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1 INTRODUÇÃO
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Aprovação com grau máximo pela banca examinadora composta
pelo Prof. Dr. Daniel Ustárroz (Orientador), pela Prof. Fernanda de Souza Rabello e pelo Prof.
Ângelo M. Giannakos, em 17 de novembro de 2015
2
Acadêmica do Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. E-mail: analudlopes@gmail.com.br
2
3
MONTEIRO, op. cit.
4
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2007a. p. 251.
5
VIEIRA, 2012, p. 159.
6
DR. DRAUZIO. TRANSEXUAIS. Disponível em:
<http://drauziovarella.com.br/sexualidade/transexuais/>. Acesso em: 20 set. 2015.
7
VIEIRA, op. cit., p. 157.
4
corpo, como no caso do transexual verdadeiro. Entende-se, neste caso, não ser
recomendável a cirurgia de resignação, ante a complexidade da mesma, pois sua
condição não é continua e efetiva.8 Ainda assim, lembram-nos os autores Maria de
Fátima Freire de Sá e Bruno Torquato de Oliveira Naves, que o secundário também
é aquele que tenta se comportar de acordo com as regras da dita normalidade,
numa tentativa de adaptação e adequação de suas preferências, sendo difícil julga-
lo. 9
Cunha10 nos ensina sobre a classificação:
8
CUNHA, op cit., p. 37.
9
SÁ; NAVES, op. cit., p. 266.
10
CUNHA, op. cit., p. 37-38.
11
BENTO, 2008, p.118.
5
12
VIEIRA, 2012, p. 158.
13
Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. vol.1.
14
BENTO, op. cit., p. 112.
15
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM 5 pg.451 e seg.
16
ARAÚJO, Álvaro Cabral; NETO, Francisco Lotufo. A Nova Classificação Americana Para os
Transtornos Mentais – o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva,
...
6
Define também que a pessoa deve ser maior de 21 anos, deve fazer o
tratamento por 2 anos, acompanhada por uma equipe de médicos capacitados, e
não deve possuir características físicas inapropriadas para a cirurgia.
Além disso, a Resolução autoriza a cirurgia “neocolpovulvoplastia” e
procedimentos secundários, que servem para a transformação masculina para
feminina. Esta cirurgia se encontra em estado avançado, pois pode inclusive não
causar suspeita no parceiro sexual, e é realizada da seguinte forma:
20
Male to Female. Tradução do inglês.
21
MORA; LOPES; PRANDI. op. cit., p. 355-356.
22
RESOLUÇÃO CFM nº 1.955/2010, de 3 de setembro de 2010. Disponível em
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2010/1955_2010.htm>. Acesso em: 18. Set.
2015.
23
DINIZ, op. cit., p. 257.
24
DEON, op. cit., p. 52.
8
25
DINIZ, 2007a, p. 257-258.
26
DEON, op. cit., p. 53.
27
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:[...] § 2° Se resulta:[...] III - perda ou
inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; Pena - reclusão, de dois
a oito anos.
28
RESOLUÇÃO CFM nº 1.955/2010 – [...] CONSIDERANDO que a cirurgia de transformação
plástico-reconstrutiva da genitália externa, interna e caracteres sexuais secundários não constitui
crime de mutilação previsto no artigo 129 do Código Penal brasileiro, haja vista que tem o
propósito terapêutico específico de adequar a genitália ao sexo psíquico; [...]
29
Portaria Nº 457 de 19 de agosto de 2008, Disponível em <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0457_19_08_2008.html >. Acesso em: 18.
Set. 2015.
9
30
Portaria Nº 2.803 de 19 de novembro de 2013, Disponível em <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt2803_19_11_2013.html >. Acesso em: 18.
Set. 2015.
31
DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. Disponível em <
http://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/DEC%2048.118.pdf>. Acesso em: 18. Set.
2015.
10
32
DECRETO Nº 49.122, DE 17 DE MAIO DE 2012. Disponível em <
http://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/DEC%2049.122.pdf >. Acesso em: 18. Set.
2015.
33
Ordem de Serviço DG/SSP/IGP Nº 4 DE 13/08/2012 - Publicado no DOE em 14 ago. 2012.
Disponível em < https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=244224>. Acesso em: 18. Set. 2015.
34
AGUINSKY, Beatriz Gershenson; FERREIRA, Guilherme Gomes; CIPRIANI, Marcelli. A Carteira
de nome social para travestis e transexuais no Rio Grande do Sul: entre polêmicas, alcances
e limites. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero 10, 2013, Florianópolis, Anais Eletrônicos.
Disponível em <
http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/resources/anais/20/1387471840_ARQUIVO_BeatrizGershen
sonAguinsky.pdf>. Acesso em: 30. Set. 2015.
35
Decreto Estadual nº 1.675, DE 21 DE MAIO DE 2009. Disponível em <
http://biblioteca.mppa.mp.br/phl81/capas/dec.1675.htm>. Acesso em: 18. Set. 2015.
36
Decreto Nº 726, DE 24 DE ABRIL DE 2013. Disponível em <
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=253927>. Acesso em: 18. Set. 2015.
37
PORTAL BRASIL. Transexuais e travestis poderão usar nome social em cartão do sus.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2013/01/transexuais-e-travestis-
poderao-usar-nome-social-em-cartao-do-sus>. Acesso em: 15 out. 2015.
11
cidade por discriminação. Ele relatou que o caso já acontecera outras vezes, mas,
como estava passando mal, preferiu que o atendimento fosse feito de qualquer
forma. Daniel registrou o caso na Polícia Civil, e pôde representar judicialmente
contra a funcionária, inclusive porque Bauru possui a lei municipal nº 6.525/2014,
que estabelece que o nome social deve constar antes do nome civil, e é o nome pelo
qual o indivíduo deve ser chamado.38
Para auxiliar os transexuais que desejam trocar de nome e de sexo, a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS tem como Projeto de
Extensão e Instituição Democrática, formado por Grupos Autônomos, o Serviço de
Assessoria Jurídica Universitária – SAJU39. Atuante desde 1950, são mais de 15
grupos divididos por áreas. Entre eles está o chamado “G8-Generalizando: Direitos
Sexuais e de Gênero”, que trabalha com estudantes e profissionais de várias áreas,
tais como direito, psicologia, e serviço social e são realizados mutirões para juntar
documentações dos transexuais que deseja obter a troca de nome do registro civil 40.
Ainda que as alterações sejam sempre feitas pelo judiciário, na Bahia, em
outubro de 2015, a Defensoria Pública do Estado conseguiu, sem ajuizar uma ação
judicial, alterar o nome de um transexual de 32 anos moradora da região
metropolitana de Salvador. Os defensores, levando em consideração a lei dos
Registros Públicos e também os Princípios de Yogyakarta, encaminharam um oficio
e o juiz 1ª Vara de Feitos de Relações de Consumo, Cível e Comercial do município
de Simões Filho concedeu a alteração, autorizando a averbação no Registro Civil. A
decisão, inédita, foi recebida com surpresa, devido à dificuldade que os defensores
têm de conseguir a autorização, mesmo na capital do Estado.41
Merece atenção a questão do transexual no ambiente escolar. Ainda que a
escola deva ser um local de aceitação e acolhimento de todos, acaba muitas vezes
38
UOL NOTICIAS. Transexual acusa funcionária do SUS em SP de não chamá-lo pelo nome
social. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/06/17/transexual-
acusa-funcionaria-do-sus-em-sp-de-nao-chama-lo-pelo-nome-social.htm>. Acesso em: 15 out.
2015.
39
SERVIÇO DE ASSESSORIA JURÍDICA UNIVERSITÁRIA. Sobre o SAJU. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/saju/sobre-o-saju>. Acesso em: 15 out. 2015.
40
SUL 21. Mutirão promove retificação de registro de nome para transexuais e travestis.
Disponível em: <http://www.sul21.com.br/jornal/mutirao-promove-retificacao-de-registro-de-nome-
para-transexuais-e-travestis/>. Acesso em: 15 out. 2015.
41
DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DA BAHIA. De forma inédita, DPE garante mudança do
nome e sexo de transexual sem necessidade de ajuizar ação. Disponível em:
<http://www.defensoria.ba.gov.br/portal/index.php?site=1&modulo=eva_conteudo&co_cod=13949
>. Acesso em: 15 out. 2015.
12
42
MORA; LOPES; PRANDI. op. cit., p. 367-369.
43
RIBEIRO, Paula Regina Costa. Corpos, gêneros e sexualidade: questões possíveis para o
currículo escolar. 3 ed. Rio Grande: Editora da FURG, 2013. p. 80.
44
G1. Candidatas transexuais do Enem dizem ter sofrido constrangimento. Disponível em:
<http://g1.globo.com/educacao/enem/2013/noticia/2013/10/candidatas-transexuais-do-enem-
dizem-ter-sofrido-constrangimento.html>. Acesso em: 16 out. 2015.
13
45
G1. Inep diz que 95 transexuais poderão usar nome social no Enem 2014. Disponível em:
<http://g1.globo.com/educacao/enem/2014/noticia/2014/09/inep-diz-que-95-transexuais-poderao-
usar-nome-social-no-enem-2014.html>. Acesso em: 16 out. 2015.
46
G1. Transexuais dizem que se sentiram acolhidas no enem com nome social. Disponível em:
<http://g1.globo.com/educacao/enem/2014/noticia/2014/11/transexuais-dizem-que-se-sentiram-
acolhidas-no-enem-com-nome-social.html>. Acesso em: 16 out. 2015.
47
G1. Enem 2015: travestis e transexuais podem pedir nome social nesta 2ª. Disponível em:
<http://g1.globo.com/educacao/enem/2015/noticia/2015/06/enem-2015-travestis-e-transexuais-
podem-pedir-nome-social-nesta-2.html>. Acesso em: 16 out. 2015.
48
ABECÊ. Número de travestis e transexuais inscritos no enem quase triplica em 2015.
Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/abece/2015/10/06/numero-de-travestis-e-transexuais-
inscritos-no-enem-quase-triplica-em-2015/?topo=52,2,18,,171,e171>. Acesso em: 16 out. 2015.
49
SUL21. Professores voluntários ajudam transexuais a se preparar para o enem. Disponível
em: <http://www.sul21.com.br/jornal/professores-voluntarios-ajudam-transexuais-a-se-preparar-
para-o-enem/>. Acesso em: 16 out. 2015.
50
G1. Pela primeira vez, puc-rio reconhece nome social de aluna transexual. Disponível em:
<http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/05/pela-primeira-vez-puc-rio-reconhece-nome-
social-de-aluna-transexual.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
14
51
UFPE. Ufpe regulamenta uso do nome social por travestis e transexuais. Disponível em: <
https://www.ufpe.br/proplan/index.php?option=com_content&view=article&id=436:ufpe-
regulamenta-uso-do-nome-social-por-travestis-e-transexuais&catid=28&Itemid=122r>. Acesso em:
17 out. 2015.
52
UFMG. A aceitação do nome social abre uma série de debates sobre os direitos da minoria
trans no âmbito da ufmg', afirma professor da fafich. Disponível em:
<https://www.ufmg.br/online/arquivos/039759.shtml>. Acesso em: 17 out. 2015.
53
UFRGS. Aprovado o uso de nome social para travestis e transexuais no âmbito da
Universidade. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/aprovado-o-uso-de-nome-social-
para-travestis-e-transexuais-no-ambito-da-universidade>. Acesso em: 17 out. 2015.
54
GUIA DO NOME SOCIAL. CONFIRA A LISTA DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS QUE JÁ
REGULAMENTARAM O USO DO NOME SOCIAL NO BRASIL. Disponível em:
<http://crishnamirella.wix.com/guiadonomesocial#!universidades-que-regulamentaram/ctzx>.
Acesso em: 17 out. 2015.
55
DINIZ, 2007a, p. 272.
56
CORDEIRO, op. cit., p. 295.
15
proposta ainda não foi publicada e foi encaminhada para o Conselho Federal para
que este regulamente e aprove a questão.57
Ao falarmos sobre o casamento, vemos que a partir da Resolução nº 175, de
14 de maio de 2013, a união homoafetiva passou a ser autorizada pelo Conselho
Nacional de Justiça. Dessa forma, um transexual, ainda que não tenha alterado seu
Registro Civil, pode casar. No Brasil, ao contrário de outros países, não é necessário
se divorciar para realizar a cirurgia, pois para que ocorra o divórcio é necessário que
um dos cônjuges manifeste vontade. Sendo assim, trata-se de uma decisão que
deve ser tomada pelo casal. Tereza Rodrigues Vieira58 entende que, como
atualmente o Brasil trata a transexualidade como uma questão de saúde, nada
impede alguém de trocar de sexo, e o matrimonio não pode ser visto como uma
questão impeditiva. Entretanto, a doutrina diverge neste aspecto.
Por fim, existem alguns raros casos de transexuais que se relacionam.
Recentemente, em Porto Alegre, um desses casais teve seu primeiro filho. O
hospital Fêmina, onde o bebê nasceu, trabalha desde 2008 com as questões de
gênero, atendendo pacientes pelos nomes sociais, colocando-os nas áreas
específicas de seus gêneros e treinando seus funcionários de modo que saibam
lidar com qualquer tipo de situação que envolva a questão de gênero, tendo
recebido elogios pelo atendimento. O casal teve problemas apenas no registro, pois
a carteira de nome social não é válida nesses casos, servindo apenas como nome
de tratamento a fim de facilitar a vida social dos transexuais, mas não substituindo o
nome civil.59
Há algumas outras questões fáticas a serem avaliadas, como a situação do
serviço militar. Recentemente, foi amplamente veiculada na mídia a notícia sobre
uma jovem transexual que, após o alistamento na Junta de Serviço Militar, teve
todos os seus dados e fotos divulgados em redes sociais. A jovem passou a receber
ligações e mensagens constrangedoras, e teve que alterar sua rotina. Ela não usa
57
ESPAÇO VITAL. “nome social” para advogados e advogadas travestis e transexuais na
carteira da oab. Disponível em: <http://www.espacovital.com.br/noticia-32124-ldquoltigtnome-
socialltigtrdquo-para-advogados-e-advogadas-travestis-transexuais-na-carteira-oab>. Acesso em:
17 out. 2015.
58
VIEIRA, 2011, p. 423.
59
ZERO HORA. Casal de transgêneros dá à luz um filho em Porto Alegre. Disponível em:
<http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2015/07/casal-de-transgeneros-da-a-luz-um-filho-
em-porto-alegre-
4799953.html?utm_source=Redes+Sociais&utm_medium=Hootsuite&utm_campaign=Hootsuite>.
Acesso em: 18 out. 2015.
16
seu nome de registro desde os 15 anos, sempre teve apoio de seus pais, e na época
do fato estava ainda com 17 anos. Em uma análise geral, houve crime militar, cível e
desrespeito ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) neste caso.60
Em geral, quando ocorre de um indivíduo que já está nas forças armadas
brasileiras se identificar como transexual, ele é aposentado ou afastado. Ainda que
seja um meio reconhecido por ser machista e dominado apenas por homens, o
exército precisa se adaptar à nova realidade social que vem se propagando. Da
mesma forma outros órgãos, como a Previdência Social, em que o transexual deve
assumir todos os direitos e deveres do seu gênero. Além disso, cargos normalmente
não possuem sexo. Em se tratando especificamente do caso das forças armadas,
podem existir situações onde se exija determinada condição. Como no exemplo do
Batalhão de Operações Especiais, que é composto apenas por homens. Neste caso,
se um de seus soldados fizer uma cirurgia de redesignação e tornar-se mulher, deve
ser transferido para outras funções, em um local que se enquadre melhor na sua
nova realidade.61
Apenas por ilustração, nos Estados Unidos existe um veto a transexuais no
exército, o que os força a abandonar suas carreiras para viverem de acordo com a
sua identidade de gênero. Ainda assim, o primeiro soldado abertamente transexual
já foi enviado duas vezes como mulher ao Iraque e uma vez, como homem, ao
Afeganistão. Ele iniciou em 2011 sua transição, com o conhecimento dos médicos
do Exército, e agora se entende como responsável por advogar pelo fim do
preconceito, já tendo ido, inclusive, até Washington encontrar-se com membros do
Senado americano, do Pentágono e da Casa Branca.62
A situação carcerária dos transexuais também deve ser estudada.
Formalmente, os agentes que trabalham nesse tipo de ambiente são orientados a
tratar os transexuais e os travestis pelo nome social, bem como respeitá-los. Porém,
na prática, muitas são as notícias de abusos sofridos, e a mais comum é do fato de
60
G1. Adolescente transgênera tem fotos e ficha de alistamento postadas na web. Disponível
em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/09/adolescente-transgenera-tem-fotos-e-ficha-de-
alistamento-postados-na-web.html>. Acesso em: 20 out. 2015.
61
JUS MILITARIS. O TRANSEXUAL NAS INSTITUIÇÕES MILITARES. Disponível em:
<http://www.jusmilitaris.com.br/novo/uploads/docs/transexuaismilitares.pdf>. Acesso em: 20 out.
2015
62
BBC BRASIL. O primeiro soldado abertamente transexual do exército americano. Disponível
em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150720_soldado_transexual_eua_pai>.
Acesso em: 20 out. 2015.
17
os agentes não tratarem as transexuais mulheres pelo gênero e pelo nome social, e
sim pelo sexo biológico e pelo nome de registro. Além disso, sofrem violência
sexual, têm cabelos raspados, além de sofrerem espancamentos por parte dos
outros presos e da polícia. Aqueles que assumem os relacionamentos afetivo-
sexuais com esse grupo “trans” são discriminados também. No presídio Central de
Porto Alegre, foi criada uma ala especifica para acolher esses indivíduos e privá-los
de tantos constrangimentos, o que, ao mesmo tempo, acaba privando o transexual
de frequentar outros espaços do presídio, incluindo oficinas de trabalho e estudo.63
No Rio de Janeiro, em maio desse ano, foi assinado um termo que garante aos
travestis e transexuais escolherem se querem ir para prisões femininas ou
masculinas, podendo também, se estiverem em prisões masculinas, tomar banho de
sol com os seios tapados, ou seja, usarem roupas adequadas ao seu gênero. Até
então, podiam apenas usar roupas iguais às masculinas e deviam tomar sol sem
camisa.64
Em São Paulo, o Tribunal de Justiça atendeu ao pedido da Defensoria Pública
e autorizou uma adolescente transexual a ser transferida para uma unidade feminina
da Fundação Casa, para cumprir medida socioeducativa. A juíza também garantiu a
utilização do nome social, a utilização de roupas femininas e a revista por
mulheres65.
63
AGUINSKY, Beatriz Gershenson; FERREIRA, Guilherme Gomes; CIPRIANI, Marcelli Vidas
(hiper)precárias: Políticas públicas penais e de segurança face às condições e vida de
travestis e transexuais no Rio Grande do Sul. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito, Porto
Alegre, v. 6, n. 2, jul./dez. 2014. Disponível em:
<https://www.academia.edu/10955513/VIDAS_HIPER_PREC%C3%81RIAS_POL%C3%8DTICAS
_P%C3%9ABLICAS_PENAIS_E_DE_SEGURAN%C3%87A_FACE_%C3%80S_CONDI%C3%87
%C3%95ES_E_VIDA_DE_TRAVESTIS_E_TRANSEXUAIS_NO_RIO_GRANDE_DO_SUL>.
Acesso em: 20 out. 2015.
64
O GLOBO. Travestis e transexuais presos poderão escolher ir para ala feminina de
penitenciárias do Rio. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/rio/travestis-transexuais-presos-
poderao-escolher-ir-para-ala-feminina-de-penitenciarias-do-rio-16299891>. Acesso em: 20 out.
2015.
65
DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. A pedido da defensoria pública,
interna transexual da fundação casa tem garantido direito a transferência para unidade
feminina. Disponível em:
<http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/conteudos/noticias/noticiaconsulta.aspx?iditem=62591>.
Acesso em: 20 out. 2015.
18
66
BENTO, 2008, p. 152-160.
67
ONUBR. ONU parabeniza Argentina por lei de identidade de gênero. Disponível em:
<http://nacoesunidas.org/onu-parabeniza-argentina-por-lei-de-identidade-de-genero/>. Acesso em:
20 out. 2015.
68
BRASIL, Conselho Federal de Medicina, Resolução nº 1.955/2010, Dispõe sobre a cirurgia de
transgenitalismo e revoga a Resolução CFM nº 1.652/02. (Publicada no Diário Oficial da União;
Poder Executivo, Brasília-DF, n. 232, 2 dez.2002. Seção 1, p.80/81) - Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 3 de set. 2010. Seção 1, p. 109 - 10
19
69
BIBLIOTECA VIVA. De viagem solitária ao ativista. Disponível em:
<http://aprendersempre.org.br/arqs/INT_DE_VIAGEM_SOLITARIA_AO_ATIVISMO_Joao%20Walt
er%20Nery.pdf>. Acesso em: 21 out. 2015.
70
NERY, João W. Viagem solitária: Memorias de um transexual trinta anos depois. 3 ed. São
Paulo: Leya, 2011. p. 218
71
OAB RS. Anteprojeto de estatuto da diversidade sexual será encaminhado pela OAB ao
congresso. Disponível em: <http://www.oabrs.org.br/noticias/anteprojeto-estatuto-diversidade-
sexual-sera-encaminhado-pela-oab-ao-congresso/16680>. Acesso em: 21 out. 2015.
20
identidade de gênero (art. 45) e esclarece sobre a questão militar, nos seguintes
termos:
Nenhum dos dois projetos tem ainda previsão de ser votado. Concluídos os
estudos sobre os projetos de legislação, veremos agora a jurisprudência brasileira.
72
STF - ARE: 727856 MS, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 09/10/2013, Data de
Publicação: DJe-204 DIVULG 14/10/2013 PUBLIC 15/10/2013- encontrado em:
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4346913. Acesso em
junho de 15.
21
Cabe ressaltar que o Brasil tem os índices mais elevados de violência contra
os transexuais e travestis do mundo. Entre 2008 e 2014, estima-se que 602 mortes
ocorreram; em segundo lugar figura o México, que registrou quatro vezes menos
mortes no mesmo período.74
Algo, ainda, recorrente nas decisões do STJ são as de pessoas cuja cirurgia
já foi realizada e, ainda assim, necessitam buscar amparo na justiça para a
averbação do registro. É sabido por todos, infelizmente, a demora no exercício da
prestação jurisdicional, portanto aqui ressalva-se a necessidade de normas
regulamentadoras para facilitar tais procedimentos. Neste sentido:
73
CONJUR. Parecer Procuradoria-Geral da República - Mandado de injunção 4.733/DF (agravo
regimental). Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/parecer-pgr-criminalizacao-homofobia.pdf>.
Acesso em: 22 out. 2015.
74
AGUINSKY; FERREIRA; CIPRIANI, 2014.
23
Também em 2014, uma transexual teve garantido seus direitos pelo Tribunal
em uma ação em que pedia danos morais por ter sofrido constrangimento ao tentar
utilizar o banheiro feminino em um supermercado. A relatora entendeu que o autor
não poderia utilizar o banheiro masculino, pois lá a represália poderia ser ainda pior,
e também que a empresa deve ser punida para que tal fato não ocorra novamente.
Assim constou na ementa:
Dessa forma, nota-se que embora a legislação pátria não tenha, ainda,
alcançado o estado atual de discussão sobre o tema, o Direito brasileiro tem, por
meio de decisões judiciais, buscado garantir da melhor forma possível os direitos
dos transexuais.
75
G1. Tribunal de Justiça de SP aplica Lei Maria da Penha em caso de transexual. Disponível
em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/10/tribunal-de-justica-de-sp-aplica-lei-maria-da-
penha-favor-de-transexual.html>. Acesso em: 22 out. 2015.
26
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse mesmo sentido, não pode o Estado brasileiro permanecer inerte enquanto um
grupo de seus cidadãos sofre discriminação, privações e violência, sabidamente
movidas pelo ódio e preconceito, apenas pelo fato de que eles não se encaixam no
padrão normativo institucional.
Uma norma expressa que regulamente o reconhecimento do direito dos
transexuais, garantindo o cumprimento dos princípios constitucionais, é uma
necessidade urgente, e em nada interfere ou prejudica o resto da população.
É indispensável a qualquer ser humano o respeito, as suas escolhas, suas
ideias e suas identidades. O direito não pode omitir-se, impedindo uma parcela da
população de ter sua condição plena de pessoa. Apenas com o reconhecimento e a
aceitação da diversidade é que poderemos nos orgulhar de vivermos em um Estado
democrático cujos pilares baseiam-se na pluralidade e fraternidade.
REFERÊNCIAS
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