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Os debates sobre o aborto, atualmente, falam na maioria das vezes somente sobre se

o feto tem direito ou não à vida (pessoa com direito a vida), e se esse direito deve se
sobrepor ao da gestante.

De modo comum, dizem que a opinião conservadora tem como base a existência dos
direitos do feto desde sua concepção, e a liberal a inexistência dessa garantia. Uma
análise mais detalhada, entretanto, mostra que isso é incompatível, é errado. Existem graus
de arbítrio em ambas as partes, de extremas a moderadas.

Porém não podemos deduzir que existem somente duas variantes, cada individuo tem
uma opinião. Tanto dentro dos considerados conservadores quanto dos liberais conseguimos
encontrar grandes diferenças.

Como dworkin pontua dois tipos de conservadores:

1. Embora moralmente contra, acreditam que é necessário a lei


proporcionar autonomia a mulher, não cabendo ao Estado decidir com
base em seus ideais.
2. O segundo grupo é desfavorável, porém abre exceções em caso de
estupro ou para salvar a vida da gestante.

Dworkin afirma que quanto mais exceções, mais evidente fica como a opisição
conservadora não pressupõe a existência de um feto com vida.

Por outro lado as concepções liberais não decorrem simplesmente da negação de que
o feto seja uma pessoa com direito à vida. Dworkin não apresenta na análise pessoas como
Peggy Noonan (escritor de discurso de Reagan) que não via o aborto como um assunto
problemático. Ele o enxergava apenas como uma simples intervenção cirúrgica

Dworkin divide os liberais em 4 partes:

1. Nunca permissível por razões frívolas, tampouco é justificado, salvo em


situações a fim de prevenir dano grave.
2. Arremete as exceções do primeiro: aborto em caso de grave anomalia
fetal (Talidomida; Tay-Sachs), estupro, incesto, e para salvar a vida da
gestante.
3. Interesses da mãe, se o nascimento irá implicar graves consequências
para a vida da mãe
4. Por último, é uma decisão da mulher. O Estado não deve intervir em
assuntos privados.

Até aqui, Dworkin enfatiza a opinião moral individual. Porém existem os


planos coletivos: católicos, batistas, judeus, defensores dos valores familiares,
feministas e ateus; Dworkin pontua 2 por serem maiores: as religiões tradicionais e o
movimento feminista.

Como Dworkin escreve em seu livro: Na esfera religiosa, a questão primordial não é
saber se o feto é ou não uma pessoa, mas sim a melhor maneira de se respeitar o valor
intrínseco da vida humana.

1. Judeus como rabino Feldman: aborto é objetável por qualquer


razão, exceto para proteger a vida/saúde mental da gestante.

Talidomida membros não desenvolvidos; Tay-Sachs destruição de células cerebrais

2008 Dignitas personae com o intuito de atualizar as orientações desta instrução em razão de novos conhecimentos
científicos e práticas tecnológicas e estabelecer critérios éticos e morais para a sua utilização.
2. Cristãos dizem que todo ser humano tem direito à vida e à
integridade física, da concepção até morte, seguindo a Instrução
sobre o Respeito pela Vida Humana em sua Origem e sobre a
Dignidade da Procriação (Donum Vitae – J. Paulo 2º 1987). Em
1992 uma pesquisa nos EUA informou que 52% dos cristãos
norte-americanos acreditavam que o aborto deveria ser legal em
muitas ou todas as circunstâncias. Indo contra aos dogmas da
igreja.
3. As feministas não defendem a existência de direitos morais para o
feto, mas que ele tem sim uma importância moral. Como uma
pesquisa realizada pela Socióloga Carol Gilligan (HARVARD) com
29 mulheres prestes abortar, elas não se preocuparam com o feto
ter ou não direitos de uma pessoa. O conflito era a
responsabilidade perante sua família e suas próprias crenças.

Ao expor múltiplos aspectos morais do aborto, Dworkin mostra que é impossível


entender o argumento moral vigente se apenas abordar a questão do feto ser ou não
uma pessoa.

Quase todos compartilham, de modo expresso ou tácito, a ideia de que a vida


humana tem um valor objetivo e intrínseco, sendo a divergência da interpretação o ponto
elementar da discussão. E esta é muito mais importante que o dilema de ser ou não uma
pessoa, pois aborda o valor e a finalidade da vida, aprofundando a reflexão sobre as diferentes
concepções.

Talidomida membros não desenvolvidos; Tay-Sachs destruição de células cerebrais

2008 Dignitas personae com o intuito de atualizar as orientações desta instrução em razão de novos conhecimentos
científicos e práticas tecnológicas e estabelecer critérios éticos e morais para a sua utilização.

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