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16/06/2023 21:25 Relógios Mecânicos

 Artigo | Curiosidades (https://relogiosmecanicos.com.br/category/curiosidades/)

Como funciona um relógio mecânico – princípios


básicos do escapamento

por Walt Odets (Tradução livre por Flávio Maia)

O escapamento de âncora

Atualmente, quando falamos sobre o escapamento de um relógio, estaremos nos referindo,


quase invariavelmente, ao escapamento suíço de âncora e duplo platô. Foi seu
desenvolvimento e refinamento que, no século XIX, colocou a Suíça numa indisputável
posição de dominação no mundo da relojoaria. Hoje, este escapamento provou-se um
projeto preciso, confiável e resistente a literalmente um trilhão de batimentos.

Embora se saiba que o escapamento regula o compasso do relógio, os princípios


relativamente simples pelo qual ele o faz não são completamente compreendidos. Enquanto
as específicas geometrias e detalhes do escapamento de âncora são complexos e
desafiadores, seus princípios não são.

O que é um relógio?

O relógio é uma versão complexa da ampulheta. O


relógio é mais útil porque é capaz de medir o
tempo por períodos mais longos do que uma
ampulheta de tamanho razoável e não precisa
permanecer em pé. Ao invés da passagem de areia
por um orifício, o relógio usa uma peça de metal
flexível, a mola principal, que é enrolada e
liberada. O tempo indicado no mostrador é
essencialmente o quanto a mola principal se
desenrolou, da mesma forma que a quantidade de
areia que tenha passado pelo orifício da ampulheta.

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Todos os relógios, não obstante outras


complicações possíveis, compartilham de meros
seis componentes para realizar o trabalho de
“registrar o tempo”. A mola principal fornece
energia ao tambor ( fora do campo de visão
direito mais baixo da figura 1), que impulsiona a
roda central (5). A roda central impulsiona a
terceira roda (4), que impele a quarta roda (3),
que propele a roda de escape (1). A roda central
gira uma vez por hora e o ponteiro de minutos é
encaixado na extensão do seu pivô. A quarta roda
gira uma vez por minuto, e o ponteiro de segundos é encaixado na extensão do seu pivô. (O
ponteiro das horas é impulsionado através do ponteiro dos minutos por uma engrenagem
atrás do mostrador, com uma relação de transmissão de 12:1 -“a minuteria” – e gira, é claro,
uma vez a cada 12 horas).

Se o relógio se encerrasse
com esses cinco componentes
(tambor da mola principal,
roda central, terceira roda,
quarta roda e roda de escape)
a mola principal se
desenrolaria, mas numa
fração de segundos. É,
portanto, o sexto componente
de todos os relógios, o
escapamento, composto da roda do balanço e da
âncora de escape (e, corretamente falando, da
própria roda de escape), que controla a velocidade
do desenrolar da mola principal. A figura 2 mostra um relógio com a roda do balanço
removida e o seu pivô no 8. A âncora de escape pode ser vista no 2, seu pivô no 3. A
forquilha da âncora (no 2), é acoplada pela roda do balanço, que embala a âncora para frente
e para trás em seu rolamento. No 5 e 6, as duas “levées” de rubis da âncora de escape estão
visíveis (respectivamente a “levée” de entrada e saída). Pode ser visto nesta fotografia que a
âncora de escape é embalada no seu rolamento no sentido anti-horário, e que a “levée” de
entrada (5) trava um dos dentes da roda de escape. Este travamento também é mostrado no
desenho. Como a maioria das rodas de escape, esta mostrada tem 15 dentes, neste caso, do
tipo “club foot”, com uma superfície plana e em forma de pé (Rodas de escape inglesas
normalmente tem dentes retos).

O conceito simples do escapamento

A energia da mola viaja pelos cinco componentes do conjunto de engrenagens, tendo a roda
de escape com sua última peça. A roda de escape trava e libera intermitentemente (e,
conseqüentemente, trava e libera todo o conjunto de engrenagens, ocasionando a marcação
do tempo), já que a primeira palheta de rubi imobiliza a roda de escape, a libera, sendo,
então, parada pela outra “levée” de rubi. A roda do balanço (através de um rubi, a “elipse”)
move a âncora e suas “levées” para frente e para trás em intervalos regulares. O balanço,

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portanto, calcula o movimento da âncora, que trava e libera a roda de escape. Tudo aquilo é
para isto, pelo menos em tese. Aqueles que não desejam detalhes desta operação não
precisam ler adiante.

Os detalhes do mecanismo

Como o funcionamento da âncora é obtido


com tanta precisão e regularidade, apesar
das mudanç as de temperatura, posição do
relógio, forç as de inércia aplicadas pelos
movimentos do pulso do usuário e choques,
é questão de projeto, construção e ajuste
do escapamento.

A seguinte descrição de um escapamento


completo refere-se às figuras 3, 4 e 5, que
estão exaustivamente numeradas em todas
as partes relacionadas. Todos os pivôs
estão desenhados em amarelo e os rubis
em vermelho ( A figura 3 pertence à OMEGA
Watch Co.). A roda de escape tipo “club-
foot”, de 15 dentes, pode ser vista no 5, e
seu pinhã o no 6. Este pinhão é tracionado
pela quarta roda. A âncora (7) contém as
“levées” e seus rubis em cada extremidade
(9 e 10), e a forquilha na outra. As duas
projeções angulares na forquilha sã o
chamadas de chifres e a área entre os lados
paralelos da mesma, de boca.

O conjunto do balanço (1, 2, 3, 4


e a figura 5) contém três
componentes principais. O
primeiro é a própria roda do
balanço (1), o segundo é o platô
de impulso (3); o terceiro, o
platô de segurança (4). O platô
de impulso contém a elipse (3 A,
também conhecido como pino de
rubi ou pino do balanço) que
engata na boca da âncora e a
impulsiona para trás e para
frente, assim que a roda do balanço oscila em cada direção. O platô de segurança possui um
corte em forma de meia-lua que é ocupado pelo “dardo” ( “Guard Pin” ) quando o balanço
está centralizado na âncora.

Quando o balanço é girado além do centro, em cada direção, o espaço proporcionado pelo
corte em meia-lua não é suficiente para o dardo e, conseqüentemente, a âncora não pode se
mover lateralmente e acidentalmente liberar a roda de escape. Com a meia lua afastada do
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centro, o dardo acerta a borda


do platô de segurança, tendo
seu movimento obstruído e,
conseqüentemente, o da
âncora. Isto é necessário para
impedir a liberação indesejada
dos dentes da roda de escape
quando ocorrerem choques e ao ajustar as horas
do relógio.

Finalmente, em nossa
detalhada descrição do
escapamento, existem os
pinos de limite (figura 6).
Eles estão em cada lado da
âncora, limitando seu curso.
Os pinos de limite
determinam o exato
acoplamento das “levées” de
rubis com os dentes da roda
de escape. Ao invés de pinos
de limite, pode ser usado o
limite inteiriço (mostrado na
figura 6 – “solid banking”).
Enquanto pinos delimite são
mais fáceis de ajustar,
acreditam alguns ser o limite inteiriço mais estável. Um dos requerimentos do “Selo de
Genebra” (concedido pelo Cantão de Genebra aos relógios produzidos em Genebra,
alcançados os requerimentos da chancela) são limites inteiriços. Estes só podem ser
ajustados raspando o metal da base ou criando entalhes que permitam a superfície de
contato ser dobrada.

Porque tudo isto funciona: os ângulos

A figura 7 está incluída, não muito pelos detalhes,


mas para indicar a real complexidade de um
escapamento de âncora que se proponha a
funcionar corretamente. Os ângulos da superfície
dos dentes da roda de escape, “levées”, rubis das
“levées” e âncora, devem ser exatos em um
excelente relógio. O engate e desengate dos rubis
das “levées” necessita ser preciso, suave e quase
absolutamente consistente. Uma diferença tão
pequena quanto 0,5 mm nas dimensões ou no
alinhamento de um rubi da “levée”, é a diferença
entre um engate adequado e consistente da “levée” no dente da roda de escape ou não. Se a
“leveé” não engatasse corretamente uma vez a cada 1000 ciclos, o erro na marcação do
tempo atingiria horas por dia.

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Além disto, os rubis das “levées” fazem muito


mais do que simplesmente bloquear e liberar
os dentes da roda de escape. No desengate, o
rubi da “levée” efetivamente impulsiona a roda
do balanço em seu curso, na direção oposta.
Cada rubi da “levée” tem uma superfície de
travamento e outra de impulso, como
demonstrado na figura à esquerda. Enquanto a
ponta do rubi da “levée” começa a engatar o
dente da roda de escape, as geometrias de
todos componentes asseguram que a rotação
da roda de escape (e a pressão do dente na superfície de bloqueio do rubi) tracione a “levée”
para baixo, até um contato mais firme com o dente. Isto é denominado “tração”. O ligeiro
movimento descendente da tração causa o “curso ao limite”, em que a âncora contata seu
pino de limite ou limite inteiriço. Enquanto a elipse ( no platô de impulso) volta através da
oscilação de retorno do balanço e, contata a boca da âncora, o rubi da “levée” é liberado do
travamento, permitindo a continuação do movimento de rotação da roda de escape. Como
ilustrado na fotografia acima à direita, a ponta do dente de escape contata a superfície de
impulso do rubi que está sendo liberado, e o ângulo entre este e o dente cria um impulso
ascendente no rubi. Isto é conhecido como impulso. Através da âncora, do boca da âncora e
da elipse, o impulso propele o balanço a oscilar em sentido oposto. A superfície plana da
extremidade do dente de escape tipo “club-foot” é projetada para distribuir a força de
impulso, na superfície do rubi, mais uniformemente. Observe que a “levée” de saída e entrada
percorrem um ciclo de engate, contato, bloqueio, e se liberam. Enquanto um rubi é liberado,
o outro esta entrando em posição de engate.

A mola do balanço

Eu deixei a mola do balanço (também


conhecida como “cabelo”) por último porque,
em alguns aspectos, é o coração do
escapamento e seu componente mais sutil. A
ilustração à esquerda mostra a “torneira do
balanço” (uma “torneira” é uma ponte unida ao
movimento em somente uma extremidade)
com a mola e o balanço unidos. A montagem
está ao contrário (de cabeça para baixo) da sua
posição no relógio. O item 1 é o platô de
impulso contendo a elipse (4). O platô de
segurança com a meia lua encontra-se logo
abaixo (acima, no relógio) do pivô inferior do
balanço (3). Os três pinos de encaixe (6) simplesmente posicionam a torneira do balanço
adequadamente na base do movimento. O grande furo entre os pinos de encaixe é para o
único parafuso que prende a torneira do balanço ao movimento. O chanfrado à esquerda do
furo para o parafuso permite a inserção de uma chave de fenda de 1.0 mm, possibilitando
que se erga a torneira após a remoção do parafuso. A mola do balanço (5) encontra-se entre
o balanço e a torneira.

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A extremidade final do “cabelo” é encaixada ao “collet”


(palavra francesa para colar – no Brasil, utiliza-se a
terminologia “virola”) por meio de um pequena fenda, como
ilustrado à direita (mola em vermelho). A grande fenda é
usada para desanexar o “collet” dos componentes do balanço.
Como a roda do balanço e o “collet” são encaixados
firmemente ao eixo do balanço, esta extremidade da mola
gira para frente e para trás com o conjunto. A outra
extremidade da mola é encaixada ao “piton”. O “piton” é uma braçadeira aparafusada
firmemente à torneira, normalmente indicada por um pequeno triângulo gravado nesta.
Alternativamente, o “piton” pode ser uma peça de um conjunto móvel montado na torneira do
balanço conhecida como “piton” móvel ou “piton” ajustável. Em qualquer caso, essa
extremidade da mola é imóvel em relação à operação da roda do balanço. Como ilustrado na
figura 8, o “piton” é visto no 1, e a ultima volta exterior da mola no 2. A mola encaixa no lado
de baixo do “piton”, no 3. O “collet” para o encaixe interno esta no 4.

Alguns relógios são ditos terem


molas de balanço planas, o que
significa que a última bobina
exterior da mola (antes dela
encaixar-se ao pino na torneira do
balanço) encontra-se no mesmo
nível das outras bobinas (Isto não
diz respeito à seção transversal da
própria mola, já que todas as molas
de balanço são de seção transversal
retangular ou planas). Quando a
mola do balanço não é plana, isto
indica o uso de uma mola de
balanço “overcoil”, como ilustrado
abaixo à esquerda. A mola de
balanço “overcoil” é referida
freqüentemente como “overcoil” de
Breguet. A “overcoil” de Breguet
pode ser configurada em centenas
de formas, dentre as quais são mais conhecidas a “curva de Lossier” e a “curva de Phillips”. A
ilustração abaixo à esquerda mostra uma curva de Phillips, com seu característico ponto
plano. A curva de Lossier é totalmente radial. A ilustração abaixo à esquerda também mostra
o ponto externo de fixação da mola, no triângulo azul (que na verdade é uma parte da
torneira do balanço, não mostrada nesta ilustração), e o encaixe interno no collet, em verde.
A mola é vista entrando no collet na seta verde.

A mola do balanço possui uma única função. Assim que o impulso da “levée” de saída tenha
propelido o balanço em uma direção, a mola inverte sua direção no final da oscilação.
Enquanto o balanço oscila em sentido anti-horário, ele desenrola a mola (na maioria dos
relógios); enquanto oscila no sentido horário, enrola a mola. A tensão produzida na mola (em
cada direção) reverte o curso do balanço. Ao executar esta operação, a mola do balanço é
responsável pelo arco da oscilação (amplitude) e, assim, pelo sincronismo e precisão (isto é,

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consistência) do movimento. A oscilação do balanço


sincroniza a ação da âncora de escape e,
conseqüentemente, a rotação da roda de escape e a
velocidade com que a mola principal desenrola. A
amplitude normal de um relógio contemporâneo é de
aproximadamente uma e meia volta, ou
aproximadamente 270º (uma volta corresponde a 180º,
falando-se em rodas de balanço). Se a amplitude é
demasiadamente pequena, o relógio irá funcionar fraco e
irregular; se muito grande, é arriscado colidir. Colisões
ocorrem a elipse gira completamente e acerta a parte
externa da âncora.

Ajustando a mola do balanço

Ajustes na mola do balanço são uma tarefa muito especializada normalmente executada por
relojoeiros especialmente treinados, conhecidos como cronometristas. Esses ajustes são
feitos depois dos ajustes básicos no próprio balanço. Embora tenha discutido a roda do
balanço num artigo anterior do Horologium (nota do tradutor: referido artigo encontra-se
disponível no site Timezone, em inglês), é suficiente dizer que a roda deve estar
perfeitamente redonda e equilibrada (isto é, em equilíbrio, sem pontos sobrecarregados).
Erros residuais inevitáveis no equilíbrio do balanço, porém, podem ser parcialmente
compensados pelo ajuste da mola do balanço.

O ajuste da mola, normalmente conhecido como sincronismo, tem quatro objetivos


primários, todos relacionados à obtenção de precisão ou cadência absoluta: (1) Possibilitar a
extensão e contração simétrica da mola a partir do centro do seu comprimento (isto é, o
centro da bobina central), a fim de compensar os efeitos da gravidade sobre a mola, que
arqueia sobre seu próprio peso e, conseqüentemente, introduz diferenças de funcionamento
em posições diversas do relógio. Isto é uma questão de precisão. (2) Para maximizar o
isocronismo do movimento, de modo que todas as oscilações do balanço durem ( o tanto
quanto possível) o mesmo tempo, não obstante o arco percorrido. Esta também é uma
questão de precisão. (3) Para ajustar a mola de modo que o relógio esteja “no compasso”,
significando que o tempo entre a batida da elipse na boca da forquilha, percorrendo em uma
direção, seja igual ao intervalo quando o pino de impulso esta percorrendo na outra. (Isto é
obtido aproximadamente tendo o pino de impulso centrado na forquilha com o balanço em
repouso). Isto também é uma questão de precisão. (4) E o ajuste da mola para assegurar se a
marcha absoluta do relógio está correta (isto é, se o relógio se mantém correlato a um padrão
de tempo). Observe que a precisão é, de longe, a questão complexa. Sem precisão, a questão
de marcha absoluta é, em todo caso, discutível.

Todos estes objetivos são alcançados através de relativamente simples, algumas vezes
ardilosos, ajustes da mola do balanço. Estes incluem girar o collet para modificar a posição
do encaixe interno da mola; alongando ou encurtando a mola através do “piton”; alterando a
posição do “piton”; pelo afrouxamento da presilha do “piton”, e movendo-se a mola
ligeiramente (8, figura 9); modificando o raio e forma do “overcoil” (9) ou, no caso de uma
mola plana, o raio e a forma da bobina mais externa. Estes são os únicos ajustes de mola
disponíveis para centralizar a mesma, compensando-a para gravidade e efeitos posicionais,
alcançando isocronismo e ajustando o compasso.
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O
último
ajuste

disponível em vários relógios é realizado com o regulador (1, 5 e 6, figura 9), que é usado
para ajustar a marcha diária depois que todos os outros ajustes tiverem sido feitos. O
indicador do regulador (1) aponta para marcas em uma escala gravada na torneira do
balanço, para referência visual durante o ajuste. O indicador é encaixado no anel do
regulador (5) que contém os pinos de retenção (6), que deslizam ao longo do comprimento
da mola assim que o regulador é movido (ilustrado totalmente à esquerda). Algumas vezes o
ajuste é feito simplesmente movendo o indicador, o que pode ser difícil de fazer com
precisão, particularmente em regulagens muito pequenas. No caso do regulador de precisão
“swans-neck” ilustrado, o mesmo é movido girando o parafuso (4 e 4A) contra aquilo a que o
regulador é seguro pela mola do “swan-neck” (2). Tal arranjo proporciona o mínimo de “jogo”
no sistema. O movimento dos pinos de retenção modificam o comprimento efetivo da mola.
“Encurtando” a mola aumenta-se o compasso; estendendo-a, o diminui. Ao contrário dos
pinos de retenção planos ilustrados, alguns contém anteparos que evitam que algumas
bobinas da mola se prendam no regulador. A regulagem também pode afetar ligeiramente o
compasso, e isto freqüentemente exige alguns ajustes após a regulagem da marcha. No
entanto, alguns projetos de regulador como o Triovis (ilustrado acima à esquerda),
automaticamente compensam para o compasso durante a regulagem. O parafuso de ajuste
de precisão é visto no 1, e o anteparo de contrabalanceamento do compasso no 3. O suporte
do pino de retenção é visto no 2.

Conclusões

Tão simples quanto os conceitos, o moderno escapamento de âncora e duplo platô é uma
realização notável. Na sua forma atual mais comum, funcionando a 28.800 oscilações por
hora, o rubi da “levée” acopla e libera um dente de escape 691.200 vezes por dia. Qualquer
distúrbio em qualquer parte do mecanismo, mesmo de pequena proporção, pode causar
efeitos dramáticos na precisão. Por exemplo, qualquer mudança na mola do balanço, pivôs
do balanço, âncora ou ação de impulso das “levées”, equivalente a apenas um por cento de
alteração na inércia da roda do balanço, irá causar aproximadamente sete minutos e meio de
erros durante 24 horas. Isto é equivalente a mudar o tamanho efetivo da mola do balanço em
apenas 1,2 mm.
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Talvez tão notável quanto a precisão do escapamento de âncora seja sua confiabilidade e
durabilidade. Nos quatro anos entre uma revisão, o relógio de 28,800 oscilações por hora
terá completado aproximadamente 505 milhões de ciclos completos do escapamento: mais
de um bilhão de acoplamentos e impulsos de cada “levée” e o número equivalente

Nota do tradutor: Gostaria de agradecer a Walt Odets e à equipe do site Timezone por
gentilmente permitirem a tradução e divulgação deste artigo.

Os relojoeiros brasileiros, sobretudo pela influência do saudoso professor Dimas de Melo


Pimenta, fundador do Instituto Brasileiro de Relojoaria – hoje extinto -, adotaram a
terminologia francesa dos componentes de um relógio. Assim, mantive-me fiel aos termos
adotados na obra “Manual do Aprendiz de Relojoeiro, 2ª Edição”, de autoria de Dimas
Pimenta. Alguns componentes dos movimentos mecânicos, porém, não possuíam designação
neste livro, razão pela qual realizei a tradução livre de algumas palavras.

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