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SEDIMENTADOR GRAVITACIONAL

O método mais antigo de separação de partículas e gotículas de uma corrente gasosa é a


sedimentação livre baseada no peso próprio.
A indústria metalúrgica e a indústria do enxofre sempre utilizaram esse método, que se aplica
bem para partículas mais grossas. As câmaras gravitacionais são simples expansões do duto por onde
escoa a corrente gasosa. Consistem essencialmente em uma câmara, em geral metálica, de dimensões
relativamente grandes em relação às do duto que introduz a suspensão gasosa de partículas (aerossol).
Se a seção transversal da câmara for suficientemente grande, a velocidade do gás será pequena e as
forças gravitacionais que agem sobre as partículas superam as cinéticas, o que acarreta a deposição
das partículas grandes (em geral, acima de 50 µm). Para que partículas menores sejam coletadas, é
preciso que as dimensões da câmara sejam muito grandes, o que acaba tornando sua operação não
econômica.

Figura. Sedimentadores gravitacionais.

(01)

nglobal é a eficiência global de coleta de material particulado no separador (ad) ou (%)


WE é a vazão mássica do material particulado suspenso na corrente de entrada ((kg/h) ou (kg/s) )
WS é a vazão mássica do material particulado suspenso na corrente de saída (kg/s)
Para efetuar o cálculo da eficiência global é necessário efetuar primeiro o cálculo da eficiência
fracionária (fracionada). Mas para determinação da eficiência fracionada precisamos determinar o
regime de escoamento.
O regime de escoamento pode ser classificado, preferencialmente, de acordo com o nível de
turbulência presente em uma superfície.
O regime de escoamento no sedimentador pode ser laminar ou turbulento.
Podemos dizer que o dimensionamento de um sedimentador é baseado na velocidade terminal
da partícula suspensa na corrente gasosa e no regime de escoamento no interior do sedimentador.
O regime de escoamento no sedimentador pode ser laminar ou turbulento, dependendo do
número de Reynolds, definido como:

(02)

O coeficiente, número ou módulo de Reynolds é um número adimensional usado em


mecânica dos fluidos para o cálculo do regime de escoamento de determinado fluido sobre uma
superfície.
Onde:
U é a velocidade média do gás (fluido) no sedimentador (m/s);
ρgás é a densidade do gás(kg/m3);
µgás é a viscosidade do gás (Pa.s); e
Dh é o diâmetro hidráulico (m)

Onde U é a velocidade média do gás (fluido) no sedimentador (m/s), calculada por:

(03)

Qm = vazão volumétrica da corrente gasosa (m3/h);


W = largura da câmara (m);
H = altura da câmara (m);
A viscosidade (µgás) e a densidade (ρgás) podem ser calculadas na temperatura e pressão
médias do gás pelas equações e tabela abaixo.

(Lei dos gases ideais) (04)

Pm:= Pressão Média (mmHg ou Pa)


MMg : massa molar do gás (g/mol);
R: constante dos gases ideais (L.mmHg.mol-1K-1);
Tm: Temperatura Média (ºC)

(Equação de Sutherland) (05)

Cn é uma propriedade do gás (Constante de Sutherland);


µo é a viscosidade.
Tabela 1. Informações para cálculo da viscosidade e densidade do gás.

Os valores de massa molar (MMg), o, R, e Cn são dados na Tabela 1 conforme características
do gás. Cn é uma propriedade do gás (Constante de Sutherland).

Observações:
1) Nas equações acima, T é dado em ºC e Pm em mmHg para  em (kg/m3) e  em (Pa.s).
2) R é a constante dos gases ideais: R = 62,3637 L.mmHg.mol-1K-1.
(06)

Tm = Temperatura Média (ºC)


TE = Temperatura da corrente de entrada (ºC)
TS = Temperatura da corrente de saída (ºC)

(07)

Pm = Pressão Média (mmHg ou Pa)


PE = Pressão absoluta da corrente de entrada (mmHg ou Pa)
PS = Pressão absoluta da corrente de saída (mmHg ou Pa)

O diâmetro hidráulico (Dh) é calculado por:


área escoamento
𝐷ℎ = 4 (08)
perímetro ocupado
Dh = diâmetro hidráulico (m)

Reorganizando,

(09)

*perímetro ocupado = parte da seção transversal que é ocupada pelo fluído.

Para fins de dimensionamento, a vazão volumétrica da corrente gasosa deve ser calculada na
temperatura média entre a entrada e saída do sedimentador:

(10)

QE = Vazão volumétrica da corrente gasosa na entrada.

Substituindo a equação de U e Dh na equação de Resed, temos:

(11)

Assim, temos

Regime de Escoamento Laminar

No escoamento laminar, não há mistura, e as partículas depositam-se por toda a seção


transversal do sedimentador. O comprimento do sedimentador (L) está associado à eficiência de
coleta da partícula. Assim, quanto maior L, maior a probabilidade de a partícula depositar-se no
sedimentador, aumentando a sua eficiência de coleta.
Para se obter a eficiência de coleta fracionária (ηi), utiliza-se a seguinte equação:
𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑝ó 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑑𝑝𝑖
𝜂𝑖 = (12)
𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑝ó 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑑𝑝𝑖
Ou
𝑊𝑅𝑖
𝜂𝑖 = (13)
𝑊𝐸𝑖
WRi: vazão de pó retido com diâmetro dpi (kg/s);
WEi: vazão mássica do material particulado com diâmetro dpi na corrente de entrada (kg/s).
dpi ou p = diâmetro da partícula (m);

WEi = CEi QE (14)


WEi = vazão mássica do material particulado com diâmetro dpi na corrente de entrada (kg/s).
CEi. é a concentração de material particulado na corrente de entrada (mg/m3).
QE é a vazão volumétrica da suspensão na corrente de entrada (m3/s).

WRi = CEiVti Acoleta ou WRi = CEiVtiWL (15)


WRi = vazão de pó retido com diâmetro dpi;
Vti: velocidade terminal da partícula;
Acoleta: área de coleta;
W = largura;
L = comprimento.

Substituindo as equações de WEi e WRi na equação de ηi (eq. 13), e utilizando Qm no lugar de QE,
temos:

(16)

Podemos obter a velocidade terminal da partícula (Vti) pelas equações abaixo:

(17)

Vti: velocidade terminal da partícula (m/s);


ρp: densidade da partícula (kg/m3);
ρf: densidade do fluído (gás) (kg/m3);
CD: Coeficiente de arrasto (Ad);
g= 9,80665 (m/s2);
dpi ou p= diâmetro da partícula (m)
Qm = Vazão volumétrica da corrente gasosa.

(18)

Ar: número de Arquimedes (adimensional (Ad));

(19)

Ar: número de Arquimedes (adimensional (Ad));


µ: viscosidade.

As equações 18 e 19 são válidas para números de Arquimedes (Ar) entre 0 e 13000. Para Ar>13000,
CD = 0,95 na equação 18.
Regime de Escoamento Turbulento
No regime turbulento (Resed > 2300), a mistura do gás evita a sedimentação de partículas,
exceto para uma fina camada laminar no fundo da câmara. Há 2 diferentes modelos, dependendo do
grau de mistura (turbulência) na câmara.

Mistura Lateral Completa


Em geral, adota-se que esse modelo é válido para 2300 < Resed < 6000. Neste modelo, a
concentração de partículas acima da camada limite é assumida ser constante em qualquer seção
perpendicular ao fluxo:

(20)

Qm = vazão volumétrica da corrente gasosa (m3/s);


W = largura;
L = comprimento.
Vti: velocidade terminal da partícula (m/s);

Mistura Lateral e Longitudinal Completa

Em geral, adota-se que esse modelo é válido para Resed > 6000. Neste caso extremo, a mistura
turbulenta uniformiza a concentração das partículas em todas as direções, de modo que assim que
entram, sua concentração cai de CE para CS.
CE = é a concentração de material particulado na corrente de entrada (mg/m3);
CS = é a concentração de material particulado na corrente de saída (mg/m3);

(21)

DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE COLETA GLOBAL DO SEDIMENTADOR


(22)
Com:
(23)

(24)

(25)

WEi = wEi.WE (26)


WEi: vazão mássica do material particulado com diâmetro dpi na corrente de entrada (kg/s);
wEi: é a fração mássica das partículas com diâmetro dpi na entrada do separador (ad) ou (%).

(27)
(28)

nglobal = é a eficiência global de coleta de material particulado no separador (ad) ou (%);


WE = é a vazão mássica do material particulado suspenso na corrente de entrada ((kg/h) ou
(kg/s));
WEi = é a vazão mássica do material particulado suspenso na corrente de entrada ((kg/h) ou
(kg/s));
CE. = é a concentração de material particulado na corrente de entrada (mg/m3);
QE = é a vazão volumétrica da suspensão na corrente de entrada (m3/s);
WS = é a vazão mássica do material particulado suspenso (com diâmetro dpi) na corrente de
saída (kg/s);
WSi = vazão mássica do material particulado com diâmetro dpi na corrente de saída (kg/s).
ni = é a eficiência fracionária de coleta de material particulado no separador (ad) ou (%)

EXERCÍCIO (AULA)
Um sedimentador gravitacional tem dimensões H=4m, W=4m e L=5m. A corrente gasosa (ar) de
entrada no equipamento apresenta temperatura constante de 60ºC, a pressão de 710mmHg, vazão de
1200m3/hora, concentração total de particulados de 10g/m3. Considere a velocidade do ar na câmara
de 0,4m/s. A densidade das partículas é de 2200kg/m3 e a distribuição granulométrica é dada por:
Ar seco padrão.
Dpi (µm) 5 10 25 60 120
Wi (% massa) 3 15 29 34 19

Determine:
a) A velocidade terminal de cada partícula.
b) o número de Reynolds do sedimentador e o regime de escoamento.
c) A eficiência de coleta para cada tamanho de partícula de escoamento.
d) A eficiência global de coleta do sedimentador.

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