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Resumo
Na década de 30, o Governo Federal decidiu iniciar um processo de estatização
das ferrovias, com o objetivo de sanar as ferrovias e promover investimentos, porém os
recursos eram escassos e as prioridades de investimentoscontemplavam as rodovias.
Em 16/03/57, esse processo de encampação foi concluído, com a criação de Rede
Ferroviária Federal S.A. - RFFSA, que teve sua constituição autorizada pela Lei n.º
3.115. O Governo Federal impossibilitado de gerar os recursos necessários para
continuar financiando os investimentos do setorde transportes colocou em prática na
década de 90 ações voltadas para a privatização, concessão e delegação de serviços
públicos de transporte a Estados,Municípios e iniciativa privada. Assim, mediante a Lei
n.º 8.031/90, o Governo instituiu o Programa Nacional de Desestatização - PND, cujo
subsetor ferroviário passou a integrá-lo com a inclusão da Rede Ferroviária Federal
S.A. - RFFSA. Relativamente à modalidade ferroviária, o PND tem como principais
objetivos: desonerar o Estado; melhorar a alocação de recursos; aumentar a eficiência
operacional; fomentar o desenvolvimento do mercado de transportes; e melhorar a
qualidade dos serviços. Nesse contexto, o presente artigo tem o objetivo de apresentar
os principais aspectos relacionados ao processo de desestatização das ferrovias
brasileiras, apresentando o modelo adotado, as concessões ferroviárias existentes e
seus resultados, as atribuições de regulamentação e fiscalização da execução dos
Contratos de Concessão, pelo Poder Concedente, hoje de responsabilidade da Agência
Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.
1 Mestre em Transporte Urbano pela UnB, Graduada em Engenharia Civil pela UFMT. e-mail: ecapis@uol.com.br
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SUMÁRIO
1.Introdução
6. Conclusão
7. Referências
1. Introdução
encampação foi concluído com a criação da Rede Ferroviária Federal S.A. - RFFSA,
sociedade de economia mista.
A RFFSA teve sua constituição autorizada pela Lei n.º 3.115, com a finalidadede
administrar, explorar, conservar, reequipar, ampliar e melhorar o tráfego das ferrovias
incorporadas a União, cujos trilhos atravessavam o País do Rio Grande do Sul ao
Maranhão e penetrava em Mato Grosso do Sul, com interrupção em São Paulo, onde
a malha era quase toda da FEPASA - Ferrovias Paulista S.A.. Assim, a criação da
RFFSA marcou início de uma nova fase na exploração dos transportes ferroviários no
Brasil, dotando o Governo de instrumento de ação para reorganizar as estradas de
ferro, bem como equacionar os problemas e efetuar um planejamento global.
Segundo Benevolo (1999), à época, o conjunto de ferrovias sob a
responsabilidade da RFFSA era formado por 18 estradas de ferro, que totalizavam
37.000 quilômetros de linhas distribuídas pelo País. Cada ferrovia integrante desse
conjunto apresentava uma situação institucional e organizacional totalmente distinta, vias
degradadas e, em alguns casos sem interconexão, material rodante, sistemas epráticas
operacionais desarmonizados, déficits operacionais elevados e quadros funcionais
excessivos e desestruturados. Isto era uma situação quase insustentável que
impulsionou a RFFSA a realizar alterações voltadas à evolução organizacional das
ferrovias, erradicando algumas estradas de ferro e incorporando outras a ferrovias
maiores, mantendo os nomes originais dessas ferrovias.
Posteriormente, as estradas de ferro que compunham a RFFSA foram
agrupadas em sistemas regionais, com a finalidade de reduzir despesas, facilitar a
padronização e o intercâmbio de equipamentos e de métodos de serviço, através da
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ferroviário brasileiro.
A Lei n.o 8.987/95, denominada Lei das Concessões, promulgada em 13/02/95,
dispondo sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos,
em consonância com os ditames constitucionais, viabilizando a descentralização dos
serviços, e tornando claras as diretrizes e os critérios das relações entre o Poder
Concedente, concessionários e usuários. A Lei das Concessões estabelece:
• Os direitos e obrigações eqüitativas para as partes envolvidas no processode
concessão;
• O princípio da manutenção do equilíbrio econômico e financeiro da tarifa
(política tarifária);
• A obrigação de manter o serviço adequado; os direitos dos usuários; e
• As cláusulas essenciais do contrato de concessão (prorrogação e rescisãodo
contrato, caducidade e fiscalização).
Nesse mesmo período, foi ainda sancionada a Lei n. 9.074/95, de 07/07/95,que
estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de
serviços públicos, transferência de concessões, adoção da modalidade de leilão,além
de definir regras complementares a Lei n. 8.666/93 (Lei de Licitações), como a
concessão de gratuidades para usuários do serviço público. Portanto, as Leis n. os
8.987/95, 9.074/95 e 8.666/93 são as disciplinas legislativas para o desenvolvimentodo
processo de desestatização do setor.
A Companhia Vale do Rio Doce - CVRD (hoje com o codinome VALE) foi
privatizada em 06/05/97, em um bloco que incluía, entre outras atividades, as de
mineração e ferrovias, estas últimas basicamente usadas no transporte de sua própria
produção mineral. Assim, o Conselho Nacional de Desestatização - CND resolveu que
o processo de desestatização das estradas de ferro da CVRD dar-se- ia por
transferência de ações para os investidores privados, mediante leilão, conforme o
disposto na Resolução CND n.º 02, de 05/03/97.
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6. Conclusão
concedido 27.886 km para a iniciativa privada transportar carga, o que equivale a 95%
desse sistema.
Como principais resultados do processo de desestatização iniciado em 1996,
constata-se que o serviço público de transporte ferroviário de cargas vem obtendo
comparativamente entre 1997 e 2007, conforme dados da Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários - ANTF, que representa empresas da iniciativa privadaque
operam 11 das 12 concessões ferroviárias outorgadas:
• aplicação de investimentos próprios e em parceria com clientes e
operadores na ordem de R$ 14,4 bilhões;
• crescimento de 87,6% na produção, medida em TKU (tonelada
quilômetro útil), e de 75,8% no volume transportado, medido em TU
(toneladas útil);
• redução de 80,9% no índice de acidentes, medido em acidentes/
milhão de trem.km;
• aumento do transporte intermodal nas ferrovias superior a 63 vezes,
movimentando 223.410 TEUs, unidade equivalente a um contêiner de
20 pés, ou seja, de seis metros de comprimento.
das citadas parcelas trimestrais referentes ao saldo não liquidado no leilão das
malhas da RFFSA.
7. Referências
BENEVOLO (1999), Glauco Benevolo de. Palestra: Privatização das Ferrovias noBrasil.
Brasília.
DAVID (1985), Eduardo G. 127 Anos de Ferrovia. Juiz de Fora: Esdeva EmpresaGráfica
LTDA.