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FACULDADE DE DIREITO
2021
1. INTRODUÇÃO
Dessa forma, no presente trabalho, será intencionado analisar três passagens que
denotam argumentos religiosos sob a luz da tese defendida no capítulo de religião, qual
seja a “defesa da vida desde a gestação, apropriando-se da força legitimadora dos
argumentos jurídico e científico a favor de suas convicções em detrimento da imposição
de verdades doutrinárias” (MONTEIRO, Paula et al., 2019, p.437). Não obstante, serão
sopesadas outras três passagens que demonstram a presença dos movimentos sociais no
debate sob a perspectiva da litigância estratégica.
Busca, de tal forma, dizer que há sobrevida em casos de anencefalia. Seu discurso,
pretensamente cientifico, na realidade, oculta aquilo que lhe é conveniente para o efeito
que deseja promover no auditório, defendendo os interesses religiosos da instituição que
representa.
“Não é porque o feto anencéfalo não tem essas áreas nobres do córtex
cerebral - geralmente ele não as tem – que ele não tem consciência.
Ele tem a consciência que entra e sai pelo tronco cerebral alto, mas
ele não tem como se expressar fenomenicamente porque lhe faltam
os instrumentos neurais compatíveis com essa forma de
manifestação.”
Nesse sentido, é marcante a presença dos movimentos sociais no debate. Seja por
meio da representação das oradoras, seja por referência direta delas ao posicionamento
das entidades, como evidenciado na leitura da carta do CNDM.
Por último, cabe ressaltar a presença do setor referente ao direito das pessoas com
deficiência, a Escola da Gente – organização que atua em torno do tema sobre a inclusão
de pessoas com deficiência, representada pela Dra. Claudia Werneck. Destaca-se uma
passagem que deixa claro a posição defendida pela organização:
Isto é, mais uma vez a presença dos movimentos sociais na discussão é reafirmada.
Se valendo, neste momento, por meio do esclarecimento de falácias e falsas simetrias –
como equivaler anencefalia à deficiência - apresentadas durante a exposição de
defensores dos argumentos religiosos contrários à ATP.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidencia-se, portanto, por parte das passagens dos argumentos religiosos (defesa
da vida desde a gestação), uma eminente intenção do orador se afirmar enquanto
autoridade embasada em discursos jurídicos e cientificos, apartando-se da dogmática
eclesiástica.
Por sua vez, na perspectiva dos que defendem o direito à antecipação terapêutica
do parto, percebe-se a forte presença dos movimentos sociais sob a égide da litigância
estratégica. Isto é, diferentes setores da sociedade civil articulados em prol de uma decisão
favorável à solução da problemática cotidiana de milhares de brasileiras a partir da disputa
judicial. Trata-se de usar do direito aquilo que dele puder se extrair e transformar.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA