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RESUMO DO ADPF
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54° Distrito Federal
Itacoatiara
2023
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54 (ADPF 54/DF) é a
decisão final em processo judicial perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que garante a
interrupção terapêutica da gravidez no Brasil para fetos com anencefalia, trata-se de um
precedente que ajuda a moldar a jurisprudência sobre o tema no Brasil. A ação foi proposta
formalmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saneamento (CNTS) ao
Supremo Tribunal Federal em 17 de junho de 2004, relatada pelo Ministro Marco Aurélio
Mello, e oito anos depois em votação envolvendo 11 desembargadores, em 11 a 12 de abril
de 2012, aprovado por 8 votos a 2. O ministro Antônio Dias Toffoli anunciou que estava
impossibilitado de votar porque, quando era Procurador-Geral da União (AGU), apoiava a
interrupção da votação.
A decisão do STF não descriminaliza o aborto, nem abre exceções ao crime previsto
no código penal brasileiro. A decisão do STF muda, ou formaliza, a interpretação que os juízes
devem ter nesses casos. Até a homologação, o estado não tem uma interpretação clara do
assunto, deixando a decisão final para cada juiz. Na maioria das vezes, isso é aceito, mas há
casos conhecidos em que as pacientes tiveram que engravidar natimorto sem direito ao
aborto, ou foram condenadas no terceiro trimestre. A ADPF 54 é considerada por alguns
juristas uma decisão judicial de grande importância para a forma como o Brasil lida com o
debate sobre o aborto. Antes da votação, o ministro Carlos Ayres Britto disse que o projeto
foi um "divisor de águas na opinião pública".
A lei permite o aborto para mulheres em risco de vida e, mesmo que fosse
perfeitamente viável, proibir situações semelhantes não faria sentido e não violaria o direito
à vida, estipulado na constituição de 1988 que, além do corpo, dar à luz um natimorto
mulheres grávidas também representam uma séria ameaça à sua saúde mental. Marco
Aurélio defende que, pelos pontos levantados, a mulher deve ter o direito de interromper a
gravidez se assim o desejar.
Apesar de enfatizar questões sociais, a maioria dos votos de Mello foi baseada em
argumentos científicos apresentados por especialistas em audiências públicas organizadas
pelo Supremo Tribunal Federal em 2008. Aborto da eugenia desmiolada e discriminação
contra deficientes físicos, na contestação de Marco Aurélio. Ele disse que o feto com
anencefalia estava fadado a morrer no útero ou poucas horas após o nascimento,
confirmando o que os especialistas consideram um "natimorto neurológico" e reiterando que
não poderia sobreviver fora do corpo da mãe. No que diz respeito à eugenia, o ministro
defendeu de forma semelhante que as crianças anencefálicas não nasciam porque eram
"deficientes", mas porque não tinham vida. Resumindo esse argumento, Melo afirmou que
"a anencefalia é incompatível com a vida". Em relação aos erros de diagnóstico, disse que o
sistema único de saúde dispõe de profissionais aptos a confirmar o diagnóstico de anencefalia
a partir da 12ª semana de gestação e que não há exceções para outras anomalias genéticas.
Os então ministros César Peluso e Ricardo Lewandowski votaram contra a ADPF.