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O escapamento de âncora
O que é um relógio?
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16/06/2023 21:25 Relógios Mecânicos
Se o relógio se encerrasse
com esses cinco componentes
(tambor da mola principal,
roda central, terceira roda,
quarta roda e roda de escape)
a mola principal se
desenrolaria, mas numa
fração de segundos. É,
portanto, o sexto componente
de todos os relógios, o
escapamento, composto da roda do balanço e da
âncora de escape (e, corretamente falando, da
própria roda de escape), que controla a velocidade
do desenrolar da mola principal. A figura 2 mostra um relógio com a roda do balanço
removida e o seu pivô no 8. A âncora de escape pode ser vista no 2, seu pivô no 3. A
forquilha da âncora (no 2), é acoplada pela roda do balanço, que embala a âncora para frente
e para trás em seu rolamento. No 5 e 6, as duas “levées” de rubis da âncora de escape estão
visíveis (respectivamente a “levée” de entrada e saída). Pode ser visto nesta fotografia que a
âncora de escape é embalada no seu rolamento no sentido anti-horário, e que a “levée” de
entrada (5) trava um dos dentes da roda de escape. Este travamento também é mostrado no
desenho. Como a maioria das rodas de escape, esta mostrada tem 15 dentes, neste caso, do
tipo “club foot”, com uma superfície plana e em forma de pé (Rodas de escape inglesas
normalmente tem dentes retos).
A energia da mola viaja pelos cinco componentes do conjunto de engrenagens, tendo a roda
de escape com sua última peça. A roda de escape trava e libera intermitentemente (e,
conseqüentemente, trava e libera todo o conjunto de engrenagens, ocasionando a marcação
do tempo), já que a primeira palheta de rubi imobiliza a roda de escape, a libera, sendo,
então, parada pela outra “levée” de rubi. A roda do balanço (através de um rubi, a “elipse”)
move a âncora e suas “levées” para frente e para trás em intervalos regulares. O balanço,
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portanto, calcula o movimento da âncora, que trava e libera a roda de escape. Tudo aquilo é
para isto, pelo menos em tese. Aqueles que não desejam detalhes desta operação não
precisam ler adiante.
Os detalhes do mecanismo
Quando o balanço é girado além do centro, em cada direção, o espaço proporcionado pelo
corte em meia-lua não é suficiente para o dardo e, conseqüentemente, a âncora não pode se
mover lateralmente e acidentalmente liberar a roda de escape. Com a meia lua afastada do
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Finalmente, em nossa
detalhada descrição do
escapamento, existem os
pinos de limite (figura 6).
Eles estão em cada lado da
âncora, limitando seu curso.
Os pinos de limite
determinam o exato
acoplamento das “levées” de
rubis com os dentes da roda
de escape. Ao invés de pinos
de limite, pode ser usado o
limite inteiriço (mostrado na
figura 6 – “solid banking”).
Enquanto pinos delimite são
mais fáceis de ajustar,
acreditam alguns ser o limite inteiriço mais estável. Um dos requerimentos do “Selo de
Genebra” (concedido pelo Cantão de Genebra aos relógios produzidos em Genebra,
alcançados os requerimentos da chancela) são limites inteiriços. Estes só podem ser
ajustados raspando o metal da base ou criando entalhes que permitam a superfície de
contato ser dobrada.
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A mola do balanço
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A mola do balanço possui uma única função. Assim que o impulso da “levée” de saída tenha
propelido o balanço em uma direção, a mola inverte sua direção no final da oscilação.
Enquanto o balanço oscila em sentido anti-horário, ele desenrola a mola (na maioria dos
relógios); enquanto oscila no sentido horário, enrola a mola. A tensão produzida na mola (em
cada direção) reverte o curso do balanço. Ao executar esta operação, a mola do balanço é
responsável pelo arco da oscilação (amplitude) e, assim, pelo sincronismo e precisão (isto é,
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Ajustes na mola do balanço são uma tarefa muito especializada normalmente executada por
relojoeiros especialmente treinados, conhecidos como cronometristas. Esses ajustes são
feitos depois dos ajustes básicos no próprio balanço. Embora tenha discutido a roda do
balanço num artigo anterior do Horologium (nota do tradutor: referido artigo encontra-se
disponível no site Timezone, em inglês), é suficiente dizer que a roda deve estar
perfeitamente redonda e equilibrada (isto é, em equilíbrio, sem pontos sobrecarregados).
Erros residuais inevitáveis no equilíbrio do balanço, porém, podem ser parcialmente
compensados pelo ajuste da mola do balanço.
Todos estes objetivos são alcançados através de relativamente simples, algumas vezes
ardilosos, ajustes da mola do balanço. Estes incluem girar o collet para modificar a posição
do encaixe interno da mola; alongando ou encurtando a mola através do “piton”; alterando a
posição do “piton”; pelo afrouxamento da presilha do “piton”, e movendo-se a mola
ligeiramente (8, figura 9); modificando o raio e forma do “overcoil” (9) ou, no caso de uma
mola plana, o raio e a forma da bobina mais externa. Estes são os únicos ajustes de mola
disponíveis para centralizar a mesma, compensando-a para gravidade e efeitos posicionais,
alcançando isocronismo e ajustando o compasso.
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O
último
ajuste
disponível em vários relógios é realizado com o regulador (1, 5 e 6, figura 9), que é usado
para ajustar a marcha diária depois que todos os outros ajustes tiverem sido feitos. O
indicador do regulador (1) aponta para marcas em uma escala gravada na torneira do
balanço, para referência visual durante o ajuste. O indicador é encaixado no anel do
regulador (5) que contém os pinos de retenção (6), que deslizam ao longo do comprimento
da mola assim que o regulador é movido (ilustrado totalmente à esquerda). Algumas vezes o
ajuste é feito simplesmente movendo o indicador, o que pode ser difícil de fazer com
precisão, particularmente em regulagens muito pequenas. No caso do regulador de precisão
“swans-neck” ilustrado, o mesmo é movido girando o parafuso (4 e 4A) contra aquilo a que o
regulador é seguro pela mola do “swan-neck” (2). Tal arranjo proporciona o mínimo de “jogo”
no sistema. O movimento dos pinos de retenção modificam o comprimento efetivo da mola.
“Encurtando” a mola aumenta-se o compasso; estendendo-a, o diminui. Ao contrário dos
pinos de retenção planos ilustrados, alguns contém anteparos que evitam que algumas
bobinas da mola se prendam no regulador. A regulagem também pode afetar ligeiramente o
compasso, e isto freqüentemente exige alguns ajustes após a regulagem da marcha. No
entanto, alguns projetos de regulador como o Triovis (ilustrado acima à esquerda),
automaticamente compensam para o compasso durante a regulagem. O parafuso de ajuste
de precisão é visto no 1, e o anteparo de contrabalanceamento do compasso no 3. O suporte
do pino de retenção é visto no 2.
Conclusões
Tão simples quanto os conceitos, o moderno escapamento de âncora e duplo platô é uma
realização notável. Na sua forma atual mais comum, funcionando a 28.800 oscilações por
hora, o rubi da “levée” acopla e libera um dente de escape 691.200 vezes por dia. Qualquer
distúrbio em qualquer parte do mecanismo, mesmo de pequena proporção, pode causar
efeitos dramáticos na precisão. Por exemplo, qualquer mudança na mola do balanço, pivôs
do balanço, âncora ou ação de impulso das “levées”, equivalente a apenas um por cento de
alteração na inércia da roda do balanço, irá causar aproximadamente sete minutos e meio de
erros durante 24 horas. Isto é equivalente a mudar o tamanho efetivo da mola do balanço em
apenas 1,2 mm.
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Talvez tão notável quanto a precisão do escapamento de âncora seja sua confiabilidade e
durabilidade. Nos quatro anos entre uma revisão, o relógio de 28,800 oscilações por hora
terá completado aproximadamente 505 milhões de ciclos completos do escapamento: mais
de um bilhão de acoplamentos e impulsos de cada “levée” e o número equivalente
Nota do tradutor: Gostaria de agradecer a Walt Odets e à equipe do site Timezone por
gentilmente permitirem a tradução e divulgação deste artigo.
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