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UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO E ASSUNTOS ESTUDANTIS

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Cauã Bernardi, Gabriel Cabral, Gabriel Firmino, Gabriel Prado, Gabriel Zoppa e
Murilo Moraes

FIM DOS TRILHOS: ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO


SOROCABANA DURANTE SUA ÚLTIMA DÉCADA - 1960 ATÉ 1970

SOROCABA/SP

2023

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................4

2 SOROCABANA..............................................................................................5
2.1 Breve Histórico...............................................................................................5
2.2 Substituição dos meios de transporte.........................................................6
2.4 Estatização da ferrovia..................................................................................7
2.3 Revitalização da Antiga Ferrovia...................................................................8

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................9

REFERÊNCIAS..............................................................................................10
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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de mostrar com bases documentais as últimas


décadas da Estrada de Ferro Sorocabana. Visando observar o processo de seu
desligamento e emulsão com as demais ferrovias estatais do século XX. Colocar em
pauta também sua devido importância no processo de evolução da cidade de
Sorocaba e sua Região, sendo econômica, turística e histórica.

O projeto integrador tem como eixos duas mais importantes como


componentes curriculares, sendo elas História de Sorocaba e Região e Introdução
as Estudos Históricos.
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2 SOROCABANA

A companhia Sorocabana de estrada de ferro de Ipanema em São Paulo


criada em 1870 e pioneira nas construções estruturais da ferrovia Sorocabana desde
1872, teve um intuito de trazer uma modernização européia para o interior do estado
de São Paulo e integrar as principais províncias e cidades produtoras de café e
açúcar, e principalmente, trabalhadores. Fazendo assim uma conexão mais rápida
entre casa e trabalho, e deixando o transporte dessas especiarias mais seguro e
eficiente para mais tarde então substituir o método antigo, o muar. Mas o principal
foco da Sorocaba sempre foi suprir a necessidade de locomoção interurbana, já que
muitos trabalhadores das demais regiões de Sorocaba vinham para trabalhar nas
fábricas têxteis.
Sabendo sobre essa importância, é de se refletir sobre o destino que foi
tomado, em menos de 100 anos a empresa fundadora da Sorocabana acabou por
ser extinta, deixando todos os quilômetros de ferrovia para empresas estatais.

2.1 Breve Histórico

Em 1866, chega a Sorocaba Matheus Maylask, idealizador da Ferrovia


Sorocabana e fundador da própria “Companhia Sorocabana de Estrada de Ferro
Ypanema à São Paulo”, com a ideia de expandir a linha ferroviária que a Metrópole
de São Paulo já possuía para o interior do estado, trazendo as linhas para Sorocaba
com o objetivo de transporte de passageiros e a facilitação do transporte de
mercadorias via Sorocaba/São Paulo.
Cerca de 8 anos após a chegada de Maylask em Sorocaba, é inaugurada a
Ferrovia, tendo demorado aproximadamente 4 anos para ser finalizada a obra,
começou a funcionar no dia 10 de julho de 1875.
A Companhia Sorocabana sofreu com vários problemas de disputas internas
no começo da operação, negociações de vendas e trocas por outras companhias e
desentendimento entre os sócios. Tudo isso antes do final do ano de 1876, apenas
um ano após a inauguração.
O projeto de expansão da ferrovia começou logo após os problemas de 76
serem resolvidos. Com ideias para expandir até as regiões de Paranapanema, a
Companhia teve diversas recusas para o começo da construção de novas linhas
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ferroviárias, devido à rejeição do lidera da província da época, Sebastião José


Pereira. Foi apenas quando ele deixou o cargo que a chance de novas linhas surgiu,
sendo a primeira delas para a cidade de Botucatu e a segunda em direção a outras
cidades, como Ourinhos e Presidente Prudente, nas primeiras décadas do século
XX, e após isso, para as demais cidades que depois iriam constituir a Região de
Sorocaba.

2.2 Substituição dos meios de transporte


Os meios transportes têm uma contribuição importante na produção e
organização do espaço. Neste âmbito, a ferrovia Sorocabana teve papel
fundamental para região de Presidente Prudente, destacando sua contribuição no
processo de urbanização e no desenvolvimento econômico, já que muitas das
cidades se desenvolveram ao redor do eixo ferroviário. Porém com o
desenvolvimento da industrialização a partir dos anos de 1950, as ferrovias
perderam seu papel e entraram em paralisação e, consequentemente em declínio.
Esse processo incluiu também pela busca de um sistema de transporte que
proporcionasse maior integração entre as regiões. E assim surgiu o rodoviarismo,
isto é, passou-se a dar importância às rodovias em prejuízo às ferrovias, tornando-
as antieconômicas, e as políticas públicas passaram a priorizar o sistema rodoviário,
que trouxe como consequência o desmonte de todo o sistema ferroviário.
Por mais que a integração entre as regiões e a velocidade de transporte fosse
de extrema importância, não se pode deixar de notar que nessa mesma época, o
Fordismo1 estava começando a criar fortes relações, principalmente, com
representantes políticos da época, criando assim o GEIA2, facilitando assim as
negociações internacionais entre Brasil/EUA com a Ford, com objetivo de atualizar
o estilo de vida da população, normalizar a produção de automóveis e caminhões no

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O Fordismo foi um modelo de produção em massa desenvolvido por Henry Ford nos
Estados Unidos na primeira metade do século XX. Esse sistema se caracterizava por uma linha de
montagem que permitia a produção em série de automóveis a preços mais baixos. A chegada do
Fordismo no Brasil se deu em meados dos anos 50 e teve um grande impacto na economia e na
sociedade brasileira.

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O Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) foi criado pelo decreto nº 39.412, a
partir do plano de metas de Juscelino Kubitschek, e auxiliou na entrada de diversas fábricas do setor
automobilístico, que se instalaram no Brasil, principalmente no ABC Paulista, incluindo a Volkswagen
e Ford.
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Brasil e assim aumentar o consumo desse produto, gerando mais renda para as
grandes empresas internacionais, como diz na tese de Bruno Nogueira Pompeu:
De acordo com Brum (1991), frente a pressão do capital
estrangeiro, as multinacionais advieram a chefiar cada vez mais o
mercado brasileiro, e isto tudo ocasionou na desnacionalização da
economia brasileira, já que acabou afetando o desenvolvimento
das indústrias nacionais, especialmente as de bens de produção e
de bens duráveis.

Segundo o artigo, se da a entender que o declínio, mesmo que não


propositadamente colocado pelos desejos políticos e planos de JK durante seu
governo, das ferrovias foi ocasionada pela instalação de novas empresas
internacionais do ramo automobilístico em território Brasileiro, já que a maior
valorização deste negócio deixou de lado os planos de empresas ferroviárias , como
a Sorocabana.

2.3 Estatização da ferrovia


Após a união da a Companhia Ytuana de Estradas de Ferro foi incorporada à
Companhia Sorocabana foi necessária a mudança na denominação social da
empresa para Companhia União Sorocabana e Ituana 1892, porém mesmo com o
aumento contínuo do transporte de café percebido neste período, as finanças da
Companhia se deterioraram, resultando na liquidação da empresa, arrematada em
1904 pela União e vendida em 1905 para o Estado de São Paulo, que a batizou
como Companhia Estrada de Ferro Sorocabana
Em 1919, o Estado de São Paulo assumiu novamente o controle da ferrovia,
que passou a se chamar Estrada de Ferro Sorocabana, iniciando um longo período
na existência da Companhia, marcado pelo seu melhor momento em termos
administrativos, financeiros e na qualidade de serviços prestados, e que se encerrou
apenas em 1971, com a criação da FEPASA3 e a extinção definitiva da EFS
enquanto companhia ferroviária.
A Ferrovia Paulista S.A (FEPASA) trouxe a fusão das cinco ferrovias paulistas:
Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Araraquara, Estrada de
Ferro Sorocabana, Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e a Estrada de Ferro

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Ferrovia Paulista S/A - Fepasa foi uma empresa estatal paulista de transporte ferroviário de
cargas e de passageiros, sendo constituída mediante a unificação das empresas Companhia Paulista
de Estradas de Ferro, Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro
Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara e Estrada de Ferro São Paulo e Minas.
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São Paulo - Minas. A fusão administrativa das ferrovias é o resultado de um longo


processo de estatização das ferrovias em São Paulo que, sob controle privado,
começaram a dar prejuízos a seus proprietários. Um processo que foi iniciado em
1919 com a incorporação da Estrada de Ferro Araraquara e da Estrada de Ferro
Sorocabana à administração estatal.
A ferrovia em Sorocaba persistiu, mesmo com problemas diversos de administração
e finanças estando na FEPASA, e com uma piora considerável na qualidade dos
serviços prestados e na manutenção das estruturas. Até que a década de 1990 foi
imposto a privatização das ferrovias no país.
O traçado da antiga Estrada de Ferro Sorocabana integrou a “Malha Paulista”, que
foi concessionada à empresa FERROBAN em 1998. E s trens de passageiros
deixaram de circular em Sorocaba já no ano de 1999, atualmente, a empresa que
controla o trecho da ferrovia que passa por Sorocaba é a RUMO Logística, empresa
que resulta de uma série de processos de fusões e aquisições realizados desde a
privatização.

2.4 Revitalização da ferrovia


Para revitalizar este cenário, a Secretaria de Logística e Transportes criou o
Grupo de Trabalho (GT) Ferrovias de SP, que é coordenado por Luiz Alberto
Fioravante. A equipe desenvolve o Plano Estratégico Ferroviário do Estado de São
Paulo que reativará a malha de trilhos inoperantes nas cidades e alavancará
economicamente o setor.
O Plano Estratégico já conta com o Plano de Ação de Transporte de Passageiros e
Logística de Cargas para a Macro metrópole Paulista ( PAM-TL), que prevê
investimentos privados de cerca de R$ 70 bilhões, sendo R$ 54,2 bilhões na malha
ferroviária em cinco regiões metropolitanas: São Paulo, Campinas, Sorocaba,
Baixada Santista e São José dos Campos.
A exploração da infraestrutura e dos serviços ferroviários no Estado foi autorizada
após aprovação da Lei Federal 14.273/2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Em conclusão, o fim da Estrada de Ferro Sorocabana representou um


importante marco na história do desenvolvimento econômico e social do estado de
São Paulo, uma vez que a ferrovia teve um papel crucial no transporte de
mercadorias e passageiros por muitas décadas. Com o declínio do transporte
ferroviário e o surgimento do transporte rodoviário, a Sorocabana perdeu sua
relevância e foi incorporada à FEPASA em 1971, sendo privatizada em 1998.
No entanto, a memória e a importância da Sorocabana para a região ainda podem
ser preservadas. Muitas estações ferroviárias históricas ainda estão de pé e podem
ser restauradas e transformadas em museus ou outras atrações turísticas, e a
preservação dos trens antigos e de outros equipamentos ferroviários pode ser uma
forma de manter viva a memória da Sorocabana. Assim, o fim da Sorocabana pode
ser visto como uma oportunidade para transformá-la em um patrimônio cultural e
turístico para as gerações futuras.

REFERÊNCIAS
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SAMPAIO, C. E. DE A.; GOMES, M. T. S. A FERROVIA SOROCABANA: O AUGE,


A DECADÊNCIA, A CONCESSÃO À INICIATIVA PRIVADA E A PROPOSTA DE
REATIVAÇÃO. REVISTA CERRADOS (UNIMONTES), V. 20, N. 01, P. 187–220,
2022.

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EM: <HTTPS://PT.M.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/GRUPO_EXECUTIVO_DA_IND
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A PRÉ-HISTÓRIA DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO BRASIL. DISPONÍVEL


EM:
<HTTPS://WWW.GOOGLE.COM/AMP/S/QUATRORODAS.ABRIL.COM.BR/NOTICI
AS/A-PRE-HISTORIA-DA-INDUSTRIA-AUTOMOBILISTICA-NO-BRASIL/AMP/>.

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PROPOSTA DE REATIVAÇÃO DO TRECHO ENTRE OS MUNICÍPIOS DE
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SUL, C. DO. GOVERNO DE SP APRESENTA PROJETO PARA TRANSFORMAR


MALHA FERROVIÁRIA. DISPONÍVEL EM:
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POMPEU, B. N. O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA


SOB A ÓTICA DO PLANO DE METAS DO GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK
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MATTOS, T.; PEDROSA. REVISTA INTELLECTUS N° 28 VOLUME ESPECIAL DE


PLANEJAMENTO URBANO SAUDÁVEL OBSERVAÇÕES SOBRE A FERROVIA
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