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É com muita alegria e satisfação que apresentamos os Cadernos de Formação da Escola da Escolha
dirigidos ao Novo Ensino Médio da Escola da Escolha.
Essa coleção consolida os esforços para a realização de uma das ambições do nosso Instituto:
influenciar e apoiar equipes na adoção de processos de gestão e pedagógicos para efetivar o Modelo
da Escola da Escolha como política pública bem-sucedida nos estados e municípios onde atua como
parceiro.
Um desses processos refere-se à oferta de meios para a formação das Equipes Escolares e das Equipes
Gestoras dos Programas das Secretarias de Educação, o que não se encerra nos primeiros contatos
com o Time ICE e se estende num movimento formativo contínuo que busca assegurar a todos o pleno
domínio do entendimento e capacidade de aplicação dos fundamentos do Modelo da Escola da
Escolha, seja no cotidiano único, complexo e desafiador do universo escolar, seja no âmbito das
Secretarias na implantação e expansão dos respectivos Programas.
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Esta coleção é apresentada num conjunto de doze cadernos organizados em cinco volumes assim
denominados:
O PRIMEIRO VOLUME
1. Caderno Memória e Concepção – Concepção do Modelo da Escola da Escolha
2. Caderno Memória e Concepção – Conceitos
3. Caderno Memória e Concepção – Educação Inclusiva
O SEGUNDO VOLUME
4. Caderno Modelo Pedagógico – Concepção do Modelo Pedagógico
5. Caderno Modelo Pedagógico – Princípios Educativos
6. Caderno Modelo Pedagógico – Eixos Formativos
O TERCEIRO VOLUME
7. Caderno Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Metodologias de Êxito
8. Caderno Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Rotinas e Práticas Educativas
O QUARTO VOLUME
9. Caderno Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Espaços Educativos
10. Caderno Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Gestão do Ensino e da Aprendizagem
O QUINTO VOLUME
11. Caderno Concepção do Modelo de Gestão - Tecnologia de Gestão Educacional
12. Caderno Escola da Escolha – Palavras Fáceis para Explicar Coisas que Parecem Difíceis
Cada volume concentra dois ou três cadernos com temas distintos para os quais existe uma lógica
para a leitura, tendo em vista que eles são interdependentes e se complementam entre si, embora
não exista uma hierarquização de conteúdos.
Orientamos, portanto, que a leitura seja iniciada pelo primeiro volume e assim sucessivamente. Em
alguns momentos, no entanto, é possível que a leitura seja alternada com consultas a outros
Cadernos ou mesmo que sejam feitas leituras dedicadas à medida que estes sejam citados.
O primeiro volume é a nossa “breve história de quase tudo desde o início”. Ele traz o Caderno
Memória e Concepção – Concepção do Modelo da Escola da Escolha, onde é apresentada a história
da criação do Modelo, de onde partiu a sua motivação, as dificuldades e oportunidades envolvidas, os
atores que fizeram parte e que contribuíram para a sua elaboração, bem como a evolução desde a
sua implantação no Ginásio Pernambucano em 2003.
Ainda neste volume, introduzimos os primeiros elementos de natureza conceitual do Modelo com o
Caderno Memória e Concepção – Conceitos, onde são apresentados os conceitos sobre temas
fundamentais que amparam o seu arcabouço teórico e filosófico. Ainda nessa linha, é apresentado o
Caderno Memória e Concepção – Educação Inclusiva, tema transversal à toda formação dos
estudantes e dos educadores e basilar neste Modelo, inclusivo por natureza.
Na sequência é apresentado o segundo volume e nele encontramos o marco teórico de uma das
duas estruturas do Modelo da Escola da Escolha, o Modelo Pedagógico.
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Sua leitura permanente e atenta é imprescindível para o domínio do Projeto Escolar que se materializa
na prática pedagógica. Está dividido em: Caderno Modelo Pedagógico - Concepção do Modelo
Pedagógico, Caderno Modelo Pedagógico Princípios Educativos e Caderno Modelo Pedagógico -
Eixos Formativos.
No terceiro volume são introduzidas as inovações concebidas para trazer do plano teórico-conceitual
as ideias elaboradas e dar-lhes corpo no Projeto Escolar a partir de um conjunto de definições que
seguem um currículo comprometido com a integralidade da ação educativa. Essa materialidade se
mostra nos Cadernos Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Metodologias de Êxito e Caderno
Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Práticas Educativas.
Ainda na sequência das inovações, é apresentado o quarto volume, onde encontramos uma leitura
própria do ICE sobre os espaços educativos da escola quanto a sua concepção, funcionalidade e
intenção pedagógica para o Ensino Médio. A percepção que trazemos sobre a interrelação entre a
Arquitetura e a Educação, bem como sobre a influência nos processos de ensino e de aprendizagem,
e por consequência no desenvolvimento de pessoas, é encontrada no Caderno Inovações em
Conteúdo, Método e Gestão – Espaços Educativos. Neste volume, também apresentamos as
inovações quanto à coordenação dos procedimentos, processos e instrumentos da gestão do ensino e
da aprendizagem anunciados no Caderno Inovações em Conteúdo, Método e Gestão – Gestão do
Ensino e da Aprendizagem.
O quinto volume traz o marco teórico da segunda estrutura do Modelo da Escola da Escolha: o
Modelo de Gestão. Aqui, a leitura dedicada e constante do Caderno Modelo de Gestão – Tecnologia
de Gestão Educacional é fundamental para o domínio do Modelo da Escola da Escolha na sua
integridade. Em especial, tem-se ainda mais clareza das relações estabelecidas entre o Modelo
Pedagógico e o Modelo de Gestão, e do quanto essas duas estruturas coexistem e se conservam
mutuamente. A primeira nu-
tre-se dos Princípios e Conceitos, além de instrumentos de planejamento e operacionalização da
segunda para transformar o trabalho pedagógico em resultados concretos, mensuráveis, sustentáveis
e perenes. A outra faz-se presente no diálogo pedagógico pelo profundo alinhamento conceitual e
filosófico que traz seus princípios de base humanista, e integra as tecnologias específicas da
comunidade escolar para transformar a visão e a missão da escola em efetiva e cotidiana ação.
O Caderno Escola da Escolha – Palavras Fáceis para Explicar Coisas que Parecem Difíceis encerra o
quinto volume. Ele é um Caderno “bem diferentão” porque não se encontra em nenhuma das
categorias acima (Memória, Pedagógico, Gestão, Inovação...). E o que ele é, afinal? Ora, ele é o que o
próprio nome diz: uma coleção de palavras essenciais para ajudar a compreender coisas muito
importantes, mas que da forma como são apresentadas parecem complicadas, mas, em essência, não
são. Além disso, traz também algumas referências teóricas fundamentais, linhas de pensamento e os
seus mestres, e uma ou outra organização cujos estudos são referências importantes para o ICE. A
vivência do Time ICE nas escolas brasileiras nos proporciona uma riqueza sem fim de situações sobre
as quais aprendemos muito. Trouxemos algumas dessas situações aqui porque elas se transformaram
em recomendações e são ilustrativas de elementos formativos do Modelo. Para nós, elas valem muito
pelo estatuto da experiência que carregam.
Bem-vindo à Escola da Escolha! Nela trabalhamos pelos mais importantes projetos brasileiros e,
certamente, os mais desafiadores e valiosos para a Equipe Escolar: os Projetos de Vida dos estudantes.
Bom estudo!
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Modelo
Pedagógico
Concepção do
Modelo Pedagógico
Novo Ensino Médio
Realização
PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães
CONSELHEIRO
Alberto Chinen
EQUIPE DE DIREÇÃO
Juliana Zimmerman
Liane Muniz
Thereza Barreto
CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Amália Ferreira
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Amália Ferreira e Rayssa Winnie
Edição de texto:
Revisão ortográfica:
Projeto Gráfico:
Diagramação:
2ª Edição | 2021
Esse é o Caderno Memória e Concepção – Concepção do Modelo Pedagógico. Nele você conhecerá
o marco lógico da concepção do Modelo Pedagógico da Escola da Escolha, seus fundamentos, sua
relação de interdependência com o Modelo de Gestão e os mecanismos de operação do currículo a
partir das perspectivas teórico-conceituais e metodológicas adotadas pelo Modelo. Conhecerá
também os elementos constituintes do Novo Ensino Médio na Escola da Escolha, as premissas para
a elaboração do currículo e a arquitetura dos Itinerários Formativos.
O Marco conceitual e filosófico da concepção do Modelo da Escola da Escolha foi definido por meio de
um conjunto de documentos a serem vistos detalhadamente neste Caderno.
Essa foi a base sobre a qual se estruturou o Modelo da Escola da Escolha e da qual advieram os
Modelos Pedagógico e de Gestão, seus Princípios, Metodologias, Práticas Educativas e instrumentos
para a gestão dos processos de ensino e de aprendizagem.
O Modelo viveu alterações importantes desde a sua concepção em 2003. Cada uma delas foi necessária
para se ajustar às transformações da sociedade e significou a expressão da maturidade adquirida pela
rica convivência com as escolas estaduais e municipais brasileiras, seus educadores, estudantes e
familiares – os legítimos protagonistas da implantação da Escola da Escolha.
Os estudos realizados pela sua equipe, bem como os conceitos amealhados nessas experiências,
permitem ao ICE a constante e necessária atualização do Modelo da Escola da Escolha nas suas
dimensões pedagógica e de gestão. Dessa maneira, estudos e referências foram incorporados ao
Modelo que foi ampliado e passou a ser oferecido nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
expandindo o seu campo de atuação antes restrito aos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Novo
Ensino Médio na Escola da Escolha.
O Modelo guarda fidelidade ao compromisso com uma educação que possibilita às crianças, aos
adolescentes e jovens as condições para que construam uma visão de si próprios no futuro e a
executem, valendo-se do protagonismo como mecanismo de ação mobilizadora de forças, talentos e
potencialidades para essa construção que se materializa como Projeto de Vida – tema que reside no
coração do Modelo da Escola da Escolha.
Nele apresentamos o Modelo Pedagógico, a memória da sua concepção, a transição do escopo inicial
para a definição dos Princípios, Eixos Formativos e a elaboração do currículo, seus fundamentos e
recursos para a sua operacionalização.
A Memória
UM POUCO DA HISTÓRIA
Apresentar o Modelo Pedagógico da Escola da Escolha implica, antes, considerar a memória da sua
concepção e o contexto no qual ela ocorreu.
É necessário fazer esse destaque para que não haja equívoco na leitura dos documentos
apresentados, tendo em vista que os termos então utilizados no Plano de Ação do Ginásio
Pernambucano, por exemplo, são diferentes daqueles que atualmente são utilizados nas Secretarias
de Educação e respectivas escolas onde o ICE atua e desenvolve o Modelo da Escola da Escolha. Desde
2003, o Modelo sofreu influências decorrentes do dinamismo das transformações da sociedade,
sofreu atualizações nas dimensões pedagógicas e de gestão e novos estudos e referências foram
incorporadas.
Tal como descrito no Caderno Memória e Concepção do Modelo, durante a 2ª fase da recuperação e
revitalização do secular Ginásio Pernambucano, caracterizada pelo reordenamento político-
institucional e pedagógico da escola, o ICE assumiu como premissa para a formulação do Modelo o
compromisso pleno e determinado com a integralidade da ação educativa, ou seja, educar é
assegurar uma formação para além da dimensão cognitiva.
Para o ICE essa integralidade foi concretizada porque foram eleitos como marco conceitual e
filosófico para a concepção do Modelo:
E, ainda, a definição como ideal formativo do Modelo, um jovem que ao final da Educação Básica
tenha:
- Primeiramente, o que nos dizem os Artigos 3º da Constituição Federal e 2º da LDB? Por que eles
foram eleitos pelo ICE? Como relacioná-los à integralidade da tarefa educativa assumida pelo ICE?
Eles foram eleitos por trazerem expressos ideais de homem e de sociedade alinhados ao ideal
antropológico da educação brasileira na mesma perspectiva ambicionada pelo ICE, os mesmos
preconizados por Anísio Teixeira, inspirados por John Dewey, uma das referências teóricas do Modelo
da Escola da Escolha.
Para compreendê-los, vamos relacionar o ideal de homem e sociedade expressos nestes artigos e
os meios da educação.
Para isso, é necessário considerar à luz dos cenários já apresentados como tarefa fundamental da
escola a formação de:
No início da década de 1990, a Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI da UNESCO
criou uma agenda de debates relacionando educação e sociedade.
Tinha em vista concepções e práticas pedagógicas frente ao nascimento do novo século, que
prenunciava a intensificação da oferta e meios para circulação de conhecimentos, armazenamento de
informações e comunicação. Naquela década, constituiu-se uma comissão composta por educadores
reconhecidos mundialmente que delinearam as trilhas pelas quais a educação deverá avançar neste
início de século, assumindo que (a educação) “(...) surge como um trunfo indispensável à humanidade
na sua construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social”. O relatório da Comissão,
intitulado ”Educação: um tesouro a descobrir”, de 1996, trouxe com força a reflexão e discussão em
torno da busca contínua “de uma concepção e de uma prática educacionais que revelem a todos o
valor do aprendizado ao longo da vida e possibilitem a emergência de todos os nossos talentos,
individuais e coletivos”
Nessa visão, a mensagem do relatório é clara quanto aos objetivos e finalidades da educação:
E, por fim, vamos compreender o que quer dizer o alinhamento político e conceitual dos três
documentos:
5. A percepção de que aquilo que uma pessoa se torna ao longo da vida depende de
duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez;
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O segundo documento, Códigos da Modernidade, foi concebido pelo filósofo Jose Bernardo Toro e
trata das competências e capacidades mínimas para participação produtiva do ser humano no Século
XXI.
Códigos da Modernidade:
Capacidades e competências mínimas para participação produtiva no século XXI
10. Trabalho em Equipe: saber cooperar e Esse foi o marco conceitual e filosófico que definiu a
formulação da proposta denominada: “O Ginásio
trabalhar em grupo.
Pernambucano no Século XXI” sobre a qual se
estruturou o Modelo da Escola da Escolha e da qual
advieram os Modelos Pedagógico e de Gestão, seus
Princípios, Metodologias, Práticas e instrumentos.
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Ginásio Pernambucano –
o protagonista brasileiro da Causa
O Ginásio Pernambucano, apresentado no Caderno Memória e Concepção do Modelo, foi o
privilegiado protagonista do movimento propositivo de mudanças e quebra de paradigmas iniciado em
virtude do engajamento em torno de uma Causa que mobilizou o poder público, a sociedade civil e a
iniciativa privada no início dos anos 2000, em Pernambuco.
Após a definição do marco conceitual-filosófico que orientaria o Modelo da Escola da Escolha em sua
completude ele foi o lugar da concepção, experimentação e validação das Metodologias, Práticas
Educativas, Práticas e Vivências em Protagonismo, instrumentos e processos da gestão do ensino e da
aprendizagem, bem como do Modelo de Gestão.
Esse protagonismo adveio, naturalmente, da missão que foi elaborada em seu primeiro Plano de Ação, após
a reabertura da escola e da configuração da Equipe Escolar e dos estudantes.
O marco conceitual e filosófico definido durante a 2ª fase da revitalização da escola, conforme descrito
no Caderno Memória e Concepção do Modelo, demarcava com clareza para a Equipe Escolar do
Ginásio Pernambucano a importância de assegurar mudanças no projeto de escolarização e formação
humana, indicando a necessidade de destacar valores para uma formação orientada na perspectiva
de um mundo complexo e criativo nas dimensões:
Especialmente em relação aos dramáticos resultados de aprendizagem dos estudantes que chegaram
ao Ginásio, revelados pelo Sistema de Avaliação do Estado de Pernambuco, a Equipe Escolar enfrentou
o desafio de modificação de um quadro alimentado na desesperança de um ciclo vicioso daquela
juventude em relação ao seu próprio futuro.
Corpo discente
a. Principal foco de resultados
b. Seus deveres:
Corpo docente
Que atue em três grandes frentes:
Famílias
Atuar como interlocutores e parceiros dos educadores escolares no marco de projeto pedagógico da
escola.
a. Metacognição
b. Conhecimento
c. Prática pedagógica
d. Práticas de gestão
Práticas e Vivências
As práticas e vivências deverão promover a educação para a vida (aprender a ser e aprender a conviver),
visando a aquisição de competências pessoais e sociais que envolvem o conhecimento de si mesmo,
a qualidade dos relacionamentos, a corresponsabilidade pelo bem comum, o associativismo, o
cooperativismo, o compartilhamento de resultados e a capacidade de autogestão, cogestão e
heterogestão.
O Ginásio Pernambucano, configurado como Centro de Ensino Experimental, foi modelado como
escola para desenvolver um conjunto de ações inovadoras, direcionadas à melhoria da oferta e
qualidade do Ensino Médio da Rede Pública do Estado de Pernambuco, contribuindo para a
implementação gradual de avanços nesse nível de ensino e assumindo a responsabilidade de
proposições de vanguarda, tendo destacadas do Plano de Ação sua Missão e Visão:
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O corpo discente foi composto por estudantes da rede estadual de ensino, por transferência realizada
a partir do preenchimento das 320 vagas disponibilizadas, obedecendo critérios de aceitação
incondicional ao regime de jornada ampliada de 40 horas semanais diurnas e comprometimento com
a execução do projeto político Pedagógico do CEEGP.
Nos anos seguintes, começou um amplo processo de expansão do Modelo, através de ações
integradas entre o ICE e instituições parceiras junto às Secretarias de Educação – municipais e
estaduais – apoiando a implantação nos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio,
atendendo assim todas as etapas da Educação Básica.
O “novo” Ginásio Pernambucano iniciou as suas atividades em 2004, atuando como o motor de um
vasto movimento de mudanças e transformações, onde paradigma se transformou num exercício que
levou cotidianamente a Equipe Escolar a romper com algo instalado e há muito consolidado nas práticas
e instalar o Modelo completamente novo.
Isso implicou em implantar novas culturas (do portão de entrada da escola à sala de aula!), em sair dos
lugares onde todos se sentem confortáveis, mas onde não necessariamente as coisas funcionam, e isso
valeu para todos, incluindo os estudantes e seus pais.
O Modelo foi concebido graças à visão estratégica dos parceiros e à integração de muitas forças. O
Ginásio Pernambucano cumpriu e realizou a sua missão, atuando como fonte de inovação em
conteúdo, método e gestão e cumpriu o seu papel como a primeira Escola da Escolha, atuando na
causa como fonte de vida para um novo jeito de ver, sentir e cuidar da juventude.
O Marco Lógico
1º MOMENTO
2º MOMENTO
3º MOMENTO
Para a operação do currículo desenhado, cabia definir um conjunto de estratégias para a sua
operacionalização. Havia clareza que um currículo repleto de complexidade (pela sua carga de
inovação) e ambição (pela visão e metas declaradas no Plano de Ação) demandaria um olhar muito
cuidadoso e estratégico na definição dos mecanismos para a sua operação.
Uma nova forma de organização e exploração dos ambientes e espaços da escola, criação de rotinas
colaborativas no cotidiano escolar, assim como a ampliação do tempo de permanência dos estudantes e
de toda a Equipe Escolar, foram algumas das estratégias eleitas, entre outras.
Essas três sequências ilustram a trajetória do marco lógico do Modelo Pedagógico e registram um
aspecto fundamental que equivocadamente é atribuído ao Modelo: que a ampliação da jornada escolar
para os estudantes e Equipe Escolar foi o ponto de partida para a sua concepção, a exemplo de outras
políticas públicas instituídas no Brasil, onde primeiramente se define o tempo de permanência e,
posteriormente, a arquitetura curricular. Aqui fica claro que o aumento do tempo de permanência foi
uma das estratégias para operar o currículo do Projeto Escolar inovador.
O Modelo Pedagógico
Um conceito
Por definição, o Modelo Pedagógico é o sistema que opera um currículo articulado por meio da Base
Nacional Comum Curricular e sua Parte Diversificada, considerando as diretrizes e parâmetros
nacionais e locais, por meio de inovações em conteúdo (sobre o que se ensinar enquanto aquilo que
tem sentido e valor), método (sobre como ensinar aquilo que tem sentido e valor) e gestão (sobre
conduzir processos de ensino e
Os fundamentos
No Caderno Memória e Concepção do Modelo apresentamos as bases do que posteriormente viria
fundamentar os Modelos Pedagógico e de Gestão. As inovações presentes nesses modelos não se
referem apenas aos seus conteúdos, mas em especial à forma como se integram e como gerem os seus
processos. Juntos, esses dois modelos dão sustentação ao Modelo da Escola da Escolha e apresentam-
se como estruturas indissociáveis, consideradas as suas especificidades: um modelo pedagógico eficaz
e um modelo de gestão comprometido com resultados.
Ela traz em sua centralidade a grande tarefa da escola: criar processos educativos organicamente
estruturados que assegurem ao estudante as condições para que ele inicie a construção do projeto
mais elaborado de sua vida: o seu Projeto de Vida.
Essa construção, obviamente, se dará em níveis muito distintos, considerando as etapas de ensino
onde se localiza o estudante e as suas necessidades de estímulos, visto que o desenvolvimento de
cada um não ocorrerá naturalmente, mas como consequência de um processo formativo estruturado
(Senge, 2005), conforme veremos a seguir na estrutura lógica do continuum do Ensino Fundamental
ao Ensino Médio na perspectiva da Escola da Escolha.
Nessa figura expressamos a ideia de que na escola devem ser providas as condições para a formação
do estudante – da criança, do adolescente e do jovem – assegurada no seu cotidiano por meio do
projeto escolar. Esse projeto escolar tem o seu Modelo Pedagógico fundamentado nos Princípios
Educativos e é operacionalizado pelo currículo cuja prática pedagógica se orienta pelos três Eixos
Formativos aqui apresentados.
A prática pedagógica na Escola da Escolha não ocorre apenas no nível da sala de aula, nessa Escola a
sala de aula não é tratada no seu sentido restrito, ou seja, os espaços educativos são os diversos
ambientes dotados de conteúdos educativos onde todos convivem e aprendem. Tendo isso em vista,
aqui consideraremos a prática pedagógica no seu
A Centralidade do Modelo
é o Jovem e o seu Projeto de Vida
Por que o jovem e a construção de seu Projeto de Vida são destacados nessa figura? Para que se
compreenda que a escola provê condições para a construção do Projeto de Vida do estudante em
várias dimensões e por intermédio de vários atores, ou seja, não apenas na sala de aula tal como a
conhecemos, não apenas nas aulas dos componentes curriculares e não apenas com o professor
habilitado nas respectivas licenciaturas. Essas condições são providas pela riqueza expressa nas
inovações em conteúdo, método e gestão, pelos processos pedagógicos e de gestão, bem como pela
competência, talento e dedicação de toda a Equipe Escolar que conjuga esforços para essa realização,
porque esse é o Projeto de Vida da Escola.
Essa figura expressa ainda a ideia de que o Modelo de Gestão (TGE) é a base na qual o Modelo
Pedagógico se alicerça para gerar o trabalho que transformará toda a “intenção educativa” em
“efetiva ação” traduzida em resultados tangíveis e mensuráveis.
Para o ICE, uma condição imprescindível para este posicionamento é constituir um jovem que ao final
da Educação Básica tenha formulado um Projeto de Vida como sendo a expressão da visão que ele
constrói de si em relação ao seu futuro e define os caminhos que perseguirá para realizá-la em curto,
médio e longo prazo.
Para que a escola responda a essa grande tarefa, seu currículo, suas práticas e processos educativos devem
assegurar à criança, desde os anos iniciais, até ao jovem, no Ensino Médio:
Para essa formação foram chamados inicialmente ao Modelo os Princípios: Protagonismo, Quatro
Pilares da Educação, Pedagogia da Presença e Educação Interdimensional. Ao dar forma ao Modelo da
Escola da Escolha para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, foram chamados os Princípios
Experimentação e Ludicidade.
O Protagonismo como Princípio, fundamenta o projeto escolar para que, na prática pedagógica, as
crianças, adolescentes e jovens desenvolvam suas potencialidades por meio de oportunidades
educativas nas práticas e vivências, sendo reconhecidos, envolvidos e tratados como fontes de
possibilidades, de conhecimentos, de atitudes e de experiências e não receptores ou porta-vozes
daquilo que os educadores dizem ou fazem em relação a eles e sobre eles. Os estudantes devem ser
tratados como fontes de iniciativa, porque devem ser parte da ação; de liberdade, uma vez que às ações
devem ser associadas as suas decisões; e de compromisso, na medida em que devem aprender a
responder pelo que decidem. É um Princípio com força e expressão no projeto escolar e que também
está presente sob a forma de Práticas e Vivências e Metodologia de Êxito (no Ensino Fundamental).
Conforme tratado no Caderno Princípios Educativos, os Quatro Pilares da Educação trazem uma ampla
concepção sobre educação, em que os pilares são as aprendizagens fundamentais para que uma
pessoa possa se desenvolver plenamente, considerando a progressão de suas potencialidades, ou seja,
a capacidade de cada um de fazer, crescer algo que traz consigo ou mesmo que adquire ao longo da
vida. As competências e habilidades relativas à aprendizagem dos Quatro Pilares apoiam a formação da
criança desde o Ensino Fundamental ao jovem no Ensino Médio na perspectiva da sua autorrealização e
plenitude que se busca com a construção de um Projeto de Vida – centralidade deste Modelo. O projeto
escolar orientado por essa perspectiva pressupõe a adoção de grande variedade de relações entre
essas competências e as áreas de conhecimento, bem como das Práticas e Vivências em Protagonismo,
podendo oferecer aos estudantes um campo vivo de experiências dessas aprendizagens ou pilares,
porque são amplas as suas possibilidades.
A Educação Interdimensional atua muito proximamente aos Quatro Pilares da Educação e é um dos
Princípios eleitos devido ao seu profundo alinhamento ao marco conceitual e filosófico do Modelo. O
Art. 2º da LDB, uma das referências desse marco, traz: “A Educação (...) tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do estudante, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. Ao mencionar desenvolvimento pleno, há que se refletir sobre o seu significado. O que é
uma formação plena? Uma escolaridade completa? Para o Profº Antonio Carlos Gomes da Costa, uma
formação plena é aquela que cria as condições para o desenvolvimento das potencialidades do
estudante. Todos nascem com um potencial e têm o direito de desenvolvê-lo, mas, para tanto, há que
se assegurar oportunidades para além daquelas consideradas primárias como saúde, segurança,
moradia e alimentação – básicas, mas não suficientes para desenvolver potencialidades. As únicas
oportunidades que verdadeiramente desenvolvem o potencial do ser humano são as oportunidades
educativas e, nesse sentido, falamos
A Experimentação é um Princípio que fortalece a afirmação sobre a importância das relações sociais
no desenvolvimento infantil. É pela experimentação sobre e do mundo que se aprende (Dewey, 2011).
A base do desenvolvimento da criança está na vida social e os conhecimentos, num espectro mais
amplo, são construídos quando ela está em contato com a realidade do mundo e não apenas quando
lhe é possibilitada acionar recursos cognitivos. Esse princípio orienta o projeto escolar nos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental e educadores que têm sua prática pedagógica orientada por esse Princípio
contribuem fortemente na formação do protagonista. Isto porque a experimentação é a base do
universo da criança que se constitui como ser pró-social; favorecem a vivência de situações onde as
crianças serão geradoras de soluções para problemas reais, valorizando suas alternativas, estimulando
a criatividade e o interesse pela busca de respostas.
São três os Eixos Formativos: Formação Acadêmica de Excelência, Formação para a Vida e Formação
de Competências para o Século XXI. Sem distinção, os três Eixos referem-se às modelagens da Escola
da Escolha para os Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, bem como para o Ensino Médio.
Igualmente sem distinção, eles não concorrem entre si, mas coexistem. Um não se sobrepõe ao outro
porque os três são imprescindíveis para a formação do jovem que constrói um Projeto de Vida.
Ainda, uma prática pedagógica orientada por esse Eixo Formativo também assegura que o currículo
seja configurado pela absoluta integralidade da articulação entre a Base Nacional Comum Curricular
e a Parte Diversificada no conjunto das inovações do Modelo da Escola da Escolha, sempre com a
finalidade do seu enriquecimento, aprofundamento ediversificação. Para tanto, a gestão do currículo,
a partir de seu monitoramento, é uma parte imprescindível do fazer pedagógico.
A Formação para a Vida objetiva ampliar as referências do estudante aos valores formados ao longo
de sua vida nos diversos meios com os quais interage e que contribuirão para uma sólida base em sua
formação.
Ao orientar a prática pedagógica, esse Eixo cria condições para uma formação onde o estudante
constitui e amplia o seu acervo de valores, conhecimentos e experiências - condição fundamental para
o processo de escolhas e decisões que o acompanhará em sua vida em todas as suas dimensões:
pessoal, social e produtiva.
Esses Eixos Formativos foram eleitos porque, juntos, são essenciais desde os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental para a formação da criança no atendimento das suas expectativas de aprendizagem dos
conteúdos e habilidades fundamentais em cada disciplina, ao jovem que concluirá o Ensino Médio, no
auge das decisões típicas desse nível de ensino; para a aquisição, fortalecimento e consolidação de
valores e ideais e da capacidade de fazer escolhas sensatas para uma vida equilibrada na construção
de uma sociedade próspera, fraterna e justa; e para a formação de um conjunto ampliado de
competências e habilidades que criam condições para que os estudantes lidem com as próprias
emoções, com a capacidade de conviver e se posicionar no mundo de maneira colaborativa e
propositiva, entre outros.
A grande tarefa educativa da Escola da Escolha é criar as condições para a construção do Projeto de
Vida do jovem, cujo processo estreou na infância dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental ainda nas
suas primeiras aquisições e experiências.
Na evolução dos anos e níveis de ensino evidencia-se que um Projeto de Vida não se constrói sem a
presença de qualquer um dos Eixos. Simplesmente não pode haver Projeto de Vida sem Formação
Acadêmica de Excelência, porque não há cidadania sem domínio da língua materna ou dos números
e das operações matemáticas, apenas para citar elementos primários. Assim como não há Projeto de
Vida na formação de um brilhante Engenheiro calculista de estruturas se, de maneira indiferente, ele
toma decisões sobre a indicação de vigas ou colunas e põe em risco a vida das pessoas numa projeção
de futuro. Ou, ainda, um excelente advogado dotado de grande saber jurídico, de valores e atitudes
de não indiferença em relação ao seu entorno, mas que não consegue estabelecer nem manter laços
com as pessoas com as quais convive no seu meio social ou produtivo porque não sabe lidar com
opiniões contrárias às suas. Não é um exemplo de alguém que conseguiu desenvolver as competências
e habilidades para a construção de um Projeto de Vida.
Assim, os Eixos Formativos orientam a prática pedagógica tanto no âmbito do currículo, dos
componentes curriculares, do planejamento das aulas, da seleção dos conteúdos, temas, atividades,
estratégias, recursos e/ou procedimentos didáticos, quanto das práticas que se processam na
dimensão mais ampla do contexto escolar.
O Modelo pedagógico chega “ao chão da escola” por meio de um currículo integrado pelos seus
componentes curriculares, conteúdos, temas, orientações didáticas e procedimentos diversos que
favorecem aos estudantes a vivência de atividades dinâmicas, contextualizadas e significativas nos
diversos campos das ciências, da arte, das linguagens e da cultura corporal. Juntos, exercem o papel
de agente articulador entre o mundo acadêmico, as práticas sociais e a trajetória para construção dos
Projetos de Vida dos estudantes, considerados aqui os distintos níveis de ensino.
Assim, desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, essa formação considera o
estudante e suas circunstâncias como sendo o alvo a partir do qual e para o qual o Projeto Escolar se
constrói e se estabelece sob a forma das relações entre o currículo, suas práticas pedagógicas e de
gestão.
O Projeto Escolar assegura o foco no estudante quando suas ações convergem para atender as
necessidades, expectativas e ambições dos estudantes, expressas e alinhadas no Plano de Ação.
Conforme veremos no Caderno Projeto de Vida e um pouco mais detalhadamente no Caderno
Modelo de Gestão, não se trata de afirmar que a escola exista para realizar diariamente os desejos
individuais e focais dos estudantes ou que o seu Plano de Ação se limite à meta de aprovar uma
porcentagem pré-estabelecida de estudantes em determinados cursos ou certa taxa de
empregabilidade em um setor produtivo.
O foco dos profissionais da escola e, consequentemente, de suas práticas têm de ter materialidade,
possuir “nome e sobrenome”. Não pode ser abstrato, tem que “ser”, tem que “existir”, tem que
“ocupar espaço”. Nesse caso, o foco é o estudante a quem os educadores servem com sua dedicação,
suas competências técnicas, seu tempo, talento, sua experiência, maturidade, conduta profissional e
exemplo.
A discussão sobre currículo é extensa, pois envolve diferentes teorias sobre conhecimento e visão de
mundo e sociedade. A Profª Guiomar Namo de Melo apresenta uma concepção objetiva, porém não
reducionista, de que currículo é tudo aquilo que uma sociedade considera necessário que os
estudantes aprendam ao longo de sua escolaridade.
Conforme apresentado em “Os sinais dos tempos” no Caderno Eixos Formativos, torna-se cada vez
mais evidente que viver, atuar no mundo produtivo de maneira responsável, ter autonomia para
tomar decisões, manejar a informação cada vez mais disponível, ser colaborativo e proativo, e ser
capaz de gerar soluções para problemas que sequer ainda somos capazes de imaginar, demanda do
ser humano outra condição que não a acumulação de conhecimentos. As competências exigidas neste
século e as habilidades socioemocionais tornam-se muito mais valiosas do que o conhecimento
desinteressado da escola do passado sobre o qual os estudantes não conseguem atribuir sentido nem
significado.
O Modelo da Escola da Escolha para os Anos Iniciais e Anos Finais do Ensino Fundamental e para o
Ensino Médio considera a criança, o adolescente e o jovem, respectivamente, em sua integralidade,
sendo o desenvolvimento das dimensões pessoal, social e produtiva essenciais para a sua formação.
A centralidade do Modelo da Escola da Escolha reside num jovem que ao final da Educação Básica
tenha se constituído como autônomo, solidário e competente e, portanto, tenha construído as bases
do seu Projeto de Vida. Ao tratar do estudante nessa fase da escolaridade, o Modelo revela a
necessidade de situá-lo diante de um continuum por meio do qual ele deverá encontrar as condições
essenciais para o desenvolvimento de múltiplas competências e o domínio de suas respectivas
habilidades.
Continuação
Introdução
Projeto
de Vida
Conexão n
ais
E ns Inici
ino F os
undame tal - An
Ens
ino
Funda
Consolidação mental - A os Finais
EnsinoMéd
io
ETAPA INTRODUÇÃO
A entrada dos estudantes nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é mais um momento de
transição em sua vida. Ela pode representar seu primeiro contato com o ambiente escolar ou a
mudança da Educação Infantil para uma etapa formativa mais sistematizada e que possa tanto
imprimir muitas novidades e desafios, como inseguranças e ansiedades.
De acordo com orientações do MEC (Lopes, 2010), este processo de alfabetização e letramento
tem iní cio nos primeiros anos do Ensino Fundamental, devendo o processo de aprendizagem
estar adequado ao
Considerando que a criança possui uma maneira diferenciada de organizar seu pensamento,
nesta idade ela caminha para deixar seu pensamento infantil voltado para o imaginário e
direciona-se para inaugurar novas formas de relacionar-se e fazer-se no mundo concreto. Um
ponto importante a ser ressaltado é que a criança do tempo presente carrega expressões das
suas vivências anteriores. Os adultos, em todos os estágios da constituição infantil, cumprem
uma função essencial na mediação para a construção dos ideais, dos valores, da noção de ética
e da moral para a vida em sociedade.
Aqui cabe descrever brevemente o percurso do desenvolvimento infantil que deve influenciar
as práticas pedagógicas no Ensino Fundamental.
Além do desenvolvimento cognitivo, a criança que está sendo inserida no meio escolar amplia
seu campo de atuação e aos poucos vai tomando parte em diferentes tipos de grupos, times
e turmas, indo além de seu núcleo familiar. Fazer parte de um time exige lealdade e empenho,
e esses são construí dos, através das relações sociais.
Neste processo, é importante que a criança, pela riqueza de atividade intelectual que possui,
Para Buber (2006), o ser humano se constitui na relação com outro ser humano, sendo que
não há existência sem comunicação e diálogo. O homem nasce com a capacidade de inter-
relacionamento (intersubjetividade) que envolve o encontro e a responsabilidade.
Nesta fase, a criança apresenta todas as caracterí sticas necessárias para empreender as
novas aprendizagens e desafios do mundo escolar, ou seja, ela dispõe da capacidade de
esperar, de tolerar frustrações, de expressar sentimentos de empatia, de aceitação de regras
e de investimentos afetivos fora de seu núcleo familiar.
Os educadores e o ideal escolar compartilharão parte do lugar ocupado pelo ideal parental, o
que demonstra a escala da sua importância. Isso exige que a criança seja escutada em suas
necessidades de trocas afetivas e atendimento da sua curiosidade a respeito do mundo para
que o conhecimento seja transmitido, aprendido de forma prazerosa.
O iní cio da experiência escolar está associado ao desejo de produzir algo, de ser e sentir-se
capaz de aprender e de se inserir no grupo social. Na escola, a criança começa a aprender a
fazer coisas de forma cooperativa, a se envolver em tarefas reais, não substituindo o seu
desejo e necessidade de brincar, de viver seu mundo imaginário, porém, é o perí odo
apropriado para o letramento, a escrita e o cálculo.
Estudos de Peter Senge (2005) demonstram que por volta dos 7 anos há uma convergência
nas áreas da diferenciação cerebral, comportamento e maturação. E, a partir disso,
A criança que inicia o Ensino Fundamental necessita de meios para canalizar suas energias, e
a escola é muito importante para oferecer a ela o senso de conquista, o sentimento de sucesso,
preparando-a assim para o futuro, qualquer que seja esse tempo.
ETAPA CONEXÃO
Aos 10 anos, encerrando os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a criança estará preparada
para realizar a passagem para uma nova etapa em sua trajetória formativa, e o percurso nos
primeiros anos de vida no universo escolar contribuiu para o desenvolvimento de
competências e habilidades necessárias para a continuação dos estudos em direção a novos
estí mulos, desafios e aprendizagens.
É um momento de grande equilí brio na sua evolução, embora seja uma etapa de transição.
Observa-se nesta fase uma maior amplitude de gostos e interesses que se manifestam em
diversas situações no seu âmbito pessoal, familiar e social.
Ao final do 5° ano o adolescente está mais familiarizado com seus processos de aprendizagem
e seu modelo mental e já tem uma visão a respeito daquilo que vai aprender. Apresenta bom
desenvolvimento de seu domí nio pessoal, estando mais seguro para fazer escolhas e a
participar de projetos, pois já possui competências para, junto a outros estudantes, criar um
plano e executá-lo. A capacidade de autoavaliação e avaliação dos amigos também está em
pleno desenvolvimento. Quando há avaliação, é estimulado a avaliar na perspectiva de
valorização das qualidades e da busca de estratégias para solucionar as dificuldades e
conflitos.
ETAPA CONTINUAÇÃO
Dando continuidade aos seus estudos, a criança ingressa nos Anos Finais do Ensino
Fundamental e possui agora estruturas cognitivas que a colocam em condições de dialogar
com os conteúdos escolares aprofundando seu protagonismo na relação com o saber.Amplia
suas competências sociais e possui um novo ní vel de atuação com redes de relacionamento
mais complexas, com possibilidades de conquistar muitas amizades, muitos professores
passam a fazer parte do seu universo mais amplo.
À medida que caminha para o Ensino Médio, passa a experimentar os papéis variados que a
adolescência apresenta e, como um protagonista, passa a expressar suas próprias suposições,
valores, esperanças e sonhos.
A sua competência cognitiva está mais ampliada e um conjunto de habilidades de raciocí nio mais
desenvolvido, como arsenal de capacidades para resolução de problemas e habilidades reflexivas
(Senge, 2005). A criança, neste momento, tem consciência dos seus domí nios sociais mais
abstratos, explora objetivos pessoais, mas está mais apta, também, a trabalhar em projetos de
cocriação, com divisão de tarefas e responsabilidades, estando ciente da necessidade de
promover a justiça e cooperação. Vale salientar que as capacidades são potenciais para todos, mas
se realizam de forma diferente para cada um, dependendo do ambiente externo, de cada perfil e
das oportunidades a que for exposto para usufruir.
Durante a adolescência, experimenta um expressivo “salto cognitivo” que torna mais fácil para
ele compreender e raciocinar sobre o mundo à sua volta. É durante este perí odo que a maioria
se torne capaz de distinguir a realidade objetiva da realidade subjetiva. Ele reconhece que nem
sempre a aparência representa a realidade, compara seus próprios pensamentos, sentimentos
e experiências com seus pares e esse processo leva eventualmente à formação de visões e
opiniões independentes.
ETAPA CONSOLIDAÇÃO
No Ensino Médio o jovem interessa-se naturalmente em desenvolver uma visão pessoal sobre
a trajetória que seguirá ao concluir a Educação Básica, sendo provocado a refletir,
Em seu desenvolvimento cognitivo, o jovem já possui um raciocí nio mais maduro e habilidades
expandidas com base em experiências e vivências. Possui uma visão de mundo mais ampla e
aberta a perspectivas variadas. Está em constante aprendizado, desenvolvendo o seu domí nio
pessoal e um conjunto mais complexo de habilidades sociais e emocionais.
O caminho para a consolidação de sua formação e de sua identidade adulta passa pelo
desenvolvimento de questões imprescindí veis: criar uma visão de si próprio no futuro, escolher
uma carreira, preparar-se para realizar a sua independência econômica, consolidar um conjunto
de valores pelos quais se guiará nas decisões que continuará a tomar em sua vida.
Quando os jovens não sabem o que desejam criar para si próprios, o processo formativo vivido
na escola não parece ter sentido. Quando, ao contrário, têm clareza sobre suas visões de
futuro, a educação assume um lugar destacado nessa formação. A escola, nesse sentido,
assume lugar de extrema importância e significado em sua vida. Com o Novo Ensino Médio
da Escola da Escolha, enfatiza-se e materializa-se com mais clareza o atendimento às
expectativas do jovem a partir dos diversos apoios oferecidos pelo Projeto Escolar em sua
arquitetura curricular e nos papeis desempenhados pela Gestão, Coordenadores e
professores.
O detalhamento e aprofundamento das inovações podem ser estudadas com atenção nos
seus respectivos Cadernos de Formação.
As inovações não estão linearmente distribuí das nas três etapas de ensino, mas presentes de
acordo com a sua indicação e adequação, como pode ser observado na leitura e estudos dos
Cadernos, bem como na figura acima.
• Acolhimento
• Roda de Conversa
• Tempo de Harmonização
Rotina
• Hora de Cuidar
• Ritos de Passagem
• Recreio de Possibilidades
Corpo Mente e Movimento • Hora do Jogo
• Brincadeiras Populares
Tecnologia e Comunicação
• Clube de Protagonismo
Vivência em Protagonismo
• Lí deres de Turma
A seguir, apresentamos uma ilustração que representa o Modelo da Escola da Escolha. Ele é
configurado por dois “braços”: um Modelo Pedagógico, fundamentado em 6 Princí pios
Educativos e cuja prática pedagógica é orientada por 3 Eixos Formativos; um Modelo de
Gestão fundamentado em 3 Princí pios, um conjunto de 5 conceitos e 2 instrumentos que
compõem a sua dimensão de planejamento e operacionalização. Na escola, o Modelo é
materializado por meio de um conjunto de inovações em conteúdo, método e gestão que
pode ser representado pelas Metodologias de Êxito, Práticas Educativas, Espaços Educativos e
pelos elementos da Gestão do Ensino e da Aprendizagem.
O Ensino Médio, conforme definido na Lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDB (BRASIL, 1996) é a “etapa conclusiva da Educação Básica”. As Diretrizes
Curriculares Nacionais (BRASIL, 2012) compreende a “juventude como condição sócio-
histórico-cultural de uma categoria de sujeitos que necessita ser considerada em suas
múltiplas dimensões, com especificidades próprias que não estão restritas às dimensões
biológica e etária, mas que se encontram articuladas com uma multiplicidade de
atravessamentos sociais e culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas
juventudes” (p. 155). É uma visão plural de juventude, em permanente transformação e
protagonista da sua inserção no mundo, que permanece nas atuais discussões e diretrizes
nacionais na medida em que somos convidados pela Base Nacional Comum Curricular a
construir uma proposta de educação que atenda aos desafios da juventude na
contemporaneidade.
Apenas o domí nio do conhecimento acadêmico não basta para preparar os jovens na superação dos
desafios e na fruição das oportunidades do mundo contemporâneo. Para efetivamente se
posicionarem no mundo, eles precisam aprender o que fazer com o conhecimento e as informações
que adquirem. Devem usá-los para criar coisas novas e úteis para a humanidade, criar formas para
comunicar o que aprenderam, trabalhar junto a outras pessoas e construir algo, mesmo que tenham
modelos mentais, formação acadêmica, perspectivas de mundo, personalidade e temperamentos
diferentes.
Nessa perspectiva objetiva, é necessário que os jovens consigam usar o que aprendem na vida e essa
habilidade de aplicar o que sabe - seja em circunstâncias da vida real, seja compartilhando
conhecimentos com outras pessoas, os apoia no desenvolvimento das competências necessárias
para viver no século XXI.
A Escola da Escolha é um Modelo de perspectiva ampla e enxerga o desenvolvimento cognitivo,
motor, emocional, social, moral e afetivo como parte fundamental da valiosa construção humana que
leva o jovem à condição de um sujeito que num futuro bem próximo, se encontrará na construção do
seu Projeto de Vida, fazendo escolhas e executando-as.
Alinhado às expectativas de formação da juventude contemporânea desse século, o ICE incorporou
os elementos teórico-conceituais e legais do Novo Ensino Médio aos conhecidos e consolidados
elementos da Escola da Escolha na perspectiva de responder às intensas transformações sociais que
são caracterí sticas da contemporaneidade.
Nessa perspectiva, as novas orientações para a oferta do Ensino Médio junto às redes públicas
parceiras com as quais o ICE atua são aqui apresentadas para colaborar com o processo formativo
continuado das Equipes Escolares.
1 ARENDT, Hannah. A crise na educação: III e IV. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972.
COMEÇAMOS ASSIM...
Um novo desenho para o Ensino Médio na Escola da Escolha tem sua origem datada em 2013. Sua
longa trajetória se inicia internamente no ICE e em alguns fóruns de debate com especialistas que
naquele momento se questionavam sobre os caminhos possí veis para o Ensino Médio na expectativa
de melhoria nos í ndices educacionais brasileiros. Desde então, as Diretorias Pedagógica e de Gestão
do Instituto iniciaram os seus estudos com vistas à elaboração de uma proposição curricular que,
alinhada aos pressupostos teóricos e metodológicos da Escola da Escolha, pudesse se configurar e
se consolidar como uma alternativa viável.
Assim como para muitos cidadãos e instituições, parte das nossas expectativas também não se
confirmaram quanto à concepção geral em virtude de não identificarmos expressivos avanços no
desejado rompimento com o tradicional currí culo acadêmico, enciclopédico e empilhado de
disciplinas e conteúdos, desprovidos de sentido e significado, sem abertura e diálogo para itinerários
formativos variados, de natureza acadêmica ou profissional apropriados a distintos perfis em virtude
da diversidade de interesses que os jovens trazem consigo ao ingressar no Ensino Médio. Além disso,
inicialmente vimos com preocupação a limitação em 1.800 horas dedicadas aos componentes da
Base Nacional Comum Curricular nas escolas que oferecem educação integral. No entanto, a clara
inversão entre a oferta dos componentes da BNCC e da Parte de Formação Diversificada findou por
gerar a oportunidade de ampliar ainda mais as possibilidades de diversificação, flexibilização e
aprofundamento como caracterí sticas notadamente marcantes do Novo Ensino Médio.
Em meados de 2018, com a instituição do Novo Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular,
criou-se a oportunidade de aproximar o Brasil do que outros paí ses já realizam para assegurar uma
educação de qualidade à sua população juvenil considerada no contexto dos desafios do Século XXI.
Naquele momento, as Diretorias Pedagógica e de Gestão dedicaram tempo a uma leitura mais
sistemática e profunda dos documentos existentes e, de forma estruturada, iniciou a concepção de
um plano de implementação da Escola da Escolha à luz do Novo Ensino Médio, contemplando as suas
diretrizes, leis, resoluções e orientações publicadas pelo Ministério da Educação.
Para essa elaboração, além das leituras e discussões, foram realizados exercí cios com o time de
colaboradores do Instituto para identificar a existência de alinhamento conceitual entre os Princí pios,
Eixos Formativos e componentes curriculares da Parte de Formação Diversificada do Modelo da
Escola da Escolha e os referidos documentos relativos à BNCC e o Novo Ensino Médio. Esse exercí cio
foi gerado a partir de duas perguntas:
A declaração acima se justifica e nos anima na perspectiva dos benefí cios esperados e que deverão
superar os resultados insuficientes do atual sistema dessa etapa de ensino.
Identificamos convergências importantes entre o que o Novo Ensino Médio traz e o que a Escola da
Escolha produz. Além disso, a flexibilização – caracterí stica importante do Novo Ensino Médio –,
contribuirá ainda mais na atribuição de sentido, significado e objetividade aos processos educativos
por meio das inovações trazidas pela organização curricular e consequente preparação dos
estudantes de acordo com os seus interesses.
Essa compreensão se fundamenta numa leitura sobre o Ensino Médio brasileiro que, adaptado do
modelo francês no iní cio dos anos 40, fez poucas alterações na sua concepção deste então. Ele tem
sido reconhecidamente incapaz de atender aos objetivos educacionais da população juvenil de forma
minimamente adequada. É obsoleto, antiquado e chato.
As mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio contribuem para o enfrentamento do gargalo estrutural
dessa etapa de ensino que apresenta excesso de conteúdo, além de tudo ser obrigatório o tempo todo
e para todo mundo.
O Novo Ensino Médio traz a proposição de um currí culo flexí vel, como ocorre na imensa maioria dos
paí ses com os maiores indicadores de desenvolvimento humano e educacional. Na Alemanha,
Finlândia, Cingapura, Inglaterra e Austrália, o Ensino Médio é diversificado e se flexibiliza quando os
estudantes fazem 15 anos e ingressam nessa etapa de ensino.
O modelo adotado no Brasil, só existe aqui e a maioria dos estudantes não aprende e não encontra
sentido no que estão estudando. As mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio devem permitir que os
estudantes escolham as áreas de estudo e aprofundamento que querem seguir, o que faz sentido para
eles e faz da formação técnica e profissional uma das possí veis áreas de formação, deixando de ser,
como até agora, um curso adicional, onde para obter essa certificação, o estudante tem que enfrentar
mais dois anos de estudo ou frequentar aulas em dois turnos, exceto nas Escolas da Escolha
implantadas com oferta de educação profissional cuja malha ainda é pequena.
Desse modo, ao longo dos anos, além de não diversificarmos a oferta de Ensino Médio, interpretamos
equivocadamente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aumentando a carga de conteúdos
obrigatórios e exterminando as possibilidades de diversificação trazidas pela Lei (Parágrafo 2 do Artigo
35 e Parágrafo 3).
O Novo Ensino Médio é uma alternativa que começa a nos aproximar da solução encontrada por outros
paí ses que avançaram quando criaram trajetórias diversificadas para os jovens nessa etapa de ensino.
A Inglaterra fez a sua reforma no iní cio dos anos 90, seguida pela Austrália. A Alemanha e o Canadá
oferecem uma formação técnica bastante robusta e qualificada. Em todos esses paí ses, há espaço
para a flexibilização no Ensino Médio. Apenas no Brasil há um só tipo de oferta e um só tipo de currí culo
para todo mundo, embora sejam muitos os jovens e ainda mais diversos os seus interesses.
Certamente não será possí vel resolver todos os problemas históricos do Ensino Médio brasileiro em
curto prazo, mas a reforma tornou-se urgente e se torna crí tica a cada dia, basta observar os dados
que a seguir apresentamos e o relógio que não para de se movimentar.
O sociólogo brasileiro Simon Schwartzman, em sua análise objetiva sobre o Ensino Médio brasileiro,
afirma que “... o Brasil não só não diversificou seu sistema de ensino médio, como, em uma
interpretação enviesada da Lei de Diretrizes e Bases, aumentou cada vez sua carga de conteúdos
obrigatórios, e eliminou as possibilidades de diferenciação que a lei permitia. De fato, a LDB, no
parágrafo 2 do artigo 35, estabelece que “o ensino médio, atendida a formação geral do educando,
poderá prepará-lo para o exercí cio de profissões técnicas”, e, no parágrafo 3, que “os cursos do ensino
médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos”. No entanto, a legislação
tem sido interpretada como havendo somente uma modalidade de ensino médio, de tipo geral,
deixando a formação profissional (com a denominação de “educação técnica”) como uma qualificação
adicional, a ser obtida de forma integrada, concomitante ou subsequente. Este entendimento é
claramente atí pico, fazendo da educação média brasileira uma anomalia em termos internacionais”.
A homogeneização que vemos na educação brasileira deteriora a oferta de uma educação para a
formação de indiví duos criativos, propositivos e transformadores que diante dos gigantescos desafios
e oportunidades deste século, se tornam seres humanos cada vez mais imprescindí veis.
A urgência para olharmos e cuidarmos do futuro é inegável e está atrasada. Isso se reflete de muitas
maneiras nos dados que observamos. Não é aceitável que tenhamos milhões de jovens fora do Ensino
Médio, não porque não se matricularam, mas porque desistiram de estudar porque a escola é
irrelevante em suas vidas, porque ela nada acrescenta, porque não tem sentido nem significado em
suas vidas. Dos que terminam, menos de 10% dominam minimamente português e matemática.
O desempenho dos estudantes brasileiros é dramático e não varia significativamente ao longo dos
anos. Em 2018, os resultados do PISA apresentaram pontuação abaixo da média dos paí ses da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em áreas como leitura,
matemática e ciências. Apenas 2% dos estudantes2 tiveram os ní veis mais altos de proficiência em
Analisemos o seguinte cenário: em 2000, dois milhões e quinhentas mil crianças nasceram no Brasil.
Dessas, apenas um milhão e seiscentas mil concluí ram o Ensino Médio e apenas 144 mil dominam o
esperado em matemática.
É um quadro alarmante em termos nacionais, mas ainda assim, os resultados da avaliação mais recente
revelam boas notí cias, ainda que nossas conhecidas preocupações permaneçam. Em 2019, o IDEB
cresceu em todos os estados brasileiros em comparação a 2017, embora não tenha sido suficiente para
atingimento da meta prevista para 2019.4
NÃO EXISTE MILAGRE: O FRACASSO DO ENSINO MÉDIO TAMBÉM RESIDE NA BAIXA QUALIDADE
DO ENSINO FUNDAMENTAL
• gestores escolares indicados por critérios que não são técnicos em 74% dos municí pios;
• alta complexidade da transição dos anos iniciais para os anos finais do Ensino Fundamental, e
dos Anos Finais para o Ensino Médio onde encontramos cerca de 30% de reprovação, para
citar algumas.
É preciso reconhecer a urgência dos problemas e aprender com as iniciativas de sucesso
reconhecidas no Brasil, valorizando os seus avanços, assim como nos outros paí ses que já fizeram
as suas lições e nos quais a profissão de professor é atrativa e tem reconhecimento social; a sua
formação integra teoria e prática (como acontece nos cursos de Medicina); há um currí culo claro e
material didático alinhado com esse currí culo e os professores não destinam o precioso tempo de
suas aulas para assegurar que haja disciplina na sala.
No entanto, se consideramos uma leitura mais ampliada desse cenário, reconhecemos que para isso,
é preciso ainda: entender os grandes números e o que significam; oferecer melhor formação e
incentivo à carreira de professor; fortalecer a sociedade para que reaja aos riscos da descontinuidade
de polí ticas públicas já consolidadas e trabalhar fortemente para que as escolas sejam
suficientemente atraentes e ofereçam um currí culo com sentido para os estudantes e um projeto
escolar que agregue valor às suas vidas.
Mas, voltemos aos estudantes para quem os números não são favoráveis e para quem as recentes
reformas como a BNCC e o Novo Ensino médio se destinam.
Os resultados do PISA 20185 nos mostram que os í ndices estão estagnados desde 2009.
Cerca de 50% dos estudantes brasileiros com 15 anos alcançaram pelo menos o Ní vel 2 de
proficiência em leitura6. Isso significa que eles conseguem identificar a ideia central em um texto de
tamanho moderado e podem refletir sobre o propósito e a forma dos textos, quando explicitamente
orientados a fazê-lo. Por outro lado, apenas 2%7 dos estudantes obtiveram melhor desempenho em
5 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aní sio Teixeira (Inep) é o responsável pela aplicação do PISA no Brasil. Em 2018, foram mobilizadas 597
escolas públicas e privadas, totalizando 10.961 estudantes selecionados de forma amostral, dentro de um universo aproximado de 2 milhões de estudantes.
https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/documentos/2019/relatorio_PISA_2018_preliminar.pdf Acesso em 22 de dezembro de 2020.
6 Contra 77% da média dos demais paí ses da OCDE.
7 Contra 9% da média dos demais paí ses da OCDE.
leitura e alcançaram o Ní vel 5 ou 6 e são capazes de compreender textos extensos e conceitos
abstratos e conseguem estabelecer distinções entre fato e opinião, com base no conteúdo ou fonte
da informação.
Em matemática, cerca de 30%8 dos estudantes com 15 anos alcançaram o Ní vel 2 e conseguem
interpretar e reconhecer como uma situação pode ser representada matematicamente, a exemplo
da comparação da distância total entre duas rotas alternativas. Por outro lado, apenas 1% dos
estudantes brasileiros conseguem modelar situações complexas matematicamente e sabem como
selecionar, comparar e avaliar estratégias apropriadas para resolução de problemas. Quase 70% dos
estudantes não possuem ní vel básico de matemática.
Encontramos um número maior de estudantes que alcançaram o Ní vel 2 em Ciências, ou, seja, cerca
de 45%9. Eles reconhecem a explicação correta para fenômenos cientí ficos familiares e podem usar
esse conhecimento para identificar, em casos simples, se uma conclusão é válida com base nos
dados fornecidos. Mas, assim como em Matemática, apenas 1%10 dos estudantes conseguem aplicar
de forma criativa e autônoma seus conhecimentos sobre ciências em uma ampla variedade de
situações, incluindo as não familiares. Quase 55% dos estudantes dominam minimamente o
conhecimento das Ciências Naturais.
Nossos estudantes, aos 15 anos, pontuaram abaixo da média dos paí ses da OCDE em leitura,
matemática e ciências. As meninas superaram os meninos em leitura e foram superadas pelos
meninos em matemática. Em ciências, meninas e meninos tiveram desempenho semelhante.
Já vivemos 1/5 do século XXI e no Brasil, apenas 47% das crianças que concluem o 3º ano do Ensino
Fundamental estão alfabetizadas adequadamente e, aos 8 anos, muitas não sabem ler ou escrever.
Aos 15 anos, cerca de 30% ou 40% de jovens estão iniciando o Ensino Médio, porque o restante ainda
está tentando, com sofrimento, sair do Ensino Fundamental. Desses, cerca de 400 mil concluirão o
Ensino Médio com mais de 19 anos e uma parte expressiva não terá aprendido Matemática. O atraso
e o abandono fazem com que quase metade da população brasileira com 25 anos ou mais não tenha
o Ensino Fundamental completo e para os mais de 40% de jovens que não entrarão numa
universidade, há baixas opções para outros percursos que lhe permitam uma qualificação. Aqui vale
destacar que apenas 18% dos jovens de 18 a 24 anos, ingressa no ensino superior brasileiro.
Há quem não continue na escola e há quem mesmo estando lá, não aprende o que deveria, mas há
também quem não estude e não trabalhe.
O Brasil tem cerca de onze milhões de jovens nessa condição, sem perspectivas, sem ambições e
sem a oportunidade para aprender a construir uma projeção de si no futuro e usufruir daquilo que for
capaz de produzir. São 2 a cada 10 jovens nessa condição12. No entanto, esses jovens, em sua
expressiva maioria, não são ociosos ou improdutivos, muitos estão procurando trabalho e mais da
metade se ocupa de trabalhos domésticos.
É no Brasil também que se tem a menor média de anos de escolaridade na América Latina (igual ao
Suriname), qual seja, 7,2 anos de estudo, mesmo sabendo da influência que a quantidade de anos de
estudos tem sobre a fruição dos direitos das pessoas e do desenvolvimento do paí s. Ainda que a
média seja baixa, é também no Brasil que os currí culos se notabilizam por serem
desnecessariamente enciclopédicos e oferece um Ensino Médio padrão com 13 componentes
curriculares.
Podemos discutir a BNCC e o Novo Ensino Médio em 3 dimensões: sua concepção geral, o conteúdo
dos seus documentos e o contexto da sua concepção.
Para qualquer uma das 3 dimensões, reconhecemos que há mérito nos esforços empreendidos ao
longo de muitos anos e por diversos atores, sejam agentes públicos, privados ou da sociedade civil.
A BNCC estabelece os objetivos a serem atingidos tendo em vista uma educação pautada pelo
desenvolvimento integral do estudante em suas dimensões cognitiva, social, emocional, cultural e
fí sica. Para isso, ela estabelece 10 competências gerais. O tema da competência é importante, afinal,
esta opção de organização do trabalho pedagógico considera que a inclusão de itens no currí culo
escolar deve ser baseada na sua relevância para a vida dos estudantes. No entanto, esse termo é
polissêmico e não há na literatura uma definição consensual sobre o seu conceito. Diferentes atores
usam este termo com sentidos similares, mas cujas diferenças têm impactos pedagógicos. O conceito
de competência adotado mais amplamente no Brasil não é o mesmo adotado pelo PISA e OCDE, que
trazem a definição mais influente no debate mundial educacional, o que significa importantes
diferenças tanto na organização do ensino como na avaliação da aprendizagem.
No entanto, os avanços trouxeram luz às alternativas para que o Ensino Médio brasileiro possa avançar,
tendo em vista as dificuldades encontradas nos últimos anos.
A leitura do ICE sobre a BNCC e do Novo Ensino Médio é positiva. Por quê?
b) É indiscutí vel a necessidade de uma nova organização curricular que substitua a forma
anacrônica atual caracterizada pelo excesso de componentes curriculares que dificultam o
reconhecimento, pelos jovens, da contribuição da escola para suas vidas. A escola sem
sentido efetivo, desmotiva e torna-se causa dos elevados í ndices de evasão e repetência;
c) Vê-se com clareza a ênfase dada ao foco da escola na preparação do jovem para as suas
expectativas futuras, dando-lhe a condição de pensar no seu Projeto de Vida ao mesmo tempo
que amplia suas oportunidades de inserção futura no mundo produtivo, acompanhando as
transformações da sociedade contemporânea;
Isso significa que hoje, as pessoas com 65 anos correspondem a 9,2% da população brasileira e que em
2050, a população de idosos ultrapassará a de crianças e corresponderá a cerca de um quarto da nossa
população.
A taxa de fecundidade brasileira é a menor na média mundial desde os anos 1990 e explica essas
projeções. Das muitas lições a aprender, cumpre o registro de que todos os paí ses que hoje apresentam
IDH 0,900, passaram pela mesma transição demográfica e aproveitaram adequadamente o seu bônus
demográfico14.
Quando analisamos o cenário na perspectiva econômica, o Brasil investe 4,2% do PIB em educação e
isso é mais que paí ses mais ricos como Reino Unido, Suí ça, Alemanha, Canadá e Austrália, cujo
investimento é de 3,2%. No entanto, nesses paí ses, a aplicação dos recursos é bem diferente: eles
gastam U$9.300,00 enquanto o Brasil, U$3.800,00. Apesar de investirmos mais, nosso PIB per capita
é muito baixo.
É notório que o déficit estrutural identificado nas escolas não corresponde à fatia do PIB que é destinada
à educação tendo em vista que 26% das escolas públicas não dispõe de água encanada; 49% não tem
rede de esgoto e 21% não tem coleta de lixo. Tudo isso num paí s onde a carreira do professor é pouco
atrativa. Aproveitar adequadamente esse bônus demográfico e oferecer às crianças, adolescentes e
jovens brasileiros uma educação que os prepare para os desafios e oportunidades desse século deve ser
uma prioridade.
Nesse sentido, a BNCC e o Novo Ensino Médio apontam para uma direção desejável em termos de
formação ao nortear que as aprendizagens e competências que os estudantes devem desenvolver nas
escolas, em todas as etapas de ensino, e que estas não se restringem a conteúdos e habilidades
cognitivas, mas também às socioemocionais.
14Fonte: Escola Nacional de Ciências Estatí sticas (ENCE/IBGE). Em 2050 teremos menos crianças e, por consequência, menos estudantes, pois
haverá uma redução de aproximadamente 5 milhões de matrí culas, sendo essa perda mais intensa no Ensino Fundamental onde se concentrará
cerca de 4 milhões a menos de matrí culas. No Ensino Médio teremos uma perda de aproximadamente 700 mil matrí culas, consequência do fato de
a evasão atual ser imensa.
O Novo Ensino Médio, por sua vez, traz no seu bojo a ideia da flexibilização e diversificação para atender
as expectativas, necessidades e interesses dos jovens na perspectiva da construção dos seus Projetos
de Vida justamente nessa etapa de ensino onde se concentram os maiores desafios para a educação
brasileira porque o modelo fragmentado, de base cognitivista, homogêneo e pouco atraente é o que tem
sido oferecido aos estudantes. Os resultados são conhecidos e se expressam pelos baixí ssimos
indicadores de aprendizagem e altí ssima evasão.
Os jovens a quem se destina o Novo Ensino Médio nasceram e vivem em um contexto muito diferente
daquele conhecido por outras gerações. Estão imersos em ambientes com ampla oferta de tecnologias,
sejam educacionais ou não, e vivem em um mundo que muda velozmente, de maneira intensa e
abrangente, demandando que os jovens atuem de maneira protagonista diante dos seus desafios e
imensas oportunidades.
O Novo Ensino Médio também tem uma história e ela começa em 2012, quando o Ministério da
Educação solicitou propostas para mudanças no Ensino Médio junto ao Conselho Nacional de
Secretários de Educação (CONSED). Nos anos seguintes, foi criada a Comissão Especial de Reforma
do Ensino Médio na Câmara dos Deputados (PL 6840-2013) e o Grupo de Trabalho Ensino Médio do
CONSED realizou no Amazonas, um seminário sobre Ensino Médio com técnicos das Secretarias
Estaduais de Educação e especialistas (2015).
Ainda nesse ano, o Projeto de Lei nº 6840/2013 da Comissão Especial destinada a promover estudos
e proposições para a reformulação do Ensino Médio é entregue ao plenário da Câmara dos Deputados
e passa a aguardar votação, mas não entra na pauta.
Em 2016, o CONSED entrega ao MEC, Conselho Nacional de Educação e Câmara dos Deputados, novo
documento tratando de proposição sobre a reforma do Ensino Médio. São realizados seminários
estaduais promovidos pelo CONSED e UNDIME para análise das propostas da BNCC e Novo Ensino
Médio.
Finalmente, o MEC encaminha Medida Provisória nº 748/2016 de Reforma do Ensino Médio, que após
567 emendas de deputados e senadores, foi sancionada em fevereiro de 2017.
No paí s onde 1 milhão de jovens de 15 a 17 anos está fora da sala de aula, nasce o Novo Ensino Médio
com foco no estudante e no seu protagonismo, bem como com a forte expectativa de fortalecimento
dos Sistemas Estaduais de Ensino e do Pacto Federativo.
Com importantes mudanças, a proposição se notabiliza pela caracterí stica da flexibilização curricular,
de uma maior articulação com educação profissional e com a formação das competências e habilidades
para o século XXI, com a progressiva expansão da polí tica de educação integral e em profundo
alinhamento com as melhores experiências internacionais15.
15Finlândia – o Ensino Médio possui uma divisão: o aluno pode ir para o sistema vocacional (técnico, prepara o estudante para uma carreira) ou para
o sistema acadêmico, voltado para a universidade. A maioria vai para o ensino técnico, mas também existe a opção de ingressar na faculdade a
partir desse sistema. Cerca de 57% dos estudantes na Finlândia vão para a faculdade. No Ensino Médio os alunos são expostos a métodos de ensino
alternativos, que os estimulam a ter mais autonomia no aprendizado e desenvolver competências socioemocionais. Professores atuam, sobretudo,
como facilitadores dos projetos dos alunos.
Coreia do Sul – o Ensino Médio é em tempo integral e dividido em duas etapas: júnior e sênior. A etapa júnior é obrigatória para todos. Para ingressar
no Ensino Médio sênior, é preciso passar por testes muito concorridos e então o aluno pode optar por frequentar cursos com diferentes ênfases. O
Ensino Médio sênior acadêmico é composto de aulas avançadas em matérias que o estudante pretende seguir estudando na faculdade. A outra
opção é o ensino vocacional, similar a um curso técnico. Na Coréia há escolas com fins especí ficos, frequentadas pelos melhores alunos de cada
ramo, como música e artes, atletismo, lí ngua estrangeira, ciência etc.
Um conjunto robusto de documentos orientadores e normativos16 acompanham a proposição e
serviram largamente para os estudos das Diretorias Pedagógica e de Gestão do ICE na perspectiva
não apenas de conhecer os seus elementos, mas também na busca de alinhamento polí tico e
conceitual entre o Modelo da Escola da Escolha, o Novo Ensino Médio e a BNCC.
Os estudos realizados pelo ICE incluí ram uma extensa revisão da base legal que instituiu o Novo Ensino
Médio, considerando os documentos orientadores e normativos. Essa leitura orientou a
reconceitualização do Modelo da Escolha à luz das novas referências do Novo Ensino Médio.
Nesse sentido, enfatizamos os seguintes recortes efetuados na LEI 9.394/1996 (LDB) alterada pela
LEI Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017. São eles:
§ 1º A carga horária mí nima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma
progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer,
no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março
de 2017.
Art. 2º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 26...
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente
curricular obrigatório da educação básica.
Art. 3º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo:
"Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino
médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento:
I – linguagens e suas tecnologias;
II – matemática e suas tecnologias;
III – ciências da natureza e suas tecnologias;
IV – ciências humanas e sociais aplicadas.
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos
e práticas de educação fí sica, arte, sociologia e filosofia.
§ 3º O ensino da lí ngua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino
médio, assegurada às comunidades indí genas, também, a utilização das respectivas lí nguas
maternas.
§ 4º Os currí culos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da lí ngua inglesa e poderão
ofertar outras lí nguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com
a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino.
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá
ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de acordo com a
definição dos sistemas de ensino.
Como é possí vel observar, o Novo Ensino Médio estabelece como meta um aumento da carga horária
da rede regular para 3.000 horas para os 3 anos, sendo obrigatório um limite máximo de 1.800 horas
Inglaterra – o Ensino Médio tem quatro anos, sendo os dois primeiros comuns e obrigatórios para todos os alunos. Nos dois últimos, o estudante
monta a sua grade curricular de acordo com a vocação. Há a opção de seguir dois currí culos: um mais voltado ao ingresso na universidade ou outro
mais técnico, voltado para a sua vocação.
Fonte: Todos pela Educação disponí vel em https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/313.pdf Acesso em 22 de dezembro de
2020.
16http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/documento-orientador.pdf Acesso em 22 de dezembro de 2020.
http://novoensinomedio.mec.gov.br/#!/marco-legal Acesso em 22 de dezembro de 2020.
http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/Guia.pdf Acesso em 22 de dezembro de 2020.
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/29495231/do1-2018-07-11-portaria-n-649-de-10-
de-julho-de-2018-29495216 Acesso em 22 de dezembro de 2020.
http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/pdf/dcnem.pdf Acesso em 22 de dezembro de 2020.
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/70268199 Acesso em 22 de dezembro de 2020.
para os componentes curriculares da BNCC, ficando as restantes 1.200 horas alocadas para atender a
flexibilização demandada para os Itinerários Formativos.
Para a implantação do Novo Ensino Médio na Escola da Escolha cuja carga horária é de 4.500 horas
para os 3 anos, permanece o limite máximo de 1.800 horas para os componentes curriculares da
BNCC, ficando as restantes 2.700 horas alocadas para atender a flexibilização demandada para
os Itinerários Formativos.
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho esperados para o ensino médio, que serão
referência nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Comum Curricular.
§ 7º Os currí culos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira
a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos
aspectos fí sicos, cognitivos e sócio emocionais.
Art. 4º O art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 36. O currí culo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por
itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos
curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a
saber:
I - linguagens e suas tecnologias;
II - matemática e suas tecnologias;
III - ciências da natureza e suas tecnologias;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
V - formação técnica e profissional.
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências e habilidades será
feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto itinerário formativo integrado, que se
traduz na composição de componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos
itinerários formativos, considerando os incisos I a V do caput.
Art. 12. Os sistemas de ensino deverão estabelecer cronograma de implementação das alterações na
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conforme os arts. 2º, 3º e 4º desta Lei, no primeiro ano letivo
subsequente à data de publicação da Base Nacional Comum Curricular, e iniciar o processo de
implementação, conforme o referido cronograma, a partir do segundo ano letivo subsequente à
data de homologação da Base Nacional Comum Curricular.
Art. 12. A partir das áreas do conhecimento e da formação técnica e profissional, os itinerários
formativos devem ser organizados, considerando:
.......
§ 2º Os itinerários formativos orientados para o aprofundamento e ampliação das aprendizagens em
áreas do conhecimento devem garantir a apropriação de procedimentos cognitivos e uso de
metodologias que favoreçam o protagonismo juvenil, e organizar-se em torno de um ou mais dos
seguintes eixos estruturantes:
I - investigação cientí fica: supõe o aprofundamento de conceitos fundantes das ciências para a
interpretação de ideias, fenômenos e processos para serem utilizados em procedimentos de
investigação voltados ao enfrentamento de situações cotidianas e demandas locais e coletivas, e a
proposição de intervenções que considerem o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida
da comunidade;
II - processos criativos: supõe o uso e o aprofundamento do conhecimento cientí fico na construção e
criação de experimentos, modelos, protótipos para a criação de processos ou produtos que atendam
a demandas pela resolução de problemas identificados na sociedade;
Art. 14. A critério das instituições e redes de ensino, em observância às normas definidas pelo sistema
de ensino, os currí culos e as matrizes podem ser organizados de forma que a distribuição de carga
horária da formação geral básica e dos itinerários formativos sejam dispostos em parte ou em
todos os anos do ensino médio.
Art. 18. Para efeito de cumprimento das exigências curriculares do ensino médio, os sistemas de
ensino devem estabelecer critérios para reconhecer competências dos estudantes, tanto da
formação geral básica quanto dos itinerários formativos do currí culo, mediante diversas formas de
comprovação, a saber: I - avaliação de saberes; II - demonstração prática; III - documentação emitida
por instituições de caráter educativo.
Art. 19. As instituições e redes de ensino devem emitir certificação de conclusão do ensino médio que
evidencie os saberes da formação geral básica e dos itinerários formativos.
IV - para a habilitação técnica, fica autorizada a organização parceira a emitir e registrar diplomas de
conclusão válidos apenas com apresentação do certificado de conclusão do ensino médio.
Art. 23. Os sistemas de ensino devem utilizar os resultados do Sistema de Avaliação da Educação
Básica (SAEB), como subsí dio para avaliar, rever e propor polí ticas públicas para a educação básica.
Art. 24. As instituições e redes de ensino devem utilizar avaliação especí fica tanto para a formação
geral básica quanto para os itinerários formativos do respectivo currí culo que consiga acompanhar
o desenvolvimento das competências previstas.
Art. 32. As matrizes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e dos demais processos seletivos
para acesso à educação superior deverão necessariamente ser elaboradas em consonância com a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o disposto nos Referenciais para a Elaboração dos
Itinerários Formativos.
§ 1º O Exame Nacional do Ensino Médio será realizado em duas etapas, onde a primeira terá como
referência a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a segunda, o disposto nos Referenciais
para a Elaboração dos Itinerários Formativos.
§ 2º O estudante inscrito no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) escolherá as provas do exame
da segunda etapa de acordo com a área vinculada ao curso superior que pretende cursar.
Alguns aspectos importantes dos marcos legais, seguem sem definição clara do Ministério da
Educação, em especial aqueles que se referem à realização do Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM). No entanto, tendo em vista que a legislação institui que o Novo Ensino Médio deva estar
implantado nas redes públicas e privadas brasileiras até o final do ano de 2022, seguimos na expectativa
de que os processos formativos sejam instalados nas escolas na perspectiva de uma formação integral
capaz de preparar os estudantes para submeterem-se a avaliações de suas competências, domí nios
e habilidades.
Como preceitua a Tecnologia de Gestão Educacional, as premissas são o ponto de partida, os marcos
que representam os princí pios básicos daquilo que se pretende realizar. Após a revisão e
aprofundamento nos destaques e recortes na Lei 9.394/1996 LDB e na Resolução nº 3 do Conselho
Nacional de Educação 21/11/2018 – Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, foram concebidas as
premissas que orientaram a concepção do Novo Ensino Médio na Escola da Escolha e o racional
para a composição do desenho curricular, sempre em pleno alinhamento e convergência com os
fundamentos do Modelo da Escola da Escolha.
Tendo em vista o espí rito trazido pelo Novo Ensino Médio, notadamente aqueles profundamente
alinhados à Escola da Escolha como o protagonismo do estudante diante das suas escolhas atuais e
futuras e a perspectiva da flexibilização e diversificação curricular na oferta de áreas de integração
dos Itinerários Formativos, foram concebidas as seguintes premissas:
PREMISSAS
1) A preparação do jovem para atendimento das necessidades derivadas das suas escolhas
com vistas à sua vida após a conclusão do Ensino Médio compõe o racional para a concepção do
currí culo do Novo Ensino Médio da Escola da Escolha.
3) Faz parte do Projeto Escolar o apoio e a orientação aos estudantes para que escolham o
Itinerário Formativo pretendido. Para atender essa necessidade é preciso que a Equipe Escolar:
5) Para o desenvolvimento dos Itinerários Formativos pelos estudantes nos 2º e 3º anos, são
oferecidos os componentes curriculares da BNCC e da Parte de Formação Diversificada.
Além dos componentes igualmente oferecidos no 1º ano (exceto Eletivas Pré-Itinerário Formativo), são
agregados os seguintes componentes curriculares da Parte de Formação Diversificada:
ELEMENTOS INOVADORES
CARGA HORÁRIA
Destinada para atender a flexibilização nos itinerários Formativos.
PROJETO DE VIDA
Ênfase nas expectativas futuras do estudante.
FORMAÇÃO INTEGRAL
A BNCC considera as dimensões social e emocional além da competência cognitiva.
ORIENTAÇÃO E APOIO
No 1º ano, o estudante recebe orientação e apoio para escolher o Itinerário Formativo
FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR
No 2º e 3º ano, a flexibilização atende a variedade de interesses do estudante
quanto à sua trajetória formativa.
FORMAÇÃO DIVERSIFICADA
A diversificação (variedade curricular) e flexibilização (mobilidade do IF) são asseguradas pelos
componentes da Formação Diversificada concebidos pelo ICE
UM CONCEITO
Por definição, os Itinerários Formativos são trajetórias distintas oferecidas ao estudante para a
consecução do seu Projeto de Vida. Eles são desenvolvidos por meios de diferentes desenhos
curriculares para aprofundar e/ou ampliar as aprendizagens em uma ou mais Áreas de Conhecimento,
bem como para a aquisição das habilidades referenciadas nos Eixos Estruturantes, necessárias para
18 Para essa concepção foram considerados apenas os 4 Itinerários Formativos de natureza propedêutica.
que o estudante seja formado para prosseguir nos seus estudos em ní vel superior ou técnico e/ou se
inserir no mundo do trabalho como parte da execução do seu Projeto de Vida.
A trajetória percorrida pelo estudante em um dado Itinerário Formativo cria as condições necessárias
para a sua formação alinhada às suas escolhas e perspectivas futuras.
Na Escola da Escolha, os Itinerários Formativos são trajetórias compostas pelas áreas de
conhecimento constituí das pelos componentes curriculares da BNCC e da Parte de Formação
Diversificada. São organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares atendendo às
caracterí sticas peculiares e especí ficas dos cursos das etapas de ensino subsequentes ao ensino
médio19.
ITINERÁRIO FORMATIVO
UM CONCEITO
São trajetórias distintas oferecidas ao estudante.
ORIENTAÇÃO E APOIO
Se desenvolvem por meios de diferentes desenhos curriculares para aprofundar e/ou ampliar as
aprendizagens em uma ou mais Áreas de Conhecimento e aquisição das habilidades referenciadas
nos Eixos Estruturantes.
UM OBJETIVO
Criação das condições necessárias para que o estudante seja formado para prosseguir nos seus
estudos e/ou inserção no mundo do trabalho, executando o seu Projeto de Vida.
OS ARRANJOS CURRICULARES DOS ITINERÁRIOS FORMATIVOS
Atendem as caracterí sticas peculiares e especí ficas dos cursos das etapas subsequentes ao
Ensino Médio por meio da flexibilização e integração das Áreas de Conhecimento.
O Itinerário Formativo Ciências Exatas e Tecnológicas aponta, em essência, para os cursos onde a
predominância das atividades requer o conhecimento e domí nio pautadas em cálculos fí sico-
matemáticos.
Os cursos e respectivas profissões estão profundamente ligadas à aplicação da ciência e ao
desenvolvimento de tecnologias – elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico e
social de todo paí s. Dessa forma, cursos como Engenharia nas suas diversas ramificações,
Matemática, Fí sica, Quí mica, Ciências da Computação, Análise de Sistemas, Estatí stica, entre outros,
possuem estruturas curriculares que demandam uma base matemática muito bem sedimentada de
maneira a possibilitar a fruição desse amplo universo no ensino superior.
Não obstante, esses mesmos cursos, impreterivelmente, exigem que os estudantes tenham a
capacidade de interpretar as demandas propostas pelos professores, bem como aquelas que se
localizam no mundo social e produtivo e, sobretudo, que disponham de uma ferramenta
19Para a Proposição do ICE, foi tomado como referência a matriz de cursos de graduação oferecidos pela Universidade de São Paulo – USP que
realiza o maior processo seletivo entre as instituições públicas de ensino superior brasileiras. Disponí vel em
https://www5.usp.br/ensino/graduacao/ Acesso em junho de 2019.
imprescindí vel para os cursos pertencentes a esse Itinerário Formativo: o raciocí nio lógico
argumentativo. Além disso, é um campo onde é plenamente possí vel estabelecer diversas ligações
com as demais áreas de conhecimento, a exemplo da computação aplicada à área médica e da
microbiologia e matemática aplicadas na tecnologia de alimentos.
A predominância do Itinerário Formativo Ciências da Saúde são os seres vivos, a preocupação com o
meio ambiente e com a saúde, qualidade de vida e bem-estar.
Medicina, Ciências Biomédicas, Odontologia, Psicologia, Farmácia e Educação Fí sica são alguns cursos
presentes na trajetória desse Itinerário que não demanda apenas conhecimentos em Biologia ou
Quí mica, mas também nas demais áreas de conhecimento tendo em vista que a realização de cálculos
e a compreensão de estruturas sociais também fazem parte do trabalho de profissionais como
médicos, oceanógrafos ou zootecnista, para citar alguns. É um campo com muitas perspectivas haja
visto o aumento da longevidade das pessoas e a crescente preocupação com a qualidade de vida.
A breve leitura sobre alguns dos atributos e caracterí sticas dos Itinerários Formativos nos permite
constatar a indiscutí vel importância de assegurar aos estudantes uma excelente base na sua
formação geral e, ao mesmo tempo, o aprofundamento de conhecimentos especí ficos do Itinerário.
Para essa expectativa de formação, considera-se não apenas a domí nio das habilidades cognitivas,
mas um conjunto muito mais amplo que certamente pode ser promovido quando estão presentes no
seu processo formativo os elementos da educação cientí fica, da capacidade humana de imaginar,
criar e empreender e, por fim, da capacidade de conviver em sociedade nos seus mais distintos
espectros socioculturais. Não por outra razão, nos marcos legais do Novo Ensino Médio encontramos
a orientação para que os Itinerários Formativos sejam propostos a partir dos quatro Eixos
Estruturantes.
Para cumprir os seus objetivos, os Itinerários Formativos se constituem a partir dos componentes
curriculares da BNCC e da Parte de Formação Diversificada concebida pelo ICE, tanto pelas
metodologias e práticas que sofreram alterações como pelos novos componentes concebidos para o
Novo Ensino Médio na Escola da Escolha. Eles se organizam a partir dos quatro Eixos Estruturantes20
que são complementares e coexistem nos distintos Itinerários, garantindo que os estudantes
experimentem situações de aprendizagem e vivências e possam desenvolver um conjunto diferenciado
e ampliado de habilidades importantes e significativas para sua formação integral.
No Ensino Médio, a elaboração do Projeto de Vida dos jovens se constitui como a tarefa mais importante
do Projeto Escolar porque ela representa a efetivação dos processos educativos postos a serviço do
estudante. Jovens concluintes do Ensino Médio com seus Projetos de Vida elaborados de acordo com
as suas escolhas e decisões conscientes, refletem a efetividade de um currí culo cujos processos
asseguraram práticas pedagógicas orientadas pelos Eixos Formativos e um Projeto Escolar
plenamente conduzido pelos Princí pios Educativos. Nessa escola, uma visão foi realizada e
seguramente uma geração autônoma, solidária e competente se apresentará à sociedade com grandes
condições de fazer muita coisa bacana.
O desenho curricular do Novo Ensino Médio na Escola da Escolha é parte desse processo e sua
dinâmica é assegurar a oferta diversificada de um currí culo flexí vel que contribua para a formação de
jovens criativos, propositivos e transformadores e que diante dos gigantescos desafios deste século se
tornem seres humanos cada vez mais imprescindí veis.
As nossas escolhas e decisões, em geral, repercutem no presente e na vida futura de todos nós. Por
isso, o ponto focal desse processo é o trabalho sobre a visão de futuro que se tem de si próprio e como
as escolhas e decisões atenderão as suas expectativas, sempre alinhadas à essa visão.
Fazer escolhas e decidir implicam em justificar uma opção que satisfaz ao indiví duo. Por isso, os
elementos presentes numa tomada de decisão são o autoconhecimento (conhecimento de si próprio
e das suas capacidades, expectativas, objetivos e prioridades), o conhecimento sobre o objeto da
decisão e os valores que atribuí mos àquilo pelo qual decidimos.
Lidar com as dúvidas pode ser um processo angustiante para muitos e aqui vê-se a importância de uma
aprendizagem sobre as emoções, identificando-as e manejando-as de acordo com as próprias
condições e necessidades.
Para muitos pode não ser simples lidar com as dúvidas, mas elas podem ser dirimidas quando dados e
informações detalhadas sobre as opções e alternativas estão à disposição. Conhecê-los e analisá-los
ajudam a colocar em perspectiva as opções e alternativas diante de cenários possí veis e isso é parte
da trajetória que podem assegurar decisões mais seguras.
No entanto, as incertezas podem permanecer e talvez os dados e informações não sejam bastante para
essa tomada de decisão. Mas aqui encontramos outro elemento extremamente importante da nossa
aprendizagem socioemocional que é a capacidade lidar com o inesperado e enfrentá-lo. Abertura ao
novo, flexibilidade e adaptabilidade são algumas das habilidades mais demandadas para essa
situação21.
Para apoiar os estudantes do 1º ano no processo, é importante sempre considerar que essa decisão (a
escolha do Itinerário Formativo) vai influenciar a vida futura do jovem e isso sempre deve estar em
perspectiva quando realizamos um processo de orientação.
Uma boa maneira de apoiar e orientar os estudantes nesse caminho é ajudá-los a desenvolver a
capacidade de imaginar e projetar cenários relacionados ao objeto da decisão e relacioná-los ao que
melhor se adequada ou responde a cada situação.
Outra alternativa é o teste das perguntas ou o teste dos porquês: “por que esta escolha e não outra?”,
“justifique o que leva a fazer essa escolha”, e outras dessa natureza.
Também ajuda muito nesse processo quando se conta com apoiadores que auxiliam a esclarecer e,
assim, diminuir as incertezas. Nesse caso, cresce enormemente a importância do Tutor e demais
apoios como os professores, os bons amigos e a famí lia.
• o fomento à atitude criativa, ao pensamento crí tico e propositivo, porque os estudantes são
permanentemente expostos a um ambiente onde são demandados a fazer parte da solução
de problemas reais;
• a ampliação da desenvoltura dos estudantes na interação e atuação diante das questões que
agora se diferenciam daquelas até então circunscritas à escola ou à sua comunidade.
21 Para aprofundamento, conheça o Curso EaD Aprendizagem Socioemocional na Escola da Escolha e leia o Caderno de Formação
Eixos Formativos.
OS COMPONENTES CURRICULARES DA PARTE DE FORMAÇÃO DIVERSIFICADA22 DO 1º ANO
a) Projeto de Vida
É oferecido um robusto conjunto de aulas ministradas pelos professores nas quais estão presentes os
elementos que apoiarão os estudantes na construção do seu Projeto de Vida, bem como a aprender
sobre escolhas e tomada de decisão – elemento basilar dessa construção.
As aulas têm como enfoque:
- a construção da identidade pessoal e social do estudante;
- o reconhecimento das competências e habilidades essenciais para a execução de um Projeto de Vida;
- desenvolvimento de habilidades inerentes à criação de um processo decisório, inclusive para a escolha
do Itinerário Formativo.
b) Estudo Orientado
São oferecidas aulas que têm como enfoque o aprendizado sobre responsabilidade e organização
pessoal para a realização de estudos. Esse conjunto de aulas se destinam a orientar os estudantes na
consecução dos seus estudos e cumprimento das obrigações acadêmicas – elementos fundamentais
para a sequência dos seus estudos e para lidar com a complexidade que encontrarão a partir do 2º ano
quando estarão inseridos no universo do Itinerário Formativo que escolheram.
A distribuição das aulas considera o tempo equivalente a 2 aulas semanais para a realização de
avaliações semanais dos componentes curriculares da BNCC como estratégia para a criação e
manutenção da rotina de estudos e as demais aulas para realização dos estudos e cumprimento das
obrigações acadêmicas de cada estudante.
c) Tutoria
As aulas destinadas à Tutoria atendem a necessidade de apoiar um processo estruturado, orientado
pelos professores e têm como enfoque o acompanhamento e orientação quanto ao desempenho
acadêmico e o apoio efetivo ao estudante diante do seu processo de escolha e decisão.
d) Práticas Experimentais
Além das aulas dos componentes curriculares da BNCC, quais sejam, Matemática, Fí sica, Quí mica e
Biologia, são oferecidas aulas destinadas à realização de experimentos desses componentes
curriculares, ministradas pelos respectivos professores.
22 Os componentes curriculares da Parte de Formação Diversificada são metodologias e devem ser estudadas no Caderno de Formação –
Metodologias de Êxito onde são apresentadas na riqueza do seu detalhamento e orientação quanto aos seus aspectos de natureza teórica e de
aplicação prática.
23 Considerar que o estudante pode optar por mais de um Itinerário Formativo.
A exemplo dos estudantes do 1º ano, os jovens dos 2º e 3º anos também vivem experiências muito
distintas daquelas encontradas quando ingressaram no Novo Ensino Médio. São, igualmente, jovens
em busca da realização das suas ambições e que estão aprendendo a transformá-las em ações e
lidando com os diversos aprendizados inerentes à vida acadêmica, pessoal e social, com os seus
conflitos, surpresas e contentamentos.
Suas experiências diferem, sobretudo, porque eles já viveram o processo inicial de escolha e decisão e
agora enfrentam a execução daquilo que foi decidido, ou seja, estão cursando o Itinerário Formativo
escolhido no ano anterior.
Isso significa que na perspectiva de um processo formativo consciente e responsável, os estudantes
devem aprender a avaliar a repercussão da sua escolha e decisão nos vários âmbitos da sua vida
pessoal, social e futuramente produtiva, sempre na consideração de uma projeção de futuro alinhada
ao seu Projeto de Vida.
PARA ORIENTAR E APOIAR OS ESTUDANTES
A orientação e o apoio aos estudantes permanecem ao longo do 2º e 3º anos. Para isso, as perguntas
não são mais sobre o que interessa, ou por que essa ou aquela escolha, mas, se os estudantes se
sentem felizes e seguros com escolha e decisão tomadas e se elas atendem as expectativas e ambições
presentes nos seus Projetos de Vida.
Nesse sentido, o processo de orientação deve ser guiado pelos seguintes parâmetros:
• se os estudantes estão satisfeitos com as suas escolhas e decisões acerca do Itinerário
Formativo, devem seguir em frente, sempre analisando e refletindo se os esforços empreendidos são
proporcionais às ambições dos seus Projetos de Vida. Se os esforços não são proporcionais, é preciso
refletir sobre as razões e ajustar o que for necessário para assegurar que os esforços ajustados levarão
ao ponto no qual desejam chegar.
• se os estudantes não estão satisfeitos, devem refletir sobre a razão do não atendimento
dessa expectativa para colher elementos suficientes e analisá-los, avaliando as alternativas existentes.
E o processo de revisão continua como parte imprescindí vel do ciclo de melhoria contí nua a partir das
escolhas realizadas e da continuidade da construção dos seus Projetos de Vida.
As Metodologias de Êxito como Projeto de Vida, Estudo Orientado, Práticas Experimentais entre outras
são oferecidas desde a concepção e implantação da primeira Escola da Escolha implantada pelo ICE
em 2004. No entanto, sofreram adequações ao serem consideradas no currí culo do Novo Ensino
Médio para os estudantes dos 2º anos também. Para eles também foi concebida uma nova Metodologia
de Êxito denominada Eletiva IF (Eletivas de Itinerário Formativo). São esses os componentes
curriculares do 2º ano:
a) Projeto de Vida
Assim como para o 1º ano, é oferecido um robusto conjunto de aulas ministradas pelos professores nas
quais estão presentes os elementos que levam os estudantes à reflexão sobre as escolhas e decisões
tomadas e caminha-se na direção do encerramento das aulas com a conclusão do processo de
elaboração do Projeto de Vida enquanto documento.
b) Estudo Orientado
São oferecidas aulas para que os estudantes realizem e cumpram as suas obrigações acadêmicas, bem
como para a realização de estudos eletivos, a depender dos seus interesses e necessidades –
elementos fundamentais para a sequência dos seus estudos e para lidar com a complexidade do
Itinerário Formativo que escolheram.
A distribuição das aulas também considera o tempo equivalente a 2 aulas semanais para a realização
de avaliações semanais dos componentes curriculares da BNCC como estratégia para a criação e
24Os componentes curriculares da Parte de Formação Diversificada são metodologias e devem ser estudadas no Caderno de Formação –
Metodologias de Êxito onde são apresentadas na riqueza do seu detalhamento e orientação quanto aos seus aspectos de natureza teórica e de
aplicação prática.
manutenção da rotina de estudos, alternadas com avaliações referentes aos respectivos Itinerários
Formativos e aulas para realização dos estudos e cumprimento das obrigações acadêmicas de cada
estudante.
c) Tutoria
A oferta das Eletivas do Itinerário Formativo tem como enfoque a ampliação e o aprofundamento de
temas ou conteúdos dos componentes da BNCC previstos para o respectivo Itinerário Formativo,
contemplando no seu planejamento e desenvolvimento, os Eixos Estruturantes.
f) Pós-Médio
a) Práticas Experimentais
Assim como no ano anterior, os estudantes do 3º ano vivem a continuidade das suas escolhas quanto
ao Itinerário Formativo e se encaminham para a conclusão da sua formação na Educação Básica.
Os componentes curriculares da BNCC e da Parte de Formação Diversificada enfatizam a ampliação e
aprofundamento dos conhecimentos relativos ao Itinerário Formativo escolhido e deve preparar os
estudantes para as possibilidades existentes na projeção dos seus estudos em ní vel de graduação.
São esses os componentes curriculares do 3º ano:
c) Estudo Orientado
São oferecidas aulas para que os estudantes realizem e cumpram as suas obrigações acadêmicas,
bem como para a realização de estudos eletivos, a depender dos seus interesses e necessidades –
elementos fundamentais para a sequência dos seus estudos e para lidar com a complexidade do
Itinerário Formativo que escolheram.
A distribuição das aulas considera o tempo equivalente a 2 aulas semanais para a realização de
avaliações semanais dos componentes curriculares da BNCC como estratégia para a criação e
manutenção da rotina de estudos, alternadas com avaliações referentes aos respectivos Itinerários
Formativos e aulas para realização dos estudos e cumprimento das obrigações acadêmicas de cada
estudante.
d) Tutoria
i) Práticas Experimentais
25Os componentes curriculares da Parte de Formação Diversificada são metodologias e devem ser estudadas no Caderno
de Formação – Metodologias de Êxito onde são apresentadas na riqueza do seu detalhamento e orientação quanto aos
seus aspectos de natureza teórica e de aplicação prática.
As aulas têm como enfoque à realização de projetos orientados pelo protagonismo e
empreendedorismo social e se constituem pelos conhecimentos desenvolvidos nos Itinerários
Formativos aplicados às questões identificadas pelos estudantes como sendo prioritárias no âmbito
da sociedade, de forma geral. Aso final do 3º ano, os estudantes apresentam um trabalho acadêmico
onde sintetizam o produto do que aprenderam no campo teórico e sua transposição para o campo da
prática com a aplicação dos seus conhecimentos.