terceiro ponto notável é o Ponto de Tangente (PT) que marca o fim da curva na
concordância entre a tangente e a Curva. A figura a seguir apresenta esses pontos notáveis
e outros elementos das curvas horizontais simples.
Perceba que a deflexão entre as Tangentes no ponto PI tem o mesmo ângulo que o Ângulo
Central da Curva. Dessa forma podemos definir numericamente algumas fórmulas para a
determinação da Tangente de curva e do Desenvolvimento de curva.
Vamos resolver um exemplo para compreendermos melhor o que foi trabalhado até agora.
Digamos que uma determinada Intersecção de tangentes se encontra em [50 + 12,33], têm-
se uma deflexão entre as tangentes num valor de 30º e o raio da curva será de 300 metros.
Deseja-se saber qual serão as estacas de PC e PT.
Primeiramente devemos determinar o valor da Tangente de Curva (T) e o valor do
Desenvolvimento da Curva (D)
Agora é só realizar a determinação das estacas, lembrando que nas estacas os primeiros
números dizem respeito a estacas cheias, ou seja, para encontrar a distância devemos
multiplica-los por 20 metros e aí somamos o segundo valor. Para transformar o valor final
em estaca basta fazer o processo inverso.
Além das Curvas Horizontais Simples é possível adotar as Curvas Horizontais com Transição,
a diferença entre elas é o uso de uma seção de transição entre os trechos tangentes e a
seção circular, como é possível observar na figura seguinte.
Vistas em perspectiva de curvas horizontais com e sem transição. Fonte: (PIMENTA, 2017)
É possível observar que o uso de transição gera um equilíbrio estético melhor para o
trecho, uma vez que não se tem uma “entrada seca” na curva. Isso faz com que se tenha
um ganho acentuado de segurança e conforto aos usuários.
Na prática o uso das Curvas Horizontais Simples não é indicado por uma série de
problemáticas que podem ser evitadas se adotarmos seções de transição. Porém, o
uso da transição faz com que a locação dos elementos da curva seja mais complexa,
uma vez que a transição apresentará uma variação continuada do raio que variará de
infinito até o raio da curva projetada.
Iremos abordar com mais detalhes as Curvas Horizontais com Transição na nossa próxima
Aula, até lá!
AULA 6
PROJETO EM PLANTA: CURVA
HORIZONTAL COM TRANSIÇÃO
Olá, aluno! Nesta aula iremos abordar um pouco sobre as Curvas Horizontais com transição,
para isso precisamos compreender as deficiências das Curvas Horizontais Simples no quesito
trafegabilidade. A concordância das Curvas Horizontais Simples com as tangentes acontece
drasticamente, ou seja, enquanto o motorista está trafegando for um trecho reto, em um
determinado momento ele acessa um trecho com um raio finito e isso gera certa instabilidade
nesse ponto.
Segundo Pimenta (2017), a descontinuidade de curvatura no ponto de ligação entre uma
tangente e uma curva não pode ser aceita quando se realiza um traçado racional.
Para minimizar esse desconforto existem zonas de transição nas Curvas Horizontais
com Transição. Em que existe uma variação gradativa do raio, considera-se as tangentes
como curvas com raios excessivamente grandes que o Desenvolvimento aparentemente é
retilíneo. Dessa forma esse raio tendendo ao infinito tem uma variação na transição até um
raio mensurável, igual ao valor do Raio do trecho circular.
Esse trecho com a mudança progressiva da curvatura é utilizado para cumprir as seguintes
funções.
• Permitir uma mudança contínua da superelevação (iremos ver sobre ela nas aulas
futuras).
• Propiciar uma variação gradual da aceleração centrífuga entre o trecho da tangente
e o trecho da curva horizontal.
• Possibilitar que o veículo se mantenha no centro de sua faixa de rolamento na passagem
entre o trecho reto e curvo.
• Propiciar um trecho sem descontinuidade da curvatura e esteticamente agradável.
R.L = K
Como o conceito é que na transição o raio varie de um valor infinito até o valor do raio
da curva. Quando o comprimento percorrido for próximo a zero (logo no início da transição),
o raio tenderão infinito, pois K é um valor constante. E ao fim da transição quando for
percorrido todo o comprimento da transição (Ls), deve-se ter o raio igual ao Raio da Curva
(Rc). Assim, temos o seguinte:
K = Rc.Ls
Dessa forma, a determinação da constante K fica dependendo do Raio da Curva, que tem
uma característica projetual já definida e do tamanho que se deseja adotar para a transição,
que veremos na seção 6.3.
A sequência de passagem que um motorista trafegando por uma estrada irá fazer, em um
trecho em que se tenha uma Curva Horizontal com Transição, será a seguinte. Ele estará
em um trecho em tangente, seguido então por uma transição de comprimento Ls, que tem
seu raio variando de infinito até o valor Rc. Na sequência entrará no trecho curvo com rio Rc
constante de comprimento igual ao desenvolvimento da curva. Então entrará em um novo
trecho de transição que também tem um comprimento Ls, mas o raio agora variará de Rc
até infinito, então entrará num novo trecho de tangente.
Dessa forma, temos quatros pontos notáveis nesse esquema:
Anote isso
O comprimento de Transição mínimo deve ser o maior valor encontrado dentre os três
critérios seguintes.
Este critério é baseado na taxa máxima de variação da aceleração centrífuga por uma
unidade de tempo. Estabelece-se que essa taxa máxima tem valor de 0,6 m/s²/s, dessa
forma o valor do Comprimento de Transição Mínimo pelo critério dinâmico é encontrado
pela seguinte fórmula:
Em que o Comprimento de Transição Mínimo (Lsmín) e o Raio da Curva (Rc) são expressos
em metros e a Velocidade de Projeto (Vp) em km/h.
É estabelecido o tempo mínimo de dois segundos para que o motorista passe por essa
transição. Dessa forma, a determinação do Comprimento de Transição Mínimo pelo critério
de tempo é determinado somente pela Velocidade de Projeto (Vp) pela seguinte fórmula:
Em que o Comprimento de Transição Mínimo (Lsmín) e Largura da faixa (lf) são expressos
em metros, superelevação (e) em % e a Velocidade de Projeto (Vp) em km/h.
Em que o Comprimento de Transição Máximo (Lsmáx) e o Raio da Curva (Rc) são expressos
em metros, o ângulo Central (AC) em graus.
O valor desejável a ser adotado, seria duas vezes o valor do Comprimento de transição
mínimo pelo critério dinâmico, dessa forma 70 metros. A adoção dos 70 metros é maior que
o Comprimento de Transição Mínimo, em que é o maior valor dentre os três critérios (50
metros) e é menor que o Comprimento de Transição Máximo (130 metros). Então realizamos
a adoção desse valor de comprimento de transição, o Comprimento de Transição Desejável
de 70 metros.
Alunos, na nossa próxima aula iremos abordar sobre as superelevações e superlarguras
que são elementos da seção transversal do pavimento, mas que são utilizados nas trajetórias
das Curvas Horizontais até lá!
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41
ESTRADAS E PAVIMENTAÇÃO
PROF. ALLAN CASSIOLATO BERBERT
AULA 7
SEÇÃO TRANVERSAL
Olá, alunos! Nesta aula iremos conversar sobre a seção transversal de uma rodovia. Essa
seção é um elemento de projeto no qual é cortada a via transversalmente e assim se torna
possível a observação da largura das faixas, dos acostamentos, da inclinação transversal
do pavimento, além dos taludes de corte e aterro, caso existam.
Nas seguintes figuras é possível observar uma seção transversal padrão de uma rodovia
com pista simples e de uma rodovia de pista dupla com separação das faixas de tráfego.
Seção Transversal de Rodovia com pista dupla separada por canteiro central. Fonte: (PIMENTA, 2017)
Tabela 1 – Largura da Faixa em função da classe da rodovia e do relevo. Fonte: (PIMENTA, 2017)
Tabela 2 – Largura da Faixa em função da classe da rodovia e do relevo. Fonte: (PIMENTA, 2017)
Anote isso
7.2.1 Superelevação
Quando um veículo trafega por um trecho curvo ele é submetido, além das forças atuantes
em um trecho retilíneo, a uma força que tende a expulsá-lo da curva. Essa força é denominada
como Força Centrífuga e ela tira a estabilidade do carro e a confiança do motorista.
Por isso são adotadas inclinações transversais (maiores que o abaulamento) para que
uma parcela da força peso (P), auxilie na resistência a essa Força Centrífuga (Fc). Outro
elemento que auxilia nesse processo é a Força de atrito (Fa). Podemos ver a relação de
todas essas forças com a Força Normal (N) na seguinte imagem.
Composição das Forças atuantes em um Veículo em uma curva com superelevação. Fonte: (PIMENTA, 2017)
Podemos então afirmar que a aplicação de Superelevação nos trechos em que se tenham
Curvas Horizontais é de muita importância. Porém, qual valor devemos adotar?
• 12% - Somente para melhorias ou correções em vias existentes que não seja possível
aumentar o raio.
• 10% - Rodovias de classe 0, IA e se for plano IB para velocidades diretrizes de no
mínimo 80% sem congestionamentos.
• 8% - Valor mais usual, utilizado para as Classes II, III e IV e também para a classe I
em regiões montanhosas.
• 6% - Locais com ocupação de área adjacente, em que superelevações altas interfiram.
• 4% ocupação de áreas adjacentes ainda mais problemáticas.
Porém, quanto maior o Raio menor será a ação da Força Centrífuga. A seguinte tabela
apresenta os valores dos raios que dispensam Superelevação em combinação com a
Velocidade de Projeto.
Vp (Km/h) 30 40 50 60 70 80 90 ≥100
Raios (m) maiores que 450 800 1250 1800 2450 3200 4050 5000
Dessa forma, em Curvas de Raio tão amplos pode-se desconsiderar a sua adoção, adotar
somente a inclinação mínima do abaulamento para dentro da curva, por um critério de
drenagem, como apresentado.
Como os valores da superelevação já precisam estar aplicados na pista ao iniciar a curva
e no trecho em tangente tem os valores do próprio abaulamento da via, utiliza-se a transição
para realizar a evolução da superelevação, conforme apresentado na imagem abaixo para
uma via com pista simples.
feita esse nivelamento nos metros finais do trecho em tangente. No ponto CS (transição entre
espiral-curva) os valores da inclinação já são os da superelevação e permanecem constantes
até o ponto SC (transição entre curva e espiral). Desse ponto é feita a regressão até o ponto
ST (transição entre tangente e espiral) que tem as mesmas características do ponto TS.
7.2.2 Superlargura
Quando um veículo adentra em um trecho curvo, a ocupação da faixa pelo seu veículo é
maior, isso é acentuado na utilização de veículos pesados. Dessa forma é comum realizar a
adoção de acréscimos na largura das faixas nas curvas, essas são as chamadas Superlarguras.
Como a Superlargura é um elemento que visa gerar mais conforto e segurança aos veículos
em uma curva, primeiramente é necessário que se tenha definido qual é o Raio da curva,
conforme conversado nas aulas anteriores.
Então, é necessário definir qual é o veículo analisado, Pimenta (2017) aponta que podemos
utilizar como veículo padrão os caminhões SU, que tem as seguintes características:
Dessa forma é possível realizar o cálculo da Superlargura (∆L) pela seguinte fórmula, em
que podem ser utilizados os dados de um caminhão padrão SU.
∆L=(N.∆U)+[(N-1).(∆F+B)]+z
AULA 8
PERFIL LONGITUDINAL
Olá, alunos! Sejam bem-vindos a mais uma aula. Nesta aula iremos abordar sobre o projeto
conforme a perfil longitudinal da via. A determinação dos elementos que serão utilizados deve
primeiramente fazer análise do perfil do terreno, pois a concordância do Perfil Longitudinal
com o terreno caracterizará o volume de cortes e aterros necessários.
Observe a seguinte figura, ela expressa uma seção do perfil Longitudinal de uma rodovia,
compreendida entre as estacas 170 e 215. Vemos o comportamento do terreno e as rampas
adotadas. A ligação entre rampas com diferentes declividades deve ser projetada as chamadas
curvas de concordância ou curvas verticais. A combinação de rampas com curvas verticais
leva o nome de greide. Se a linha do terreno natural está acima do greide, nessa região terá
que ocorrer corte de terra, já se a linha está abaixo será necessário realizar aterro.
Quando realizamos a representação do perfil Longitudinal, para que seja possível uma
melhor visualização do projeto, fazemos a proporção da escala vertical ser 10 vezes maior
que a escala horizontal.
Como dito, o greide viário é composto pela sucessão de rampas, sejam elas ascendentes
ou descendentes, concordados entre si por curvas verticais. Esses são os principais elementos
do Perfil Horizontal, as Rampas e as Curvas Verticais. Vamos conversar sobre cada um deles.
8.1 Rampas
As rampas precisam ser estudadas e analisadas, uma vez que veículos com diferentes
pesos e potências têm comportamentos bem distintos na superação desses elementos.
Dessa forma, é necessário realizar algumas determinações, em especial quanto à inclinação
máxima que as rampas podem ter.
A primeira consideração é que rampas de até 3% de declividade não geram influência
de aumento de velocidade, em trechos descendentes, ou perca de velocidades, em trechos
ascendentes. Assim, se um critério de projeto é que a rodovia seja uma rodovia de altas
velocidades deve-se adotar o valor de 3% como de rampas máximas.
Por sua vez, rampas de até 6% de declividade têm pouca influência em veículos de passeio
(carros utilitários), mas temos uma afetação considerável das velocidades dos caminhões
de carga.
Inclinações superiores a 7% só devem ser utilizadas em rodovias secundárias com baixo
volume de tráfego, em que não ocorra congestionamentos pela redução de velocidades dos
caminhões.
A seguinte tabela apresenta os valores máximos de rampas para cada classe de projeto,
conforme o relevo da área.
Tabela 1 – Inclinação máxima das rampas em função da classe da rodovia e do relevo. Fonte: (DNER, 1999)
No caso em que o comprimento de rampa seja menor que 150 metros, os valores das
Rampas máximas da tabela anterior podem ser acrescidos de até mais 2,0%, pois os veículos
não serão tão influenciados em uma pequena distância na perca de velocidade.
Apesar de indicarmos os valores máximos das rampas, em seções de corte, em que
o escoamento lateral da drenagem vai de encontro com taludes de corte, deve-se adotar
uma inclinação mínima de 0,5% para pavimentos rugosos, e 1,0% para pavimentos com
granulometria fechada. Para seções em que se tem aterro, ou o nível do terreno lateral a
pista, esteja abaixo da coa da pista pode-se projetar trechos planos (inclinação da pista
como 0,0%).
As curvas verticais são utilizadas para fazer a ligação entre diferentes rampas, em que
cada rampa tem uma inclinação diferente, conforme apresentado na seguinte figura.
que são encontrados pontos máximos na curva. A curva do exemplo anterior é uma curva
Convexa.
Fora os Pontos notáveis temos ainda os seguintes elementos das Curvas Verticais:
Segundo Lee (2008), é possível adotar algumas formas que atenderiam satisfatoriamente
as características das Curvas Verticais, que seriam:
• Curvas circulares
• Elipses
• Parábola Cúbica
• Parábola de 2° Grau
Para o nosso estudo vamos considerar somente a parábola de 2º grau, que apresenta
características que a torna mais vantajosa em comparação aos outros tipos de curva. Um
dos principais pontos é a facilidade da realização dos cálculos das cotas, mesmo que não
se tenha a mão algum software.
Existem dois casos a serem analisados, conforme a figura abaixo, o 1º caso é para o
veículo e o objeto estarem dentro do trecho curvo (ambos entre PCV e PTV), e o segundo é
que ambos estão fora da curva vertical (veículo antes do PCV e o objeto depois PTV).
1º Caso – Considerando Lv > Df. Esse caso é expresso pela seguinte figura e o cálculo
é feito pela fórmula abaixo.
Em que |d2 - d1| é o módulo do valor, ou seja, sempre será positivo e será adotado em
decimais, por exemplo, ao invés de dotar 5% iremos colocar 0,05. Lvmín e Df são expressos
em metros.
2º Caso – Considerando Lv < Df. Esse caso é expresso pela seguinte figura e o cálculo
é feito pela fórmula abaixo.
Da mesma forma que para as curvas convexas, serão analisados dois casos. O 1º caso
é para o veículo e o objeto estarem dentro do trecho curvo e o 2º caso é quando ambos
estão fora da curva vertical.
1º Caso – Considerando Lv > Df. Esse caso é expresso pela seguinte figura e o cálculo
é feito pela fórmula abaixo.
2º Caso – Considerando Lv < Df. Esse caso é expresso pela seguinte figura e o cálculo
é feito pela fórmula abaixo.
Para que seja possível realizar a locação da curva em campo, delimitando as alturas,
deve-se utilizar a seguinte equação da parábola de segundo grau.
Em que:
Anote isso
Com isso finalizamos a primeira parte da nossa disciplina, em que trabalhamos os conceitos
de Projetos Geométricos de Rodovias. Na nossa próxima aula iniciaremos os conteúdos de
Pavimentação, até lá!
AULA 9
INTRODUÇÃO A PAVIMENTAÇÃO
Olá, alunos! Nesta aula iniciaremos a segunda parte da nossa disciplina. Iremos conversar
sobre a Pavimentação, mas afinal o que é Pavimentação e do que ela trata?
Pavimentação nada mais é que o ato de construir pavimentos. Quando falamos da definição
do que são os pavimentos na Engenharia Viária, Bernucci et al. (2008) nos traz a seguinte
definição:
Vamos conversar sobre cada uma dessas afirmações para que possamos compreender
melhor os pavimentos. Os pavimentos são formados por uma sucessão de camadas que
podem ser executados em diversos materiais, essas camadas tem uma espessura delimitada.
As camadas são construídas sobre o subleito, que é a última camada da terraplenagem e
ele deve ser devidamente compactado e regularizado para oferecer condições de suportar
os esforços que serão gerados pelo próprio pavimento, pelo tráfego e clima.
Os pavimentos necessitam suportar os carregamentos do tráfego e realizar a sua
dispersão sobre o subleito. Ao resistir, sem gerar deformações permanentes e mantendo
suas características projetuais, os usuários terão segurança satisfatória e o próprio veículo
terá um custo operacional mais satisfatório em que serão diminuídos os consumos de
combustíveis, lubrificantes e manutenções.
Dessa forma, podemos citar que as suas principais funções são:
Quando citamos que os pavimentos são compostos por camadas é necessário que as
conheçamos, basicamente a camada superior é chamada de revestimento é com essa camada
que os veículos tem contato. Abaixo dela é criada uma camada que se chama base. Quando
o tráfego exigir pode-se criar mais duas camadas, que nem sempre são executadas, a sub-
base e o reforço do subleito. Isso tudo apoiado sobre o subleito. Observe na seguinte figura
a disposição e nomenclatura das camadas do pavimento.
Dessa forma, assume-se que as camadas a partir do subleito vão se tornando mais nobres,
em questões técnicas e econômicas, quanto mais acima estiverem. As espessuras são
determinadas em função das características dos materiais e do tráfego atuante, veremos
isso quando abordarmos o dimensionamento dessas camadas.
Temos duas classificações dos tipos de pavimentos que são os chamados Pavimentos
Rígidos e os Pavimentos Flexíveis. O Pavimento Rígido usa basicamente em sua constituição
concreto de cimento Portland, em que, pela sua rigidez, é pouco deformável. Já os Pavimentos
Flexíveis permitem uma determinada deformação sem se romperem, o revestimento
normalmente utiliza de material betuminoso (derivado do petróleo), mas a utilização de blocos
intertravados ou articulados também é considerado pavimento flexível. Vamos conversar
sobre cada um deles.
Isso faz com que o revestimento atue como uma placa de concreto apoiada diretamente
sobre o subleito ou, quando for o caso, sobre a sub-base. Nos pavimentos rígidos o revestimento
atua como base também, por isso não se tem uma camada de base.
O tráfego aplica a carga concentrada (na zona de contato do pneu com o pavimento) na
placa de concreto, e esta, pelo seu comportamento rígido, distribui a sub-base ou ao subleito
de maneira distribuída. Assim, o subleito recebe tensões pequenas.
A placa de concreto pode ou não ser armada. Quando a placa é armada pode-se ter
armadura em grade, transversal ou longitudinal. A espessura da placa normalmente tem
variação entre 18 e 40cm.
Para evitar trincas por fadiga, é necessário projetar juntas de dilatação. Nessas juntas deve-
se utilizar barras de transferência, que tem a função de unir as placas, transmitir esforços
verticais e melhorar conforto dos usuários. Observe na próxima imagem uma seção padrão
de pavimentos rígidos.
Pela relevância dos pavimentos flexíveis na malha viária brasileiro, iremos no decorrer desse
material conversar mais sobre os pavimentos flexíveis e suas características e camadas.
Então, até nossa próxima aula.
AULA 10
MATERIAL ASFÁLTICO
Olá, alunos! Sejam bem-vindos a mais uma aula, iremos conversar nesta aula sobre os
materiais Asfálticos que são essenciais na constituição dos pavimentos flexíveis.
O material asfáltico é um dos materiais de uso mais antigo pelo homem, e até hoje tem
diversos tipos de aplicação e grande parte delas acontece na construção civil. Na maior
parte dos países do mundo, o uso do asfalto na pavimentação é predominante (BERNUCCI
et al., 2008).
Para melhor compreensão precisamos entender o que é betume. Basicamente o betume
é definido como mistura de hidrocarboneto solúveis em bissulfeto de carbono (CS2) com
propriedades de aglutinação (PINTO; PINTO, 2019). O betume pode ser encontrado pela
derivação do petróleo ou da queima de carvão ou madeira.
Quando falamos de materiais asfálticos, esses exclusivamente derivam do petróleo.
Antigamente se utiliza Alcatrões na pavimentação (materiais parecidos com os asfaltos,
mas que obtêm betume da queima de carvão), porém entrou em desuso após a constatação
de seu potencial cancerígeno.
Assim, neste material utilizaremos o termo Materiais Asfálticos, mas você talvez encontre
materiais que utilizem o termo Materiais Betuminosos. Apesar de na Engenharia serem
sinônimos, precisamos ter em mente que só utilizamos nas obras de pavimentação os
Materiais Betuminosos derivados do Petróleo, que são os Materiais Asfálticos.
O asfalto pode ser obtido de maneira natural nos chamados “lagos de asfalto” que são
gerados pela deposição natural de petróleo que com o tempo e perda de frações, apresentam
características de asfalto. Mas a sua obtenção principal é pela derivação do petróleo.
Observe a seguinte figura, que apresenta o processo de geração do asfalto e dos materiais
asfálticos utilizados na pavimentação.
Vamos conversar sobre cada um desses materiais asfálticos que são de importante
compreensão para as obras de pavimentação.
Como o próprio nome já diz, os Asfaltos Diluídos são constituídos de Cimento Asfáltico
diluídos em solventes que também são derivados do Petróleo. Os solventes utilizados são:
gasolina, querosene e óleo diesel.
Quando o CAP é diluído ele perde a sua característica viscosa e assume uma característica
fluída, o que propicia a aplicação sobre superfícies. Após a aplicação, quando o asfalto
diluído faz contato com o ar, ocorre a Cura, que é a evaporação do solvente. Dessa forma,
sobrando somente o próprio CAP como uma camada sobre a superfície do pavimento ou
dos agregados.
Os Asfaltos diluídos podem ser classificados da seguinte forma:
• CR (Asfalto Diluído de Cura Rápida): é obtivo pela mistura do CAP com gasolina.
• CM (Asfalto Diluído de Cura Média): é obtivo pela mistura do CAP com querosene.
• CL (Asfalto Diluído de Cura Lenta): é obtivo pela mistura do CAP com óleo diesel.
Após a sigla CR, CM ou CR, normalmente encontramos outro número que corresponde
à viscosidade do Asfalto Diluído.
• RR – Ruptura Rápida
• RM – Ruptura Média
• RL – Ruptura Lenta
A aplicação das emulsões asfálticas nas rodovias normalmente acontece dessa forma:
AULA 11
CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
ASFÁLTICOS
O cimento asfáltico tem uma ampla faixa de propriedades físicas, químicas e reológicas.
Essas propriedades influenciam diretamente na sua aplicabilidade e resultados esperados.
Dessa forma, é necessário realizar a caracterização do material por meio de ensaios para
que seja possível realizar a aplicação do material correto, com as especificações corretas,
no local correto.
11.1 Penetração
A principal Classificação do CAP era feita pela viscosidade, mas desde 2005 utiliza-se
para a classificação a Penetração. A norma vigente para esse ensaio encontra-se na “NBR
6576 – materiais betuminosos – determinação da penetração”, essa norma é um espelho
da norma Americana “ASTM D 5 – penetration of bituminoius materials”.
Este ensaio consiste na medição da penetração de um pistão de 100g no tempo de
cinco segundo a uma temperatura de 25ºC, conforme a seguinte imagem. Então, é feita a
classificação por cada 0,1mm penetrados, por exemplo, se o pistão penetrou 3,5mm considera-
se o valor de 35 de penetração.
• CAP 30-45
• CAP 50-70
• CAP 85-100
• CAP 100-120
• CAP 150-200
Esse ensaio visa a medição da temperatura na qual o CAP assume características fluidas.
A norma que rege esse ensaio é a “NBR 6560 – materiais betuminosos – determinação do
ponto de amolecimento – método do anel e bola”, que é espelhada pela norma Americana
“ASTM D 36 – softening point of bitumn (ring and ball apparatus)”.
O ensaio consiste na colocação de uma bola de aço, com dimensões determinadas, no
centro de uma amostra de asfalto em banho. A água é aquecida na taxa de 5°C/minuto.
Quando o asfalto perde sua consistência e assume característica fluida, a esfera afunda,
nesse momento se mede a temperatura. O esquema do ensaio está apresentado na seguinte
figura.
11.3 Viscosidade
A norma que rege esse ensaio Saybolt-Furol é “NBR 14950 – materiais betuminosos –
determinação da viscosidade saybolt furol”, ela é baseada na norma americana “ASTM E 102
– standard test method for saybolt furol viscosity of bituminous materials at hight temperatures”.
A Viscosidade Saybolt-Furol é medida em segundos e expressa a quantidade de tempo
necessário para escoar 60ml de material pelo viscosímetro de Saybolt. A temperatura
normalmente utilizada nesse ensaio é entre 135 e 177ºC.
Já a Viscosidade Brookfield utiliza um aparelho rotacional que mede a viscosidade pelo
esforço necessário para rodar uma haste imersa no CAP a uma velocidade constante. A
temperatura utilizada é de 135ºC.
É importante entender a viscosidade, por questões operacionais, como o bombeamento
de CAP no momento da usinagem ou em outras utilizações da pavimentação.
A norma que rege esse ensaio é “NBR 11341 – derivados de petróleo – determinação
dos pontos de fulgor e de combustão em vaso aberto Cleveland”, e é baseada na norma
americana “ASTM D 92 – flash and fire points by claveland open cup tester”.
11.5 Dutibilidade
A norma que rege esse ensaio é a “NBR 6293 – materiais betuminosos – determinação
da dutilibidade”, que é baseada na norma americana “ASTM D 113 – ductility of bituminoius
materials”.
AULA 12
REVESTIMENTOS FLEXÍVEIS
A última camada a ser executado nos pavimentos é o revestimento essa também costuma
ser a camada mais nobre em questões econômicas e técnicas. Existe uma diversidade de
materiais e técnicas que podem ser utilizadas para a execução dos revestimentos.
Os revestimentos podem ser flexíveis ou rígidos e a sua utilização caracteriza o próprio
pavimento em pavimento flexível ou pavimento rígido. Na seguinte imagem podemos ver os
principais revestimentos que comumente são utilizados nos pavimentos.
da mistura do Cimento Asfáltico (ou seus derivados como Asfalto Diluído ou Emulsão) com
agregados pétreos, como a brita, areia ou outros.
Revestimento asfálticos com várias camadas de concreto betuminoso. Fonte: (BERNUCCI et al, 2008)
Anote isso
Pode-se projetar também uma camada de desgaste que é executada acima da camada de
rolamento, com uma granulometria aberta. Essa camada tem a função de sofrer o desgaste
proveniente do tráfego, conservando as outras camadas do revestimento, e também de
permitir uma drenagem que retire a água das precipitações no local, gerando maior segurança
para os usuários.
12.2.2 Pré-misturados
Os pré-misturados também são feitos em usinas e podem ser classificados em dois tipos:
Pré-Misturados a Quente (PMQ) e os Pré-Misturados a Frio (PMF).
Diferentemente do CAUQ esses materiais normalmente são misturas de dois tipos de
agregados somente, e não se faz a adição de filler. Enquanto o CAUQ apresenta cerca de
4% de vazios em média na sua constituição, os pré-misturados apresentam cerca de 12%.
Tanto o PMQ quanto o PMF podem ser utilizados como regularização, base ou revestimento
e se forem projetadas camadas com mais de 10cm, deve-se dividi-las em duas.
Nessa aula vimos alguns tipos de materiais utilizados para a execução de revestimentos
flexíveis, sendo por penetração ou mistura. Na nossa próxima aula iremos abordar sobre os
materiais utilizados nas camadas de base e sub-base, até lá.
AULA 13
BASE E SUB-BASE
Olá, alunos! Sejam bem-vindos a mais uma aula de nossa disciplina, na aula de hoje
iremos abordar duas camadas que veem logo abaixo dos revestimentos na pavimentação,
a camada de base e de sub-base. Você saberia dizer de qual material elas são executadas?
Vamos ver isso no decorrer desta aula.
As bases são elementos fundamentais para a execução dos pavimentos flexíveis, já nos
pavimentos rígidos o próprio revestimento atua como camada de revestimento e base.
Caso no dimensionamento dos pavimentos flexíveis a camada de base necessária seja
muito espessa é realizada a divisão dela em duas camadas. A camada superior mantém o
nome de base e a inferior é denominada sub-base. Nos pavimentos rígidos a análise acontece
de maneira similar aos pavimentos flexíveis, caso o revestimento rígido não seja suficiente
para suportar os esforços do tráfego, deve-se criar uma camada granular de sub-base.
A lógica para determinação dos materiais utilizados é que a partir do revestimento,
conforme avançamos nas camadas inferiores, os materiais utilizados tenham um desempenho
menor. Isso acontece, pois as cargas que eles precisam suportar também são menores e,
consequentemente, o custo delas é mais barato. Então precisamos de um equilíbrio técnico-
financeiro.
Isso nos diz que nas camadas de sub-base, quando ela existir, os materiais empregados
apresentam características técnicas menores ou iguais às camadas de base. Porém, existem
os chamados pavimentos invertidos, em que os materiais na sub-base são mais nobres,
mas não será tratado neste material.
Quando falamos de materiais que podem ser utilizados, normalmente relacionamos a
materiais granulares que precisam passar por algum tipo de processo para apresentarem
consistência e resistência adequadas.
Esses tipos de processos são denominados de estabilizações, iremos abordar nesse
material alguns tipos de estabilizações abordando os principais materiais que fazem parte
de cada grupo. As estabilizações podem ser Mecânicas, Granulométricas, Cimentícia ou
Betuminosa.
Tabela 1 – Desempenho da compactação por equipamento e tipo de material. Fonte: (ODA, 2003)
Como dito, a Estabilização mecânica também é utilizada como etapa dos demais tipos de
estabilização, em que é realizada após a disposição da camada no local que será executada.
Anote isso
A estabilização granulométrica pode ser realizada pela combinação in locu dos materiais,
como a utilização de um solo existente no local com outro trazido de uma jazida. Eles são
dispostos nas proporções desejadas, existe a mistura por meio de gradeamento ou utilização
de outros equipamentos, umidificação e compactação. Um exemplo é o solo-brita, que é a
mistura do solo com brita para conferir melhores resultados, conforme mostrado na seguinte
figura.
Ou ela pode ser realizada em usina, como é o caso das Britas Graduadas Simples (BGS), em
que britas de diferentes granulometrias são misturadas em usina de solos e são transportadas
até local de aplicação, lá são esparramadas e compactadas. A Brita Graduada Simples é
uma das misturas mais utilizadas para execução de bases e sub-bases.
• Solo tratado com cimento: deve apresentar resistência aos sete dias entre 1,2 e 2,1 MPa,
normalmente é utilizado para esse fim mais que 3% de cimento. A mistura é feita na pista.
• Solo-Cimento: deve apresentar resistência aos sete dias maior que 2,1 MPa. Sua execução
basicamente é a mesma do solo tratado com cimento, mas a porcentagem de cimento é
maior, 5 a 8% de cimento, podendo chegar a 15% dependendo do solo. A mistura é feita
na pista com espalhamento das sacas de cimento.
• Solo-Cal: é feito pela mistura de solo e cal, e o teor de cal utilizada deve ser de no mínimo
3%. A mistura é feita na pista e utiliza preferencialmente solos argilosos e siltosos.
• Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC): basicamente é constituída da Brita
Graduada Simples com acréscimo de Cimento Portland na mistura. Sua resistência aos
sete dias deve variar entre 3,5 e 8,0 MPa. A mistura é realizada em usina de solo para a
correta dosagem e mistura dos elementos. Normalmente é utilizado um retardador de pega.
AULA 14
PINTURAS E PREPARAÇÃO DO
SUBLEITO
Olá, alunos! Sejam bem-vindos a mais uma aula da nossa disciplina. Como temos visto na
sequência das últimas aulas, estamos abordando as camadas dos pavimentos abordando
critérios técnicos e executivos. Nesta aula conversaremos sobre a realização de pinturas
betuminosas nos pavimentos e também sobre a preparação que deve ser feita no subleito
para o recebimento das camadas do pavimento.
As pinturas betuminosas nada mais são do que a aplicação de uma fina camada de
material betuminoso, normalmente emulsões ou asfaltos diluídos, sobre a superfície de uma
camada já executada.
A respeito das Pinturas betuminosas Balbo (2007) diz:
A função da pintura de ligação é gerar aderência entre diferentes camadas, para que não
ocorra o escorregamento entre elas. Como o material betuminoso tem característica adesiva
termoplástica, podemos utilizá-lo satisfatoriamente com essa finalidade.
Anote isso
Por isso indica-se fazer uso de emulsões para esse fim, o tipo de emulsão vai depender
do tempo que se deseja que decorra para a cura. Cita-se como emulsões a serem
utilizadas RR-1C, RR-2C, RM-1C, RM-2C e RL1-C. A utilização de asfalto diluído poderia
ser usada também, mas somente se não houver ligação com materiais betuminosos.
Sua aplicação deve ser feita por meio de caminhão espargidor, conforme apresentado
na seguinte figura.
A execução da camada subsequente ser feita na sequência para evitar que ocorra a
ruptura antes ou que sejam depositadas poeiras que prejudicariam a eficiência da ligação.
A taxa de aplicação em média é de 0,5 L/m², e proporação de água e CAP normalmente de
1:1 (BALBO, 2007).
14.1.2 Imprimações
Tipo Aplicações
CM-30 Imprimação de superfícies com textura fechada
CM-70 Imprimação de superfícies com textura aberta
A aplicação do material poderá ser realizada por meio de caminhão Espargidor ou pela
utilização de um bico espargidor, como apresentado na seguinte figura:
As taxas de ligante normalmente são aplicadas entre “0,8 L/m² e 1,6 L/m², (...) Se a
textura da superfície for aberta, menores taxas serão exigidas quando se utilizar o CM-30
em comparação ao CM-70.” (BALBO, 2007, p.202).
Como veremos nas próximas aulas, a presença de fissuração permite a infiltração de água
para dentro de uma camada. Dessa forma, sugere-se que seja aplicado material betuminoso
para realizar a impermeabilização superficial dessa camada. Esse processo se chama Pintura
Selante ou Banho Selante.
A pintura Selante utiliza emulsões e também pode ser realizado na superfície de
revestimentos betuminosos envelhecidos, o que gerará um rejuvenescimento da superfície
oxidada. Também gerando coesão aos agregados superficiais.
Anote isso
Quando a qualidade do material do subleito não for o suficiente para o suporte das
cargas provenientes da sua camada superior (base ou sub-base), deve-se executar uma
camada extra de material granular que se denomina Reforço do Subleito.
O reforço do subleito pode ser executado com os mesmos materiais utilizados na execução
das bases e sub-bases, pela lógica adota-se um material com custo de execução mais baixo
do que dessas, uma vez que a pressão que o reforço terá que sustentar também é menor.
Sobre o dimensionamento de pavimentos flexíveis assim como a determinação de todas
as espessuras das camadas do pavimento veremos na nossa próxima aula, até lá!
AULA 15
DIMENSIONAMENTO DE
PAVIMENTO FLEXÍVEL
Olá, alunos! Sejam bem-vindos a mais uma aula da nossa disciplina. Na aula de hoje
iremos conversar sobre o dimensionamento de pavimentos flexíveis, abordaremos o método
de maior utilização no Brasil o proposto pelo extinto Departamento Nacional de Estrada e
Rodagem (DNER).
Os métodos de dimensionamento de pavimentos que existem podem ser considerados
empíricos, em que se observam o desempenho ao longo do tempo, ou semiempíricos ou
semiteóricos, em que se interpreta os fenômenos físicos com base na teoria elástica (BALBO,
2007).
O Método do DNER, que abordaremos nesta aula, é um método empírico que utiliza de dados
gerados de extrapolações de modelos observáveis. Ele se baseia nos valores de California
Bearing Ratio (CBR), que também pode ser chamado de Índice de Suporte Califórnia (ISC).
Tendo sido definido o valor de N, a norma do DNER apresenta a seguinte tabela para a
determinação da espessura de revestimento mínimo:
Tabela 1 – Espessura mínima do revestimento betuminoso em relação ao valor N. Fonte: (BALBO, 2007)
Dessa forma, é possível adotar a espessura mínima ou superior para a adoção nos projetos
viários pensando num horizonte de projeto.
Primeiramente com base no seguinte gráfico com o valor do CBR do subleito e o valor
de N, faz-se a determinação da espessura do pavimento. Por exemplo, tendo um valor N de
107 e CBR de 6%, pelo gráfico chegamos ao valor de 60cm de pavimento.
Anote isso
Caso o CBR do subleito seja inferior a 2% indica-se realizar a retirada de uma camada
de 1,00 metro do local e substituir por material que tenha CBR maior que 2%. Também
se houver subleito com valores superiores a 20% de CBR indica-se adotar o valor de
20% para o dimensionamento.
• R: é a espessura do revestimento.
• B: é a espessura da base.
• h20: é a espessura da sub-base.
• H20: é a espessura das camadas acima da sub-base(revestimento + base) é encontrada
no ábaco anterior utilizando CBR de 20% e o N de projeto.
• hn: é a espessura do reforço do subleito.
• Hn: é a espessura das camadas acima do subleito (revestimento + base + sub-base)
é encontrada no ábaco anterior utilizando CBR do material do reforço do subleito e o
N de projeto.
• Hm: é a espessura de todas as camadas do pavimento, é encontrada no ábaco anterior
utilizando CBR do material do próprio subleito e o N de projeto.
Dessa forma, conforme o material adotado para cada camada ter-se-á um valor de K
para cada camada, ou seja:
AULA 16
PATOLOGIAS
Olá, alunos! Sejam bem-vindos à última aula da nossa disciplina, hoje iremos abordar um
pouco sobre as patologias mais comuns nos pavimentos flexíveis, para isso vamos conhecer
um pouco mais das suas causas.
16.1 Fendas
16.1.1 Fissuras
Anote isso
Em questões de problemas que podem ser causados, as fissuras não causam danos
estruturais ou funcionais nos pavimentos, devido a sua pequena dimensão. Por esse
motivo não se é proposto um método de cuidado, mas se houvesse seria apontado
a pintura selante.
16.1.2 Trincas
As trincas, por sua vez, são fendas com dimensões maiores que as fissuras. Pode ser
observada facilmente. Podendo ser encontrada isoladamente (trinca isolada) ou interligada
com outras trincas (trinca interligada).
Por sua vez as trincas interligadas podem ser de dois tipos as Trinas tipo “Couro de jacaré”
e as de tipo “Bloco”. A Trinca tipo “Couro de Jacaré”, apresentada na seguinte figura, são
trincas sem direção e sua aparência é semelhante ao couro de jacaré, por isso o nome. Já
as trincas tipo “Bloco” são trincas em formato de blocos devidos sua aparência de trincas
longitudinais e transversais interligadas,
16.2 Afundamento
Conhecendo os tipos de defeitos e sua causa é o primeiro passo para a tomada de ações
para suas correções. Existem os seguintes tipos de ações possíveis em face das patologias:
Anote isso
Por isso diz-se que existe um tratamento correto para o pavimento correto num momento
correto. Devendo ser acompanhado as características superficiais dos pavimentos quanto
ao aparecimento de patologias.
CONCLUSÃO
No decorrer das nossas aulas você foi capaz de verificar as influências que diversos
elementos têm sobre o projeto de uma rodovia e sobre a escolha dos materiais para obras
viárias.
Como um ente tridimensional foi possível observar o comportamento da rodovia conforme
os diferentes pontos de análise e também os projetos em nível de planta e seções transversais
e longitudinais.
Também vimos as etapas da pavimentação e os materiais que podem ser empregados
e alguns cuidados que precisam ser tomados na execução de cada fase. Vimos também
as influências do tráfego nos pavimentos flexíveis e o surgimento de defeitos oriundos da
repetição de tráfego ou de problemas executivos.
Por fim, chegamos ao fim da nossa disciplina, com isso, você está apto a avaliar, projetar
e executar obras rodoviárias. Foi um prazer acompanhá-los nesse processo.
REFERÊNCIAS
LEE, Shu Han. Introdução ao Projeto Geométrico de Rodovias. 3. ed. Santa Catarina:
Ed UFSC. 418p. 2008.