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ABORTO DE FETO
ANENCEFÁLICO FACE AO
SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL
Prof. João Ricardo Anastácio da Silva
joaoricardoanastacio@hotmail.com
O que é anencefalia?
Anencefalia é um defeito congênito que começa a se
desenvolver bem no início da vida intra-uterina.
Infelizmente não
há tratamento
conhecido para
uma criança com
anencefalia.
ANENCELAFIA TOTAL
ANENCEFALIA PARCIAL
EXPECTATIVA DE VIDA
Como a chamada anencefalia admite vários graus, a sobrevivência do
bebê anencéfalo pode variar muito. Ele pode morrer ainda no útero
materno.
Pode viver:
sete minutos após o nascimento, como Maria Vida, filha de Gabriela
Oliveira Cordeiro (Teresópolis -RJ),
vinte horas como Thalles, filho de Janaína da Silva César (Brasília –
DF),
quatro dias, como Pedro, filho de Mara Couto dos Santos Monteiro
(Niterói – RJ),
ou três meses, como Maria Teresa, filha de Ana Cecília Araújo Nunes
(Fortaleza – CE).
CASOS RAROS
Há ainda o conhecido caso da menina Manuela Teixeira,
de Sobradinho (DF), que teve seu aborto recomendado aos
sete meses por uma Promotoria de Justiça do Distrito
Federal.
O diagnóstico era de acrania (ausência de calota
craniana). Se a criança houvesse morrido ao ser expulsa, o
aborto teria sido consumado. No entanto, a criança não
morreu ao sair da mãe, embora essa fosse a vontade dos
médicos. Eis as palavras da mãe Gonçala Teixeira:
"Os médicos acreditavam que o parto induzido iria
acelerar a morte do bebê. Eles não deixaram nem eu
amamentar pois diziam que ele ia morrer logo".
TIPIFICAÇÃO DO ABORTO
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é
alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
CURIOSIDADES
Em 19 de dezembro de 1992, o
juiz Dr. Miguel Kfouri Neto, de
Londrina, autorizava pela
primeira vez um aborto legal em
feto portador de anencefalia
numa gestação de 20 semanas.
CASO QUE ORIGINOU A ADPF
a questão da legalização do aborto de feto anencefálico só
conseguiu entrar no foco das discussões do Judiciário em
2004, quando a jovem Gabriela de Oliveira Cordeiro,
após percorrer todas as instâncias da Justiça – juízo de 1º
grau em Teresópolis, Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro e Superior Tribunal de Justiça (STJ) – obtendo
decisões conflitantes, teve sua filha, Maria Vida, que
morreu sete minutos depois de nascer, antes que o
Habeas Corpus n.º 84.025-6, impetrado em seu favor, fosse
julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
AJUIZAMENTO DE AÇÃO NO STF
A dúvida quanto à consideração ou não da "antecipação
terapêutica do parto" [02] de feto anencéfalo como uma prática
de aborto não prevista em lei, trouxe exposição aos profissionais
da saúde a processos penais por supostos crimes de aborto.
Por isso, com o objetivo de resguardar a segurança jurídica dos
profissionais da área da saúde, no dia 17 de junho de 2004, a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde
(CNTS), através de seu advogado, Luís Roberto Barroso,
apresentou uma Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) perante a Suprema Corte Brasileira.
CONCEITO DE MORTE
Lei 9434, de 3/2/1997 (conhecida como Lei dos
Transplantes) que "dispõe sobre a remoção de órgãos,
tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e
tratamento e dá outras providências":
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou
partes do corpo humano destinados a transplante ou
tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de
morte encefálica, constatada e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e
transplante, mediante a utilização de critérios clínicos
e tecnológicos definidos por resolução do Conselho
Federal de Medicina.
DECISÃO DO STF
Por 8 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu autorizar a mulher a interromper a gravidez em
casos de fetos anencéfalos, sem que a prática configure
aborto criminoso. Durante dois dias de julgamento, a
maioria dos ministros do STF considerou procedente
ação movida pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Saúde (CNTS), autora da ADPF 54,
que tramita na Corte desde 2004.
Último ministro a se manifestar, o presidente do STF,
Cezar Peluso, votou contrariamente a interrupção da
gravidez.
DECISÃO DO STJ
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu liberar o aborto de feto sem
cérebro e considerou que a interrupção da gravidez nesses casos não é
crime. Atualmente, a lei brasileira considera o aborto como crime, exceto
se houver estupro ou risco de morte da mãe. Para interromper a gravidez
em caso de anencefalia, as mães precisavam de autorização judicial.
Rosa Weber
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Joaquim Barbosa
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Obs. O ministro não apresentou seu voto no
julgamento porque precisou deixar a sessão e apenas
pediu a juntada de seu voto aos autos.
ANÁLISE DOS VOTOS
Luiz Fux
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Cármen Lúcia
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Ricardo Lewandowski
Votou contra a liberação do aborto de feto anencéfalo
Gilmar Mendes
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Celso de Mello
Votou a favor da liberação do aborto de feto anencéfalo
Cezar Peluso
Votou contra a liberação do aborto de feto anencéfalo
"Ao feto, reduzido no fim das contas à condição de lixo ou de outra coisa
imprestável e incômoda, não é dispensada de nenhum ângulo a menor
consideração ética ou jurídica nem reconhecido grau algum da dignidade
jurídica que lhe vem da incontestável ascendência e natureza humana. Essa
forma de discriminação em nada difere, a meu ver, do racismo e do sexismo e
do chamado especismo. Todos esses casos retratam a absurda defesa em
absolvição da superioridade de alguns, em regra brancos de estirpe ariana,
homens e ser humanos, sobre outros, negros, judeus, mulheres, e animais. No
caso de extermínio do anencéfalo encena-se a atuação avassaladora do ser
poderoso superior que, detentor de toda força, infringe a pena de morte a um
incapaz de prescendir à agressão e de esboçar-lhe qualquer defesa."
ANÁLISE DOS VOTOS