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Estado de Goiás

Secretaria de Estado da Educação


Superintendência de Ensino Médio
Gerência da Mediação Tecnológica

2023
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Governador do Estado de Goiás


Ronaldo Ramos Caiado

Vice Governador do Estado de Goiás


Daniel Elias Carvalho Vilela

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Secretária de Estado da Educação


Aparecida de Fátima Gavioli Soares Pereira

Diretoria Pedagógica
Márcia Rocha de Souza Antunes

Superintendente de Ensino Médio


Osvany da Costa Gundim Cardoso

Gerente de Mediação Tecnológica


Denise Cristina Bueno

Coordenadoras Pedagógicas de Mediação Tecnológica


Luciane Aparecida de Oliveira Rodrigues
Wanda Maria de Carvalho

ELABORARDORES/AS
Linguagens e suas Tecnologias
Daniela de Souza Ferreira Mesquita – Coordenadora de Área/Língua Portuguesa
Carlos César Higa – Mundo do Trabalho
Daniela Amâncio Cavallari – Língua Estrangeira - Inglês
Daniella Ferreira da Conceição – Língua Estrangeira - Espanhol
Ivair Alves de Souza – Língua Portuguesa
Luiz Carlos Silva Junior – Educação Física
Maria Caroline Guimarães Leite Logatti – Arte/Mundo do Trabalho

Matemática e suas Tecnologias


Luan de Souza Bezerra – Coordenador de Área
Luara Laressa Ferreira dos Santos Lima

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas


Pedro Ivo Jorge de Faria – Coordenador de Área/História
Alejandro de Freitas Paulino Matos – Geografia
Bruno Martins Ferreira – Geografia
Carlos César Higa – Sociologia
Gustavo Henrique José Barbosa – Sociologia/Filosofia/Projeto de Vida

Ciências da Natureza e suas Tecnologias


Núbia Pontes Pereira – Coordenadora de Área / Biologia / Ciências
Francisco Rocha – Física / Ciências
George Fontenelle Costa – Física
Luiz Carlos Silva Júnior – Biologia
Rosimeire Silva de Carvalho – Química

Revisão
Daniela de Souza Ferreira Mesquita
Elaine Nicolodi

Designer Gráfico
Hugo Leandro de Leles Carvalho – Capa

EQUIPE GOIÁS TEC


TELEFONE: 3201-3253
E-MAIL: gmt@seduc.go.gov.br
© Copyright 2022 – Goiás Tec Ensino Médio ao Alcance de Todos
“Todos os direitos reservados”
Sumário

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS............................................................................. 5

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS........................................................ 115

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS......................................................................... 185

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS.............................................................. 193

PROJETO DE VIDA...................................................................................................... 243


Linguagens e
suas Tecnologias
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR – LÍNGUA HOLA, ESTUDIANTES!!
ESTRANGEIRA MODERNA – ESPANHOL
GÊNEROS MUSICAIS
Estimado(a) estudiante, ESPANHOIS...

“A música da espanhola é bem variada, pois ela


conta com músicas tradicionais que são: flamengo,
fandango, pasodoble, jota e os estilos regionais e po-
pulares, como pop, rock, hip hop e outros, que tenham
letra espanhola.

Flamenco

O flamenco é um tipo de música e dança cujo as


origens advêm das culturas (ciganas, mourisca, árabe
¡Bienvenido(a) a las clases de lengua española! e judaica). Hoje em dia ela consiste primeiramente no
Ustedes van a estudiar y conocer un poco del canto, sem nenhum tipo de acompanhamento e logo
universo hispano y su cultura. depois entra o som do violão ou até mesmo guitarra,
Trabajaré los siguientes temas: palmas, sapateado e dança. E ele pode estar se divi-
dindo de três maneiras:
Objetivos da Objetos do conhecimento 1° Flamenco Jondo ou flamenco antigo
aprendizagem 2° Flamenco Clássico
(GO-EMLGG403D): Ritmos latinos hispânicos 3° Flamenco contemporâneo
(GO-EMLGG403D): Instrumentos musicais
(GO-EMLGG403D): Novos arranjos musicais
(GO-EMLGG403A) Comparativos y superlativos
(GO-EMLGG403A) Cuestiones de ENEM para in-
terpretación
(GO-EMLGG403A) Vocabulario das partes do
corpo humano

LECCIÓN 01 (AULA 01)

Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-


zer uso do espanhol e do inglês como
línguas de comunicação global, levando
em conta a multiplicidade e variedade de O Flamenco é considerado uma dança e música bastante sensual,
usos, usuários e funções dessa língua no mundo pois ela trabalha com o poder da elegância corporal. (foto:
contemporâneo. divulgação)

Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO- Fandango


-EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
mos e movimentos da dança (para ouvintes e não O Fandango é uma música e dança conhecida na
ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo- Espanha e também em Portugal. O estilo é dançado
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos a dois, é caracterizado pela época barroca, por isso
musicais para valorizar as diversidades culturais em pode-se dizer tradicional. E já a sua música é feita em
conjunção com as diversidades do nosso país. um ritmo de 3/4, com castanholas, sapateado e um
ciclo de acordes característico (lá menor, sol maior,
Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Ritmos fá maior, mi menor).
latinos hispânicos. No Brasil o termo Fandango pode estar sendo
aplicado de dois modos:
1° No auto marítimo do ciclo natalino, encontrado
em alguns estados do nordeste.
2° Nos bailes sulistas

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMO SURGIRAM OS DIFERENTES RITMOS LA-
TINOS?
Cíntia Cristina

O Fandango é muito visto nos bailes de tradição gaúcha no Brasil.


(foto: divulgação) “Quase todos, com exceção da salsa e do tango,
nasceram da mistura de danças e ritmos herdados da
Pasodoble Europa e da África. Essa história começou na França
de Luís XIV (1643-1715). Dos animados bailes promo-
O Pasodoble também é um conjunto onde envolve vidos por ele no Palácio de Versalhes, a contradança
música e dança �pica. Ela teve origem em meados francesa – uma espécie de quadrilha que divertia os
do século XVI e até hoje é usada nas apresentações nobres da época – foi importada pela corte espanhola
de touradas. Como as demais, a dança e música são e depois rumou para colônias no Caribe, como Cuba,
sensuais e envolventes, ótima para ser dançada a dois. Haiti e República Dominicana. A outra grande influên-
Ele é cheio de alegria, dança, castiço e se pare- cia na criação dos ritmos caribenhos veio dos escravos
ce muito com o flamenco. Então pode acontecer de que os colonizadores traziam da África para a Améri-
confundirem as danças e até mesmo o ritmo musical. ca. Das tribos africanas, dois grandes grupos étnicos
foram especialmente explorados como mão-de-obra:
os bantos e os iorubás, que habitavam regiões onde
ficam hoje Nigéria e Camarões. Além da força de tra-
balho, os primeiros africanos que chegaram ao Caribe
trouxeram seus tambores e danças religiosas.
No século XVIII, escravos da região começaram a
unir essas várias heranças culturais, criando a contra-
danza criolla, que misturava a contradança europeia
com instrumentos musicais e expressão corporal de
origem africana. A partir de meados do século XIX,
uma das colônias que se destacaram pela riqueza dos
novos ritmos produzidos foi Cuba, que logo se tornaria
Pasodoble, encantador e sensual. (foto: divulgação) a principal exportadora de sons e dança caribenhas.
Isso porque, além da variedade rítmica ali desenvol-
Jota vida, o país também atraiu um grande número de
O Jota não é muito diferente dos outros sons. Nele turistas dos Estados Unidos até a primeira metade
pode-se encontrar o som das castanholas, tamborins e do século XX .“A cultura popular cubana foi muito
flauta. É sensual e ao mesmo tempo divertido. Requer divulgada com a ajuda do cinema e dos americanos
bastante habilidade com os pés. As suas raízes pos- antes da revolução que levou Fidel Castro ao poder
suem origem de Aragão e advêm de uma percussão em 1959. [...]”
parecida as usadas no norte da África, mas pode-se
dizer que a música é apreciada em todo o mundo.” Leia mais em:
CRISTINA, Cíntia. Como surgiram os diferentes
REFERÊNCIA ritmos latinos? Super Interessante, 18 abr. 2011,
MÚSICA DA ESPANHA. Brasil Blogado, [s.d.]. Disponí- 18h56. Disponível em: h�ps://super.abril.com.br/
vel em: h�ps://www.brasilblogado.com/musicas-da- mundo-estranho/como-surgiram-os-diferentes-rit-
-espanha/ . Acesso em: 15 mar. 2023. mos-latinos/. Acesso em: 15 mar. 2023.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Ahora harás una investigación sobre formas de in-
clusión en la danza/música que posean la diversidad
ATIVIDADES cultural y el acceso a todos y posteriormente debe-
rás crear una coreogra�a que tenga este propósito
Elementos da dança (Personale).
A dança tem três elementos básicos: movimento cor-
poral, espaço e tempo.
LECCIÓN 02 (AULA 02)
Movimento corporal
Na dança, refere-se aos movimentos básicos do corpo Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-
(translações e rotações) e as combinações entre eles, zer uso do espanhol e do inglês como
que podem ser divididos em três tipos: línguas de comunicação global, levando
• Movimento potencial: correspondem as pausas do em conta a multiplicidade e variedade de
movimento, ou seja, quando as partes do corpo não usos, usuários e funções dessa língua no
fazem nenhuma trajetória no espaço. mundo contemporâneo.
• Movimento liberado: são movimentos realizados
com o corpo no espaço. Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-
• Famílias de movimentos: os diferentes movimentos -EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
são organizados em famílias da dança: transferên- mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
cias, locomoções, saltos, voltas, quedas e elevações. ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
Espaço musicais para valorizar as diversidades culturais em
Refere-se ao trajeto do corpo, do início ao fim. No es- conjunção com as diversidades do nosso país.
paço existe a Cinesfera ou Kinesfera (espaço individual
do corpo que se movimenta), cujo limite de abran- Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Instru-
gência é dada pela extensão ou flexão dos membros mentos musicais.
superiores e inferiores.
Dentro do espaço são estudada as direções (cima,
baixo, lado, frente, trás e diagonais), as dimensões
(pequeno, médio e grande), os níveis (baixo, médio e
alto) e as extensões (perto, médio e longe).

¡MANOS A LA OBRA!!!!

1. Mira las imagens. (Observe as imagens):

HOLA, ESTUDIANTES!!

CURIOSIDADE...
Entre os instrumentos tradicionais da Espanha
temos: o violâo flamenco, as castanholas, o acordeão.

VIOLÃO FLAMENCO

A guitarra flamenca, é muito parecida com a gui-


tarra clássica, é descendente do alaúde. Pensa-se que
as primeiras guitarras terão aparecido em Espanha no
século XV. A guitarra de flamenco tradicional é feita
de madeira de cipreste e abeto, é mais leve e um
Encontro de dois – peça teatral para ouvintes e não pouco menor que a guitarra clássica, com o objetivo
ouvintes de produzir um som mais agudo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ressantes em 1730, onde a guitarra clássica e, claro,
as castanholas se destacaram.

Assista ao vídeo dançante usando as castanholas em


: h�ps://youtu.be/mbw6b3YlckY

ACORDEÃO

Pintura de Edouard Manet

Em 1922, um dos maiores escritores espanhóis,


Federico García Lorca e o compositor de renome Ma-
nuel de Falla organizaram a “Fiesta del cante jondo”,
um festival de música folclórica dedicada ao “cante
jondo”. Fizeram-no a fim de estimular o interesse no
flamenco que nessa altura estava fora de moda. Dois
dos mais importantes poemas de Lorca, “Poema del
cante jondo” e Romancero gitano”, mostram a fasci-
nação que este tinha pelo flamenco.

CASTANHOLAS

As castanholas
são um instrumento
de percussão repre-
sentativo da música “Acordeon: Em bom português
flamenca espanhola, podemos chamá-lo de Acordeão, ou
que apresenta um como nossos Hermanos Argentinos,
som característico e juntamente com o violão clássi- Acordeón, ali do lado os Gaúchos
co espanhol ou flamenco, fazem parte do folclore e chamam de Gaita mesmo, já os nor-
da cultura da Espanha. Feitas de madeira, estas são destinos, criativos como sempre, in-
duas peças côncavas unidas por um cordão que deve ventaram talvez o nome mais popular
ser feito para bater umas nas outras para produzir em nosso belo país, a Sanfona.
seu som.
As castanholas têm mais de três mil anos de cria- A Origem
ção, sua invenção é cunhada aos fenícios que elabo- Foi há aproximadamente 2.700 anos antes de
raram as primeiras castanholas ou gravetos, usando Cristo, que foi inventado na China um instrumento
madeira comum e graças ao comércio expandiram-se denominado Cheng. Que era uma espécie de órgão
pelo Mediterrâneo, acentuando-se em países como a portátil tocado pelo sopro da boca. Tinha a forma de
atual Croácia ou Itália. . No entanto, foi a Espanha que uma Fanix (aquela ave mítica que renasce das cinzas),
acolheu as castanholas em sua cultura, dando-lhes o que os chineses consideravam o imperador das aves.
lugar e importância que têm hoje, especialmente na O Cheng era dividido em 3 partes:
música flamenca. 1. Recipiente de ar
Mas muito antes de serem usados no flamenco, 2. Canudo de sopro
as castanholas já tinham seu lugar na música clássica. 3. Tubos de bambu
Santiago de Múrcia, um dos mais importantes violo-
nistas e compositores espanhóis do barroco, compôs Olhando de longe, o recipiente de ar parece o
interlúdios sa�ricos chamados “jácaras” onde as cas- bojo de um bule de chá. O canudo de sopro tem a
tanholas tiveram um papel fundamental. A variação forma de um bico de bule ou do pescoço de um cisne.
foi a técnica composicional deste autor, onde um tema A quantidade dos tubos de bambu variava, porém,
foi repetido ao longo do trabalho apresentando várias a mais usada é a de 17. Interessante é que destes
mudanças. Então, ele conseguiu criar fandangos inte- 17 tubos de bambu , 4 não têm a abertura em baixo

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
para entrada do ar, são mudos, são colocados somen- LECCIÓN 03 (AULA 03)
te por uma questão de estética. Na parte superior
do recipiente de ar ou reservatório de ar, existem as Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-
perfurações onde são fixados os tubos de bambu e zer uso do espanhol e do inglês como
em cada tubo é colocado a lingueta ou palheta, para línguas de comunicação global, levando
produzir o som. Este recipiente (espécie de cabaça ) em conta a multiplicidade e variedade de
é abastecido constantemente pelo sopro do musico, usos, usuários e funções dessa língua no mundo
que tapa com as pontas dos dedos os pequenos ori- contemporâneo.
�cios que existem na parte inferior de cada tubo. De
acordo com a música a ser executada ele vai soltando Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-
os dedos, podendo formar até acordes. Em cada tubo -EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
de bambu há um caixilho próprio para ser colocada a mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
lingueta, presa por uma extremidade e solta na outra , ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
que vibra livremente quando o ar comprimido a agita. vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
O Cheng é o percursor do Harmónio e do Acorde- musicais para valorizar as diversidades culturais em
on, pois foi o primeiro a ser idealizado e construído conjunção com as diversidades do nosso país.
na família dos instrumentos de palheta.
Bem mais tarde, com a escala cromática, foi real- Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Novos
mente que acordeon (ou pelo menos o mais próximo arranjos musicais.
do que conhecemos hoje) teve sua forma melhora-
da, pode produzir qualquer melodia ou harmonia e
inúmeros fabricantes o aperfeiçoaram colocando re-
gistros, tanto na mão direita com na esquerda, para
maior variedade de sons.”
O País Basco da Espanha geralmente incorpora
acordeões em sua música. Os acordeões foram trazi-
dos para o País Basco pela Itália no século 19. O ins-
trumento tocado na música basca é conhecido como
“trikitixa”, que significa “som da mão” em basco. O
estilo de música emanado pelo acordeão envolve rá-
pidas melodias e trios de staccato. Nos dias atuais, a
música basca é uma mistura de trikitixa, tamborim
e voz.

BONGÔ HOLA, ESTUDIANTES!!

Listo para otra aventura de conocimiento ?

Presentación
En este módulo hablaremos sobre
arreglos musicales. Será una excelen-
te oportunidad para ti, estudiante, de
ampliar tus conocimientos musicales
a los que ya saben y para los que no
Marbury/iStock/Ge�y Images saben será una rica oportunidad para conocer y/o
despertar tus habilidades y dones para la música.
O bongô consiste em dois tambores – o macho
(tambor maior) e a hembra (tambor menor) – que se ¿CONOZCAMOS UM POCO DE ARTE ?
juntam por uma ponte no meio. O instrumento surgiu
em Cuba nos anos 1800 e é tocado com as mãos – ¿Qué es el arreglo musical?
não são usadas baquetas. Eles ficam entre as pernas
do músico ou são postos em um apoio, permitindo Piensa en un arreglo floral. Seguramente debes es-
total movimento para a pessoa que o toca. O ritmo tar imaginando una combinación específica de flores
tradicional do bongô é conhecido como “marillo” – y follaje (este es su material), así como la disposición
palavra espanhola para “martelo”. de cada uno en un jarrón o, quién sabe, atado por una
cinta roja (ese es su acabado). Bueno, este arreglo

10
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
tuyo es único y solo tuyo; Otra persona seguramente Instrumentación y orquestación
lo montará de otra manera. Conocer los instrumentos, sus extensiones y sus
combinaciones es muy importante, al fin y al cabo,
el timbre tiene un papel fundamental en nuestra
escucha musical. El uso de ciertos instrumentos, así
como el arreglo utilizado en el arreglo dan carácter al
arreglo, así como se refieren a características especí-
ficas de algunos géneros y formas musicales.

Textura musical
La textura es lo que define el sonido del arreglo
como un todo, es cómo quieres que suene la obra.
Puede ser una melodía de acompañamiento, un arre-
glo homofónico, en el que todas las voces van juntas,
o quién sabe que es polifónico, con voces que trabajan
contrapunto.
Un arreglo musical es algo único.
Además, el arreglista debe tener en cuenta otros
factores importantes para que su arreglo funcione:
Cuando estamos preparando y/o adaptando una
composición musical (ya escrita, lista) y la presenta- ¿Quiénes son los intérpretes?
mos de una manera distinta a la original, estamos Tu arreglo no funcionará si escribes algo muy sim-
arreglando. Hacer un arreglo no es más que darle una ple para un grupo avanzado o algo muy elaborado para
nueva cara a un tema o una canción, por ejemplo. Ese un grupo principiante. Busca el equilibrio.
arreglo lleva consigo nuestros recuerdos musicales.
Ahora piense en una canción famosa, como Yes- Público objetivo y propósito
terday de los Beatles, o Girl from Ipanema de Tom Jo- Conoce a tu audiencia. ¿Para quién o cuál es el
bim. Estas son canciones que tienen una gran cantidad arreglo? ¿Una fábrica de papel higiénico? ¿Una fiesta
de versiones, cada una presentando un arreglo dife- de cumpleaños? ¿O es su acuerdo para una actuación
rente. Estoy seguro de que deberías tener tu versión de fin de año?”
preferida, y a veces has escuchado una versión que
no te agradó mucho. Esto sucede por innumerables
razones, pero una, en particular, es debido al arreglo.
Con cada nueva versión, nos alejamos un poco más
de nuestra memoria musical afectiva, es decir, ese
recuerdo que tienes del arreglo que escuchaste por
primera vez.

¿Qué necesito estudiar para hacer un arreglo


musical? Fonte: Vivian Torres (2020). Disponível em: h�ps://tinyurl.
com/5xsuf6nc. Acesso em: 15 mar. 2023.
Un buen arreglista debe conocer, estudiar y do-
minar, siempre que sea posible, cada uno de los si- CUATRO PILARES ANTES DE EMPEZAR
guientes elementos:
Conoce la música que quieres arregalar
Armonía Estúdialo, escucha algunas versiones de la obra y
Conocer la armonía es la base básica para un escribe las ideas principales. Puedes usarlos si crees
arreglista. Es a través de elaboraciones armónicas, que es necesario, o puedes usarlos como base para
sus usos y funciones que le darás una cara única a hacer todo al revés. Intenta tener referencias teóricas
tu arreglo. y conocer el trabajo de otros arreglistas.

Forma y estructura musical Armonía y melodía


Conocer las formas clásicas y más comunes te Para poder crear y recrear, necesitarás, antes de
ayudará a dar ese comienzo o, quién sabe, hacer un comenzar, al menos tener la melodía y la armonía de
acabado increíble. Además, puede ser lo que le dará la música a arreglar. Con eso en la mano tendrás un
una nueva cara a un tema, o incluso dirigirá la escucha punto de partida; A partir de entonces, deja que tu
de su audiencia. creatividad se haga cargo del 99% de transpiración.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Forma y estructura No menciones tu nombre que en el firmamento
Sé que he hablado poco de ello ahora, pero nunca Se mueren de celos
está de más reforzar que entender la forma y estruc- Tus ojos son destellos
tura original de la obra es lo que te da la seguridad Tu garganta es un mistério
necesaria para que puedas armar tu arreglo o incluso
cambiar la forma musical. Haces que mi cielo
Vuelva a tener ese azul,
REFERÊNCIA Pintas de colores
ARRANJO MUSICAL. Tempora Criativa, [s.d]. Dis- Mis mañanas solo tú
ponível em: h�ps://tinyurl.com/34te2zyz. Acesso em:
15 mar. 2023 (adaptado). Navego entre las olas de tu voz
Y tú, y tú, y tú, y solamente tú
Vea la canción a continuación: Haces que mi alma se despierte con tu luz
Y tú, y tú, y tú, y solamente tú
Solamente Tú Haces que mi alma se despierte con tu luz
Pablo Alborán Y tú, y tú, y tú...

No menciones tu nombre que en el firmamento


Se mueren de celos
Tus ojos son destellos
Tu garganta es un misterio

Haces que mi cielo


Vuelva a tener ese azul
Pintas de colores
Mis mañanas solo tú

Navego entre las olas de tu voz


Y tú, y tú, y tú, y solamente tú
Haces que mi alma se despierte con tu luz
Fonte: You Tube, [201-]. Disponível em : Pablo Alborán - Solamente Y tú, y tú, y tú...
tú, Prometo - Bing images. Acesso em: 15 mar. 2023.

Regálame tu risa, LECCIÓN 04 (AULA 04)


Enséñame a soñar
Con solo una caricia Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-
Me pierdo en este mar zer uso do espanhol e do inglês como
línguas de comunicação global, levando
Regálame tu estrella, em conta a multiplicidade e variedade
La que ilumina esta noche de usos, usuários e funções dessa língua no mundo
Llena de paz y de armonía, contemporâneo.
Y te entregaré mi vida
Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-
Haces que mi cielo -EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
Vuelva a tener ese azul, mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
Pintas de colores ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
Mis mañanas solo tú vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
musicais para valorizar as diversidades culturais em
Navego entre las olas de tu voz conjunção com as diversidades do nosso país.
Y tú, y tú, y tú, y solamente tú
Haces que mi alma se despierte con tu luz Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Novos
Y tú, y tú, y tú... arranjos musicais.

Enseña tus heridas y así las curará


Que sepa el mundo entero
Que tu voz guarda un secreto

12
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
desarrollar su expresión individual, traduciendo ide-
as, sentimientos y valores culturales a través de la
música. Esto crea un puente entre el universo interno
y externo del individuo. Esto también permite una me-
jor integración con el contexto social en el que vive.”

REFERÊNCIA
CULTURA MUSICAL. Sociedade Ar�stica Brasileira,
14 ago. 2018. Disponível em: h�ps://tinyurl.com/5dh-
fxuth. Acesso em: 15 mar. 2023.

HOLA, ESTUDIANTES!! ATIVIDADES

PRESENTACÓN 1.Que instrumentos musicais são estes?


En este módulo secuenciaremos el módulo an- a) El violín __________________________.
terior. b) La guitarra ________________________.
c) La flauta __________________________.
Cultura musical: ¿Cuál es su importancia en la d) El saxofóno _______________________.
actualidad? e) La trompeta _______________________.

2. Descubra quais dessas palavras não estão relacio-


nadas com músicas.
a) Cantante - bailar - sonido - cocinar
b) Olla - mp3 - guitarra - violín

3.Leia as instruções para realizar a atividade.

Instruciones
1 - Disculpa la canción sin leer la letra.
2 - Escucha música leyendo la letra de la canción.
“La música es la más universal de las artes. Su 3 - Tenga en cuenta que hay palabras ocultas: trate
presencia tiene lugar no sólo a lo largo de la historia, de descubrir las palabras escuchando la música. Apa-
sino también en las más variadas formas y culturas. recerá hacer clic en el botón o pasar el cursor sobre
No hay civilización, grande o pequeña, que no tenga su la palabra.
propia expresión musical. La apreciación de este arte 4 – Después de descubrir todas las palabras, lee el
no depende del idioma o nivel cultural. Es el placer texto en voz alta sin escuchar la música.
proporcionado por esta mezcla de armonía, ritmo, 5 - ¡Ahora canta la canción tantas veces como sea
melodía y timbre lo que realmente importa. Porque necesario para decorar la letra!
la música está directamente ligada a la cadena de
emociones. Escucha el video y escucha la música
Las composiciones pueden traernos alegría o tris-
teza, euforia o paz mental. El espectro emocional es
vasto y puede unir a diversas personas en un contexto
social a través del mismo sentimiento. tropicalismo
brasileño al punk londinense. Desde la samba carioca
de Noel y Cartola hasta el blues americano de B.B.
King y Muddy Waters. Algunos de estos movimientos
han ganado amplitud en todo el mundo. Nada más
natural ya que la música es capaz de unir diferentes
culturas. Después de todo, los ritmos son contagiosos.

Importancia en los tiempos actuales


Es posible trabajar la ciudadanía a través de la
Disponível em: h�ps://youtu.be/pj2ntDiXJCk.
educación musical. Porque los estudiantes pueden
Acesso em: 15 marc. 2023.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ERES PARA MÍ LECCIÓN 05 (AULA 05)
Letra
a) Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-
Eres para mi, me lo _______ el viento zer uso do espanhol e do inglês como
Eres para mi, lo oigo todo el tiempo línguas de comunicação global, levando
Eres para mi, me lo _______ el viento em conta a multiplicidade
Eres para mi
Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-
b) -EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
La sombra que pasa mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
La luz que me abraza ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
Tus ojos mirandome vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
La calle que canta su canto de diario musicais para valorizar as diversidades culturais em
El mundo moviendose conjunção com as diversidades do nosso país.
Y yo se que _________ miedo
Y no ____ un buen momento para ti Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Compa-
Ni para esto que nos viene sucediendo rativos. Y superlativos.

c)
Pero…eres para mi, me lo ha dicho el viento
Eres para mi, lo oigo todo el tiempo
Eres para mi, me lo ha dicho el viento
Eres para mi
El espejo que da su reflejo en todo
Lo pinta tal como es
Mi cuerpo que no tiene peso
Si escucho tu voz llamandome
Y yo se que tienes miedo
Y no es un buen momento para ti
Ni para esto que nos viene sucediendo
Temes sentir mas de la cuenta HOLA, ESTUDIANTES!!
El corazon es un musculo
Si no late revienta ¿Cuántas veces tenemos que comparar la calidad
Extraño, mirarte de lejos de dos o más cosas en nuestra vida diaria? A veces,
De __________ los tontos,parecemos tan viejos simplemente decir que «una cosa es hermosa» no
Tiempo, mm, ¿quieres mas tiempo? es suficiente para expresar completamente lo que
Mirame la piel no ves a caso lo que siento? realmente queremos decir. Por lo tanto, el español se
Tu eres para mi yo soy para ti basa en comparativas y superlativos para satisfacer
El viento me lo dijo con un soplo suavecillo esta necesidad, ¡y este es precisamente el tema de
esta clase!

Comparaciones en español

Dos cosas pueden compartir una característica


entre sí, pero a veces queremos decir que una tiene
más o menos de ese aspecto. ¡Pero tenemos la solu-
ción en español! Tenemos diferentes situaciones para
comprar dos lados con sus características.
Para ello, utilizamos adjetivos (palabras que dan
una cualidad) para establecer esta comparación, pero
también pueden aparecer sustantivos, diciendo que
uno tiene más (o menos) que el otro, y adverbios. Así
que tenemos tres casos:

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ADJETIVOS COMPARATIVOS EN ESPAÑOL Irregulares
(solamente para los superiores e inferiores):
Superioridad MEJOR (bueno, bien), PEOR (malo, mal);
1) más… que (2) — (1) más… de lo que… MAYOR (grande, viejo), MENOR (pequeño, nuevo).

Usado para dizer que o 1 é superior no aspecto Também está correto dizer “más grande” ou “más
em relação a 2. Se no lugar de 2 tivermos uma frase pequeño” para enfatizar que se fala de tamanho, não
com verbo, usamos a segunda forma. Só 2 formas de idade.
são irregulares.
Yo soy más feliz que tú. Los superlativos relativos y absolutos en español
Daniela es más alta que Carlos.
Tú eres más bondadoso de lo que yo imaginaba.

Inferioridad
1) menos… que (2) — (1) menos… de lo que…

Usado para dizer que 1 é inferior no aspecto em


relação a 2. Se no lugar de 2 tivermos uma frase com
verbo, usamos a segunda forma. Só 2 formas são ir-
regulares.
Esta tarta está menos dulce que la otra.
El equipo 1 estaba menos preparado que el equi-
po 2. Bueno, ¿y cuando queremos decir que una cosa
Jorge es menos simpático que Carla. se destaca de todas las demás mucho más? Tenemos
el superlativo para esto, porque intensifica el adjetivo
Igualdad en cuestión, para que sea el mejor, el máximo en esa
(1) tan… como (2) / (1) igual de… que (2) característica. Además, hay dos formas: superlativo
relativo y superlativo absoluto. Esto es lo que son y
Já a igualdad não coloca um sobre o outro, mas cómo usarlos.
expressa que os dois lados são iguais. A segunda forma
é mais informal, enquanto que a primeira é mais culta. Superlativo relativo
Julia es tan inteligente como María. Se utiliza simplemente para elevar al máximo la
Cuido a mis perros igual de bien que a mis hijos. calidad atribuida a uno o más objetos o seres sobre
Yo corro tan rápido como tú. el otro. Su formación es la siguiente:

EL SUPERLATIVO RELATIVO EN ESPAÑOL


Ejemplos
Este libro es el más esperado del año � Tus ideas se
tratan de las más geniales que puede tener alguien.
Lo más increíble está por llegar.

Los más humildes no tienen que probárselo a nadie.��


Estas camisetas son las más lindas que ya he visto.
Lo mejor comienza.

EXCEPCIONES: MÁS ADJETIVO


MEJOR (bueno, bien), PEOR (malo, mal);
MAYOR (grande, viejo), MENOR (pequeño, nuevo).
Superlativo absoluto
El superlativo absoluto, a su vez, no hace la comparación expressada
en el superlativo relativo, teniendo como única función elevar al máximo
la característica asignada. En otras palabras, es lo mismo que la formación
“muy + adjetivo”, sin embargo, con una sola palabra en lugar de
dos, puede sonar un poco más formal. Su formación es simplemente
añadir – ísimo o – érrimo al adjetivo, pero hay varias formas irregulares,

15
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
hay varias formas irregulares, porque debemos
usar la raíz latina de la palabra, que puede romper la
ditongación (EU→O; IE→E) o cambiar totalmente la ATIVIDADES
palabra. Vea a continuación:
Assinale a alternativa correta usando o Grau Superla-
tivo Absoluto do Adjetivo em espanhol.
1. El �o Roberto es una persona __________ (amab-
le).
a) amabilíssima
b) amabilíssima
c) amabilíssimo

2. Teresa se ha convertido en una persona


__________ (libre).
a) librísima
b) libríssima
c) libérrima

3. Es verdad que la comida de la abuela siempre


está __________ (rica).
a) riquísima
b) riquíssima
c) riquérrima

4. Mi mamá siempre tiene la casa __________ (lim-


pia).
a) limpiésima
b) limpérrima
c) limpísima

5. Selecione a frase na que o adjetivo estiver no grau


Fonte:
Superlativo Relativo.
a) La iglesia de la Catedral es más antigua que la
de la Plaza.
LECCIÓN 06 (AULA 06) b) La iglesia de la Catedral es antiquíssima.
c) La iglesia de la Catedral es la más antigua de
Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa- todas.
zer uso do espanhol e do inglês como
línguas de comunicação global, levando 6. Traduza as seguintes frases ao Espanhol:
em conta a multiplicidade a) Somos mais jovens que eles.

Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-


-EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
musicais para valorizar as diversidades culturais em b) Esta prova está tão fácil quanto a anterior.
conjunção com as diversidades do nosso país.

Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Compa-


rativos y superlativos..

16
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Cuestiones de ENEM para interpretación (C ) possibilidade de recuperação das terras chi-
canas.
(D) morte de chicanos pela ganância dos inva-
sores
(E) revolta contra a atitude resignada dos chica-
nos.

2. Las empanadas nos pican la lengua

Uno de los alimentos más tradicionales en


(ENEM/2021 Segunda oportunidade) la gastronomía paisa tendrá su festival este fin
de semana en San Antonio de Pereira. Esta pre-
7. No se raje, chicanita (para Missy Anzaldúa) paración tiene también su historia en los dichos
paisas.
No se raje, mi prietita, En las fiestas de Tambo grande, el pueblo del
apriétese la faja aguántese. cuento El Zarco de Tomás Carrasquilla, “se levan-
Su linaje es antiquísimo, tan las toldas de comestibles y bebestibles”. Allí
sus raíces como las de los mesquites, el autor mencionaba, además de las cazuelas, el
bien plantadas, horadando bajo tierra mondongo y el chorizo, a la empanada: “Ya hin-
a esa corriente, el alma de tierra madre — chan el éter sereno de esas noches de verano los
tu origen. efluvios provocativos de la empanada”.
De este pequefio alimento amarillo que ena-
[…] mora el paladar de más de uno, hay poemas,
escritos y dichos populares. Para Adriana Ortiz,
Y sí, nos han quitado las tierras. magister en Linguística de la Universidad de An-
Ya no nos queda ni el camposanto tioquia, los alimentos, la religión y en general la
donde enterraron a Don Urbano tu vis-visabuelo. cultura de una población se pueden rastrear por
Tiempos duros como pastura los cargamos sus refranes.
derechitas caminamos. “Estas expresiones reflejan la vida, las rela-
ciones y lo que se piensa del otro. En Antioquia
Pero nunca quitarán ese orgullo los dichos usan bastante la comida”.
de ser mexicana — chicana — tejana Disponível em: www.elcolombiano.com.
ni el espíritu indio. Acesso em: 19 ago. 2017.
Y cuando los gringos se acaban —
mira como se matan unos a los otros — O texto apresenta alguns pratos �picos de Antio-
aquí vamos a parecer quia, uma região colombiana.
Depreende-se dessa reportagem que, para sua
Quizá muriéndonos de hambre como siempre população, os alimentos da gastronomia paisa
pero una nueva especie (A) causam ardencia quenado ingeridos em ex-
piel entre negra y bronces cesso.
segunda pestaña bajo la primera (B) são celebrados em festivais próprios para
con el poder de mirar al sol ojos desnudos. cada prato.
Y vivas, m’ijita, retevivas. (C) transcendem a culinária, do âmbito cultural
ao linguístico.
ANZALDÚA, G. Borderlands/la frontera: the new (D) retratam a paixão de poetas, de escritores e
mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987 da população em geral.
(fragmento). (E) possuem um sabor acentuado quando con-
sumidos nas noites de verão.
O poema expressa os sentimentos de uma chica-
na nos Estados Unidos. Nesse cenário, o eu lírico
faz um apelo fundamentado na

(A) criação de uma sociedade chicana livre das


dificuldades.
(B) necessidade dos chicanos de valorizarem suas
origens.

17
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
LECCIÓN 07 ( AULA 07) la cara y el cráneo. El tronco en el cuello, el pecho y el
abdomen. Las extremidades superiores e inferiores.
Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa- Las extremidades superiores se dividen en hombro,
zer uso do espanhol e do inglês como brazo, antebrazo y mano. Las extremidades inferiores
línguas de comunicação global, levando se dividen en cadera, muslo, pierna y pie.
em conta a multiplicidade EMPEZAMOS...
Escribe em portuguese las partes del cuerpo en la
Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO- siguiente imagen.
-EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit-
mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
musicais para valorizar as diversidades culturais em
conjunção com as diversidades do nosso país.

Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Vocabu-


lário das partes do corpo humano.

HOLA, ESTUDIANTES!!

Presentación

En este módulo trataremos las partes del cuer-


po humano. A los estudiantes se les presentarán los
miembros, así como el vocabulario y su importancia
para la vida de las personas.

Comencemos, estudiantes???

El cuerpo humano se puede estudiar en tres par-


tes distintas, que son: cabeza, tronco y extremidad.
Cada parte del cuerpo humano está formada por
varias estructuras y sistemas, donde cada uno tiene
su función específica: hueso, mascular, circulatorio o
cardiovascular, digestivo, nervioso, endocrino, inmune
o inmune, respiratorio, urinario y reproductivo.
Ningún ser humano es igual al otro. La voz y las
Clásicamente, el cuerpo humano se divide en ca- características particulares hacen que cada persona
beza, tronco y extremidades. La cabeza se divide en sea diferente de la otra.

18
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A pesar de la diversidad de características, todos El tronco está formado por el cuello, la nuca, el
tenemos un cuerpo similar, con las estructuras básicas tórax, la espalda, la región, el glúteo, el abdomenô-
y la misma organización. men y caderay.
La mayoría de los órganos que componen el cuer-
po humano se encuentran en el tronco, entre ellos la
laringe, la glándula tiroides, el corazón, los pulmones,
el hígado, el páncreas, el estómago, el intestino grueso
y el intestino delgado.
En el tox se encuentran el corazón, que es un
órgano muscular que bombea sangre a las diversas
Veamos algunas partes partes del cuerpo, y los pulmones, órgano esponjoso
encargado de oxigenar la sangre.
CABEZA
EL BRAZO

vocabulario

La cabeza está formada por el crédito y la cara.


Dentro del cráneo está el cerebro, que es el órgano
más importante del sistema nervioso. Es responsable
de los actos conscientes e inconscientes de inteligen-
cia, memoria, razonamiento e imaginación.
En la cara están los ojos, la nariz, el oído y la boca,
que forman parte de los órganos de los sentidos, en-
cargados de llevar información al cerebro.

BAÚL (TRONCO)

19
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Presentación

Em este módulo continuaremos ocupándonos de


las partes del cuerpo humano. Seguir la presentación
de los membros del cuerpo a los alunos seguida de
ejercicios.

Comencemos, estudiantes???

LECCIÓN 08 ( AULA 08)

Habilidade da BNCC(EM13LGG403): Fa-


zer uso do espanhol e do inglês como
línguas de comunicação global, levando
em conta a multiplicidade

Objetivos da aprendizagem do DC-GOEM (GO-


-EMLGG403D): Identificar os gêneros musicais, rit- MIEMBROS INFERIORES
mos e movimentos da dança (para ouvintes e não
ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo- Las extremidades inferiores del cuerpo humano
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos están formadas por cadera, muslos, piernas y pies.
musicais para valorizar as diversidades culturais em Este conjunto de extremidades, también llamadas ex-
conjunção com as diversidades do nosso país. tremidades inferiores, son responsables del equilibrio,
el apoyo y la locomoción del cuerpo.
Objetos do conhecimento do DC-GOEM : Vocabu- La cadera se une al tronco y, por lo tanto, es una
lário das partes do corpo humano. región de transición. Las otras extremidades se clasi-
fican como libres, ya que realizan los movimientos. El
HOLA ESTUDIANTES.... muslo se encuentra debajo de la cadera y se extiende
hasta la articulación de la rodilla. Después de la ro-
dilla, está la pierna que va a la articulación del tobillo.
Finalmente, está el pie. El componente extremo de la
extremidad inferior.

HUESOS DE LAS EXTREMIDADES INFERIORES

El eje apendicular del esqueleto humano, conec-


tado al eje axial, está formado por las extremidades
superiores e inferiores. La cintura pélvica, también
llamada cadera o pelvis, es la región que conecta la
parte inferior con el torso.
Además de los huesos de la cadera (ilion, isquion
y pubis), en total, hay otros 30 huesos ubicados en
las extremidades inferiores: 1 hueso en el muslo, 3
huesos en la pierna y 26 huesos en el pie. Son los
siguientes:
• Fémur , situado en el muslo;
• Rótula, tibia y peroné, situado en la parte;

20
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Huesos tarsales, ubicados en la parte superior • Hombros: los hombros también llamados cin-
y posterior del pie; tura escapular, están formados por dos huesos:
• Huesos metatarsianos, ubicados en la región la clavícula y la escápula.
media del pie; • Manos: El cuerpo humano está formado por
• Falanges , situadas en los dedos de los pies. dos manos, formadas por 5 dedos cada una. Los
huesos de la mano son: huesos del carpo (ocho
huesos), huesos metacarpianos (cinco huesos)
y huesos de los dedos o falanges (tres huesos).

ATIVIDADES

1. A respeito do conteúdo estudado defina :


a) Fémur ;

MIEMBROS SUPERIORES
b) Rótula ;

c) La �bia ;

El cuerpo humano se divide en tres partes funda-


mentales; cabeza, tronco y extremidades. La cabeza
está formada por el cráneo y la cara. El tronco está com-
puesto por el pecho y el abdomen. Las extremidades
se dividen en superiores (brazos, antebrazos, hombros
y manos) e inferiores (cadera, muslos, piernas y pies). d) El peroné;
Las extremidades permiten que el cuerpo se mue-
va, lo que significa que son responsables de la movi-
lidad, el apoyo y el equilibrio.

Las extremidades superiores son:


• Brazo ; El cuerpo humano está formado por dos
brazos (izquierdo y derecho), siendo el húmero
el único hueso presente en estas extremidades.
• Antebrazos: situados entre los codos y las
muñecas, los antebrazos están formados por
dos huesos: el radio y el cúbito.

21
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
TIEMPO DE ENTRENAMIENTO AQUÍ NOS DESPEDIMOS...

Que sea un período de dos meses de mucho


aprendizaje. Dedícate al máximo y tendrás éxito.

2. Traduza ao português as palavras abaixo :

Español Português
El cabelo / pelo
La frente
La ceja
Los párparos
La pestaña
El ojo
La nariz
La mejilla / el cachete
Los labios
Los dientes
La oreja
El oído
El codo
La espalda
El seno
El oblingo
Las caderas
La ingle
El muslo
La rodilla
La uña
El talón
El pie
El tobillo

22
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR – LÍNGUA TRADITIONAL EXPRESSIONS:
ESTRANGEIRA MODERNA – INGLÊS A estrutura as + adjetivo + as é utilizada em di-
versas expressões cristalizadas em inglês.
Conheça algumas delas:
CLASS 01 (AULA 01)
INGLÊS EM TODA PARTE

Habilidade(s):
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês
como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM:


(GO-EMLGG403D) Identificar os gêneros musicais,
ritmos e movimentos da dança (para ouvintes e não
ouvintes), utilizando sites de exercícios que promo-
vam a compreensão auditiva e prática dos estilos
musicais para valorizar as diversidades culturais em
conjunção com as diversidades do nosso país.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM:
Comparative and superlative e text comprehension
usando músicas como referência escrita e de pro-
nuncia.

2. Comparativo de superioridade e inferioridade:


● More(adjective)than - (mais ... do que)
● Less(adjective)than - (menos ... do que)

Exemplos:
Affirmative: Julia is more beautiful than Roberta.
Affirmative:She is less a�ractive than her friend.
Negative: Julia is not more beautiful than Roberta.
Negative:She is not less a�ractive than her friend.

3. Grau superlativo:
4. The most(adjective) (o/a mais)
5. the least(adjective) - (o/a menos)

Exemplos:
Affirmative:Julia is the most intelligent girl in my
classroom.
1. Comparativo de igualdade:
Affirmative:This is the least a�ractive place I’ve
As (adjective)as - (tão ... quanto)
ever been.
● not so - (nem/não tanto)
Negative: Julia is not the most intelligent girl in
● not as (adjective) as: (não tão ... quanto)
my classroom.
Negative: This is not the least a�ractive place I’ve
Exemplos abaixo:
ever been.
Affirmative: John is as tall as his wife.
Negative: Alexander is not as fat as his father.
Negative: Alexander is not as fat as his father.
Negative: Cristina is not so tall as her sister.

23
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A) Localize as palavras ou expressões dos graus com-
parativos e transcreva:

B) Passe a frase: I’m the most gorgeous woman that


you’ve ever known. Para o grau superlativo de
inferioridade.

Comparativo de
Adjetivo Superlativo
Superioridade 2. Leia o refrão da música “Fighter” da cantora Chris-
tall taller (than) (the) tallest tina Aguilera:
narrow narrower (than) (the) narrowest
large larger (than) (the) largest
great greater (than) (the) greatest
light lighter (than) (the) lightest
small smaller (than) (the) smallest
long longer (than) (the) longest
old older (than) (the) oldest
easy easier (than) (the) easiest
sunny sunnier (than) (the) sunniest
rainy rainier (than) (the) rainiest
poor poorer (than) (the) poorest
rich richer (than) (the) richest
“Makes me that much stronger
low lower (than) (the) lowest Makes me work a li�le bit harder
high higher (than) (the) highest It makes me that much wiser
funny funnier (than) (the) funniest So thanks for making me a fighter
busy busier (than) (the) busiest Made me learn a li�le bit faster
weak weaker (than) (the) weakest Made my skin a li�le bit thicker
Makes me that much smarter
ACTIVITIES (ATIVIDADES) So thanks for making me a fighter
Oh, oh, oh, oh, oh-oh-oh, yeah, yeah, yeah, oh”
AGUILERA, Christina. Fighter [s.d.]. Disponível em: h�ps://
1. Leia o trecho da música “Everything”, Alanis Mo-
www.letras.mus.br/christina-aguilera/64580/. Acesso em:
risse�e 16 mar. 2023.

A) A cantora Christina Aguilera utiliza as expres-


sões no grau comparativo para dizer como ela
era antes e de como ela é agora, depois de
passar por um momento di�cil.
B) A cantora Christina Aguilera utiliza as expres-
sões no imperativo para dizer como ela era
antes e de como ela é agora, depois de passar
por um momento di�cil.
C) A cantora Christina Aguilera utiliza as expres-
MORISSETTE, Alanis. Everything. [s.d.]. Disponível em: sões no present continuous para dizer como
h�ps://www.letras.mus.br/alanis-morisse�e/83129/ ela era antes e de como ela é agora, depois
traducao.html. Acesso em: 16 mar. 2023. de passar por um momento di�cil.

24
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
D) A cantora Christina Aguilera utiliza as expres- 4. Leia a carta:
sões no grau comparativo de inferioridade
para dizer como ela era antes e de como ela A happier you
é agora, depois de passar por um momento
di�cil. Emily Sohn
E) A cantora Christina Aguilera utiliza as expres-
sões no simple past para dizer como ela era It’s not always easy to be young. Between 15 and
antes e de como ela é agora, depois de passar 20 percent of middle schoolers in the United States ex-
por um momento di�cil. perience moderate to severe symptoms of depression,
says Bruce Cuthbert, a psychologist at the University
2. Complete a tabela abaixo of Minnesota, Twin Cities. And research shows that,
without help, stress and anxiety tend to get worse
Antes Depois over time.
If you don’t feel happy today, that doesn’t mean
much stronger there’s anything wrong with you, Cuthbert says. But
a li�le bit harder if you want to feel be�er, there are lots of things you
can do to improve your mood.
much wiser
Studies have shown that the happiest people are
Fast those who frequently do kind things for both friends
Thick and strangers. Other research-backed happiness boo...
(Adaptado de Science News for Kids)...
Smart Veja mais em: h�ps://educacao.uol.com.br/planos-de-
aula/medio/ingles-a-happier-you.htm?cmpid=copiaecola
Beautiful
Intelligent A) O assunto principal dessa carta são os sinto-
Big mas severos de depressão.
B) O assunto principal dessa carta é que 15 e
Happy 20% dos alunos do ensino médio nos Esta-
dos Unidos estudaram psicologia no estado
3. Leia o trecho da música “Everything”, Alanis Mo-
do Miessota.
risse�e
C) O assunto principal dessa carta é o fato que
15 e 20% dos alunos do ensino médio tem
sintomas severos de depressão.
D) O assunto principal dessa carta é o fato de
entre 15 e 20% dos alunos do ensino médio
nos Estados Unidos apresentam sintomas mo-
derados a graves de depressão.
E) O assunto principal dessa carta é o fato de
entre 15 e 20% dos alunos do ensino médio
nos Estados Unidos não apresentam sintomas
moderados a graves de depressão.

A) Onde está utilizado o grau comparativo do trecho


apresentado?

25
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 02 (AULA 02) Mouth
INGLÊS EM TODA PARTE

Habilidade(s):
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês Ear
como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM: Cheek - Bochecha

Objeto de Conhecimento: multiplicidade e varie-


dade de usos, usuários e funções dessa língua, Chin
ampliação do vocabulário relacionado a partes do
corpo humano.

Eyebrow

Eyelid - Pálpebra

Eyelash

Observe as listas com as principais partes do corpo


humano em inglês Lips

Geral
Head – Cabeça
Torso – Tronco The Hand and The Arm and
Body – Corpo Fingers / Mão the Hand / O
e dedos braço e a mão
Stature – Altura
Hand - Mão Finger – Dedo
Leg – Perna
Arm – Braço
Hair – Cabelo Thumb – Dedo
Palm – Palma
Polegar
The face / O rosto
Eye
Index finger -
Wrist – Pulso
Dedo Indicador

Nose Middle finger - Ring finger -


Dedo Médio Dedo Anelar

26
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
reach Samasthiti, the weight of the body is equally
distributed to the feet. You can sit or stand.
Forearm – An- Elbow – Coto-
tebraço velo 1. Com base no texto marque a alternativa correta.
A) Para começar com a prática você deve co-
meçar com os exercícios intensos, alongando
primeiro o pescoço.
B) Para começar com a prática você deve co-
Li�le finger – Upper Arm – meçar com os exercícios básicos, alongando
Dedo Mínimo Braço superior primeiro o nariz.
C) Para começar com a prática você deve co-
meçar com os exercícios básicos, alongando
primeiro o pescoço.
D) Para começar com a prática você deve co-
Shoulder - Om- meçar com os exercícios básicos, alongando
Nail – Unha
bro primeiro a coluna.
E) Para começar com a prática você deve co-
meçar com os exercícios básicos, alongando
primeiro o pescoço.
The leg and Foot /
A perna e o pé 2. Com base no texto marque a alternativa correta.
Knee – Joelho A) The slow neck stretch can’t be done sitting or
Calf – Panturrilha standing.
B) The quick neck stretch can be done sitting or
Ankle – Tornozelo
standing.
Foot – Pé C) The slow neck stretch can be done sitting or
Toe – Dedo do pé standing.
D) The slow neck stretch can be done just sitting.
E) The slow neck stretch can be done just stan-
ACTIVITIES (ATIVIDADES) ding.

Leia o texto: 3. Com base no texto marque a alternativa correta.


A) Praticar a postura da montanha regularmente
Slow neck stretch todas as manhãs é uma excelente massagem
para as mãos, costas, coluna e corpo inteiro.
B) Praticar a postura da montanha em manhãs
alternadas é uma excelente massagem para
as mãos, costas, coluna e corpo inteiro.
C) Praticar a postura da montanha regularmente
todas as manhãs é ruim para as mãos, costas,
coluna e corpo inteiro.
D) Praticar a postura da montanha em manhãs
alternadas é perigoso para as mãos, costas,
coluna e corpo inteiro.
To start with the practice you should start with the E) Praticar a postura da montanha irregularmen-
basic exercises, stretching the neck first. Do a few te é uma excelente massagem para as mãos,
gentle repetitions of each movement, vertically and costas, coluna e corpo inteiro.
then horizontally. Take your a�ention to the region,
observing if there are any tension points 4 . Leia o texto e responda às questões:

Tadasana, Mountain Pose Shirshasana, Inverted Headstand Pose

Practicing the mountain pose regularly every morning Regular practice of the inverted headstand cures
is an excellent massage for the hands, back, spine and insomnia, back problems and also improves the
entire body. This is the most recommended asana to power of concentration and mental balance. It
correct posture. In Tadasana posture it is possible to increases blood circulation in the brain and impro-

27
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ves brain functions and memory. People suffering concept of fair play is linked to ethics, that is, prac-
from liver disease, poor blood circulation and he- titioners must play in a way that does not harm the
adaches should also perform this asana regularly. opponent in a proposed way.

A) Quais as partes do corpo humano que apare- 1. Mark the correct alternative according to the text.
cem no texto? A) No esporte, o conceito de fair play não está
ligado à ética, ou seja, os praticantes precisam
jogar de forma que não prejudique o adver-
sário da forma proposital.
B) No esporte, o conceito de fair play está ligado
B) Do those who regularly practice Shirshasana à falta de ética, ou seja, os praticantes devem
have more problems with insomnia than those jogar de forma que prejudique o adversário
who do not? da forma proposital
C) No esporte, o conceito de fair play não está
ligado à ética, ou seja, os praticantes podem
jogar de forma que prejudique o adversário
da forma justa.
C) Do those who regularly practice Shirshasana D) No esporte, o conceito de fair play está ligado
have more concentration problems or less à ética, ou seja, os praticantes devem jogar
problems than those who don’t? de forma que não prejudique o adversário da
forma proposital.
E) No esporte, o conceito de fair play está ligado
à ética, ou seja, os praticantes devem jogar de
forma que prejudique o adversário de forma
não intencional.
CLASS 03 (AULA 03) Leia o texto.
INGLÊS EM TODA PARTE
How is it fault in football(soccer)?
Habilidade(s):
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês There are numerous types of infractions that occur by
como línguas de comunicação global, levando em a player from either team in a game, and given a foul
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá- to the opponent. So, check it out, some of which are
rios e funções dessa língua. worth mentioning:

OBJETOS DE CONHECIMENTO Collision between players;


DO DC-GOEM: Hand on the ball;
Offenses between players;
Multiplicidade e variedade de usos, Gêneros espor- High foot;
tivos, partes do corpo humano, graus comparati- Dangerous move;
vos e simple present, present continuous dentro Intention to hit the opponent.
do tema Fair play.
Collision between players
ACTIVITIES (ATIVIDADES)
Collision between players is quite common during
a soccer match. However, if there is an intention to
provoke or use excessive force, it will be considered
a fault. For example, two players bump their heads
against each other, it’s part of the game and they
didn’t score anything. Already obstructing the pas-
sage of an opponent, and thus causing a collision, will
mark the infraction.
Leia o texto:

Fair play and respect for others are essential values


not only for sport, but for life in society. In sport, the

28
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2. Answer according to the text: CLASS 04 (AULA 04)
INGLÊS EM TODA PARTE
A) What are the main fouls in soccer?
Habilidade(s):
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês
como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua.
B) What body parts are mentioned in the text?
OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM:

Multiplicidade e variedade de usos de termos re-


lativos a parts of the body e Mídias digitais e con-
vencionais.
C) When is a collision considered a foul?

Leia o texto

Example.
Miroslav Klose may be known for his goal-scoring
prowess, but unlike many forwards, he seems willing
to give up a goal too. A�er sending the ball into the
net against Napoli using his hand, the German was Just go online and you’ll find a series of referen-
shocked to see that the goal had been awarded. Ins- ces to faces, hair, hands, etc in headlines, trends,
tead of celebrating, he approached the referee and etc…
asked him to disallow the goal, which he did.
How to describe a person in English
3. Mark the correct alternative according to the text.
A) When he approached the referee and asked You know that person who is more or less like
him to disallow the goal he scored, the player this? With that hair, eyes that color and about that
gave an example of Fair Play. height? So, describing people is very easy when we
B) When he approached the referee and asked know their outstanding characteristics.
him to disallow the goal he scored, the player
gave a bad example of Fair Play We can ask how the person is in general, that is,
C) When he approached the referee and asked when we want to know how he is physically, what his
him not to annul the goal he scored, he wan- personality traits are and how he usually acts around
ted to take advantage. other people.
D) When he approached the referee and asked
him not to disallow the goal, which he did, the Example:
player set an example of Fair Play. What are you like? – Como você é?
E) When he approached the referee and asked
him to disallow the goal, which he did,the What is she like? – Como ela é?
player was foolish. What is he like? – Como ele é?
What are they like? – Como eles são?
What do you look like? – Como você é fisicamente?
What does he look like? – Como ele é fisicamente?
What does she look like? – Como ela é fisicamente?

29
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
What do they look like? – Como eles são fisica- He is quite tall. – Ele é bem alto.
mente?
Behavior – comportamento
He is a bit quiet. – Ele é um pouco quieto.
Answer types:
She is very inteligente. – Ela é bem inteligente.
Age – idade
He is friendly. – Ele é simpático.
He is 25 years old. – Ele tem 25 anos.
They are easy-going. – Eles são gente boa.
He must be around thirty. – Ele deve ter algo em
He is outgoing. – Ele é extrovertido.
torno de 30 anos.
She is cheerful. – Ela é alegre.
She is in her twenties. – Ela tem 20 e poucos anos.
He is shy. – Ele é �mido.
He is a young man. – Ele é jovem.
She is a bit serious. – Ela é um pouco séria.
She is a middle-aged woman. – Ela é uma mulher
de meia-idade.
ACTIVITIES (ATIVIDADES)
He is elderly. – Ele é idoso.
Leia o texto.
Eyes – olhos
He has brown eyes. – Ele tem olhos castanhos. General features of Facetune
She has blue eyes. – Ela tem olhos azuis.
App Description:
They have green eyes. – Eles têm olhos verdes. Facetune is a powerful photo editing tool that brin-
She has big hazel eyes. – Ela tem grandes olhos gs together incredible photoshop features to make
cor de mel. photos taken with smartphones and tablets look like
professional photos.
He has long eyelashes. – Ele tem cílios grandes.
Hair – cabelo Functions:
Allows you to apply makeup, whiten your teeth, re-
Jane has blond hair. – Jane tem cabelos loiros.
fine or enlarge parts of your face, remove skin im-
She is blonde. – Ela é loira. perfections and pimples, touch up gray hair, smooth
Jonas has dark hair. – Jonas tem cabelos escuros. expression lines, apply effects and frames, among
many other features.
David has brown hair. – David tem cabelos cas-
tanhos. How to use:
Maria is a redhead. – Maria é ruiva. Select the camera icon to choose an image from the
gallery or take a photo. Then just choose one of se-
Carlos has curly hair. – Carlos tem cabelos enca-
veral tools from the menu located at the bo�om of
racolados.
the screen to retouch the image.
You have straight hair. – Você tem cabelos lisos.
1. Answer according to the text:
Samantha has a long wavy hair. – Samantha tem
cabelos longos e ondulados.
A) What part of the human body does facetune
Patrick has a short white hair. – Patrick tem ca- edit?
belos curtos e brancos.
I have shoulder-length hair. – Eu tenho cabelos
na altura dos ombros.
She wears a ponytail – Ela usa rabo de cavalo.
Height – altura
B) What does the text consider imperfections?
She is a bit short. – Ela é um pouco baixa.
I am not very tall. – Eu não sou muito alto.
He is middle height. – Ele tem estatura mediana.
She is tall. – Ela é alta.

30
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
2. Mark the correct alternative according to the text. D)
A) The app doesn’t allow you choose one of seve-
ral tools from the menu located at the bo�om
B) The app lets you choose one of few tools from
the menu located at the bo�om of the screen
to retouch the image.
C) The app lets you choose one of several tools
from the menu located at the top of the screen
to retouch the image.
D) The app lets you choose one of several tools
from the menu located at the bo�om of the
screen to blur the image.
E) The app lets you choose one of several tools
from the menu located at the bo�om of the E)
screen to retouch the image.

2. Describe the people who appear in the images:

A)

F)

B)

G)

C)

31
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 05 (AULA 05) Sujeito + verbo to be + verbo com -ing + com-
INGLÊS EM TODA PARTE plemento

Habilidade(s): Exemplo:
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês She is watching TV. - Ela está assistindo TV.
como línguas de comunicação global, levando em Forma Negativa do Present Continuous
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua. Sujeito + verbo to be + not + verbo com -ing +
complemento
OBJETOS DE CONHECIMENTO
DO DC-GOEM: Exemplo:
Identificar e reconhecer os usos do simple present, She is not watching TV. - Ela não está assistindo
present continuous e artigos “a” e “an” nas diversas TV.
formas textuais.
Forma Interrogativa do Present Continuous

Verbo to be + sujeito + verbo com -ing + com-


plemento

Exemplo:
Is she watching TV? - Ela está assistindo TV?

Além dos advérbios de tempo, muitas vezes pre-


cisamos utilizar palavras que nos ajudem a especificar
ou determinar os substantivos, são os articles que
cumprem essa função.

O Present Continuous ou Present Progressive é


empregado para falar sobre situações temporárias,
ações con�nuas que estão acontecendo.
Como as frases com Present Continuous referem
situações que ocorrem no momento da fala, é comum
observarmos a utilização de advérbios de tempo nas
frases.
Alguns advérbios de tempo comumente utilizados
são now (agora), at the moment (no momento) e at
Utilizamos o article “the” quando queremos espe-
present (no presente; atualmente)
cificar algo, como vemos no texto quando o character
Ben diz:
I love the food. - Eu amo a comida.
Se escrevemos a frase sem o the
I love food. - Eu amo comida.

Utilizamos “A” e “an” que são duas formas do


mesmo artigo, para coisas que podem ser contadas.
No inglês eles não equivalem nem a masculino nem
a feminino podendo ser usados em ambas situações,
apenas no português ao traduzir fazemos a equivalên-
cia aos nossos artigos um, uma, uns, umas.
Utilizamos “a” na frente de palavras iniciadas com
consoantes e “an” na frente de palavras iniciadas com
vogais.

32
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Article: “A” 3. Mark the correct alternative:
A) Os vocábulos: lighting, running, washing, indi-
Exemplos: cam ações no simple present por serem ações
A book = Um livro situadas no “agora.”
A car = Um carro B) Os vocábulos: lighting, running, washing, indi-
A woman = Uma mulher cam ações no simple present por serem ações
A man = Um homem situadas no tempo presente.
Article: “An” C) Os vocábulos: lighting, running, washing, in-
Exemplos: dicam ações no present continuous, por ini-
An envelope = Um envelope ciarem no tempo presente, continuarem ao
An animal = Um animal longo do tempo ou serem recorrentes.
An apple = Uma maçã D) Os vocábulos: lighting, running, washing, indi-
An avocado = Um abacate cam ações no present continuous por serem
ações situadas no “agora.” e que não rever-
ACTIVITIES (ATIVIDADES) beram no futuro.
E) Os vocábulos: lighting, running, washing, indi-
Leia o texto da questão adaptada de: (Unemat cam ações no present continuous por serem
MT/2012) e responda as questões. ações situadas no tempo presente e que não
reverberam no futuro.
LIVING WITHOUT ENERGY
5. Na frase “This is an experimental house at the
(1) Everyone says that we must use less energy! University of Nottingham” (ref. 10), observe o ar-
But how? That is the big question. In this article, you tigo sublinhado e assinale a alternativa correta.
can read about the house of the future, which uses A) O artigo an nunca deve ser usado antes de
hardly any energy at all… vogal.
Most houses use energy – lots of it. We use energy B) O artigo an deve ser usado somente depois
for heating, (5) lighting, for running our household de um substantivo ou adjetivo.
appliances – TV’s, washing machines, fridges, and C) Usa-se o artigo an antes de um substantivo
so on. In winter time, most houses use dozens of ki- ou um adjetivo iniciado por vogal.
lowa�s of electricity every day, or the equivalent in D) Usa-se o artigo an somente com palavras com
gas. mais de uma sílaba como é o caso do adjetivo
The house in the photo, on the other hand, uses experimental.
virtually nothing: (10) most of the energy that it uses E) Usa-se o artigo an somente com o pronome
comes straight from the sun, the wind or the ground. demonstrativo This is.
This is an experimental house at the University of Not-
tingham, and it could be the kind of house that most 6. (ITA) ________ Pacific and ________ Atlantic are
people are living in fi�y years from now. ________ oceans. ________ Alps are ________
During the daytime, it is rarely necessary to turn mountains, and ________ Amazon is a river.
on an electric (15) light, even in rooms without win- A) The / … / the/ … /the/ …
dows. Sunlight, or daylight, is “piped” through the B) … / the / … / … / … / the
house, into each room, through special high-reflection C) The / the / … / the / … / the
aluminium tubes. You can see how well they reflect D) The / the / the / the / the / the
light, by looking at the reflections of the faces in the E) The / the / … / … / … / the
picture!
h�p://linguapress.com/intermediate/no-energy.htm 7. (UFSM/2012)
Mark the alternative that complete the sentence
1. According to the text, what is the big question? correctly:
_______ angry boyfriend is ______ unpredictable
man.
A) An – …
B) An – an
2. According to the text, what is energy used for? C) The – a
D) … – the
E) A – an

33
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CLASS 06 (AULA 06) C. Beware of grammar mistakes

Habilidade(s): 2. According to the text, what is the curriculum for?


(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês
como línguas de comunicação global, levando em
conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua.
3. Before we learn the steps for building a resume,
OBJETOS DE CONHECIMENTO what points should be highlighted?
DO DC-GOEM:
Comunicação global, levando em conta a multiplici-
dade e variedade de usos, usuários e funções dessa
língua, vocabulário sobre personal presentation no
trabalho. Leia o texto (parte 1 do Curriculum):

What is the curriculum?

Curriculum, or curriculum vitae, o�en abbreviated as


CV, is a document that summarizes a person’s knowle-
dge, experiences, and career, usually for professional
purposes, such as looking for a new job.

1. Segundo o texto qual a função do Curriculum, or


curriculum vitae?

4. Who’s on the resume?


Leia o texto:

Tips for writing a resume


5. What’s her profession?
The resume serves to a�ract the a�ention of those
who are recruiting and is mainly used to understand
whether your profile matches the requirements of a
given job vacancy.

Before we learn the steps for building a resume, it is 6. What forms of contact are presented in the resume?
important to highlight some points of a�ention.
A. Don’t lie
B. Be objective

34
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
7. How many languages does Chiaki sato speak? CLASS 07 (AULA 07)

Habilidade(s):
(EM13LGG403) Fazer uso do espanhol e do inglês
como línguas de comunicação global, levando em
Leia o texto (parte 2 do Curriculum): conta a multiplicidade e variedade de usos, usuá-
rios e funções dessa língua.

OBJETOS DE CONHECIMENTO
Let’s check your knowlwdge!!! Caro/a estudante,
o objetivo agora é apresentar algumas questões
apresentadas no Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM), simulando uma prova já aplicada.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. (ENEM, 2017) One of the things that made an


incredible impression on me in the film was Frida’s
comfort in and celebration of her own unique be-
auty. She didn’t try to fit into conventional ideas
or images about womanhood or what makes so-
meone or something beautiful. Instead, she fully
inhabited her own unique gi�s, not particularly
caring what other people thought. She was mag-
netic and beautiful in her own right. She painted
for years, not to be a commercial success or to
be discovered, but to express her own inner pain,
joy, family, love and culture. She absolutely and
resolutely was who she was. The trueness of her
own unique vision and her ability to stand firmly
in her own truth was what made her successful
in the end. (HUTZLER, L.)

A autora desse comentário sobre o filme Frida


mostra-se impressionada com o fato de a pintora
a) ter uma aparência exótica.
b) vender bem a sua imagem.
c) ter grande poder de sedução.
d) assumir sua beleza singular.
8. How is Chiaki presented in the curriculum? e) recriar-se por meio da pintura.

2. (ENEM, 2010)

Viva la Vida
9. Where did she study? I used to rule the world
Seas would rise when I gave the word
Now in the morning and I sleep alone
Sweep the streets I used to know
I use to roll the dice
Feel the fear in my enemy’s eyes
10. What is her professional experience?
Listen as the crowd would sing
“Now the old king is dead! Long live the king!”
One minute I held the key
Next the walls were closed on me

35
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
And I discovered that my castles stand C) ganância, porque as pessoas invejam o que é
Upon pillars of salt and pillars of sand dos outros.
MARTIN, C. Viva la Vida, Coldplay. In: Viva la Vida or Death D) brutalidade humana, porque os homens lutam
and all his friends. Parlophone, 2008.
pelo poder.
E) brutalidade humana, porque os homens lutam
Letras de músicas abordam temas que, de certa pelo poder.
forma, podem ser reforçados pela repetição de
trechos ou palavras. O fragmento da canção Viva
la Vida, por exemplo, permite conhecer o relato
de alguém que:
A) costumava ter o mundo aos seus pés e, de
repente, se viu sem nada.
B) almeja o �tulo de rei e, por ele, tem enfren-
tado inúmeros inimigos.
C) causa pouco temor a seus inimigos, embora
tenha muito poder.
D) limpava as ruas e, com seu esforço, tornou-se
rei de seu povo.
E) tinha a chave para todos os castelos nos quais
desejava morar.

3. (ENEM/2014)

The war song


War is stupid
And people are stupid
And love means nothing
In some strange quarters
War is stupid
And people are stupid
And I heard them banging
On hearts and fingers
People fill the world
With narrow confidence
Like a child at birth
A man with no defense
What’s mine is my own
I won’t give it to you
No ma�er what you say
No ma�er what you do
Now we’re fighting
In our hearts
Fighting in the street
Won’t somebody help me?
Disponível em: h�p://letras.mus.br.
Acesso em: 29 jun. 2012.

A música é uma forma de expressão ar�stica e


cultural e pode revelar diferentes formas de com-
preender o mundo. Na letra da canção do grupo
Culture Club, entende-se que a guerra é o resul-
tado da:
A) insensatez humana, porque as pessoas são
individualistas.
B) superpopulação mundial, porque esta gera
fome e pobreza.

36
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR Gêneros discursivos.
LÍNGUA PORTUGUESA Mercado de trabalho.
Gêneros digitais: perfis, gifs biográficos, biodata,
HABILIDADE BNCC currículo web, videocurrículo etc.
(EM13LP21) Produzir, de forma colaborativa, e so-
cializar playlists comentadas de preferências cul- Gêneros digitais
turais e de entretenimento, revistas culturais, fan-
zines, e-zines ou publicações afins que divulguem, “Caro Sr. Potter, Temos o prazer de informar que
comentem e avaliem músicas, games, séries, filmes, foi aceito para a Escola de Magia e Bruxaria de Ho-
quadrinhos, livros, peças, exposições, espetáculos gwarts. Todos os alunos devem estar equipados com
de dança etc., de forma a compartilhar gostos, um caldeirão de estanho, tamanho padrão dois, e
identificar afinidades, fomentar comunidades etc. podem trazer, se quiserem, uma coruja, um gato ou
(EM13LP16) Produzir e analisar textos orais, con- um sapo.” (https://exame.com/casual/10-cartas-ines-
siderando sua adequação aos contextos de produ- queciveis-que-o-cinema-eternizou/)
ção, à forma composicional e ao estilo do gênero
em questão, à clareza, à progressão temática e à va-
riedade linguística empregada, como também aos
elementos relacionados à fala (modulação de voz,
entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração
etc.) e à cinestesia (postura corporal, movimentos e
gestualidade significativa, expressão facial, contato
de olho com plateia etc.).

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP19A) Analisar a relação existente entre
língua e linguagem, considerando as diferentes O avanço tecnológico provocou alterações nos
manifestações sociais presentes nos textos multi- meios de comunicação e também na linguagem, o
modais existentes, nos objetivos de seu produtor que deu origem aos gêneros digitais.
e seu público-alvo para construir textos coerentes O advento da tecnologia mudou não apenas os
com sua função social e intenção. meios de comunicação, mas também a linguagem
(GO-EMLP21A) Produzir playlists, fazendo uso dos Sabemos que os gêneros textuais são incontáveis
recursos expressivos linguísticos, paralinguísticos, e adaptáveis às diversas realidades e situações comu-
e da ferramenta de edição de som inseridos no nicacionais. Sabemos também que eles podem ser
contexto de produção, circulação e recepção para definidos graças a um conjunto de elementos fixos,
enriquecer a competência e os letramentos digitais embora sejam mais flexíveis do que os tipos textuais.
e potencializar o interesse e o protagonismo. A verdade é que a comunicação na internet acabou
(GO-EMLP16A) Analisar o papel dos recursos lin- criando novos gêneros e alterando outros, compro-
guísticos, paralinguísticos, cinésicos e da variedade vando que eles estão a serviço dos falantes e às ne-
linguística na produção de discursos orais e multis- cessidades de seu tempo. Se antes enviávamos cartas,
semióticos, considerando o contexto de produção, hoje enviamos e-mail, que nada mais é do que uma
circulação e recepção para discernir os discursos adaptação virtual que dispensa o papel e a caneta. Se
correntes. em um passado não muito distante enviávamos men-
sagens de celular, hoje utilizamos as redes sociais para
OBJETOS DE CONHECIMENTO deixar um recado para nossos amigos. Contudo, é
Uso de estratégias de impessoalização (uso de ter- importante observar que, embora os meios tenham
ceira pessoa e de voz passiva etc.). sido modernizados, a estrutura da comunicação e a
Sistemas de linguagem. forma com a qual nos expressamos continuam seguin-
Forma de composição do texto, coesão e articula- do parâmetros que estabelecem uma relação dialó-
dores e progressão temática. gica com formas textuais preexistentes.
Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais Até mesmo nas redes sociais somos capazes de
do texto. adequar os níveis de fala
Relação entre textos da Língua Portuguesa. de acordo com a necessi-
Efeitos de sentido. dade e com o interlocutor
Construção composicional e estilo. Embora novos gê-
Vídeos variados, objetivo e estrutura do roteiro. neros textuais estejam
Discurso de autoria. surgindo, entre eles os

37
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
gêneros digitais, é interessante notar que eles po- que na prática, é uma sequência de tuítes, mensagens
dem ser definidos porque apresentam elementos que publicadas na rede social Twi�er, informando uma
possibilitam isso, além de preservarem características situação ou mesmo contando uma história.
de gêneros já consagrados. Por exemplo, ao escrever
um e-mail, temos, ainda que inconscientemente, a Podcasts
estrutura textual de uma carta mentalmente pre-
concebida, pois é normal que iniciemos nosso texto É como um programa de rádio, porém sua dife-
utilizando elementos de uma carta tradicional, como rença e vantagem é o conteúdo direcionado. Você
a identificação do remetente e a despedida. Por isso, pode ouvir o que quiser, na hora que bem entender.
é incorreto pensar que a comunicação virtual é uma Basta acessar a plataforma onde ele está guardado
verdadeira bagunça, que não respeita tipologias ou (iTunes ou SoundCloud, por exemplo) e clicar no Play.
gêneros, tampouco os níveis da linguagem. É possível também baixar o episódio. Aí você pode
Muitas pessoas relatam uma certa resistência à dar o Play, e ouvir a hora que quiser, no computador
comunicação virtual, como se esse fosse um espaço ou no celular. Esse gênero contempla diversas áreas
desprovido de regras, sobretudo no que diz respeito do conhecimento. Um dos mais famosos no Brasil é o
à linguagem, mas isso não é verdade. Somos falan- Escriba Café, que com uma excelente produção, fala
tes habilidosos, sabemos quando e como utilizar os de passagens históricas interessantes.
diferentes níveis de fala até mesmo nos ambientes
virtuais, compreendendo que há níveis distintos de Gifs
formalidade e informalidade. É importante observar
também que, assim como existe a intergenericida- É um formato de imagem de mapa de bits muito
de no meio virtual, sobretudo no nível informal de usado para imagens fixas e criar animações. É possível
fala, ela também ocorre fora dele, pois o hibridismo produzir gifs com o Scratch, um so�ware livre de lin-
manifesta-se na linguagem oral, misturando traços guagem de programação por blocos, fácil e interativo.
característicos de fala e de escrita. A verdade é que Que tal criar gifs com seu filho? Ah, gifs com gatinhos
o mundo virtual e a comunicação estão intrinseca- são muito populares na web.
mente relacionados e certamente antigos gêneros
serão adaptados e outros novos surgirão, o que nos
proporcionará novas e ricas descobertas para o campo
da linguagem.

Em uma definição simples, podemos dizer que o


gênero digital se dá com o casamento entre a comu-
Meme
nicação e a tecnologia. Posts de Facebook, Instagram
ou Twitter configuram gêneros digitais. Vlogs, memes,
O termo remete ao humor e é bastante conheci-
gif e chats também.
do e utilizado no “mundo da internet”, referindo-se
ao fenômeno de “viralização” de uma informação.
Chats
Qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música que se
espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançan-
Um bate papo em tempo real, conhecido pelas
do muita popularidade, se enquadra na definição de
redes sociais. Um dos mais famosos é o TweetChat,
viralização. O meme pode ser um instrumento muito
no qual é possível produzir minicontos ou emitir di-
poderoso para falar sobre um assunto. Memes, ima-
versas opiniões, com um limite de 280 caracteres.
gens com frases engraçadas com Minions, como no
Atualmente, tem se usado muito o termo “thread”,
exemplo abaixo, são bastante comuns;

38
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Currículo web Wiki

Essa é uma variação do currículo impresso. Sendo A característica mais marcante das wikis é permitir
uma plataforma digital, conta com ferramentas que uma escrita colaborativa. Uma página wiki utiliza códi-
tornam possível a inclusão de documentos suplemen- go aberto, ou seja, um código passível de ser editado.
tares, fotos e, até mesmo, arquivos de voz e de vídeo. Normalmente, todas as versões da página ficam
gravadas no histórico, fazendo com que quaisquer
Graphics Interchange Format (GIF) modificações sejam facilmente revertidas ou recu-
peráveis.
GIF é uma sigla que já foi eleita “a palavra do ano”
pelos dicionários Oxford. A sigla remete tanto à es- Trailer honesto
trutura do conteúdo quanto à extensão do arquivo
digital. Assim como o trailer convencional, é um video-
Trata-se de uma montagem de imagens que se clipe criado para anunciar um filme. No entanto, é
sucedem automaticamente, criando uma espécie de geralmente produzido por leigos ou fãs de cinema
vídeo curto. e não pela indústria, o que faz com que os aspectos
Geralmente, os GIFs aliam textos verbais e não negativos prevaleçam nos comentários e cenas.
verbais e tornam a comunicação rápida, eficiente e
dinâmica. E-zine
Os arquivos em formato GIF tornaram-se popu-
lares porque são aceitos pela maioria dos programas É um fanzine, com características de uma revista
de edição e podem ser facilmente incluídos em redes temática e periódica, porém, distribuído pelos melos
sociais, blogs, sites, entre outros espaços virtuais. digitais (e-mail ou pela publicação em um site ou canal
de vídeos).
Fanfiction
Gameplay
Essa é a comunicação preferida entre fãs e aficio-
nados de literatura e cinema. Fanfiction ou simples- Vídeo que mostra um ou mais jogadores intera-
mente fanfic é, na verdade, um novo gênero literário gindo com um determinado game. Ele explora todas
desenvolvido por fãs de personagens de livros, qua- as possibilidades do jogo e, em geral, traz orientações
drinhos, games, filmes ou séries, que escrevem seus aos iniciantes.
roteiros a partir de narrativas já existentes.
Traduzindo, uma fanfic é uma história de ficção Detonado
criada por fãs que se tornaram eles mesmo autores de
novas tramas e argumentos para seus heróis favoritos. É uma variação do gameplay. Nesse caso, o vídeo
Esse gênero, portanto, não nasceu em ambientes mostra um passo a passo que ensina a vencer cada
digitais, mas foi neles que se popularizou e se desen- uma das etapas do jogo, geralmente com legendas de
volveu. A imaginação desses autores apaixonados por texto ou texto e imagens (capturas de tela).
seus personagens não tem limites!
Pastiche
Vlog
Caracteriza-se como um texto literário escrito con-
Não é por acaso que vlog rima com blog. E sim, forme o estilo de outro escritor consagrado. Porém,
você raciocinou corretamente: um gênero deriva do a função não é criticar o original, justamente o que
outro! diferencia o gênero da paródia. Um exemplo é o livro
A grande diferença está no formato da publicação, Amor de Capitu, de Fernando Sabino, em que a histó-
já que o conteúdo do vlog é geralmente um vídeo ria do clássico de Machado de Assis Dom Casmurro é
publicado sobre um tema e não um texto escrito. recontada do ponto de vista da personagem Capitu.
O produtor de videoblogues ou simplesmente
vlogs é conhecido como vlogger ou vlogueiro. Ciberpoema
Os vlogueiros costumam publicar seus vídeos re-
gularmente, procurando com essa assiduidade gerar Poemas construídos em meio digital, que suporta
certa expectativa entre seus seguidores que o acom- animações e permite, em muitos casos, a interação
panham em canais pessoais ou em plataformas de com a produção do autor e até a criação de novos
compartilhamento de vídeos como o Youtube. textos.

39
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
REFERÊNCIAS vista. No caso do exemplo acima, interpretar o texto
multimodal – o infográfico- e explicar, justificar com
GÊNEROS DIGITAIS. Escola da Inteligência, 26 nov. suas palavras no decorrer da redação, mas lembrem-
2018. Disponível em: h�ps://escoladainteligencia.com. -se: o texto dissertativo-argumentativo deve ser es-
br/blog/o-que-sao-generos-digitais-e-quais-sao-os-cita-
crito sempre em terceira pessoa do singular ou plural
dos-na-bncc/. Acesso em: 23 mar. 2023.
(ele, ela, eles, elas).
GÊNEROS DIGITAIS. Espelho Meu, 31 jan. 2019. Dis-
ponível em: Vejamos outro exemplo:
h�p://liquidifique.com.br/espelhomeu/vlog-meme- Se, na proposta de redação tiver uma charge, vo-
-gif-saiba-mais-sobre-os-generos-digitais/. Acesso em: 23 cês poderão fazer alguns questionamentos iniciais:
mar. 2023. • O que essa charge me permitirá utilizar no de-
correr da minha redação?
PEREZ, Luana Castro Alves. Gêneros digitais. Portu- • Há alguma citação, lei e/ou acontecimento his-
gûes, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.portugues.com. tórico que eu consiga lembrar através dela?
br/redacao/generos-digitais.html. Acesso em: 23 mar. 2023. • Há algo que eu possa comparar ou exemplificar
através dessa charge?
Textos multimodais e a construção da argu-
mentação na redação estilo ENEM Estes são alguns questionamentos que poderão
auxiliá-los a entender e a utilizar a charge na redação
Textos multimodais são caracterizados pela pre- como forma de construir uma argumentação perti-
sença da linguagem verbal (oral e/ou escrita) e lingua- nente e coerente. No entanto, para o interrogatório
gem não verbal (visual). Entre eles, podemos citar: os acima, caso prefiram, podem substituir o nome charge
infográficos, os anúncios, os cartuns, as propagandas, por texto multimodal. Pois, estes questionamentos
as tirinhas e as charges. iniciais podem ser empregados para qualquer texto
A partir da dica dada acima, fica mais fácil de multimodal.
perceber o que são os textos multimodais, ou seja, Lembrem-se: a argumentação será o resultado
textos que utilizam mais de uma modalidade de forma textual de uma combinação entre diferentes compo-
linguística. nentes (KOCH; ELIAS, 2016, p. 24), isto é, acompa-
Diante disso, acredito que vocês já tenham co- nhando nossas aulas e com a interpretação adequa-
meçado a lembrar de terem visto alguma proposta da dos textos multimodais, presentes na proposta de
de redação que utilizou algum desses gêneros textu- redação, vocês conseguirão apresentar argumentos
ais nos textos motivadores. E estão certos! Os textos mais consistentes em suas redações.
multimodais estão presentes em muitas propostas de
redações, assim como no ENEM. A impessoalização da linguagem
Agora, como acredito que vocês já entenderam o
que são os textos multimodais, precisamos entender A impessoalização da linguagem é uma técnica
como eles podem ajudar na argumentação da redação. muito utilizada nos textos do tipo dissertativo-argu-
Mas primeiro, vocês precisam perceber que eles mentativo, servindo para eliminar marcas de subjeti-
não estão inseridos na proposta de redação apenas vidade do discurso.
para deixar o tema mais ilustrado ou para distraí-los.
Eles estão lá para ajudá-los a compreender um pouco
mais a proposta. E eles podem sim contribuir para a
argumentação na hora da produção textual.
Por exemplo, quando uma proposta de redação
possui um infográfico em algum texto motivador, vo-
cês poderão e deverão interpretar os dados contidos
nele e usá-los em sua tese, em sua dissertação. Fazen-
do isto, vocês estarão construindo sua argumentação
a partir do uso da técnica argumentativa da proba-
bilidade, que basicamente significa a possibilidade
de apelar para a lógica quantitativa. (Mas agora, não
precisam se preocupar em relação a como utilizar as
técnicas argumentativas, porque falaremos sobre essa
temática nas próximas dicas!). A impessoalização da linguagem é uma das prin-
Ademais, como já dito nas dicas anteriores, é de cipais características dos textos do tipo dissertativo-
suma importância analisar e defender um ponto de -argumentativo

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Você já deve saber que uma das características  Dica 4: Uso gramatical do sujeito indetermi-
principais do texto dissertativo-argumentativo é a nado
impessoalidade da linguagem. Para escrever textos Ao adotar essa técnica, você não permitirá que o
de uma maneira mais formal, às vezes é necessário leitor identifique com precisão o agente da ação. Ela
impessoalizá-los, isto é, omitir os agentes do discurso é muito útil principalmente quando, no texto, surgir
para ocultar nossa opinião pessoal e as diversas vozes alguma informação da qual você desconhece a exata
que compõem um texto. Esse tipo de postura serve procedência:
para atenuar a dialogia e contribuir para uma posição Aprende-se na escola a importância da preserva-
impessoal sobre determinados assuntos. ção da natureza.
Quer um exemplo? Imaginemos a seguinte situa- Acreditava-se que o Brasil erradicaria a miséria
ção: Você vai prestar algum concurso ou vestibular e e a pobreza.
o tema da redação é “A redução da maioridade penal: Fala-se muito sobre o problema da violência.
você concorda?”. Provavelmente você deve ter uma
opinião formada sobre o tema, o que não significa,  Dica 5: Uso da voz passiva
no entanto, que você precise redigir a defesa de seu Empregar a voz passiva é uma outra maneira que
ponto de vista na primeira pessoa. Pode ser que você contribui bastante para a impessoalização do discurso.
tenha passado por alguma experiência pessoal que Isso acontece porque, ao utilizarmos a voz ativa, apre-
justifique o desenvolvimento de seu raciocínio, mas sentamos um agente explícito, enquanto na voz passi-
ainda assim é preciso deixar a narrativização de lado va esse agente poderá estar oculto. Veja os exemplos:
e optar por elementos que afastem as emoções e as As novas descobertas sobre a cura da AIDS fo-
questões pessoais de seu texto. ram realizadas em centros de estudo e laboratórios
Gramaticalmente, há várias maneiras para que cubanos.
você alcance a impessoalização da linguagem do seu Está sendo comprovada a importância da escrita
texto. à mão no processo de aprendizado.

 Dica 1: Generalizar o sujeito, colocando-o no REFERÊNCIA


plural
Essa é uma maneira eficiente de distanciar-se das PEREZ, Luana Castro Alves. Técnicas de redação: a
emoções e da subjetividade em um texto dissertativo- impessoalização da linguagem. Brasil Escola, [s.d.].
-argumentativo. Para isso, você deverá evitar o discur- Disponível em: h�ps://brasilescola.uol.com.br/re-
so na primeira pessoa (eu) e adotar o uso da primeira dacao/tecnicas-redacao-impessoalizacao-linguagem.
e da terceira pessoa do plural (nós e eles): expres- htm. Acesso em: 23 mar. 2022.
sões como cientistas reconhecem, nossas conclusões
e procuramos demonstrar são menos pessoais do que Coesão e Coerência
reconheço, minha conclusão e procurei demonstrar.
A Coesão e a Coerência são mecanismos funda-
 Dica 2: Ocultar o agente mentais na construção textual.
Expressões do tipo: é importante, é preciso, é in- Para que um texto seja eficaz na transmissão da
dispensável, é urgente contribuem com o propósito da sua mensagem é essencial que faça sentido para o
neutralidade, pois ocultam o agente da oração. Para leitor.
quem é importante? Para quem é preciso? Para quem Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que
é indispensável? Para quem é urgente? As perguntas a mensagem flua de forma segura, natural e agradável
ficam sem respostas porque não é possível definir o aos ouvidos.
agente com clareza, o que neutraliza o discurso, além
de deixá-lo mais objetivo. Coesão Textual

 Dica 3: Opte por um agente inanimado A coesão é resultado da disposição e da correta


Essa é outra maneira eficiente de impessoalizar utilização das palavras que propiciam a ligação entre
a linguagem do texto. Ao optar por um agente inani- frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora
mado, a responsabilidade em relação à ação estará com sua organização e ocorre por meio de palavras
diluída, já que não será possível identificar com pre- chamadas de conectivos.
cisão seu agente. Exemplos: É a conexão linguística que permite a amarração
A diretoria da empresa indicou um novo coorde- das ideias dentro de um texto.
nador. Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na
Os parlamentares votaram um projeto de lei. transmissão da mensagem ao interlocutor e, por con-
O governo não entregou a obra. sequência, o entendimento.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida João e Maria, não acrescentando informação adicional
pelas relações linguísticas, como os advérbios, pro- ao texto.
nomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre
outros. Elipse
Para ser melhor empregada, a coesão necessita de
recursos, como palavras e expressões que têm como Um componente textual, quer seja um nome,
objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
do texto. Esses recursos são chamados de elementos elipse.
de coesão.
Quando o texto é incoerente, prejudica o processo Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto.
de comunicação. Você os quer?
(A segunda oração é percep�vel mediante o con-
Mecanismos de Coesão texto. Assim, sabemos que o que está sendo oferecido
são ingressos para o concerto.)
A coesão pode ser obtida através de alguns me-
canismos: anáfora e catáfora. Conjunção
A anáfora e a catáfora se referem à informação
expressa no texto e, por esse motivo, são qualificadas A conjunção liga orações estabelecendo relação
como endofóricas. entre elas.
Enquanto a anáfora retoma um componente, a
catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado,
harmonia textual. mas ele sabe. (adversativa)

Algumas Regras Coesão Lexical

Confira abaixo algumas regras que garantem a A coesão lexical consiste na utilização de palavras
coesão textual: que possuem sentido aproximado ou que pertencem
a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hi-
Referência perônimos, nomes genéricos, entre outros.
• Pessoal: utilização de pronomes pessoais e
possessivos. Exemplo: João e Maria casaram. Exemplo: Aquela escola não oferece as condições
mínimas de trabalho. A instituição está literalmente
Eles são pais de Ana e Beto. (Referência pessoal
caindo aos pedaços.
anafórica)
• Demonstrativa: utilização de pronomes de-
Coesão Sequencial
monstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas
as tarefas, com exceção desta: arquivar a cor-
A coesão sequencial é um recurso que colabora
respondência. (Referência demonstrativa cata-
com a evolução textual apontando a passagem do
fórica)
tempo.
• Comparativa: utilização de comparações atra-
Trata-se de um mecanismo coesivo que acontece
vés de semelhanças. Exemplo: Mais um dia
por meio de marcadores verbais e conectivos os quais
igual aos outros… (Referência comparativa
indicam essa progressão ao longo do texto.
endofórica) Dessa maneira, a coesão sequencial colabora com
a estrutura textual uma vez que auxilia na articulação
Substituição das palavras e frases dentro de um texto. Por sua vez,
se não for utilizada de maneira correta, prejudicará o
Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) entendimento do texto.
por outro é uma forma de evitar as repetições. Além da coesão sequencial, temos a “coesão refe-
rencial” que acontece por meios de elementos textu-
Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão ais chamados de “referentes”. Estes são retomados no
na próxima semana. texto e, da mesma forma que a sequencial, colabora
Observe que a diferença entre a referência e a com a articulação das frases e dos parágrafos.
substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova Exemplos
ao texto. Para compreender melhor o conceito de coesão
No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de sequencial, leia o trecho abaixo extraído da obra O
Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as pessoas Cortiço de Aluísio Azevedo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, Tipos de Coesão Textual
empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as
quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos Coesão Referencial
refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou É o vínculo que existe entre palavras, orações e
do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao as diferentes par�culas do texto por meio de um re-
retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em paga- ferente.
mento de ordenados vencidos, nem só a venda com o Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou co-
que estava dentro, como ainda um conto e quinhen- esivos anunciam ou retomam as frases, sequências e
tos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua palavras que indicam conceitos e fatos.
conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfo-
ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que ra. A anáfora faz referência a uma informação que já
afrontava resignado as mais duras privações. Dormia fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um
sobre o balcão da própria venda, em cima de uma
componente textual, e também pode ser chamada
esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa
de elemento anafórico.
cheio de palha.”
A catáfora, por sua vez, antecipa um componente
Nesse caso, essa evolução na narrativa é carac-
textual, sendo chamada de elemento catafórico.
terizada por marcadores verbais que determinam a
passagem do tempo no texto. Os principais mecanismos da coesão referencial
João Romão foi... enriqueceu... economizou... ocorrem por meio da elipse e reiteração.
ganhara... retirar-se... estava... estabelecido... atirou-
-se... possuindo-se... afrontava... dormia... Exemplo de coesão referencial por elipse:
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?
Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemen- Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do
to que organiza os fatos do tempo no texto. E, como texto é retirado e evita a repetição.
é feita por marcadores verbais, é estabelecida pelas Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha
conjugações no pretérito perfeito, pretérito mais-que- (à praia)?
-perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo.
A coesão sequencial também atua com o uso de Exemplo de coesão por reiteração:
conectivos. Sem ela, o texto não é linear e a mensa- Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar
gem pode não ser compreendida. o conhecimento todos os dias.
“Não obstante, ao lado dele a crioula roncava, Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir
de papo para o ar, gorda, estrompada de serviço, tre- o elemento lexical ou mesmo usar sinônimos.
sandando a uma mistura de suor com cebola crua e
gordura podre. Mas João Romão nem dava por ela; só Coesão Sequencial
o que ele via e sentia era todo aquele voluptuoso mun- É a maneira como os fatos se organizam no tempo
do inacessível vir descendo para a terra, chegando-se do texto. Para isto, são utilizadas relações semânticas
para o seu alcance, lentamente, acentuando-se.» que ligam as orações e os parágrafos à medida em que
“Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia o texto é descrito.
arrancar de dentro uma frase que, no entanto, era a A coesão sequencial pode ocorrer por justaposi-
única ideia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal,
ção ou conexão.
depois de coçar mais vivamente a cabeça, gaguejou
com a voz estrangulada de soluços:”
Exemplo de coesão sequencial por justaposição:
Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além
Nos trechos acima, também extraídos da obra O
disso, conhece os meandros da empresa.
Cortiço, notamos a presença de diversos conectivos
que permitem a sequência de ideias no texto. Essa Entenda: a coesão sequencial por justaposição
ligação ocorre por meio do uso de conjunções, ad- ocorre para dar sequência ao texto no ordenamento
vérbios e pronomes. temporal, espacial e de assunto.
Os termos “não obstante”, “mas” e “no entanto”
estabelecem uma relação de oposição e têm o obje- Elementos coesivos
tivo de opor ideias ou conceitos num período.
Já o “e” estabelece uma relação de adição uma Também chamados de elementos de coesão, os
vez que acrescenta algo ao texto. Por fim, o termo elementos coesivos têm como função fazer uma li-
“afinal” indica uma relação de temporalidade onde gação lógica entre palavras e/ou frases de um texto
possui o objetivo de situar o leitor na sucessão dos ou de evitar que determinadas palavras que já foram
acontecimentos ou das ideias. mencionadas sejam repetidas.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplos: ligações lógicas entre frases. Eles são responsáveis
1. Estou juntando dinheiro, pois quero comprar por fazer com que a conexão de ideias de um texto
um celular novo. faça sentido.
2. Carlos está cansado. Ele trabalhou muitas horas Durante um processo de criação de texto, não
hoje. basta apenas usar elementos coesivos para conectar
frases, mas sim saber qual elemento coesivo é ade-
No exemplo 1, a palavra “pois” é um elemento quado para cada situação.
coesivo. Ela estabelece ligação entre as frases “es-
tou juntando dinheiro” e “quero comprar um celular Observe a frase abaixo:
novo” e preserva a coesão (conexão de ideias). “Comprei uma mala maior, isto é, preciso levar
No exemplo 2, o elemento coesivo “ele” evita que muitas coisas.”
a palavra “Carlos” seja repetida. Essa frase não faz qualquer sentido, não é mes-
Os elementos coesivos podem ser divididos em mo? Isso acontece pois o elemento coesivo “isto é” é
duas classificações: usado para ilustrar, exemplificar, e não para indicar a
• elementos coesivos sequenciais ou de conti- causa de algo. Uma alternativa para escrever a frase
nuidade corretamente seria: “Comprei uma mala maior por-
• elementos coesivos referenciais que preciso levar muitas coisas.”

Elementos coesivos sequenciais Confira abaixo uma tabela de conectivos para re-
dação, que vai ajudar você a redigir os seus textos de
Os elementos coesivos sequenciais, também cha- forma eficiente.
mados de conectivos, são usados para estabelecer
Classificação Exemplos de elementos coesivos Frase de exemplo
do elemento
coesivo
Adição ademais, ainda mais, ainda por cima, além disso, e, ou- Ele tem um dom natural para
trossim, por outro lado, nem, não só... mas também, cantar, mas também é muito es-
não apenas... como também, não só... bem como, tam- forçado.
bém, etc.
Afirmação sim, certamente, com certeza, decerto, efetivamente, Eles realmente cumpriram com
indubitavelmente, inquestionavelmente, por certo, re- o prometido.
almente, seguramente, sem dúvida, etc.
Alternativa já... já, nem... nem, ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja Quer você queira, quer não, fa-
... seja, etc. larei com a diretora.
Causa assim, como, com efeito, como resultado, dado que, de Ela teve uma crise de alergia por
fato, de tal forma que, de tal sorte que, em virtude de, causa do pelo do cachorro.
já que, logo, pois, por causa de, por conseguinte, por
consequência, por isso, porquanto, porque, portanto,
que, tão, uma vez que, visto que,
Certeza certamente, com toda a certeza, decerto, indubitavel- Decerto foi uma fatalidade.
mente, inquestionavelmente, inegavelmente, por cer-
to, sem dúvida
C o m p a r a ç ã o ; à medida que, à proporção que, assim como, assim À medida que a data da viagem
conformidade também, bem como, como, como se, conforme, con- se aproximava, mais nervosos
soante, da mesma forma, da mesma maneira que, do ficavam.
mesmo modo, do mesmo modo que, igualmente, não
só... como, tal qual, tal como, tal que, tanto quanto,
Conclusão assim, dessa forma, dessa maneira, em resumo, em Contou que sua avó tinha dei-
síntese, em suma, logo, por isso, por consequência, xado de atender seus telefone-
portanto mas. Logo, deixou de procurá-la.
Condição a menos que, a não ser que, caso, contanto que, com Posso ir com você ao teatro con-
tal que, desde que, eventualmente, exceto se, salvo se, tanto que você me dê carona de
se, sem que, suposto que, volta pra casa.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Dúvida a caso, é provável, não é certo, por ventura, possivel- É provável que ele não venha
mente, provavelmente, quem sabe, se é que, talvez, por causa da chuva.

Esclarecimento aliás, a saber, em outras palavras, isto é, ou melhor, ou Você pode usar uma imagem,
por outra, ou seja, ou antes, por exemplo, quer dizer por exemplo, para ilustrar um
conceito.
Exclusão apenas, exceto, fora, menos, salvo, só, somente Todos aprovaram o nome do
bebê, exceto os avós.
Finalidade a fim de, a fim de que, com o fim de, com o intuito de, Estou poupando dinheiro a fim
com o propósito de, com o objetivo de, para que de viajar para visitar a minha fa-
mília.
Lugar além, ali, fora, junto a/de, lá, mais adiante, perto de, A mercearia fica mais adiante,
próximo a/de, pronomes demonstrativos na segunda rua à direita.

Modo a cavalo, às cegas, às escondidas, alerta, ao acaso, às Eles se conheceram em um en-


escuras, a pé, assim, às pressas, à toa, à vontade, bem, contro às cegas.
cara a cara, como, de carro, de cor, de improviso, de
mansinho, depressa, de propósito, de uma assentada,
de soslaio, devagar, em coro, em silêncio, face a face,
mal, melhor, passo a passo, pior, suavemente (e outros
advérbios que terminam em -mente).
Oposição a menos que, apesar de, ainda que, ao passo que, a Embora tenha tido uma vida di-
não ser que, contudo, em contrapartida, em contraste �cil, conseguiu conquistar seus
com, embora, enquanto, entretanto, exceto, mas, me- objetivos.
nos, mesmo que, pelo contrário, por menos que, po-
rém, por outro lado, salvo, sob outro ângulo, todavia
Prioridade em primeiro lugar, primeiramente, principalmente, pri- Primeiramente, leia o manual
mordialmente, sobretudo, de instruções.
Referência a, além de, à maneira de, ante, antes de, ao modo de, Perante o que foi dito, não te-
a par de, após, aquém de, até, até a, com, contra, de, nho mais nada a acrescentar.
dentro de, depois de, desde, devido a, em, em virtude
de, entre, fora de, graças a, junto a, junto de, para, pe-
rante, por, sem, sob, sobre, trás
Surpresa de súbito, imprevistamente, inesperadamente, inopi- Demitiu-se inesperadamente.
nadamente, surpreendentemente, etc.
Tempo afinal, agora, ao mesmo tempo, apenas, a princípio, O jovem raramente conversa
anteriormente, às vezes, assim que, antes que, atual- com o pai.
mente, cada vez que, constantemente, desde que, em
seguida, enfim, enquanto, então, eventualmente, fi-
nalmente, frequentemente, hoje, imediatamente, logo
depois, depois que, logo após, logo que, nesse meio
tempo, não raro, ocasionalmente, posteriormente,
pouco antes, por vezes, pouco depois, quando, rara-
mente, sempre, sempre que, simultaneamente, todas
as vezes que

Elementos coesivos referenciais

Os elementos coesivos referenciais são utilizados para fazer referência a palavras ou locuções que já foram
mencionadas em um discurso.
Assim, contribuem para que o texto fique fluído e sem repetições.

Observe as frases abaixo e veja tais elementos destacados:


• Tom Jobim é considerado um ícone da MPB. Juntamente com Vinícius de Moraes, o compositor escreveu
“Garota de Ipanema”.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Faz três anos que não vejo a Paula. Ela mora Inferências
em outra cidade. (“Ela” = “Paula”) Através das inferências, as informações podem
• Camila foi morar sozinha no Canadá. Sempre ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
soube que minha prima era uma mulher inde- interlocutores partilham do mesmo conhecimento.
pendente. (“Camila” = “minha prima”)
• Alok é um brasileiro famoso mundialmente. O Exemplo: Quando os chamar para jantar não es-
DJ é conhecido por sua dedicação às causas queça que eles são indianos. (ou seja, em princípio,
humanitárias. («Alok» = DJ») esses convidados não comem carne de vaca)

Coerência Textual Fatores de contextualização


Há fatores que inserem o interlocutor na mensa-
A Coerência é a relação lógica das ideias de um gem providenciando a sua clareza, como os �tulos de
texto que decorre da sua argumentação - resultado uma no�cia ou a data de uma mensagem.
especialmente dos conhecimentos do transmissor da
mensagem. Exemplo:
Um texto contraditório e redundante ou cujas — Está marcado para às 10h.
ideias iniciadas não são concluídas, é um texto inco- — O que está marcado para às 10h? Não sei sobre
erente. A incoerência compromete a clareza do dis- o que está falando.
curso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de Informatividade
conhecimento, decorre também do uso de tempos Quanto maior informação não previsível um texto
tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer o
verbais e da emissão de ideias contrárias.
que é óbvio ou insistir numa informação e não desen-
volvê-la, com certeza desvaloriza o texto.
Exemplos:
• O relatório está pronto, porém o estou finali-
Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal.
zando até agora. (processo verbal acabado e
inacabado)
ATIVIDADES
• Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal
passado. (os vegetarianos são assim classifica- 1. (Enem/2010)
dos pelo fato de se alimentar apenas de vege- O Flamengo começou a partida no ataque, en-
tais) quanto o Botafogo procurava fazer uma forte
marcação no meio campo e tentar lançamentos
Fatores de Coerência para Victor Simões, isolado entre os zagueiros
rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola,
São inúmeros os fatores que contribuem para a o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade
coerência de um texto, tendo em vista a sua abran- de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio
gência. Vejamos alguns: montado pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu
Conhecimento de Mundo o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio
longo da vida e que são arquivados na nossa memória. da área. Kléberson apareceu na jogada e cabe-
São os chamados frames (rótulos), esquemas ceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim
(planos de funcionamento, como a rotina alimentar: apareceu nas costas da defesa e empurrou para o
café da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar fundo da rede quase que em cima da linha: Fla-
algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts mengo 1 a 0.
(roteiros, tal como normas de etiqueta). Disponível em: h�p://momentodofutebol.blogspot.com
(adaptado).

Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a


O texto, que narra uma parte do jogo final do Cam-
postos para o Carnaval!
peonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
Uma questão cultural nos leva a concluir que a
contém vários conectivos, sendo que
oração acima é incoerente. Isso porque “peru, pa-
a) após é conectivo de causa, já que apresenta o
netone, frutas e nozes” (frames) são elementos que
motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola
pertencem à celebração do Natal e não à festa de
de cabeça.
carnaval.
b) enquanto tem um significado alternativo, por-
que conecta duas opções possíveis para serem
aplicadas no jogo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
c) no entanto tem significado de tempo, porque Para se entender o trecho como uma unidade de
ordena os fatos observados no jogo em ordem sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação
cronológica de ocorrência. entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é
d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com construída predominantemente pela retomada
mais posse de bola”, ter dificuldade não é algo de um termo por outro e pelo uso da elipse. O
naturalmente esperado. fragmento do texto em que há coesão por elipse
e) por causa de indica consequência, porque as do sujeito é:
tentativas de ataque do Flamengo motivaram a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série
o Botafogo a fazer um bloqueio. de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe
2. (Enem/2011) […]”.
Cultivar um estilo de vida saudável é extrema- c) “O primeiro era um termo derivado do latim
mente importante para diminuir o risco de infarto, medieval influentia, que significava ‘influência
mas também de problemas como morte súbita e dos astros sobre os homens’.”
derrame. Significa que manter uma alimentação d) “O segundo era apenas a forma nominal do
saudável e praticar atividade �sica regularmen- verbo gripper […]”.
te já reduz, por si só, as chances de desenvolver e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo vio-
vários problemas. Além disso, é importante para lento como o vírus se apossa do organismo
o controle da pressão arterial, dos níveis de co- infectado.”
lesterol e de glicose no sangue. Também ajuda
a diminuir o estresse e aumentar a capacidade 4. Leia o trecho extraído da música “Seja para mim”
�sica, fatores que, somados, reduzem as chances do grupo musical Maneva:
de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acom-
panhamento médico e moderação, é altamente “Seja para mim o que você quiser
recomendável. Contanto que seja o meu amor
ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009. Estou indo te buscar, mas eu tô indo a pé
Prende teu cabelo porque tá calor”
As ideias veiculadas no texto se organizam esta-
belecendo relações que atuam na construção do Os termos em destaque estabelecem uma relação
sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmen- de:
to, que a) condição e oposição
a) a expressão “Além disso” marca uma sequen- b) contraste e conclusão
ciação de ideias. c) causa e consequência
b) o conectivo “mas também” inicia oração que d) intenção e continuação
exprime ideia de contraste. e) dúvida e condição
c) o termo “como”, em “como morte súbita e der-
rame”, introduz uma generalização. 5. Leia o trecho da obra “Dom Casmurro” de Macha-
d) o termo “Também” exprime uma justificativa. do de Assis, e indique os marcadores verbais que
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis auxiliam na coesão sequencial da narrativa:
de colesterol e de glicose no sangue”. “Uma noite destas, vindo da cidade para o En-
genho Novo, encontrei num trem da Central um
3. (Enem/2013) rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e
Gripado, penso entre espirros em como a palavra de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé
gripe nos chegou após uma série de contágios de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou
entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia recitando-me versos.”
de gripe que disseminou pela Europa, além do
vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o
italiano influenza e o francês grippe. O primeiro
era um termo derivado do latim medieval influen-
tia, que significava “influência dos astros sobre os
homens”. O segundo era apenas a forma nominal
do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que
fizesse referência ao modo violento como o vírus
se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov.
2011.

47
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
(EM13LP54) Criar obras autorais, em diferentes Além do aumento do desemprego, a falência de
gêneros e mídias mediante seleção e apropriação fábricas, a fome e miséria, no Brasil a Revolução de
de recursos textuais e expressivos do repertório 30 representou um golpe de estado. O presidente da
ar�stico , e/ou produções derivadas (paródias, es- República Washington Luís foi deposto, impedindo
tilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes.
dialogar, crítica e/ou subjetivamente, com o texto Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de
literário. Minas Gerais e São Paulo, denominado de “política do
café com leite”. Com a chegada de Getúlio ao poder, a
(GO-EMLP54A) Avaliar obras do repertório ar�sti- ditadura no país também se aproximava com o Estado
co-literário contemporâneo nacional e regional de Novo (1937-1945).
acordo com as preferências individuais, formando
uma coleção pessoal para possibilitar uma inter- Características da segunda fase do modernismo
venção autônoma e crítica, nas plataformas digitais.
As principais características dessa fase foram:
• Influência do realismo e romantismo;
Literatura na Língua Portuguesa. • Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
• Realidade social, cultural e econômica;
Segunda Geração Modernista - 2ª Fase do Mo- • Valorização da cultura brasileira;
dernismo • Influência da psicanálise de Freud;
• Temática cotidiana e linguagem coloquial;
A segunda geração modernista ou segunda fase • Uso de versos livres e brancos.
do modernismo representa o segundo momento do
REFERÊNCIA
movimento modernista no Brasil que se estende de DIANA, Daniela. Segunda Geração Modernista - 2.ª
1930 a 1945. Fase do Modernismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
Chamada de “Geração de 30”, essa fase foi mar- h�ps://www.todamateria.com.br/segunda-geracao-mo-
cada pela consolidação dos ideais modernistas, apre- dernista/. Acesso em: 23 mar. 2023.
sentados na Semana de 1922. Lembre-se que esse
evento marcou o início do Modernismo rompendo A publicação Alguma Poesia (1930) de Carlos
com a arte tradicional. Drummond de Andrade marcou o início da intensa
A publicação Alguma Poesia (1930) de Carlos produção literária poética desse período.
Drummond de Andrade marcou o início da intensa Na prosa, temos a publicação do romance regio-
produção literária poética desse período. nalista A Bagaceira (1928) do escritor José Américo
Na prosa, temos a publicação do romance regio- de Almeida.
nalista A Bagaceira (1928) do escritor José Américo
de Almeida. Autores de Prosa do Modernismo
Para muitos estudiosos do tema, a segunda gera-
ção modernista representou um período muito fértil 1. José Américo de Almeida (1887-1980)
e rico para a literatura brasileira. José Américo de Almeida é o autor do romance
Também chamada de “Fase de Consolidação”, a regionalista A Bagaceira (1928), marco inicial da prosa
literatura brasileira estava vivendo uma fase de ma- de 30. Nessa obra, ele relata o tema da seca e da vida
turação, com a concretização e afirmação dos novos de retirantes.
valores modernos.
Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos 2. Graciliano Ramos (1892-1953)
literatos. Temas nacionais, sociais e históricos foram Graciliano Ramos se destacou na prosa regionalis-
os preferidos pelos escritores dessa fase. ta com seu romance Vidas Secas (1938). Nele, aborda
diversos aspectos do sertanejo e problemas como a
Contexto histórico da segunda fase do moder- seca do Nordeste, a fome e a miséria dos retirantes.
nismo
3. Jorge Amado (1912-2001)
A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu Jorge Amado foi importante no desenvolvimento
num contexto conturbado. Após a crise de 1929 em da prosa regionalista e urbana com seus romances:
Nova York, (depressão econômica) muitos países es- • O País do Carnaval (1931): relata a vida de um
tavam mergulhados numa crise econômica, social e intelectual brasileiro e suas considerações so-
política. bre o Carnaval e o tema da mestiçagem.
Isso fez surgir diversos governos totalitários e • Cacau (1933): ambientados na fazenda de ca-
ditatoriais na Europa, os quais levariam ao início da cau no sul da Bahia, relata a vida e exploração
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). dos trabalhadores.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• Capitães de Areia (1937): romance urbano que poeta, publica em 1933 seu primeiro livro de poemas
retrata a vida de meninos abandonados em Sal- Caminho para a Distância e, em 1936, seu longo po-
vador. ema: Ariana, a mulher.

4. Rachel de Queiroz ATIVIDADES


Rachel de Queiroz (1910-2003) publica em 1930
seu romance intitulado O Quinze em que aborda so- Questão 1- (Enem/2006)
bre uma das maiores secas que assolou o Nordeste No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond
em 1915. de Andrade expressa a concepção estética de se fa-
zer com palavras o que o escultor Michelangelo fazia
5. José Lins do Rego (1901-1957) com mármore. O fragmento a seguir exemplifica essa
José Lins do Rego publica em 1932 seu roman- afirmação.
ce Menino de Engenho. Ambientada nos engenhos “[...]
nordestinos, aborda a temática do ciclo de açúcar no Penetra surdamente no reino das palavras.
Brasil. Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
[...]
Principais autores e obras da poesia de 30 Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) tem mil faces secretas sob a face neutra
Carlos Drummond de Andrade foi o precursor da e te pergunta, sem interesse pela resposta,
poesia de 30 e, sem dúvida, um dos maiores repre- pobre ou terrível, que lhe deres:
sentantes com destaque para sua obra Alguma Poesia, trouxeste a chave?”
publicada em 1930. Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de
Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.
2. Cecília Meireles (1901-1964)
Com forte influência da psicanálise e da temática Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema cons-
social, Cecília Meireles é considerada uma das maiores tante entre autores modernistas:
poetisas brasileiras. a) a nostalgia do passado colonialista revisitado.
Desse período destacam-se as obras: Batuque, b) a preocupação com o engajamento político e social
samba e Macumba (1933), A Festa das Letras (1937) da literatura.
e Viagem (1939). c) o trabalho quase artesanal com as palavras, des-
pertando sentidos novos.
3. Mario Quintana (1906-1994) d) a produção de sentidos herméticos na busca da
Chamado de “poeta das coisas simples”, Mário perfeição poética.
Quintana possui uma vasta obra poética. Desse perí- e) a contemplação da natureza brasileira na perspec-
odo merece destaque seu livro de sonetos intitulado tiva ufanista da pátria.
A Rua dos Cataventos, publicado em 1940.
Questão 2 - (Enem/2002)
4. Murilo Mendes (1901-1975) Erico Verissimo relata, em suas memórias, um episó-
Além de poeta, Murilo Mendes foi destaque na dio da adolescência que teve influência significativa
prosa de 30. Atuou como divulgador das ideias moder- em sua carreira de escritor.
nistas na revista criada na primeira fase modernista “Lembro-me de que certa noite (eu teria uns qua-
Antropofagia. torze anos, quando muito) encarregaram-me de se-
De sua obra poética merece destaque: Poemas gurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de
(1930), Bumba-Meu-Poeta (1930), Poesia em Pânico operações, enquanto um médico fazia os primeiros
(1938) e O Visionário (1941). curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia
Municipal haviam ‘carneado’ [...] Apesar do horror e
5. Jorge de Lima (1893-1953) da náusea, continuei firme onde estava, talvez pen-
Chamado de “príncipe dos poetas”, Jorge de Lima sando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo
foi escritor e artista plástico. Na poesia de 30 cola- isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segu-
borou com as obras Poemas (1927), Novos Poemas rando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar
(1929) e O Acendedor de Lampiões (1932). esses talhos e salvar essa vida? [...] Desde que, adul-
to, comecei a escrever romances, tem-me animado
6. Vinícius de Moraes (1913-1980) até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode
Vinícius de Moraes foi outro grande destaque da fazer, numa época de atrocidades e injustiças como
poesia de 30. Compositor, diplomata, dramaturgo e a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a
realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos d) o espaço onde vivem os personagens é uma das
tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea marcas de sua exclusão.
e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, e) a crítica à indiferença da sociedade pelos margi-
acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, nalizados é direta.
risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de
que não desertamos nosso posto.” Questão 4
VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta. Porto Alegre: Editora Sobre a Segunda Geração do Modernismo, é correto
Globo, 1978. tomo I. afirmar:
1. Foi caracterizada, no campo da poesia, pelo ama-
Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que durecimento e pela ampliação das conquistas dos
ilumina a escuridão, Erico Verissimo define como uma primeiros modernistas;
das funções do escritor e, por extensão, da literatura, 2. Valorização de uma linguagem rebuscada e meta-
a) criar a fantasia. linguística;
b) permitir o sonho. 3. Os poetas do período tinham liberdade para esco-
c) denunciar o real. lher formas como o soneto ou o madrigal, sem que
d) criar o belo. isso significasse uma volta a estéticas do passado,
e) fugir da náusea. como o Parnasianismo;
4. Valorização do conteúdo sonoro e visual, disposi-
Questão 3 - (Enem/2010) ção assimétrica dos versos no papel, possibilidade de
diversas leituras através de diferentes ângulos;
Texto I 5. No plano temático, a abordagem do cotidiano con-
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito tinuou sendo explorada, mas os poetas voltaram-se
dos objetos que o trabalho do dia lhes proporciona- também para problemas sociais e históricos, além de
va. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. manifestarem inquietações existenciais e religiosas
Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, que ampliaram as proposições da fase anterior.
moleques de todas as cores e de idades as mais va- a) Apenas 2 e 4 são corretas.
riadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite b) 1, 3 e 5 são corretas.
se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e c) 3, 5 e 4 são corretas.
dormiam, indiferentes ao vento que circundava o ca- d) 2, 3 e 5 são corretas.
sarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes e) apenas 4 está correta.
os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos
navios, com os ouvidos presos às canções que vinham Questão 5
das embarcações... Excelente sonetista, é um dos poucos representan-
AMADO, J. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das tes da poesia sensual, erótica, com fortes imagens:
Letras, 2008 (fragmento). “Nunca mulher nenhuma foi tão bela (...) / Essa mu-
lher é um mundo! — uma cadela, / Talvez... — mas
Texto II na moldura de uma cama (...)”. O trecho pode ser
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do associado a:
mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro — ali a) Oswald de Andrade.
os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais b) Carlos Drummond de Andrade
sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e c) Murilo Mendes
pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do d) Vinicius de Moraes
mercado. e) Mário de Andrade.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio
de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento). Questão 6
SENTIMENTAL
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados Ponho-me a escrever teu nome
são exemplos de uma abordagem literária recorrente com letras de macarrão.
na literatura brasileira do século XX. Em ambos os No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
textos, E debruçados na mesa todos contemplam
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos esse romântico trabalho.
personagens marginalizados. Desgraçadamente falta uma letra,
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores uma letra somente
em relação aos personagens. para acabar teu nome!
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens - Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
revela a sua origem social. Eu estava sonhando...

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
E há em todas as consciências um cartaz amarelo: Hoje sou funcionário público.
Neste país é proibido sonhar. Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Carlos Drummond de Andrade Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova
Esse poema é caracteristicamente modernista, por- Aguilar, 2003.
que nele:
a) A uniformidade dos versos reforça a simplicidade Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes
dos sentimentos experimentados pelo poeta. do movimento modernista brasileiro. Com seus po-
b) Tematiza-se o ato de sonhar, valorizando-se o emas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou
modo de composição da linguagem surrealista. poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos.
c) Satiriza-se o estilo da poesia romântica, defenden- Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o uni-
do os padrões da poesia clássica. versal e o particular, como se percebe claramente
d) A linguagem coloquial dos versos livres apresenta na construção do poema Confidência do Itabirano.
com humor o lirismo encarnado na cena cotidiana. Tendo em vista os procedimentos de construção do
e) O dia a dia surge como novo palco das sensações texto literário e as concepções ar�sticas modernistas,
poéticas, sem imprimir a alteração profunda na conclui-se que o poema acima
linguagem lírica. a) representa a fase heroica do modernismo, devido
ao tom contestatório e à utilização de expressões
Questão 7 e usos linguísticos �picos da oralidade.
Sobre o Modernismo brasileiro, em que se insere a b) apresenta uma característica importante do gêne-
obra de Carlos Drummond de Andrade, pode-se afir- ro lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e
mar corretamente que: dados históricos.
1. Conta com diferentes tendências individuais e pelo c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a
menos duas fases distintas; sua comunidade, por intermédio de imagens que
2. Discute as diferenças culturais e estéticas e valoriza representam a forma como a sociedade e o mundo
as peculiaridades locais; colaboram para a constituição do indivíduo.
3. Respeitas as regras da poética tradicional e evita d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição
formar ideias originais. de inutilidade do poeta e da poesia em compara-
a) 1 e 2 estão corretas. ção com as prendas resgatadas de Itabira.
b) 1 e 3 estão corretas. e) apresenta influências românticas, uma vez que
c) 2 e 3 estão corretas. trata da individualidade, da saudade da infância
d) 1, 2 e 3 estão corretas. e do amor pela terra natal, por meio de recursos
e) Somente 2 é correta. retóricos pomposos.

Questão 8 Questão 9
(Enem/2009) (UFU)
Confidência do Itabirano Leia o poema abaixo:
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira. Retrato
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Eu não tinha este rosto de hoje,
Noventa por cento de ferro nas calçadas. assim calmo, assim triste, assim magro,
Oitenta por cento de ferro nas almas. nem estes olhos tão vazios,
E esse alheamento do que na vida é porosidade e nem o lábio tão amargo.
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, Eu não tinha estas mãos sem força,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e tão paradas e frias e mortas,
[sem horizontes. eu não tinha este coração
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, que nem se mostra.
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: Eu não dei por esta mudança,
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, tão simples, tão certa e fácil:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; - Em que espelho ficou perdida
este couro de anta, estendido no sofá da sala de vi- a minha face?”
(Cecília Meireles)
sitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o
poema:

51
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
a) A expressão “mãos sem força”, que aparece no Sobre o autor desse poema, é INCORRETO afirmar
primeiro verso da segunda estrofe, indica um lado que:
fragilizado e impotente do “eu” poético diante de a) é um dos representantes da chamada “fase heroi-
sua postura existencial. ca” do Modernismo Brasileiro.
b) As palavras mais sugerem do que escrevem, re- b) Sua obra é tradicionalmente dividida em quatro
sultando, daí, a força das impressões sensoriais. fases: fase gauche, fase social, fase filosófica ou
Imagens visuais e auditivas, em outros poemas, nominal e fase final, também conhecida como fase
sucedem-se a todo momento. de memórias.
c) O tema revela uma busca da percepção de si mes- c) Entre seus poemas, estão Confidência do itabirano
mo. Antes de um simples retrato, o que se mostra e Congresso Internacional do Medo.
é um autorretrato, por meio do qual o “eu” poético d) O poeta trabalha sobretudo com o tempo, lançan-
olha-se no presente, comparando-se com aquilo do-se ao encontro da história contemporânea e
que foi no passado. da experiência coletiva, com notável engajamento
d) Não há no poema o registro de estados de ânimo social e político.
vagos e quase incorpóreos, nem a noção de perda e) Na década de 50 sua poesia tomou novos rumos e
amorosa, abandono e solidão. passou a seguir duas orientações: de um lado, uma
poesia reflexiva, filosófica e meta�sica; de outro,
Questão 10 a poesia nominal com tendência ao Concretismo.
São características da poesia na segunda geração mo-
dernista, EXCETO: A BAGACEIRA, DE JOSÉ
a) O traço formalizante é o que caracteriza essa ge- AMÉRICO DE ALMEIDA
ração de poetas. Enquanto alguns buscaram um
estilo culto e elevado, outros buscaram uma lin- 25 de September de 2015
guagem essencial, sintética e racional.
b) As principais características da poesia na segunda Análise da obra
geração modernista foram o experimentalismo, a
poesia social e o neobarroquismo, com forte influ- A bagaceira, publicada em 1928, é a obra intro-
ência no cultismo e no gongorismo. dutora do romance regionalista no país. A colisão dos
c) Seus principais representantes foram João Cabral meios pronunciava-se no contato das migrações peri-
de Melo Neto, Cecília Meireles, Carlos Drummond ódicas. Os sertanejos eram malvistos nos brejos. E o
de Andrade, Vinícius de Moraes e Mario Quintana. nome de brejeiro cruelmente pejorativo.
O enredo do romance trata das questões do êxo-
d) A segunda fase do Modernismo foi caracterizada,
do, os horrores gerados pela seca, além da visão brutal
no campo da poesia, pelo amadurecimento e pela
e autoritária do senhor de engenho, representando
ampliação das conquistas dos primeiros moder-
a velha oligarquia. A Bagaceira tem intenção crítica
nistas. Assim, nos anos de 1930 a 1945, a poesia
social, descambando, às vezes, para o panfletário, para
modernista consolidou-se e alargou seus horizon-
o enfático e demagógico. Para o autor, o romance
tes temáticos.
procura confrontar, em termos de relações humanas e
de contrastes sociais, o homem do sertão e o homem
Questão 11
do brejo (dos engenhos). Aproximando o sertanejo
Comunhão
do brejeiro, na paisagem nordestina, José Américo
Todos os meus mortos estavam de pé, em círculo,
de Almeida condiciona os elementos dramáticos aos
eu no centro. ciclos periódicos da seca, os quais delimitam a própria
Nenhum tinha rosto. Eram reconhecíveis existência do sertanejo.
pela expressão corporal e pelo que diziam Sob iluminação diferente, são postos em confron-
no silêncio de suas roupas além da moda to, em A Bagaceira, os nordestinos do brejo e os do
e de tecidos; roupas não anunciadas sertão. Brejeiros e sertanejos, submissão e liberdade,
nem vendidas. eram examinados com uma visão realista, se bem que,
Nenhum tinha rosto. O que diziam no registro das virtudes sertanejas possa notar-se,
escusava resposta, vez por outra, certo favorecimento (não intencional).
ficava, parado, suspenso no salão, objeto O �tulo desse romance denomina o local em que
denso, tranquilo. se juntam, no engenho, os bagaços da cana. Figurada-
Notei um lugar vazio na roda. mente, pode indicar um objeto sem importância, ou
Lentamente fui ocupá-lo. ainda, “gente miserável”. Todos esses significados se
Surgiram todos os rostos, iluminados. podem mobilizar no entendimento de A Bagaceira,
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética.
48.ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 352.)
romance de ardor e violência, desavenças familiares,
flagelações da seca.

52
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O autor que, antes, estreara vitoriosamente no É digno de nota o projeto modernizador do per-
ensaio, deixa transparecer aprofundado conhecimen- sonagem Lúcio ao assumir o comando do engenho:
to do ambiente e do homem paraibano, anotando alfabetização dos filhos dos trabalhadores, melhores
pormenores, acentuando os traços mais definidores, condições de habitação, etc. Ou seja, aquilo que Ge-
integrado na paisagem e na estrutura social cheia de túlio Vargas proporia nos anos seguintes como alter-
injustiças. nativa para o país.
O tempo é entre 1898 e 1915, os dois períodos de O livro apresenta uma mistura de linguagem tra-
seca. Tangidos pelo sol implacável, Valentim Pereira, dicional – dominada por um tom desagradavelmente
sua filha Soledade e o afilhado Pirunga abandonam sentencioso – com um gosto modernista por elipses e
a fazenda do Bondó, na zona do sertão. Vão para as imagens soltas, e ainda pelo uso de algumas expres-
regiões dos engenhos, no rejo, onde encontram aco- sões coloquiais ou regionais. Na obra a linguagem do
lhida no engenho Marzagão, de propriedade de Da- narrador faz esforço para não se afastar em demasia
goberto Marçau, cuja mulher falecera por ocasião do da dos personagens, dialetal, folclórica.
nascimento do único filho, Lúcio. Passando as férias no Fora sua notável importância histórica, A baga-
engenho, Lúcio conhece Soledade por quem se apai- ceira é um romance frustrado por causa do excesso
xona. Lúcio retorna à academia e quando retorna em de análise sociológica. É como se a ânsia do autor
férias para a companhia do pai, toma conhecimento em tudo explicar, destruísse todo e qualquer efeito
de que Valentim Pereira se encontra preso por ter sugestivo da narrativa.
assassinado o feitor Manuel Broca, suposto sedutor
e amante de Soledade. Lúcio, já advogado, resolve Personagens centrais
defender Valentim e informa o pai de sua intenção
de casar-se com Soledade. Dagoberto não aceita a Dagoberto Marçau – Proprietário do engenho
decisão do filho. E então tudo é esclarecido: Soledade Marzagão, simboliza a prepotência, contrapondo-se
é prima de Lúcio, e Dagoberto foi quem realmente a à fraqueza dos trabalhadores da bagaceira. Considera-
seduziu. Pirunga, tomando conhecimento dos fatos, -se “dono ” da justiça e seu código é simples: “O que
comunica ao padrinho (Valentim) e este lhe pede, sob está na terra é da terra”. Se ele é o senhor da terra,
juramento, velar pelo senhor do engenho (Dagober- tudo que nela dá é da terra (ou seja, dele próprio). “Se
to), até que ele possa executar o seu “dever”: matar o ele é o senhor da terra, tudo que nela se encontra lhe
verdadeiro sedutor de sua filha. Em seguida, Soledade pertence, até os próprios homens que trabalham no
e Dagoberto, acompanhados por Pirunga, deixam o engenho. Assim pensa e assim age. Seduz Soledade,
vendo na sertaneja semelhança com sua ex-mulher.
engenho e se dirigem para a fazenda do Bondó. Caval-
gando pelos tabuleiros da fazenda, Pirunga provoca a
Lúcio – Humano, idealista, sonhador, apaixona-se
morte do senhor do engenho Marzagão, herdado por
por Soledade, com quem mantém um romance puro.
Lúcio, com a morte do pai. Em 1915, por outro perío-
Não compartilha as ideias de seu pai, Dagoberto Mar-
do de seca, Soledade, já com a beleza destruída pelo
çau, para quem “hoje em dia não se guarda mais na
tempo, vai ao encontro de Lúcio, para lhe entregar o
cabeça: só se deve guardar nas algibeiras. “Acreditava
filho, fruto do seu amor com Dagoberto.
que se podia desmontar a estrutura anacrônica do
engenho: “Quanta energia mal empregada na deso-
O relato abre o ciclo do romance de 1930, entre
rientação dos processos agrícolas!
outras razões por sua força de denúncia dos horrores
A falta de método acarretava uma precariedade
gerados pela seca.
responsável pelos apertos da população misérrima. A
É digno de nota o prefácio que vale tanto ou mais gleba inesgotável era aviltada por essa prostração eco-
do que próprio texto narrativo. Destaque para o es- nômica. A mediania do senhor rural e a ralé faminta”.
panto do escritor face às mazelas: “Há uma miséria
maior do que morrer de fome no deserto: é não ter Soledade – Filha de Valentim Pereira, representa a
o que comer na terra de Canaã.” beleza agreste do sertão. Aos olhos de Lúcio, a serta-
Na narrativa há um choque de três visões que cor- neja. “não correspondia pela harmonia dos caracteres
respondem a três processos socioculturais distintos: às exigências do seu sentimento do tipo humano. Mas,
1) Visão rústica dos sertanejos, com seu sentido não sabia por que, achava-lhe um sainete novo na fe-
ético arcaico. minilidade indefinível. As linhas �sicas não seriam tão
2) Visão brutal e autoritária do senhor de enge- puras. Mas o todo picante tinha o sabor esquisito que
nho, representando a velha oligarquia. se requintava em certa desproporção dos contornos
3) Visão civilizada (moderna, urbana) de Lúcio, e, notadamente, no centro petulante dos olhos origi-
traduzindo um novo comportamento de fundo bur- nais.”… “Era o tipo modelar de uma raça selecionada
guês e que logo seria autorizado pela Revolução de 30. , sem mescla, na mais sadia consanguinidade.”

53
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A presença da sertaneja no engenho colocará uma d) O texto é predominantemente descritivo, com
barreira ainda maior entre Dagoberto e Lúcio. Por So- digressões do autor. Como exemplo, o décimo
ledade Valentim se torna assassino e Pirunga causa a sétimo parágrafo.
morte do senhor de engenho. e) No texto só ocorrem imagens visuais.
Valentim Pereira – Representa o sertão: destemi-
do, arrojado e altivo. Como bom sertanejo pune pela 3. Sobre o texto, NÃO se pode afirmar:
honra de uma mulher, mata o feitor Manuel Broca, a) O autor projeta poeticamente o antagonismo
apontado como sedutor de sua filha. Mas a “ideia de estruturas sociais.
fixa da honra sertaneja” vai além: a cicatriz que lhe b) O autor preocupa-se com a linguagem bem
marcava o rosto era resultado de uma briga mortal selecionada e expressiva.
com um amigo, que desonrara uma moça, neta de um c) Há a presença do enfoque da problemática da
“velhinho”, de quem o tempo quebrara as forças. O seca e da vida nordestina.
diálogo entre Valentim e Brandão de Batalaia (assim d) O ambiente é apenas um pano de fundo para
se chamava o “velhinho”) é bem ilustrativo: “Que é a ação dos personagens, é motivação para a
que vossamecê manda? Ele respondeu que só queria escritura.
era morrer. Eu ajuntei: E por que não quer matar?…” e) Quanto à forma de narrar, o texto mantém uma
Pirunga – Filho de criação de Valentim Pereira, a aproximação maior do Romantismo do que do
quem tributa lealdade. Ama Soledade, mas seu amor Realismo/Naturalismo.
não encontra receptividade. Assim como Valentim,
simboliza o sertão: valente, intrépido, altivo… Por oca- 4. Assinale a opção indicadora das obras cuja temá-
sião da festa no rancho, vai em defesa de Latomia: tica é a mesma que a do texto lido:
enfrentando a polícia. a) Gabriela Cravo e Canela e São Bernardo.
b) Vidas secas e O Quinze.
REFERÊNCIA c) Menino de Engenho e Fogo Morto.
A BAGACEIRA. Passei Web, 25 set. 2015. Disponível d) Jubiabá e Caetés.
em: h�ps://www.passeiweb.com/a_bagaceira/. Acesso e) Usina e Banguê.
em: 23 mar. 2023.
MURILO MENDES
ATIVIDADES
Solidariedade (1941)
1. Assinale a afirmativa falsa: Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
a) A Bagaceira é o primeiro romance regionalista Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
do chamado Modernismo brasileiro. Sou ligado
b) A linguagem do autor do texto é culta, com Aos casais na terra e no ar,
vocabulário erudito e até com construções clás- Ao vendeiro da esquina,
sicas. Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
c) A titulação do texto refere-se aos retirantes ser- Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
tanejos, como restos que escapavam do flagelo Ao santo e ao demônio,
da seca. Construídos à minha imagem e semelhança.
d) Há presença de imagens criadas a partir de ele-
mentos cien�ficos. Parte da segunda fase do modernismo brasileiro,
e) Há ausência da análise crítica das estruturas ou Geração de 30, Murilo Mendes foi uma figura de
sociais brasileiras que caracterizou a segunda relevo na vanguarda nacional.
geração do Modernismo. Se inspirando principalmente nas influências
surrealistas, a poesia moderna do escritor mineiro
2. Assinale a afirmação FALSA sobre a linguagem do é múltipla e versa sobre temas variados, da religião
texto: ao humor.
a) Predominam os períodos curtos, incisivos. Defensor da liberdade poética e política, em So-
b) Há muitas frases nominais, como, por exemplo, lidariedade, Mendes reflete sobre a união da huma-
todo o décimo segundo parágrafo. nidade e o ato de enxergar as pessoas além daquilo
c) O autor faz largo uso dos paroxítonos e de lon- que as divide.
gos proparoxítonos, criando um ritmo áspero Apesar dos rótulos que colocamos uns outros,
e forte, como, por exemplos, “fantasmas es- apesar de termos crenças ou valores diferentes, Mu-
tropiados, trôpegos e trêmulos adelgaçados na rilo Mendes relembra que somos todos iguais, feitos
magreira cômica...”. da mesma matéria.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Declarando que todos estamos ligados, o poeta Ah! tudo bolhas
questiona as tradições e hierarquias estabelecidas que vêm de fundas piscinas
em função de dinheiro e poder. de ilusionismo ... - mais nada.
Mas a vida, a vida , a vida
REFERÊNCIA a vida só é possível
MARCELLO, Carolina. 12 grandes poemas modernis- reinventada. […]
tas brasileiros (comentados e analisados). Cultura Genial, (Cecília Meireles)
[s.d.]. Disponível em: h�ps://www.culturagenial.com/po-
emas-modernistas-brasileiros/. Acesso em: 23 mar. 2023. Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de
Cecília Meireles, encontramos traços de seu estilo
CECÍLIA MEIRELES a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
Motivo (1963) c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
Eu canto porque o instante existe d) vinculado à estética simbolista.
e a minha vida está completa. e) de caráter épico, com inspiração camoniana.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta. 2. (UFU) Leia o poema abaixo:
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento. Retrato
Atravesso noites e dias Eu não tinha este rosto de hoje,
no vento. assim calmo, assim triste, assim magro,
Se desmorono ou se edifico, nem estes olhos tão vazios,
se permaneço ou me desfaço, nem o lábio tão amargo.
— não sei, não sei. Não sei se fico Eu não tinha estas mãos sem força,
ou passo. tão paradas e frias e mortas,
Sei que canto. E a canção é tudo. eu não tinha este coração
Tem sangue eterno a asa ritmada. que nem se mostra.
E um dia sei que estarei mudo: Eu não dei por esta mudança,
— mais nada. tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
Cecília Meireles foi uma poeta, pintora e educa- a minha face?”
dora que entrou para a história do Modernismo bra- (Cecília Meireles)
sileiro, pertencendo à segunda fase do movimento.
Em Motivo, a escritora reflete acerca da sua rela- Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com
ção com o trabalho poético. Fica claro que o sujeito o poema:
lírico é poeta porque isso faz parte da sua natureza. a) A expressão “mãos sem força”, que aparece no
Confuso acerca das suas emoções, vive prestando primeiro verso da segunda estrofe, indica um
atenção nos detalhes e nas coisas efémeras. O poema lado fragilizado e impotente do “eu” poético
parece ser a sua forma de lidar com o mundo e aquilo diante de sua postura existencial.
que deixará no final. b) As palavras mais sugerem do que escrevem, re-
sultando, daí, a força das impressões sensoriais.
REFERÊNCIA Imagens visuais e auditivas, em outros poemas,
MARCELLO, Carolina. 12 grandes poemas modernis- sucedem-se a todo momento.
tas brasileiros (comentados e analisados). Cultura Genial, c) O tema revela uma busca da percepção de si
[s.d.]. Disponível em: h�ps://www.culturagenial.com/po-
mesmo. Antes de um simples retrato, o que se
emas-modernistas-brasileiros/. Acesso em: 23 mar. 2023.
mostra é um autorretrato, por meio do qual o
“eu” poético olha-se no presente, comparan-
ATIVIDADES
do-se com aquilo que foi no passado.
d) Não há no poema o registro de estados de âni-
1. (UFSCAR)
mo vagos e quase incorpóreos, nem a noção de
perda amorosa, abandono e solidão.
Reinvenção
A vida só é possível
3. Sobre Cecília Meireles, é INCORRETO afirmar:
reinventada.
a) Embora não tenha pertencido diretamente
Anda o sol pelas campinas
ao chamado “grupo católico carioca” forma-
e passeia a mão dourada
do por Jorge de Lima, Murilo Mendes, Ismael
pelas águas, pelas folhas ...
Nery, Tristão de Ataíde, entre outros, Cecília

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Meireles também apresenta em sua obra traços MÁRIO QUINTANA
espiritualistas.
b) A obra de Cecília Meireles caminha em direção Deixa-me seguir para o mar
à reflexão filosófica e existencial. Tenta esquecer-me... Ser lembrado é como
c) Juntamente com Rachel de Queiroz, Cecília evocar-se um fantasma... Deixa-me ser
Meireles foi uma das primeiras mulheres a o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...
conquistar o reconhecimento do valor de sua Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
obra na Literatura brasileira. me recamarei de estrelas como um manto real,
d) Filiou-se ao neossimbolismo e, em seus poe- me bordarei de nuvens e de asas,
mas, é possível notar um lirismo conciliado a às vezes virão em mim as crianças banhar-se...
uma perspectiva bem humorada da vida. Um espelho não guarda as coisas refletidas!
e) Suas poesias denotam certa inclinação para a E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar, as
estética simbolista, embora a poeta não esti- imagens perdendo no caminho...
vesse filiada a nenhum movimento literário. Deixa-me fluir, passar, cantar...
toda a tristeza dos rios é não poderem parar!
4. Canção
Pus o meu sonho num navio Nos primeiros três versos o poeta pede que o seu
e o navio em cima do mar; desejo seja plenamente respeitado, isto é, que ele
- depois, abri o mar com as mãos, possa ser aquilo que é e que possa ir embora quando
para o meu sonho naufragar desejar.
Minhas mãos ainda estão molhadas Logo a seguir, na segunda passagem, o sujeito po-
do azul das ondas entreabertas, ético identifica-se com um rio e pinta o cenário ao
e a cor que escorre de meus dedos seu redor (as nuvens sobre si, as margens, as crianças
colore as areias desertas. que se divertem na água).
O vento vem vindo de longe, Desejando identificar-se ainda mais com a ima-
a noite se curva de frio; gem do rio, o poeta usa a metáfora para dizer que
debaixo da água vai morrendo não se pode guardar o que está em movimento. O
meu sonho, dentro de um navio... espelho não guarda a imagem daquilo que reflete (e
lembremos que o próprio rio contém uma espécie
Chorarei quanto for preciso,
de espelho, o espelho d’água), assim como impõe o
para fazer com que o mar cresça,
movimento de passagem. O rio, assim como o poeta,
e o meu navio chegue ao fundo
flui. Vemos também, através da comparação do su-
e o meu sonho desapareça.
jeito poético, a consciência da passagem do tempo.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
Matinal
meus olhos secos como pedras
O tigre da manhã espreita pelas venezianas.
e as minhas duas mãos quebradas.
(Cecília Meireles)
O Vento fareja tudo.
Nos cais, os guindastes domesticados dinossauros
A partir da leitura do poema “Canção”, de Cecília - erguem a carga do dia.
Meireles, podemos notar a presença dos seguin-
Profundamente imagético, Matinal é um poe-
tes elementos nos versos da poeta:
minha poderoso que contém apenas três versos. No
a) inclinação para a estética neossimbolista per-
primeiro deles o sol é comparado à um tigre, que su-
cep�vel através da utilização de elementos
postamente observa do lado de fora, tentando entrar
como mar, sonho, ondas, areias, águas, confe-
em nossas casas através do olhar.
rindo ao poema um caráter fluido e etéreo.
No verso a seguir, vemos outra figura de lingua-
b) Presença do monólogo interior, digressão e
gem uma vez que ao vento é atribuído o gesto de
fragmentação dos versos que contribuem para
farejar, uma ação característica dos animais. Também
a temática da existência.
aqui a comparação se alinha a do tigre, apresentada
c) Preocupação com a reflexão filosófica, com os
na primeira linha da criação.
modelos clássicos, além de uma temática no-
Por fim, somos transportados para um cais, onde
tadamente pessimista.
os guindastes - devido à magnitude - são comparados
d) Proximidade com o mundo material, temas re- aos dinossauros, uma visão poética de enxergar como
lacionados com o cotidiano, sobretudo com as as cargas são manipuladas.
questões sociais. Em apenas três versos somos convidados a ob-
servar o mundo a partir de um olhar mais criativo
e fresco.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Seiscentos e Sessenta e Seis mos dela ficará a cargo dos sentimentos originados
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer no sujeito.
em casa. Entre esses dois tempos - o passado marcado pela
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… plenitude e o presente pela falta - ergue-se a saudade,
Quando se vê, já é 6ª-feira… mote que faz com que o poeta cante os seus versos.
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado… Espantos
E se me dessem – um dia – uma outra oportu- Neste mundo de tantos espantos,
nidade, cheio das mágicas de Deus,
eu nem olhava o relógio O que existe de mais sobrenatural
seguia sempre em frente… São os ateus...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e
inútil das horas. Em somente quatro versos, Mario Quintana levan-
ta a questão da religiosidade e da importância de se
Seiscentos e Sessenta e Seis, conhecido também crer em algo superior.
como O tempo, é dos mais famosos poemas de Mario O poeta aqui admira como há eventos inacreditá-
Quintana. Ao longo dos versos o poeta expõe questões veis e como há quem não acredite em alguma espécie
relacionadas com a transitoriedade do tempo. de divindade mesmo diante desses acontecimentos.
O passar das horas, dos dias e dos anos mobilizam O �tulo do poema (Espantos) se repete no primeiro
o sujeito poético que reflete, olhando para trás, sobre verso e traduz a incredulidade do sujeito poético, que
o que fez da vida. não consegue perceber como alguém não atribui a
Em tom de diálogo - com versos livres e uma estru- Deus eventos fascinantes que acontecem no dia a dia.
tura informal - ele se direciona ao leitor e procura par- Nos dois últimos versos há um jogo de palavras, os
tilhar um conselho a partir da experiência do vivido. ateus - que não acreditam no sobrenatural - acabam
É como se o sujeito não pudesse voltar atrás, mas por ser aquilo que existe de mais sobrenatural.
pudesse partilhar com os mais jovens, a partir da sua
sabedoria, aquilo que realmente interessa. O pobre poema
Eu escrevi um poema horrível!
Presença É claro que ele queria dizer alguma coisa...
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas per- Mas o quê?
feitas, Estaria engasgado?
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento Nas suas meias-palavras havia no entanto uma
das horas ponha um frêmito em teus cabelos… ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma
É preciso que a tua ausência trescale criança doente, uma precoce, incompreensível gra-
sutilmente, no ar, a trevo machucado, vidade
as folhas de alecrim desde há muito guardadas de quem, sem ler os jornais,
não se sabe por quem nalgum móvel antigo… soubesse dos sequestros
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma dos que morrem sem culpa
janela dos que se desviam porque todos os caminhos
e respirar-te, azul e luminosa, no ar. estão tomados...
É preciso a saudade para eu sentir Poema, menininho condenado,
como sinto – em mim – a presença misteriosa bem se via que ele não era deste mundo nem
da vida… para este mundo...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e im- Tomado, então, de um ódio insensato,
prevista esse ódio que enlouquece os homens ante a in-
que nunca te pareces com o teu retrato… suportável
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te. verdade, dilacerei-o em mil pedaços.
E respirei...
É partindo de duas dicotomias que se constrói o Também! quem mandou ter ele nascido no mun-
poema Presença: por um lado vemos os pares oposi- do errado?
tores passado/presente, por outro lado observamos o
segundo par opositor que serve como base da escrita O pobre poema é um metapoema, isto é, um poe-
(ausência/presença). ma que fala sobre a sua própria construção. É como se
Pouco ou nada ficaremos sabendo dessa miste- o poeta tirasse o véu que cobre o processo de criação
riosa mulher que provoca nostalgia cada vez que a e convidasse o leitor a espreitar o que se passa na
sua lembrança é evocada. Aliás, tudo o que sabere- oficina da escrita.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O poema aqui parece ganhar vida própria e o po- E sem nenhuma lembrança
eta, sem jeito, não sabe bem o que fazer com ele. Das outras vezes perdidas,
Comparando o poema com uma criança doente, o Atiro a rosa do sonho
sujeito poético parece estar perdido, sem saber como Nas tuas mãos distraídas...
conduzir a situação e como lidar com aquela criatura
(o poema) que saiu de dentro dele. Como se convidasse o leitor para se sentar ao seu
A meio de uma crise de desespero, sem saber lado para refletir sobre a vida, é assim que Mario
o destino daquilo que criou sabendo-o incompa�vel Quintana conduz a sua Canção do dia de sempre.
com a realidade do mundo, o poeta resolve rasgar o Já no primeiro verso somos orientados a viver um
poema em muitos pedaços. dia de cada vez, extraindo beleza de cada instante e
vivendo-o como se fosse único. Conseguindo encon-
A Rua dos Cataventos trar encanto no cotidiano a vida fica mais fácil, é o
Da vez primeira em que me assassinaram, que garante o poeta.
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Outra imagem muito cara à lírica de Quintana que
Depois, a cada vez que me mataram, também se apresenta no poema é a presença do rio
Foram levando qualquer coisa minha. como algo em permanente mudança e que nunca é
Hoje, dos meus cadáveres eu sou capaz de ser capturado. O rio é considerado, portanto,
O mais desnudo, o que não tem mais nada. uma metáfora da vida, um constante mutação.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou. Poeminha do Contra
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada! Todos esses que aí estão
Pois dessa mão avaramente adunca Atravancando meu caminho,
Não haverão de arrancar a luz sagrada! Eles passarão…
Aves da noite! Asas do horror! Voejai! Eu passarinho!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca! Quem é que nunca ouviu falar nesses versinhos
de Quintana? O Poeminha do Contra, que reúne ape-
A Rua dos Cataventos é um soneto, construído a nas quatro versos, é das mais celebradas criações do
partir de uma linguagem simples e informal. Nos ver- poeta gaúcho.
sos vemos o passado do sujeito poético e a explicação Todos nós algum dia já nos relacionamos com uma
de como ele se transformou naquilo que é. situação em que nada parece ir à frente. É tendo em
conta esse cenário que o poeta se comunica com o
Trata-se, portanto, de uma lírica sobre a transito-
leitor, garantindo que os empecilhos serão superados.
riedade do tempo e sobre as mudanças inerentes ao
Os últimos dois versos apresentam um jogo de
nosso percurso pelo mundo.
palavras: passarão, o futuro do verbo passar, é colo-
O poema é também uma celebração da vida, da-
cado logo antes de passarinho, um tipo de ave que
quilo em que o sujeito se transformou depois de ter
evoca delicadeza, liberdade.
sofrido tudo o que sofreu.
Relógio
Canção do dia de sempre
O mais feroz dos animais domésticos
Tão bom viver dia a dia...
é o relógio de parede:
A vida assim, jamais cansa...
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu... O relógio é um objeto que transmite a noção da
passagem do tempo. Especialmente o relógio de pa-
E só ganhar, toda a vida, rede é um utensílio intimamente ligado ao passado,
Inexperiência... esperança... às antigas gerações que o utilizavam dentro do espaço
da casa.
E a rosa louca dos ventos Ao longo dos versos, o poeta, para se referir ao
Presa à copa do chapéu. relógio de parede, o compara a um agressivo animal
doméstico.
Nunca dês um nome a um rio: Ao invés de colocar em palavras duras e frias o
Sempre é outro rio a passar. fato de os parentes terem falecido, o sujeito poético
prefere, através de um olhar criativo e lúdico, dizer
Nada jamais continua, que o tal animal feroz (o relógio) já engoliu três ge-
Tudo vai recomeçar! rações da família.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Bilhete REFERÊNCIA
Se tu me amas, ama-me baixinho FUKS, Rebeca. 15 poemas preciosos de Mario Quin-
Não o grites de cima dos telhados tana analisados e comentados. Cultura Genial, [s.d]. Dis-
Deixa em paz os passarinhos ponível em: h�ps://www.culturagenial.com/poemas-ma-
rio-quintana/. Acesso em: 23 mar. 2023.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
enfim,
No Meio do Caminho (1928)
tem de ser bem devagarinho, Amada,
Que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
O famoso poema Bilhete fala de um amor român-
tico, que é para ser vivido com discrição e sem medo, tinha uma pedra
na intimidade do casal, sem fazer grande alvoroço no meio do caminho tinha uma pedra.
em público.
O poeta fala do amor de uma perspectiva delicada Nunca me esquecerei desse acontecimento
e singela. O próprio �tulo do poema faz uma referên- na vida de minhas retinas tão fatigadas.
cia a um bilhete, um papelzinho trocado, que só os Nunca me esquecerei que no meio do caminho
namorados têm acesso, criando uma cumplicidade tinha uma pedra
entre os dois. tinha uma pedra no meio do caminho
Além de querer aproveitar esse momento apai- no meio do caminho tinha uma pedra.
xonado com a amada, respeitando a privacidade do
casal, o sujeito, que demonstra profunda maturidade, Meio absurdo e di�cil de compreender, No Meio
sublinha que respeita também o tempo da relação do Caminho é um dos poemas mais famosos e mar-
dando espaço para que cada um sinta o amor da sua cantes de Carlos Drummond de Andrade.
forma e no seu tempo. A composição foi, sem dúvida, uma grande pro-
vocação modernista que visava provar que a poesia
II poderia versar sobre qualquer assunto, até uma sim-
Dorme, ruazinha... É tudo escuro... ples pedra.
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? O poema, que tem por base a repetição e o verso
Dorme o teu sono sossegado e puro, livre, é um produto da experimentação da época e
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos... veio quebrar barreiras na forma como pensamos a
Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro... poesia.
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro, Mãos Dadas (1940)
As estrelinhas cantam como grilos... Não serei o poeta de um mundo caduco.
O vento está dormindo na calçada, Também não cantarei o mundo futuro.
O vento enovelou-se como um cão... Estou preso à vida e olho meus companheiros
Dorme, ruazinha... Não há nada... Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Só os meus passos... Mas tão leves são Entre eles, considere a enorme realidade.
Que até parecem, pela madrugada, O presente é tão grande, não nos afastemos.
Os da minha futura assombração... Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma his-
Nessa criação o poeta Mario Quintana usa a forma tória.
clássica do soneto para compor um poema cheio de não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista
musicalidade. na janela.
Lembrando uma canção de ninar, os versos são não distribuirei entorpecentes ou cartas de sui-
originais porque, ao invés de embalarem uma criança, cida.
embalam uma rua. não fugirei para ilhas nem serei raptado por se-
O sujeito tem uma relação inesperada com a rua, rafins.
transbordando afeto, prometendo protegê-la e de- O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
monstrando carinho (repare como ele usa o diminu- os homens presentes,
tivo “ruazinha”). a vida presente.
Se, em geral, a rua costuma assustar os pequenos,
aqui o poeta demonstra que o que nutre pelo espaço Enquanto modernista da segunda geração, Carlos
público é o sentimento de carinho. Drummond de Andrade ficou conhecido pelo olhar
atento às questões sociopolíticas do seu tempo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Em Mãos Dadas, ele recusa a tradição, afirmando Tem cana caiana e cana crioula,
que não quer ser um poeta que vive preso no passado cana-pitu, cana rajada, cana-do-governo
mas também não quer viver no futuro. e muitas outras canas de garapas,
Nesta composição, sublinha a necessidade e a im- e bagaço para os porcos em assembleia grunhidora
portância de prestar atenção ao tempo presente, ao diante da moenda
mundo e às pessoas em redor. O sujeito afirma que movida gravemente pela junta de bois
ele e seus companheiros estão tristes mas ainda têm de sólida tristeza e resignação.
esperanças e precisam acreditar na união, caminhar As fazendas misturam dor e consolo
de “mãos dadas”. em caldo verde-garrafa
Por tudo isso, ele rejeita os temas comuns e as e sessenta mil-réis de imposto fazendeiro.
grandes abstrações na poesia: quer falar daquilo que Carlos Drummond de Andrade.
lhe interessa, do que está vendo e vivendo.
Assinale a alternativa incorreta:
Congresso Internacional do Medo (1962) Carlos Drummond de Andrade, neste poema, valendo-
Provisoriamente não cantaremos o amor, -se das linguagens desenvolvidas pelo Modernismo:
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. a) retoma a linguagem do poema romântico, de ma-
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, neira simétrica e linear, apontando a ideologia nele
não cantaremos o ódio porque esse não existe, subjacente.
existe apenas o medo, nosso pai e nosso com- b) retoma parodisticamente um importante poema
panheiro, do Romantismo brasileiro.
o medo grande dos sertões, dos mares, dos de- c) faz, em relação ao romântico, uma ruptura ao nível
sertos, da consciência e ao nível da linguagem.
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo d) satiriza o sentimento ufanista, comum aos poetas
das igrejas, românticos.
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos e) desmitifica a visão ingênua dos românticos, ope-
democratas, rando uma leitura crítica da realidade.
cantaremos o medo da morte e o medo de depois
da morte, QUESTÃO 2
depois morreremos de medo (Famih – MG)
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas
e medrosas. Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
Em Carlos Drummond de Andrade, Congresso mulheres entre laranjeiras
Internacional do Medo é um emocionante retrato pomar amor cantar.
dos tempos di�ceis que o mundo vivia. Na ressaca Um homem vai devagar.
da Segunda Guerra Mundial, foram inúmeras as mu- Um cachorro vai devagar.
danças e transformações sociais e a poesia parecia Um burro vai devagar.
insuficiente para lidar com o sofrimento. Devagar... as janelas olham.
Drummond cantou o sentimento que paralisava a Eta vida besta, meu Deus.
Carlos Drummond de Andrade
humanidade e suspendia os seus atos, isolando cada
vez mais os indivíduos: um medo avassalador.
Todas as características modernistas citadas abaixo
REFERÊNCIA podem ser identificadas no poema de Drummond,
MARCELLO, Carolina. 12 grandes poemas modernis- exceto:
tas brasileiros (comentados e analisados). Cultura Genial, a) Reaproveitamento do popular e do coloquial, uso
[s.d.]. Disponível em: h�ps://www.culturagenial.com/po- de uma linguagem simples, fácil, próxima da ex-
emas-modernistas-brasileiros/. Acesso em: 23 mar. 2023. pressão oral.
b) Concepção do poético como um texto aberto; um
ATIVIDADES discurso que oferece multiplicidade de sentidos e
interpretações.
QUESTÃO 1 c) Crítica ao mundo rural, ao universo primitivo,
(UFOP-MG) Observe o texto abaixo: distante do progresso, da civilização mecânica e
industrial.
Fazendeiro de cana d) Exploração do imprevisível, do inesperado; o cor-
Minha terra tem palmeiras? Não. te brusco, a fragmentação de ideias possibilita o
Minha terra tem engenhocas de rapadura e cachaça surgimento do humor.
e açúcar marrom, tiquinho, para o gasto. e) Interesse pelo homem comum, ordem social e pela
[...] vida cotidiana.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
QUESTÃO 3 Nunca me esquecerei desse acontecimento
O Poema de sete faces revela uma das criações deste na vida de minhas retinas tão fatigadas.
célebre representante de nossas letras – Carlos Drum- Nunca me esquecerei que no meio do caminho
mond de Andrade. Assim, tendo-o como subsídio, tinha uma pedra
procure, após uma leitura atenta, registrar algumas tinha uma pedra no meio do caminho
impressões acerca das características ideológicas e no meio do caminho tinha uma pedra
do estilo ar�stico que tanto demarcaram a trajetória
desse alguém tão nobre, por excelência. VINÍCIUS DE MORAES

Poema de sete faces 1. Soneto de fidelidade


Quando nasci, um anjo torto De tudo ao meu amor serei atento
desses que vivem na sombra Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Que mesmo em face do maior encanto
As casas espiam os homens Dele se encante mais meu pensamento.
que correm atrás de mulheres. Quero vivê-lo em cada vão momento
A tarde talvez fosse azul, E em seu louvor hei de espalhar meu canto
não houvesse tantos desejos. E rir meu riso e derramar meu pranto
O bonde passa cheio de pernas: Ao seu pesar ou seu contentamento
pernas brancas pretas amarelas. E assim, quando mais tarde me procure
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu co- Quem sabe a morte, angústia de quem vive
ração. Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Porém meus olhos Eu possa me dizer do amor (que tive):
não perguntam nada. Que não seja imortal, posto que é chama
O homem atrás do bigode Mas que seja infinito enquanto dure.
é sério, simples e forte.
Quase não conversa. O poema de amor mais consagrado do poetinha
Tem poucos, raros amigos talvez seja o Soneto de fidelidade. Os versos foram
o homem atrás dos óculos e do -bigode, organizados a partir de uma forma clássica - o so-
Meu Deus, por que me abandonaste neto - que se organiza em quatro estrofes (as duas
se sabias que eu não era Deus primeiras com quatro versos e as duas últimas com
se sabias que eu era fraco. três versos). O tema abordado, o amor, é um assun-
Mundo vasto mundo, to que não perde a validade, nesse caso específico,
se eu me chamasse Raimundo Vinicius de Moraes compôs em homenagem a sua
seria uma rima, não seria uma solução. primeira mulher.
Mundo vasto mundo, Desde 1939, ano da criação do poema, o Soneto
mais vasto é meu coração. de fidelidade vem sendo recitado por casais apaixo-
Eu não devia te dizer nados. Escrito em São Paulo, quando o autor tinha
mas essa lua apenas 26 anos, os versos transcenderam a sua re-
mas esse conhaque alidade particular para ganharem a boca de outros
botam a gente comovido como o diabo. enfeitiçados pelo amor.
Ao contrário da maior parte dos poemas de amor -
QUESTÃO 4 que prometem amor eterno - nos versos acima vemos
No meio do caminho– eis uma criação que, digamos uma promessa de entrega total e absoluta enquanto
assim, universaliza a poesia de Carlos Drummond de o sentimento durar.
Andrade. Lendo-a e nos familiarizando com o discur- Vinicius de Moraes reconhece a perenidade do
so nela presente, podemos perfeitamente registrar tempo e do afeto e o destino fracassado da maior
algumas demarcações, algumas características, posi- parte das relações e assume, diante da amada, que
cionamentos ideológicos que predominaram na época a amará com toda a força enquanto o afeto existir.
em que se fizeram vistos alguns representantes da
chamada segunda fase modernista, em especial, na 2. A rosa de Hiroshima
poesia. Nesse sentido, que tal retratá-los? Pensem nas crianças
No meio do caminho Mudas telepáticas
No meio do caminho tinha uma pedra Pensem nas meninas
tinha uma pedra no meio do caminho Cegas inexatas
tinha uma pedra Pensem nas mulheres
no meio do caminho tinha uma pedra. Rotas alteradas

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Pensem nas feridas 4. Soneto de contrição
Como rosas cálidas Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Mas oh não se esqueçam Que o meu peito me dói como em doença
Da rosa da rosa E quanto mais me seja a dor intensa
Da rosa de Hiroxima Mais cresce na minha alma teu encanto.
A rosa hereditária Como a criança que vagueia o canto
A rosa radioativa Ante o mistério da amplidão suspensa
Estúpida e inválida. Meu coração é um vago de acalanto
A rosa com cirrose Berçando versos de saudade imensa.
A antirrosa atômica Não é maior o coração que a alma
Sem cor sem perfume Nem melhor a presença que a saudade
Sem rosa sem nada. Só te amar é divino, e sentir calma…
E é uma calma tão feita de humildade
Embora tenha ficado mais conhecido pela sua Que tão mais te soubesse pertencida
lírica amorosa, Vinicius de Moraes também cantou Menos seria eterno em tua vida.
versos dedicados a outros temas. A rosa de Hiroshima
é um exemplo de poema engajado, profundamente O Soneto de contrição, escrito em 1938, é um dos
preocupado com o futuro do mundo e da sociedade. poucos que se dirige efetivamente a alguém identi-
Vale lembrar que profissionalmente Vinicius de ficado: uma amada chamada Maria. Além do nome,
Moraes atuou como diplomata, por isso estava a par mais nada saberemos a respeito da jovem por quem
dos severos problemas político e sociais do seu tempo. o eu-lírico nutre tanto afeto.
O poema, escrito em 1973, tece uma crítica grave No princípio do poema, os versos comparam o
a Segunda Guerra Mundial, especialmente as explo- amor sentido com a dor provocada por uma doença
sões das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima ou com a sensação de solidão presente numa criança
e Nagasaki (no Japão). que vagueia sozinha.
A rosa de Hiroshima foi posteriormente musicado No entanto, apesar das comparações iniciais suge-
por Gerson Conrad e chegou a ser tocado pela banda rirem sofrimento, logo o eu-lírico dá a volta e mostra
Secos e Molhados no disco de estreia. que o afeto provocado pela amada é divino e pro-
porciona uma calma e um descanso jamais sentidos.
3. Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor… não cante 5. Ternura
O humano coração com mais verdade…
Eu te peço perdão por te amar de repente
Amo-te como amigo e como amante
Embora o meu amor seja uma velha canção nos
Numa sempre diversa realidade
teus ouvidos
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
E te amo além, presente na saudade.
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Das noites que vivi acalentado
Dentro da eternidade e a cada instante.
Pela graça indizível dos teus passos eternamente
Amo-te como um bicho, simplesmente,
fugindo
De um amor sem mistério e sem virtude
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
Com um desejo maciço e permanente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação
Hei de morrer de amar mais do que pude. das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
Criado em 1951, o Soneto do amor total é uma das É um sossego, uma unção, um transbordamento
mais belas declaração de amor presentes na poesia de carícias
brasileira. Em apenas catorze versos o eu-lírico conse- E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
gue transmitir a amada a complexidade do sentimento E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem
que carrega. Trata-se, ao mesmo tempo, de um amor sem fatalidade o olhar extático da aurora.
de amigo, mesclado com o de amante, que por vezes
o engaja no cuidar e por vezes o faz ter como único Composto no mesmo ano do Soneto de contrição,
instinto o possuir. Ternura também veio ao mundo em 1938 e tem como
As múltiplas faces do amor romântico - muitas tema igualmente as consequências provocadas pelo
vezes contraditórias, inclusive - conseguiram ser tra- amor romântico.
duzidas com precisão pelo poetinha em formato de Aqui a pegada do poetinha traduz um enamora-
verso. mento profundo pela amada, a quem pede descul-

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
pas inicialmente pelo amor repentino e demasiado. Tristeza não tem fim
É como se o apaixonado não conseguisse controlar a Felicidade sim…
sua entrega e se colocasse inteiramente a disposição A felicidade é como a gota
do sentimento que o arrebata. De orvalho numa pétala de flor
Apesar da intensidade provocada pelo querer, o Brilha tranquila
eu-lírico garante que o amor sentido se traduz numa Depois de leve oscila
espécie de sossego invulgar, uma calmaria em meio E cai como uma lágrima de amor.
ao caos. A felicidade é um coisa louca
Mas tão delicada, também
6. Eu sei que vou te amar Tem flores e amores de todas as cores
Eu sei que vou te amar Tem ninhos de passarinhos
Por toda a minha vida eu vou te amar Tudo isso ela tem
Em cada despedida eu vou te amar E é por ela ser assim tão delicada
Desesperadamente Que eu trato sempre dela muito bem.
Eu sei que vou te amar Tristeza não tem fim
E cada verso meu será pra te dizer Felicidade sim…
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida Nos versos acima Vinicius de Moraes discorre
Eu sei que vou chorar sobre o ideal máximo do ser humano: alcançar a fe-
A cada ausência tua eu vou chorar, licidade. Para ilustrar os seus versos o poetinha tece
Mas cada volta tua há de apagar uma oposição entre a felicidade e a tristeza, depois vai
O que essa ausência tua me causou comparando a felicidade a partir de exemplos reais e
Eu sei que vou sofrer cotidianos (a felicidade é como a pluma, a felicidade
A eterna desventura de viver a espera é como a gota de orvalho).
De viver ao lado teu A beleza do poema é justamente essa impossibi-
Por toda a minha vida. lidade de nomear o que é a felicidade, mas o manan-
cial de possibilidades que é apresentado ao tentar
Os versos de Eu sei que vou te amar são categó- descrevê-la.
ricos: o eu-lírico afirma que até o final da sua vida Felicidade é também letra de música, composta
estará apaixonado pela amada. Ele descreve a relação em parceria com Tom Jobim e inicialmente cantada
como uma constância em meio as instabilidades da por Miúcha.
vida e garante que, até os seus últimos dias, irá ser
fiel e declarará o seu amor. 8. A uma mulher
Nos momentos de tristeza o sujeito também su- Quando a madrugada entrou eu estendi o meu
gere que irá sofrer quando a amada estiver ausente, peito nu sobre o teu peito
sublinhando que contará com a presença dela dentro Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos
de si ainda que ela não possa estar junto fisicamente. frias
A composição é digna de um apaixonado, que oferece E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
entrega total e absoluta, disponibilidade para a rela- Tive piedade do teu destino que era morrer no
ção a dois e devoção sem fim à amada. meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
7. A felicidade Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Tristeza não tem fim Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Felicidade sim… Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
A felicidade é como a pluma E que era preciso fugir para não perder o único
Que o vento vai levando pelo ar instante
Voa tão leve Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Mas tem a vida breve Em que realmente foste a serenidade.
Precisa que haja vento sem parar.
A felicidade do pobre parece O poema composto em 1933 conta a trágica histó-
A grande ilusão do carnaval ria de um casal que se desfaz. O �tulo do poema é uma
A gente trabalha o ano inteiro dedicatória direcionada a alguém que desconhecemos
Por um momento de sonho (lê-se apenas A uma mulher). Ao longo dos onze ver-
Pra fazer a fantasia sos ficamos conhecendo o destino de um casal que,
De rei, ou de pirata, ou da jardineira no passado, foi apaixonado, mas que agora parece se
E tudo se acabar na quarta-feira. separar definitivamente.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Quando o eu-lírico se aproxima da amada ela De repente da calma fez-se o vento
já está fria e distante. Ele ainda tenta transmitir um Que dos olhos desfez a última chama
carinho, um afago, mas logo percebe que qualquer E da paixão fez-se o pressentimento
investida será em vão. A finitude já está instaurada no E do momento imóvel fez-se o drama.
corpo dela e a cena já transborda sofrimento. De repente, não mais que de repente
Ao avesso dos poemas românticos e apaixonados Fez-se de triste o que se fez amante
habitualmente escritos pelo poetinha, em A uma mu- E de sozinho o que se fez contente.
lher temos uma escrita sem final feliz. Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
9. Poema de Natal De repente, não mais que de repente.
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados O triste e belo Soneto de separação aborda um
Para chorar e fazer chorar dos momentos mais trágicos da vida do ser humano: o
Para enterrar os nossos mortos — final de uma relação amorosa. Não sabemos o motivo
Por isso temos braços longos para os adeuses da despedida, mas o eu-lírico transcreve nos versos
Mãos para colher o que foi dado acima a agonia da partida.
Dedos para cavar a terra. Em termos de estrutura, o poema é todo cons-
Assim será nossa vida: truído a partir de pares opostos (riso/pranto, calma/
Uma tarde sempre a esquecer vento, momento imóvel/drama, próximo/distante).
Uma estrela a se apagar na treva Nos breves versos podemos sentir a fugacidade
Um caminho entre dois túmulos — dos sentimentos e a perenidade da vida. Parece que,
Por isso precisamos velar num piscar de olhos, toda a relação está definitiva-
Falar baixo, pisar leve, ver mente perdida. É como se a vida e o afeto cultivados
A noite dormir em silêncio. a dois se esvaíssem num segundo.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço 11. Poema dos olhos da amada
Um verso, talvez de amor Ó minha amada
Uma prece por quem se vai — Que olhos os teus
Mas que essa hora não esqueça São cais noturnos
E por ela os nossos corações Cheios de adeus
Se deixem, graves e simples. São docas mansas
Pois para isso fomos feitos: Trilhando luzes
Para a esperança no milagre Que brilham longe
Para a participação da poesia Longe nos breus...
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos… Ó minha amada
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Que olhos os teus
Nascemos, imensamente. Quanto mistério
Nos olhos teus
O �tulo do poema acima nos faz crer que se trata Quantos saveiros
de uma escrita composta no final do ano. Os versos Quantos navios
são característicos desta ocasião porque procuram fa- Quantos naufrágios
zer um balanço do passado e daquilo que realmente Nos olhos teus...
importa. É como se o eu-lírico olhasse para as lem-
branças e se desse conta do que efetivamente tem Ó minha amada
valor na vida. Que olhos os teus
O eu-lírico chega à conclusão de como deverá ser Se Deus houvera
o destino daqui para a frente e tenta sublinhar a im- Fizera-os Deus
portância da delicadeza no nosso cotidiano (o falar Pois não os fizera
baixo, o pisar leve). Quem não soubera
Que há muitas eras
10. Soneto de separação Nos olhos teus.
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma Ah, minha amada
E das bocas unidas fez-se a espuma De olhos ateus
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. Cria a esperança

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Nos olhos meus que a amada chegue é que é melhor estar a dois -
De verem um dia ainda que com algum sofrimento - do que seguir em
O olhar mendigo frente sozinho.
Da poesia Os votos do apaixonado são que a saudade aperte
Nos olhos teus. forte e que a tristeza faça com que ela se arrependa
da decisão tomada.
Os versos dedicados ao amor compostos por Vi-
nicius de Moraes começam tecendo uma compara- 13. Pela luz dos olhos teus
ção da amada com o universo náutico. A presença Quando a luz dos olhos meus
de um léxico ligado à navegação - as docas, o cais, os E a luz dos olhos teus
naufrágios, os navios, os saveiros - vem a serviço do Resolvem se encontrar
enaltecimento da mulher amada. Nessa homenagem Ai que bom que isso é meu Deus
o poetinha exalta especialmente os olhos daquela que Que frio que me dá o encontro desse olhar
é o objeto da sua adoração. Mas se a luz dos olhos teus
Num segundo momento da poesia, vemos sur- Resiste aos olhos meus só p’ra me provocar
gir a questão da presença ou não de Deus como o Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
construtor dessa obra prima (os olhos da amada). O Meu amor, juro por Deus
eu-lírico coloca a hipótese de, se Deus existir, ter sido Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
o autor dessa mais bela criação. No caso de não existir, Quero a luz dos olhos meus
o elogio vai por outro caminho e encontra no olhar Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
da amada um somatório de gerações. Pela luz dos olhos teus
Por fim, ficamos sabendo que a amada, que não Eu acho meu amor que só se pode achar
acredita na existência de Deus, desperta no poeta o Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
amor e a esperança. Se tudo o que vem do olhar dela
é grande e belo, o eu-lírico descreve o seu próprio Os olhos da amada foram tema de uma série de
olhar, por oposição, como um olhar mendigo. poemas apaixonados de autoria de Vinicius de Mo-
raes. No caso do poema acima figura, além do olhar
12. Tomara da amada, o olhar do eu-lírico, que se encontra em
Tomara comunhão com a sua parceira.
Que você volte depressa Da união com aquela que ama nasce a sensação
Que você não se despeça de realização e de plenitude, é o contentamento que
Nunca mais do meu carinho transparece no princípio da letra.
E chore, se arrependa Os olhos da amada, ao longo dos versos, transmi-
E pense muito tem uma série de afetos distintos. Se num primeiro
Que é melhor se sofrer junto momento há a sensação de paz e tranquilidade, num
Que viver feliz sozinho segundo instante os olhos o seduzem e o enchem de
euforia.
Tomara Em parceria com o grande amigo Tom Jobim, a
Que a tristeza te convença canção, que trata acima de tudo de um bem sucedido
Que a saudade não compensa encontro amoroso, foi interpretada pelo poetinha em
E que a ausência não dá paz encontros com Miúcha.
A música ficou conhecida pelo grande público
E o verdadeiro amor de quem se ama por ter sido a música da abertura da novela Mulhe-
Tece a mesma antiga trama res Apaixonadas, que passou na Globo durante o ano
Que não se desfaz de 2003.
E a coisa mais divina
Que há no mundo 14. Soneto do Amigo
É viver cada segundo Enfim, depois de tanto erro passado
Como nunca mais Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Tomara foi musicada e virou das músicas mais Nunca perdido, sempre reencontrado.
consagradas da MPB. Aqui o eu-lírico é abandonado
pela amada, que parte e deixa um rastro de saudade. É bom sentá-lo novamente ao lado
Ao invés de adotar uma postura vingativa e rai- Com olhos que contêm o olhar antigo
vosa, o sujeito deseja que ela volte logo e que nunca Sempre comigo um pouco atribulado
mais repita a decisão de partir. A conclusão que aspira E como sempre singular comigo.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Um bicho igual a mim, simples e humano b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa,
Sabendo se mover e comover é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.
E a disfarçar com o meu próprio engano. c) entende que somente a morte é capaz de findar
com o amor de duas pessoas.
O amigo: um ser que a vida não explica d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser
Que só se vai ao ver outro nascer compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.
E o espelho de minha alma multiplica... e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o
impedimento para as pessoas se entregarem ao
Criado no exílio, em Los Angeles, durante o ano amor.
de 1946, o Soneto do Amigo tematiza uma amizade
duradoura, capaz de vencer o tempo e a distância. 2. (CEFET - MG)
Ao longo dos versos é possível perceber que a Vinícius de Moraes, ao longo de sua trajetória de po-
amizade já não é mais cotidiana e não permite en- eta, permitiu-se aderir a diferentes tendências estéti-
contros tão frequentes como outrora, mas, por outro cas, sejam anteriores ou contemporâneas à sua obra.
lado, o afeto, a confiança e o querer bem permanecem NÃO apresentam os traços da estética indicada os
idênticos. versos transcritos em:
A relação de amizade descrita é sempre de uma a) “E dentro das estruturas/ Via coisas, objetos/ Pro-
redescoberta, de um conhecer novamente, apesar de dutos, manufaturas./ Via tudo o que fazia/ O lucro
haver uma confiança suscitada por ser uma relação do seu patrão/ E em cada coisa que via/ Misterio-
de longa data, onde os indivíduos já se conhecem samente havia/ A marca de sua mão.” PARNASIA-
profundamente. NISMO
b) “O teu perfume, amada – em tuas cartas/ Renas-
REFERÊNCIA ce azul...– são tuas mãos sentidas!/ Relembro-as
FUKS, Rebeca. 14 melhores poemas de Vinicius de brancas, leves, fenecidas/ Pendendo ao longo de
Moraes analisados e comentados. Cultura Genial, [s.d.]. corolas fartas.” ROMANTISMO
Disponível em: h�ps://www.culturagenial.com/vinicius- c) “Ah, jovens putas das tardes/ O que vos aconte-
-de-moraes-melhores-poemas/. Acesso em: 23 mar. 2023.
ceu/ (...) Em vossas jaulas acesas/ Mostrando o
rubro das presas/ Falando coisas do amor/ E às
ATIVIDADES
vezes cantais uivando/ Como cadelas à lua/ Que
em vossa rua sem nome/ Rola perdida no céu”
1. (Ufscar)
NATURALISMO
d) “– Era uma vez um poeta/ No morro do Cavalão/
Soneto de fidelidade
Tantas fez que a dor-de-corno/ Bateu com ele no
chão/ Arrastou ele nas pedras/ Espremeu seu co-
De tudo, ao meu amor serei atento
ração/ Que pensa usted que saiu?/ Saiu cachaça
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
e limão” MODERNISMO
Que mesmo em face do maior encanto
e) “Tensos/ Pela corda luminosa/ Que pende invisí-
Dele se encante mais meu pensamento.
vel/ E cujos nós são astros/ Queimando nas mãos/
Subamos à tona/ do grande mar de estrelas/ Onde
Quero vivê-lo em cada vão momento
dorme a noite/ Subamos” SIMBOLISMO
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
3.
Ao seu pesar ou seu contentamento.
Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E assim, quando mais tarde me procure
E lúbrica em meus braços, e nos seios
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Me arrebata e me beija e balbucia
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Versos, votos de amor e nomes feios.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Essa mulher, flor de melancolia
Que não seja imortal, posto que é chama
Que se ri dos meus pálidos receios
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de
Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta Essa mulher que a cada amor proclama
a) não acredita no amor como entrega total entre A miséria e a grandeza de quem ama
duas pessoas. E guarda a marca dos meus dentes nela.

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Essa mulher é um mundo! - uma cadela fez aluá para ele beber;
Talvez... - mas na moldura de uma cama fez mandinga para o Sinhô a amar.
Nunca mulher nenhuma foi tão bela! A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes:
(Vinicius de Moraes) Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga,
avança na branca e me vinga.
Sobre o poema de Vinicius de Moraes é correto afir- Exu escangalha ela, amofina ela,
mar: amuxila ela que eu não tenho defesa de homem,
a) Predominância de elementos místicos e religiosos, (arruina)
características da primeira fase da poesia de Vini- sou só uma mulher perdida neste mundão.
cius de Moraes. Neste mundão.
b) Presença do erotismo, recriado a partir de uma Louvado seja Oxalá.
forma clássica e de uma linguagem crua e direta. Para sempre seja louvado.
c) Emprego de uma linguagem direta e quase didática
para manifestar solidariedade às classes oprimidas – TEMPO E ETERNIDADE:
e também à mulher. Restauremos a poesia em Cristo.
d) Apresenta elementos que revelam grande preo- A Ismael Neri na Eternidade
cupação com a condição humana e o desejo de
superar, através da transcendência mística, as sen- Distribuição da Poesia
sações de culpa do pecado do amor carnal.
Mel silvestre tirei das plantas,
4 - Vinicius de Moraes está, temática e cronologica- sal tirei das águas, luz tirei do céu.
mente, vinculado ao Escutai, meus irmãos: poesia tirei de tudo
a) Parnasianismo. para oferecer ao Senhor.
b) Romantismo. Não tirei ouro da terra
c) Modernismo. nem sangue de meus irmãos.
d) Simbolismo. Estalajadeiros não me incomodeis.
e) Neossimbolismo. Bufarinheiros e banqueiros
sei fabricar distâncias
JORGE DE LIMA para vos recuar.
A vida está malograda,
– POEMAS NEGROS: creio nas mágicas de Deus.
História Os galos não cantam,
Era princesa. a manhã não raiou.
Um libata a adquiriu por um caco de espelho. (li- Vi os navios irem e voltarem.
bata = senzala) Vi os infelizes irem e voltarem.
Veio encangada para o litoral, Vi homens obesos dentro do fogo.
arrastada pelos comboieiros Vi ziguezagues na escuridão.
Peça muito boa: não faltava um dente Capitão-mor, onde é o Congo?
e era mais bonita que qualquer inglesa. Onde é a Ilha de São Brandão?
No tombadilho o capitão deflorou-a. Capitão-mor que noite escura!
Em nagô elevou a voz para Oxalá. Uivam molossos na escuridão.
Pôs-se a coçar-se porque ele não ouviu. Ó indesejáveis, qual o país,
Navio negreiro? não; navio tumbeiro. qual o país que desejais?
Depois foi ferrada com uma âncora nas ancas, Mel silvestre tirei das plantas,
depois foi possuída pelos marinheiros, sal tirei das águas, luz tirei do céu.
depois passou pela alfândega, Só tenho poesia para vos dar.
depois saiu do Valongo, (vila portuguesa) Abancai-vos, meus irmãos.
entrou no amor do feitor,
apaixonou o Sinhô, REFERÊNCIA
enciumou a Sinhá, Disponível em:
apanhou, apanhou, apanhou. h�ps://www.guiadelinguagens.com.br/vestibular/jor-
Fugiu para o mato. ge-de-lima-melhores-poemas/ . Acesso em: 23 mar. 2023.
Capitão do campo a levou.
Pegou-se com os orixás:
fez bobó de inhame
para Sinhô comer,

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES veículo e mídia em que o texto ou produção cultural
vai circular, ao contexto imediato e sócio histórico
Invenção de Orfeu mais geral, ao gênero textual em questão e suas
Jorge de Lima – Canto VIII (Fragmento) regularidades, à variedade linguística apropriada
Era uma vez um povo de marujos a esse contexto e ao uso do conhecimento dos as-
que quis passar às Índias impossíveis, pectos notacionais (ortografia padrão, pontuação
dobrando cabos, moçambiques, bacos, adequada, mecanismos de concordância nominal
nadando em Áfricas desertas e armadilhas. e verbal, regência verbal etc.), sempre que o con-
Ó herança em meu sangue devastada! texto o exigir.
Ó piloto afogado, ó rei sem nau! (EM13LP20) Compartilhar gostos, interesses, prá-
[...] ticas culturais, temas/ problemas/questões que
Amo-te “idioma-vasco”, sempre ouvido despertam maior interesse ou preocupação, res-
no clima dessas quíloas afogadas, peitando e valorizando diferenças, como forma de
esses mares antigos navegados, identificar afinidades e interesses comuns, como
escorbutos comendo a língua viva, também de organizar e/ou participar de grupos,
sebastianismos vendo irreais reinos, clubes, oficinas e afins.
essa linguagem toda, minha fala.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
LIMA, Jorge de. “Invenção de Orfeu”. In: Poesias (GO-EMLP15B) Fazer uso da língua materna tendo
completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v. 3. p. 203. em vista os diferentes tópicos gramaticais identi-
tários da norma padrão (ortografia, acentuação,
Entendendo o poema: pontuação), integradora da organização do mundo
e da própria identidade, considerando a variação
01. De acordo com o poema, qual o significado das linguística, adaptando a língua a cada situação de
palavras abaixo: uso para combater as manifestações do precon-
· Bacos: ceito linguístico.
· Escorbuto: (GO-EMLP15A) Construir, de forma colaborativa,
· Orfeu: registros dinâmicos (mapas, wiki etc.) de ofertas
· Quíloas: de emprego, de nível de escolaridade e atuação
· Sebastianismo: profissional, usando meio de dados sobre forma-
ção, fazeres, vagas produções, depoimentos de
02. Em que verso da primeira estrofe o poeta expressa profissionais etc. para vislumbrar oportunidades
a forte influência da cultura portuguesa em nossa pessoais e profissionais.
formação? Transcreva-o. (GO-EMLP20A) Avaliar a relação existente entre lín-
gua e linguagem, considerando as diferentes mani-
03. O poeta narra feitos humanos ou divinos? festações sociais contidas em textos multimodais
existentes nos objetivos de seu produtor e de seu
04. Por que o poeta se refere à nossa língua como público-alvo para a valorização das diferenças e
“idioma-vasco”? identificação das afinidades e interesses comuns.
(GO-EMLP08A) Utilizar os recursos expressivos
da linguagem não verbal em relação à linguagem
HABILIDADE BNCC verbal, relacionando, textos com seus contextos,
(EM13LP08) Analisar elementos e aspectos da sin- mediante a natureza, a função, a organização e a
taxe do Português, como a ordem dos constituintes estrutura das manifestações, de acordo com as con-
da sentença (e os efeitos que causam sua inversão), dições de produção, recepção e circulação para a
a estrutura dos sintagmas, as categorias sintáticas, elaboração de textos escritos.
os processos de coordenação e subordinação (e os (GO-EMLGG305A) Utilizar situações de estudo,
efeitos de seus usos) e a sintaxe de concordância e procedimentos e estratégias de leitura e escrita,
de regência, de modo a potencializar os processos adequados aos objetivos e à natureza do conheci-
de compreensão e produção de textos e a possibi- mento proposto, utilizando essas ferramentas de
litar escolhas adequadas à situação comunicativa. forma consciente e ativa para fazer intervenções
(EM13LP15) Planejar, produzir, revisar, editar, rees- na realidade.
crever e avaliar textos escritos e multissemióticos,
considerando sua adequação às condições de pro- OBJETOS DE CONHECIMENTO
dução do texto, no que diz respeito ao lugar social Textualidade: estrutura do texto.
Caracterização e relação entre os gêneros em cir-
a ser assumido e à imagem que se pretende passar
culação.
a respeito de si mesmo, ao leitor pretendido, ao

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Comparação entre textos que dialogam, intertex- • A professora ajuda quem muito estuda. (Pará-
tualidade e interdiscursividade. frase de “Deus ajuda quem cedo madruga.”)
Procedimentos de produção de citações e paráfrases.
Sintaxe de regência e de concordância. Paráfrase de poema
Construção de sentidos a partir de textos verbais Trecho do poema Canção do Exílio (1843)
e não verbais. “Nosso céu tem mais estrelas,
Estrutura de textos híbridos e multissemióticos. Nossas várzeas têm mais flores,
Produção de textos orais e escritos. Nossos bosques têm mais vida,
Elaboração de proposta de intervenção. Nossa vida mais amores.”
Reconstrução da textualidade, compreensão dos
efeitos de sentidos provocados pelos usos de re- Trecho do Hino Nacional Brasileiro (1909)
cursos linguísticos e multissemióticos. “Do que a terra mais garrida,
Elementos notacionais da escrita. Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
Léxico/morfologia. Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida no teu seio mais amores.”

PARÁFRASE Explicação: escrita em 1909 pelo poeta brasileiro


Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), a estrofe
O que significa paráfrase e parafrasear? acima é um trecho da letra do Hino Nacional Brasi-
leiro.
Paráfrase é um tipo de texto elaborado com base Trata-se de uma paráfrase do poema que o poeta
em outro já existente e conhecido pelos leitores, man- romântico Gonçalves Dias (1823-1864) escreveu em
tendo a ideia do texto original. Isso quer dizer que 1843 e em que faz um louvor à pátria.
paráfrase é um tipo de intertextualidade.
Parafrasear significa “Interpretar um texto com
palavras próprias, mantendo seu sentido original” (in
Dicio.com.br).
Assim, a paráfrase é um recurso que requer ha-
bilidade na interpretação textual, pois para parafra-
sear é necessário compreender a fundo a mensagem
transmitida num texto.
Além de dominar a interpretação de texto, o
exercício da paráfrase exige repertório cultural, na
medida em que quem escreve precisa conhecer uma
variedade de textos, para que tente encontrar neles Paráfrase de quadro
possibilidades de intertextualização com registros Fotografia de Alexandre Mury (à esquerda), pa-
textuais variados. rafraseando Abaporu, de Tarsila do Amaral (à direita)

Exemplos de paráfrase Explicação: Abaporu, de 1928, é uma obra-prima


Exemplos de paráfrase são encontrados, sobre- pintada pela artista Tarsila do Amaral (1886-1973) e
tudo, na literatura, mas qualquer obra ar�stica pode que inspirou o Movimento Antropofágico.
ser objeto de paráfrase: um quadro, uma fotografia, Em homenagem à Tarsila, o fotógrafo Alexandre
uma escultura. Mury (1976) apresentou sua obra acima, um registro
fotográfico que é exemplo de paráfrase.
Paráfrases de provérbios (exemplos originais)
• Antes com fome do que cheio de comida insí- Paráfrase de frase
pida. (Paráfrase de “Antes só do que mal acom- Tupi or not tupi, that is the question.”
panhado.”)
• Político que promete não cumpre. (Paráfrase Explicação: a frase acima, encontrada no Mani-
de “Cachorro que late não morde.”) festo Antropófago - que visava a promoção da nos-
• De depósito em depósito, a conta fica cheia sa independência cultural - foi escrito em 1928 por
de dinheiro. (Paráfrase de “De grão em grão, a Oswald de Andrade (1890-1954).
galinha enche o papo.”) Trata-se de uma paráfrase da frase “To be or not to
• De professora e enfermeira toda mãe tem um be, that is the question.”, dita por Hamlet na peça ho-
pouco. (Paráfrase de “De médico e de louco mônima do poeta inglês William Shakespeare (1564-
todo mundo tem um pouco.”) 1616), publicada em 1603.

69
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A paráfrase difere da paródia, porque esta dá ori- Onde canta o Sabiá;
gem a um texto cuja ideia original é alterada, sendo As aves, que aqui gorjeiam,
utilizada para ironizar alguma situação. Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
REFERÊNCIA Nossas várzeas tem mais flores,
FERNANDES, Márcia. Paráfrase: o que é e exemplos. Nossos bosques tem mais vida,
Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.todama- Nossa vida mais amores.
teria.com.br/parafrase/. Acesso em: 23 mar. 2023. [...]
Minha terra tem primores,
ATIVIDADES Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, a noite -
Questão 1 Mais prazer eu encontro lá;
Estão, entre os principais tipos de intertextualidade: Minha terra tem palmeiras
a) Paráfrase, paradoxo, an�tese e anacoluto. Onde canta o Sabiá.
b) Citação, zeugma, elipse e onomatopeia. Não permita Deus que eu morra,
c) Citação, paráfrase, paródia e epígrafe. Sem que eu volte para lá;
d) Paráfrase, paródia, hipertexto e intertexto. Sem que desfrute os primores
e) Citação, epígrafe, hipérbato e inferência. Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Questão 2 Onde canta o Sabiá.
Sobre os tipos de intertextualidade estão corretas as DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro:
seguintes proposições: Aguilar, 1998.
I. A paródia não pode ser considerada como um tipo
de intertextualidade por se tratar de uma releitura TEXTO B
cômica, geralmente envolvida por um caráter humo- Canto de regresso à Pátria
rístico e irônico que altera o sentido original, criando, Minha terra tem palmares
assim, um novo. Onde gorjeia o mar
II. O termo “paráfrase” vem do grego (paraphrasis) e Os passarinhos daqui
significa a “reprodução de uma sentença”. Diferente Não cantam como os de lá
da paródia, ela faz referência a um ou mais textos sem Minha terra tem mais rosas
que a ideia original seja alterada. E quase tem mais amores
III. Muitas vezes, a paródia e a paráfrase são conside- Minha terra tem mais ouro
radas termos sinônimos, no entanto, cada uma apre- Minha terra tem mais terra
senta sua singularidade. Ambas são recursos utilizados Ouro terra amor e rosas
na literatura, artes, música, cinema, escultura, entre Eu quero tudo de lá
outros. Não permita
IV. O termo “epígrafe” vem do grego “epi = posição Deus que eu morra
superior”; “graphé = escrita”. Esse tipo de intertex- Sem que volte para lá
tualidade ocorre quando um autor recorre a algum Não permita Deus que eu morra
trecho de um texto já existente para introduzir o seu Sem que volte pra São Paulo
texto. É um trecho introdutório para outro que venha Sem que eu veja a rua 15
a ser produzido. E o progresso de São Paulo.
V. Na citação, o texto original é retomado, de forma ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São
que seu sentido passa a ser alterado. Normalmente, Paulo: Círculo do Livro. s/d.
a paródia apresenta um tom crítico, muitas vezes,
marcado por ironia. Os textos A e B, escritos em contextos históricos e
a) I e III. culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético:
b) II, III e IV. a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisan-
c) I e V. do-os, conclui-se que:
d) III, IV e V. a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessi-
e) Apenas IV está correta. vamente do país em que nasceu, é o tom de que
se revestem os dois textos.
Questão 3 b) a exaltação da natureza é a principal característica
(Enem/2009) do texto B, que valoriza a paisagem tropical real-
çada no texto A.
TEXTO A c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto
Canção do exílio A, mas sem perder a visão crítica da realidade bra-
Minha terra tem palmeiras, sileira.

70
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distan- Artigo de opinião
ciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a pai- O artigo de opinião é um gênero argumentativo
sagem brasileira. �pico de jornais, revistas e blogs. O artigo de opinião é
um gênero argumentativo e busca promover o debate
Questão 4 (Enem/2003) público sobre as demandas da sociedade.
O artigo de opinião é um dos gêneros mais co-
muns no cotidiano das cidades. Publicado normal-
mente em jornais, revistas e blogs, esse tipo de texto
tem como função apresentar e defender um ponto de
vista sobre algum assunto relevante para a sociedade.
Muitas faculdades e universidades costumam solicitar
aos seus candidatos que produzam artigos de opinião
em seus vestibulares.

Características

O artigo de opinião é um gênero argumentativo, ou


seja, é um tipo de texto que defende um ponto de vista
por meio de argumentos. A linguagem usada no artigo
Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122). Tarsila do
de opinião costuma alinhar-se à norma-padrão da língua
Amaral
portuguesa, haja vista que o texto deve ser compreendi-
do por diversos tipos de pessoas, muitas vezes de regiões
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes
completamente distintas — como é o caso dos artigos
assegura identidade peculiar, são iguais enquanto
publicados em jornais de alcance nacional no Brasil.
frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das
Para além disso, justamente por se tratar de uma
indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo
publicação da imprensa, o assunto abordado nesse
o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pi-
tipo de texto costuma ser de relevância coletiva: fatos
râmide que tende a se prolongar infinitamente, como
importantes, ocorridos nos dias ou semanas ante-
mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.
(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.) riores, costumam ser os temas do artigo de opinião.
Nesse sentido, o gênero tem uma função social clara:
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um promover o debate público sobre as demandas da
tema que também se encontra nos versos transcritos sociedade.
em:
a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem Estrutura
nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Mo-
raes) Por ser um texto argumentativo, o artigo de opi-
b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na nião apresenta três partes fundamentais:
sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito
em cima.” (João Cabral de Melo Neto) • Introdução com tese
c) “O funcionário público não cabe no poema/ com Os parágrafos iniciais de um artigo de opinião cos-
seu salário de fome/ sua vida fechada em arqui- tumam ser reservados para apresentar o assunto abor-
vos.” (Ferreira Gullar) dado e, além disso, o ponto de vista defendido pelo
d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso autor. Chamamos esse ponto de vista de tese. No caso
querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos das redações escolares e propostas de vestibulares, é
os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa) comum que somente o primeiro parágrafo da compo-
e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio en- sição seja destinado para essa função, pois, nesse tipo
trar (...)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ de produção textual, o número de linhas é restrito.
tudo ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um Veja, a seguir, a introdução de um artigo de opi-
óleo suave que eles passam pelas costas, e aque- nião produzido por Débora Diniz e Giselle Carino, pu-
cem.” (Carlos Drummond de Andrade) blicado no jornal El País Brasil:
Disponível em: h�ps://exercicios.mundoeducacao.
uol.com.br/exercicios-redacao/exercicios-sobre-tipos- Violência obstétrica,
intertextualidade.htm. Acesso em: 23 mar. 2023. uma forma de desumanização das mulheres
A expressão ‘violência obstétrica’ ofende mé-
dicos. Dizem não existir o fenômeno, mas casos

71
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
isolados de imperícia ou negligência médicas. O quase seis vezes mais chances de morrer no parto
que aconteceu com a brasileira Adelir Gomes, grá- que mulheres brancas. Pouco sabemos da reali-
vida e forçada pela equipe de saúde a realizar uma dade de mulheres com deficiência, em particular
cesárea contra sua vontade, dizem ser um caso daquelas com deficiência intelectual. O senso
extremo, escandalizado pelas feministas como de comum diz que devem viver sem sexualidade e
violência obstétrica. Não é verdade. A violência que são incapazes de decidir suas vivências re-
obstétrica manifesta-se de várias formas no ci- produtivas.
clo de vida reprodutiva das mulheres. Em cada Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
mulher insultada verbalmente porque sente dor
no momento do parto ou quando não lhe ofe- Nesse caso, são usados como fundamentos: um
recem analgesia. Na violência sexual sofrida em estudo da Universidade de Harvard, outro da Orga-
atendimento pré-natal ou em clínicas de reprodu- nização das Nações Unidas e mais um feito no Mato
ção assistida. No uso de fórceps, na proibição de Grosso. Com base nessas pesquisas, as articulistas
doulas ou pessoas de confiança na sala de parto. relacionam as informações citadas com a tese ao
Na cesárea como indicação médica para o parto afirmarem que “Pouco sabemos da realidade de mu-
seguro. A verdade é que a violência obstétrica é lheres com deficiência, em particular daquelas com
uma forma de desumanização das mulheres. deficiência intelectual. O senso comum diz que devem
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019. viver sem sexualidade e que são incapazes de decidir
suas vivências reprodutivas”.
É notável, nesse trecho inicial do texto, a presença
das duas partes fundamentais da introdução de um • Conclusão
artigo de opinião: a apresentação do tema — “violên- A conclusão de um artigo de opinião costuma
cia obstetrícia” — e a defesa de uma tese ou ponto apresentar uma síntese do desenvolvimento do tex-
de vista — “A verdade é que a violência obstétrica é to e, em seguida, reiterar a tese, agora comprovada
uma forma de desumanização das mulheres”. pelos argumentos. Veja como é a conclusão do texto
de Débora Diniz e Giselle Carino:
• Desenvolvimento com argumentação
Uma vez que a tese é apresentada na introdução Argentina e Bolívia também avançaram em
do artigo de opinião, é esperado que, nos parágrafos legislações para proibir a violência obstétrica —
intermediários — também chamados de desenvolvi- estar livre de violência baseada em gênero deve
mento —, apresentem-se argumentos que compro- incluir a violência obstétrica. É preciso avançar
vem o ponto de vista. rapidamente neste campo, seja pela via legal ou
Um argumento costuma ter duas partes: a funda- pela transformação dos costumes e práticas. A
mentação e a análise do fundamento. A primeira cor- legislação boliviana menciona ‘violência contra os
responde às informações, fatos, dados, referências, direitos reprodutivos’: se devidamente interpreta-
entre outros, que o articulista busca para embasar da, a criminalização do aborto ou os maus-tratos
sua opinião; a segunda, ao trecho em que o autor sofridos pelas mulheres em processo de aborta-
relaciona explicitamente o fundamento utilizado com mento nos hospitais são formas de violência obs-
a tese defendida. tétrica. Meninas e mulheres forçadas, involunta-
Ainda seguindo o exemplo dado anteriormente, riamente, ao parto e à maternidade são casos de
observe a seguir um dos argumentos usados pelas violência obstétrica. Por isso, às histórias de dor
articulistas Débora Diniz e Giselle Carino: �sica ou abusos verbais de nossas mães e avós,
devemos somar as histórias da clandestinidade
Mulheres negras, indígenas e com deficiência do aborto — as leis restritivas de aborto atingem
estão entre as mais vulneráveis à violência obs- 97% das mulheres em idade reprodutiva na Amé-
tétrica. Um estudo da Universidade de Harvard, rica Latina e Caribe. Todas essas são expressões
realizado em quatro países latino-americanos, da violência obstétrica, uma forma silenciosa e
mostrou que uma em cada quatro mulheres vi- perene de violência baseada em gênero.
vendo com HIV/aids foi pressionada à esterilização Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
após receber o diagnóstico. Evidências igualmente
assustadoras foram identificadas no México, onde É percep�vel, portanto, que a conclusão do artigo
a Organização das Nações Unidas condenou o país de opinião das autoras repete resumidamente a linha
pela esterilização forçada de quatorze indígenas argumentativa desenvolvida no texto. Em seguida, a
pelo sistema de saúde público. No Brasil, um estu- tese é reiterada, agora comprovada — “Todas essas
do no Mato Grosso descreveu a correlação entre são expressões da violência obstétrica, uma forma
etnia e morte materna — mulheres indígenas têm silenciosa e perene de violência baseada em gênero”.

72
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Como começar o artigo de opinião penas”, “vamos reduzir a maioridade penal” e,
principalmente, “preso precisa trabalhar para pa-
A melhor maneira de começar um artigo de opi- gar os custos da prisão” soam como música aos
nião é, antes de tudo, desenvolvendo um planejamen- ouvidos da sociedade acuada pela violência.
to e um projeto de texto. Planejando e projetando É compreensível que a maioria esteja de acor-
antes de escrever, é muito provável que a composição do com essas propostas. Dos que se candidatam
resulte-se clara, coerente e bem fundamentada. Veja, para governar os estados e o país, entretanto, es-
no próximo tópico, um passo a passo de como escre- peraríamos mais responsabilidade para não criar
ver o artigo de opinião. expectativas fantasiosas e evitar políticas inexe-
quíveis num campo tão sensível.
Passo a passo Antes que os “idiotas da internet” tirem con-
Podemos dividir o processo de produção de texto clusões apressadas, deixo claro que não gosto
em três partes básicas: nem sou defensor de bandidos, que também
quero ver preso o assaltante que rouba e mata e
• Planejamento e projeto de texto que, em caso de conflito violento entre bandidos
O primeiro passo na composição textual deve ser e policiais ou agentes penitenciários, só não fico
o da reflexão, leitura e organização das ideias a serem do lado dos agentes da lei se estes também forem
desenvolvidas no texto. Nessa parte, é necessário que criminosos.
o autor do artigo de opinião defina: Em 1989, quando comecei a atender doentes
• Tema; nas cadeias, havia no Brasil cerca de 90 mil presos.
• Tese; Hoje, temos ao redor de 800 mil, a terceira po-
• Fundamentos da argumentação; pulação carcerária do mundo. Não é verdade que
• Organização lógica do texto (aqui, define-se o prendemos pouco. O problema é que mandamos
que deve haver em cada parágrafo, ou seja, qual será para trás das grades pequenos contraventores e
a trajetória discursiva usada pelo autor para defender deixamos em liberdade facínoras com dezenas de
seu ponto de vista no texto). mortes nas costas.
Como nos últimos 30 anos encarceramos
• Rascunho quase nove vezes mais, e as cidades brasileiras
Uma vez que o projeto de texto já estiver definido, tornaram-se muito mais perigosas, não é preciso
é o momento de transcrever as ideias projetadas na ser criminalista com pós-graduação na Sorbonne
forma de texto em prosa, ou seja, é a hora de escrever para concluir: prender tira o ladrão da rua, mas
o texto na forma de: parágrafos introdutórios, desen- não reduz a violência urbana.
volvimento e de conclusão. É muito importante que o A pior consequência do aprisionamento em
rascunho seja um produto do projeto de texto e não massa é a superpopulação. Os que não aceitam o
se desvie da trajetória discursiva planejada. argumento de que a pena de um condenado deve
ser a privação da liberdade, não a imposição de
• Revisão condições desumanas, precisam entender que o
Por fim, após o texto estar praticamente pronto, castigo das celas apinhadas tem consequências
resta revisar questões de ordem gramatical, como graves para quem está do lado de fora.
ortografia, acentuação ou pontuação. Assim como Quando trancamos 30 homens num xadrez
no rascunho, não é aconselhável que o autor mude com capacidade para receber menos da metade,
informações previamente projetadas e desenvolvidas como acontece nos Centros de Detenção Provisó-
nas partes anteriores. ria de São Paulo e em quase todos os presídios do
país, os agentes penitenciários perdem a condição
Exemplo de garantir a segurança no interior das celas.
Veja, a seguir, mais um exemplo de artigo de opi- Como o poder é um espaço arbitrário que
nião, dessa vez do médico Dráuzio Varella: jamais fica vazio, o crime organizado assume o
controle e impõe suas leis.
Cadeias e demagogia Diante dessa realidade, uma autoridade vir a
público para dizer que fará os presos trabalharem
O sistema prisional talvez seja a área da admi- para compensar os gastos do Estado é piada de
nistração em que os políticos mais falam e fazem mau gosto. Primeiro, porque na construção das
besteiras. cadeias de hoje não foram projetados espaços
Frases como “lugar de bandido é na cadeia”, para postos de trabalho; depois, porque é impos-
“tem que acabar com bene�cios que encurtam sível trabalhar onde não existe emprego.

73
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Desde o antigo Carandiru, ouço diretores de O Brasil produz a maior parte de suas vacinas,
presídios reclamarem da falta de empresas dis- economiza importações e erradica doenças. No auge
postas a instalar oficinas nas dependências das da Zika, encontramos uma resposta rápida para a re-
cadeias, a despeito das vantagens financeiras e lação com a microcefalia. Ficamos fortes na indústria
tributárias que o governo oferece. Quer dizer, de medicamentos e na inovação em petróleo e gás.
negamos acesso ao trabalho e nos queixamos Tudo surgiu de arranjos entre empresas, universida-
que os vagabundos consomem nosso dinheiro des, institutos de pesquisa e órgãos do governo.
na ociosidade. Nossas instituições sofrem com cortes de verba
Embora tenha conhecido detentos que se quando mais precisam caminhar em direção à ino-
vangloriaram de nunca ter trabalhado, eles são vação tecnológica e social. O Ipea mostrou que em-
exceções. O que a sociedade não sabe é que os presas inovadoras pagam melhores salários e geram
presos são os principais interessados em cumprir empregos mais estáveis. São mais produtivas. O in-
pena trabalhando: ajuda a passar as horas que se vestimento em ciência básica é público em qualquer
arrastam em dias intermináveis, permite cobrir país, mas a inovação é um processo interativo, com
os gastos pessoais, enviar dinheiro para a família transferência de conhecimento ao tecido produtivo.
e usufruir o bene�cio da lei que reduz um dia de Em 2016 o Brasil aprovou o Marco Legal da Ciên-
condenação para cada três dias trabalhados. cia, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018.
A questão prisional é muito grave para ficar É uma lei que incentiva as relações entre pesquisa
nas mãos de aprendizes de feiticeiro sem noção pública e tecido produtivo, reduzindo a burocracia.
da complexidade do sistema penitenciário, que Órgãos públicos passaram a ter o direito de compar-
repetem platitudes com ares de grande sabedoria tilhar laboratórios, equipamentos, materiais e instala-
e põem em prática medidas simplistas sem ouvir ções e a negociar direitos de exploração de produtos
os que estão em contato diário com os encarce- e tecnologias. Foram reduzidos entraves excessivos da
rados, nem os estudiosos do problema. Lei 8.666 e a insegurança jurídica dos investimentos
A era das facções que comandam o crime de em pesquisa.
dentro dos presídios, capazes de dar ordens para Mecanismos já aplicados com sucesso em áreas
vandalizar cidades, disseminar a violência pelo tecnológicas devem agora se tornar disponíveis para
país inteiro e estabelecer conexões internacionais, áreas como cultura e ciências sociais. Entre univer-
requer dirigentes com experiência em segurança sidade, empresa e sociedade há camadas que esti-
pública, que conheçam as condições de funciona- mulam a integração, como parques tecnológicos e
mento das cadeias brasileiras. centros de inovação. Programas em ciência, cultura
O combate ao crime organizado exige inteli- e tecnologia têm grande potencial para dinamizar a
gência, entrosamento entre as polícias, centra- economia criativa, especialmente no Rio de Janeiro.
lização das informações num cadastro nacional, São um caminho para reaquecer as cadeias produtivas
simplificação da burocracia e, acima de tudo, do audiovisual e dos jogos eletrônicos, por exemplo.
coragem do Judiciário para criar penas alterna- É possível encontrar soluções sustentáveis para
tivas que reduzam a população carcerária. Palpi- segurança alimentar e nutricional, energia, habitação,
tes demagógicos de políticos despreparados são saúde, saneamento, meio ambiente, agricultura fami-
dispensáveis. liar, geração de emprego e renda. A meta já constava
Jornal Folha de São Paulo, 03 de fevereiro de 2019.
do documento da Conferência Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação de 2010. Ele propõe tornar mais
ATIVIDADES
eficiente e ágil a máquina pública — diminuindo a
burocracia, um instrumento de exclusão social — e a
ARTIGO DE OPINIÃO: O PROGRESSO DA CIÊNCIA - TA-
apropriação da C&T pelas comunidades locais. Temos
TIANA ROQUE
bons planos e infraestrutura de pesquisa para o Brasil
encontrar um modelo de desenvolvimento mais justo,
Uma artimanha para enfraquecer as instituições pú-
sustentável e menos dependente de bens primários.
blicas de ensino e ciência, reduzindo seu orçamen-
Basta vontade política para implementá-los.
to, é apresentá-las como dissociadas da sociedade, ROQUE, Tatiana. O progresso da ciência. O Globo, Rio de
sorvedoras de recursos e descompromissadas com o Janeiro, 17 jun. 2018. Opinião, p. 19.
desenvolvimento social e econômico. Para desmon-
tar essa armadilha, a comunidade acadêmica preci- REFERÊNCIA
sa iluminar as pontes que ligam o conhecimento aos CABRAL, Thaís Ginícolo. Língua Portuguesa – Programa
avanços do país. A universidade será mais forte quanto mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano. São
mais parecer robusta, transparente e útil aos olhos Paulo: Moderna, 2019. p. 350-7.
da população.

74
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Entendendo o artigo de opinião: 06. No primeiro parágrafo do artigo, a autora apre-
senta uma missão para a comunidade acadêmica.
01. De acordo com o texto, qual o significado das pa- a) Qual é essa missão?
lavras abaixo: b) É possível concluir que a autora se sente res-
· Dissociado: ponsável por essa missão? Por quê?
· Microcefalia:
· Sorvedor: 07. Qual alternativa a seguir é a correta em relação à
· Zika: linguagem empregada no texto?
( ) No texto, predomina uma linguagem pessoal,
02. Converse com seus colegas sobre as hipóteses que cuja principal marca é o uso da 1ª pessoa do
você levantou antes da leitura. singular.
a) Sua expectativa sobre o posicionamento da ( ) No texto, predomina uma linguagem relativa-
autora se confirmou? mente impessoal, com emprego da 1ª pessoa
b) Os argumentos que você encontrou no artigo do plural.
foram os que você pensou que encontraria? ( ) No texto, predomina uma linguagem impes-
soal, com emprego de verbos e pronomes na
03. O tema do artigo de opinião da professora Tatiana 3ª pessoa do singular.
Roque é o progresso da ciência. Qual é o ponto • Justifique sua resposta.
de vista defendido por ela?
08. Volte ao segundo parágrafo do artigo e observe
04. Em artigos de opinião, a escolha do vocabulário os argumentos que a autora apresenta para com-
feita pelo autor é muito importante, uma vez que provar o papel das instituições de ensino e ciência
o uso de determinadas palavras funciona como no Brasil. Agora responda:
estratégia para explicitar ou ocultar uma opinião a) Quais exemplos a autora apresenta como ar-
sobre o que está sendo discutido. gumentos?
a) No primeiro parágrafo do artigo são usadas as b) Esses exemplos têm relação com qual trecho
palavras artimanha e armadilha. A que elas se do primeiro parágrafo?
referem? • Justifique sua resposta.
b) Qual a finalidade da autora ao utilizar essas
palavras? 09 . Releia o terceiro parágrafo do artigo de opinião e
c) Com essas palavras a autora mostra sua concor- responda:
dância ou discordância sobre o que está sendo a) De que maneira os cortes de verbas nas institui-
discutido? ções de ensino e ciência impactam na inovação
tecnológica e social?
05. Em um artigo de opinião, o autor costuma apre- b) Nesse parágrafo a autora cita uma fonte de re-
sentar, no início, seu ponto de vista a respeito do ferência. Qual?
tema sobre a qual vai desenvolver sua argumen-
tação. 10. Leia um trecho da no�cia publicada no portal da
a) Marque a afirmação que evidencia a estratégia Agência Brasil sobre o Marco Legal da Ciência,
escolhida por Tatiana Roque para iniciar seu Tecnologia e Inovação e responda às questões.
texto argumentativo.
Governo regulamenta Marco Legal da Ciência,
( ) A argumentação inicia-se com a apresentação Tecnologia e Inovação
de fatos concretos sobre as instituições públi- Publicado em 08/02/2018 – 14:14
cas de ensino e ciência. Por Yara Aquino – Repórter da Agência Brasil Bra-
( ) A argumentação começa com uma compara- sília
ção entre o passado e o presente das univer-
sidades. O Diário Oficial da União de hoje (8) publicou de-
( ) A argumentação é introduzida com a obser- creto que regulamenta o Marco Legal da Ciência,
vação de uma mudança na linha do tempo. Tecnologia e Inovação (Lei n° 13.243/2016) e traz
( ) A argumentação começa rebatendo os argu- a expectativa de desburocratizar as atividades de
mentos contrários ao ponto de vista que se pesquisa e inovação no país. As novas regras criam
quer defender. mecanismos para integrar instituições cien�ficas
e tecnológicas e incentiva investimentos em pes-
b) Justifique sua resposta. quisa.
[...]

75
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
AQUINO, Yara. Governo regulamenta Marco Legal da exclusão social — e a apropriação da C&T pelas
Ciência, Tecnologia e Inovação. Agência Brasil, Brasília, comunidades locais. Temos bons planos e infra-
8 fev. 2018. Disponível em: h�p://agenciabrasil.ebc.
com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2018-02/governo-
estrutura de pesquisa para o Brasil encontrar um
regulamenta-marco-legal-da-ciencia-tecnologia-e- modelo de desenvolvimento mais justo, sustentá-
inovacao. Acesso em: 25 jul. 2019. vel e menos dependente de bens primários. Basta
vontade política para implementá-los.”
a) Qual é a relação entre esse fato noticiado e a ROQUE, Tatiana. O progresso da ciência. O Globo, Rio de
Janeiro, 17 jun. 2018. Opinião, p. 19.
questão abordada no artigo de opinião?
b) Essa regulamentação resolve qual problema à Lei
n° 8.666, citada no quarto parágrafo do artigo a) O que a autora cita de positivo na conclusão do
de opinião “O progresso da ciência”? Por quê? seu artigo?
c) Qual palavra expressa a opinião da autora Ta- b) Qual ressalva ela faz no fechamento do texto?
Por quê?
tiana Roque, sobre a Lei n° 8.666?

11. A autora mostra-se favorável à parceria entre


universidade, empresa e sociedade na área de REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
inovação e tecnologia.
a) Quais argumentos apresentados no texto bus- A regência verbal e a regência nominal ocorrem
cam convencer o leitor sobre esse posiciona- entre os diferentes termos de uma oração. Ocorre
mento? regência quando há um termo regente que apresenta
b) Com relação ao custeio da ciência básica, qual um sentido incompleto sem o termo regido, ou seja,
é a posição da autora? sem o seu complemento.

12. Releia o trecho do quinto parágrafo: O que é regência verbal?

“Mecanismos já aplicados com sucesso em áreas A regência verbal indica a relação que um verbo
tecnológicas devem agora se tornar disponíveis (termo regente) estabelece com o seu complemento
para áreas como cultura e ciências sociais. Entre (termo regido) através do uso ou não de uma pre-
universidade, empresa e sociedade há camadas posição. Na regência verbal os termos regidos são
que estimulam a integração, como parques tecno- o objeto direto (sem preposição) e o objeto indireto
lógicos e centros de inovação. Programas em ciên- (preposicionado).
cia, cultura e tecnologia têm grande potencial para
dinamizar a economia criativa, especialmente no O que é regência nominal?
Rio de Janeiro. São um caminho para reaquecer
as cadeias produtivas do audiovisual e dos jogos A regência nominal indica a relação que um nome
eletrônicos, por exemplo.” (termo regente) estabelece com o seu complemento
ROQUE, Tatiana. O progresso da ciência. O Globo, Rio de (termo regido) através do uso de uma preposição.
Janeiro, 17 jun. 2018. Opinião, p. 19. Exemplos de regência verbal preposicionada
• assistir a;
a) De acordo com a autora, quais são os bene�cios • obedecer a;
que a integração tecnológica trará ao serem • avisar a;
estendidos para as áreas de cultura e ciência • agradar a;
sociais? • morar em;
b) Na sua opinião, por qual razão a autora destaca • apoiar-se em;
o Rio de Janeiro? • transformar em;
• morrer de;
13. Releia o último parágrafo do artigo de opinião e • constar de;
responda: • sonhar com;
• indignar-se com;
“É possível encontrar soluções sustentáveis para • ensaiar para;
segurança alimentar e nutricional, energia, habita- • apaixonar-se por;
ção, saúde, saneamento, meio ambiente, agricul- • cair sobre.
tura familiar, geração de emprego e renda. A meta
já constava do documento da Conferência Nacional Exemplos de regência nominal
de Ciência, Tecnologia e Inovação de 2010. Ele pro- • favorável a;
põe tornar mais eficiente e ágil a máquina pública • apto a;
— diminuindo a burocracia, um instrumento de • livre de;

76
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
• sedento de; • Preposição a: perdoar a, chegar a, sujeitar-se a,...
• intolerante com; • Preposição de: vangloriar-se de, libertar de,
• compa�vel com; precaver-se de,...
• interesse em; • Preposição com: parecer com, zangar-se com,
• perito em; guarnecer com,...
• mau para; • Preposição em: participar em, teimar em, vi-
• pronto para; ciar-se em,...
• respeito por; • Preposição para: esforçar-se para, convidar
• responsável por. para, habilitar para,...
• Preposição por: interessar-se por, começar por,
Regência verbal sem preposição ansiar por,...

Os verbos transitivos diretos apresentam um ob- Regência nominal com preposição


jeto direto como termo regido, não sendo necessária
uma preposição para estabelecer a regência verbal. A regência nominal ocorre quando um nome ne-
cessita obrigatoriamente de uma preposição para se
Exemplos de regência verbal sem preposição: ligar ao seu complemento nominal.
• Você já fez os deveres?
• Eu quero um carro novo. Exemplos de regência nominal com preposição:
• A criança bebeu o suco. • Sempre tive muito medo de baratas.
• Seu pai está furioso com você!
O objeto direto responde, principalmente, às per- • Sinto-me grato a todos.
guntas o quê? e quem?, indicando o elemento que
sofre a ação verbal. Preposições usadas na regência nominal
Regência verbal com preposição Também na regência nominal as preposições po-
dem ser usadas na sua forma simples e contraídas ou
Os verbos transitivos indiretos apresentam um combinadas com artigos e pronomes.
objeto indireto como termo regido, sendo obrigató-
As preposições mais utilizadas na regência nomi-
ria a presença de uma preposição para estabelecer a
nal são, também: a, de, com, em, para, por.
regência verbal.
• Preposição a: anterior a, contrário a, equiva-
lente a,...
Exemplos de regência verbal com preposição:
• Preposição de: capaz de, digno de, incapaz
• O funcionário não se lembrou da reunião.
de,...
• Ninguém simpatiza com ele.
• Preposição com: impaciente com, cuidadoso
• Você não respondeu à minha pergunta.
com, descontente com,...
• Preposição em: negligente em, versado em,
O objeto indireto responde, principalmente, às
parco em,...
perguntas de quê? para quê? de quem? para quem?
• Preposição para: essencial para, próprio para,
em quem?, indicando o elemento ao qual se destina
a ação verbal. apto para,...
• Preposição por: admiração por, ansioso por,
devoção por,...
Preposições usadas na regência verbal
REFERÊNCIA
As preposições usadas na regência verbal podem
NEVES, Flávia. Regência verbal e nominal. Conjugação.
aparecer na sua forma simples, bem como contraídas com. [s.d.]. Disponível em:
ou combinadas com artigos e pronomes. h�ps://www.conjugacao.com.br/regencia-verbal-e-
-nominal/. Acesso em: 23 mar. 2023.
Preposições simples: a, de, com, em, para, por,
sobre, desde, até, sem,... ATIVIDADES
Contração e combinação de preposições: à, ao, Questão 1
do, das, destes, no, numa, nisto, pela, pelo,...
(Fuvest/2001)
A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à
As preposições mais utilizadas na regência verbal
regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
são: a, de, com, em, para e por.
culta é:

77
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
a) O governador insistia em afirmar que o assunto I. Choveu muito ontem.
principal seria “as grandes questões nacionais”, II. Quero dormir!
com o que discordavam líderes pefelistas. III. Respondi às questões da prova com cuidado.
b) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um IV. Gostamos de filmes românticos.
clube, do qual nem sequer pediu para integrar, a V. Agradeço aos ouvintes a audiência
situação dos outros países passou despercebida. a) Verbo intransitivo – verbo transitivo direto – verbo
c) Em busca da realização pessoal, profissionais es- transitivo indireto – verbo transitivo indireto – ver-
colhem a dedo aonde trabalhar, priorizando à em- bo transitivo direto e indireto.
presas com atuação social. b) Verbo transitivo direto e indireto – verbo intransi-
d) Uma família de sem-teto descobriu um sofá dei- tivo – verbo intransitivo – verbo transitivo – verbo
xado por um morador não muito consciente com transitivo direto e indireto.
a limpeza da cidade. c) verbo transitivo direto e indireto – verbo transitivo
e) O roteiro do filme oferece uma versão de como indireto – verbo transitivo indireto – verbo transi-
conseguimos um dia preferir a estrada à casa, a tivo direto – verbo intransitivo.
paixão e o sonho à regra, a aventura à repetição.
d) verbo transitivo direto – verbo intransitivo – verbo
transitivo direto – verbo transitivo indireto – verbo
Questão 2
intransitivo.
(FUVEST)
Assinale a alternativa que preenche corretamente as
lacunas correspondentes.
A arma ___ se feriu desapareceu. HABILIDADE BNCC
Estas são as pessoas ___ lhe falei. (EM13LP24) Analisar formas não institucionalizadas
Aqui está a foto ___ me referi. de participação social, sobretudo as vinculadas a
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me manifestações ar�sticas, produções culturais, in-
lembrava. tervenções urbanas e formas de expressão �pica
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. das culturas juvenis que pretendam expor uma
a) que, de que, à que, cujo, que. problemática ou promover uma reflexão/ação,
b) com que, que, a que, cujo qual, onde. posicionando-se em relação a essas produções e
c) com que, das quais, a que, de cujo, onde. manifestações.
d) com a qual, de que, que, do qual, onde.
e) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
(GO-EMLP24A) Interpretar a presença das manifes-
Questão 3 tações literárias populares analisando as obras de
Sobre a regência verbal e nominal, estão corretas as historicidade e atemporalidade importantes para
seguintes proposições, exceto: a formação humana e construção do seu meio so-
a) Quando o termo regente é um nome, isto é, um cial, para valorizar as diversas produções literárias
substantivo, um adjetivo ou advérbio, temos um regional e global.
caso de regência nominal. Exemplo: Este é o livro
sobre o qual lhe falei. OBJETOS DE CONHECIMENTO
b) Quando o termo regente é um verbo, temos um Elementos da linguagem teatral e da música.
caso de regência verbal. Exemplo: Eu gosto de mú- Práticas musicais envolvendo: composição e arran-
sica e literatura. jo, uso de samplers, manipulação sonora, produção
c) Chamamos de regência a relação de interdepen- de trilhas sonoras e sonoplastia, observando ele-
dência que se estabelece entre as palavras quan- mentos significativos da cultura juvenil.
do elas se combinam para formar os enunciados
linguísticos (frases, orações etc.). Vamos conversar um pouquinho mais sobre Arte.
d) Quando o verbo for transitivo direto, ele exigirá o Com a palavra, Profª Carol Logatti:
emprego de uma preposição entre o termo regente
e o termo regido.
e) Os verbos intransitivos não possuem complemen- Elementos da Música
to. Há, em alguns casos, adjuntos adverbiais que
costumam acompanhá-los. Os verbos de ligação e A música é um dos principais elementos da nossa
os verbos impessoais sempre serão intransitivos. cultura. Há indícios de que desde a pré-história já se
Exemplo: O menino parece triste. produzia música, provavelmente como consequência
da observação dos sons da natureza. É de cerca do
Questão 4 ano de 60.000 a.C. o ves�gio de uma flauta de osso
Sobre as seguintes proposições, assinale a alternativa e de 3.000 a.C. a presença de liras e harpas na Me-
correta: sopotâmia.

78
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
No panteão grego, por exemplo, Apolo é a di-
vindade que rege as artes. Por isso vemos várias re-
presentações suas, nas quais ele porta uma lira. Vale
lembrar que na Grécia Antiga apenas a música e a
poesia eram consideradas manifestações ar�sticas da
maneira como as compreendemos atualmente.
Música é uma palavra de origem grega - vem de
musiké téchne, a arte das musas - e se constitui, ba-
sicamente, de uma sucessão de sons, entremeados
por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo Composição
de um determinado tempo. Assim, é uma combinação
de elementos sonoros que são percebidos pela audi- As composições são baseadas no conhecimento
ção. Isso inclui variações nas características do som, tais sonoro que o compositor adquiriu no local onde vive.
como duração, altura, intensidade e timbre, que podem A música que cada um compõe depende do lugar e
ocorrer em diferentes ritmos, melodias ou harmonias. da época em que vive, dos sons que conhece e dos
quais tem acesso, enfim, da sua história pessoal esco-
Compreendendo a Música lhendo e articulando de formas diferentes a imensa
variedade de sons aos quais tem acesso: a harmonia,
O que é som? a melodia e o ritmo.
O som é um fenômeno acústico. Sons são ondas
produzidas pela vibração de um corpo qualquer, trans-
mitida por um meio (gasoso, sólido ou líquido), por
meio de propagação de frequências regulares ou não,
que são captadas pelos nossos ouvidos e interpreta-
das pelos nossos cérebros.

Como os sons são produzidos? Altura é a forma como o ouvido humano percebe
Todos os sons conhecidos são produzidos por a frequência dos sons. As baixas frequências são per-
vibrações. Quando agitamos ou tocamos algum ins- cebidas como sons graves e as mais altas como sons
trumento, uma parte dele vibra. As vibrações pro- agudos, ou tons graves e tons agudos.
duzidas se deslocam formando ondas sonoras que É por meio da altura que podemos distinguir um
são captadas por nossos ouvidos. Essa propagação é som agudo (fininho, alto), de um grave (grosso, baixo).
semelhante às ondulações que se formam na água de A altura de um som musical depende do número de
um lago quando jogamos uma pequena pedra. vibrações. As vibrações rápidas produzem sons agudos
Cada instrumento possui uma característica diferen- e os lentos sons graves. São essas vibrações que defi-
te, por isso são tocados de formas diferentes. Os instru- nem cada uma das notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol,
mentos podem ser dedilhados, percutidos, sacudidos, lá, si; assim, a velocidade da onda sonora determina a
soprados ou produzidos por interferência eletrônica. altura do som, por isso cada nota tem sua frequência
(número de vibrações por segundo). A altura de um
Elementos formais da música som pode ser caracterizada como definida ou indefi-
nida. Em ambos os casos, os sons podem ser agudos
ou graves. Os instrumentos de altura indefinida são
incapazes de produzir uma melodia, visto que a maio-
ria deles emite um só som, que a voz humana ou outro
instrumento de altura definida não conseguem imitar.

Tom é a altura de um som na escala geral dos sons.

Os elementos formais são características próprias


que dão forma à música, percebidas pelos nossos ou-
vidos. São cinco os elementos formadores do som, e é
articulando esses cinco elementos que se criam músi-
cas: timbre, intensidade, altura, densidade e duração.

79
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Timbre: O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que multâneos. Quando ouvimos um grande conjunto de
distingue a qualidade do tom ou voz de um instru- timbres simultaneamente dizemos que a música em
mento ou cantor, por exemplo, a flauta do clarinete, o questão tem uma grande densidade sonora.
soprano do tenor. Cada objeto ou material possui um
timbre que é único, assim como cada pessoa possui
um timbre próprio de voz, tão individual quanto as
impressões digitais.

Duração: A duração é o tempo que o som per-


Intensidade: é a percepção da amplitude da onda manece em nossos ouvidos, isto é, se o som é curto
sonora. Também é chamada, frequentemente, de vo- ou longo. É a característica que revela o tempo de
lume ou pressão sonora. O timbre nos permite distin- emissão de um som. Depende do tempo que duram
guir se sons de mesma frequência foram produzidos as vibrações do objeto que os produz. As diversas
por instrumentos diferentes. Por exemplo, quando durações são utilizadas em combinação com uma
ouvimos uma nota tocada por um saxofone e, depois, regularidade básica chamada de pulso ou pulsação.
a mesma nota, com a mesma altura, produzida por Essas variações são comumente chamadas de ritmo.
um trompete, podemos imediatamente identificar os Alguns sons possuem ressonância curta, isto é,
dois sons como tendo a mesma frequência, mas com continuam soando por um breve período, como o som
características sonoras muito distintas. dos tambores, e outros tem ressonância longa, como
A intensidade é a força do som, também chamada os sons dos sinos que permanecem soando por um
de sonoridade. É uma propriedade do som que permite período de tempo maior.
ao ouvinte distinguir se o som é fraco (baixa intensidade)
ou se o som é forte (alta intensidade) e ela está relacio-
nada à energia de vibração da fonte que emite as ondas
sonoras. Ao se propagar, as ondas sonoras transmitem
energias que se espalham em todas as regiões. Quanto
maior é a energia que a onda transporta, maior é a
intensidade do som que o nosso ouvido percebe. É se- Ritmo: Em música, a duração de um som está re-
melhante ao que habitualmente chamamos de volume. lacionada ao tempo, mas não como ele é medido, por
A intensidade sonora é a força com que as ondas exemplo, em um relógio. A relação entre o tempo de
sonoras empurram o ar e é medida em uma unidade duração das notas musicais e o tempo das pausas cria
chamada bel, em homenagem ao cientista inglês Gra- o ritmo. Ritmo, portanto, é o que age em função da
nham Bell, o qual fez estudos que culminaram com duração do som, é a definição de quanto tempo cada
a invenção do telefone. No entanto, os submúltiplos parte da melodia continuará à tona.
do bel são mais utilizados: 1 decibel = 1dB = 0,1 bel.
A partir de 140db aparece o chamado limite da dor
ao ouvido humano: o som é dificilmente suportável
pelo ouvido e pode causar lesões no sistema auditivo.

Harmonia: é a combinação dos sons ouvidos si-


Densidade: A densidade sonora é a qualidade que
multaneamente, é o agrupamento agradável de sons.
estabelece um maior ou menor número de sons si-

80
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
No nosso exemplo, você poderia muito bem tocar a É a arte em que um ou mais atores interpretam
música apenas com uma nota de cada vez, porém uma história ou conjunto de atividades com o objetivo
ficaria sem graça. Por isso, quanto mais notas musi- de apresentar situações e fazer aflorar sentimentos e
cais você tocar simultaneamente (acordes) de forma reflexões a quem os assiste.
agradável, harmoniosa, melhor será a música. Uma peça teatral não é feita apenas pelos atores
que aparecem no palco, outras pessoas também par-
Melodia: É uma sequência de sons em intervalos ticipam de uma peça e, mesmo que não apareçam,
irregulares. são fundamentais para que o espetáculo se realize.
A Melodia caminha por entre o Ritmo. A Melodia Um espetáculo cultural depende de muitos deta-
normalmente é a parte mais destacada da Música, é a lhes além da apresentação em si. É fundamental, por
parte que fica a cargo do Cantor, ou de um instrumen- exemplo, estar atento à qualidade do que será exibi-
to como Sax ou de um solo de Guitarra etc. Sempre do e, também, à estrutura do projeto — da locação
que ouvir um Solo - notas tocadas individualmente aos equipamentos, do mobiliário à cenografia. Não
- você estará ouvindo uma Melodia. apenas no teatro, mas em palestras, apresentações
E para experimentar e apreciar as diversas com- musicais, gravações de vídeo e até mesmo em estan-
binações que a música proporciona, existem os ins- des de vendas, a adequação da estrutura ao que se
trumentos musicais. pretende apresentar pode influenciar (e muito) na
Conhecer quais são os diferentes tipos de instru- experiência do público.
mentos musicais é também entender a história, uma
vez que muitos deles se originaram muitos anos antes Cenografia
de Cristo, uma prova de quão antiga e importante é
a música.
Além da relevância em momentos de lazer, a mú-
sica é fundamental para o desenvolvimento cerebral,
para o raciocínio e a cognição. Nos últimos anos, estu-
dos cien�ficos apontaram a relação da musicalidade
com o aprendizado, assim como também mostraram
os bene�cios dessa arte para o tratamento de doen-
ças, como depressão e Mal De Alzheimer.
Para os artistas, as melodias representam muito
mais, uma vez que despertam emoções, inspiram e dá
a eles a força necessária para criar e expor sua arte.
A classificação dos tipos de instrumentos mu-
Deen Van Meer/Mary Poppins, The Musical.
sicais está ligada ao material de sua base e ao som Fonte: h�p://bit.ly/1PqwOxF
que produz. A primeira delas aconteceu na China no
século IV a.C., ou seja, é bastante antiga e remete Muito mais do que decoração e ornamentação,
aos sons originados do papel, da seda e da pedra, a cenografia é técnica, técnica de organizar todo o
entre outros elementos. Hoje, na cultura ocidental, espaço onde as ações dramáticas são encenadas. A
a orquestra sinfônica divide os tipos de instrumentos cenografia é parte importante do espetáculo, pois ela
musicais como: cordas, sopros e percussão. Porém, é ambienta e ilustra o espaço/tempo materializando o
válido ressaltar que essa classificação pode variar de imaginário e aproximando o público da representação.
acordo com a região.
A cenografia cria e transforma o espaço cênico.
Sem falar nas suas variações mais específicas,
A cenografia envolve vários símbolos, normal-
como, por exemplos, os chamados eletrofones, que
mente baseados em um roteiro predefinido para o
são instrumentos que funcionam com base na cor-
espetáculo cultural. Todo o cenário e a construção de
rente elétrica e que, assim, têm seu som propagado
sensações para o público estão em jogo. Painéis de
por meio de alto-falantes.
fundo, mobiliário, cores, identidade visual, iluminação
Nesse contexto, há os instrumentos tradicionais,
e quaisquer outros elementos visuais estão inseridos
como, por exemplo, a guitarra que pode ter seu som
na cenografia.
potencializado eletricamente, como os teclados eletrô-
Além disso, a cenografia tem o poder de recons-
nicos, que contam com sintetizadores para funcionar.
truir espaços, imprimindo percepções diferentes onde
quer que seja. A cenografia também está relacionada
Elementos do Teatro com a criação da atmosfera desejada no espetáculo
e não abrange apenas uma estrutura �sica, mas sim
O teatro é uma manifestação ar�stica e um fenô-
todo o período do espetáculo — podendo, inclusive,
meno cultural de vários povos e remonta às socieda-
ser modificada ao longo da apresentação.
des primitivas.

81
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O cenógrafo é aquele que cria o cenário, é o pro- figurino há muito deixou de ser apenas a roupa que a
fissional responsável em conceber, criar e utilizar os personagem está a usar quando entra em cena, sendo
elementos da cenografia de acordo com o roteiro e agora parte integrante tanto do espetáculo como da
a ideia do espetáculo. Ele coordena a montagem da personagem.
estrutura, o processo de criação e a construção do Até ao século XIX, os figurinos limitavam-se a ser
espaço usando luz, itens de decoração e todas as pos- meramente ilustrativos, representando apenas tipos
sibilidades técnicas que tiver em mãos. Mas ele não específicos de personagens que fossem de fácil enten-
trabalha sozinho: outros profissionais também estão dimento para o público. Era necessário que os figuri-
envolvidos com a cenografia, como o contrarregra, o nos tivessem entrançados na imagem do espetáculo,
cenotécnico e o iluminador. para que as cores em si contidas se harmonizassem
Todo espetáculo tem uma mensagem ou imagem com os restantes elementos cênicos.
a passar, e essa imagem pode influenciar profunda- Ao longo do século XX, o figurino estabelece-se
mente na percepção do público. Por mais que pare- como parte importante do espetáculo, acumulando
ça um detalhe que pode ser ignorado ou produzido novas funções. Neste século nasce a profissão de fi-
por conta própria, uma escolha como essa pode se gurinista. Este aparecimento deve-se ao facto de os
configurar em um erro grave, reduzindo o resultado textos teatrais se terem tornado mais complexos e
desejado. as personagens mais detalhadas ao nível psicológi-
co, sendo posta de parte a interpretação meramente
Figurino tipificada da personagem.
Nos dias de hoje, ainda é possível observar uma
É um elemento importante da linguagem visual fronteira na questão do gênero. A androginia é ainda
do espetáculo formado por, além das vestimentas, tabu no vestuário masculino e feminino, embora seja
pelos acessórios. O figurino auxilia na compreensão mais aceitável no segundo caso. A construção da ima-
do personagem, ele é carregado de simbologia e gem, tanto do homem como da mulher, ainda aparece
pode acentuar o perfil psicológico do personagem, muito ligada a estereótipos como o de que a mulher
objetivos e características da história. Os figurinos deve usar um vestido e o homem calças.
e acessórios utilizados em cena devem ser sempre Assim, o figurino tem duas funções básicas: a
coerentes com a época em que acontece a ação ou de ajudar o ator a “encontrar” a personagem e a de
com o simbolismo que o diretor queira dar a ela. O auxiliar no estabelecimento daquilo que irá ser o es-
figurinista é o responsável pelas roupas e acessórios petáculo, ou seja, o tema, a atmosfera de produção,
utilizados na peça teatral. o que é que vai estar em cena, quais serão as cores
centrais da peça e o que elas pretendem transmitir.

Maquiagem

Fonte: Artistas pela Graça

No universo ficcional, o figurino exerce a fun-


ção de narrar visualmente certas características da Cirque Du Soleil
personagem. A criação deste é feita na fase final da
produção após a definição estrutural do desenho da A maquiagem é parte da composição do espetá-
encenação (luz e cenário), de modo a realizar uma culo, é um instrumento fundamental que auxilia na
espécie de “vestimenta” final do espetáculo. criação do personagem e na transformação estética
Por seu intermédio, é possível criar uma lingua- dos atores. O maquiador atua junto com toda a pro-
gem através das formas, cores e texturas; transmitir a dução do espetáculo acompanhando sempre a con-
época em que a peça decorre e o seu contexto político cepção do mesmo, com vistas a ressaltar e/ou criar
e econômico; e indicar a região ou cultura da perso- elementos que ressaltem aspectos importantes para
nagem através do seu estilo. É possível afirmar que o a compreensão do personagem.

82
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O maquiador é o responsável pela pintura do rosto artistas circenses entre tantas outras formas de arte
ou do corpo dos atores e atrizes. a exprimirem emoções e o caráter simbólico de seus
A maquiagem é parte da composição do espetá- personagens. Variando entre criações realistas ou po-
culo, é um instrumento fundamental que auxilia na éticas, a maquiagem cênica pode ajudar a transmitir
criação do personagem e na transformação estética mensagens na cena, quando colocada de maneira
dos atores. forte e pertinente com o espetáculo.
Há indícios de que nos ritos religiosos ancestrais na A maquiagem pode estar diretamente ligada ao
Grécia nos cortejos em louvor ao deus pagão Dionísio, corpo, à pele do ator e pode potencializar sua ex-
os participantes usavam a borra do vinho no rosto ou pressividade além de aproximá-lo das características
passavam farinha ou argila branca, como um ato sim- �sicas e simbólicas da personagem. Quando o ator en-
bólico de semelhança ao deus, esses homens pintavam tende e tem domínio do que a maquiagem representa
o rosto, mas não havia uma consciência de que era para uma proposta cênica, pode dominar suas carac-
uma maquiagem ou o fazer teatral, e, sim, de entrar terísticas e acentuá-las em cena. As maiores variações
em contato com as divindades. Desta forma criavam são conforme a distância do público, necessidade de
pinturas diversas no rosto, com materiais extraídos da aproximação com o real ou destaque de estruturas
natureza, para conceber uma caracterização do que simbólicas propostas pela encenação. Reforçando as
acreditavam ser essas divindades, e assim, tornando características dos personagens, caracteriza e desca-
possível, através destas manifestações, um reconhe- racteriza indivíduos e possibilita a criação de seres
cimento e uma identificação entre divindades e seres diferentes, além de valorizar a interpretação através
humanos, viabilizando um contato com os deuses. dos traços expressivos.
Passado um tempo essa “maquiagem” desapa- Para o artista no palco a maquiagem é tão im-
rece com a construção dos grandes teatros, surgindo portante quanto a cenografia, o figurino, a luz, a
a partir de uma nova forma de comunicação entre o expressão corporal, o texto ou a emoção articulada
palco e a plateia, a máscara, que permite essa nova por um ator no momento do espetáculo. Todos estes
interação. elementos se unem para compor uma atmosfera de
A máscara é um acessório utilizado no teatro textos visíveis e invisíveis para o espectador.
até hoje, têm uma função primordial: a de chamar Estamos rodeados por imagens o tempo intei-
a atenção e aproximar o público, da ação teatral que ro em todos os lugares e nossa leitura do mundo é
está sendo apresentada. As máscaras expressivas são atravessada radicalmente pelas sensações produzi-
estilizadas e carregadas nos traços, formas, cores e das pelo que vemos. Na cena, o mesmo acontece. A
texturas, para chamar a atenção do público, sinteti- maquiagem pode caracterizar um personagem antes
zando ao máximo as informações contidas sobre o mesmo que o ator fale uma palavra ou execute qual-
caráter dos personagens. quer movimento”. (ANDRADE, 2017)
A máscara no teatro grego, - nos primórdios do
teatro ocidental, quando este surgiu no século VI a.C. Sonoplastia
como forma espetacular - era um elemento funda-
mental na encenação, com a função de ampliação
sonora e visual, potencializando o trabalho do ator em
cena através das suas expressões, e com o propósito
de fixar tipos que facilitavam identificação dos perso-
nagens pelo público. Desde o teatro grego antigo a
máscara já podia ser encarada como algo que ia além
de um mero adereço Jean Jacques Roubine afirma:
“A máscara acentua e esquematiza os traços do
rosto. Na dramaturgia grega ela assumia, ao que pare- Mesa de som
ce, uma tripla função: amplificação visual, permitindo
ao espectador mais distante uma apreensão satisfa- A sonoplastia é um som ou conjunto de sons
tória do personagem; ampliação sonora na medida que auxilia a enfatizar as cenas e ou as emoções dos
em que ela podia servir de auto falante; ampliação atores. O sonoplasta trabalha os elementos sono-
estética.” ros ajudando a envolver o público na construção de
Tudo começou assim, agora a maquiagem ar�s- imagens e sensações. As músicas e sons utilizados
tica é muito além de rápidas pinceladas para cobrir devem estar intimamente ligados ao que acontece
imperfeições da pele, ela se destaca como um dos im- na cena, o sonoplasta deve estudar o texto e depois
portantes elementos de criação da linguagem cênica acompanhá-lo passo a passo. O sonoplasta é aquele
e requer reflexão estética, pesquisa e elaboração. O que compõe e faz funcionar os ruídos e sons de um
trabalho com maquiagem auxilia atores, dançarinos, espetáculo teatral.

83
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A sonoplastia é de suma importância na atividade fica dentro dos espaços cênicos podendo compor um
teatral. O estudo de técnicas, teorias teatrais e princi- bom cenário.
palmente música é fundamental. Quanto às suas tare- O conhecimento técnico é indispensável para um
fas específicas, é necessário que o sonoplasta possua bom profissional da área. É preciso saber lidar com
um repertório musical minimamente diversificado, equipamentos, para se ter noção do ângulo para os
para que possa fazer de sua atividade um instrumento refletores, por exemplo, conhecer a cabine de controle
de ampliação do sentimento da cena. Lembrando-se de onde se pode acionar todos os itens do espetáculo.
sempre de que as músicas e sons utilizados devem Primeiramente se prepara o esboço, que são de-
estar intimamente ligados ao que acontece na cena, senhos que servem para materializar as ideias. Em
o sonoplasta deve acompanhar o texto passo a passo seguida, os esboços são repensados, até se tornarem
e estudá-lo também, a fim de desempenhar cada vez realidade de um projeto, virando o mapa de luz. Po-
mais satisfatoriamente sua tarefa. dendo criar atmosferas lindas dentro do espetácu-
É muito raro um espetáculo não ter música. Assim, lo como, por exemplo: se a peça é mais dramática,
o sonoplasta é o responsável pela criação, pesquisa, você utiliza uma velocidade x na cena. Se o ator está
gravação, finalização, sonorização e operação dos efei- em evidência, pode-se aumentar a luz. Dar sentido
tos sonoros e músicas que o espetáculo necessita. É a sentimentos e condições espirituais (ódio, prazer,
ele que, com criatividade e técnica, resolve os climas felicidade, amor, glória etc.) dos atores, atrizes e ele-
e efeitos propostos durante os ensaios ou rubricados mentos na atuação.
no texto. E mais: o sonoplasta apreende a ideia da Enfatizando alguns momentos primordiais na cena
concepção da montagem do diretor e participa do como até mesmo o clima do ambiente cênico (frio,
processo de criação do espetáculo. calor etc.). De tensão: referentes a momentos que
Fazer sonoplastia para teatro significa deixar a sugerem condições psicológicas de apreensão, deleite
música penetrar no espetáculo, compor uma criação etc. Isso tudo é possível com a mudança de cores,
ar�stica de tal forma que ela entre na cabeça e no dando es�mulo visual referente a efeitos de ilumina-
coração do público sem que ele se dê conta. ção que provocam efeitos na retina do espectador.
A utilização da iluminação é mais um elemento
Iluminação cênico. Os objetos de cena, adereços, maquiagens,
figurinos e cenários, na maioria das vezes precisam
ser testados com a luz para não dar uma alusão ines-
perada para o espetáculo. Nesse sentido, a sombra
também se torna uma linguagem plástica e como já
podemos entender a luz transforma todos os elemen-
tos da cena se tornando uma ferramenta de auxílio
que, por instantes, pode até virar protagonista de um
espetáculo.
(Elaborado por: LOGATTI, Maria Caroline. Apostila de LGG
– 1ª série – 1º Bimestre. Goiânia: SEDUC, 2022.

A iluminação pode dar ênfase a certos aspectos


do cenário, pode estabelecer relações entre o ator
e os objetos, pode enfatizar as expressões do ator,
pode limitar o espaço de representação a um círculo
de luz e muitos outros efeitos. A iluminação é muito
importante para o teatro, pois através dela podemos
ambientar a cena e ampliar as emoções nela explora-
das. É fundamental que o iluminador conheça bem o
texto e as marcações cênicas determinadas pelo dire-
tor do espetáculo. O iluminador é aquele que concebe
e planeja a colocação das luzes em uma peça teatral.
O trabalho com luz na arte já vem desde o teatro
grego, onde a luz era exclusivamente natural, os es-
petáculos iniciavam com o nascer do sol e, às vezes,
avançavam à noite. Esses artistas utilizavam da criati-
vidade e buscavam sempre a luz para poder produzir;
indo atrás de locais com luzes abundantes e auxílio
do fogo para fazer suas produções. Hoje em dia a luz

84
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR Mas quanto do passado é lembrado pelos cris-
ENSINO RELIGIOSO tãos? Sem dúvida os últimos dois milênios, marcados
também por disputas de doutrinas, divisão de igrejas,
EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM episódios de violência, excomunhões, pronunciamen-
Conhecer e inferir sobre a função política e social tos papais e vários debates meta�sicos, todos orbi-
das Tradições Religiosas e as exigências da socie- tando em torno da comunhão.
dade democrática. Mas nós podemos ir ainda mais para trás no tem-
po, para o desenvolvimento das tradições orais que
EIXO TEMÁTICO foram fixadas em textos que incorporaram o Novo
Textos Sagrados e/ou Culturas Orais. Testamento. E podemos retroceder ainda mais, muito
Tema: Sociologia da Tradição Religiosa. antes do surgimento do Cristianismo. Afinal de con-
Como a religião se organiza e sua evolução histórica. tas, Jesus era judeu e seu ato de partir o pão com
A função política das ideologias religiosas e a cons- os discípulos nos lembra da história inteira do povo
trução da cidadania. judeu, incluindo sua fuga da escravidão egípcia e o
O Papel dos líderes religiosos na estruturação das recebimento do Torah no Sinai.
religiões. É possível, porém, ir ainda mais longe. Qualquer
A importância dos textos Sagrados e/ou culturas refeição religiosa é, antes de mais nada, uma refeição.
orais na construção das ideologias religiosas. É um ato de compartilhar uma mesa, certamente um
ritual importante no Antigo Oriente. O sêder (jantar
OBJETO DE CONHECIMENTO cerimonial judaico em que se recorda a libertação do
O fanatismo, radicalismo, fundamentalismo e a in- povo de Israel), e depois a comunhão, foram «apro-
tolerância ferem o respeito à diversidade religiosa priados» teológica e liturgicamente, mas os senti-
e a convivência democrática. mentos positivos sobre compartilhar uma refeição
já estavam lá. Esses sentimentos existem desde a
emergência dos humanos modernos, há 200 mil anos.
COMO A RELIGIÃO SE ORGANIZA E SUA EVO-
LUÇÃO HISTÓRICA

Como e por que as religiões evoluíram

Brandon Ambrosino

O compartilhamento de comida é comum em várias religiões


antigas - e pode refletir algumas preocupações pré-históricas

E, ainda assim, o homo sapiens não foi a única es-


pécie a descobrir os bene�cios do compartilhamento
de comida. Os neandertais certamente compartilha-

vam seus recursos, por exemplo.
A religião é um fenômeno corporal porque a ma-
“Pense em caçadores e coletores comendo”,
neira religiosa de existência evoluiu por milhões de
me disse um de meus professores de teolo-
anos conforme os corpos de nossos ancestrais inte-
gia quando comecei a me perguntar sobre a
ragiam com outros corpos ao seu redor”
profunda história evolucionária por trás da
eucaristia. “Os caçadores se orgulhavam de
“Este é o meu corpo.”
ter se dado bem e compartilhavam com sua
família, os que preparavam a comida são re-
“Essas palavras, gravadas nos testamentos como
conhecidos e apreciados, todas as barrigas
tendo sido pronunciadas por Jesus durante a Última
ficam cheias e todos se sentem bem. Surgem
Ceia, são ditas diariamente em igrejas do mundo todo
diversas interações sociais positivas. Não é à
antes da comunhão. Quando cristãos ouvem essas
toa que tanto conteúdo mitológico é constru-
palavras faladas no presente, somos lembrados do
ído em torno da comida.”
passado, que está sempre conosco.

85
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Mas o compartilhamento de comida precede nos- Dunbar acredita que essa é uma maneira limitada de
sos ancestrais humanos e é observada em chimpanzés estudar o fenômeno porque “ignora completamente o
e bonobos. Aliás, um artigo recentemente publicado fato de que a maior parte das religiões da história hu-
documentou uma pesquisa sobre bonobos dividindo mana tiveram um outro formato, de estilo xamânico,
comida com bonobos de fora de seu grupo social. Bar- que não tinha deuses nem códigos morais”. (Dunbar
bara Fruth, uma das autoras do estudo, disse à revista se refere a xamânico no sentido de religiões cujas ex-
digital Sapiens que a divisão de comida “deve ter ori- periências geralmente envolvem êxtase e viagem até
gem no nosso último ancestral em comum”. Com base mundos espirituais). Enquanto esses formatos basea-
no relógio molecular, o último ancestral em comum dos na teologia têm apenas alguns poucos milhares de
de humanos e macacos viveu há 19 milhões de anos. anos e características de sociedades pós-agricultoras,
Quando eu ouço as palavras “este é meu corpo”, Dubar afirma que os modelos xamânicos têm mais de
minha mente imediatamente me leva para uma linha 500 mil anos. São característicos de comunidades de
da evolução humana. coletores e caçadores, diz ele.

Religião profunda

Comecei este texto com uma discussão sobre a eu-


caristia porque minha tradição religiosa em particular
é a cristã. Mas o argumento que estou fazendo - que
as experiências religiosas têm histórias muito espe-
cíficas e longas - poderia ser feito com a maioria dos
fenômenos religiosos. Isso é porque, nas palavras do
sociólogo Robert Bellah, “nada é perdido”. A história
vai até o fim da linha para trás, e quem, como e onde
estamos agora é o resultado de seu desenrolar. Qual- Seguidores da Igreja Batista de Nazaré escalam a Montanha
quer fenômeno humano que existe é um fenômeno sagrada de Nhlangakazi. Crenças e rituais religiosos ajudam a
humano que se tornou o que é. Não há uma religião unir grupos de pessoas
menos verdadeira.
Se nós formos pensar sobre a profunda história Se queremos entender como e por que a religião
da religião, precisamos ser claros sobre que religião é evoluiu, Dunbar diz que precisamos começar exami-
essa. Em seu livro O Bonobo e o Ateu, o primatologista nando as religiões “descascando os acréscimos cultu-
Frans de Waal conta uma história engraçada sobre sua rais”. Nós precisamos focar menos em questões sobre
participação em um painel da Academia Americana grandes deuses e crenças e mais nas capacidades que
da Religião. Quando um participante sugeriu que eles surgiram entre nossos antigos ancestrais que permiti-
começassem definindo o que é religião, alguém co- ram a eles criar uma maneira religiosa de estar junto.
mentou que, da última vez que tentaram fazer isso,
“metade da audiência raivosamente deixou o local”. “E Adaptação ou subproduto?
isso em uma academia com esse nome!”, disse Waal.
Ainda assim, precisamos começar de algum lugar, Afinal de contas, todas as sociedades têm algum
tipo de religião. “Não há exceção para isso”, diz Waal.
então Waal sugere a seguinte definição: “a reverência
Há duas grandes perspectivas sobre o motivo
compartilhada ao sobrenatural, sagrado ou espiritu-
disso. Uma é chamada funcionalismo ou adaptacio-
al, assim como os símbolos, rituais e adoração asso-
nismo: a ideia de que a religião tem bene�cios evo-
ciados”. A definição de Waal ecoa outra dada pelo
lucionários positivos, que mais frequentemente são
sociólogo Émile Durkheim, que também enfatizou
definidos em termos de sua contribuição para a vida
a importância das experiências compartilhadas que
em grupo. Como diz Waal: “se todas as sociedades
“unem uma comunidade moral”.
têm religião, deve ter um propósito social”.
A importância da experiência compartilhada não
Outros adotam a visão de que a religião é um “span-
pode ser desconsiderada já que, na história que es-
drel”, um subproduto de processos evolucionários. A
tamos contando, a evolução da religião humana é
palavra “spandrel” aqui se refere a um formato arqui-
inseparável da cada vez maior sociabilidade da linha
tetônico que é um cruzamento entre arcos e o teto. A
hominídea. Como diz Bellah, a religião é uma maneira
religião, segundo essa interpretação, é como um órgão
de ser. Nós também podemos encará-la como uma
obsoleto. Talvez foi um fator de adaptação nos ambien-
maneira de sentir, uma maneira de sentir juntos.
tes em que originalmente se desenvolveu, mas, neste
Enquanto boa parte dos estudos cien�ficos so-
ambiente em que vivemos, não se adapta mais.
bre religião serem sobre religiões com uma doutrina
Ou talvez as crenças religiosas sejam o resultado
com base teológica, o psicólogo evolucionário Robin
de mecanismos psicológicos que evoluíram para re-

86
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
solver problemas ecológicos não relacionados com Jonathan Turner, autor do livro A Emergência e Evo-
religião. De qualquer forma, a evolução não aspirava lução da Religião. Isso levou Turner ao que ele consi-
criar a religião, ela surgiu conforme a evolução bus- dera a pergunta de US$ 1 milhão: “como a seleção de
cava outras coisas. Darwin trabalhou na neuroanatomia dos hominídeos
Enquanto pessoas de ambos lados do debate para fazê-los mais sociais para que eles pudessem ge-
têm seus motivos, não parece útil definir a evolução rar conexões sociais para formar grupos? Isso não é
da religião em termos preto no branco. Algo que foi algo natural para macacos”.
meramente um subproduto de um processo evolu- Nossa linha de macacos evoluiu do nosso último
cionário pode muito bem ter sido usado por seres ancestral comum há 19 milhões de anos. Os orango-
humanos para alguma função ou para resolver um tangos se separaram entre 13 e 16 milhões de anos
problema específico. atrás e o gorila entre 8 e 9 milhões. A linha do homi-
nídeo se dividiu em duas entre 5 e 7 milhões de anos
atrás, com uma das linhas levando aos chimpanzés e
bonobos e outra até nós. Nós, humanos modernos,
compartilhamos 99% dos nossos genes com chim-
panzés - o que significa que somos os macacos mais
próximos da linha inteira.
As semelhanças entre humanos e chimpanzés são
bem conhecidas, mas uma diferença importante tem
a ver com tamanho do grupo. Chimpanzés, em mé-
dia, conseguem manter um grupo de 45 elementos,
diz Dunbar. “Parece que esse é o maior tamanho de
Fiéis muçulmanos fazem suas orações da tarde (Isha) na Caba. grupo que pode ser mantido por aliciamento”, diz ele.
Emoções como reverência, lealdade e amor são centrais para O tamanho médio de um grupo humano é de 150, co-
muitas celebrações religiosas
nhecido como “o número de Dunbar”. O motivo disso,
segundo ele, é que os humanos têm a capacidade de
Isso pode ser verdade para muitos comporta-
chegar a ter três vezes mais contatos sociais do que os
mentos - incluindo música - mas a religião apresenta
chimpanzés devido uma certa quantidade de esforço
um quebra-cabeça particular, já que frequentemente
social. A religião humana vem dessa capacidade maior
envolve comportamentos extremamente custosos,
de sociabilidade. Como?
como altruísmo e, às vezes, até autossacri�cio.
Como nossos ancestrais símios se mudaram de
Por esse motivo, alguns teóricos como Dunbar
habitats de florestas para ambientes mais abertos,
argumentam que nós devemos também olhar além
como as savanas no leste e sul da África, as pressões
do indivíduo: para a sobrevivência do grupo.
de Darwin agiram sobre eles para torná-los mais so-
Isso é conhecido como seleção de múltiplos níveis,
ciáveis e assim ter maior proteção de predadores e
que “reconhece que bene�cios de saúde podem às
um melhor acesso a comida. Também tornou mais
vezes ter efeitos em nível de grupo, em vez de ser
fácil achar um parceiro. Sem a habilidade de manter
apenas o produto direto de ações individuais”, define
novas estruturas - como pequenos grupos de cinco ou
Dunbar.
seis chamados famílias nucleares - esses macacos não
Um exemplo é a caça coletiva, que permite que
teriam sido capazes de sobreviver, segundo Turner.
grupos cacem mais do que qualquer membro conse-
guiria caçar individualmente. Caçar coletivamente sig-
nifica mais para mim, mesmo que eu tenha que dividir
a carne (já que o animal sendo dividido já é maior do
que qualquer coisa que eu conseguiria caçar sozinho).
Não há uma história da religião de uma criatura
individualmente. Nossa história é sobre nós.

Sentimentos primeiro

Se queremos entender religião, então precisamos


olhar para nossa história profundamente para enten- Sentimentos religiosos complexos muitas vezes são a combinação
der como nossos ancestrais humanos evoluíram para de muitas emoções. A reverência, por exemplo, é uma mistura
viver em grupos em primeiro lugar. de medo e felicidade
Nós somos, afinal de contas, descendentes de
uma longa linha de hominídeos com “laços sociais Então como a natureza realizou esse processo de
fracos e sem estruturas de grupo permanentes”, diz socialização? Turner diz que a chave não está no que

87
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
tipicamente entendemos como inteligência, mas com A reverência, que está muito presente na religião, é
as emoções, que foram acompanhadas por algumas a combinação de medo e felicidade. Elaborações de
mudanças importantes na estrutura do nosso cére- segunda ordem são ainda mais complexas e ocor-
bro. Ele afirma que as alterações mais importantes reram na evolução do Homo erectus (1,8 milhão de
têm a ver com as partes subcorticais do cérebro, o anos atrás) para Homo sapiens (cerca de 200 mil anos
que deu aos hominídeos a capacidade de sentir um atrás). Culpa e vergonha, por exemplo, duas emoções
leque mais amplo de emoções. Essas emoções a mais cruciais para o desenvolvimento da religião - e são a
promoveram a conexão, uma conquista crucial para combinação de tristeza, medo e raiva.
o desenvolvimento da religião.
O processo de melhoramento da região subcor-
tical a que Turner se refere data de 4,5 milhões de
anos atrás, quando o primeiro Australopitecos sur-
giu. Inicialmente, a seleção aumentou o tamanho de
seus cérebros em 100 cen�metros cúbicos (cc) além
do cérebro dos chimpanzés, para cerca de 450 cc (no
Australopitecos afarensis). Para fazer uma compara-
ção, isso é menor nos hominídeos mais recentes - o
Homo habilis tinha uma capacidade cranial de 775 cc,
enquanto o Homo erectus tinha uma um pouquinho
maior, de 800-850. Os humanos modernos, por outro Muçulmanos da Cashemira celebram o Eid-e-Milad-un-Nabi, o
lado, tem um cérebro muito maior do que qualquer um aniversário do profeta
desses, com uma capacidade cranial de até 1.400 cc.
Mas esse tamanho cerebral menor não significa É di�cil imaginar a religião sem a capacidade
que nada estava acontecendo no cérebro do hominí- de experienciar essas elaborações emocionais pelo
deo. Turner diz que o tamanho do cérebro não reflete mesmo motivo que é di�cil imaginar grupos sociais
o melhoramento subcortical que estava acontecendo próximos sem elas: essa paleta emocional nos une
entre o surgimento do Australopitecíneo (cerca de 4 uns aos outros num nível visceral. «As solidariedades
milhões de anos atrás) e do Homo erectus (1,8 mi- humanas só são possíveis por excitações emocionais
lhão de anos atrás). “Está na história de como esses que estão ligadas a emoções positivas - amor, felici-
mecanismos [subcorticais] evoluíram que as origens dade, satisfação, cuidado, lealdade - e a mitigação
da religião podem ser descobertas.” do poder das emoções negativas, ou ao menos de
Apesar do neocórtex dos humanos ser três vezes algumas emoções negativas», diz Turner. «E uma vez
o tamanho da dos macacos, o subcórtex é apenas que essas novas valências de emoções positivas são
duas vezes maior - o que leva Turner a acreditar que o neurologicamente possíveis, elas podem se tornar in-
aprimoramento das emoções dos hominídeos estava terligadas com rituais ou outros comportamentos que
em curso antes que o neocórtex começasse a crescer geram emoções para aumentar as solidariedades e,
para o tamanho humano atual. eventualmente, produzir noções de deuses poderosos
Como a natureza conseguiu isso? Você provavel- e forças sobrenaturais.»
mente já ouviu falar sobre as chamadas quatro emo- Sem querer pular muito para frente, é importan-
ções primárias: agressão, medo, tristeza e felicidade. te entender como alguns sentimentos cruciais estão
Qual sua primeira impressão sobre essa lista? Três das presentes na evolução da religião. Não havia qual-
emoções são negativas. Mas a promoção da solidarie- quer diferença entre sentimentos religiosos e outros
dade demanda emoções positivas - então a seleção sentimentos. “É um argumento para o materialismo”,
natural teve que encontrar uma maneira de “desligar” escreveu ele em um artigo, “aquela água fria na cabe-
as emoções negativas e aumentar as positivas, diz ça de repente, um estado de espírito análogo a esses
Turner. As capacidades emocionais dos grandes ma- sentimentos, que podem ser considerados realmen-
cacos (principalmente os chimpanzés) já eram mais te espirituais. Se isso é verdade, então isso significa
elaboradas que as de muitos outros mamíferos, então que as causas dos sentimentos religiosos podem ser
a seleção natural já tinha uma boa base para começar identificadas e estudadas assim como qualquer outro
o trabalho. sentimento».
Nessa altura de seu argumento, Turner introduz
o conceito de elaborações de primeira e segunda or- Ritual
dem, que são emoções que resultam de combinações
de duas ou mais emoções primárias. Então, por exem- Como a seleção trabalhou em estruturas cerebrais
plo, a combinação de felicidade e raiva gera vingan- existentes, aumentando capacidades emocionais e in-
ça, enquanto a inveja é resultado de raiva e medo. terpessoais, algumas propensões a comportamentos

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
de primatas começaram a evoluir. Entre elas estão: a As origens do ritual estão no que Bellah chama de
habilidade de ler olhares e rostos e imitar gestos fa- “brincadeira séria” - atividades feitas sem uma razão,
ciais, várias capacidades para sentir empatia, a habili- que podem não servir imediatamente à sobrevivência,
dade de ficar emocionalmente excitado em contextos mas que têm “uma potencialidade muito grande de
sociais, a capacidade de fazer rituais, um sentimento desenvolver mais capacidades”. Esse ponto de vista
de reciprocidade e justiça e a habilidade de se en- se encaixa com várias teorias da ciência do desen-
xergar como parte de um ambiente. Um aumento volvimento, que mostram que atividades de lazer
na paleta emocional disponível para os macacos re- são muitas vezes cruciais para o desenvolvimento de
sultaria em um aumento de todas essas capacidades habilidades importantes como teoria da mente ou
comportamentais, segundo Turner. análise contrafactual.
Apesar de muitos, se não todos, desses compor- A brincadeira, nesse sentido evolucionário, tem
tamentos terem sido documentados em macacos, eu muitas características únicas: precisa ser perfomada
quero concentrar em dois deles - ritual e empatia - “em um lugar relaxado” - quando o animal está ali-
sem os quais a religião seria impensável. mentado e saudável e não estressado (por isso que
Em uma gravação de arquivo, a primatologista e é mais comum em espécies com maior cuidado pa-
antropóloga Jane Goodal descreve a dança da cacho- rental). A brincadeira também acontece em saltos:
eira que foi observada em chimpanzés. Vale a pena tem um começo e um fim claros. Entre cachorros,
citar seus comentários aqui: por exemplo, a brincadeira é iniciada com uma re-
verência. A brincadeira envolve um senso de justiça,
“Quando os chimpanzés se aproximam, eles ou ao menos igualdade: animais grandes precisam se
ouvem esse som estrondoso e você vê que colocar em desvantagem para não machucar animais
seus cabelos ficam um pouco em pé e eles menores. Além disso, a brincadeira envolve o corpo.
se movimentam com maior rapidez. Quando
chegam lá, eles ficam se balançando ritmica-
mente, geralmente em pé, pegando pedras
grandes e as jogando por uns 10 minutos. Às
vezes, agarram cipós e se balançam até onde
há borrifadas de água e eles ficam na água,
que geralmente evitam. Depois, você os verá
sentados em uma pedra que realmente fica na
correnteza, olhando para cima, observando a
água conforme ela cai e então assistindo a ela
correr e desaparecer”. Eu não consigo evitar
a sensação de que essa dança é provocada Judeus ultraortodoxos participam de um ritual Tashlich, durante
pelo sentimento de reverência e espanto que o qual os pecados são jogados na água para os peixes
sentimos.”
Agora compare isso ao ritual, que é performado
O cérebro do chimpanzé é como o nosso: eles têm e que envolve o corpo. Rituais começam e terminam.
emoções que são claramente similares ou as mesmas Eles envolvem intenções e atenções compartilhadas.
que as que chamamos de felicidade, tristeza, medo, Há regras envolvidas. Eles acontecem em um horário
desespero e assim por diante - suas habilidades in- durante um certo tempo - além do tempo do cotidia-
telectuais incríveis que costumamos pensar que são no. (Pense, por exemplo, em um jogo de futebol no
únicas a nós. Então por que eles não teriam sentimen- qual a bola não pode ser pega além dos limites e o
tos de algum tipo de espiritualidade, que é se sentir tempo pode ser pausado. Nós regularmente partici-
impressionado por coisas maiores que você mesmo? pamos de modos de realidade nos quais consciente-
Goodall observou um fenômeno parecido acon- mente “saímos do mundo real”. A brincadeira tam-
tecer durante uma chuva pesada. Essas observações bém permite que façamos isso). O mais importante
levaram a pesquisadora a concluir que os chimpanzés de tudo, diz Bellah, é que a brincadeira é uma prática
são tão espirituais quanto nós. “Eles não conseguem em si mesma e “não algo com um fim externo”.
analisar, não falam sobre, não podem descrever o Bellah chama o ritual de “forma primordial de
que sentem. Mas você sente que está tudo trancado brincadeira séria na história da evolução humana”,
dentro deles e a única maneira de expressar isso é o que significa que o ritual é o um aprimoramento
através dessa fantástica dança rítmica.” Além dessas das capacidades que tornam a brincadeira possível na
demonstrações que Goodall descreve, outros obser- linha mamífera. Há uma continuidade entre as duas.
varam demonstrações carnavalescas, sessões de ba- E, por mais que Turner reconheça que pode ser um
teria e vários rituais de gritos. pouco forçado se referir a uma dança da cachoeira de

89
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
chimpanzés como um ritual com R maiúsculo, é possí- da? “Chamar isso de egoísta porque no final essas
vel afirmar que “essas propensões comportamentais tendências sociais têm bene�cios?”. Para de Waal,
ritualísticas sugerem que parte do que é necessário isso é esvaziar o sentido da palavra egoísta.
para o comportamento religioso faz parte do genoma Sim, é claro que há sensações prazerosas associa-
dos chimpanzés e, portanto, dos hominídeos”. das com a ação de dar algo ao outro. Mas a evolução
produziu sensações prazerosas para comportamentos
Empatia que precisamos performar, como fazer sexo e comer. O
mesmo é verdade para o altruísmo, diz Waal. Isso não
O segundo traço que consideramos é empatia, altera fundamentalmente o que o comportamento é.
que não está primariamente na cabeça. Está no corpo Manter uma linha tão dura entre altruísmo e ego-
- ao menos é onde ela é iniciada. Segundo Waal, co- ísmo, portanto, é na melhor das hipóteses ingênuo e,
meça “com a sincronização de corpos, correr quando na pior, mentiroso. E nós podemos ver o mesmo com
outros correm, rir quando outros riem, chorar quando discussões de normas sociais. Filósofos como David
outros choram ou bocejar quando outros bocejam”. Hume distinguiram o que um comportamento “é” e o
que “deve ser”, o que virou a base para a deliberação
ética. Um animal pode performar o comportamento
x, mas ele faz isso porque ele sente que deveria - por
causa de uma norma?
Essa é uma distinção que Waal encontrou ao fa-
lar com filósofos segundo os quais nenhuma dessas
observações de empatia ou moralidade nos animais
podem determinar se eles têm ou não regras. De Waal
discorda, argumentando que os animais reconhecem
normas.
Há exemplos simples, como uma teia de aranha ou
Monges budistas lançam lanternas ao céu durante o festival Yee um ninho. Se você causar algum dano a eles, o animal
Peng em Chiang Mai. O ritual simboliza a liberação de bondade vai reparar rapidamente porque eles têm regras sobre
e benevolência
como ninhos e teias devem funcionar e que aparência
devem te. Ou eles abandonam o objeto ou começam
A empatia é absolutamente central para o que
de novo e consertam. Os animais são capazes de ter
chamamos de moralidade, diz Waal. “Sem empatia,
objetivos e de se esforçar para realizá-los. No mundo
você não tem moralidade humana. Ela nos torna in-
social, se eles brigam, em seguida se reúnem e tentam
teressados nos outros. Nos faz ter participação emo-
reparar o prejuízo. Eles tentam voltar a um estado.
cional.” Se a religião, segundo nossa definição, é uma
Eles têm normas sobre como essa distribuição deve
maneira de estar junto, então a moralidade, que nos
ser. A ideia de que normatividade é restrita aos hu-
instrui sobre as melhores maneiras de estar junto, é
manos não é correta.
uma parte intrínseca disso.
No livro O Bonobo e o Ateu, Waal diz que os ani-
De Waal foi criticado ao longo dos anos por ofere-
mais parecem possuir um mecanismo para reparação
cer uma interpretação cor de rosa de um comporta-
social. “Cerca de 30 diferentes espécies de primatas
mento animal. Em vez de ver o comportamento animal
se reconciliam após brigas e essa reconciliação não é
como altruísta e, portanto, advindo de um senso de
limitada aos primatas. Há evidências desse mecanis-
empatia, nós deveríamos, segundo esses cientistas, ver
mo em hienas, golfinhos, lobos e cabras domésticas.”
esse comportamento como ele é: egoísmo. Os animais
Ele também achou evidências de que os animais
querem sobreviver, ponto. Qualquer ação que eles to-
“ativamente tentam preservar a harmonia em sua
mem precisa ser interpretada nesse ponto de vista.
rede social ao se reconciliar após o conflito, pro-
O pesquisador, no entanto, acredita que essa é
testando contra divisões desiguais e acabando com
uma maneira enganosa de falar sobre altruísmo. “Nós
brigas entre si. Eles se comportam normativamente
vemos que os animais querem dividir a comida mesmo
no sentido de correção, ou tentativa de correção de
que isso tenha um custo. Nós fazemos experimentos e
desvios de um estado ideal. Eles também demonstram
a conclusão geral é que a primeira reação dos animais
autocontrole emocional e antecipação de resolução
é ser altruísta e cooperativo. Tendências altruísticas
de conflito para evitar esse tipo de desvio. Isso faz
são muito naturais para muitos mamíferos.”
com que a diferença entre o comportamento primata
Mas não seria isso autopreservação? Os animais
e a moral humana não seja tão grande como pensado
não estariam agindo de acordo com seus interesses
anteriormente”.
próprios? Se eles se comportam de uma maneira que
Obviamente existe uma diferença entre repara-
pareça altruísta, não estariam eles apenas se prepa-
ção social primata e a institucionalização de códigos
rando para um momento em que precisarão de aju-

90
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
morais centrais no coração das sociedades modernas “este é meu corpo”, eu não deveria ignorar o fato de
humanas. Mesmo assim, diz de Waal, todos esses “sis- que a comunhão é sobre corpos - o meu, o seu, o
temas morais humanos usam tendências primatas”. nosso. A religião é um fenômeno corporal porque a
Quão longe essas tendências vão? Provavelmente, maneira religiosa de existência evoluiu por milhões
assim como as capacidades que permitiram a brinca- de anos conforme os corpos de nossos ancestrais in-
deira (e consequentemente o ritual), até o surgimento teragiam com outros corpos ao seu redor. Se alguém
do cuidado parental. “Durante 200 milhões de anos toma a comunhão ou se considera religioso, nós es-
de evolução mamífera, fêmeas preocupadas com suas tamos navegando nossos mundos sociais com nossas
crias se reproduziram mais do que as frias e distantes”, capacidades evoluídas de brincar, empatizar e celebrar
diz de Waal. É claro que o cuidado com a cria é um rituais entre nós.”
comportamento visto em espécies de peixes, croco-
dilos e cobras, mas as capacidades de cuidado dos ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
mamíferos representam um salto gigante na história
da evolução. “As organizações religiosas estão relacionadas aos
princípios fundacionais, legitimando a intenção origi-
O começo da religião nal do fundador e os seus preceitos. Elas estabelecem
fundamentos, normas e funções, a fim de compor os
As religiões de hoje podem parecer muito dis- elementos mais ou menos determinados que unem
tantes da brincadeira entre mamíferos e da empatia os adeptos religiosos e definem o sistema religioso.
que surgiram no nosso passado distante, e, de fato, a As organizações religiosas compõem os sistemas
religião institucionalizada é muito mais avançada que religiosos de modo institucionalizado. Assim, serão
uma dança da cachoeira. Mas a evolução nos ensina tratados como conteúdos as principais características,
que fenômenos complexos e avançados se desenvol- estruturas e dinâmica social dos sistemas religiosos
vem a partir de começos simples. Como Bellah nos que expressam as diferentes formas de compreensão
lembra, nós não viemos de lugar nenhum. “Nós es- e de relações com o Sagrado.” (PARANÁ, 2008)
tamos imersos em uma profunda história biológica e
cosmológica”. O LÍDER NAS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
Conforme a linha do macaco evoluiu do nosso
último ancestral comum em ambientes mais abertos, Andréa do Rocio Nizer Siqueira
foi necessário pressionar macacos, que preferem viver
sozinhos, a formar estruturas sociais mais permanen- “Líder já nasce pronto? Ou se constrói?
tes. A seleção natural foi capaz de realizar essa impres-
sionante proeza ao aprimorar as paletas emocionais Qual o papel do líder em um grupo social?
que há muito tempo estavam disponíveis aos nossos Como as pessoas se tornam líderes?
ancestrais. Com um leque mais amplo de emoções, Qual o papel do líder na organização religiosa?
o cérebro do hominídeo foi capaz de aprimorar suas
capacidades, algumas das quais naturalmente os le- A organização religiosa é formada por um deter-
varam a uma maneira religiosa de existir no mundo. minado grupo social que participa da mesma crença,
Como essas capacidades são mais desenvolvidas com possuem valores e significados comuns. Sua finalida-
o crescimento do cérebro humano e o desenvolvimen- de é conservar a tradição, praticar a palavra sagrada
to do neocortex, comportamentos como brincadeira e apresentar para quem não conhece sua estrutura
e rituais entraram uma nova fase no desenvolvimento religiosa, nos seus ritos, nos seus símbolos, na sua hie-
hominídeo, transformando a matéria bruta a partir rarquia etc. Para que a organização religiosa conserve
da qual a evolução começaria a institucionalizar a sua tradição ao longo da história, ela necessita passar
religião. pelo processo de legitimação, que pode ser definida
Apesar dessa história não determinar quem so- através dos seguintes elementos: fundamentação,
mos - para cada nova fase na história da vida há um preservação e funcionamento. A fundamentação
poder maior de agência - essa história biocosmológica auxilia na legitimação da instituição religiosa onde
influencia tudo que fazemos e como somos. Até a mais se formulam todos os dogmas e doutrinas da religião
aparentemente autônoma decisão humana é tomada em sua estrutura, preceitos, papéis e mecanismos.
dentro de uma história. Essa é a ideia por trás disso Após a fundamentação, a religião passa pelo processo
tudo. É isso o que temos mantido em mente confor- de preservação da instituição. Nela são estabelecidas
me voltamos para as sementes evolucionárias que regras, leis e normas para o funcionamento e con-
floresceriam - de maneira muito devagar - na religião vivência dentro da instituição religiosa. Por último
humana. acontece o funcionamento que estabelece os papéis
Apesar de interpretar teologicamente as palavras de cada membro dentro da instituição religiosa, com

91
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
seus direitos e deveres religiosos, é nesse processo AS PESSOAS, A RELIGIÃO E O SAGRADO
que nascem os líderes religiosos. A partir do momen- Devemos ter respeito pelas mais diversas religi-
to em que é institucionalizada, esses elementos dão ões. Vivemos em um regime democrático, em uma
significado à organização religiosa. Ou seja, a sequên- sociedade plural e sob um Estado laico. A Constituição
cia: carisma, rotina e instituição permite um percurso Nacional, no seu Art. 5º, capítulo I, inciso VI, diz: “é
possível e comum às religiões, que começam a partir inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
do carisma e tornam-se institucionalizadas.” do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantido, na forma da lei, a proteção aos locais de
“Institucionalização das religiões segue lado culto e as suas liturgias” (BRASIL, 1988). Geralmente,
a lado com a institucionalização das culturas, ou seguimos a religião de nossa família, mas podemos
seja, tem relação com capacidade dos grupos de optar por uma nova. A liberdade de religião foi conse-
codificar significados culturais e fixar papéis sociais. guida com muitas lutas e sofrimentos. A intolerância
Essa capacidade remonta às primeiras formas de religiosa causou e causa muitos conflitos e guerras
organização social da humanidade, quando cria violentas que são travadas em nome de uma determi-
os primeiros códigos de comunicação, a começar nada crença religiosa. Os exemplos são vários: entre
pelo código linguístico que propicia a formulação judeus e cristãos, entre cristãos e islâmicos, as milha-
dos mitos de origem e das tradições e, ao mesmo res de mortes produzidas pela Inquisição (da Igreja
tempo, introduz diferenciações entre membros”. Católica) contra os considerados hereges, as guerras
(PASSOS, 2006, p. 53) entre católicos e protestantes nos séculos XVI e XVII
em consequência da Reforma Religiosa, entre outras.
“O líder religioso tem a função de preservar e
A intolerância religiosa também se expressa em con-
de repassar os ensinamentos religiosos, ele é con-
flitos cotidianos, quando se menospreza pessoas por
siderado o guardião, aquele que é responsável em
não pensarem religiosamente do mesmo modo. Não
transmitir a palavra sagrada que deve ser preserva-
vivemos isolados, vivemos em sociedade e estamos
da e repetida, sem traí-la nas suas originalidades.
em contato com as mais diversas culturas do mun-
Assim, “o grupo é capaz, de repetir a tradição rece-
bida do líder e transmiti-la de geração a geração”. do. Atualmente, vemos culturas destruídas e povos
(PASSOS, 2006, p. 54). dominados pela ignorância de outros, com culturas
diferentes e economicamente mais fortes. Há muitas
A partir do momento que algumas pessoas pas- religiões que guardam muitas aproximações entre si.
sam a seguir determinado líder religioso e a se iden- O desconhecimento, a ignorância a respeito dessas
tificar com sua mensagem, surgem as religiões pro- afinidades, é uma das causas do desrespeito e intole-
priamente ditas. rância. Por isso, faz-se necessário conhecer diferentes
O líder geralmente apresenta algumas caracte- religiões e culturas para que possamos respeitá-las e
rísticas que são de caráter: carismático, tradicional e vivermos em paz.”
racional. Ele pode possuir todas ou apenas uma destas
características, ou ainda, a combinação delas.” O SAGRADO FEMININO NAS RELIGIÕES

AS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS Borres Guilouski


Carlos Alberto Chiquim
Isabel Helena Novaes Nogara Diná Raquel Daudt da Costa
Emerli Schlögl
“É SAGRADO PORQUE EU RESPEITO, OU EU RES-
PEITO PORQUE É SAGRADO? “Resgatar o sagrado feminino é tornar possível
o equilíbrio entre os aspectos masculino e feminino,
As diferentes religiões do mundo oferecem um é reconhecer a importância da mulher nos diversos
sistema de significados complexos, sustentados por âmbitos da vida social, política, cultural e religiosa. A
mitos, ritos, normatizações e funções que configu- mulher tem o direito de exercer junto com o homem
ram uma organização social com base em caminhos o seu papel com respeito e dignidade no mundo de
espirituais. hoje.
Algumas oferecem a salvação para seus adeptos, Nas sociedades matriarcais, a Terra era reconheci-
enquanto outras apenas dialogam com a totalidade de da como um planeta de energia feminina, e a mulher
forças materiais e imateriais que constituem o universo era respeitada e reverenciada pelo mistério da vida
e os movimentos da vida. Podemos afirmar que as dife-
que se alojava em seu ventre, ou seja, pelo poder que
rentes religiões oferecem normas de conduta para seus
tinha de gestar um novo ser.
seguidores, o que garante a vida social dentro de deter-
Com o predomínio do patriarcado, a mulher foi
minados limites, favorecendo a vida em comunidade.
sendo despojada do seu poder e foi-lhe negado o di-

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
reito de participação efetiva da vida social, política, divino veremos que as primeiras representações da
cultural e religiosa. Por conta desse predomínio, o divindade foram de mulheres. A Deusa era a grande
mundo foi pensado e organizado pelos homens de mãe capaz de gerar e sustentar a vida. Trata-se de um
modo a tornar-se excessivamente competitivo, agres- mistério fascinante, um mistério sagrado. De acordo
sivo, e voltado para a materialidade e racionalidade com Neumann (1996) “a cultura primitiva é em grau
em detrimento da espiritualidade e intuição. bastante elevado um produto do grupo das mulheres”.
Seguindo numa perspectiva histórica, notamos uma
racionalização dos mistérios em que as mulheres vão
perdendo sua semelhança com o sagrado. As religiões
vão construindo um Deus masculino e perdendo o
aspecto da Deusa. Na Grécia e em Roma, por exemplo,
as Deusas eram presentes e cultuadas, mas aos pou-
cos a associação com o feminino foi sendo esquecida.
Numa perspectiva bíblica (BÍBLIA SAGRADA, 1987),
a passagem mais significativa do Antigo Testamento
sobre a mulher e sua condição (Gn 2-3) apresenta a
mulher como auxiliar, “igual ao homem, ossos dos
seus ossos, carne de sua carne, da sua mesma espé-
cie” (Gn 2), e por isso o homem deixa seus pais para
viver com ela. O relato demonstra a igualdade entre os
dois sexos e a inferioridade da mulher é explicada em
(Gn 3,16) como uma degradação do estado primitivo
e original da humanidade. Já no Novo Testamento, a
maneira como Jesus tratava as mulheres é reveladora
(Mt, 13,13; Lc 15,8ss). Ele faz milagres a pedido das
mulheres (Mt 8,14ss). Jesus quebrou preconceitos,
conversou sem embaraço com a samaritana no poço
de Jacó, o que para os discípulos pareceu contrário
Em suma, o resgate do sagrado feminino tem o
aos bons costumes (Jo 4,7ss.27). Nessa ótica, o com-
propósito de promover a integração de forma justa e
portamento de Jesus pode ser visto como revolucioná-
saudável do papel da mulher e do homem na religião,
rio. No gnosticismo há pergaminhos (Nag Hammadi)
política, ciência, arte, entre outras instâncias, visando
que se referem a Deus como Pai e Mãe afirmando
a complementaridade dos opostos.” [...]
o elemento feminino como divindade. O Jardim do
“A necessidade de tratar um tema como o resgate
Éden gnóstico aponta para uma inversão de valores.
do sagrado feminino é devido a negação histórica do
Eva é a mulher dotada de Espírito que instruída pela
lugar da mulher na sociedade, sobretudo na esfera
serpente traz a vida a Adão. Deus criador aparece
do religioso. As religiões são profundamente marca-
com características humanas negativas, distante da
das pelo selo do masculino possuidor do poder de
concepção do Deus criador, sumo Bem. Ele amaldiçoa
decisão. A própria consideração de um Deus Pai todo
a mulher e a serpente.
poderoso, quando mal interpretada, pode legitimar
Na visão do espiritismo, homem e mulher são
uma cultura de opressão ao feminino.
iguais perante Deus. O Livro dos Espíritos tem um
Historicamente esse fato pode ser comprovado
item com o �tulo “Igualdade dos direitos do homem
em quase todas as religiões. Essa constatação ressal-
e da mulher”. Qualquer discriminação contra o femi-
ta ainda mais a importância de tratarmos o tema do
nino é fruto do domínio injusto imposto pelo homem
resgate do sagrado feminino. É inquestionável a força
à mulher. “Os espíritos encarnam como homens ou
da presença feminina nas religiões, mas por outro
mulheres porque não têm sexo”. (KARDEC, 1994, p.
lado essa presença quantitativa não é reconhecida
105). No islamismo temos o pedido de Muhammad
nos espaços decisórios do âmbito religioso católico.
(Maomé) para que os homens sejam bons para com
Vale lembrar aqui a mensagem do Papa Bento XVI
as mulheres.
para Jornada da Paz, que denunciou a consideração
Como podemos notar, a imagem que se faz da
insuficiente que se dá à condição feminina “nas con-
divindade condiciona todo um contexto cultural e traz
cepções antropológicas que persistem em algumas
consequências para a vida social. No cristianismo, por
culturas, que ainda destina à mulher um papel de
exemplo, resgatar o sagrado feminino é resgatar a
grande submissão ao homem, com consequências que
face materna de Deus que foi sendo escondida com
ofendem a dignidade de pessoa e impedem o exercício
o passar do tempo pela imposição de uma cultura
das liberdades fundamentais”.
masculinizada.
Se pesquisarmos sobre o feminino primitivo e o

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O SAGRADO FEMININO Como tão veementemente afirmou Bachelard
(1997, p. 104) “Diante da virilidade do fogo, a femi-
Emerli Schlögl nilidade da água é irremediável”. A água é um dos
elementos da natureza que mais carregou, e carrega,
A participação do feminino nas estruturas religio- representações do sagrado feminino. Não são poucas
sas passou por diferentes transformações, da adora- as histórias sagradas, mitos, que narram o princípio
ção ao princípio feminino para a negação deste; do feminino vinculado às águas.
respeito à mulher sacerdotisa ao medo dos poderes Como já dizia Manuel Bandeira em uma de suas
biológicos desta. A divinização do corpo feminino, do poesias: dona Janaína é sereia do mar e ela tem mui-
Eros e da Terra, cedeu lugar para a “diabolização”, a tos amores. O poeta reconhecendo o poder da rainha
segregação e a exploração das mulheres, da sexua- das águas pede licença para poder brincar em seu
lidade, da terra e de todos os seres que a habitam. reinado. Na concepção religiosa e altamente poética
A história da humanidade transcorre em um jogo dos povos afro-brasileiros Dona Janaína, Yemanjá, é a
de polaridades onde poderes femininos e masculinos rainha das águas do profundo mar. Ela é mulher, mãe
se contrapõem, onde as tradições religiosas expres- e, portanto, doadora de vida, alimenta a muitos com
sam este conflito através da divisão não igualitária os filhos do seu corpo, os frutos do mar.
de papéis. Este cenário de disparidades traçou no Ela é feminina e mutável, como as águas que
decorrer da história diferentes caminhos, que ao se- por vezes estão tão mansas que se tornam espelhos
rem contemplados podem sugerir uma importante para o céu e, em outros momentos, perturbam-se,
reflexão acerca de limitações vividas e estruturadas contorcem seu corpo e deixam à deriva aquele que
em nossa sociedade, no que concerne aos espaços da supostamente navegava seguro de si e de seu destino.
vida, enfatizando neste aspecto: o trabalho, a vivência Como diriam alguns psicanalistas, o feminino inquieta,
religiosa e os relacionamentos interpessoais vividos perturba a solene paz do pretenso mundo conhecido
nas mais diferentes instâncias. do logos masculino.
O mito da sereia, em uma de suas versões, fala
do canto destas mulheres meio humanas meio peixe,
que seduziam com suas belas vozes os marinheiros e
faziam com que estes perdessem o controle sobre si
mesmos e se atirassem em seus braços, se atirassem
no leito das águas dos mares.
As águas possuem um certo efeito hipnótico, en-
cantador e profundamente convidativo. Como não
entrar em seu reinado? Como não se sentir purificado
em seu abraço molhado?
Na mitologia, as ondinas e sereias, elementais fe-
mininos que habitam as águas, podem ser conside-
radas energias femininas da natureza, que controlam
os movimentos aquáticos e seus vapores. Conforme
o mito, estes espíritos femininos das águas vivem em
lagos, cachoeiras, no orvalho, nos musgos e pântanos.
Consideradas como seres emocionais, encantam-se
com a beleza das flores e plantas e cuidam da vida de
uma maneira envolvida e amorosa, como uma mãe
Uma das metáforas veiculadas ao eterno femi- cuida de seu bebê.
nino, são as águas. Este elemento arque�pico está As águas também são fonte de purificação espi-
todo coberto de significações atreladas ao universo ritual para os hinduístas que se banham no famoso
feminino. Como veremos a seguir: Rio Ganges, que conforme o mito é a forma como a
Deusa Ganga veio do céu para a terra.
Quem sabe a sopa cósmica, uma das teorias cien�- As águas estão presentes nos rituais religiosos, nas
ficas da origem da vida, não seja um reflexo da própria abluções, nos batismos, nas aspersões, nos banhos
experiência particular de cada ser mamífero, como místicos, e também sob a forma de chá, na cerimônia
nós humanos, que surgiu e se desenvolveu em meio que faz da ingestão deste um profundo momento me-
ao chamado líquido amniótico. É certo falar que sur- ditativo. As águas dos rios, dos mares, das charnecas,
gimos em meio às águas primordiais que habitavam são líquidos que remetem ao berço uterino, ao leite
o corpo da Grande Mãe, que por sua vez também nutritivo que brota do corpo da mãe, e que depois
surgiu destas águas primordiais do Eterno Feminino. se tornam sangue e vinho. Sangue como líquido do

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LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
corpo dos seres vivos e vinho como sangue do corpo relacionam com a vida social, a religiosidade, o modo
da terra. de pensar de cada povo. Eles expressam maneiras
Se símbolo da vida, a água também é símbolo da diferentes de compreender o surgimento do universo,
morte, é sobre as águas do rio que Caronte deve con- da vida, da humanidade e do planeta onde vivemos.
duzir sua barca contendo os mortos. No batismo de Os mitos fazem parte da cultura e da religião de todos
algumas comunidades cristãs a pessoa é totalmente os povos. Desde os tempos mais remotos, eles são,
imersa nas águas de um rio, o que simboliza sua mor- certamente, o primeiro recurso de linguagem simbó-
te, depois ela emerge destas águas o que simboliza lica utilizada pelos seres humanos com o propósito
seu renascimento espiritual. de explicar a realidade. Trata-se de uma linguagem
Neste sentido, o feminino, as águas que o repre- poética e intuitiva que vai além da lógica racional. Os
sentam, são as próprias forças transformadoras e in- mitos de origem são uma tentativa de explicar, por
constantes da vida e da morte. São o fluir do passado, meio de narrativa, o surgimento de todas as coisas.”
presente e futuro, num continuum líquido e eterna-
mente fecundo.” Qual será a diferença entre mito, lenda, conto
e fábula?
TEXTOS SAGRADOS
Os mitos são narrativas sobre a origem do mundo,
dos homens e das coisas por meio das relações entre
“São ensinamentos Sagrados, transmitidos de for-
Deuses e forças sobrenaturais, cuja ação aconteceu
ma oral e escrita pelas diferentes culturas religiosas,
quando o mundo foi formado, o princípio. Ou seja, o
expressos na literatura oral e escrita, como em cantos, mito é, com frequência, a narrativa sobre o tempo,
narrativas, poemas, orações, pinturas rupestres, ta- onde tudo foi criado, e sempre é objeto de crença.
tuagens, histórias da origem de cada povo contadas Exemplo: Gênese, cosmovisão indígena e africana.
pelos mais velhos, escritas cuneiformes, hieróglifos O mito também é uma narração que explica os
egípcios etc.” (PARANÁ, 2008) fatos da realidade, os fenômenos da natureza. Eles são
bastante simbólicos, suas histórias são carregadas de
metáforas. Neles aparecem Deuses, seres sobrenatu-
rais, heroínas, heróis etc. O mito nos fornece mensa-
gens profundas sobre nossa própria experiência huma-
na. As histórias contadas pelas religiões, tenham elas
sido escritas ou não, são consideradas mitos religiosos
para os pesquisadores de religiões. O mito religioso
explica a realidade por meio de histórias sagradas.
As lendas são narrativas que misturam fatos,
lugares reais e históricos com acontecimentos que
são frutos da fantasia. Elas procuram dar explicações
para acontecimentos misteriosos e sobrenaturais.
Exemplo: Boitatá e Curupira. As lendas se vinculam
ao folclore. Na medida em que são contadas, elas vão
se modificando ao modo de quem conta a história.
O conto, por sua vez, é uma narrativa que aconte-
MITOS DE ORIGEM: ONDE A VIDA COMEÇA? ce em qualquer lugar e tempo (presente, passado ou
futuro). O conto não se aprofunda nas características
Borres Guilouski �sicas e nas ações dos personagens. A função do conto
Diná Raquel Daudt da Costa é procurar levar o narrador a se envolver na trama.
Exemplo: Bela Adormecida e Rapunzel.
Elói Corrêa dos Santo
Emerli Schlögl
Roseli Correia de Barros Casagrande
Valmir Biaca

O que são os Mitos? Para que eles servem? Mito


é o mesmo que lenda?

“Os mitos de origem são histórias simbólicas que


narram acontecimentos de um passado distante. Eles
dão sentido à vida no presente, pois explicam como o
mundo e todos os seres passaram a existir. Os mitos se
Fonte:

95
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A fábula é uma narrativa com objetivo de trazer cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse
algum ensinamento moral, cujos personagens são o homem.
animais dotados de qualidades humanas. Exemplos: Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois
Chapeuzinho Vermelho e a Lebre e a Raposa. da madeira, mas ambos eram rígidos demais. Criou
o homem de pedra - era muito frio. Tentou a água,
Os mitos de origem mas o ser não tomava forma definida. Tentou o fogo,
mas a criatura se consumiu no próprio fogo. Fez um
“As culturas religiosas do mundo todo se desenvol- ser de ar que depois de pronto retornou ao que era,
vem por meio da linguagem simbólica, que transmite apenas ar. Tentou, ainda, o azeite e o vinho sem êxito.
por meio de seus mitos ensinamentos fundamentais, Triste pelas suas tentativas infecundas, Oxalá sen-
e que se traduzem na poética do corpo, por meio dos tou-se à beira do rio, de onde Nanã emergiu indagan-
rituais. do-o sobre a sua preocupação. Oxalá fala sobre o seu
As tradições religiosas se valem de suas histórias insucesso. Nanã mergulha e retorna da profundeza do
sagradas para transmitir mensagens profundas aos rio e lhe entrega lama. Mergulha novamente e lhe traz
seus seguidores, nelas muitos segredos são revelados mais lama. Oxalá, então, cria o homem e percebe que
em parte, mantendo assim a sua parcela de mistério. ele é flexível, capaz de mover os olhos, os braços, as
Na busca pela totalidade, pela integração, os mitos pernas e, então, sopra-lhe a vida. (Texto adaptado do
religiosos cumprem um papel fundamental, eles orga- site: Santuário dos orixás.).
nizam e apresentam aos seres humanos possibilidades
de superação, e de maior contato consigo mesmo, Hinduísmo
com o outro, com a natureza e com o sagrado.
Pelos mitos as pessoas se aproximam do mistério. Conta um mito hinduísta que assim como um ho-
É por esta perspectiva que compreendemos o mito, no mem solitário e infeliz, Deus também se sentia sozinho
contexto das religiões. O mito religioso é a expressão e queria uma companhia. Como ele era tão grande
verbal do mistério, este guarda e ao mesmo tempo quanto um homem e uma mulher juntos, pode se divi-
revela conhecimentos sagrados. Ele é essencialmente dir em dois. Foi assim que nasceu o marido e a esposa.
simbólico e cumpre a tarefa de enviar mensagens que Deus disse: - O homem é só metade; sua esposa
atingem os planos conscientes e inconscientes dos é a outra metade.
seres humanos. Eles se uniram e a humanidade nasceu.
O mito organiza entendimentos de mundo e for- Então a mulher pensou: já que ela e o homem
nece a inspiração necessária para dar sentido para a vinham do corpo do mesmo Deus, iria se esconder, e
vida e conduzi-la conforme um plano, muitas vezes, se transformou em vaca, ele logo se transformou
em touro e foi assim que nasceu o gado.
considerado divino. Os mitos também favorecem o
Então ela se tornou numa égua, e ele rapidamen-
fortalecimento dos laços de uma comunidade, pois
te se transformou num garanhão; ela se tornou uma
oportuniza que as pessoas vivenciem as mesmas com-
jumenta, ele um jumento; assim eles se uniram e
preensões de vida e de mundo o que unifica o grupo
deles nasceram os adoráveis animais que possuem
despertando sentimentos e desejos compartilhados
casco. Depois ela se tornou uma cabra e ele um bode
por todos. Assim, os mitos atuam profundamente
e tiveram graciosos cabritinhos. E, então, se tornou
tanto no indivíduo quanto no grupo.
uma ovelha e ele um carneiro; eles se uniram e as
Concluímos que uma das tarefas principais do
ovelhinhas nasceram.
mito é fornecer apoio e motivar o indivíduo a par-
Vejam só, dessa forma tudo foi criado do corpo de
ticipar de uma vida mais ampla e plena de sentido. Deus, macho e fêmea em todas as suas formas de vida.
O mito de origem mais conhecido entre nós, por Como você percebeu, o hinduísmo vê o sagrado se
influência da cultura judaico-cristã, é o narrado na manifestando na forma feminina e masculina. A Deusa
Bíblia, que afirma que as pessoas foram criadas “a Laksmi é considerada esposa do Deus Vishnu, aquele
imagem e semelhança do Criador”, porém as demais que sustenta e mantém o universo. Ela representa a
tradições também têm seus mitos de origem. beleza, a riqueza material e espiritual, bem como a
generosidade. Geralmente ela é representada de pé
ALGUNS MITOS DE ORIGEM ou sentada sobre uma flor de lótus desabrochada,
segura em duas de suas mãos flores de lótus, e das
Matriz africana outras duas caem moedas de ouro.

Na mitologia yorubá, o Deus Supremo é Olorum, Mito Tupinambá


chamado também de Olodumare, na qualidade de
criador de tudo o que existe. Olorum criou o mundo, Monã criou o céu, a terra, os pássaros e todos
todas as águas, terras, todos os filhos das águas e do os animais. Antes não havia mar, que surgiu depois,
seio das terras. Criou plantas e animais de todas as formado por Amaná Tupã, o Senhor das nuvens.

96
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Os homens habitavam a Terra, vivendo do que ela O pacífico Tamanduaré, atingido no seu orgulho,
produzia, regada pelas águas dos céus. Com o tempo, lhe respondeu:
passaram a viver desordenadamente segundo seus - Já que você é tão valente, em vez de trazer ape-
desejos, esquecendo-se de Monã e de tudo que lhes nas um braço, por que não trouxe o inimigo inteiro?
ensinara. Arikuté, irritado com aquela resposta, jogou o
Nesse tempo Monã vivia entre eles e os tinha braço contra a casa de seu irmão e naquele instante,
como filhos. No entanto, Monã, vendo a ingratidão e toda a aldeia foi levada para o céu, ficando na Terra
a maldade dos homens, apesar de seu amor, os aban- apenas os dois irmãos com suas famílias.
donou, e à Terra também. Depois lhes mandou tatá, Vendo isso, Tamanduaré, por indignação ou por
o fogo, que queimou e destruiu tudo. O incêndio foi desprezo, começou a golpear a Terra com tanta força
tão imenso, que algumas partes da super�cie se le- que acabou fazendo surgir uma fonte de água, a qual
vantaram, enquanto outras foram rebaixadas. Desta não parava mais de jorrar. Jorrou tão forte e por tan-
forma surgiram as montanhas. to tempo que chegou até as nuvens, iniciando uma
Deste grande incêndio se salvou apenas uma grande inundação.
pessoa, Irin-Magé, porque foi levado para a Terra de Para fugir desse novo dilúvio, os dois irmãos, com
Monã. suas mulheres, refugiaram-se na montanha mais alta
Depois dessa catástrofe, Irin-Magé dirigiu-se a
da região. Tamanduaré subiu numa palmeira com uma
Monã e, com lágrimas, o questionou:
das suas mulheres, e Arikuté subiu no jenipapeiro com
- Você, meu pai, deseja acabar também com o
sua esposa, permanecendo lá até as águas diminuí-
céu? De que me serve viver sem alguém semelhante
rem.
a mim?
Com essa inundação, todos os homens e animais
Monã, cheio de compaixão e arrependido do que
fizera por causa da maldade dos homens, mandou morreram.
uma forte chuva que começou a apagar o incêndio. Quando as águas abaixaram, os dois casais des-
Como as águas não tinham mais para onde correr, ceram das árvores e voltaram a povoar a Terra, mas
foram represadas, formando um grande lago, chama- cada família foi viver numa região distante.
do Paraná, que hoje é o mar. Os Tupinambá descendentes de Arikuté são gru-
Suas águas até hoje são salgadas, graças às cinzas pos rivais, até hoje, por essa razão.”
desse incêndio que com elas se misturaram.
(Mito extraído do livro de Benedito Antônio Genofre Prezia
Monã, vendo que a Terra havia ficado novamente
(2001, p. 15-16). Tradução adaptada pelo autor do mito
bela, enfeitada pelo mar, pelos lagos e com muitas recolhido por Fr. André Thevet, entre os Tupinambá do Rio
plantas que cresciam por toda parte, achou que seria de Janeiro, em 1565)
bom formar outros homens que pudessem cultivá-la.
Chamou então Irin-Magé, dando-lhe uma mulher OS TEXTOS SAGRADOS E OS MITOS
por companheira para que tivesse filhos, esperando
que fossem melhores que os primeiros homens. Roseli Correia de Barros Casagrande
Um de seus descendentes era uma pessoa de
grande poder e se chamava Maíra-Monã. Maíra quer “Qual a origem do mundo, do homem, das coi-
dizer “o que tem poder de transformar as coisas”, e sas...? Vamos numa aventura desvendar esses mis-
Monã significa velho, o ancião. Maíra-Monã era imor- térios...!
tal e tinha muitos poderes como o primeiro Monã.
Depois que Maíra-Monã voltou para sua Terra,
Conheça o mito de criação do girassol na cultura
surgiu um descendente muito poderoso, que se cha-
grega:
mava Sumé.
Ele teve dois filhos, Tamanduaré e Arikuté, que
eram muito diferentes um do outro e por isso se odia-
vam mortalmente.
Tamanduaré era cuidadoso com a casa, era um
bom pai de família e gostava de cultivar a terra. Já
Arikuté não se preocupava com nada, e passava o
tempo fazendo guerra e dominando os povos vizinhos.
Certo dia, voltando de uma batalha, Arikuté trouxe
para seu irmão o braço de um inimigo, dizendo-lhe
com arrogância:
- Veja lá, seu covarde! Um dia terei sua mulher e
seus filhos sob meu poder, pois você não presta nem
para se defender!

97
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Diz-se que Clície era uma ninfa aquática apaixona- Textos hieróglifos
da por Apolo (Deus do sol), que não correspondeu ao
seu amor. Então ela ficou debilitada e durante nove “Cerca de 3.000 anos a.C., os Egípcios desenvol-
dias ficou sentada no chão frio, se alimentando de veram uma forma de escrita em pictogramas (várias
suas próprias lágrimas e do orvalho. Para Clície, ape- imagens figurativas que representam coisas), fonogra-
nas o sol, representando sua paixão por Apolo, impor- mas (símbolos que representam sons) e outros signos
tava. Ela passou a acompanhar todo o seu percurso, determinantes em escrita ideográfica, sem vogais.
desde o nascer até o crepúsculo. Assim, seus pés se
enraizaram no chão e seu rosto tornou-se uma flor
que gira sobre sua própria haste, voltada sempre para
o sol, recebeu o nome de girassol. (BRASIL ESCOLA).

Você percebeu quanto de mistério há no mito de


criação do girassol?
Cada povo, em suas diferentes religiões, tem
sua própria forma de expressar, registrar, guardar e
transmitir o entendimento sobre o sagrado. Esses en-
sinamentos podem ser por meio de livros, histórias
contadas, músicas, danças, poesias, pinturas, dese-
nhos, esculturas ou outras formas. Sendo assim, os
textos sagrados podem ser orais, escritos, pictóricos
ou outros.
A religião, independente da forma como expressa
o sagrado e as práticas que realizam em seus rituais, Este sistema de escrita recebeu o nome de “hie-
procura organizar a vida da pessoa religiosa, por isso roglífica” (do grego hieros que significa sagrado, e
os grandes acontecimentos religiosos são revividos ghyhhein que significa gravar), que significa “inscri-
por meio dos rituais que, tanto nos textos orais como ção sagrada”, porque foi criado para servir os rituais
nos escritos, expressam suas crenças e fé. Então, co- religiosos (usado em túmulos e templos), nos monu-
nheceremos alguns desses acontecimentos religiosos, mentos estatais, nas comemorações de acontecimen-
numa aventura através de mitos expressos nos textos tos militares e políticos. As anotações eram feitas em
sagrados orais e escritos. papiros, pedras, placas de madeira ou barro cozido.
Essa escrita era comumente lida da direita para a es-
O que os mitos têm a ver com os textos escritos? querda, ou de cima para baixo”.

A expressão oral é uma das primeiras formas do Você pode imaginar quantos símbolos eram uti-
processo de transmissão acerca do sagrado que é pas- lizados para escrever uma palavra?
sado de geração a geração, ou seja, os mais velhos A civilização egípcia se destacou também nos co-
ensinam os mais novos. Esses ensinamentos estão nhecimentos importantes que eram usados na cons-
ligados aos mitos de criação do mundo, do homem, trução de pirâmides e templos. Para os egípcios, a
de explicações sobre os acontecimentos da vida, dos construção de túmulos em forma de pirâmides tinha
fenômenos naturais, da origem divina e da vida em so- todo um significado sagrado, pois acreditavam que,
ciedade. Ainda hoje encontramos tradições religiosas enterrando o seu rei numa pirâmide, ele se elevaria
que mantém seus ensinamentos a respeito do sagra- e se juntaria ao sol, tomando o seu lugar de direito
do somente pela oralidade, como, por exemplo, nas com os Deuses. Para eles, a pirâmide representava
culturas indígenas, africanas e outras. uma escada em direção a Rá, o Deus Sol, divindade
Muitas dessas narrativas orais sobre os aconte- que conduzia o Faraó rumo ao desejo mais alto do ser
cimentos religiosos, em algumas tradições, foram humano: o renascimento no além e a imortalidade.
compilados em textos escritos transformando-se em Por acreditar na vida após a morte, os egípcios reali-
livros sagrados, tais como a Bíblia, o Alcorão, a Tora, zavam os procedimentos de mumificação como forma
os Vedas etc. de conservação do corpo para a viagem ao mundo da
Sendo assim, alguns mitos que antes eram ex- vida pós-morte.
pressos na oralidade foram transformados em textos No interior das pirâmides, eram colocados per-
escritos.” gaminhos de papiro nos quais se gravavam imagens
e textos. Havia desenhos e escritas nas paredes do
Vamos, então, conhecer um pouco de alguns dos interior das pirâmides, que eram orações, preces e
primeiros textos sagrados escritos. textos que falavam sobre a vida do faraó, escritos em

98
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
hieróglifos para ajudar os faraós no sentido de acom- sob uma árvore, rindo, absolutamente sem qualquer
panhar a sua caminhada rumo à outra vida e, ainda, razão. Não havia mais ninguém lá, nenhum aconte-
para espantar possíveis saqueadores. cimento, nenhuma piada ou qualquer coisa. E ele
O Livro dos Mortos dos egípcios se chamava “livro estava simplesmente rindo, segurando a barriga. E
de sair para a luz”. Escrito em pergaminho, continha eu lhe perguntei: “O que há com você? Está louco
orações, palavras mágicas, hinos, magias etc. Esse li- ou coisa parecida?” Ele respondeu: “Um dia tam-
vro era colocado no túmulo juntinho com as múmias, bém fui tão triste quanto você é; então ficou claro
assim ajudaria o morto em sua viagem para o outro para mim, que era minha escolha, era a minha vida.”
mundo. Desde este dia, todas as manhãs quando me levanto,
Existe também um Livro dos Mortos dos Tibe- antes de abrir os olhos, pergunto a mim mesmo:
tanos, ele se chamava Bardo Thodöl e significava “Abdullah”, o que você quer: Miséria? Felicidade? O
“libertação pela audição no plano pós-morte”. Esse que vai escolher hoje?” E acontece que eu sempre
livro não ficava com o morto, como o livro egípcio, escolho Felicidade.
ele é recitado para quem está morrendo, e continua Fonte – SCHLÖGL, Emerli. Expansão Criativa – por uma
pedagogia da auto descoberta. Petrópolis: Vozes, 2000.
sendo recitado mesmo que a pessoa morra, pois os
tibetanos acreditam que mesmo depois da morte a
pessoa continua mantendo contato e assimilando os Decálogo – Os dez mandamentos da Lei de Deus
ensinamentos que lhe são transmitidos pela leitura
do livro. “A palavra Decálogo significa as “dez palavras”.
Assim, esses dois livros dos mortos, o egípcio e o Essas dez palavras Deus revelara ao seu povo na
tibetano, apresentam o mesmo objetivo, que é ajudar montanha sagrada: Monte Sinai” (OS DEZ MANDA-
a fornecer àquele que morreu um conhecimento que MENTOS). “O Decálogo é a Lei dos Dez Mandamentos
possa ajudá-lo em sua transição da vida para a morte, que foi entregue por Deus ao povo de Israel, por
revelando-lhe alguns segredos da sua jornada pelo meio de Moisés, para constituição da nação judai-
caminho “do outro lado da vida”. ca. Os judeus deveriam obedecê-lo de geração em
geração” (MALTA). No Judaísmo, o Decálogo resume
Código de Hamurabi e proclama a Lei de Deus, a qual Deus dirigiu-as a
toda assembleia sobre a montanha, do meio do fogo
Esse foi o primeiro código da Mesopotâmia, regis- com voz forte, escreveu-as em duas tábuas de pedra
trado, que se tem no�cias. O povo da Suméria recebeu e entregou-as. Elas contêm a aliança entre Deus e
este código escrito em pedra de diorito, uma pedra seu povo.
que mede cerca de 2,5m de altura e que hoje está Como os mitos são narrativas, possuem um sim-
exposto em um museu da França, o famoso Louvre. bolismo. Os povos da antiguidade não conseguiam
Ali estão gravadas as leis que regiam a comunidade. explicar os fenômenos da natureza, através de expli-
Antes de ser gravado na pedra, as leis eram conhe- cações cien�ficas, então criavam mitos com objetivo
cidas apenas pela oralidade, isto é: pela voz falada. de dar sentido às coisas do mundo.
Os mitos também serviam como uma forma de
Ensinamento sufista – Palavra sagrada repassar conhecimentos e alertar as pessoas sobre
perigos ou ainda defeitos e qualidades do ser humano.
Um místico sufi, que permaneceu feliz durante Deuses, Deusas, heróis e personagens sobrenaturais
toda sua vida - ninguém jamais o viu infeliz – vivia se misturavam com fatos da realidade para dar sentido
sempre rindo. Ele era o próprio riso. Todo o seu ser era às histórias narradas sobre a vida e o mundo.”
um perfume de celebração. Na sua velhice, quando Sendo assim, as histórias que eram repassadas
estava morrendo - no leito de morte, e ainda assim se pela oralidade às gerações precisavam ser compila-
alegrando com a morte, rindo hilariantemente – um dos em textos escritos. Então, nos textos Sagrados
discípulo perguntou-lhe: Escritos do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo
- Você nos confunde. Agora você está morrendo. (Torá Bíblia, Alcorão) estão as narrativas da criação e
Por que está rindo? Estamos nos sentindo tão tris- outras histórias, orações, hinos e ensinamentos para
tes. Muitas vezes quisemos lhe perguntar, durante sua os seguidores.
vida, por que você nunca fica triste. Mas, pelo menos
agora, confrontando a morte, deveria ficar triste e
ainda está rindo! Como está conseguindo isto? E o
velho respondeu:
- É uma chave simples. Uma vez, perguntei a meu
mestre. Eu tinha dezessete anos e já era miserável.
O mestre era velho, setenta anos e estava sentado

99
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
E A INTOLERÂNCIA FEREM O RESPEITO À DIVERSI- nhas de Jeová que são processadas por não aceitarem
DADE RELIGIOSA E A CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA. que parentes recebam doações de sangue, de adven-
tistas do Sétimo Dia a quem não são dadas alternativas
quando não trabalham ou não fazem prova escolar no
sábado e de medidas judiciais que impedem sacri�cio
de animais em ritos religiosos.
Em janeiro, a TV Bandeirantes foi condenada pela
Justiça Federal de São Paulo por desrespeito à liber-
dade de crenças porque, em julho de 2010, exibiu
comentários do apresentador José Luiz Datena rela-
cionando um crime bárbaro à “ausência de Deus”.
“Um sujeito que é ateu não tem limites. É por isso que
a gente vê esses crimes aí”, afirmou o apresentador. A
Fonte: emissora foi condenada a exibir em rede nacional, no
mesmo programa, esclarecimentos sobre diversidade
Intolerância religiosa ainda é religiosa e liberdade de crença.
desafio à convivência democrática Recentemente têm provocado reações algumas
declarações do presidente da Comissão de Direitos
Juliana Monteiro Steck Humanos e Minorias da Câmara, Marco Feliciano (PS-
C-SP). Pastor evangélico, ele escreveu no Twi�er que
O direito de criticar dogmas e encaminhamentos africanos são descendentes de um “ancestral amaldi-
é assegurado como liberdade de expressão, mas ati- çoado por Noé” e que sobre a África repousam mal-
tudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado dições como paganismo, misérias, doenças e fome. A
a alguém em função de crença ou de não ter religião presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH)
é crime inafiançável e imprescri�vel. do Senado, senadora Ana Rita (PT-ES), se manifestou
a respeito.
A intolerância religiosa é um conjunto de ide- — São declarações e atitudes que instigam o pre-
ologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas conceito, o racismo, a homofobia e a intolerância. To-
religiosas ou mesmo a quem não segue uma reli- das absolutamente incompa�veis e inadequadas para
gião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a a finalidade do Legislativo — disse.
dignidade humana.
Denúncias cresceram mais de 600% em um ano.
O agressor costuma usar palavras ofensivas ao se Crenças de matriz africana sofrem mais
referir ao grupo religioso atacado e aos elementos,
divindades e hábitos da religião. Há casos em que o A quantidade de denúncias de intolerância reli-
agressor desmoraliza símbolos religiosos, destruindo giosa recebidas pelo Disque 100 da Secretaria de Di-
imagens, roupas e objetos ritualísticos. Em situações reitos Humanos da Presidência da República cresceu
extremas, a intolerância religiosa pode se tornar uma mais de sete vezes em 2012 em relação a 2011, um
perseguição. aumento de 626%. A própria secretaria destaca, no
Crítica não é o mesmo que intolerância. O direi- entanto, que o salto de 15 para 109 casos registrados
to de criticar encaminhamentos e dogmas de uma no período não representa a real dimensão do proble-
religião, desde que isso seja feito sem desrespeito ma, porque o serviço telefônico gratuito da secretaria
ou ódio, é assegurado pelas liberdades de opinião não possui um módulo específico para receber esse
e expressão. Mas, no acesso ao trabalho, à escola, à tipo de queixa. Ou seja, muitos casos não chegam
moradia, a órgãos públicos ou privados, não se ad- ao conhecimento do poder público. A maior parte
mite tratamento diferente em função da crença ou das denúncias é apresentada às polícias ou órgãos
religião. Isso também se aplica a transporte público, estaduais de proteção dos direitos humanos e não
estabelecimentos comerciais e lugares públicos, como há nenhuma instituição responsável por contabilizar
bancos, hospitais e restaurantes. os dados nacionais.
Ainda assim, o problema é frequente no país. Al- A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualda-
gumas denúncias se referem à destruição de imagens de Racial da Presidência da República (Seppir) tam-
de orixás do candomblé ou de santos católicos. Ficou bém não possui dados específicos sobre violações ao
famoso no Brasil o então pastor da Igreja Universal direito de livre crença religiosa. No entanto, o ouvidor
do Reino de Deus Sérgio Von Helder, que, em 1995, do órgão, Carlos Alberto Silva Junior, diz que o nú-
chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em mero de denúncias de atos violentos contra povos
rede nacional de TV. Há também casos de testemu- tradicionais (comunidades ciganas, quilombolas, in-

100
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
dígenas e os professantes das religiões e cultos de de maioria cristã, práticas religiosas africanas foram
matriz africana) relatadas à Seppir também cresceu duramente perseguidas pelas delegacias de costumes
entre 2011 e 2012. até a década de 1960.
Muitas agressões são cometidas pela internet. Se- No período colonial, as leis puniam com penas
gundo a associação SaferNet, em 2012, a Central Na- corporais as pessoas que discordassem da religião im-
cional de Denúncias de Crimes Cibernéticos recebeu posta pelos escravizadores. Decreto de 1832 obrigava
494 denúncias de intolerância religiosa praticadas em os escravos a se converterem à religião oficial. Um
perfis do Facebook. O mundo virtual reflete a situação indivíduo acusado de feitiçaria era castigado com pena
do mundo real. De 2006 a 2012, foram 247.554 de- de morte. Com a proclamação da República, foi abo-
núncias anônimas de páginas e perfis em redes sociais lida a regra da religião oficial, mas o primeiro Código
que continham teor de intolerância religiosa. Penal republicano tratava como crimes o espiritismo
A tendência é de queda: de 2.430 páginas em e o curandeirismo.
2006 para 1.453 em 2012. Mas a tendência não sig- A lei penal atual, aprovada em 1940, manteve os
nifica que o número de casos reportados de intole- crimes de charlatanismo e curandeirismo.
rância religiosa tenha diminuído. “Uma das razões Até 1976, havia uma lei na Bahia que obrigava os
é a classificação feita pelo usuário. Mesmo páginas templos das religiões de origem africana a se cadastra-
reportadas por possuir conteúdo racista, antissemita rem na delegacia de polícia mais próxima. Na Paraíba,
ou homofóbico têm, também, conteúdo referente à uma lei aprovada em 1966 obrigava sacerdotes e sa-
intolerância religiosa”, explica Thiago Tavares, coor- cerdotisas dessas religiões a se submeterem a exame
denador da central. de sanidade mental, por meio de laudo psiquiátrico.
Os dados foram divulgados pela Agência Brasil Muitas mudanças ocorreram até 1988, quando a
este ano no Dia Nacional de Combate à Intolerância Constituição federal passou a garantir o tratamento
Religiosa, 21 de janeiro. A data foi instituída em 2007 igualitário a todos os seres humanos, quaisquer que
pela Lei 11.635, em homenagem a Gildásia dos San- sejam suas crenças.
tos e Santos, a Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de O texto constitucional estabelece que a liberdade
Ogum, de Salvador. A religiosa do candomblé sofreu de crença é inviolável, sendo assegurado o livre exer-
um enfarte após ver sua foto no jornal evangélico cício dos cultos religiosos. Determina ainda que os
Folha Universal, com a manchete “Macumbeiros char- locais de culto e as liturgias sejam protegidos por lei.
latões lesam o bolso e a vida dos clientes”. A Igreja Já a Lei 9.459, de 1997, considera crime a práti-
Universal do Reino de Deus foi condenada a indenizar ca de discriminação ou preconceito contra religiões.
os herdeiros da sacerdotisa.
Ninguém pode ser discriminado em razão de credo
A ministra da Seppir, Luiza Bairros, disse, nas
religioso. O crime de discriminação religiosa é inafian-
comemorações de 21 de janeiro, que os ataques a
çável (o acusado não pode pagar fiança para respon-
religiões de matriz africana chegaram a um nível insu-
der em liberdade) e imprescri�vel (o acusado pode
portável. “O pior não é apenas o grande número, mas
ser punido a qualquer tempo).
a gravidade dos casos. São agressões �sicas, ameaças
A pena prevista é a prisão por um a três anos e
de depredação de casas e comunidades. Não se trata
multa.
apenas de uma disputa religiosa, mas também de uma
disputa por valores civilizatórios”, disse.
Restrições à religião atingem 75% da população
Na ocasião, a Secretaria de Direitos Humanos da
mundial
Presidência da República lançou um comitê de com-
bate à intolerância religiosa. A iniciativa pretende pro-
mover o direito ao livre exercício das práticas religio- Uma pesquisa mundial feita em 2009 e 2010 in-
sas e auxiliar na elaboração de políticas de afirmação dicou o aumento da intolerância religiosa. Segundo o
da liberdade religiosa, do respeito à diversidade de Instituto Pew Research Center, com sede nos Estados
culto e da opção de não ter religião. Unidos, 5,2 bilhões de pessoas (75% da população
O comitê terá 20 integrantes, sendo 15 deles re- mundial ) vivem em locais com restrições a crenças.
presentantes da sociedade civil com atuação na pro- No período, passou de 31% para 37% a proporção
moção da diversidade religiosa. Ainda sem data defi- de países com nível elevado ou muito alto de restri-
nida para começar efetivamente a funcionar, o comitê ções. Entre os países com as maiores restrições gover-
depende de um edital que selecionará os integrantes. namentais (leis, políticas e ações para limitar práticas
religiosas), estavam Egito, Indonésia, Arábia Saudita,
Perseguição policial até os anos 1960 Afeganistão, China, Rússia e outros que somaram 6,6
pontos ou mais em um índice de máximo 10. Os que
O Brasil é um país laico. Isso significa que não há mais sofrem são os que pertencem a minorias reli-
uma religião oficial e que o Estado deve manter-se im- giosas. O Brasil aparece, junto com Austrália, Japão e
parcial no tocante às religiões. Porém, sendo um país Argentina, em nível baixo, entre os países com 0 a 2,3

101
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
pontos, o que denota bom nível de liberdade religiosa. ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/bole-
Mesmo nos países com nível moderado ou bai- tins_informativos_assintec/Informativo_assintec_27.
xo de restrições, houve aumento da intolerância. Na pdf. Acesso em: 28 mar. 2022.
Suíça, foi proibida a construção de novos minaretes
(torres em mesquitas). O aumento dessas restrições GUILOUSKI, Borres. et al. Mitos de origem: onde co-
foi atribuído a fatores como crescimento de crimes e meça a vida? 2012. Disponível em:
violência motivada por ódio religioso. h�p://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/
File/deb_nre/formacao_er/os_mitos_origem.pdf.
Projetos modificam Código Penal e regulamen- Acesso em: 28 mar. 2022.
tam a Constituição
NOGARA, Isabel Helena Novaes. As diferentes orga-
Entre as propostas em tramitação no Congresso nizações religiosas. 30 abr. 2020. Disponível em:ht-
para combater a intolerância religiosa, está o PLC tps://profrosabelem.wordpress.com/2020/04/30/
160/2009, que dispõe sobre as garantias e os direitos ensino-religioso-6o-ano-b/. Acesso em: 28 mar. 2022.
fundamentais ao livre exercício da crença, à proteção
aos locais de cultos religiosos e liturgias, e à liberdade PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes
de ensino religioso, buscando regulamentar a Consti- Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a
tuição. O projeto, do deputado George Hilton (PRB- Rede Pública Estadual do Paraná. Ensino Religioso.
-MG), está na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Curitiba: Seed/DEB, 2008.
(CAS). O relator, Eduardo Suplicy (PT-SP), propôs uma
audiência, ainda não agendada, para debater o texto. RELIGIÕES. História do Mundo. Disponível em: ht-
O assunto vem sendo discutido também no âmbi- tps://www.historiadomundo.com.br/religioes. Acesso
to da proposta de reforma do Código Penal, tema de em: 28 mar. 2022.
comissão especial do Senado. Um grupo de juristas
preparou o anteprojeto, posteriormente apresentado SIQUEIRA, Andréa do Rocio Nizer. O líder nas or-
como projeto (PLS 236/2012) por José Sarney (PM- ganizações religiosas. 30 abr. 2020. Disponível em:
DB-AP). A intolerância religiosa está relacionada a as- h�ps://profrosabelem.wordpress.com/2020/04/30/
suntos do Código, como os crimes contra os direitos ensino-religioso-6o-ano-b/. Acesso em: 28 mar. 2022.
humanos e os que podem ser praticados pela internet.
STECK, Juliana Monteiro. Intolerância religiosa ainda
Para aprofundamento no assunto, pesquisar: é desafio à convivência democrática. Agência Senado,
- Lei 9.459/1997, que considera crime a prática de 2013. Disponível em: h�ps://www12.senado.leg.br/
discriminação ou preconceito contra religiões noticias/materias/2013/04/16/intolerancia-religiosa-
- Cartilha da Campanha em Defesa da Liberdade de -e-ainda-e-desafio-a-convivencia-democratica. Aces-
Crença e contra a Intolerância Religiosa so em: 28 mar. 2022.
- Mapa da intolerância religiosa e violação ao direito
de culto no Brasil
- Novo Mapa das Religiões

REFERÊNCIAS

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ões evoluíram. BBC Future, 2 jun. 2019. Disponível
em: h�ps://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/
bbc/2019/06/02/como-e-por-que-as-religioes-evo-
luiram.htm. Acesso em: 28 mar. 2022.

CASAGRANDE, Roseli Correia de Barros. Os textos sa-


grados e os mitos. 2009. Disponível em: h�p://www.
educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/deb_nre/
formacao_er/textos_sagrados_mitos.pdf. Acesso em:
28 mar. 2022.

CHIQUIM, Carlos Alberto. et al. O sagrado feminino


nas religiões. Informativo da Assintec, Curitiba, n.
27, 2º semestre 2009. Disponível em: h�p://www.

102
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRRICULAR plateia não lhe faria muita diferença: ele parece estar
INTRODUÇÃO AO MUNDO envolvido na alegria de ser ele mesmo.
DO TRABALHO 3
Ser quem somos
HABILIDADE
Talvez você tenha, assim como eu, achado esqui-
Tomar decisões sobre a própria vida com consciên-
sita a atitude de Elliot antes de saber que se tratava
cia, autonomia e visão de futuro.
de uma criança. Parecia uma pessoa estranhamente
narcisista ou, quem sabe, alguém que bebeu mais
EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM/OBJETIVO DE
taças de vinho do que deveria. Mas a mensagem por
APRENDIZAGEM
trás dessa singela cena infantil me diz algo suave sobre
Estimular o desenvolvimento de competências bá-
a liberdade de ser quem somos — não importa quem
sicas para inserção, permanência e crescimento no
esteja olhando. E me faz refletir sobre como os tantos
mundo do trabalho.
julgamentos (nossos e dos outros) que vamos carre-
gando ao longo da vida vão tornando a imagem da
OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO
nossa essência refletida nos espelhos tão distorcida.
Introdução ao mundo do trabalho
Por isso, o convite para percorrer as próximas le-
tras deste texto é com o desejo de que, juntos, pos-
samos investigar o que nos distancia de quem a gente
INTRODUÇÃO
é. E, mais do que isso, como é possível ver o valor em
ser quem somos, reconhecendo nossas vontades e
expressando isso de um jeito livre, alegre e pleno.

A farsa da inadequação

A história de Elliot está no livro A Vida Ama Você


(Sextante), de Robert Holden e Louise Hay, que estavam
no dia do almoço onde tudo aconteceu. Segundo con-
tam Robert e Louise, bebês são como pássaros da alma
que voam sobre o corpo sem terem pousado sobre ele.
“Quando se olham no espelho, não apontam para
o próprio corpo e pensam ‘aquele sou eu’, ou ‘aqui-
lo é meu’. Eles são pura consciência, não há noção
Seja você mesmo do Eu. Não têm autoimagem nem construíram uma
persona ou uma máscara. Ainda não têm neuroses e
estão plenos da bênção original do espírito. Eles se
Por Débora Zanelato , 01/03/2021
identificam apenas com a sua face original, como os
VIDA SIMPLES
budistas chamam — a face da alma”, escreve Robert.
A questão é que, ao longo da nossa jornada, muitos
“Quando reconhecemos o valor e o poder de
julgamentos e críticas começam a nos impedir de ver
quem somos e deixamos os julgamentos para trás,
essa face original.
abrimos espaço para nossa essência viver de forma
Aos poucos, o amor vai sendo substituído por um
autêntica, livre e feliz. sentimento de separação, de inadequação, de medo
É um almoço entre amigos e familiares em uma de não agradar. Mas essa beleza de ser quem somos
tarde de novembro. Todos estão sentados em volta de ainda está em nós, mesmo que escondida. “Podemos
uma mesa oval. Da cozinha, a anfitriã aparece sempre vê-la novamente no momento em que paramos de
com mais pratos deliciosos. Em um momento da co- nos julgar, mas essas críticas agora são um hábito com
memoração, Elliot, um dos presentes, levanta-se e vai o qual nos identificamos. Nós nos convencemos de
até um espelho de corpo inteiro numa parede oposta. que julgar equivale a enxergar, mas na verdade é o
Ele se inclina sobre seu reflexo e beija a própria ima- oposto. Você só passa a enxergar de verdade quando
gem. Volta para a mesa e, pouco tempo depois, repete para de julgar.”
a mesma ação: se aproxima do espelho e tasca-lhe um
beijo sobre seu eu refletido. Valores em xeque
Elliot repete o gesto outras muitas vezes sem nem
perceber que está sendo observado pelas outras pes- Aos poucos, nosso valor vai sendo colocado em
soas. Mas, para aquele garotinho de 1 ano e meio, a xeque. Surge o sentimento de nunca ser bom o bastan-

103
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
te. Bonito o bastante, inteligente o bastante, criativo possível de perfeição, querendo ser quem não é, acre-
o bastante… Nunca somos bons o suficiente. E expor ditando que, só assim, será querido. Só que, quando
quem a gente é parece não ser algo muito seguro ou deixamos de ser quem somos, nunca estamos inteiros
promissor, seja pelo nosso cabelo, corpo, ideias, jei- nas relações. Caímos numa necessidade de aceitação
to de estar no mundo. Vamos criando máscaras para que aprisiona”, observa.
agradar, forjamos um jeito de ser e não acreditamos
que a nossa essência é segura de ser verdadeiramente Libertando-se de expectativas
amada. O curioso é que agimos assim muitas vezes
sem nem ter consciência disso. Parece que desde o comecinho da vida já vamos
“Esse medo essencial — ‘eu não mereço ser ama- sendo colocados em expectativas e exigências que
do’ — não passa de uma história que só parece real nos levam a nos sentir, por vezes, inadequados ou não
porque nos identificamos com ela. Isso nos impede bons o suficiente, nessa constante busca por aprova-
de gostar da nossa própria companhia e nos afasta de ção. “Na verdade, nunca ninguém nos ensinou que ser
nós mesmos”, escrevem Robert e Louise. nós mesmos é o melhor e pode ser muito divertido.
O que os autores me dizem através dessas pala- Os modelos que temos nesta realidade estão sempre
vras é que o mundo é muito mais o que nós enxerga- baseados em julgar-nos e comparar-nos com outras
mos dele. As coisas não são como são, mas como nós pessoas para sempre cabermos e sermos aceitos na
somos, como nos identificamos. O problema disso é família, na escola, no trabalho.
que nossas percepções podem fazer da vida e dos re- Aí, não é muito di�cil perder a rota de quem so-
lacionamentos algo di�cil de desfrutar com plenitude. mos”, observa a coach Marizete da Silva, cujo trabalho
E aí a vida fica limitada. Mas o bom disso é que, se é ajudar o cliente a escolher as possibilidades que
depende de nós, então também podemos criar outra mais têm a ver com ele.
realidade para estarmos. O livro A Coragem de Não Agradar (Sextante),
escrito pelos japoneses Ichiro Kishimi e Fumitake
Todos temos crenças Koga, me trouxe reflexões valiosas sobre esse desejo
de corresponder às expectativas e viver muitas vezes
Para saber mais sobre isso, procurei a terapeuta em função da crítica e do reconhecimento. Baseados
e instrutora de thetahealing — terapia de cura ener- na filosofia e inspirados nas ideias do psicólogo Alfred
gética — Sandra Chander. O que ela diz faz sentido. Adler, os autores dizem que é possível se libertar das
“Todos temos crenças, que é tudo aquilo que toma- opiniões e iluminar o poder interior para ser quem
mos como verdade em algum momento. Algo que somos, independentemente do que vão pensar.
não questionamos, não temos plena consciência. E Fui conversar com Ichiro, um dos autores, e ele
esse nosso sistema de crenças são os óculos com os me diz que essa busca por reconhecimento, em parte,
quais vemos o mundo”, diz. Assim, se acreditamos que vem da influência de uma educação baseada em re-
sermos nós mesmos é algo perigoso, que não vale a compensas e punições. Ou seja, se uma ação só tem
pena, ou que pode não ser bem aceito, passamos a valor quando é bem-vista por alguém, logo estare-
viver de um modo limitado. mos sempre reféns do julgamento alheio em busca de
Por isso, trazer para a consciência essas ideias aprovação. “Nos falta coragem para sermos normais.
que tomamos como verdade e permitir que elas vão Nós tendemos a pensar que não seremos reconhe-
embora é um caminho para nos aproximarmos de cidos pelos outros a menos que sejamos especiais.
nós mesmos. Sandra explica que há diversos níveis Mas, se vivermos em constante necessidade de reco-
de crenças: históricas, genéticas, primárias e até de nhecimento, cairemos numa dependência do outro,
alma. “É muito comum, na nossa cultura, que a crian- vivendo a vida deles e jogando fora a nossa própria
ça seja vista como uma tábula rasa, alguém que não vida”, me disse Ichiro.
sabe nada. Assim, ainda pequenos deixamos de lado Ele também diz que talvez pareça mais fácil agra-
a sabedoria nata e passamos a buscar um padrão, um dar aos outros, porque, assim, transferimos nossa
jeito de nos encaixarmos”, diz. responsabilidade sobre como guiar nossa vida, como
Cada um carrega seu sistema de crenças, desde no caso de alguém que sempre segue o caminho tra-
doenças até questões financeiras, passando por re- çado pelos pais. “Se decidirmos viver sem seguir as
lacionamentos ou trabalho. Quando pergunto sobre expectativas de outros que querem ou nos forçam a
as crenças ligadas a ser quem somos, Sandra diz que ser um determinado tipo de pessoa, colidir com eles
há diversas delas. “Sem perceber, uma pessoa pode é inevitável. A falta de coragem para não temer ser
acreditar que, se for diferente, vai ser excluída, que detestado é o nosso maior obstáculo.
ser diferente é ruim. Outras podem acreditar que se Mas podemos ser como somos, independente-
forem elas mesmas não terão o amor de ninguém. mente de como nos julgam. Também não podemos ter
Também há quem busque um padrão externo e im- medo de errar”, observa Ichiro. É valioso aceitar que

104
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
agradar a todos é uma rota impossível, que nos tira do sus o que é do mundo, podemos nos surpreender ao
caminho. Porque, no final, o que importa é como de- largar uma bagagem pesada e começar a viver com
cidimos levar nossa própria vida. O que Ichiro Kishimi a leveza do nosso espírito em pequenas ou grandes
e Fumitake Koga sugerem é que saibamos “separar as atitudes. É muitas vezes trocar o carro pela bicicleta,
tarefas nossas e as dos outros”. Isso implica entender é questionar ideias de sucesso e trabalho (imagine
que o que o outro pensa ou espera de nós e como vai largar uma posição importante que nada tem a ver
lidar com isso é uma tarefa dele, e não nossa. E que com você, mas que para os outros parece o máximo?),
isso não nos define. Não há como resolver as tarefas é simplesmente ir à praia de biquíni apesar das celu-
de todo mundo ao mesmo tempo. Ufa. lites ou decidir não pintar mais o cabelo. E entender
que as críticas que chegarão terão mais a ver com a
Celebrando as diferenças história que cada um leva consigo.
Quando fazemos uma escolha diferente, jogamos
A questão é que, mergulhados nesse caldo de au- um holofote sobre o outro, e isso pode ser incômodo,
tocríticas, de julgamentos, de não nos sentirmos bons porque o faz ver que é possível viver de outra forma.
o bastante e de uma cultura que parece aceitar só o Lembro quando a mãe de uma amiga parou de tin-
que está dentro dos padrões dualistas de certo e erra- gir os cabelos. Ela é jovem e bonita, doce e forte, e,
do, pode ficar até di�cil saber o que é nosso mesmo. quando a vi com aqueles fios brancos, pensei como
Quais são nossos gostos, opiniões e verdades? Um estavam expressando sua potência. Não porque o
caminho que a coach Marizete sugere é que façamos cabelo branco tenha mais valor que o tingido, mas
perguntas a nós mesmos. Uma escolha pragmática porque ela estava mostrando sua vontade apesar do
baseada em perguntas constantes. que iriam pensar.
“Quando você se sente fragilizado, ou deprimido, Ela me disse: “Você gostou? Muitas pessoas dis-
ou desencaixado, como seria perguntar: ‘Quem eu seram que fiquei mais velha”. Pensei que não são os
estou sendo aqui? Se eu estivesse sendo eu, o que eu fios que nos envelhecem, mas a maneira pequena de
escolheria? Onde estaria e com quem?’. As pergun- enxergar as possibilidades no mundo. Pode ser que,
tas empoderam, abrem espaço para a consciência e no começo, as críticas tenham levado Regina a ques-
criam possibilidades”, diz. Também podemos abrir um tionar sua escolha. Mas ela a manteve mesmo assim.
caderno e nele listar o que gostamos ou não e quais “Quando a pessoa para de se criticar e assume quem
valores estão ligados a nós. Parecem perguntas sim- ela é, a opinião de fora deixa de impactar. Se não tem
ples, mas trazem um contato com a gente que muitas mais vítima, não tem mais algoz. E a gente deixa até de
vezes estava esquecido.
atrair pessoas que nos julgam tanto”, explica Sandra.
Siga seu caminho
Momento de libertação
Seguir rumo a quem você é de verdade é fazer
A partir do momento em que nos libertamos do
essa escolha de não agradar o tempo todo. E estar
desejo de agradar, também não encontramos mais o
bem com isso. É aceitar que os outros lidem com suas
peso de querer ser agradados. Grávida do Ben, meu
tarefas sobre o que esperavam de você. É entender
primeiro filho, já percebo como há julgamentos em
que, apesar das críticas, a sensação de fazer e de ser
torno das escolhas de uma mãe. E como a gente não
o que lhe parece certo é muito mais saborosa. Nem
pode se conectar com isso se quiser seguir nossa
todo mundo precisa entender, e tudo bem. “Quanto
mais presentes e conscientes de que nossas escolhas vontade mais profunda. Lembro com gratidão o que
e pontos de vista criam a nossa realidade, mais pode- falou a obstetriz quando nos conhecemos: “Não tenha
mos escolher ser nós mesmos, independentemente medo de ser esquisita, porque, sempre que quiser
dos julgamentos. fazer algo que fuja do senso comum, você vai ser a
Tudo é na verdade energia — até o julgamento —, esquisita. No parto, na amamentação, na escolha da
se movendo e criando o ponto de vista da separação, educação…”. Foi um momento libertador para seguir
de que estamos errados quando não somos parecidos as escolhas que meu coração me soprava como cer-
ou seguimos os padrões da dita normalidade”, me diz, tas, mesmo sabendo que seriam estranhas para mais
por e-mail, Marizete. “O julgamento é só uma mentira gente. “Quando você está sendo você, inspira mais
que você comprou como verdade absoluta para deixar pessoas a serem elas mesmas. Olha que lindo seria
de ser quem você é.” o universo se todos estivessem sendo genuinamente
eles mesmos?”, observa Marizete.
Precisamos investigar Começo a refletir sobre como a vida seria sem
graça se pessoas incríveis que admiramos pela for-
Através dessa auto investigação do que gostamos, ma como se colocam no mundo tivessem deixado de
do rumo que queremos seguir, do que é nosso ver- expressar quem elas são pelo medo do julgamento.

105
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Quantos jeitos novos de ver a vida seriam desperdi- Temas abordados: dar o melhor de si; disposição
çados? Um dos meus pintores preferidos, o catalão para aprender; comprometimento.
Salvador Dalí, conhecido pela sua arte surrealista — e
também pelo seu bigode peculiar e suas expressões
engraçadas — tem uma frase que diz: “Todas as ma-
nhãs, quando acordo, experimento um prazer supre-
mo: o de ser Salvador Dalí.
Então pergunto a mim mesmo, maravilhado, que
coisa prodigiosa esse tal de Salvador Dalí vai fazer
hoje”. Eu não sou Salvador Dalí, nem você. Mas, todos
os dias, podemos experimentar esse prazer supremo
de ser quem somos. Qual coisa prodigiosa você vai
fazer hoje?”

REFERÊNCIA
VIDA SIMPLES. Seja você mesmo. Ano. Disponível em:
h�ps://vidasimples.co/ser/seja-voce-mesmo/. Acesso em: Vamos analisar uma atitude essencial para o mun-
1 abr. 2022. do do trabalho, relacionada ao ato de dar o melhor
de si: a disposição interna para aprender.

HABILIDADE Na sua opinião, qual a melhor época da vida para


Sentir-se capaz de planejar suas tarefas e compro- aprender: infância, juventude, idade adulta ou velhi-
missos, administrando o tempo de sua execução. ce? Por quê?

EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM/OBJETIVO DE • Desenhe numa folha uma linha da vida com o


APRENDIZAGEM seguinte aspecto:
Estimular o jovem a dar o melhor de si na realização
de seus compromissos no contexto das relações
profissionais.

OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO
Dar o melhor de si
Disposição para aprender
Comprometimento
• Marque com uma bolinha o momento que estão
vivendo hoje.
• Abaixo da linha, registre as coisas mais importan-
DAR O MELHOR DE SI
tes que aprendeu na infância e na juventude, até o
momento atual, e o que espera aprender na vida
Essa etapa de Introdução ao Mundo do Trabalho
adulta e na velhice.
tem o intuito de estimular você a dar o melhor de si
• Compartilhe entre com colegas o que escreveu.
na realização de seus compromissos no contexto das
• Observe que há fases da vida em que o volume de
relações pessoais e profissionais.
aprendizado é maior do que em outras. Por exem-
plo, na infância, aprendemos a andar, falar, ler, es-
Os objetivos são os seguintes:
crever, entre outras coisas. Contudo, em qualquer
• perceber a importância de estar sempre dispo-
idade podemos aprender coisas novas.
nível para aprender e, assim, enfrentar melhor
os desafios e as transformações do mundo do
A capacidade de aprender se desenvolve confor-
trabalho.
me o nosso interesse. Quando buscamos respostas
• Perceber a importância do comprometimento
para um problema ou quando nos admiramos com
com suas tarefas, contribuindo para o seu de-
algo novo, nos colocamos nessa condição.
senvolvimento profissional e para os resultados
Em um mundo que se transforma com grande
da organização.
rapidez, a capacidade de aprender continuamente é
• Sentir-se estimulado a desenvolver essas com-
competência essencial. Quem tem vontade de apren-
petências, aplicando-as em situações da vida
der consegue se adaptar melhor às mudanças. Quem
pessoal e profissional.
se acomoda encontra mais dificuldade para enfrentar
os desafios.

106
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Uma pessoa que tem vontade de aprender pode Após as apresentações, conversem sobre como
alcançar na vida escolar e na vida profissional pode se sentem em relação a esse assunto.
obter muitos bene�cios.
Pense em comportamentos que demonstram essa Quais as dificuldades vocês identificam para de-
atitude. Registre as ideias principais. senvolver a disposição interna para aprender?
Dentre as inúmeras competências necessárias
para que um profissional se desenvolva no mundo É comum em entrevistas de emprego o selecio-
do trabalho, duas são essenciais: a capacidade de nador perguntar ao candidato qual assunto gostaria
entregar resultados e a disposição para aprender de aprender e o que pretende fazer para viabilizar
continuamente. esse sonho. A resposta do candidato dá pistas im-
Organizações e empresas vivem de resultados. portantes sobre seus interesses e sua capacidade
Para sua sobrevivência, precisam contar com profis- de realização.
sionais que trabalhem com esse foco e que consigam As transformações no mundo do trabalho exigem
acompanhar a dinâmica de transformações que acon- atualização constante dos nossos conhecimentos, e
tecem o tempo todo. só há um modo de enfrentar esse desafio: manter
No caso de uma empresa, as mudanças na rotina sempre viva a vontade de aprender. Isso vale para
podem acontecer de inúmeras formas:
todos os campos da experiência humana. Segundo
Quando o governo altera uma legislação.
a UNESCO (DELORS, 1996), a educação ao longo de
Quando um cliente pede um serviço diferente.
toda a vida é uma competência essencial para a rea-
Quando um equipamento antigo é substituído
lidade contemporânea, a “chave que abre as portas
por um novo.
do século XXI”.
Quando alguém sugere um modo mais eficiente
de realizar uma tarefa.
AFINAL DE CONTAS: O QUE SIGNIFICA APRENDER A
Há relação direta entre a vontade de aprender APRENDER?
e o desempenho profissional. Quem está disposto a
aprender consegue se adaptar melhor às mudanças e
está mais bem preparado para enfrentar os desafios
cotidianos da organização em que trabalha.

Dinâmica - “Disposição para aprender”


• Organizem-se em grupos.
• Observe o seguinte quadro com algumas atitu-
des que estimulam a disposição para aprender no
mundo do trabalho:

“Antes de aprendermos de verdade, devemos


aprender a aprender. Mas o que seria isso? Em tempos
em que tudo acontece da maneira mais rápida pos-
sível, muitas vezes nos perguntamos o que devemos
fazer para aproveitar melhor nosso tempo e, para o
caso dos estudantes, como aprender melhor?
Esta é uma pergunta simples, porém com poucas
respostas claras. Em primeiro lugar, quando vamos
estudar algo novo, estamos preocupados mais com a
linha de chegada do que com o percurso que traçamos
durante esse trajeto? Por quê?
Por uma simples razão: devido à nossa mentalida-
Escolham a atitude com a qual mais se identificam de. Mas, o que isso significaria exatamente? Em linhas
e dramatizem um exemplo de sua aplicação em gerais, o modo como você pensa e, por conseguinte,
situações na vida familiar, escolar ou no mundo enxerga o mundo, determinará se você obterá sucesso
do trabalho. ou não em suas empreitadas.
A fim de fortalecer o entendimento do conceito, Significa, basicamente, que suas atitudes frente
dramatizem, a partir da mesma situação criada, o novos desafios determinarão sua capacidade de en-
que aconteceria caso a atitude escolhida não fosse frentá-los de forma corajosa e bem sucedida. Se você,
aplicada. por exemplo, quiser aprender uma nova língua com

107
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
uma mentalidade limitada frente a este novo desafio, perspectiva mais abrangente. Nos inspira a crescer
provavelmente não logrará êxito e terá muitas frus- constantemente e, consequentemente, nos torna pes-
trações ao longo deste percurso. soas mais resilientes e com uma visão mais profunda
Logo, sua preocupação tem de estar centrada no sobre nossa existência e propósito de vida.
modo como você aprende esse novo idioma, e não Portanto, toda vez que resolver começar qualquer
no aprendizado em si. Um dos caminhos que pode atividade, pense além dos resultados imediatos que
utilizar para lidar com essa questão é enxergar os re- ela lhe trará. Flexibilize seu pensamento para uma
sultados desse aprendizado em longo prazo e quantos visão mais ampla e profunda em relação ao processo
bene�cios terá ao aprendê-lo. Por exemplo, a possibi- de aprendizagem. Assim, poderá realizar essas novas
lidade de viajar pelo mundo, expandir seus horizontes atividades com mais sentido e propósito e, por con-
culturais, ter sucesso em sua carreira, poder enxergar seguinte, terá uma vida mais plena.”
o processo de aprendizado com algo que ocorre de
maneira constante. REFERÊNCIA
Ademais, quando nos dedicamos a algo com uma BBC. Afinal de contas: o que significa aprender a
mentalidade flexível, tendemos a ser mais bem su- aprender? [20--]. Disponível em: h�ps://blclangua-
cedidos nesse processo. Isto ocorre porque esse tipo ges.com.br/aprender-a-aprender/. Acesso em: 1 abr.
de mentalidade nos ajuda a enxergar a vida sob uma 2022.

COMPROMETIMENTO

Vamos estudar mais uma atitude essencial para Após as colocações, compartilhem entre a turma
o mundo do trabalho, relacionada ao ato de dar o e reflitam juntos:
melhor de si: o comprometimento.
“Compromisso: ajuste pelo qual pessoas as-
Qual a primeira ideia que vem à mente quando es- sumem certas obrigações recíprocas; comprometi-
cutam as palavras compromisso e comprometimento? mento. In: dicionário Aulete. Disponível em: h�p://
Em quais situações da vida cotidiana essas pala- goo.gl/dJoh1.
vras são usadas?
Por exemplo: o que significa a expressão “sou uma [...] na definição do dicionário, compromisso e
pessoa comprometida”? E a expressão “assumi um comprometimento são sinônimos e sempre envolvem
compromisso comigo mesmo”? algum tipo de obrigação com o outro. Contudo, no
mundo do trabalho, alguns especialistas diferenciam
Exemplos para reflexão: as duas ideias. Para eles, compromisso é a respon-
Compromisso de sinceridade mútua em um rela- sabilidade que se assume em relação a determinado
cionamento afetivo. trabalho e comprometimento é o cumprimento dessa
Compromisso de fazer a sua parte no trabalho responsabilidade, dando o melhor de si.
em grupo. Ter compromisso é ter responsabilidade; estar
Compromisso de ajudar os pais nas tarefas do- comprometido é envolver-se intensamente em um
mésticas. trabalho, projeto, causa ou objetivo que se espera
alcançar. Quanto maior o envolvimento, melhores
Com base na análise dos aspectos comuns dos serão os resultados.”
exemplos levantados, em duplas, construam uma de-
finição para as duas palavras.

108
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Leiam e discutam o seguinte texto: situações na vida familiar, escolar ou no mundo
do trabalho.
“Comprometimento é uma competência essen- • A fim de fortalecer esse entendimento, drama-
cial ao trabalho. As organizações esperam que seus tizem o que aconteceria caso a atitude escolhida
profissionais sejam comprometidos em relação aos não fosse aplicada.
compromissos que assumem e em relação aos ob-
jetivos da própria organização. Após as apresentações, conversem sobre como
Profissionais comprometidos, em geral, sen- se sentem em relação a esse assunto.
tem-se satisfeitos e envolvidos com o trabalho que Em quais situações entendem que é mais fácil ou
realizam. mais di�cil se comprometer em relação a um trabalho
Cumprem sua obrigação, dando o melhor de ou a uma organização?
si. Isso pode ser percebido, por exemplo, em um O comprometimento é sempre uma via de mão
atendimento atencioso; em um serviço bem pres- dupla. Para manter uma equipe comprometida, é im-
tado; no esforço de melhorar determinado proce- portante que a organização reconheça e valorize a de-
dimento; nas contribuições que o profissional faz dicação de seus funcionários e crie ambiente propício
para aprimorar a qualidade de um serviço etc. para desenvolverem o seu trabalho. Por outro lado, o
Na visão das organizações, tal atitude é impor- profissional comprometido ajuda a organização a se
tante porque melhora a produtividade e reduz a desenvolver, pois tende a ser mais produtivo.”
rotatividade de funcionários, entre outros bene-
REFERÊNCIA
�cios. Para o profissional, o comprometimento é INSTITUTO UNIBANCO. Introdução ao Mundo do Tra-
essencial, pois gera oportunidades de aprendizado, balho. São Paulo, 2014. V. 2. Caderno do Professor. Dis-
desenvolvimento pessoal e ampliação da rede de ponível em: h�p://eeepedrocia.com.br/site/wp-content/
relacionamentos.” uploads/2016/07/MundoTrabalho_Professor.pdf. Acesso
em: 07 jan. 2021.
“Após a leitura, reflitam sobre outras situações do
mundo do trabalho em que o comprometimento faz
a diferença, como: HABILIDADE
• Disciplina em relação a horários de entrada e Sentir-se capaz de agir com iniciativa, proatividade,
saída do serviço. disposição para aprender, comprometimento e resi-
• Colaboração espontânea com um grupo de liência em situações da vida pessoal e profissional.
colegas que busca a solução de um problema
complexo. OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Estimular o jovem a desenvolver a capacidade de
• Atenção e empatia em relação a um cliente de
agir com resiliência diante de situações desafiado-
outra área que precisa ser atendido imediata-
ras do ambiente profissional.
mente.”
OBJETOS DE CONHECIMENTO
Dinâmica - “Comprometimento”:
Enfrentar dificuldades
• Organizem-se em grupos. Conflitos e desentendimentos
• Vejam o seguinte quadro com algumas atitudes Resiliência
que estimulam o comprometimento no mundo do
trabalho:
ENFRENTAR DIFICULDADES
O intuito agora é estimular vocês a desenvolverem
a capacidade de agir com resiliência diante de situa-
ções desafiadoras do ambiente profissional.

Os objetivos são os seguintes:


• Compreender que os conflitos são inerentes
aos relacionamentos interpessoais.
• Perceber a importância de aprender a lidar com
conflitos e a evitar confrontos ou desentendi-
mentos por meio de atitudes de resiliência.
• Sentir-se estimulado a desenvolver essa com-
• Escolham a atitude com a qual mais se identificam petência, aplicando-a em situações da vida
e dramatizem um exemplo de sua aplicação em pessoal e profissional.

109
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Temas abordados: conflito; confronto; resiliência; vez de acabar com o enfrentamento, estimula esse
persistência; assertividade. tipo de atitude e tira dos jovens a autonomia para
resolver problemas.
CONFLITOS E DESENTENDIMENTOS Segundo Telma Vinha, professora de Psicologia
Educacional da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e colunista da revista NOVA ESCOLA, im-
plementar um projeto institucional de mediação de
conflitos é fundamental para implantar espaços de
diálogo sobre a qualidade das relações e os problemas
de convivência e propor maneiras não violentas de
resolvê-los. Assim, os próprios envolvidos em uma
briga podem chegar a uma solução pacífica.
Por essa razão, é importante que, ao longo do pro-
cesso de implantação, alunos, professores, gestores
e funcionários sejam capacitados para atuar como
mediadores. Esses, por sua vez, precisam ter algumas
Estudaremos mais uma atitude essencial para o habilidades como saber se colocar no lugar do outro,
mundo do trabalho, que é a capacidade de lidar com manter a imparcialidade, ter cuidado com as palavras
conflitos e buscar soluções para as dificuldades do e se dispor a escutar.
dia a dia. O projeto inclui a realização de um levantamento
Vamos pensar sobre o significado da palavra con- sobre a natureza dos conflitos e um trabalho preven-
flito. Vocês já presenciaram ou vivenciaram conflitos tivo para evitar a agressão como resposta para essas
no ambiente escolar? Como lidaram com isso? situações. Além disso, ao sensibilizar os professores
e funcionários sobre o tema, é possível identificar as
Leiam o texto a seguir. violências sofridas pelos diferentes segmentos e atuar
para acabar com elas.
Conversar para resolver conflitos
Pessoas capacitadas atuam em encontros indi-
Karina Padial viduais e coletivos

Quando a escuta e o diálogo são as regras, sur- Há duas formas principais de a mediação aconte-
gem soluções pacíficas para as brigas cer, segundo explica Lívia Maria Silva Licciardi, dou-
toranda em Psicologia Educacional, Desenvolvimento
Humano e Educação pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). A primeira é quando há duas
partes identificadas envolvidas. Nesse caso, ambos os
lados se apresentam ou são chamados para conversar
com os mediadores - normalmente eles atuam em du-
pla para que a imparcialidade no encaminhamento do
caso seja garantida - em uma sala reservada para esse
fim. Eles ouvem as diversas versões, dirigem a con-
versa para tentar fazer com que todos entendam os
sentimentos colocados em jogo e ajudam na resolução
do episódio, deixando que os envolvidos proponham
“Alunos que brigam com colegas, professores que
caminhos para a decisão final.
desrespeitam funcionários, pais que ofendem os di-
A segunda forma é utilizada quando acontece um
retores. Casos de violência na escola não faltam. A
problema coletivo - um aluno é excluído pela turma,
pesquisa O Que Pensam os Jovens de Baixa Renda
por exemplo. Diante disso, o ideal é organizar me-
sobre a Escola, realizada pelo Centro Brasileiro de
diações coletivas, como uma assembleia. Nelas, um
Análise e Planejamento (Cebrap) sob encomenda da
gestor ou um professor pauta o encontro e conduz
Fundação Victor Civita (FVC), ambos de São Paulo,
a discussão, sem expor a vítima nem os agressores.
revelou que 11% dos estudantes se envolveram em
“O objetivo é fazer com que todos falem, escutem
conflitos com seus pares nos últimos seis meses e
e proponham saídas para o impasse. Assim, a solução
pouco mais de 8% com professores, coordenadores
deixa de ser punitiva e passa a ser formativa, levando
e diretores. Poucas escolas refletem sobre essas si-
à corresponsabilização pelos resultados”, diz Ana Lucia
tuações e elaboram estratégias para construir uma
Catão, mestre em Psicologia Social pela Ponti�cia Uni-
cultura da paz. A maioria aplica punições que, em

110
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
versidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ela ressalta “Essas propostas trazem um retorno muito grande
que o debate é enriquecido quando se usa outros para as instituições, que conseguem resultados satis-
recursos: filmes, peças de teatro e músicas ajudam na fatórios. É preciso, porém, planejá-las criteriosamen-
contextualização e compreensão do problema. te”, afirma Suzana Menin, professora da Universidade
No CEF 602, no Recanto das Emas, subdistrito de Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).
Brasília, o Projeto Estudar em Paz, realizado desde No ano passado, a pesquisadora mapeou 1.062 expe-
2011 em parceria com o Núcleo de Estudos para a riências de Educação visando a não violência. A maio-
Paz e os Direitos Humanos da Universidade de Brasília ria delas apresentava problemas como a baixa adesão
(NEP/UnB), tem 16 alunos mediadores formados e da direção às propostas sugeridas pelos docentes, a
outros 30 sendo capacitados. A instituição conta ain- inexistência de formação dos envolvidos, a ausência
da com 28 professores habilitados e desde o começo de diretrizes no projeto político-pedagógico (PPP), a
deste ano o projeto faz parte da formação continua- vinculação das ações a uma única disciplina e a des-
da. “Os casos de violência diminuíram. Recebo menos continuidade diante da rotatividade de professores e
alunos na minha sala e as depredações do patrimônio da equipe gestora.”
praticamente deixaram de existir. Ao virarem prota-
gonistas das decisões, os estudantes passam a se res- REFERÊNCIA
ponsabilizar por suas atitudes”, conta Silvani Carlos PADIAL, Karina. Conversar para resolver conflitos. Nova
dos Santos, diretora da escola. Escola, n. 27, 21 mar. 2016. Disponível em: h�ps://novaes-
O projeto obteve outras conquistas. Até o ano cola.org.br/conteudo/7844/conversar-para-resolver-confli-
passado, o CEF 602 era a única instituição do Distrito tos. Acesso em: 1 mar. 2022.
Federal cujas carteiras tinham o assento e o encosto
de ferro. Ao perceberem que esse fato incomodava Há outras organizações que formam mediadores
os alunos - como se fosse uma violência estrutural -, de conflitos para atuação em escolas e em outros
eles organizaram uma assembleia, recolheram cerca contextos, como os tribunais de conciliação do Po-
de 500 assinaturas da comunidade e enviaram um der Judiciário.
o�cio à Coordenação Regional de Ensino (CRE), que
realizou a troca do mobiliário. O sucesso da ação le- • Em duplas, discutam o texto “Conversar para
vou o então coordenador pedagógico, Francisco Celso, resolver conflitos”.
a assumir a recém-criada diretoria de mediação de • Observe a seguinte afirmação: “O conflito existe
conflitos da CRE, que atua em todas as unidades sob diariamente. O conflito não tem fim!”. Vocês concor-
sua responsabilidade. dam ou não com essa afirmação e suas implicações
na vida cotidiana e nos relacionamentos?
Aluno ajudante e professor tutor contribuem • Analisem os conceitos de conflito e confronto,
para a cultura da paz destacando as diferenças entre um e outro:

Desde 2011, as escolas na Espanha precisam ela- Conflito: oposição de ideias, sentimentos ou
borar um plano de convivência contemplando diretri- interesses.
zes para a promoção de uma cultura da paz. Além das Confronto: oposição hostil, agressiva; combate.
assembleias e dos encontros de mediação, também In: Dicionário Aulete. Disponível em: h�p://
são adotadas outras práticas. Uma delas é a do aluno goo.gl/rgJkf.
ajudante, na qual alguns jovens são destacados para
realizar o acolhimento dos novos colegas e identificar Os conflitos, no âmbito dos relacionamentos,
casos que possam evoluir para o bullying. Há também sempre existirão, por isso que é essencial desenvolver
professores tutores realizando atendimentos individu- habilidades para lidar com eles. Muitas vezes, signi-
alizados aos estudantes que apresentam problemas ficam apenas uma oposição de ideias entre pessoas
relacionados à disciplina. que buscam uma solução.
Na EE Walter Negrelli, em Osasco, na Grande São Quando o conflito se transforma em confronto,
Paulo, o Projeto Conviver criou a figura do professor a situação fica mais séria. No confronto, há agres-
coordenador para cada turma. Ele tem um caderno no sividade, hostilidade e desrespeito. As emoções se
qual anota as observações referentes a cada criança e sobrepõem ao raciocínio e dificultam o entendimento
os comentários que outros docentes e alunos fazem mútuo.
sobre a turma em geral. Com isso, são planejadas con-
versas e ações. “A equipe passa por formação duas Leiam e discutam o seguinte texto:
vezes por ano. Durante os encontros de planejamento
semestral, discutimos o projeto e analisamos formas No mundo do trabalho, as situações de conflito
de intervenção com base em situações reais”, diz Cyn- são comuns. É importante aprender a identificar e
thia Assato, coordenadora pedagógica. lidar com elas, evitando que se transformem em

111
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
confronto ou desentendimento. Os conflitos, em Após as apresentações, reflitam sobre como se
geral, estão relacionados a diferenças de tempera- sentem a respeito desse assunto nas relações coti-
mento, problemas de comunicação ou sobrecarga dianas.
de trabalho. Quase sempre prejudicam o desem- A capacidade de entender a essência dos conflitos
penho. Em algumas situações, contudo, podem no ambiente de trabalho e a disposição para encontrar
trazer resultados positivos ao estimular o debate soluções que evitem o confronto e o ressentimento
de ideias, favorecendo a inovação ou o olhar mais entre as partes são competências essenciais para o
atento para a realidade. desenvolvimento profissional.
Duas pessoas discutindo um problema com
energia e assertividade podem chegar a um acordo RESILIÊNCIA
sem se desrespeitar. Se partirem para a agressão
verbal, usando ironias, elevando o tom de voz, fa- A resiliência, é uma competência essencial para
lando sem ouvir, dificilmente chegarão a um en- o trabalho, relacionada à capacidade de enfrentar e
tendimento. superar dificuldades.
Do ponto de vista das organizações, o confronto
é sempre prejudicial. Quando as pessoas se de-
sentendem, ocorre bloqueio na comunicação e no
relacionamento interpessoal. O confronto reduz a
produtividade e a confiança entre as pessoas.
Um conflito ou confronto não solucionado
podem abalar a autoconfiança e a motivação do
profissional.

Apresentem suas conclusões e, em conjunto, res-


pondam ao seguinte questionamento:
- Se os conflitos são inevitáveis, qual a melhor
forma de lidar com eles?

Existem algumas iniciativas que ajudam a lidar


melhor com os conflitos no ambiente profissional:
• Ouvir com atenção o que o outro está dizendo, Resiliência: habilidade que uma pessoa desen-
antes de reagir. volve para resistir, lidar e reagir de modo positivo
• Discutir sempre sobre dados concretos e não em situações adversas.
sobre impressões. In: dicionário Aulete. Disponível em: h�p://goo.
• Colocar-se à disposição para buscar uma solu- gl/dJoh1.
ção que atenda a ambos os lados.
• Em caso de dificuldade, pedir e aceitar a opinião
isenta de alguém que não esteja envolvido no
conflito.

Um dos desafios mais di�ceis em um conflito é


lidar de maneira construtiva com as próprias emoções.
Nesses momentos, é importante tratar o outro com
respeito e expressar as próprias opiniões de forma
assertiva.

Dinâmica - “Aprendendo a lidar com conflitos”


• Em grupos, analisem as iniciativas apresentadas
anteriormente.
• Escolham a iniciativa com a qual mais se identi-
ficam e dramatizem um exemplo de sua aplicação
em situações de conflito na vida familiar, escolar
ou no mundo do trabalho.
• A fim de fortalecer o entendimento do conceito,
dramatizem também o que aconteceria caso a ini-
ciativa escolhida não fosse aplicada.

112
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O termo resiliência é utilizado em outras áreas.
Na Física, é a capacidade de um corpo voltar ao seu
estado normal, sem deformações, depois de haver
sofrido uma pressão.
No mundo do trabalho, é empregada para definir a
capacidade de o profissional reagir com assertividade
perante adversidades e incertezas, promovendo as
transformações imprescindíveis para encontrar solu-
ções.

Leiam e discutam o seguinte texto:

No mundo do trabalho, o profissional resiliente


é aquele que demonstra flexibilidade diante das
dificuldades, suportando mudanças e imprevistos,
sem perder a energia criativa na busca de solu-
ções. É o caso, por exemplo, do profissional que
recebe as críticas do chefe em relação a um traba- Algumas iniciativas que favorecem a resiliência no
lho que fez e, mesmo assim, coloca sua opinião de ambiente profissional:
maneira assertiva, comprometendo-se a modificar • Aceitação da realidade e das pessoas como elas
o que for necessário. Ou do profissional que, por realmente são;
determinação da empresa, atende a um cliente ou • Cultivo da autoconfiança;
fornecedor com quem não tem afinidade sem se • Foco nos objetivos, apesar das dificuldades;
irritar ou colocar em risco os resultados esperados • Flexibilidade frente a situações de incerteza;
do seu trabalho. • Capacidade de improvisar e agir de forma es-
O profissional resiliente lida com a adversidade truturada.
de forma racional e assertiva, concentrando sua
energia não somente no problema, mas na sua Dinâmica - “Aprendendo a ser resiliente”
solução. • Façam grupos e analisem as iniciativas apresen-
No dia a dia das organizações, as pessoas en- tadas no item anterior.
frentam inúmeras situações de conflito e estresse. • Escolham aquela com a qual mais se identificam
Aprender a agir com resiliência é essencial para o e dramatizem um exemplo de sua aplicação em
crescimento profissional. Pessoas que não desen- situações que exijam resiliência na vida familiar,
volveram essa competência, em geral, são inflexí- escolar ou no mundo do trabalho.
veis e resistentes a mudanças. Tendem a reagir de • A fim de fortalecer o entendimento do concei-
forma emocional em situações de crise, entregan- to, dramatizem ainda, a partir da mesma situação
do-se a sentimentos de raiva, medo ou ansiedade. criada, o que aconteceria caso a iniciativa escolhida
não fosse aplicada.
É comum, em anúncios ou entrevistas de empre-
go, o uso da expressão “capacidade de trabalhar sob Assim como há iniciativas que estimulam o desen-
pressão” para definir a resiliência. volvimento da resiliência, há outras que dificultam,
como baixa autoestima, apatia, irritação ou agressi-
Agora pensem: vidade gratuita. Do mesmo modo, colocar-se como
• Como se sentem em relação a essa competên- vítima em situações inesperadas.
cia?
• Como lidam com problemas di�ceis?
• Reagem às adversidades de forma emocional
ou racional?
• Sentem-se capazes de trabalhar sob pressão?

A resiliência pode ser desenvolvida ao longo de


toda a vida profissional. Empresas e organizações va-
lorizam pessoas que conseguem enfrentar situações
adversas. A resiliência é competência essencial para
quem quer se desenvolver como empreendedor ou “Quando nasce, o homem é fraco e flexível.
dono de um negócio próprio. Quando morre, é forte e rígido.

113
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A firmeza e a resistência são sinais de morte.
A fraqueza e a flexibilidade, manifestações de
vida.”
- Lao Tsé, do livro Tao Te Ching.

REFERÊNCIA
INSTITUTO UNIBANCO. Introdução ao Mundo do Tra-
balho. São Paulo, 2014. V. 2. Caderno do Professor. Dis-
ponível em: h�p://eeepedrocia.com.br/site/wp-content/
uploads/2016/07/MundoTrabalho_Professor.pdf. Acesso
em: 07 jan. 2021.

HABILIDADE
Tomar decisões sobre a própria vida com consciên-
cia, autonomia e visão de futuro.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Desenvolver pensamento crítico para analisar infor-
mações, tirar conclusões e tomar decisões.

OBJETO DE CONHECIMENTO
Atividade Culminante

114
Ciências da
Natureza e suas
Tecnologias
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
BIOLOGIA Outra medida importante de profilaxia é a vacina-
ção. No estado de Goiás, o Programa Nacional de Imu-
HABILIDADES DA BNCC nizações (PNI) oferece vacinas gratuitas para prevenir
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de doenças como a hepatite B, a influenza e o tétano.
programas de infraestrutura e demais serviços Em resumo, a identificação dos principais agentes
básicos (saneamento, energia elétrica, transpor- etiológicos relacionados a infecções e verminoses é
te, telecomunicações, cobertura vacinal, atendi- fundamental para a adoção de medidas preventivas
mento primário à saúde e produção de alimentos, eficazes. A relação ecológica parasita hospedeiro deve
entre outros) e identificar necessidades locais e/ ser considerado para justificar os principais mecanis-
ou regionais em relação a esses serviços, a fim de mos de profilaxia, saneamento básico e políticas pú-
avaliar e/ou promover ações que contribuam para blicas voltadas à promoção e manutenção da saúde
a melhoria na qualidade de vida e nas condições da população no estado de Goiás. A implementação
de saúde da população. de medidas preventivas adequadas é essencial para
reduzir a incidência dessas doenças e garantir uma
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM melhor qualidade de vida para a população goiana.
(GO-EMCNT310G) Identificar os principais agentes
etiológicos relacionados a infecções e verminoses, Vírus
considerando a relação ecológica parasita hospe-
deiro para justificar os principais mecanismos de Os vírus são considerados parasitas intracelulares
profilaxia, saneamento básico e políticas públicas obrigatórios e de acordo com alguns autores eles po-
voltadas à promoção e manutenção da saúde da
dem ter vida pelo fato de possuir material genético
população no estado de Goiás.
podendo se duplicar, ao passo que outros autores
afirmam que eles não possuem vida por não ter me-
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
tabolismo próprio, sendo acelulares (não possuem
Parasitologia – Vírus
células).
A origem da palavra vírus vem do latim que signi-
(GO-EMCNT310G)
fica fluido venenoso ou toxina, pois sabemos que os
As infecções e verminoses são doenças causa-
vírus podem causar uma infinidade de doenças que
das por agentes etiológicos que se relacionam com
afetam os seres vivos como gripe, sarampo, hepatite
seus hospedeiros através de uma relação ecológica
e rubéola.
conhecida como parasitismo. No estado de Goiás,
Formados basicamente de uma cápsula proteica
essas doenças representam um problema de saúde
pública e afetam a qualidade de vida da população. (capsídeo) medindo menos de 0,2 µm, os vírus podem
Entre os principais agentes etiológicos relacionados ser formados de DNA (ácido desoxirribonucleico) ou
a essas doenças estão bactérias, vírus, protozoários de RNA (ácido ribonucleico) ou até mesmo os dois
e vermes. Esses microrganismos podem ser transmi- juntos, sendo considerados citomegalovírus.
tidos por meio de alimentos contaminados, contato
Figura 1 – Estrutura de um vírus
com fezes humanas ou animais, ou através de vetores
como mosquitos e carrapatos.
A profilaxia dessas doenças envolve a adoção de
medidas preventivas que visam evitar a transmissão
dos agentes etiológicos. Entre as principais medidas
de profilaxia estão o saneamento básico, a higiene
pessoal, o controle de vetores e a vacinação.
O saneamento básico é fundamental para preve-
nir a disseminação de doenças causadas por agentes
etiológicos que se propagam através do contato com
água e alimentos contaminados. É importante que Fonte: Pixabay (2023). Disponível em: h�ps://pixabay.com. Acesso
em: 16 mar. 2023.
as políticas públicas promovam a implantação de sis-
temas de tratamento de água e esgoto nas regiões
Quando os vírus estão fora do seu hospedeiro são
mais carentes do estado. A higiene pessoal, como a
considerados vírions e, dessa maneira, são considera-
lavagem das mãos e a adoção de medidas de limpe-
dos inativos ou cristalizados. Os vírus podem possuir
za adequadas, também é importante para prevenir a
várias estruturas como mostra a imagem.
disseminação dessas doenças. Além disso, o controle Figura 2 – Estruturas de vírus
de vetores como mosquitos e carrapatos é essencial
para evitar a transmissão de doenças como a dengue,
a febre amarela e a doença de Lyme.

116
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Fonte: Imagem modificada e adaptada de: Freepik (2023). Dis-


ponível em: h�ps://br.freepik.com/vetores-gratis/. Acesso em:
16 mar. 2023. Os vídeos sobre vírus podem ser encontrados nos links
descritos, a seguir, ou acessando o canal do youtube
Os vírus geralmente infectam as células hospe- primandade luiz e digitar a palavra vírus.
deiras para conseguir se duplicar, uma vez que não • vírus parte I h�ps://www.youtube.com/watch?v=s-
possuem metabolismo próprio, por isso são conside- D-W_cLXyDg&t=256s
rados parasitas. O bacteriófago, por exemplo, infecta • vírus parte II
bactérias utilizando de seu metabolismo para repro- • h�ps://www.youtube.com/watch?v=gwg92bcu-
duzirem. zYs&t=55s
Os vírus envelopados ou também chamados de • vírus parte III h�ps://www.youtube.com/watch?-
encapsulados possuem o material genético protegido v=ORS-ofCdScs
pelo capsídeo (cápsula de proteína) e um envelope QUESTÕES DESAFIO – ENEM
externo ao capsídeo, ao passo que os vírus não en- 1. (ENEM/2019) Na família Retroviridae encontram-
velopados não possuem o envoltório externo e são -se diversos vírus que infectam aves e mamífe-
considerados não envelopados. ros, sendo caracterizada pela produção de DNA
As enzimas auxiliam os vírus no seu processo de a partir de uma molécula de RNA. Alguns retro-
infecção como é o caso do vírus HIV que tem a Trans- vírus infectam exclusivamente humanos, não ne-
criptase reversa responsável pelo seu processo de cessitando de outros hospedeiros, reservatórios
transcrição reversa, ou seja, formação de DNA a partir ou vetores biológicos. As infecções ocasionadas
de RNA viral, pois o vírus da AIDS é considerado um re- por esses vírus vêm causando mortes e grandes
trovírus por possuir material genético formado de RNA. prejuízos ao desenvolvimento social e econômi-
Conforme podemos observar na imagem anterior, co. Nesse contexto, pesquisadores têm produzido
os bacteriófagos apresentam basicamente as fibras, a medicamentos que contribuem para o tratamento
cauda, a cápsula de proteínas (capsídeo), a cabeça e o dessas doenças.
material genético. O processo de contaminação de um Que avanços tecnológicos têm contribuído para
bacteriófago pode ser de duas maneiras (ciclo lítico o tratamento dessas infecções virais?
e ciclo lisogênico) como mostra a ilustração a seguir. a) Melhoria dos métodos de controle dos vetores
desses vírus.
Figura 3 - Estrutura de um bacteriófago b) Fabricação de soros mutagênicos para combate
desses vírus.
c) Investimento da indústria em equipamentos de
proteção individual.
d) Produção de vacinas que evitam a infecção das
células hospedeiras.
e) Desenvolvimento de antirretrovirais que difi-
cultam a reprodução desses vírus.

2. (ENEM/2011) Na charge, o autor refere-se de for-


ma bem-humorada a uma preocupação da po-
pulação e das autoridades de saúde em relação
à contaminação de humanos pelo vírus da gripe
Fonte: Biologianet (2023). Disponível em: h�ps://www.biologia- H1N1, também conhecida como gripe suína.
net.com/biodiversidade/virus.htm Acesso em: 19 mar. 2023.

117
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Quais as formas de tratamento da virose?
A virose tem cura e o tratamento é baseado em re-
pouso e fortalecimento do corpo, para que o sistema
imunológico seja capaz de eliminar o vírus mais rapi-
damente. As principais recomendações são manter-se
bem hidratado, manter uma alimentação equilibrada
e evitar atividades desgastantes.

REFERÊNCIA DO TEXTO
VIROSE. Rede D’or, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.
rededorsaoluiz.com.br/doencas/virose. Acesso em: 14 mar.
2022.

Viroses

Saúde e corpo humano


Como observado, os vírus
O autor sugere uma reflexão sobre as crenças são parasitas celulares obri-
acerca das formas de contaminação pelo vírus gatórios que precisam de
da gripe H1N1. Trata-se de um mito a concepção uma célula hospedeira para
de que a Influenza H1N1 é transmitida se reproduzir e, portanto,
a) pela ingestão de carne contaminada, principal- causam doenças. É impor-
mente a de suínos. tante classificar as principais
b) pelo contato direto entre os fluidos de indiví- infecções virais contagiosas e as infecções sexualmen-
duos sadios e portadores do vírus. te transmissíveis (ISTs) de acordo com o seu agente
c) pelo contato com objetos compartilhados entre etiológico e forma de transmissão. A grande maioria
indivíduos sadios e contaminados. das viroses tem como principais sintomas febre, dor-
d) pelo ar juntamente com par�culas de poeira -de-cabeça, vômitos, dores no corpo e mal-estar, o
em suspensão, gotas de saliva e secreção na- que dificulta um exame clínico preciso do quadro do
paciente.
sobucal.
Vale ressaltar que a maioria das viroses não possui
e) por meio da ingestão de alimento contaminado
tratamento nem remédios específicos, pois no caso
pelas mãos de portadores do vírus durante a dos vírus, em geral, causam sintomas em nosso corpo
preparação ou o manuseio. e os médicos recomendam medicamentos para com-
bater os sintomas da doença, enquanto nosso próprio
O que é virose? corpo a partir do sistema imunológico irá produzir
A virose é qualquer tipo de doença resultante de anticorpos para combater os vírus.
uma infecção viral que tem curta duração, normal- Dentre as principais viroses, podemos destacar
mente não ultrapassando 10 dias. Viroses são mais Aids, catapora, caxumba, condiloma acuminado, den-
comuns em bebês e crianças, mas podem acometer gue, febre amarela, gripe, hepatite, herpes, mononu-
adultos também. cleose poliomielite, raiva, rubéola, sarampo, varíola
e corona vírus.
Quais as causas da virose?
As viroses podem ser causadas por diversos tipos As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)
de vírus. No entanto, doenças como sarampo, dengue Desde 2016 que as doenças sexualmente transmis-
ou zika, que também são causadas por vírus, não são síveis (DSTs) perderam esta classificação e passaram a
consideradas viroses, por serem doenças mais graves se chamar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs),
e preocupantes. pois estas não necessariamente necessitam apresentar
sintomas, sendo classificadas agora de uma maneira
mais correta pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Quais os sintomas da virose?
Uma das mais comuns ISTs e mais comentadas vi-
Os principais sintomas da virose são diarreia, fe- roses da década de 1980 e 1990, no Brasil, até a pre-
bre, vômito, enjoo, falta de apetite, dor muscular, dor sente data é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
na barriga, dor de cabeça, secreção nasal e tosse. Os (SIDA/AIDS), causada pelo agente etiológico denomi-
sintomas variam de pessoa para pessoa e não ne- nado Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) que
cessariamente alguém com virose apresentará todos atingiu muitas pessoas, entre elas cantores famosos,
eles. Mesmo assim, os mais comuns acontecem nas como Fred Mercury, Cazuza e Renato Russo, grandes
vias respiratórias ou no intestino, o que leva a resfria- de uma geração que foram acometidos pelo vírus. A
dos e gastroenterites serem, muitas vezes, chamados seguir, observamos a propaganda do Ministério da Saú-
apenas de virose. de mostrando as formas de transmissão desta doença.

118
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 4 – Campanha Dezembro Vermelho HABILIDADE DA BNCC
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de
programas de infraestrutura e demais serviços
básicos (saneamento, energia elétrica, transpor-
te, telecomunicações, cobertura vacinal, atendi-
mento primário à saúde e produção de alimentos,
entre outros) e identificar necessidades locais e/
ou regionais em relação a esses serviços, a fim de
avaliar e/ou promover ações que contribuam para
a melhoria na qualidade de vida e nas condições
de saúde da população.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM


(GO-EMCNT310G) Identificar os principais agentes
etiológicos relacionados a infecções e verminoses,
considerando a relação ecológica parasita hospe-
deiro para justificar os principais mecanismos de
profilaxia, saneamento básico e políticas públicas
voltadas à promoção e manutenção da saúde da
população no estado de Goiás.
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Parasitologia – Bactérias

As bactérias são organismos unicelulares (pos-


suem apenas uma célula), procariotos (núcleo não é
delimitado por uma membrana) e podem ser hete-
rotróficas (não produzem seu próprio alimento) ou
autotróficas (produzem seu próprio alimento).
Fonte: Ministério da Saúde (2021). Disponível em: h�ps://www. Possuem normalmente entre 2 a 5 µm de com-
gov.br/saude/pt-br. Acesso em: 30 mar. 2023. primento, podendo ou não formar colônias, além de
importância negativa para os diversos seres vivos,
Quadro 1 – Principais ITS
causando doenças, possuem importância positiva,
como é o caso da reciclagem de matéria orgânica em
matéria inorgânica.
No citoplasma bacteriano, observamos a presença
de material genético (DNA), ribossomos que desem-
penham a função de produzir proteínas e um DNA
circular denominado plasmídeo. Observe a figura que
representa uma célula bacteriana.

Figura 5 – Célula bacteriana

Fonte: elaborado Luiz Primandade

O quadro mostra as principais ISTs causadas por


Fonte: Planeta ENEM (2018). Disponível em: h�ps://www.plane-
vírus como uma visão geral das formas de transmissão taenem.com/estrutura-e-funcao-das-celulas-bacterianas/. Acesso
e prevenção. em: 09 nov. 2023.

119
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Como você pode observar, em algumas bactérias existe a presença de cílios e flagelos que auxiliam na sua
locomoção, ao passo que os pili (fimbrias) são estruturas que têm a função de fixação em super�cies.

Tipos morfológicos

Figura 6 – Morfologia bacteriana

Fonte; Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.todamateria.com.br/bacterias/ Acesso em: 10 nov. 2020.

As bactérias, em geral, apresentam tipos morfológicos diferentes, dependendo da sua espécie e das suas
funções podemos classificá-las em: cocos, diplococos, estafilococos, estreptococos, sarcina, estreptobacilos,
flagelado, endósporo, vibrião, espirilo e espiroqueta.

Reprodução bacteriana

As bactérias podem se reproduzir por: reprodução assexuada: cissiparidade ou divisão binária; reprodução
sexuada: conjugação.

Figura 7 – Reprodução das bactérias

Fonte: h�ps://planetabiologia.com/reino-monera/ Acesso em: 10 nov. 2023.

120
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Importância Positiva
• Reciclagem da matéria orgânica em inorgânica.
• Seres decompositores.
• Atuam na flora intestinal.
• Fixam o nitrogênio no solo.
• Tratamento de esgoto.
• Produção de antibióticos.
• Produção de alimentos.
• Produção de insulina.

Importância Negativa

Quadro 2 – Importância negativa das bactérias

Fonte: elaborado pelos autores (2023).

121
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Estão relacionadas com suas doenças e agentes Gram-positivas e Gram-negativas
causadores, como, por exemplo: Hans Christian Joachim Gram patologista dinamar-
• Sífilis. Agente etiológico: Treponema pallidum. quês em 1884 desenvolveu um método de coloração
• Tétano. Agente etiológico: Clostridium tetani. que é possível identificar em laboratórios de análises
• Coqueluche. Agente etiológico: Bordetella per- clínicas os dois principais grupos de bactérias.
tussis.
• Disenteria bacilar. Agente etiológico: Shigella Figura 9 – Coloração de Gram
sp.
Figura 8 -

Fonte : Luiz Primandade


Fonte: Kasvi (2019). Disponível em: h�ps://kasvi.com.br/bacteria-
-gram-positiva-gram-negativa/. Acesso em: 16 mar. 2023.
Bacterioses
Em resumo, a coloração permite ao pesquisador
As doenças bacterianas que afetam os seres
saber as diferenças nas propriedades �sicas e químicas
humanos (bacterioses) podem levar a processos in-
da parede celular das bactérias. Ao passo que as bacté-
flamatórios caracterizando um conteúdo de grande
rias gram-positivas apresentam uma espessa camada
importância para você aluno(a) na sua escola como
de peptidoglicano deixando a cultura roxa, as bactérias
em seu cotidiano.
gram-negativas possuem uma parede de peptidoglica-
A maior parte das bacterioses é transmitida por
no mais fina deixando a cultura avermelhada.
alimentos e água contaminadas e até mesmo pelo
A importância desse método consiste em identi-
contato com pessoas doentes, mas os sintomas e as
ficar o tipo bacteriano e assim o tipo de tratamento
formas de prevenção são diferentes dependendo do
eficaz para o paciente, aplicando a terapia de acordo
agente etiológico avaliado.
com a doença.
O quadro mostra quatro doenças bacterianas com
QUESTÕES DESAFIO ENEM
seus sintomas, formas de prevenção, transmissão e
3. (ENEM/2004) O que têm em comum Noel Rosa,
agente etiológico.
Castro Alves, Franz Ka�a, Álvares de Azevedo, José
Podemos incluir também como doenças bacte-
de Alencar e Frédéric Chopin?
rianas: tétano, coqueluche, di�eria, cárie, clamídia,
Todos eles morreram de tuberculose, doença que
tuberculose, tracoma, meningite, leptospirose, han-
ao longo dos séculos fez mais de 100 milhões de
seníase, febre tifoide, além de outras doenças que
vítimas. Aparentemente controlada durante al-
afetam os seres humanos. Essas doenças irão servir
gumas décadas, a tuberculose voltou a matar. O
para você construir seu quadro no por�ólio conforme
principal obstáculo para seu controle é o aumento
foi feito o quadro anterior.
do número de linhagens de bactérias resistentes
aos antibióticos usados para combatê-la. Esse
Tratamento
aumento do número de linhagens resistentes se
Para combater as bactérias que causam doenças
deve a
em seres vivos podem ser usados antibióticos, que
a) modificações no metabolismo das bactérias,
são medicamentos que atuam matando as bactérias
para neutralizar o efeito dos antibióticos e in-
ou inibindo seu crescimento, mas esse medicamento
corporá-los à sua nutrição.
apenas pode ser administrado por meio de recomen-
b) mutações selecionadas pelos antibióticos, que
dação médica e seguindo rigorosamente suas orien-
eliminam as bactérias sensíveis a eles, mas per-
tações.
mitem que as resistentes se multipliquem.
Quando a pessoa faz o uso equivocado dos an-
c) mutações causadas pelos antibióticos, para
tibióticos, ela está contribuindo para o processo de
que as bactérias se adaptem e transmitam essa
seleção de cepas bacterianas mais resistentes, desen-
adaptação a seus descendentes.
volvendo, assim, as denominadas “superbactérias”,
d) modificações fisiológicas nas bactérias, para
causando riscos à população.
torná-las cada vez mais fortes e mais agressivas
Os antibióticos podem ser de dois tipos de acordo
no desenvolvimento da doença.
com sua função: bacteriostáticos, que promovem a
e) modificações na sensibilidade das bactérias,
inibição do crescimento das bactérias, ou bactericidas
ocorridas depois de passarem um longo tempo
quando promovem a morte das bactérias.
sem contato com antibióticos.

122
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
4. (ENEM/2010) A cárie dental resulta da ativida- *cárie dentária: efeito da destruição da estrutu-
de de bactérias que degradam os açúcares e os ra dentária por bactérias. HOUAISS, Antônio. Di-
transformam em ácidos que corroem a porção cionário eletrônico. Versão 1.0. Editora objetiva,
mineralizada dos dentes. O flúor, juntamente 2001 (adaptado).
com o cálcio e um açúcar chamado xilitol, agem
inibindo esse processo. Quando não se escovam A partir da leitura do texto, que discute as causas
os dentes corretamente e neles acumulam-se res- do aparecimento de cáries, e da sua relação com
tos de alimentos, as bactérias que vivem na boca as informações do dicionário, conclui-se que a
aderem aos dentes, formando a placa bacteriana cárie dental resulta, principalmente, de
ou biofilme. Na placa, elas transformam o açúcar a) falta de flúor e de cálcio na alimentação diária
dos restos de alimentos em ácidos, que corroem da população brasileira.
o esmalte do dente formando uma cavidade, que b) consumo exagerado do xilitol, um açúcar, na
é a cárie. Vale lembrar que a placa bacteriana se dieta alimentar diária do indivíduo.
forma mesmo na ausência de ingestão de carboi- c) redução na proliferação bacteriana quando a
dratos fermentáveis, pois as bactérias possuem saliva é desbalanceada pela má alimentação.
polissacarídeos intracelulares de reserva. d) uso exagerado do flúor, um agente que em
Disponível em: h�p://www.diariodasaude.com.br. Acesso alta quantidade torna-se tóxico à formação
em: 11 ago. 2010 (adaptado).
dos dentes.
e) consumo excessivo de açúcares na alimentação
*cárie: destruição de um osso por corrosão pro- e má higienização bucal, que contribuem para
gressiva. a proliferação de bactérias.

Sugestão de vídeo h�ps://www.youtube.com/watch?v=IVs4SuHkmJU&t=269s

123
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADES DA BNCC As amebas possuem uma estrutura reguladora da
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de entrada e saída de água denominada vacúolo pulsátil e
programas de infraestrutura e demais serviços comumente sua reprodução ocorre por divisão binária.
básicos (saneamento, energia elétrica, transpor- A Entamoeba histolytica é uma espécie de ameba
te, telecomunicações, cobertura vacinal, atendi- que causa uma doença denominada amebíase, que
mento primário à saúde e produção de alimentos, ocorre por ingestão de águas e alimentos contamina-
entre outros) e identificar necessidades locais e/ dos e tem como principais sintomas: cólicas, diarreia,
ou regionais em relação a esses serviços, a fim de fadiga, dor retal durante evacuação e indisposição.
avaliar e/ou promover ações que contribuam para
a melhoria na qualidade de vida e nas condições Malária
de saúde da população.
A malária é uma doença protista causada por pro-
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM tozoários do gênero Plasmodium constituindo um gru-
(GO-EMCNT310G) Identificar os principais agentes po de organismos sem estrutura de locomoção cha-
etiológicos relacionados a infecções e verminoses, mados de Esporozoários ou Apicomplexos formando
considerando a relação ecológica parasita hospe- esporos responsáveis pela infecção dos hospedeiros.
deiro para justificar os principais mecanismos de
profilaxia, saneamento básico e políticas públicas Figura 11 - Ciclo de vida do Plasmodium
voltadas à promoção e manutenção da saúde da
população no estado de Goiás.

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Parasitologia – Protozoários

Os seres do reino Protoctista englobam os proto-


zoários que são heterotróficos, uni ou multicelulares,
eucariontes e algas protistas que são autotróficas, uni
ou pluricelulares e eucariontes. Nesta aula, iremos
estudar somente sobre os protozoários, pois as algas
serão estudadas posteriormente. Fonte: Mundo Educação, [s.d.]. Disponível em: h�ps://mundoedu-
cacao.uol.com.br/doencas/malaria.htm. Acesso em: 09 nov. 2020.
Figura 10 – Ameba
As espécies de protozoários que podem ser agen-
tes etiológicos da malária são Plasmodium falciparum,
P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi. O mosquito
transmissor da doença vetor é gênero Anopheles, po-
pularmente conhecido como carapanã ou mosquito-
-prego como mostra a imagem anterior.

Doença de chagas

A doença de chagas é causada pelo agente deno-


minado Trypanossoma cruzi um protozoário do grupo
dos flagelados que são transmitidas pelas fezes dos
insetos chamados de barbeiros.

Figura 12 – Doença de Chagas

Fonte: Info Escola (2018). Disponível em: h�ps://www.infoescola.


com/reino-protista/protozoarios/. Acesso em: 09 nov. 2020.

As amebas fazer parte do grupo de protozoários


denominado rizópodos, pois possuem como estrutu-
ra de locomoção os denominados pseudópodes, que
são projeções da membrana plasmática que garantem Fonte: h�ps://exame.com/ciencia/pesquisa-aponta-relacao-en-
tanto a locomoção quanto a captura de alimento. tre-doenca-de-chagas-e-depressao/ Acesso em: 31/03/2023.

124
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O ser humano pode ser contaminar também pela Exemplo de uso da palavra Protoctista
ingestão de alimentos crus que contém as fezes com Giardia lamblia, causadora da giardiase, uma in-
parasitas, a partir de transfusões sanguíneas ou trans- fecção no intestino delgado.
plantes com órgãos contaminados, do contato direto
com o parasita e até mesmo com animais infectados. Referência
A pessoa contaminada por ficar assintomática PROTISTA/PROTOCTISTA. Dicionário Informal, [s.d.].
(sem sintomas) e quando aparecem os sintomas eles Disponível em:
podem ser febre, mal-estar, inchaço e vermelhidão https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-en-
no local da picada, fadiga, dores no corpo, dor de ca- tre/protista/protoctista/ . Acesso em: 14 mar. 2022.
beça, náusea, diarreia e principalmente aumento do
Figura 14 –
tamanho do �gado, baço e do coração podendo levar
o indivíduo à morte.

Paramécio

Os paremécios são protozoários que se locomo-


vem por cílios, dessa forma, fazem parte do grupo dos
ciliados que são bem mais rápidos que os rizópodes e
que os pseudópodes e utilizam os cílios além da sua Fonte : Luiz Primandade
locomoção para sua nutrição. QUESTÕES DESAFIO
5. (Cesmac/Fejal-AL) São doenças causadas por pro-
Figura 13 – Paramécio
tozoários flagelados:
1. Amebíase.
2. Doença de Chagas.
3. Leishmaniose tegumentar (úlcera de bauru).
4. Tricomoníase.
5. Malária (febre terçã).

Estão corretas apenas


Luiz Primandade a) 1, 2 e 4.
b) 2 e 4.
Os paramécios, em geral, são de vida livre, ou c) 2, 3 e 4.
seja, não causam nenhuma doença sendo a maioria d) 3 e 5.
de ambiente dulcícola (água doce) e o Paramecium e) somente 5
caudatum é o mais conhecido normalmente.
6. (Enem/2003) A malária é uma doença �pica de
Fique atento!!!! regiões tropicais. De acordo com dados do Mi-
Protista ou Protoctista? nistério da Saúde, no final do século XX, foram
registrados mais de 600 mil casos de malária no
Protista Brasil, 99% dos quais na região amazônica. Os al-
Protista: Substantivo tos índices de malária nessa região podem ser
O que é Protista: explicados por várias razões, entre as quais
Abrange grupo de seres unicelulares heterótro- a) as características genéticas das populações
fos, que podem se locomover por cílios, flagelos ou locais facilitam a transmissão e dificultam o
pseudópodos. tratamento da doença.
b) a falta de saneamento básico propicia o desen-
Exemplo de uso da palavra Protista: volvimento do mosquito transmissor da malária
Ameba nos esgotos não tratados.
euglena c) a inexistência de predadores capazes de elimi-
stylonychia nar o causador e o transmissor em seus focos
impede o controle da doença.
Protoctista d) a temperatura elevada e os altos índices de
O que é Protoctista: chuva na floresta equatorial favorecem a pro-
Reino dos seres vivos que reúne os protozoários, liferação do mosquito transmissor.
organismos heterotróficos que podem obter seus e) o Brasil é o único país do mundo que não imple-
alimentos por absorção ou por ingestão; e algas fo- mentou medidas concretas para interromper
tossintetizantes. sua transmissão em núcleos urbanos.

125
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADES DA BNCC Muitas pessoas acreditavam que os fungos eram
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de iguais às plantas, mas em 1969 os fungos foram classi-
programas de infraestrutura e demais serviços ficados dentro do Reino Fungi e, em razão de suas ca-
básicos (saneamento, energia elétrica, transpor- racterísticas, os cientistas separaram definitivamente
te, telecomunicações, cobertura vacinal, atendi- os fungos do Reino das Plantas. A ciência que estuda
mento primário à saúde e produção de alimentos, os fungos é denominada Micologia.
entre outros) e identificar necessidades locais e/ Champignon e shitake são exemplos de fungos
ou regionais em relação a esses serviços, a fim de comes�veis e amplamente utilizados na culinária ja-
avaliar e/ou promover ações que contribuam para ponesa e no Brasil, a espécie Penicillium roqueforti e
a melhoria na qualidade de vida e nas condições a espécie Penicillium camembertii são utilizadas na
de saúde da população. produção dos queijos roquefort e camembert respec-
tivamente.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
(GO-EMCNT310G) Identificar os principais agentes Quadro 3 – Exemplos de fungos
etiológicos relacionados a infecções e verminoses, Nome do grupo Exemplos Características
considerando a relação ecológica parasita hospe- Basidiomycota Cogumelos Mais evoluídos
deiro para justificar os principais mecanismos de orelhas-de-pau do reino, são
profilaxia, saneamento básico e políticas públicas e cogumelos macroscópicos.
voltadas à promoção e manutenção da saúde da
população no estado de Goiás. Ascomycota Leveduras, Fungos cujas
morquelas ehifas apresen-
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM trufas tam septos per-
Parasitologia – Fungos furados
Zygomycota Bolor negro do Espécies res-
pão ponsáveis pela
Fungos deterioração de
diversos alimen-
Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, tos
eucariontes (possuem a membrana nuclear) e são he- Deuteromycota Conídias e cla- Chamados fun-
terotróficos por absorção podendo ser microscópicos midosporos gos imperfeitos,
ou macroscópicos. pois se repro-
Entre seus grupos encontramos quitridiomicetos, duzem somente
ascomicetos, basidiomicetos, zigomicetos e os deute- por esporos
romicetos formando mais de 1,5 milhões de espécies
no planeta Terra. Além de ecologicamente exercerem o papel de
Nós conhecemos os fungos como bolores, cogu- organismos decompositores, os fungos podem se
melos, leveduras, fermento e mesmo que algumas associar às raízes de plantas, como as leguminosas,
espécies sejam parasitas e possam causar doenças, formando as micorrizas que irão auxiliar as raízes na
devemos lembrar que muitos fungos são importantes absorção de água e de sais minerais caracterizando
para os seres humanos. uma relação ecológica extremamente importante
para o meio.
Importância positiva A estrutura básica de um fungo basidiomiceto está
• Produção de alimentos. representada na imagem a seguir.
• Produção de medicamentos.
Figura 15 - Fungos
• Utilizados na indústria de bebidas.
• Reciclagem da matéria orgânica.
• Formam as micorrizas.

Importância negativa
Como as bactérias os fungos também podem cau-
sar doenças, entre elas podemos citar:
• micoses;
• frieiras;
• sapinho;
• candidíase;
• histoplasmose. Fonte: Luiz Primandade

126
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Pano branco Fluconazol, Clotrimazol, Nistatina ou Cetoconazol. Nos
casos mais graves ou na infecção disseminada, pode
A Ptiríase versicolor, popularmente conhecida ser necessário o uso de antifúngicos em comprimidos
como micose de praia, é uma infecção fúngica que ou intravenosos.
provoca manchas arredondadas na pele. O agente
etiológico responsável é o fungo Malassezia furfur, Mucormicose
que interfere na produção de melanina quando a pele
é exposta ao sol, resultando em manchas brancas que A mucormicose, também conhecida como doença
são mais comuns no tronco, abdômen, face, pescoço do fungo negro, é uma infecção fúngica causada pelo
ou braços. O tratamento geralmente envolve o uso de Rhizopus spp., um fungo presente naturalmente na
cremes ou loções antifúngicas, como Clotrimazol ou vegetação, solos, frutas e produtos em decomposi-
Miconazol, prescritos pelo dermatologista. Em casos ção. A doença é transmitida pela inalação de esporos
mais graves, podem ser necessários comprimidos, do fungo e pode levar ao aparecimento de sintomas
como Fluconazol. Para saber mais sobre a Ptiríase como dor de cabeça, secreção nasal e ocular, verme-
versicolor e suas formas de tratamento, consulte um lhidão no rosto, tosse com catarro, febre e, nos casos
médico dermatologista . mais graves, convulsões e perda da consciência.
O tratamento para a mucormicose consiste na
Figura 16 – Estrutura básica de um fungo
administração de medicamentos antifúngicos por
via intravenosa ou oral, como a Anfotericina B ou o
Posaconazol, conforme prescrição médica. Em casos
em que há necrose dos tecidos, pode ser indicada a
realização de cirurgia para remover as partes afetadas
pelo fungo.

ATENÇÃO
É orientado pelo professor Luiz que os estudantes
evitem a prática da automedicação. Ao se autome-
dicar, há um risco muito grande de se tomar medi-
camentos inadequados ou em dosagens incorretas,
o que pode provocar sérios efeitos colaterais e até
mesmo agravar a condição de saúde. É fundamental
que os estudantes sempre consultem um profis-
sional de saúde, como um médico ou um farma-
cêutico, antes de tomar qualquer medicamento.
Eles estão qualificados para avaliar as condições
de saúde do paciente e prescrever a medicação
adequada, levando em consideração fatores como
idade, peso, histórico médico e possíveis interações
Fonte: © CienTIC - José Salsa (2004).
com outros medicamentos em uso. Lembre-se, a
saúde é um bem precioso e deve ser cuidada com
Candidíase
responsabilidade e atenção.
A família Candida engloba diversas espécies de
fungos, sendo a Candida albicans a mais comum. QUESTÕES DESAFIO
Embora essa espécie habite naturalmente o orga-
nismo humano, especialmente a mucosa da boca e 7. (PUC-GO/2019) Os fungos são organismos que
da região íntima, ela pode provocar diferentes tipos no passado já foram classificados como plantas e
de infecção quando as defesas imunológicas estão hoje, com o avanço da ciência, são classificados
comprometidas. As áreas mais afetadas pelo fungo em grupo próprio, em função de suas caracterís-
são as dobras da pele, como virilhas, axilas e entre ticas. Leia atentamente e marque, entre as alter-
os dedos das mãos e dos pés, bem como as unhas e nativas a seguir, aquela que contém características
as mucosas da boca, esôfago, vagina e reto. Em casos gerais de fungos:
graves, a infecção pode se disseminar pela corrente a) Procariotos, pluricelulares, autótrofos e de vida
sanguínea, afetando órgãos como pulmões, coração e livre.
rins. O tratamento para a candidíase consiste, princi- b) Procariotos, unicelulares, providos de tecidos
palmente, no uso de pomadas antifúngicas, tais como verdadeiros e heterotróficos.

127
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
c) Eucariotos, unicelulares ou pluricelulares e he- Figura 17 - Lago eutrofizado
terotróficos.
d) Eucariotos, pluricelulares, autotróficos e para-
sitas.

8. (PUC-SP/2018) Os fungos são organismos impor-


tantes para a humanidade sob vários aspectos.
São vilões, quando provocam doenças ou de-
compõem alimentos armazenados, e mocinhos,
quando são utilizados na produção de alimentos.
Dentre as diferentes espécies de fungos, é comum Fonte: Portal G1 (2018). Disponível em: h�ps://g1.globo.com/sp/
encontrar as seguintes características, EXCETO bauru-marilia/. Acesso em: 16 mar. 2023.
a) autotrofia.
b) unicelularidade. Utilizar agrotóxicos e fertilizantes pode contribuir
c) reprodução sexuada. para aumentar a produção, todavia prejudica fatores
d) reprodução assexuada. bióticos e abióticos de uma região, como, por exemplo,
animais e plantas (bióticos), água, ar e solo (abióticos).

HABILIDADES DA BNCC Controle biológico EMBRAPA


(EM13CNT304) Analisar e debater situações con- “A premissa básica do controle biológico é con-
troversas sobre a aplicação de conhecimentos da trolar as pragas agrícolas e os insetos transmis-
área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias sores de doenças a partir do uso de seus inimigos
do DNA, tratamentos com células tronco, neuro- naturais, que podem ser outros insetos benéfi-
tecnologias, produção de tecnologias de defesa, cos, predadores, parasitoides, e microrganismos,
estratégias de controle de pragas, entre outros), como fungos, vírus e bactérias.
com base em argumentos consistentes, legais, éti- Trata-se de um método de controle racional e
cos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos sadio, que tem como objetivo final utilizar esses
de vista. inimigos naturais que não deixam resíduos nos
alimentos e são inofensivos ao meio ambiente e
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM à saúde da população.”
(GO-EMCNT304B) Comparar vários processos de
controle de pragas, analisando meios de controles
biológicos, �sicos e químicos para construção de
argumentos consistentes sobre o uso de agroquí-
micos.

OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM


Controle de Pragas

Com intuito de maximizar o controle de pragas,


o ser humano vem utilizando produtos denominados CONTROLE BIOLÓGICO. Embrapa, 2023. Disponível em: ht-
“produtos químicos”, como fertilizantes e agrotóxicos, tps://www.embrapa.br/tema-controle-biologico. Acesso em:
constituídos de substâncias que prejudicam o meio 30 mar. 2023.
ambiente. Os fertilizantes, por exemplo, são formados
de nutrientes para auxiliar o cultivo e o crescimento; Figura 18 - Pulverização aérea de agrotóxicos
ao passo que os agrotóxicos são utilizados no combate
contra fungos, bactérias e até mesmo insetos.
O uso dessas substâncias disponibiliza nutrientes
maiores que o que o solo suporta e são capazes de
absorver, fazendo que cheguem até o lençol freático
passando por rios, lagos e até mesmo oceanos, a partir
do ciclo da água. Esse processo causa a eutrofização,
pelo acúmulo de nutrientes e diminuição do oxigênio
das águas e a consequente morte de seres.
Fonte: ADVambiental (2019). Disponível em: h�ps://advambiental.
com.br/pulverizacao-aerea-agrotoxicos/. Acesso em: 16 mar. 2023.

128
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A contaminação do solo, de lagos, rios e oceanos capturá-los. Esse método é considerado menos in-
é carregada pela água da chuva. Além disso, pode vasivo e não causa impactos ambientais negativos,
contaminar a vegetação nativa e plantas que podem mas pode ser menos eficiente em alguns casos.
ser consumidas pela população da área e por outros Por fim, os meios de controle químicos envol-
seres vivos em um processo denominado magnifica- vem o uso de agroquímicos, como pesticidas e her-
ção trófica, acumulando poluentes ao longo da cadeia bicidas, para controlar as pragas. Essa abordagem é
alimentar. considerada mais rápida e eficiente, mas pode ter
Alguns danos à saúde são causados por causa do impactos ambientais negativos, como a contami-
uso indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e pes- nação do solo, da água e dos alimentos, além do
ticidas, comprometendo a diversidade de seres vivos. desenvolvimento de resistência nas pragas e a eli-
O uso dessas substâncias para controle de pragas minação de espécies benéficas para o ecossistema.
tem prejudicado, por exemplo, a produção de frutas Dessa forma, é importante considerar que o uso
e frutos, em decorrência da diminuição das abelhas de agroquímicos deve ser feito com parcimônia e res-
e do desequilíbrio biológico causado por esses pro- ponsabilidade, sempre seguindo as recomendações
dutos. As abelhas acabam morrendo com o uso de dos órgãos reguladores e adotando medidas para
agrotóxicos e, dessa maneira, o processo de polini- minimizar os impactos ambientais. É fundamental
zação fica comprometido, uma vez que esses seres que sejam buscados meios de controle de pragas
realizam protocooperação com as flores. mais sustentáveis, como os meios de controle bio-
lógicos e �sicos, que são menos invasivos e podem
Figura 19 - Abelha ser igualmente eficientes em muitos casos. O impor-
tante é buscar sempre o equilíbrio entre a produção
agrícola e a preservação do meio ambiente.

QUESTÕES DESAFIO

9. (ENEM/2019) O Instituto Brasileiro do Meio Am-


biente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-
ma) está investigando o extermínio de abelhas por
intoxicação por agrotóxicos em colmeias de São
Paulo e Minas Gerais. Os estudos com inseticidas
do tipo neonicotinoides devem estar concluídos
Fonte: Portal BBC News Brasil (2017). Disponível em: h�ps://www. no primeiro semestre de 2015. Trata-se de um
bbc.com/portuguese/geral-40220606. Acesso em: 16 mar. 2023. problema de escala mundial, presente, inclusive,
em países do chamado primeiro mundo, e que
O CONTROLE DE PRAGAS traz, como consequência, grave ameaça aos seres
O controle de pragas é uma questão muito im- vivos do planeta, inclusive ao homem.
portante na agricultura, pois a presença de inse- IBAMA. Polinizadores em risco de extinção são ameaça à
vida do ser humano. Disponível em: h�p://www.mma.gov.
tos, ácaros, fungos e outras espécies pode afetar br. Acesso em: 10 mar. 2014.
negativamente a produção de alimentos. Existem
diferentes métodos de controle de pragas, que va- Qual solução para o problema apresentado ga-
riam de acordo com a natureza do problema e as rante a produtividade da agricultura moderna?
condições ambientais. Entre as principais aborda- a) Preservação da área de mata ciliar.
gens, destacam-se os meios de controle biológicos, b) Adoção da prática de adubação química.
�sicos e químicos. c) Utilização da técnica de controle biológico.
Os meios de controle biológicos envolvem o uso d) Ampliação do modelo de monocultura tropical.
de agentes naturais para controlar as pragas, como e) Intensificação da drenagem do solo de várzea.
a introdução de predadores naturais ou parasitoi-
des, que se alimentam das espécies que causam 10. (ENEM/2016) Os ecossistemas degradados por
prejuízos. Esse método é considerado sustentável e intensa atividade agrícola apresentam, geralmen-
pode ser bastante eficiente em algumas situações, te, diminuição de sua diversidade e perda de sua
mas é importante lembrar que a introdução de es- estabilidade. Nesse contexto, o uso integrado de
pécies exóticas pode causar impactos ambientais árvores aos sistemas agrícolas (sistemas agroflo-
negativos. restais) pode cumprir um papel inovador ao buscar
Já os meios de controle �sicos envolvem o uso a aceleração do processo sucessional e, ao mesmo
de métodos mecânicos ou �sicos para controlar as tempo, uma produção escalonada e diversificada.
pragas, como o uso de barreiras �sicas para impedir Disponível em: saf.cnpgc.embrapa.br. Acesso em: 21 jan.
a entrada dos insetos ou o uso de armadilhas para 2012 (adaptado).

129
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Essa é uma estratégia de conciliação entre recu- cos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos
peração ambiental e produção agrícola, pois de vista.
a) Substitui gradativamente as espécies cultiváveis
por espécies arbóreas. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
b) Intensifica a fertilização do solo com o uso de (GO-EMCNT304F) Discutir limites e parâmetros
técnicas apropriadas e biocidas. éticos e morais para o avanço das pesquisas cien-
c) Promove maior diversidade de vida no solo com �ficas, debatendo sobre suas aplicações, bene�cios
o aumento da matéria orgânica. e limitações para julgar o uso dos conhecimentos
d) Favorece a dispersão das sementes cultivadas da área de Ciências da Natureza em procedimen-
pela fauna residente nas áreas florestais. tos que possam gerar dilemas quanto ao equilíbrio
e) Cria condições para o estabelecimento de es- justo entre a ciência e o respeito à vida.
pécies pioneiras com a diminuição da insolação
sobre o solo. OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Bioética
Figura 20 - Agrotóxicos

Considerada um tema da filosofia, mais especifica-


mente da ética, a bioética trata de questões relaciona-
das ao modo ético da vida e como devem ser tratados
os seres vivos em inúmeras pesquisas e tratamentos
que podem ser aplicados, ou seja, tratamento da vida
em seus mais variados modos.
Com o surgimento da engenharia genética, téc-
nicas de DNA recombinante, clonagem, organismos
modificados geneticamente, células tronco e técnicas
de fertilização, assim como uma variedade enorme
Fonte: Poder 360 (2022). Disponível em: h�ps://www.poder360. de pesquisas, elas precisam ser aprovadas por um
com.br/congresso/camara-aprova-proposta-para-facilitar-regis- comitê de bioética.
tro-de-agrotoxicos/. Acesso em: 16 mar. 2023.
A clonagem, por exemplo, não pode ser realizada
sem levar em consideração a dignidade inerente a
Sugestão de Leitura
cada indivíduo, o limite intransponível de respeito,
h�ps://www.bbc.com/portuguese/geral-40220606
e não pode ser utilizada como mero instrumento de
- Por que o desaparecimento das abelhas seria uma
manipulação genética.
catástrofe e o que você pode fazer para evitar isso
Figura 21 – Células-tronco
Sugestão de vídeo
h�ps://www.youtube.com/watch?v=z_k�zVFHY8&-
t=543s

Fonte: Revista Abrale (2019). Disponível em: h�ps://revista.abra-


Impactos ambientais le.org.br/o-que-sao-as-famosas-celulas-tronco/. Acesso em: 16
mar. 2023.
HABILIDADES DA BNCC
(EM13CNT304) Analisar e debater situações con- As células tronco exigem questões éticas a serem
troversas sobre a aplicação de conhecimentos da discutidas, como no caso do uso de embriões ou do
área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias cordão umbilical para pesquisas nesta área. A remo-
do DNA, tratamentos com células tronco, neuro- ção de células primordiais dos blastocistos impede a
tecnologias, produção de tecnologias de defesa, continuidade do desenvolvimento embrionário.
estratégias de controle de pragas, entre outros), Algumas pesquisas envolvem não somente o Co-
com base em argumentos consistentes, legais, éti- mitê de Bioética, mas a filosofia, a religião e a ciência.

130
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Devemos lembrar que os seres vivos merecem ser Figura 23 -
acima de tudo respeitados.

Figura 22 -

Fonte : Luiz Primandade

CONCEITO DE BIOÉTICA
Fonte :Luiz Primandade
Bioética é um ramo da ética que se dedica a estudar
questões relacionadas à vida, à saúde e à ciência. É
Realize em sua sala de aula uma roda de debate
uma área muito importante porque envolve deci-
com seus estudantes.
sões que afetam a vida humana e o meio ambiente.
A bioética nos ajuda a refletir sobre temas como
a clonagem, a manipulação genética, os testes em
HABILIDADES DA BNCC
animais, a pesquisa cien�fica, entre outros. Em
(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulne-
outras palavras, a bioética nos ajuda a pensar em
rabilidades vinculadas às vivências e aos desafios
como a ciência pode ser usada para melhorar a vida
contemporâneos aos quais as juventudes estão
das pessoas de maneira ética e responsável, sem
expostas, considerando os aspectos �sico, psicoe-
causar danos ao meio ambiente ou à sociedade.
mocional e social, a fim de desenvolver e divulgar
Para adolescentes, é importante entender que a
ações de prevenção e de promoção da saúde e do
bioética envolve tomar decisões que afetam a vida
bem-estar.
e que essas decisões precisam ser baseadas em
valores como respeito, solidariedade e responsa-
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
bilidade.
(GO-EMCNT207H) Reconhecer os efeitos do uso de
drogas (lícitas e ilícitas), discutindo fatores de risco
O site do Instituto Fio Cruz afirma que o uso de
e proteção para criar ações que visem à redução
animais em pesquisa abrange desafios éticos e com-
de danos sociais e à saúde.
promisso com novas tecnologias, os pesquisadores
desse Instituto consideram que vacinas, medicamen-
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
tos, kits de diagnósticos, entre outros produtos são
Substâncias psicoativas
substâncias indispensáveis à saúde e são descobertas
ou desenvolvidas a partir de muitos estudos e experi-
mentos cien�ficos. Os testes que mostram como elas
Segundo o dicionário, substâncias psicoativas têm
se comportam em um organismo vivo passam hoje por
origem:
etapas que exigem experimentos em animais. Esses
estudos envolvem uma discussão ética, e muitas ve-
“psi·co·a·ti·vo |à�|(psico- + ativo)
zes são alvo de polêmica. São realmente necessários?
adjetivo
Como são criados esses animais? O que se pode fazer
Que age sobre o sistema nervoso central, alte-
com eles? O uso é válido para obter um bene�cio
rando as funções cerebrais, o comportamento, a
maior para uma população?
percepção (ex.: propriedades psicoativas; substância
São muitas perguntas que surgem e ainda são
psicoativa)”.
temas de debate. PSICOATIVA. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
[em linha], 2008-2021. Disponível em: h�ps://dicionario.
Mãos à obra priberam.org/psicoativa. Acesso em: 15 mar. 2022.
Roda de debate
Você é contra ou a favor de experimentos com
animais e plantas? Justifique sua resposta com base
teórica sobre o assunto.

131
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 24 - Campanha de Prevenção ao Uso de Drogas famílias, organizações da sociedade civil e poder pú-
blico. Além disso, é importante que sejam promovi-
dos espaços de diálogo e escuta para que as pessoas
possam se expressar, compartilhar suas vivências e
contribuir para a construção de estratégias mais efe-
tivas de prevenção e tratamento.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Santa
Catarina, “o problema do abuso de drogas lícitas e
ilícitas tem várias facetas. É intersetorial, envolvendo
as áreas de educação, segurança, justiça e cidadania,
assistência social e saúde. Um documento que pode
dar uma visão de conjunto aos iniciantes é o livro
Prevenção ao uso de Drogas, da Secretaria Nacional
Antidrogas (SENAD). Profissionais da saúde podem
indicá-lo a pessoas que trabalham em outros setores
e mostram interesse no tema.
As complicações clínicas e sociais causadas pelo
consumo de álcool, tabaco e outras drogas são bem
conhecidas e, cada vez mais, abordadas no rol dos
Fonte: Ministério da Cidadania (2019). Disponível em: h�ps:// problemas de saúde pública. São também aborda-
primeirahora.com.br/ministerio-da-cidadania-lanca-segunda-fa-
se-da-campanha-de-prevencao-ao-uso-de-drogas/. Acesso em: 16 das na medicina legal e na psiquiatria forense, pois
mar. 2023. o volume de crimes e infrações ligados ao abuso de
drogas é muito grande.
O USO DE DROGAS No Brasil, cerca de 18.000 adolescentes e 1 milhão
(GO-EMCNT207H) O uso de drogas, sejam elas de adultos experimentaram cocaína fumada (crack ou
lícitas ou ilícitas, pode ter diversos efeitos negati- oxi), pelo menos uma vez, ao longo do ano de 2012.
vos para a saúde e para a vida social das pessoas. No mesmo ano, mais de 2,5 milhões de pessoas ex-
Entre os efeitos mais comuns estão a dependência, perimentaram, pelo menos uma vez, a cocaína em pó,
a perda de controle, a violência, a criminalidade, a aspirada. O uso regular de álcool, pelo menos uma vez
gravidez não planejadas, a transmissão de doenças por semana, ocorre em 63% dos homens e em 53%
sexualmente transmissíveis e o comprometimento do das mulheres, o que demonstra haver uma população
desenvolvimento cognitivo, �sico e emocional. Exis- em risco, para o etilismo, muito grande. Os tabagistas
tem diversos fatores de risco que podem levar uma são 21,4% da população masculina brasileira e 12,8%
pessoa a experimentar drogas, como o convívio com da feminina. Apesar dessa realidade, o uso nocivo e
amigos que usam drogas, a exposição a situações de a dependência de substâncias psicoativas ainda são
estresse ou trauma, a falta de informação sobre os pouco compreendidos. Boa parte dos dependentes
riscos e as consequências do uso de drogas, a presen- químicos entra em contato com o sistema de saúde,
ça de transtornos psicológicos e psiquiátricos, entre devido a complicações decorrentes do seu consumo,
outros. Por outro lado, existem fatores de proteção sem pensarem em parar o consumo da substância
que podem ajudar a prevenir o uso de drogas, como psicoativa. Nas unidades básicas são atendidos por
o fortalecimento da autoestima, o desenvolvimento profissionais de saúde generalistas. É comum que
de habilidades sociais e de resolução de problemas, equipes itinerantes, de consultório na rua, entrem
o envolvimento em atividades saudáveis e a presença em contato com dependentes químicos que deman-
de vínculos familiares e comunitários fortes. dem da equipe, inicialmente, apenas soluções para
Para criar ações que visem à redução de danos problemas de saúde �sica como pneumonia, dor nos
sociais e à saúde, é importante que sejam promovidas dentes, feridas nas pernas, doenças venéreas e diar-
campanhas de conscientização sobre os riscos e as reia, recusando falar sobre a dependência.”
consequências do uso de drogas, com informações
claras e objetivas para diferentes públicos. Também é REFERÊNCIA
importante investir em programas de prevenção, com RAPS. Transtornos por substâncias psicoativas: proto-
colo de acolhimento. Sistema Único de Saúde do Estado
o fortalecimento de fatores de proteção, e em trata-
de Santa Catarina, 2015. Disponível em:
mentos para pessoas que já apresentam dependência
https://www.saude.sc.gov.br/index.php/documen-
química, com abordagens multidisciplinares que en- tos/atencao-basica/saude-mental/protocolos-da-raps/
volvam ações de saúde, assistência social e psicologia. 9195-substancias-psicoativas-acolhimento/file. Acesso
É fundamental que as ações sejam desenvolvidas em: 30 mar. 2023.
em conjunto com a comunidade, envolvendo escolas,

132
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O Instituto de Medicina Social e de Criminologia  Êxtase;
do Estado de São Paulo afirma que existem várias clas-  LSD-25.
sificações dos psicotrópicos ou drogas psicotrópicas,
porém o pesquisador francês Chaloult as denomina- REFERÊNCIA
vam “drogas toxicomanógenas” (indutoras de toxico- CEBRID. Jogo de folhetos explicativos sobre drogas
manias), sendo essas dividias em 3 grandes grupos. psicotrópicas. São Paulo: CEBRID/EPM, [s.d.].

Figura 25 - Comprimidos de Ecstasy


 Depressores do SNC
Os Depressores da Atividade do Sistema Nervoso
Central (SNC) referem-se ao grupo de substâncias que
diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem
o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique
“desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas.
Esse grupo de substâncias é também chamado de
psicolépticos.

As substâncias que compõem o grupo de Depres-


sores do SNC são: Fonte: Stock-fotos (2023). Disponível em: h�ps://br.depositphotos.
 álcool; com/stock-photos/%C3%AAxtase.html. Acesso em: 16 mar. 2023.
 inalantes/solventes;
 ansiolíticos; HABILIDADES DA BNCC
 barbitúricos; (EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar
 opiáceos. previsões sobre atividades experimentais, fenôme-
nos naturais e processos tecnológicos, com base
 Estimulantes do SNC nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe-
Os Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso cendo os limites explicativos das ciências.
Central referem-se ao grupo de substâncias que au-
mentam a atividade do cérebro. Ou seja, estimulam OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fi- (GO-EMCNT205D) Identificar a hereditariedade
que mais “ligada”, “elétrica”, sem sono. Esse grupo de como processo transmissor de informações ge-
substâncias é também chamado de psicoanalépticos, néticas mantenedoras e garantidoras da vida, in-
nooanalépticos, timolépticos. vestigando as etapas dos fenômenos �sicos, quí-
As substâncias que compõem o grupo de Estimu- micos e biológicos, envolvidos nas determinações
lantes do SNC são as seguintes: geno�picas e feno�picas para prever, com base em
 cafeína; noções de probabilidade, possíveis características
 nicotina; apresentadas pelos seres vivos.
 anfetamina;
 cocaína. OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Hereditariedade
 Perturbadores do SNC
Figura 26 – Células Humanas
Os Perturbadores da Atividade do Sistema Ner-
voso Central referem-se ao grupo de substâncias que
modificam qualitativamente a atividade do cérebro.
Ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento,
fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas
deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos.
Esse grupo de substâncias é também chamado de
alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psi-
codislépticos, psicometamórficos, alucinantes.
As substâncias que compõem o grupo de Pertur-
badores do SNC são as seguintes: Fonte: Pixabay (2023). Disponível em: h�ps://pixabay.com/
pt/illustrations/c%c3%a9lulas-humano-m%c3%a9dico-biolo-
 anticolinérgicos – medicamentos;
gia-1872666/. Acesso em: 16 mar. 2023.
 anticolinérgicos – planta;
 maconha;
Genética é um ramo da biologia que estuda as
 cacto;
características hereditárias dos seres vivos, além de
 cogumelo;
estudar os genes que compõe os seres.

133
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A hereditariedade é considerada a transmissão de Figura 27 - Cromossomos
características de genitores para seus descendentes.
As características genéticas e feno�picas são chama-
das de hereditárias. A hereditariedade se caracteriza
como o fenômeno em que os genes e as características
dos genitores são transmitidos aos seus descenden-
tes.
Os conhecimentos na área de genética estão cada
vez mais presentes em nosso cotidiano, a biotecnolo-
gia vem sendo desenvolvida rapidamente nos últimos
anos e nota-se que precisamos contextualizar termos
de genética para que vocês estudantes consigam com-
preender os diferentes termos aplicados na área de
genética.
Neste capítulo, iremos conceituar os termos mais
utilizados em genética que irá precisar utilizar na sua
3ª série do Ensino Médio.
O pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen
Fonte: Pixabay (2023). Disponível em: h�ps://pixabay.com/pt/
(1857 – 1912) elaborou dois termos importantes para vectors/gen%c3%a9tica-cromossomos-rna-dna-156404/. Acesso
nossos estudos em genética no começo do século XX, em: 16 mar. 2023.
genótipo e fenótipo.
Sabemos, então, que
Fenótipo Fenótipo = GENÓTIPO + MEIO AMBIENTE.

O termo “fenótipo” etimologicamente (do grego Locus gênico


pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é
utilizado para representar as características apresen- Os genes (unidades responsáveis pelas carac-
tadas por um indivíduo, sejam elas morfofisiológicas terísticas hereditárias), são segmentos de DNA que
dos seres vivos. Também fazem parte do fenótipo normalmente se localizam em estruturas celulares
características microscópicas e de natureza bioquí- denominadas cromossomos. Cada cromossomo é
mica, que necessitam de testes especiais para a sua constituído por uma única molécula de DNA e em cada
identificação. Entre as características feno�picas vi- molécula de DNA existem diversos genes, conforme
síveis, podemos citar a cor dos olhos, a altura, o tipo mostra a imagem. O local que o gene ocupa no cro-
de cabelo, a tonalidade da pele, o pelo de um animal mossomo é denominado locus gênico (loco gênico).
dentre outras. Nas células diploides (2n) de modo geral, para
Quando uma pessoa muda a cor do cabelo utili- cada característica hereditária, existe um par de ge-
zando tinta, por exemplo, ela está modificando o fenó- nes, enquanto nas células haploides (n), existe ape-
tipo, pois está mudando uma “característica externa”. nas um gene para cada característica. No caso das
células somáticas dos seres humanos temos 2n = 46
Genótipo cromossomos, enquanto nas células sexuais n = 23
cromossomos.
O termo “genótipo” etimologicamente (do grego
genos, originar, provir, e typos, característica) refere- Figura 28 – Células sexuais
-se à constituição genética do ser vivo, ou seja, aos
genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genó-
tipo quando dizemos, por exemplo, que uma planta de
ervilha é homozigota dominante (AA) ou heterozigota
(Aa) em relação à cor da semente amarela.
Fonte: Imagem extraída do canva.com for education (2023).

Genes alelos

Nos cromossomos homólogos, os genes que se


localizam no mesmo locus são reconhecidos como ge-
nes alelos, um par de gene alelo é de origem paterna,
enquanto o outro par é de origem materna.

134
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 29 - Transgênicos Peristase

Ocorre quando fatores do meio podem influenciar


no fenótipo, levando a uma manifestação que não
corresponde exatamente ao que se podia esperar em
função exclusivamente do genótipo. Como exemplo
podemos citar uma pessoa que se expôs ao sol e tem
a pele clara, em razão desta exposição ela irá ter uma
maior produção de melanina para proteção e conse-
quentemente sua pele irá ficar bronzeada.

Figura 31 – Exposição ao sol

Fonte: Imagem extraída do canva.com for education (2023).

Homozigoto e Heterozigoto

Quando o ser apresenta em suas células genes ale-


los iguais para uma determinada característica, esse
indivíduo é dito homozigoto ou “puro”, para a referida
característica, como exemplo AA ou aa; quando os
alelos são diferentes, o indivíduo é dito heterozigoto Fonte: imagem extraída do canva.com for education (2023).
ou “híbrido”, como exemplo Aa.
Cromossomos sexuais humanos
Gene recessivo
Em nossa espécie temos 23 pares cromossômi-
É o gene que somente se expressa quando em cos (46 cromossomos), sendo o par 23 considerado o
dose dupla (aa), pois na presença de um dominante, par sexual propriamente pela herança ligada ao sexo.
ele se torna inativo. Portanto, quando os genes se localizam nas partes
homólogas do X e do Y, a herança é dita parcialmen-
Gene dominante te ligada ao sexo (incompletamente ligada ao sexo,
pseudoautossômica); quando localizados na parte X
É o gene que determina uma característica, mes- específica, a herança é ligada ao sexo (ligada ao X);
mo quando em dose simples nos genótipos, como é quando se localizam na parte Y específica, temos a
o caso dos heterozigotos (Aa) ou duplo, como são nos herança restrita ao sexo (holândrica).
genótipos homozigotos dominantes (AA).
Figura 32 - Cromossomos sexuais humanos
Figura 30 – Código genético

Fonte : Luiz Primandade .

Fonte: Vestibular UCS (2015). Disponível em: app.planejativo.


com/q/8851/biologia-1/visao-geral-de-genetica-e-codigo-gene-
tico. Acesso em: 30 mar. 2023.

135
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
HABILIDADES DA BNCC • são plantas de cultivo fácil e de ciclo reprodu-
(EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar tivo curto;
previsões sobre atividades experimentais, fenôme- • observação de várias gerações em curto tempo;
nos naturais e processos tecnológicos, com base • o grande número de descendentes que as plan-
nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe- tas utilizadas geram a cada reprodução;
cendo os limites explicativos das ciências. • a avaliação esta�stica dos dados com grande
margem de acerto;
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM • a escolha de plantas com flores que possuem
(GO-EMCNT205E) Compreender a genética men- órgãos reprodutores fechados dentro das pé-
deliana como conjunto de princípios relacionados talas,
à transmissão hereditária das características de um • a autofecundação,
organismo a seus descendentes, interpretando seus • linhagens puras (nessas plantas, a fecundação
resultados experimentais para aplicar as leis da cruzada só ocorre quando provocada, isto é,
dominância, segregação dos fatores e segregação quando se deseja);
independente. • a escolha de características contrastantes e
bem visíveis.
OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
Genética Mendeliana As figuras, a seguir, feitas pelo professor Luiz Pri-
mandade, ilustram resumidamente um dos experi-
mentos de Mendel.
1ª Lei de Mendel (Lei da segregação dos fatores)
Figura 34 - Ervilha
Figura 33 – Mendel e a ervilha

Fonte: elaborada pelo autor (PRIMANDADE, 2023).

Figura 35 – Cruzamento de ervilhas

Fonte: Biólogo, [s.d.]. Disponível em: biologo.com.br/bio/docu-


mentario-mendel-e-a-ervilha/. Acesso em: 16 mar. 2023.

No século XVII, o monge agostiniano austríaco


Gregor Mendel, realizando e analisando os resultados
de cruzamentos feitos com plantas, especialmente
ervilhas-de-cheiro (Pisum sativum), elaborou os prin-
cípios básicos dos conhecimentos genéticos. É consi-
derado o “Pai da Genética”.
Mendel admitiu a existência de “fatores” (alelos)
responsáveis pelas características hereditárias, embo-
ra não soubesse explicar de que esses fatores eram Fonte: elaborada pelo autor (PRIMANDADE, 2023).
constituídos, nem a localização deles no interior das
células. O QUE MENDEL FEZ?
Somente no século XX, com o desenvolvimento da Mendel realizou cruzamentos entre ervilhas
citologia e da bioquímica, comprovou-se que Mendel com sementes amarelas e ervilhas com sementes
tinha razão. Tais fatores realmente existem, localizam- verdes de linhagens puras (geração P). O cruza-
-se nos cromossomos e são constituídos por DNA. mento da geração P resultou na geração-filha (F1),
Os fatores (alelos) de Mendel passaram, então, a ser composta por descendentes com sementes ama-
denominados genes. relas em 100%. Posteriormente, a autofecunda-
A escolha das ervilhas e o sucesso em seus expe- ção dos indivíduos da geração F1 gerou a segunda
rimentos se devem a alguns fatores: geração-filha (F2), na qual 75% dos descendentes

136
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
produziam sementes amarelas e 25% produziam sobre híbridos de plantas). Neste artigo, ele apre-
sementes verdes. A partir da análise de diferentes sentou as leis básicas da hereditariedade, que fica-
características e resultados de diversos cruzamen- ram conhecidas como as Leis de Mendel.
tos, Mendel elaborou o “princípio fundamental da Embora as ideias de Mendel não tenham sido ime-
herança”, que ficou mais conhecido como a Primei- diatamente aceitas e compreendidas pela comuni-
ra Lei de Mendel. dade cien�fica, suas descobertas foram fundamen-
tais para o desenvolvimento da genética moderna.
O trabalho de Mendel abriu caminho para estudos
mais avançados sobre genética e biologia molecu-
lar, possibilitando uma melhor compreensão da he-
reditariedade e do papel dos genes na evolução das
espécies. Mendel morreu em 6 de janeiro de 1884,
em Brno, sem ter sido completamente reconhecido
por suas descobertas genéticas revolucionárias.

HABILIDADES DA BNCC
A 1ª Lei de Mendel permite concluir o seguinte: (EM13CNT205) Interpretar resultados e realizar
• se para uma determinada característica o indi- previsões sobre atividades experimentais, fenôme-
víduo possui o genótipo AA, quando esse indi- nos naturais e processos tecnológicos, com base
víduo formar seus gametas, 100% deles terão nas noções de probabilidade e incerteza, reconhe-
o gene A para a referida característica; cendo os limites explicativos das ciências.
• se para uma determinada característica o in-
divíduo possui o genótipo aa, 100% dos game- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO DC-GOEM
tas formados por esse indivíduo terão o gene (GO-EMCNT205E) Compreender a genética men-
a para a referida característica; deliana como conjunto de princípios relacionados
• se para uma determinada característica o indi- à transmissão hereditária das características de um
víduo possui o genótipo Aa, formará dois tipos organismo a seus descendentes, interpretando seus
de gametas: 50% dos quais deverão ter o gene resultados experimentais para aplicar as leis da
A e 50%, o gene a. dominância, segregação dos fatores e segregação
independente.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Gregor Mendel, também conhecido como o “pai da OBJETOS DE CONHECIMENTO DO DC-GOEM
genética”, nasceu em 20 de julho de 1822 em Hein- Genética Mendeliana
zendorf, na atual República Tcheca. Foi criado em
uma família humilde, onde trabalhava na lavoura
e pastoreio de animais. Figura 36 - Mendel
Em 1843, aos 21 anos, Mendel ingressou no mo-
nastério agostiniano de St. Thomas, onde iniciou
seus estudos em matemática e ciências naturais.
Em 1851, foi enviado à Universidade de Viena para
continuar seus estudos em �sica, química e história
natural.
A partir de 1856, Mendel começou a realizar ex-
perimentos com cruzamentos de plantas em um
jardim do monastério de Brno, com o objetivo de
estudar a transmissão de características entre gera-
ções. Mendel realizou inúmeros experimentos com Fonte: imagem extraída de br.pinterest.com/. Acesso em: 16 mar.
ervilhas, observando e documentando a segrega- 2023.
ção de características como cor, forma e tamanho
das sementes, além da altura das plantas e outras 2ª Lei de Mendel
características.
No entanto, seus trabalhos só ganharam reconhe- Para estudarmos a 2ª lei de Mendel, devemos ana-
cimento em 1866, quando ele publicou os resulta- lisar além das características determinadas por apenas
dos de seus experimentos em um artigo intitulado um par de genes alelos (monoibridismos), devemos
“Versuche über Pflanzen-Hybriden” (Experimentos estudar por mais de um par de alelos.

137
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Ao observarmos simultaneamente características Figura 37 – Geração parental
determinadas por dois pares de genes alelos, esta-
mos estudando o di-hibridismo; se forem analisadas
simultaneamente características determinadas por
três pares de genes alelos, haverá um tri-hibridismo,
e assim por diante.
Dessa maneira, enquanto a 1ª lei de Mendel ana-
lisa o monoibridismo, a partir da 2ª lei de Mendel
iremos analisar, ao mesmo tempo, características de-
terminadas por vários pares de genes alelos
Quando dois ou mais pares de genes alelos estive-
rem localizados em diferentes pares de cromossomos
homólogos, tem-se um caso de segregação indepen-
dente. A transmissão das características condiciona-
das por dois ou mais pares de genes que se segregam
independentemente obedece à 2ª Lei de Mendel.
Mendel então resolveu analisar as características
distintas como a cor e a textura. Desta maneira, plan- Fonte : Luiz Primandade.
tas originadas de sementes amarelas e lisas, ambos Conclusão
traços dominantes, foram cruzadas com plantas ori- Mendel concluiu que a segregação independente
ginadas de sementes verdes e rugosas, traços reces- dos fatores para duas ou mais características era um
sivos. princípio geral, constituindo uma segunda lei da he-
Todas as sementes produzidas na geração F1 eram rança. Assim, ele denominou esse princípio segunda
amarelas e lisas. lei da herança ou lei da segregação independente,
A geração F2, obtida pela autofecundação das posteriormente chamada segunda lei de Mendel: os
plantas originadas das sementes de F1, era composta fatores para duas ou mais características segregam-se
por quatro tipos de sementes: no híbrido, distribuindo-se independentemente para
• 9/16 amarelo-lisas; os gametas, onde se combinam ao acaso.
• 3/16 amarelo-rugosas; Além de estudar a textura e as cores das ervilhas,
• 3/16 verde-lisas; Mendel também estudou outras características feno-
• 1/16 verde-rugosas. �picas, como mostra a imagem a seguir.

Figura 38 -Ervilhas

Imagem extraída de: h�ps://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel.php acesso 31/03/2023

138
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Di-hibridismo com segregação independente As leis da genética mendeliana são compostas
Quando se analisam simultaneamente as carac- por três princípios básicos: a lei da dominância,
terísticas condicionadas por dois pares de genes a lei da segregação dos fatores e a lei da segre-
alelos localizados em diferentes pares de cromos- gação independente. A lei da dominância afirma
somos homólogos, temos uma situação de di-hi- que um gene pode ser dominante ou recessivo,
bridismo com segregação independente. Nesse uma vez que o gene dominante prevalece na ex-
caso, a transmissão desses genes e as respectivas pressão da característica. A lei da segregação dos
características que determinam obedecem à 2ª Lei fatores afirma que cada indivíduo possui dois fa-
de Mendel. tores hereditários para cada característica, que se
separam durante a formação dos gametas. E a lei
Tri-hibridismo com segregação independente da segregação independente afirma que os fatores
hereditários são transmitidos independentemente
A análise simultânea de características deter- uns dos outros.
minadas por três pares de genes alelos, localizados Para compreender a genética mendeliana, é im-
em diferentes pares de cromossomos homólogos, portante interpretar os resultados experimentais
consiste num caso de tri-hibridismo com segregação de Mendel, que foram obtidos a partir de cruza-
independente. A transmissão desses genes também mentos de ervilhas com características diferentes.
obedece à 2ª Lei de Mendel. Com esses cruzamentos, Mendel observou que
certas características eram sempre expressas na
Questão desafio primeira geração filial, ao passo que outras eram
perdidas e reapareciam na segunda geração filial.
10. O quadro, a seguir, mostra as características re- Esses resultados experimentais permitiram a Men-
lacionadas com três pares de genes alelos autos- del formular as leis da genética mendeliana.
sômicos que se segregam independentemente de A aplicação das leis da dominância, segregação
acordo com a 2ª Lei de Mendel. dos fatores e segregação independente permite
prever a probabilidade da ocorrência de certas ca-
racterísticas em descendentes de um cruzamento.
Isso é fundamental para a compreensão da here-
ditariedade e da transmissão de características
genéticas de geração para geração. Além disso, o
entendimento da genética mendeliana é importan-
te para o estudo de outras áreas da genética, como
a genética molecular e a genética de populações.

A GENÉTICA NA PECUÁRIA
Considerando o cruzamento (♂)CcMmIi X (♀)
ccMMii Não considerando a possibilidade de ocor- A genética aplicada na pecuária é uma importante
rência de mutações, é correto dizer que o casal ferramenta para o melhoramento genético de reba-
em questão nhos, visando à produção de animais com caracterís-
A) não tem probabilidade de ter filhos míopes. ticas desejáveis, como maior produtividade, melhor
B) não tem probabilidade de ter filhos com ha- qualidade da carne, maior resistência a doenças, entre
bilidade com a mão esquerda. outras.
C) não tem probabilidade de ter filhos insensíveis A aplicação da genética na pecuária envolve téc-
ao PTC. nicas como a seleção e cruzamento de animais com
D) tem 25% de probabilidade de ter filhos des- características desejáveis, a utilização de inseminação
tros, míopes e insensíveis ao PTC. artificial, fertilização in vitro e a clonagem. Essas técni-
E) tem 50% de probabilidade de ter um filho cas permitem a seleção e o acasalamento de animais
destro, de visão normal e sensível ao PTC. com características genéticas favoráveis, visando à ob-
tenção de descendentes com maior potencial produ-
GENÉTICA MENDELIANA tivo e reprodutivo.
A genética mendeliana é um conjunto de prin- A seleção de animais é baseada em critérios como
cípios relacionados à transmissão hereditária das produção de leite, ganho de peso, conversão alimen-
características de um organismo a seus descenden- tar, resistência a doenças e temperamento. A utiliza-
tes. Esses princípios foram propostos por Gregor ção da inseminação artificial permite a utilização de
Mendel, a partir de experimentos realizados com material genético de animais selecionados em todo
cruzamentos de ervilhas. o mundo, aumentando a diversidade genética e pos-

139
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
sibilitando a introdução de características desejáveis meio de técnicas como a transformação genética e a
em um rebanho. edição genética. Essas técnicas permitem a produção
de plantas transgênicas, que podem apresentar carac-
Figura 39 – Inseminação artificial em bovinos terísticas como maior resistência a pragas e doenças,
tolerância a herbicidas e estresses ambientais, além
de melhor qualidade nutricional.

Figura 40 – Soja transgênica

Fonte: Royal (2019). Disponível em: h�ps://www.royalmaquinas.


com.br/blog/entenda-como-funciona-a-inseminacao-artificial-
-em-bovinos/ . Acesso em: 16 mar. 2023.

Fonte: Cursos CPT (200-). Disponível em: h�ps://www.cpt.com.


A fertilização in vitro permite a produção de em- br/noticias/soja-transgenica-e-mais-tolerante-a-seca. Acesso em:
briões a partir de material genético de animais se- 17 mar. 2023.
lecionados, que podem ser transferidos para vacas
receptoras, aumentando o número de descendentes A conservação de recursos genéticos, por sua vez,
com características desejáveis. A clonagem é outra visa à preservação da diversidade genética de plantas
técnica utilizada na pecuária, que permite a produção cultivadas, a fim de garantir a disponibilidade de recur-
de animais geneticamente idênticos a um indivíduo sos genéticos para a pesquisa e a produção agrícola.
selecionado. A aplicação da genética na agricultura tem contri-
A aplicação da genética na pecuária tem contri- buído significativamente para o aumento da produti-
buído significativamente para o aumento da produti- vidade e a melhoria da qualidade dos alimentos, além
vidade e a melhoria da qualidade da carne e do leite, de possibilitar a produção de plantas mais resistentes
além de possibilitar a criação de animais com maior a doenças, pragas e estresses ambientais. No entan-
resistência a doenças e condições ambientais adver- to, é importante ressaltar que o uso da genética na
sas. No entanto, é importante ressaltar que a seleção agricultura deve ser realizado de forma responsável
genética deve ser realizada de forma responsável e e ética, visando sempre à segurança alimentar e à
ética, visando sempre ao bem-estar dos animais e à sustentabilidade do sistema de produção.
sustentabilidade do sistema de produção.
GLOSSÁRIO DE PALAVRAS DE GENÉTICA
A GENÉTICA NA AGRICULTURA
1. Alelo - forma alternativa de um gene que
A genética tem sido amplamente aplicada na pode determinar uma característica especí-
agricultura, visando à produção de plantas com ca- fica em um organismo.
racterísticas desejáveis, como maior produtividade, 2. Autossômico - gene que está localizado em
resistência a doenças e pragas, tolerância a estresses um cromossomo não sexual.
ambientais, melhor qualidade dos alimentos, entre 3. Característica - traço �sico ou funcional ob-
outras. servável em um organismo.
A aplicação da genética na agricultura envolve 4. Cariótipo - imagem dos cromossomos de uma
técnicas como o melhoramento genético, a modifi- célula, organizados por tamanho e forma.
cação genética e a conservação de recursos genéticos. 5. Clonagem - processo de criação de um orga-
O melhoramento genético é realizado por meio da nismo geneticamente idêntico a outro.
seleção de plantas com características desejáveis e 6. DNA - molécula que contém a informação
do cruzamento dessas plantas, visando à obtenção genética de um organismo.
de descendentes com maior potencial produtivo e 7. Dominância - relação entre alelos em que um
resistência a doenças e pragas. alelo é expresso em detrimento do outro.
A modificação genética, por sua vez, envolve a 8. Gameta - célula reprodutiva haploide, como
introdução de genes de interesse em plantas, por o espermatozoide ou o óvulo.

140
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
9. Genótipo - conjunto de genes que um orga- FÍSICA
nismo possui.
10. Hereditariedade - transmissão de caracte- CAPÍTULO 1 – CIRCUITOS ELÉTRICOS
rísticas de geração para geração através do
material genético.
11. Heterozigoto - organismo que possui dois Habilidade Específica
alelos diferentes para um gene. (EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dis-
12. Homozigoto - organismo que possui dois ale- positivos e aplicativos digitais, tecnologias e pos-
los idênticos para um gene. síveis soluções para as demandas que envolvem a
13. Mutação - alteração no material genético que geração, o transporte, a distribuição e o consumo
pode levar a mudanças nas características de de energia elétrica, considerando a disponibilida-
um organismo. de de recursos, a eficiência energética, a relação
14. Fenótipo - características �sicas e funcionais custo/bene�cio, as características geográficas e
observáveis de um organismo. ambientais, a produção de resíduos e os impactos
15. Plasmídeo - molécula circular de DNA presen- socioambientais e culturais.
te em algumas bactérias, que pode ser usada Objetivo de Aprendizagem
como vetor de clonagem. (GO-EMCNT106D) Entender os conceitos de ten-
16. Polimorfismo - variação natural na sequência são e corrente elétrica aplicando-os em circuitos
do DNA que pode influenciar características elétricos com arranjos variados de resistência para
de um organismo. analisar o consumo de energia elétrica em diversas
17. RNA - molécula que participa da síntese de simulações e situações cotidianas.
proteínas a partir da informação genética do (GO-EMCNT106A) Conceituar resistência e resis-
DNA. tividade elétricas, calculando a perda de energia
18. Sequenciamento - processo de determinação elétrica com o transporte e distribuição para exa-
da ordem dos nucleo�deos na molécula de minar a eficiência energética no processo.
DNA ou RNA.
19. Transcrição - processo em que a informação Objetos de conhecimento
genética do DNA é copiada em RNA. • Eletrodinâmica – Circuitos Elétricos
20. Tradução - processo em que a informação
genética do RNA é utilizada para a síntese Descritor Saeb
de proteínas. • Identificar diferentes usinas para produção de
energia.

Grandezas Elétricas

A eletrodinâmica estuda as cargas em movimento.


Por isso, é neste momento que o conceito das prin-
cipais grandezas elétricas é apresentado. Dentre os
quais destacamos:
• tensão;
• corrente elétrica;
• resistência elétrica.

Corrente Elétrica

Na Física, corrente elétrica é o fluxo ordenado de


par�culas portadoras de carga elétrica. Sabe-se que,
microscopicamente, as cargas livres (ou os elétrons
livres) estão em movimento aleatório devido à agita-
ção térmica. Apesar desse movimento desordenado,
ao estabelecermos um campo elétrico na região das
cargas, verifica-se um movimento ordenado que se
apresenta superposto ao primeiro. Esse movimento
ordenado de cargas elétricas recebe o nome de cor-
rente elétrica.

141
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Os raios são exemplos de corrente elétrica, bem Os portadores de cargas podem ser íons positivos,
como o vento solar, porém a mais conhecida, prova- íons negativos e elétrons livres (gases ionizados).
velmente, é a do fluxo de elétrons livres através de O sentido real da corrente elétrica depende da
um condutor elétrico, geralmente metálico.” natureza do condutor. Nos sólidos as cargas cujo fluxo
constituem a corrente real são os elétrons livres, nos
líquidos os portadores de corrente são íons positivos e
íons negativos, enquanto nos gases são íons positivos,
íons negativos e elétrons livres.
Esse movimento se dá no sentido contrário ao
campo elétrico se os portadores forem negativos, caso
dos condutores metálicos e no mesmo sentido do
campo se os portadores forem positivos. Mas existem
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i- casos em que verificamos cargas se movimentando
d=3711484&forceview=1 Acesso em: 28/02/2023 nos dois sentidos. Isso acontece quando o condutor
apresenta os dois tipos de cargas livres, por exemplo,
Podemos caracterizar a corrente elétrica em três os condutores iônicos.
meios, quais sejam: Contudo, no início da história da eletricidade de-
finiu-se o sentido da corrente elétrica como sendo o
a) Nos sólidos condutores: sentido do fluxo de cargas positivas, ou seja, as car-
gas que se movimentam do pólo positivo para o pólo
negativo. Naquele tempo nada se conhecia sobre a
estrutura dos átomos. Não se imaginava que em con-
dutores sólidos as cargas positivas estão fortemen-
te ligadas aos núcleos dos átomos e, portanto, não
pode haver fluxo macroscópico de cargas positivas
em condutores sólidos. No entanto, quando a �sica
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i- subatômica estabeleceu esse fato, o conceito anterior
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
já estava arraigado e era amplamente utilizado em
cálculos e representações para análise de circuitos.
b) Nos líquidos:

Fonte: h�p://wiki.itajai.ifsc.edu.br/images/c/c1/Apostila_de_Ele-
tricidade_IFSC_JOINVILE.pdf Acesso em 28/02/2023

Esse sentido continua a ser utilizado até os dias


de hoje e é chamado sentido convencional da cor-
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023 rente. Em qualquer tipo de condutor, este é o sentido
contrário ao fluxo líquido das cargas negativas ou o
A corrente elétrica é devida ao fluxo de íons, po- sentido do campo elétrico estabelecido no condutor.
sitivos no mesmo sentido do campo e, negativos em Na prática qualquer corrente elétrica pode ser repre-
sentido contrário ao campo. sentada por um fluxo de portadores positivos sem
que disso decorram erros de cálculo ou quaisquer
c) Nos gases: problemas práticos.
Se formos bastante rigorosos não falaremos em
corrente real e sim sentido real da corrente. Trabalha-
-se hoje com duas padronizações para o sentido da
corrente elétrica, o real e o convencional. O sentido
convencional refere-se ao sentido de uma corrente
elétrica onde, por convenção, os portadores de carga
são positivos. Neste caso a corrente se estabelece no
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023 mesmo sentido do campo elétrico. Na prática qual-

142
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
quer corrente elétrica pode ser representada por um potencial (U) é alterada, causando uma diferença de
fluxo de portadores positivos sem maiores problemas. energia potencial entre os pontos A e B.

Intensidade da Corrente Elétrica

Considere uma secção reta transversal em um Este trabalho realizado para mover uma unidade
condutor e, suponha que durante um intervalo de de carga (+1C) através de um elemento, de um termi-
tempo ∆t, passe por essa secção uma quantidade de nal a outro, é conhecido como diferença de potencial
carga ∆Q. Definimos corrente elétrica i, como: ou tensão sobre um elemento, e sua unidade é co-
nhecida como Volt (V) e dada como 1J/C.

Fonte: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A2mica.pdf
Acesso em 28/02/2023
Resistência Elétrica

Todos os materiais possuem resistência elétrica,


uns mais, outros menos. Inclusive os chamados bons
condutores de eletricidade apresentam resistência
Em que: elétrica, mas de baixo valor. Os isolantes, por sua vez,
por impedirem a passagem da corrente elétrica, são
elementos que apresentam resistência muito alta.
Quando uma corrente elétrica é estabelecida em
um condutor metálico, um número muito elevado
de elétrons livres passa a se deslocar nesse condu-
tor. Nesse movimento, os elétrons colidem entre si e
contra os átomos que constituem o metal. Portanto,
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i- os elétrons encontram uma certa dificuldade para se
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023 deslocar, isto é, existe uma resistência à passagem da
corrente no condutor.
Alternativamente, podemos encontrar o valor da Para medir essa resistência (R), os cientistas defini-
quantidade de carga elétrica através da área abaixo ram uma grandeza que denominaram resistência elé-
da curva de um gráfico da corrente elétrica em função trica. Essa grandeza é o quociente entre a diferença de
do tempo. potencial (U) e a corrente elétrica (I) em um condutor.

onde:
i: intensidade de corrente em (A);
U: tensão elétrica em volts(V);
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
R: resistência elétrica em Ohms (Ω).

Diferença de Potencial Elétrico Os símbolos utilizados para representar resistên-


cia elétrica são mostrados na figura a seguir.
Uma par�cula (carga pontual) qualquer, carrega-
da, possui uma energia potencial interna (U), dada
como a capacidade desta par�cula em realizar tra-
balho. Fonte: h�p://wiki.itajai.ifsc.edu.br/images/c/c1/Apostila_de_Ele-
Os átomos que compõem um material condutor tricidade_IFSC_JOINVILE.pdf Acesso em 28/02/2023
possuem elétrons livres, os quais podem mover-se
aleatoriamente. Se provocarmos uma força eletromo-
triz entre os terminais A e B de um elemento, um tra-
balho (T) é realizado sobre estas cargas, e sua energia

143
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

MÍDIAS INTEGRADAS SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1. Um resistor de 120 Ω é percorrido por uma corren-


PhET Interactive Simulations, um projeto da Uni- te elétrica de 40 mA. Qual será o valor da tensão
versity of Colorado Boulder, é um projeto de recursos elétrica (ddp) entre os terminais desse compo-
educacionais abertos sem fins lucrativos que cria e nente?
hospeda explicações exploráveis. a) 16 V.
Com ele é possível testar e criar circuitos elétricos, b) 4,8 V.
veja no link: h�ps://phet.colorado.edu/pt_BR/simu- c) 1,2 V.
lations/circuit-construction-kit-ac-virtual-lab . d) 0,04 V.
Utilize essa poderosa ferramenta para construir e) 0,333 V.
um circuito elétrico que contenha pelo menos:
- fios de ligação; 2. Um resistor em um circuito, quando submetido a
- um gerador; uma tensão elétrica de 110 V, é atravessado por
- uma lâmpada; uma corrente de intensidade igual a 16 A. Quan-
- uma chave de controle de corrente elétrica. do a corrente que o atravessa for igual a 10 A, a
tensão, em volts, nos terminais do componente,
Desafie-se para tentar criar outros circuitos! será de:
a) 94 V.
Lei de Ohm b) 80 V.
c) 68,75 V.
O cientista alemão Georg Ohm realizou várias d) 16,10 V.
experiências, medindo as voltagens (e as correntes e) 14,35 V.
correspondentes) quando aplicadas em diversos con-
dutores feitos de substâncias diferentes. Verificou 3. Considere o circuito a seguir.
então que sob temperatura constante, para muitos
materiais, principalmente os metais, a relação entre a
voltagem e a corrente mantinha-se constante, isto é:

Qual será a corrente elétrica que atravessa a lâm-


pada LMP1, de acordo com os valores de tensão
e resistência indicados no diagrama esquemático
indicados?
Fonte: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A2mica.pdf a) 4,0 A.
Acesso em 28/02/2023
b) 2,5 A.
c) 1,5 A.
Conclusão: Para muitos condutores (principal-
d) 0,75 A.
mente os metais), o valor da resistência permanece
e) 0,35 A.
constante, não dependendo da voltagem aplicada no
condutor.
4. (UFSM) O gráfico representa a diferença de poten-
cial ∆V entre dois pontos de um fio, em função da
corrente i que passa através dele. A resistência do
fio entre os dois pontos considerados vale, em Ω,

Fonte: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A2mica.pdf
Acesso em 28/02/2023

144
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a) 0,05 • do comprimento do fio,
b) 4 • da área da seção transversal do fio, e
c) 20 • do material.
d) 80
e) 160 Experiências mostram que quanto maior o com-
primento de um condutor, maior sua resistência e
5. (FURG) Qual a carga elétrica que atravessa durante quanto maior a seção de um condutor, menor sua
10 h qualquer secção reta de um condutor cuja resistência. Também pode se provar que condutores
resistência é de 20Ω e entre os extremos do qual de mesmo comprimento e mesma seção, mas de ma-
se aplica uma tensão de 100V? teriais diferentes, possuem resistências diferentes.
a) 50 C. A Equação matemática que determina o valor da
b) 100 C. resistência em função do comprimento, da seção e
c) 1000 C. do material é dada por:
d) 90.000 C.
e) 180.000 C.

6. (UEL) Na figura a seguir está esquematizado um


trecho de um circuito elétrico, onde i1, i2, i3 e i4 são Em que:
as intensidades das correntes elétricas não nulas R: resistência elétrica do condutor em ohms (Ω);
que passam pelos fios que se cruzam no ponto P. L: comprimento do condutor em metros (m);
A: área da seção transversal em metros quadra-
dos (m2);
ρ: constante do material, que chamamos de re-
sistividade ou resistência específica, em ohm.metro
(Ω.m).
A resistividade é um valor característico de cada
material, e na verdade representa a resistência que
um condutor desse material apresenta tendo 1m de
Qual a relação entre as intensidades dessas cor-
comprimento e 1m2 de área de seção transversal. A
rentes?
tabela abaixo apresenta o valor de resistividade de
a) i3 + i4 = i1 + i2
alguns materiais:
b) i3 = i1 + i2 + i4
c) i1 + i4 = i3 + i2
d) i1 = i3 + i4 + i2
e) i1 + i3 = i2 + i4

Resistência e Resistividade

No que diz respeito ao significado �sico de resis-


tência elétrica, podemos dizer que advém da estrutura
atômica do elemento em questão. Isso quer dizer que
um material que possua poucos elétrons livres difi-
cultará a passagem da corrente, pois essa depende
dos elétrons livres para se processar (nos sólidos). No
entanto, também os bons condutores de eletricidade
apresentam uma certa resistência elétrica, apesar de
terem elétrons livres em abundância. A explicação Associação de Resistores em Série
para essa oposição à passagem da corrente elétrica
nesses materiais é que apesar de existirem elétrons Na associação em série, os resistores são ligados
livres em grande número, eles não fluem livremen- um em seguida do outro, de modo a serem percor-
te pelo material. Ou seja, no seu trajeto eles sofrem ridos pela mesma corrente elétrica. As lâmpadas de
constantes colisões com os núcleos dos átomos, o árvore de Natal são um exemplo de associação em
que faz com que o seu deslocamento seja dificultado. série.
Em um condutor filamentar, a resistência depende
basicamente de três fatores:

145
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A corrente, em uma associação de resistores em
paralelo, é a soma das correntes nos resistores asso-
ciados. Assim, na associação em paralelo, o valor da
resistência equivalente é sempre menor que o valor
de qualquer resistência dos resistores da associação
e este valor pode ser obtido com a seguinte equação:

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1. (UCPEL) Sejam resistores, com resistências R1 ≠


R2, ligados em paralelo. Pode-se afirmar que:
I – a resistência equivalente é menor que qualquer
das resistências.
Fonte: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A2mica.pdf
Acesso em 28/02/2023
II – o de menor resistência dissipa a maior potên-
cia.
A diferença de potencial (tensão) de uma associa- III – a corrente que atravessa os resistores é a
ção de resistores em série é a soma das tensões em mesma.
cada um dos resistores associados. Assim, o valor da Está(Estão) correta(s):
resistência equivalente é dado pela soma das resis- a) I
tências dos resistores que constituem a série: b) II
c) III
d) I e III
e) I e II

Associação de Resistores em Paralelo 2. (FURG) Quando uma corrente i passa pelos re-
sistores R1, R2 e R3 da figura, as tensões nos seus
Na associação em paralelo, os resistores são li- terminais são, respectivamente, V1, V2 e V3. Saben-
gados de tal maneira, que todos ficam submetidos à do-se que V1= 6,0 V; R2 = 3,0 Ω ; V3=3,0 V; e R3=2,0
mesma diferença de potencial. A corrente total forne- Ω, os valores de R1 e V2 são, respectivamente:
cida pelo gerador é a soma das correntes em cada um
dos resistores. A instalação residencial é um exemplo
de associação em paralelo.

a) 4,0 Ω e 4,5 V.
b) 4,5 Ω e 5,0 V.
c) 5,5 Ω e 6,0 V.
d) 5,0 Ω e 5,5 V.
e) 6,5 Ω e 7,0 V.

3. (FURG) Uma lâmpada para 5 V tem, normalmen-


te acesa, uma resistência de 20 Ohms. Com que
resistência devemos conectar em série esta lâm-
pada para que ela funcione normalmente com
uma fonte de 30 V?
a) 25 Ohms
b) 20 Ohms
c) 30 Ohms
d) 50 Ohms
Fonte: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A2mica.pdf e) 100 Ohms
Acesso em 28/02/2023

146
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
4. (UFRS) Três resistores de 10 Ω, 20 Ω e 30 Ω são c) RB > RC > RA.
ligados em série. Aplicando-se uma diferença de d) RC > RA > RB.
potencial de 120 V aos extremos dessa associação, e) RC > RB > RA.
qual a diferença de potencial entre os extremos
do resistor de 10 Ω? 8. (Famec-BA) Considerem-se dois fios condutores
a) 10V do mesmo material: o primeiro com diâmetro
b) 12V igual a 0,6 mm, comprimento 6 m e resistência
c) 20V 12 Ω e o segundo com diâmetro igual a 0,4 mm,
d) 120V comprimento igual a 4 m e resistência igual a x Ω.
e) 1200V Com base nessas informações, conclui-se que x é
igual a:
5. (FURG) Uma corrente se divide tomando dois ca- a) 6
minhos paralelos cuja resistência equivalente vale b) 8
10 Ω. Sabendo-se que as intensidades das corren- c) 10
tes nos dois caminhos são respectivamente 16 A d) 12
e 4 A, a resistência de cada um destes respectivos e) 18
caminhos são:
a) 10 Ω e 40 Ω REFERÊNCIAS
b) 25 Ω e 100 Ω
c) 12,5 Ω e 50 Ω PAZ, Alfredo Müllen da. Eletricidade. Colégio de Apli-
d) 10 Ω e 20 Ω cação (UFSC), 2022. Disponível em:
e) 5 Ω e 10 Ω h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1. Acesso em: 28 fev. 2023.
6. (UFRGS) No circuito abaixo, todos os resistores
têm resistências idênticas, de valor 10 Ω. A corren- REYES, Nelson. Corrente elétrica. IFSul, [s.d.]. Disponí-
te elétrica i, através de R2, é de 500 mA. A fonte, vel em: h�ps://nelsonreyes.com.br/Eletrodin%C3%A-
os fios e os resistores são todos ideais. 2mica.pdf. Acesso em: 28 fev. 2023.

SAMBAQUI, Ana Bárbara; TAQUES, Bárbara O. Apos-


tila de Eletricidade. IFSC-Campus Joinville, [s.d.]. Dis-
ponível em: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/
view.php?id=3711484&forceview=1 . Acesso em: 17
fev. 2023.

Selecione a alternativa que indica o valor correto Capítulo 2 – Energia Elétrica


da diferença de potencial a que está submetido
o resistor R1.
a) 5 V. Habilidade Específica
b) 7,5 V. (EM13CNT101) Analisar e representar, com ou
c) 10 V. sem o uso de dispositivos e de aplicativos digitais
d) 15 V. específicos, as transformações e conservações em
e) 20 V. sistemas que envolvam quantidade de matéria, de
energia e de movimento para realizar previsões
7. (UNIFESP) Você constrói três resistências elétricas, sobre seus comportamentos em situações coti-
RA, RB e RC, com fios de mesmo comprimento e dianas e em processos produtivos que priorizem
com as seguintes características: o desenvolvimento sustentável, o uso consciente
I. O fio de RA tem resistividade 1,0·10–6 Ω·m e dos recursos naturais e a preservação da vida em
diâmetro de 0,50 mm. todas as suas formas.
II. O fio de RB tem resistividade 1,2·10–6 Ω·m e (EM13CNT106) Avaliar, com ou sem o uso de dis-
diâmetro de 0,50 mm. positivos e aplicativos digitais, tecnologias e pos-
III. O fio de RC tem resistividade 1,5·10–6 Ω·m e síveis soluções para as demandas que envolvem a
diâmetro de 0,40 mm. geração, o transporte, a distribuição e o consumo
Pode-se afirmar que: de energia elétrica, considerando a disponibilida-
a) RA > RB > RC. de de recursos, a eficiência energética, a relação
b) RB > RA > RC. custo/bene�cio, as características geográficas e

147
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ambientais, a produção de resíduos e os impactos Da eletrostática sabemos que o trabalho realizado
socioambientais e culturais. num campo elétrico é dado por:
Objetivo de Aprendizagem
(GO-EMCNT106C) Investigar o uso de energia elétri-
ca na escola e/ou comunidade, analisando instala- Substituindo essa equação na definição de potên-
ções elétricas, contas de energia, tipos de lâmpadas cia e lembrando-se que
e critérios de sustentabilidade para questionar o
consumo energético.
(GO-EMCNT101I) Identificar a presença da eletrici-
dade no cotidiano, classificando os equipamentos
elétricos a partir de seu uso em tarefas cotidianas Concluímos que:
para propor condições de uso que gerem economia
no consumo de energia.
Com,
Objetos de conhecimento
U= – Diferença de potêncial elétrico;
• Eletrodinâmica
i – Corrente elétrica.
Descritor Saeb e Saego
• Identificar diferentes usinas para produção de
A potência elétrica pode variar em muitas ordens
energia.
de grandeza de acordo com a aplicação estudada. Veja
alguns exemplos!
Potência Elétrica Um chuveiro elétrico dissipa, em média, 5 kW de
energia elétrica na forma de calor a cada segundo.
“Potência elétrica é a quantidade de energia elé-
Usinas hidrelétricas geram eletricidade a uma taxa
trica que é fornecida a um circuito elétrico a cada
de 30 MW.
segundo ou, ainda, a quantidade de energia que esse
Um chip de computador consome 1 mW de ener-
circuito converte em outras formas de energia, tam-
gia elétrica.
bém a cada segundo. A unidade de medida da potên-
Por isso, é importante conhecer e saber utilizar
cia elétrica, de acordo com o Sistema Internacional
corretamente os prefixos de unidades do SI.
de Unidades (SI), é o wa� (W), que equivale a joules
por segundo (J/s).
A potência elétrica geralmente é estudada em
dispositivos como geradores, receptores e resistores,
que são elementos dos circuitos elétricos que, respec- Valores Nominais
tivamente, geram energia elétrica, consomem energia
elétrica e produzem calor, devido ao efeito Joule.” Em eletricidade a potência elétrica passou a ser
uma grandeza muito útil porque permite medir o
Cálculo da Potência Elétrica consumo de energia potencial elétrica de qualquer
aparelho elétrico. Assim os fabricantes de lâmpadas,
Como qualquer outro tipo de potência, a potên- ferros elétricos, chuveiros elétricos etc., passaram a
cia elétrica pode ser calculada dividindo-se a energia especificar em seus produtos pelo menos dois valores,
consumida, ou transformada, pelo intervalo de tem- chamados de valores nominais que são:
po. Ou seja:  Tensão nominal ou ddp (U) – tensão da rede
para a qual o produto foi fabricado;
 Potência nominal(P) – potência consumida
pelo aparelho.

Em que: Ao colocarmos um aparelho em funcionamento


P – Potência; devemos observar que:
τ – Trabalho (transformação da energia);
Δt – Intervalo de tempo para a transformação da 1) Se a rede elétrica, na qual o aparelho vai ser
energia. ligado, apresentar uma ddp menor que a ddp nominal
do aparelho, este funcionará em condições abaixo do
Entretanto, existem fórmulas de potência mais normal. O aparelho funcionará desenvolvendo uma
específicas que relacionam grandezas como tensão potência abaixo da potência nominal, ou seja, o fun-
elétrica (U), corrente elétrica (i) e resistência elétrica. cionamento do aparelho é abaixo do normal.

148
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Sendo a ddp da rede elétrica igual à ddp nomi- A energia elétrica utilizada por nós todos os dias é
nal do aparelho, este funciona em condições normais. sempre convertida em outro tipo de energia. Quando
ligamos um chuveiro elétrico, por exemplo, a ener-
3) Finalmente, se a ddp da rede elétrica for maior gia elétrica está sendo transformada em calor para
que a ddp nominal do aparelho elétrico, este sofrerá aquecer a água. Esse fenômeno é chamado de efeito
superaquecimento, podendo, em função do tempo Joule. Outro exemplo é a transformação da energia
de funcionamento, fundir, o que significa queima do elétrica em energia mecânica para rotacionar grandes
aparelho. e pequenos motores que nos servem em diversas ati-
vidades cotidianas.

Fonte: h�ps://www.grupoescolar.com/pesquisa/energia-eletrica.
html. Acesso em 12/05/2022

Caminho da Energia
Potência Elétrica em Resistor
A energia elétrica, na maior parte das vezes, é ge-
É possível determinar a potência da corrente elé- rada a partir do aproveitamento de recursos naturais.
trica num resistor (R). Lembrando-se de que U=R.i e Após ser gerada, ela é direcionada por cabos de alta
realizando as devidas substituições na equação ante- tensão até as chamadas subestações transmissoras.
rior, ficamos com: O próximo passo é conduzir a eletricidade até uma
subestação de transmissão, que distribui a energia
elétrica para as residências, comércios e indústrias.
A distribuição é feita nas cidades por meio de cabos
e
de alta tensão facilmente identificados, pois estão
suspensos em toda a extensão de ruas e avenidas
por postes.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

Qual a potência elétrica desenvolvida por um motor,


quando a diferença de potencial (ddp) nos seus ter-
minais é de 110 V e a corrente que o atravessa tem
intensidade de 20A?
Resposta: 2200 W

Figura 1
Energia Elétrica Disponível em: h�ps://conhecimentocientifico.com/energia-ele-
trica/. Acesso em: 12 maio 2022.
A energia elétrica é o resultado do trabalho re-
alizado pela corrente elétrica mediante a imposição Consumo
do que é chamado de diferença de potencial elétrico
(ddp). A geração desse tipo de energia para abaste- As companhias elétricas são responsáveis por
cer cidades ocorre de inúmeras formas, como por medir o consumo de energia elétrica e fazer a de-
hidroelétricas, usinas eólicas, termoelétricas, usinas vida cobrança com base na quantidade de energia
solares, usinas nucleares etc. utilizada por cada usuário. O cálculo do consumo

149
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
de energia é feito por meio do produto da potência
elétrica de cada equipamento pelo tempo de uso
mensal. Veja a equação:
ATIVIDADE INTEGRADORA
EELÉTRICA = P. Δt
PROCEDIMENTOS
Para consumos de energia no cotidiano é mais
conveniente expressar a potência na unidade qui-
Siga as atividades 1,2,3 e 4 como orientado a seguir.
loWa� (Kw), e o tempo, em horas, de forma que a
energia consumida é medida em KWh. A cobrança é
Atividade 1
feita por cada KWh consumido, e a medida da quan-
Ao ligar um liquidificador, percebemos que grande
tidade de energia consumida é feita por um instru-
parte da energia elétrica se transforma em energia
mento chamado de relógio medidor de energia ou,
mecânica, permitindo que as suas lâminas girem ra-
simplesmente, padrão de energia.
pidamente, partindo em pedaços cada vez menores
o conteúdo que está ali. Há também a transformação
em energia sonora e também em energia térmica,
percebida principalmente no uso prolongado desse
eletrodoméstico. Alguns aparelhos apresentam-se
mais eficientes que outros, em relação à função que
desenvolvem. Dizemos que eles são mais potentes,
por conseguirem realizar o mesmo trabalho em menor
tempo. Quanto maior é a potência de um aparelho,
maior é o consumo da energia. O tempo de uso tam-
bém reflete nesse consumo. Para calcular a energia
consumida, multiplicamos a potência do aparelho (em
wa�s) pelo tempo de uso (em segundos). A unidade
Fonte: h�ps://www.madeiramadeira.com.br/relogio-energia-me-
didor-monofasico-elo-2101l-110v-ou-220v-1965314.htmlhtml. de medida desse cálculo é o joule (J). Baseado em tudo
Acesso em 12/05/2022 que aprendemos até aqui, responda em seu caderno
ao que se pede a seguir.

• Pesquise e anote no seu caderno a potência do chu-


Saiba mais veiro da sua casa.
h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/fisica/ • Agora calcule a quantidade de energia consumida
energia-eletrica por você durante um banho de dez minutos.
• Ainda sobre o chuveiro, calcule o quanto de ener-
gia elétrica você consumiria no mês de maio, caso
tivesse tomado três banhos de dez minutos por dia.
• Agora reflita como foi seu gasto de energia.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM
Atividade 2
A potência nominal de um secador de cabelos é de Apesar de medido usualmente em joules, o cálculo
1500 W. Se a ENEL cobra R$ 0,80 por kW.h e você gasta de consumo costuma se dar considerando o tempo
15 minutos por dia secando seus cabelos, quanto você em horas e a potência em quilowa� (cada quilowatt
gastará por mês com o secador? corresponde a um watt). Nesse caso, a unidade de
a) 6,0 kWh medida passa a ser o quilowa�-hora (kWh). Usando o
b) 9,0 kWh resultado do cálculo mensal do uso do chuveiro, que
c) 12,0 kWh você realizou na atividade anterior, visite o site indi-
d) 15,0 kWh cado a seguir para transformá-lo em quilowa�s-hora.
e) 20,0 kWh. Anote no caderno o resultado.
h�ps://convertlive.com/pt/u/converter/joules/em/
Resposta: 9,0 kW.h quilowa�s-hora

Atividade 3
Com os dados da atividade 02, temos condições de
calcular o valor mensal referente ao uso do chuveiro,
multiplicando o consumo pelo valor da tarifa. Calcule

150
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
qual seria o valor do consumo mensal do seu uso do A economia por banho, em kWh, apresentada pelo
chuveiro, considerando que a tarifa para cada qui- estudante para sua mãe foi de
lowa�-hora corresponde a R$0,78. a) 0,3.
b) 0,5.
Atividade 4 c) 1,2.
O consumo de energia elétrica está diretamente re- d) 1,5.
lacionado ao uso de recursos naturais renováveis e e) 1,8.
não renováveis. Nesse sentido, avalie como tem sido
o consumo de energia elétrica na sua residência e 3. (Enem) A figura representa o processo mais usado
como era na escola, antes da pandemia: baixo, mo- nas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica
derado ou alto? Quais medidas podem ser adotadas no Brasil. As transformações de energia nas posi-
para que o consumo de energia elétrica seja menor, ções I→II e II→III da figura são, respectivamente,
nesses dois lugares?

Momento ENEM

1. (Enem),Entre as inúmeras recomendações dadas


para a economia de energia elétrica em uma re-
sidência, destacamos as seguintes:
Substitua lâmpadas incandescentes por fluores-
centes compactas;
Evite usar o chuveiro elétrico com a chave na po-
sição “inverno” ou “quente”;
Acumule uma quantidade de roupa para ser pas-
sada a ferro elétrico de uma só vez;
Evite o uso de tomadas múltiplas para ligar vários
aparelhos simultaneamente;
Utilize, na instalação elétrica, fios de diâmetros
recomendados às suas finalidades.

A característica comum a todas essas recomen-


dações é a proposta de economizar energia por
meio da tentativa de, no dia, reduzir:
a) a potência dos aparelhos e dispositivos elétri- a) energia cinética → energia elétrica e energia
cos. potencial → energia cinética.
b) o tempo de utilização dos aparelhos e disposi- b) energia cinética → energia potencial e energia
tivos. cinética → energia elétrica.
c) o consumo de energia elétrica convertida em c) energia potencial → energia cinética e energia
energia térmica. cinética → energia elétrica.
d) o consumo de energia térmica convertida em d) energia potencial → energia elétrica e energia
energia elétrica. potencial → energia cinética.
e) o consumo de energia elétrica através de cor- e) energia potencial → energia elétrica e energia
rentes de fuga. cinética → energia elétrica.

2. (Enem/2017) O Brasil vive uma crise hídrica que Referências


também tem trazido consequências na área de Delizoicov, D.; Angotti, J. A.; Pernambuco, M. M. En-
energia. Um estudante do ensino médio resolveu sino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São
dar sua contribuição de economia, usando para Paulo: Cortez, 2011.
isso conceitos que ele aprendeu nas aulas de �-
sica. Ele convenceu sua mãe a tomar banho com Fourez, G. A construção das ciências: introdução à
a chave do chuveiro na posição verão e diminuir filosofia e a ética das ciências. São Paulo: Universidade
o tempo de banho para 5 minutos, em vez de Estadual Paulista, 1995.
15 minutos. Sua alegação baseou-se no seguinte
argumento: se a chave do chuveiro estiver na po- JOAB, Silas. Calor. Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em:
sição inverno (potência de 6000 W), o gasto será h�ps://bit.ly/2ZUrhZz. Acesso em: 5 jun. 2019.
muito maior do que com a chave na posição verão
(potência de 3 600 W).

151
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 3 – APARELHOS ELÉTRICOS Para facilitar o manuseio, os circuitos elétricos
contêm um elemento extremamente importante, que
é o interruptor. Nos aparelhos elétricos o interruptor é
Habilidade Específica o botão liga-desliga. Já no circuito elétrico residencial
(EM13CNT306) Avaliar os riscos envolvidos em ati- existem vários locais onde ele pode ser interrompi-
vidades cotidianas, aplicando conhecimentos das do, tais como: chaves, disjuntores, tomadas, plugues,
Ciências da Natureza, para justificar o uso de equi- soquetes onde são rosqueadas as lâmpadas, dentre
pamentos e recursos, bem como comportamentos outros.
de segurança, visando à integridade �sica, individu-
al e coletiva, e socioambiental, podendo fazer uso
de dispositivos e aplicativos digitais que viabilizem
a estruturação de simulações de tais riscos.
(EM13CNT308) Investigar e analisar o funciona-
mento de equipamentos elétricos e/ou eletrônicos
e sistemas de automação para compreender as tec-
nologias contemporâneas e avaliar seus impactos
sociais, culturais e ambientais. Fonte: h�ps://brainly.com.br/tarefa/25807405
Acesso em 02/03/2023
Objetivos de Aprendizagem
(GO-EMCNT306B) Examinar situações que envol- A principal função dos fios de ligação em um cir-
vam risco de choque elétrico, considerando a in- cuito elétrico é delimitar o local que servirá como um
tensidade e o caminho percorrido pela corrente caminho ou uma trilha através da qual a energia elé-
elétrica para estimar riscos à integridade �sica in- trica da fonte chega até o aparelho elétrico e assim,
dividual e coletiva. passa ser utilizada por ele. Por exemplo, o fio de cobre
GO-EMCNT308A) Compreender manuais de ins- utilizado na instalação elétrica residencial inclui uma
talação ou utilização de equipamentos elétricos, capa plástica. O metal, nesse caso, é o caminho ou a
relacionando informações da eletrodinâmica para trilha por onde a energia elétrica da fonte vai chegar
avaliar diversos tipos de tecnologias. até os aparelhos e a capa plástica que é um material
(GO-EMCNT308B) Aplicar conhecimentos sobre isolante, delimita esse caminho. Quando a energia da
circuitos elétricos, dimensionando dispositivos ou fonte está sendo utilizada pelo aparelho, dizemos que
aparelhos de uso cotidiano para analisar seu fun- o circuito está fechado e que há uma corrente elétrica.
cionamento. Quando ligamos uma lanterna e sua lâmpada
(GO-EMCNT308C) Descrever funcionamento de acende, o seu circuito elétrico, constituído de fila-
dispositivos (baterias, células fotovoltaicas, siste- mento da lâmpada e seus pontos de contato – fios
mas de automação, dentre outros), identificando as de ligação cujas extremidades são conectadas aos
transformações de energia envolvidas para avaliar a dois terminais da pilha –, está fechado. Desse modo,
questão custo/bene�cio trazido por cada um, bem a energia química da pilha, transformada em energia
como os impactos à saúde e ao meio ambiente. elétrica, é utilizada pela lâmpada.

Objetos de conhecimento
• Eletrodinâmica
Descritor Saeb
• Compreender a transformação de energia elétrica
e outras formas de energia, em aparelhos elétricos/ Fonte: h�ps://www.geocities.ws/saladefisica10/experimentos/
eletrônicos. e73.htm
• Reconhecer as propriedades dos materiais. Acesso em 02/03/2023

O mesmo se dá quando acendemos uma lâmpada


Elementos dos Circuitos Elétricos ou ligamos um chuveiro, só que nestes casos, a fonte
está longe e é de uso coletivo: é a usina.
Ao colocar um aparelho elétrico em funciona- Quando ligamos o rádio, mesmo que nenhuma
mento estamos fechando um circuito elétrico. Esse estação esteja sintonizada, estamos fechando o seu
circuito é constituído de aparelho elétrico; fonte de circuito elétrico interno que inclui, entre muitas coi-
energia elétrica, que pode estar situada próximo ou sas, a fonte de energia, fios de ligação, o alto-falante.
distante do aparelho; e fios de ligação, que conectam Ao sintonizarmos uma estação, algo a mais acontece,
adequadamente um ao outro. relacionado com a antena do aparelho e a da estação.

152
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Veremos esse fenômeno posteriormente. Agora, po- ·Mecânicos: aqueles que transformam energia
demos adiantar que a antena da estação se comunica mecânica em elétrica. Exemplo: dínamo de motor
com a do aparelho de rádio sem necessidade de fios. de automóvel.
Com a TV acontece algo semelhante quando sinto-
nizamos uma determinada estação. A diferença reside
em que a comunicação entre as antenas do aparelho
e da estação escolhida envolve, além do som, a ima-
gem. Internamente, o aparelho de TV contém vários
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
circuitos elétricos que envolvem diferentes materiais d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
condutores de eletricidade. Tais circuitos estão conec-
tados à mesma fonte de energia elétrica que faz fun- b) Receptor Elétrico
cionar os demais aparelhos elétricos que são ligados
na rede elétrica residencial. É um dispositivo que transforma energia elétrica
Mais recentemente temos encontrado cada vez em outra modalidade de energia, não exclusivamen-
mais os chamados telefones celulares. Internamente, te térmica. O principal receptor é o motor elétrico,
os circuitos elétricos são alimentados por uma bate- que transforma energia elétrica em mecânica, além
ria, mas a comunicação entre eles dá-se por meio de da parcela de energia dissipada sob a forma de calor.
antenas.
A comunicação entre microcomputadores tam-
bém tem sido possível não apenas através de circuitos
com fios, mas também fazendo uso de antenas. Com
o crescimento das comunicações entre governos, ins-
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
tituições cien�ficas, bibliotecas, dos mais diferentes
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
locais do planeta, além dos eventos que hoje têm
transmissão para todas as regiões ou boa parte delas,
c) Resistor Elétrico
a utilização de antenas e satélites artificiais tem sido
cada vez mais presente.
Como vimos, é um dispositivo que transforma
Então, em resumo, para o caso específico de
toda a energia elétrica consumida integralmente em
circuitos elétricos simples, para se estabelecer uma
calor. Como exemplo, podemos citar os aquecedores,
corrente elétrica, são necessários basicamente: um
o ferro elétrico, o chuveiro elétrico, a lâmpada comum
gerador de energia elétrica, um condutor em circuito
e os fios condutores em geral.
fechado e um elemento para utilizar a energia produ-
zida pelo gerador (por exemplo, uma lâmpada). Vamos
d) Dispositivo de Manobra
estudar com mais detalhes alguns dispositivos.
São elementos que servem para acionar ou des-
ligar um circuito elétrico. Por exemplo, as chaves e
os interruptores.

Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023

e) Dispositivo de Segurança
Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
São dispositivos que, ao serem atravessados por
a) Gerador Elétrico uma corrente de intensidade maior que a prevista,
interrompem a passagem da corrente elétrica, preser-
É um dispositivo capaz de transformar em energia vando da destruição os demais elementos do circuito.
elétrica outra modalidade de energia. O gerador não Os mais comuns são os fusíveis e os disjuntores.
gera ou cria cargas elétricas. Sua função é fornecer
energia às cargas elétricas que o atravessam. Indus-
trialmente, os geradores mais comuns são os químicos
e os mecânicos. ·Químicos: aqueles que transformam Fonte: h�ps://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?i-
d=3711484&forceview=1 Acesso em 28/02/2023
energia química em energia elétrica. Exemplos: pilha
e bateria.

153
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
De qualquer forma, em um circuitos elétricos simples, é comum encontrarmos os seguintes elementos
constituintes:

Fonte: h�ps://brainly.com.br/tarefa/5912733
Acesso em 02/03/2023 (Adaptado)

Saiba Mais

Chuveiro elétrico

Um chuveiro comum possui uma câmara onde a água penetra e entra em contato com um elemento de
aquecimento (resistência) ligado à rede de energia.
A corrente somente pode passar pelo elemento de aquecimento, ligando-o à rede de energia, quando o
registro for aberto e a água pressionar uma peça denominada diafragma, conforme a imagem a seguir.

154
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
mos de uma quantidade maior de energia ou maior
potência, para chegar à mesma temperatura do
final do que se a água estiver menos fria.

BRAGA, Newton C. Como funciona o chuveiro elé-


trico. Instituto NCG, [s.d.]. Disponível em: h�ps://
www.newtoncbraga.com.br/index.php/instalaco-
es-residenciais/2936-el033. Acesso em: 02 mar.
2023.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE
O diafragma comum é de borracha e se verga en-
costando nos contatos elétricos que estabelecem a 1. Alguns dispositivos de segurança utilizados em cir-
corrente que alimenta o elemento de aquecimento. cuitos elétricos possuem o intuito de interromper
A temperatura da água depende de vários fatores: a passagem de grandes correntes elétricas que po-
deriam ser prejudiciais para o seu funcionamento.
a) O primeiro é a potência elétrica aplicada ao ele- São dispositivos de segurança:
mento de aquecimento que depende de sua resis- a) pilhas.
tência. b) resistor e varistor.
Quanto mais curta for a resistência, ou seja, menor c) fusível e disjuntor.
seu valor ôhmico, mais corrente circula e, portanto, d) interruptor.
maior é a quantidade de calor gerado. e) amperímetro e vol�metro.
A chave “inverno” e “verão” que existe no chuveiro
ou “quente” e “mais quente” seleciona duas posi- 2. (ENEM/2015) Um estudante, precisando insta-
ções do elemento de aquecimento, de modo que lar um computador, um monitor e uma lâmpada
circule mais ou menos corrente, conforme indicado em seu quarto, verificou que precisaria fazer a
na figura. instalação de duas tomadas e um interruptor na
rede elétrica. Decidiu esboçar com antecedência
o esquema elétrico.
“O circuito deve ser tal que as tomadas e a lâmpa-
da devem estar submetidas à tensão nominal da
rede elétrica e a lâmpada deve poder ser ligada
ou desligada por um interruptor sem afetar os
outros dispositivos” – pensou.

Símbolos adotados:

Quando a chave está na posição em que a resistên-


cia é “mais curta”, o chuveiro aquece mais, porque
passa mais corrente pelo elemento de aquecimento. Qual dos circuitos esboçados atende às exigên-
cias?
b) O segundo fator a ser considerado é o fluxo de
água que passa pelo chuveiro. Se mais água passar
pelo elemento, ele deve produzir mais calor para
obter a mesma temperatura final.
Assim, se tomarmos como exemplo dois chuveiros
de mesma potência, veremos que aquece menos o
que está ligado num local onde a pressão da água
é maior e, portanto, seu fluxo maior. O recurso de
fechar levemente o registro para aumentar a tem-
peratura da água é consequência desse fator.
c) Outro fator a ser considerado é a temperatura
inicial da água. Se a água estiver muito fria precisa-

155
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Transformação da Energia em Circuitos Elétricos

Toda vez que um aparelho elétrico entra em fun-


cionamento, ocorre uma transformação de energia
elétrica em outras formas de energia, como luminosa,
sonora, mecânica de rotação, térmica, dentre outras.
Sem uma fonte de energia elétrica adequada e em
condições de funcionamento, os aparelhos de nada
servem.
As pilhas, as baterias, os acumuladores (usual-
mente chamados de baterias de automóveis e mo-
tos) e as usinas são as fontes de energia elétrica mais
utilizadas no nosso dia a dia.
Então, a energia elétrica pode ser transformada
em várias outras formas de energia, de acordo com o
equipamento que se usa dela. Quando o equipamento
usa a eletricidade para mover ou girar algo, como um
motor de um carrinho de brinquedo, ocorreu uma
transformação da energia elétrica em energia mecâ-
nica, ou quando o equipamento usa a eletricidade
para emitir luz, iluminando o ambiente numa noite
Fonte: h�ps://brainly.com.br/tarefa/46251473
escura, ocorreu uma transformação da energia elétri- Acesso em 02/03/2023 (Adaptado)
ca em energia luminosa. Observe na tabela a seguir
os equipamentos domésticos e suas transformações Perceba que, pelo que consta na tabela, vários
de energia a partir da energia elétrica. eletrodomésticos (senão todos) convertem energia
elétrica em energia térmica. Esse fenômeno é cha-
mado de efeito Joule.
O cientista James Presco� Joule (1818 a 1889), re-
alizou uma série de experimentos para demostrar que
a quantidade de calor produzida a partir da energia
mecânica é sempre igual ao trabalho realizado. Por
causa dessas experiências, o nome de Joule é lem-
brado na unidade de energia (joule – J) e no efeito de
aquecimento dos fios pela corrente elétrica.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

1. De acordo com a classificação dos aparelhos e


componentes eletrônicos em relação a seu fun-
cionamento, o grupo dos equipamentos resistivos
costuma envolver os aparelhos mais simples. A
passagem de energia elétrica por meio dos dis-
positivos gera calor, e o aquecimento geralmente
está associado à função do aparelho.
Exemplos de equipamentos resistivos são:
a) forno elétrico e televisão.
b) secador de cabelo e rádio.
c) forno elétrico e batedeira.
d) computador e panela elétrica.
e) chuveiro elétrico e lâmpada incandescente.

156
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2. Alguns aparelhos elétricos, durante seu funcio- A resistência elétrica que o corpo humano oferece
namento, produzem movimento, isto é, trans- a passagem da corrente elétrica é quase que exclu-
formam parte da energia elétrica que recebem sivamente devida à camada externa da pele, que é
da fonte em energia mecânica. São exemplos de constituída de células mortas. Quando a pele está
aparelhos que convertem predominantemente a seca, a resistência é maior, porém, quando ela se en-
energia elétrica recebida em movimento: contra úmida (condição mais facilmente encontrada
a) o liquidificador, o ventilador e a batedeira. na prática), a resistência elétrica do corpo decai sen-
b) o ventilador, a batedeira e o secador de cabelo. sivelmente
c) o chuveiro elétrico, o secador de cabelo e o Os músculos do corpo agem sob a ação de impul-
ferro elétrico. sos elétricos emitidos pelo cérebro através dos neurô-
d) o ferro elétrico, o forno elétrico e a lâmpada nios (nervos) até às fibras musculares do tecido, onde
incandescente. elas criam um potencial eletroquímico provocando a
d) o chuveiro elétrico, o liquidificador e o aparelho contração (movimentação) muscular. A corrente elé-
televisor. trica, ao passar pelo corpo humano, causa alterações
nos impulsos elétricos próprios do nosso corpo (por
Choques Elétricos conseguinte, afetando o funcionamento de todos os
músculos, inclusive do coração e dos músculos res-
A eletricidade é vital na vida moderna. É desne- piratórios) e causa um aquecimento nos tecidos, le-
cessário ressaltar a sua importância, quer proporcio- vando a queimaduras.
nando conforto aos nossos lares, quer atuando como O músculo do coração se movimenta sob a ação
insumo nos diversos segmentos da economia. de tais impulsos elétricos, originados no próprio cora-
Por outro lado, o uso da eletricidade exige do ção. Durante um choque elétrico a corrente provoca
consumidor e/ou profissional da área algumas pre- o aparecimento de um potencial eletroquímico que
cauções em virtude do risco que potencialmente pode produz a contração muscular fora de ritmo. A condição
representar. Muitos desconhecem ou negligenciam irregular onde o coração não bombeia mais sangue, tal
esse risco. como na fibrilação ventricular ou na assístole cardíaca,
Um dos principais riscos é o choque elétrico. Ele é denominada de parada cardíaca.
é caracterizado pela passagem de corrente elétrica
pelo corpo humano. Sendo o corpo humano condutor Efeitos Físicos Causados pela Corrente Elétrica
(baixa resistência à corrente elétrica), o contato parcial
ou total com um objeto energizado fecha o circuito, Como resultado de um choque elétrico pode-se
passando a circular a corrente pelo corpo. ter sensações que envolvem desde um leve “formiga-
O que torna a eletricidade mais perigosa do que mento”, a contrações musculares dolorosas, à lesão
outros riscos �sicos como, por exemplo, o calor, o frio muscular e até à parada cardíaca. A intensidade de um
e o ruído é que ela só é percebida pelo organismo choque elétrico basicamente depende dos seguintes
tarde demais, quando ele já se encontra sob sua ação. fatores:
É importante alertar que os riscos do choque elé-
• Nível de tensão;
trico e os seus efeitos estão diretamente relacionados
• Corrente fluindo através da pessoa;
aos valores das tensões da instalação. Ressalta-se,
• Trajeto da corrente.
ainda, que altas tensões costumam provocar gran-
• Resistência do corpo humano;
des lesões.
• Frequência da fonte elétrica;
Por um outro lado, existem mais pessoas expostas
• Duração do choque;
à baixa tensão do que às altas tensões e, que leigos,
normalmente, não se expõem às altas tensões. Assim,
Para fins de nossos estudos, daremos ênfase ape-
proporcionalmente, pode-se concluir que as baixas
nas nos três primeiros.
tensões são as mais perigosas.
O valor da resistência elétrica do corpo humano
1°) Nível de Tensão
varia de indivíduo para indivíduo, e varia em função
do trajeto percorrido pela corrente elétrica. De acordo
com a Lei de Ohm, e com base no valor da resistência Tensões elevadas normalmente representam
do corpo humano, pode-se avaliar a intensidade da choques com maiores riscos, por causa das intensas
corrente elétrica produzida por um choque elétrico. correntes ou energias envolvidas. Outro problema
Esse valor serve para inferir sobre os efeitos danosos da alta tensão se deve a falhas de isolação e ruptura
provocados pela corrente elétrica em função de sua dielétrica, com a consequente formação de arco elé-
intensidade. trico, dependendo da forma dos eletrodos, taxa de
O corpo humano é um condutor de eletricidade. subida e polaridade da tensão.

157
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Estas correntes, por sua vez, podem causar quei- os dois braços ou entre um braço e uma perna.
maduras graves devido ao calor de arcos elétricos ou Choques onde o percurso da corrente acontece
danos ao tecido devido ao elevado fluxo de cargas. através do centro respiratório podem ocasionar pa-
Correntes elevadas (acima de 1 A) tendem a produzir rada respiratória. O centro respiratório se localiza na
assístole cardíaca, em vez de fibrilação ventricular. medula óssea, na base do crânio. Choques indo da ca-
Uma queda ou um golpe no peito pode reverter o beça para pontos abaixo do pescoço, ou entre os dois
batimento cardíaco ao normal. braços, podem levar à parada respiratória. A seguir,
são exemplificadas algumas situações de risco cujas
2°) Efeitos da Corrente Elétrica consequências dependem do percurso da corrente
pelo corpo:
O limiar de percepção para um contato dos dedos • O caso de um dos pés estar em contato com
com o condutor em 60 Hz é de aproximadamente 0,2 um condutor vivo, e o outro estar no terra, não
mA. Resultados obtidos a partir da observação de mais é tão grave pois não há fluxo de corrente pelo
de 1000 acidentes permitiram estabelecer os dados coração. Pode ocorrer lesão nos órgãos abdo-
da tabela a seguir, onde as reações fisiológicas diante minais.
da circulação de diferentes intensidades de corrente • Quando uma das mãos está em contato com um
foram divididas em 4 grupos: condutor energizado e os pés estão em contato
com a terra, ocorre atuação da corrente elétrica
sobre o diafragma (músculo respiratório locali-
zado entre o tórax e o abdome). Trata-se de um
percurso muito perigoso, onde a porcentagem
de corrente que atinge o coração chega a 8%.
• Se o percurso ocorre entre as duas mãos em
contato com condutores sob tensão (fase e neu-
tro), e atravessa o corpo, a corrente flui pelo
tórax e pode atingir centros nervosos que con-
trolam a respiração, bem como o coração (com
até 3% da corrente).
Fonte: h�ps://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/enge-
nhariaeletrica/normas-de-conduta-laboratorio-ensino.pdf
Acesso em 02/03/2023

Em caso de baixas tensões, como 110/220 V, o SUGESTÃO DE ATIVIDADE


óbito normalmente pode ser atribuído à fibrilação
ventricular, a qual se encontra no grupo 3. Depen- 1. Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros
dendo do tipo de contato elétrico estabelecido com devem ser prestados rapidamente. Em primeiro
o corpo humano e do nível de corrente produzido lugar, interromper o contato da pessoa com a fon-
pela tensão, o óbito pode ocorrer sem que nenhuma te de eletricidade sem encostar diretamente na
marca de queimadura seja percebida; nem mesmo vítima; em seguida, chamar o resgate; verificar se
ves�gios que pudessem evidenciar uma eletrocussão a pessoa está respirando ou se consegue se mexer
são percebidos durante a autópsia. ou emitir algum som; caso não verifique nenhum
Um nível de corrente bastante crítico pode surgir sinal, é provável que a vítima:
justamente sob baixas tensões, correspondente a cor- a) tenha sofrido um colapso nervoso.
rente de desprendimento (let-go current). Numa tal b) esteja sob efeito de álcool.
situação, a vítima pode ficar involuntariamente presa c) esteja apenas desacordada.
por seus próprios músculos ao condutor energizado, d) tenha fraturado as vértebras ou algum dos os-
sem poder se “descolar”. A pessoa tenta lutar contra sos da bacia.
seus próprios músculos, enquanto sofre um doloroso e) tenha sofrido uma parada cardíaca ou cardior-
choque. A mente funciona, porém, os músculos não respiratória.
podem ser controlados voluntariamente.
2. Choque elétrico é a passagem da corrente elétrica
3°) Trajeto da Corrente Elétrica pelo corpo que serve de caminho para a corren-
te elétrica em direção a terra. Ele pode causar
A condição de fibrilação ventricular normalmente queimaduras, arritmias e até mesmo a morte. A
é provocada por um choque elétrico onde o percurso respeito dos primeiros socorros em caso de cho-
da corrente ocorre através do peito, tais como entre que elétrico, é correto afirmar que se deve

158
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a) interromper a corrente elétrica por meio de
um material que não seja condutor antes de
socorrer a vítima.
b) observar imediatamente os sinais vitais da ví- ATIVIDADE INTEGRADORA
tima.
c) jogar água no local de contato entre a vítima e Na eventualidade da ocorrência envolvendo aci-
a corrente elétrica. dente com choque elétrico, é muito importante que
d) verificar se a vítima está usando calçado com saibamos como conduzir procedimentos mínimos de
solado de borracha. primeiros socorros às vítimas até que chegue a ajuda
e) puxar o fio condutor da corrente elétrica rapi- especializada. Isso porque as chances de salvamento
damente com as mãos para afastá-lo da vítima. da vítima de choque elétrico diminuem com o passar
de alguns minutos.
3. (IADES 2015) O choque elétrico é sempre uma Faça uma pesquisa sobre o assunto contendo, no
grande preocupação em instalações elétricas mínimo, os seguintes elementos:
em razão das consequências que esse fenômeno • chances de salvamento de acordo com o tempo
causa às pessoas e instalações. A esse respeito, decorrido do acidente;
assinale a alternativa correta. • procedimentos básicos ao se deparar com a
a) O choque elétrico pode ser definido como uma situação de acidentado de choque elétrico;
perturbação de natureza e efeitos diversos, que • técnicas de reanimação possíveis a depender
se manifesta no corpo humano quando por ele do caso.
circula uma corrente elétrica.
b) O corpo humano se comporta como um con- REFERÊNCIAS
dutor elétrico, contudo não possui uma resis-
tência elétrica. ELETRICIDADE. Segurança em eletricidade:
c) Quanto menor o valor da corrente elétrica, normas de conduta em experimentos com risco
maiores são as complicações decorrentes do potencial de acidente. UNESP, 2006. Disponível em:
choque elétrico. h�ps://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/
d) Entre os efeitos resultantes do choque elétrico, engenhariaeletrica/normas-de-conduta-laboratorio-
não se encontra uma sensação de formigamen- -ensino.pdf. Acesso em: 02 mar. 2023.
to, apenas sensações dolorosas com contrações
musculares. GREF. Física. 4. ed. São Paulo: Edusp, 1998. Disponí-
e) As queimaduras decorrentes de corrente elétri- vel em: h�ps://fep.if.usp.br/~profis/gref.html. Acesso
ca nunca são profundas, sendo, assim, de fácil em: 28 fev. 2023.
cura e cicatrização.
Markus, O. Elétricos: corrente con�nua e alternada.
Momento ENEM 9. ed. São Paulo: Érica, 2004.

1. (ENEM/2016) O choque elétrico é uma sensação


provocada pela passagem de corrente elétrica
pelo corpo. As consequências de um choque vão
desde um simples suso até a morte. A circulação
das cargas elétricas depende da resistência do
material. Para o corpo humano, essa resistência
varia de 1 000 Ω, quando a pele está molhada, até
100 000 Ω, quando a pele está seca. Uma pessoa
descalça, lavando sua casa com água, molhou os
pés e, acidentalmente, pisou em um fio desen-
capado, sofrendo uma descarga elétrica em uma
tensão de 120 V.
Qual a intensidade máxima de corrente elétrica
que passou pelo corpo da pessoa?
a) 1,2 mA.
b) 120 mA.
c) 8,3 A.
d) 833 A.
e) 120 kA.

159
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
QUÍMICA PROPRIEDADES

CAPÍTULO 1 – FUNÇÕES ORGÂNICAS - Polaridade: são apolares.

- Pontos de fusão e ebulição: por serem apolares,


Habilidade específica têm baixos pontos de fusão e ebulição.
(EM13CNT104) Avaliar os bene�cios e os riscos à
saúde e ao ambiente, considerando a composição, - Fase de agregação
a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais Até 4 C: gasosos
e produtos, como também o nível de exposição De 5 a 17 C: líquidos
a eles, posicionando-se criticamente e propondo Mais de 17 C: sólidos
soluções individuais e/ou coletivas para seus usos
e descartes responsáveis. - Densidade: são todos menos densos que a água.
(GO-EMCNT104C) Identificar produtos resultantes
de diversas reações químicas de caráter ambiental, - Solubilidade: insolúveis em água.
comparando o estudo de compostos para avaliar
problemas ambientais causados por essas intera- Composto formado somente por Carbono e Hi-
ções. drogênio

Objetivos de aprendizagem Características


(GO-EMCNT104C) Identificar produtos resultantes
de diversas reações químicas de caráter ambiental, Compostos apolares
comparando o estudo de compostos para avaliar Pouco solúveis em água
problemas ambientais causados por essas intera- Baixos pontos de fusão e ebulição
ções. Pouco reativos
Objetos de conhecimento
• Hidrocarboneto Classificação
• Petróleo
Alcano: apresenta apenas ligação simples.
Descritores Saeb Fórmula geral: CnH2n+2
• D81 - Reconhecer que o petróleo é uma mistura Exemplo: CH4, C7H16
de várias substâncias que podem ser separadas
através de destilação fracionada e que tal pro- Alceno: apresenta apenas 01 ligação dupla.
cesso de separação está baseado na diferença de Fórmula geral: CnH2n
temperaturas de ebulição e número de átomos de Exemplo: C3H6, C5H10
carbono das substâncias presentes na mistura. (O)
• D85 - Formular e nomear os principais hidrocarbo- Alcino: apresenta apenas 01 ligação tripla.
netos, usando a nomenclatura usual e a recomen- Fórmula geral: CnH2n-2
dada pela IUPAC (substâncias com até 6 átomos Exemplo: C2H2, C8H14
de carbono). (B)
• D86 - Equacionar algumas reações importantes NOMENCLATURA IUPAC
do metano, eteno e etino: combustão (completa e
incompleta), hidrogenação catalítica, halogenação A nomenclatura de hidrocarbonetos é a base para
e a reação de obtenção do acetileno a partir de a nomenclatura das outras classes de compostos or-
calcário e coque. (O) gânicos, por isso é de extrema importância entendê-
• D87 - Identificar alguns produtos comuns (po- -la. Serão seguidas as regras oficiais de nomenclatura
lietileno, poliestireno, PVC, nylon, borrachas, etc.) (IUPAC).
obtidos através de reações de polimerização. (O)
ESTRUTURA DE NOMENCLATURA

HIDROCARBONETOS PREFIXO + INFIXO + SUFIXO


Hidrocarboneto: é a classe de compostos mais
simples, formada apenas por Carbono e Hidrogênio. Prefixo: indica o número de átomos de carbono
na cadeia principal.
Exemplos: CH4, C8H18, C2H2, C6H6

160
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
H3C – C ≡ CH ⇒ Propino

H2C = C = CH2 ⇒ Propadieno

REGRA GERAL DE NOMENCLATURA

1. Localizar a cadeia principal: ela deve conter o


Infixo: indica o tipo de ligação entre os carbonos. maior número de carbonos possível, passando por
duplas ou triplas (caso existam) e gerando o maior
número de radicais (caso estejam presentes).
2. Numerar a cadeia principal para que tenha o
menor número possível de localização (NESSA ORDEM
DE PREFERÊNCIA):

GRUPOS FUNCIONAIS > INSATURAÇÃO > RADICAL

Sufixo: indica a função orgânica à qual pertence o 3. Iniciar a nomenclatura pelos nomes dos radicais
composto, como nos exemplos a seguir: (caso existam) em ordem alfabética:
ISO será considerado;
indicadores de quantidade (di, tri, tetra) não.
4. Seguir a estrutura já mostrada dos hidrocar-
bonetos.
5. Números são separados de letras por hífen (–);
números são separados de números por vírgula (,).
6. Compostos cíclicos começam com CICLO antes
do prefixo.
7. Numeração nos ciclos: iniciar numeração pelo C
Exemplo:
da função (caso exista) ou pelo C da insaturação (caso
exista) ou pelos radicais.
H3C – CH2 – CH2 – CH3 ⇒ Butano
8. Ciclos de hidrocarbonetos (HC) com dois radi-
cais: iniciar a numeração respeitando a ordem alfa-
H3C – CH = CH2 ⇒ Propeno
bética dos radicais.
09. Ciclos de HC com três ou mais radicais: nume-
H3C – CH2 – OH ⇒ Etanol
rar para que se tenha a menor numeração possível
para os radicais.
H3C – CH2 – CH2 – CHO ⇒ Butanal
10. Para aromáticos dissubtituídos, pode-se utili-
zar a nomenclatura orto-meta-para.
H3C – CH2 – COOH ⇒ Ácido Propanóico

PRINCIPAIS RADICAIS ORGÂNICOS

161
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividades 06. (UFSCar) Considere as afirmações seguintes sobre
hidrocarbonetos.
01. O nome correto do hidrocarboneto ramificado, I) Hidrocarbonetos são compostos orgânicos cons-
cuja fórmula está esquematizada, a seguir, é tituídos somente de carbono e hidrogênio.
II) São chamados de alcenos somente os hidro-
carbonetos insaturados de cadeia linear.
III) Cicloalcanos são hidrocarbonetos alifáticos
saturados de fórmula geral CnH2n.
IV) São hidrocarbonetos aromáticos: bromoben-
zeno, p-nitrotolueno e na�aleno.
(A) 3,4-dietil-octeno. São corretas as afirmações:
(B) 3,4-dimetil-octano. (A) I e III, apenas.
(C) 3,4-dietil-octano. (B) I, III e IV, apenas.
(D) 3,4-dipropil-octano. (C) II e III, apenas.
(E) 3,4-dimetil-octeno. (D) III e IV, apenas.
(E) I, II e IV, apenas.
02. Uma planta medicinal utilizada para regular a gli-
cemia é encontrada na região amazônica, sendo 07. (FATEC) O gás liquefeito de petróleo, GLP, é uma
popularmente conhecida como pata-de-vaca. mistura de propano, C3H8, e butano, C4H10. Logo,
A espécie que funciona como uma “insulina ve- esse gás é uma mistura de hidrocarbonetos da
getal” possui entre seus compostos químicos um classe dos:
alcano, cuja fórmula contém 74 átomos de hidro- (A) alcanos.
gênio. Portanto, o número de átomos de carbono (B) alcenos.
presentes na cadeia carbônica é (C) alcinos.
(A) 33. (D) cicloalcanos.
(B) 34. (E) cicloalcenos.
(C) 35.
(D) 36. 08. (Uel) A fórmula molecular do 2,3 - dimetil butano,
(E) 37. é:
(A) C4H10
03. Analise as afirmativas sobre os hidrocarbonetos e
(B) C4H8
responda com a soma das alternativas corretas.
(C) C6H10
(02) O ponto de ebulição de uma série de hidrocar-
(D) C6H12
bonetos aumenta com o aumento da cadeia.
(E) C6H14
(04) Hidrocarbonetos são compostos formados
por átomos de carbono e hidrogênio.
09. (UFU-MG) A substância de fórmula C8H16 repre-
(16) Os hidrocarbonetos são compostos apolares
senta um:
e, por isso, solubilizam-se facilmente em água.
(A) alcano de cadeia aberta.
(32) A interação intermolecular entre moléculas
(B) alceno de cadeia aberta.
de hidrocarbonetos são do tipo dipolo indu-
(C) alcino de cadeia aberta.
zido.
(D) composto aromático.
(E) alcino de cadeia fechada.
04. (PUC-PR) Alcinos são hidrocarbonetos:
(A) alifáticos saturados.
10.(Unifor) O 2-metilpent-2-eno tem fórmula mole-
(B) alicíclicos saturados.
cular:
(C) alifáticos insaturados com dupla ligação.
(A) C6H12.
(D) alicíclicos insaturados com tripla ligação.
(B) C6H10.
(E) alifáticos insaturados com tripla ligação.
(C) C5H12.
(D) C5H10.
05. (Unesp) O octano é um dos principais constituintes
(E) C5H8.
da gasolina, que é uma mistura de hidrocarbone-
tos. A fórmula molecular do octano é:
(A) C8H18 REFERÊNCIA
(B) C8H16 BATISTA, Carolina. Exercícios sobre Hidrocarbonetos.
(C) C8H14 Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.to-
(D) C12H24 damateria.com.br/exercicios-sobre-hidrocarbonetos/
(E) C18H38 . Acesso em: 16 mar. 2023.

162
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 2 – FUNÇÕES ORGÂNICAS - Pontos de fusão e ebulição: devido às ligações
de hidrogênio, têm pontos de fusão e ebulição mais
elevados que os hidrocarbonetos de massa molecular
Habilidade específica próxima.
(EM13CNT104) Avaliar os bene�cios e os riscos à
saúde e ao ambiente, considerando a composição, - Fase de agregação
a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais monoálcoois até 12 C: líquidos
e produtos, como também o nível de exposição poliálcoois até 5 C: líquidos viscosos
a eles, posicionando-se criticamente e propondo poliálcoois a partir de 6 C: sólidos
soluções individuais e/ou coletivas para seus usos
e descartes responsáveis. - Densidade
(GO-EMCNT104C) Identificar produtos resultantes monoálcoois: menos densos que a água.
de diversas reações químicas de caráter ambiental, poliálcoois: mais densos que a água.
comparando o estudo de compostos para avaliar pro-
blemas ambientais causados por essas interações. - Solubilidade os de baixa massa molecular são
solúveis em água. A solubilidade diminui conforme
Objetivos de aprendizagem cresce a cadeia carbônica.
(GO-EMCNT104C) Identificar produtos resultantes
de diversas reações químicas de caráter ambiental, NOMENCLATURA
comparando o estudo de compostos para avaliar pro-
blemas ambientais causados por essas interações.

Objetos de conhecimento Butan-2-ol


• Funções Oxigenadas
Fenol: é a classe de compostos que apresenta o
grupo hidroxila (–OH) ligado a carbono aromático.
Descritores Saeb
• D91 - Reconhecer fórmulas representativas das
Exemplos:
funções: álcool, aldeído, cetona, éter, ácido carbo-
xílico, éster. (O)
• D92- Escrever os nomes (usual e IUPAC) e as
fórmulas (molecular e estrutural) de compostos
representativos de: a) álcool (metanol e etanol);
b) aldeído (metanal e etanal); c) cetona (propano- e
na); d) éter (etoxietano); e) ácido carboxílico (ácido
metanóico e ácido etanóico); f) éster (etanoato de PROPRIEDADES
etila). (O)
• D93 - Reconhecer os principais usos e aplicações - Polaridade: são polares em sua maioria, mas di-
industriais das substâncias: metanol, etanol, meta- fenóis podem ser apolares de acordo com a posição
nal, etanal, propanona, etoxietano, ácido metanói- das hidroxilas.
co, ácido etanóico e etanoato de etila. (O)
Composto apolar

FUNÇÕES OXIGENADAS
Podem fazem ligação de hidrogênio entre si e com
São funções orgânicas que contém o elementos a água.
químico oxigênio em sua estrutura.
- Pontos de fusão e ebulição: devido às ligações
Álcool: é a classe de compostos que apresenta de hidrogênio, têm pontos de fusão e ebulição mais
o grupo hidroxila (–OH) ligado a carbono saturado. elevados que os hidrocarbonetos de massa molecular
próxima.
Exemplos: H3COH, C2H5OH
- Fase de agregação
PROPRIEDADES Os mais simples: líquidos
Os demais: sólidos
- Polaridade: são polares e fazem ligação de hi-
drogênio entre si e com a água. - Densidade: são mais densos que a água.

163
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
- Solubilidade: são praticamente insolúveis, exceto e mais baixos que dos álcoois de massa próxima.
o hidróxibenzeno.
- Fase de agregação:
NOMENCLATURA Aldeídos com 1 ou 2C: gasosos
Demais aldeídos: líquidos

HIDRÓXI – RADICAL – BENZENO - Densidade: menos densos que a água.

- Solubilidade: os de baixa massa molecular são


levemente solúveis em água. A solubilidade diminui
conforme cresce a cadeia carbônica.
Hidróxi – 3 – metil - benzeno
NOMENCLATURA
Éter: é a classe de compostos que apresenta o
oxigênio entre carbonos (heteroátomo).

Exemplos: H3C – O – CH3, H3C – CH2 – O – CH3 3 – metilbutanal

PROPRIEDADES
Cetona: é a classe de compostos que apresenta
- Polaridade: são levemente polares. Não fazem o grupo carbonila (C = O) oxigênio entre carbonos.
ligação de hidrogênio entre si, mas fazem com a água.
Exemplos:
- Pontos de fusão e ebulição: são próximos aos dos
hidrocarbonetos de massa molecular próxima.

- Fase de agregação ,
Éteres com 2 ou 3 C: gasosos
Demais éteres: líquidos voláteis PROPRIEDADES

- Densidade: menos densos que a água. - Polaridade: são polares. Não fazem ligação de
hidrogênio entre si, mas fazem com a água.
- Solubilidade: os de baixa massa molecular são - Pontos de fusão e ebulição: mais altos que os dos
levemente solúveis em água. A solubilidade diminui aldeídos de massa molecular próxima e mais baixos
conforme cresce a cadeia carbônica. que dos álcoois de massa próxima.
- Fase de agregação
NOMENCLATURA Cetonas com 3 ou 4 C: líquidas
- Densidade: menos densos que a água.
- Solubilidade: são solúveis em água.
Nº DE C LADO MENOR + ÓXI – HC LADO MAIOR
NOMENCLATURA

metóxi-etano

Aldeído: é a classe de compostos que apresenta 3 – metil – butan-2-ona


o oxigênio entre carbonos (heteroátomo).

Exemplos: Ácido carboxílico: é a classe de compostos que


apresenta o grupo carboxila na ponta da cadeia.
H3C – CH2 – CH2 – CHO, HCHO
,
PROPRIEDADES

- Polaridade: são polares. Não fazem ligação de


hidrogênio entre si, mas podem fazer com a água.
- Pontos de fusão e ebulição: mais altos que os dos Exemplos: HCOOH, H3C – COOH, .
hidrocarbonetos e éteres de massa molecular próxima

164
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
PROPRIEDADES e as seguintes funções químicas:
a. ácido carboxílico; d. cetona;
- Polaridade: são muito polares. Fazem o dobro b. álcool; e. éster;
das ligações de hidrogênio que as moléculas de álcool. c. aldeído; f. éter.

- Pontos de fusão e ebulição: são mais altos que A opção que associa CORRETAMENTE as substân-
dos álcoois de massa molecular próxima. cias com as funções químicas é
(A) Id; IIc; IIIe; IVf.
- Fase de agregação (B) Ic; IId; IIIe; IVa.
Monoácidos com até 9 C: líquidos (C) Ic; IId; IIIf; IVe.
Demais: sólidos brancos. (D) Id; IIc; IIIf; IVe.
(E) Ia; IIc; IIIe; IVd.
- Densidade: mais densos que a água.
02. (EFOA-MG) As estruturas abaixo representam al-
- Solubilidade: os ácidos com até 4C são solúveis. gumas substâncias usadas em protetores solares.
Os demais, praticamente insolúveis.

NOMENCLATURA

ÁCIDO ..................... + ÓICO

Ácido 2 –
metilpropanóico

Éster: é a classe de compostos que teve a hidroxila


da carboxila de um ácido substituída por uma alcoxila.

Grupo funcional:

Sendo R um radical orgânico.


A função que NÃO está presente em nenhuma
Exemplos: dessas estruturas é
H – COO – CH2 – CH3, H3C – COOCH2CH(CH3)CH3. (A) cetona.
(B) éter.
ATIVIDADES (C) éster.
(D) amina.
01. (ITA) Considere as seguintes substâncias: (E) álcool.

03. A fórmula estrutural abaixo pertence ao barba-


tusol, que é a principal substância presente em
uma planta conhecida como boldo. Essa planta é
muito utilizada porque a substância em questão
é eficiente para tratar males do �gado e também
problemas relacionados com a digestão.

165
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 3 – FUNÇÕES ORGÂNICAS

Habilidade específica
(EM13CNT104) Avaliar os bene�cios e os riscos à
saúde e ao ambiente, considerando a composição,
a toxicidade e a reatividade de diferentes materiais
e produtos, como também o nível de exposição
a eles, posicionando-se criticamente e propondo
Analisando a fórmula estrutural do barbatusol, soluções individuais e/ou coletivas para seus usos
qual é o nome da função oxigenada presente em e descartes responsáveis. (GO-EMCNT104C) Identi-
sua estrutura? ficar produtos resultantes de diversas reações quí-
(A) álcool micas de caráter ambiental, comparando o estudo
(B) éster de compostos para avaliar problemas ambientais
(C) fenol causados por essas interações.
(D) éter
(E) aldeído Objetivos de aprendizagem
(GO-EMCNT104C) Identificar produtos resultantes
04. A fórmula estrutural abaixo pertence à substância de diversas reações químicas de caráter ambiental,
vanilina, que é responsável pelo aroma e sabor comparando o estudo de compostos para avaliar
característicos da baunilha: problemas ambientais causados por essas intera-
ções.
Objetos de conhecimento
• Funções Nitrogenadas
• Funções Sulfuradas
• Composto de Grignard

Descritores Saeb
• D94 - Reconhecer fórmulas representativas das
funções: amina, amida e nitrila. (O)
• D95 - Expressar nomes (usual e IUPAC) e fórmulas
(molecular e estrutural) de compostos represen-
Analisando a estrutura da vanilina, quais são as tativos, tais como: alcalóides, anilina e uréia. (O)
substâncias oxigenadas presentes em sua estru-
tura?
(A) álcool, éter e éster Amina: é a classe de compostos formada pela
(B) álcool, ácido e fenol substituição de um, dois ou três hidrogênios da amô-
(C) aldeído, álcool e éter nia (NH3) por radical orgânico.
(D) aldeído, éster e álcool
(E) aldeído, éter e fenol

REFERÊNCIA
DIAS, Diogo LOPES. Exercícios sobre funções orgânicas
com oxigênio. Canal do Eucador UOL. Toda Matéria,
[s.d.]. Disponível em: h�ps://exercicios.mundoedu-
cacao.uol.com.br/exercicios-quimica/exercicios-so-
bre-funcoes-organicas-com-oxigenio.htm . Acesso PROPRIEDADES
em: 16 mar. 2023.
- Polaridade: são polares. As aminas primárias e
secundárias fazem ligações de hidrogênio entre si e
com a água. As terciárias, apenas com a água.

- Pontos de fusão e ebulição: são mais altos que


dos compostos apolares e mais baixos que dos álcoois
e ácidos carboxílicos, comparando compostos de mas-
sa molecular próxima.

166
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
- Fase de agregação: NOMENCLATURA
Aminas com 1 a 3 radicais metil e com 1 radical
metil e 1 etil: gasosas
Aminas com 3 a 10C: líquidas. HIDROCARBONETO + AMIDA

- Densidade: as aminas alifáticas de baixa massa


molecular são menos densas que a água. As aromá-
ticas, mais densas.
Propanamida
- Solubilidade: aminas alifáticas com até 5C são
solúveis em água. N-metil-3-
metilbutanamida
- Caráter: devido ao par de elétrons livres no ni-
trogênio, as aminas apresentam caráter básico (Teoria
de Lewis). Nitrocomposto: é a classe de compostos que apre-
senta o grupo nitro (– NO2) ligado à cadeia carbônica.
NOMENCLATURA

RADICAIS + AMINA

TNT
Dimetilamina
PROPRIEDADES

- Polaridade: são bastante polares.


Etil-dimetilamina
Amida: é a classe de compostos que apresenta o - Pontos de fusão e ebulição: elevados, devido à
nitrogênio ligado à carbonila (C = O). grande polaridade.

- Fase de agregação:
Tendem a formar líquidos viscosos.

- Densidade: são mais densos que a água.

Amida Amida Amida - Solubilidade: Nitrometano e Nitroetano são leve-


monossubstituída dissubstituída mente solúveis em água. Os demais, insolúveis.

PROPRIEDADES NOMENCLATURA

- Polaridade: são muito polares. Fazem duas liga-


NITRO + HIDROCARBONETO
ções de hidrogênio entre suas moléculas.

- Pontos de fusão e ebulição: são muito altos, sen- 3-metil-nitrobutano


do maiores que dos compostos ácidos carboxílicos de
massa molecular próxima.
Nitrila: é a classe de compostos que teve o hidro-
- Fase de agregação gênio do ácido cianídrico (HCN) substituído por um
Metilamida: líquida radical de hidrocarboneto.
Demais amidas: sólidas
Ácido Cianídrico Nitrila
- Densidade: mais densas que a água.

- Solubilidade: somente as mais simples são so-


lúveis em água.

167
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
PROPRIEDADES NOMENCLATURA

- Polaridade: são compostos polares.


HALETO DE RADICAL + MAGNÉSIO
- Pontos de fusão e ebulição: possuem altos pon-
tos de fusão e ebulição, comparados com os demais Cloreto de
compostos de massa molecular próxima. metilmagnésio

- Fase de agregação Iodeto de


Nitrilas com 2 a 14C: líquidas isobutilmagnésio
Demais nitrilas: sólidas
Ácido sulfônico: é a classe de compostos que
- Densidade: menos densas que a água. apresenta o grupo sulfônico (– SO3H) ligado à cadeia
carbônica.
- Solubilidade: praticamente insolúveis em água.

NOMENCLATURA

HIDROCARBONETO + NITRILA

Observação: o carbono da função é contado na


cadeia principal. Grupo Funcional

NOMENCLATURA
3-metilbutanonitrila
Ácido HIDROCARBONETO SULFÔNICO
Compostos de Grignard: é a classe de compostos
que apresenta uma cadeia carbônica ligada ao mag-
nésio e este a um halogênio (Cl, Br, I).

Grupo funcional
Ácido 4-etil-5-metilex-4-en-2-sulfônico

APLICAÇÃO
X: Cloro, Bromo ou Iodo
Na forma de sais de cadeia longa, são muito uti-
PROPRIEDADES lizados como detergentes:
- Polaridade: apresentam uma parte polar devido
à ligação iônica entre o magnésio e o halogênio e uma
parte apolar, a cadeia carbônica.

- Pontos de fusão e ebulição: possuem altos pon-


tos de fusão e ebulição (teoricamente).
- São anfi�licas: parte da cadeia tem afinidade por
- Fase de agregação: são encontrados na forma substâncias polares (como a água) e outra parte, afini-
de soluções em éter e�lico. dade por substâncias apolares, como gorduras e óleos.
- Tem ação tensoativa: quebram a tensão super-
- Densidade: são mais densos que a água. ficial da água.
- Tem ação surfactante: pode formar micelas.
- Solubilidade: são insolúveis em água (reagem
violentamente com ela).

168
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES confiável e menos incômodo e os estimulantes
como Viagra mudaram as maneiras como o ser
01. (FACERES) Utilize o texto e a fórmula estrutural da humano passou a tratar a sua sexualidade.
melatonina, que seguem abaixo, para responder
à questão.
O nível de melatonina (N-acetil-5-metoxitriptami-
na) pode indicar grau de malignidade de tumo-
res, é o que aponta uma pesquisa feita na USP.
Quanto maior a produção de melatonina pelas
células tumorais, menos agressiva é a doença. Por
isso, avaliar a capacidade das células tumorais de
produzir o hormônio melatonina pode se tornar
uma estratégia inovadora de medir o grau de ma-
lignidade em alguns tipos de câncer.
(Disponível em: h�ps: //jornal.usp.br/ciencias/ciencias-
dasaude/nivel-de-melatonina-pode-indicar-grau-de-
malignidadede-tumores. Acesso em: 18 jul. 2018.)

A fórmula molecular da melatonina e uma das


funções orgânicas presentes nessa molécula são,
respectivamente: Citrato de sildenafila ou simplesmente sildenafil
(A) C15H14N2O2 e amida. é o nome para a principal substância ativa que
(B) C13H16N2O2 e amida. compõe o medicamento viagra. Sobre a cadeia
(C) C15H14N2O2 e éter. carbônica que forma esta substância podemos
(D) C13H16N2O2 e fenol. afirmar que:
(E) C13H16N2O2 e ácido carboxílico. (A) apresenta átomo de nitrogênio em todos os
anéis
02. (FASA) A cafeína, existente no café, no chá preto (B) apresenta átomo de carbono assimétrico
e nas bebidas “energéticas”, pode gerar depen- (C) apresenta somente anéis aromáticos
dência química. (D) Apresenta a função orgânica éter
Com relação a essa substância, é correto afirmar:
(A) Dissocia, na presença da água, liberando o 05. (Albert Einstein) A metilamina e a etilamina são
monóxido de carbono, CO(g). duas substâncias gasosas à temperatura ambiente
(B) Apresenta grupos funcionais das amidas e das que apresentam forte odor, geralmente caracte-
aminas. rizado como de peixe podre.
(C) É classificada como um aminoácido de cadeia Uma empresa pretende evitar a dispersão desses
condensada. gases e para isso adaptou um sistema de borbu-
(D) Possui cadeia saturada e homogênea. lhamento do gás residual do processamento de
carne de peixe em uma solução aquosa.
03. (Cesesp-PE) Considerando as seguintes aminas: Um soluto adequado para neutralizar o odor da
Metilamina metilamina e etilamina é
Dimetilamina (A) Amônia.
Fenilamina (B) Nitrato de potássio.
Escolha a alternativa que indica a ordem decres- (C) Hidróxido de sódio.
cente de basicidade. (D) Ácido sulfúrico.
(A) II > I > III
(B) III > II > I 06. (UECE) Gás lacrimogêneo é o nome genérico dado
(C) I > II > III a vários tipos de substâncias irritantes da pele, dos
(D) III > I > II olhos e das vias respiratórias, tais como o brometo
(E) II > III > I de benzila, ou o gás clorobenzilideno malononitri-
lo. Ao estimular os nervos da córnea, esses gases
04. (ONC) Dentre os vários avanços conquistados pela causam lacrimação, dor e mesmo cegueira tempo-
medicina e pelos laboratórios de produção de fár- rária. O uso crescente do gás lacrimogêneo, pelas
macos ao longo do último século XX podemos citar polícias de todo o mundo, inclusive no Brasil, nas
a mudança de comportamento sexual dos seres manifestações de rua, como arma de “controle de
humanos. A descoberta de contraceptivos orais de multidões” deve-se ao fato de ser capaz de dis-
baixo custo, a produção de preservativos de uso persar aglomerações, já que rapidamente provoca

169
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
irritação ou incapacitação sensorial – efeitos que
normalmente desaparecem algum tempo depois
de cessada a exposição.
Com relação ao brometo de benzila e ao gás clo-
robenzilideno malononitrilo, pode-se afirmar cor-
retamente que
Na dihidrocapsaicina, está presente, entre outras,
(A) o nome do composto brometo de benzila é
a função orgânica:
característico de um sal misto ou duplo.
(A) Álcool.
(B) ao acionar o gás clorobenzilideno malononi-
(B) Amina.
trilo em direção à multidão, as moléculas se
(C) Amida.
chocam originando uma reação química, cujo
(D) Éster.
produto causará lacrimação, dor e cegueira
(E) Aldeído.
temporária.
(C) pelo nome do composto brometo de benzila,
09. (Cesgranrio-RJ) No início de 1993, os jornais no-
constata-se a presença de um calcogêneo.
ticiaram que quando uma pessoa se apaixona, o
(D) pelo nome do gás clorobenzilideno malononi-
organismo sintetiza uma substância – etilfenila-
trilo constata-se a presença do grupo nitrilo,
mina, responsável pela excitação característica
também chamado de cianeto, – C ≡ N.
daquele estado.
A classificação e o caráter químico desta amina
07. (FMABC) Considere as seguintes informações:
são, respectivamente:
(A) Amina primária – ácido.
(B) Amina primária – básico.
(C) Amina secundária – neutro.
(D) Amina secundária – ácido.
(E) Amina secundária – básico.

10. (UERJ) Um dos episódios da final da Copa da Fran-


ça de 1998 mais noticiados no Brasil e no mundo
As flores de papoula secas e transformadas em foi “o caso Ronaldinho”. Especialistas apontaram:
pó são vendidas aos laboratórios que extraem a estresse, depressão, ansiedade e pânico podem
paramorfina. Esta, por sua vez, é misturada com ter provocado a má atuação do jogador brasileiro.
acetato de sódio, tolueno e peróxido de hidrogê- Na confirmação da hipótese de estresse, teriam
nio e, por meio de reações químicas, se transfor- sido alteradas as quantidades de três substâncias
ma em oxicodona: o princípio ativo analgésico dos químicas excitatórias do cérebro - a noradrenalina,
opioides. a serotonina e a dopamina - cujas estruturas estão
(Adaptado de: Revista Superinteressante, out. 2017.)
abaixo representadas:
De acordo com essas informações, conclui-se:
I. A paramorfina e a oxicodona possuem anel aro-
mático.
II. A transformação da paramorfina em oxicodona
envolve a formação de uma cetona.
III. A paramorfina e a oxicodona apresentam a
função amida.
Essas substâncias têm em comum as seguintes
IV. Somente a paramorfina apresenta a função
funções químicas:
éter.
(A) Amida e fenol.
Está correto o que consta APENAS em
(B) Amina e fenol.
(A) I e III.
(C) Amida e álcool.
(B) II e IV.
(D) Amina e álcool.
(C) I e II.
(D) II e III.
11. (USS) A valina é um aminoácido essencial que
(E) III e IV.
participa do processo de crescimento muscular.
Observe abaixo a fórmula estrutural plana de um
08. (PUC-RJ) A seguir está representada a estrutura
dos isômeros ópticos desse aminoácido, na qual
da dihidrocapsaicina, uma substância comumente
os algarismos de I a IV sinalizam os átomos de
encontrada em pimentas e pimentões.
carbono da cadeia:

170
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Os grupos funcionais presentes no paracetamol são


(A) fenol, cetona e amina.
(B) álcool, cetona e amina.
(C) álcool e amida.
(D) fenol e amida.
O átomo de carbono responsável pela quiralidade
dessa molécula é 14. (FPS-PE) A aplicação de compostos nitrogenados
(A) I. em química orgânica sintética é muito diversifi-
(B) II. cada e envolve a preparação de medicamentos,
(C) III. corantes, explosivos e vitaminas. Observe os com-
(D) IV. postos abaixo.

12. (FATEC) Nos últimos anos, a leitura biométrica


– criação e identificação de códigos com base
em padrões individuais como, por exemplo, as
impressões digitais – tem atraído o interesse de
empresas que buscam, por meio dessa tecnologia,
realizar o controle de entrada e saída de funcio-
nários.
As impressões digitais são desenhos que se for-
mam quando as papilas, presentes nas pontas dos
dedos, tocam uma super�cie lisa. Nesse contato, Sobre esses compostos, assinale a afirmativa in-
ocorre depósito de ves�gios papilares visíveis ou correta.
ocultos. Os ves�gios visíveis podem ser observa- (A) O TNT é um nitro-composto.
dos se a mão que os contém estiver suja de tinta (B) A porção nitrogenada da fluoxetina é uma
ou de sangue. Já os ocultos resultam dos ves�gios amina secundária.
de suor que os dedos deixam em um determinado (C) O TNT tem maior caráter básico que a anfeta-
local. mina.
Há vários reagentes que podem ser usados para (D) O índigo possui anéis heteroaromáticos em
tornar visíveis ves�gios papilares ocultos. Uma sua estrutura.
substância bastante utilizada nesse caso é a ni- (E) A porção nitrogenada do paracetamol é uma
nidrina, que reage com um dos componentes do amida.
suor formando um produto colorido.
Disponível em: h�p: //tinyurl.com/y99dvkto. Acesso em: 15. (Unitau) O composto:
13 nov. 2017. Adaptado.

A equação química simplificada que representa


a reação que ocorre entre a ninidrina e uma das
moléculas presentes no suor (apresentada na
equação como composto X) é Apresenta radicais que caracterizam:
O composto X que reage com a ninidrina apresen- (A) álcool e aminoácido.
ta as funções orgânicas (B) fenol e ácido.
(A) Amida e álcool. (C) álcool e amina.
(B) Amina e cetona. (D) álcool e amida.
(C) Amina e aldeído. (E) álcool e cetona.
(D) Amida e ácido carboxílico.
(E) Amina e ácido carboxílico. REFERÊNCIA
FUNÇÕES NITROGENADAS. Lista de exercícios. Pro-
13. (PUC-MG) O princípio ativo dos analgésicos co- jeto Agatha, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.pro-
mercializados com nomes de Tylenol, Cibalena, jetoagathaedu.com.br/questoes-vestibular/quimica/
Resprin é o paracetamol, cuja fórmula está repre- funcoes-organicas/funcoes-nitrogenadas.php . Acesso
sentada a seguir. em: 16 mar. 2023.

171
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CAPÍTULO 4 – ISOMERIA

e
Habilidade específica Cadeia normal Cadeia ramificada
(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulne-
rabilidades vinculadas às vivências e aos desafios b. de posição: a diferença está na posição de um
contemporâneos aos quais as juventudes estão grupo funcional, insaturação ou radical.
expostas, considerando os aspectos �sico, psicoe-
mocional e social, a fim de desenvolver e divulgar
ações de prevenção e de promoção da saúde e do e
bem-estar. But-1-eno But-2-eno

Objetivos de aprendizagem c. de metameria (ou compensação): a diferença


(GO-EMCNT207I) Reconhecer os tipos de isomeria está na localização do heteroátomo.
plana e espacial, aplicando à estrutura de drogas
psicoativas, para que possam elaborar argumentos e
cien�ficos que expliquem o seu funcionamento no
Metóxipropano Etóxietano
corpo humano.
d. de função: a diferença está na função orgânica
Objetos de conhecimento à qual o composto pertence.
• Isomeria

Descritores Saeb
• D88 - Identificar os tipos de isômeros planos:
e
função, cadeia, posição. (O)
Aldeído Cetona
• D89 - Escrever, a partir da fórmula molecular e do
nome, as fórmulas estruturais dos possíveis isôme- e. Tautomeria: os isômeros coexistem em equilí-
ros de uma dada substância. (B) brio dinâmico. Pertencem a funções diferentes.
• D90 - Reconhecer que as substâncias isômeras
podem apresentar diferentes propriedades �sicas  Equilíbrio aldo-enólico
e químicas. (O)

ISOMERIA

Fenômeno através do qual compostos Enol Aldeído


de mesma fórmula molecular apresen-
tam diferentes fórmulas estruturais.  Equilíbrio ceto-enólico

TIPOS DE ISOMERIA
 Plana
 Espacial (geométrica e óptica) Enol Cetona

ISOMERIA PLANA
ATIVIDADES
É o tipo de isomeria no qual é possível diferenciar
os isômeros observando apenas sua estrutura plana. 0 1. (UERJ) Na tentativa de conter o tráfico de drogas,
Pode ser de cinco tipos: de cadeia, de posição, de a Polícia Federal passou a controlar a aquisição de
metameria, de função ou de tautomeria. solventes com elevado grau de pureza, como o
éter (etoxietano) e a acetona (propanona). Hoje,
a. de cadeia: a diferença está no tipo de cadeia dos mesmo as universidades só adquirem esses pro-
compostos (normal ou ramificada, aberta ou fechada, dutos com a devida autorização daquele órgão.
homogênea ou heterogênea). A alternativa que apresenta, respectivamente,
isômeros funcionais dessas substâncias é
a) butanal e propanal.

172
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) butan-1-ol e propanal. 05. (Cesgranrio) Compare as fórmulas a seguir:
c) butanal e propano-1-ol.
d) butan-1-ol e propano-1-ol.

02. (EsPCEx-SP) O brometo de benzila, princípio ati-


vo do gás lacrimogêneo, tem fórmula molecular
C7H7Br. A fórmula desse composto admite a se-
guinte quantidade de isômeros:
a) 2. Nelas verificamos um par de isômeros:
b) 4. a) cis-trans.
c) 5. b) de cadeia.
d) 6. c) de compensação.
e) 8. d) de função.
e) de posição.
03. (UFRS)
06. (PUC-SP) Os dois compostos CH3 – O – CH3 e
CH3 – CH2 – OH demonstram que caso de Isome-
ria?
a) cadeia.
b) posição.
c) composição.
d) função.
e) tautomeria.

07. (OSEC) A propanona e o isopropenol exemplificam


um caso de Isomeria:
a) de cadeia.
b) de metameria.
c) de função.
d) de tautomeria.
e) cis-tran.

Com a fórmula molecular C4H11N, são representa- 0 8. (UnB) Quantos isômeros planos são possíveis para
dos os seguintes pares compostos: um composto que apresenta fórmula molecular
Os pares I, II e III são, respectivamente: C4H11N?
a) isômeros de posição, metâmeros e isômeros a) 3.
de cadeia. b) 5.
b) isômeros de posição, tautômeros e isômeros c) 7.
funcionais. d) 8.
c) isômeros de cadeia, metâmeros e isômeros de e) n.d.a.
posição.
d) isômeros funcionais, isômeros de posição e 09. (USP) Dado os compostos:
isômeros de cadeia. I. CH3 – CH2 – O – CH3
e) isômeros de cadeia, isômeros de posição e me- II. CH3 – CH2 – CH2OH
tâmeros. III. CH3 – CH2 – CHO
IV. CH3 – CHOH – CH3
04. (PUC-MG) São isômeras somente as substâncias de fórmulas:
“A 4-metil-pentan-2-ona é usada como solvente a) I e II.
na produção de tintas, ataca o sistema nervoso b) I e III.
central, irrita os olhos e provoca dor de cabeça”. c) II e IV.
O composto citado é isômero funcional de: d) I, II e IV.
a) hexan-1-ol. e) II, III e IV.
b) hexanal.
c) 4-metil-butanal. 10. (USP) Com a fórmula molecular C4H10 são co-
d) 4-metil-pentan-1-ol. nhecidos:
e) pentan-1-ona. a) um composto.

173
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
b) dois compostos. Dos compostos I e II acima, é INCORRETO afirmar
c) três compostos. que
d) quatro compostos. a) I é um aldeído.
e) não sei. b) II é uma cetona.
c) I e II são isômeros de cadeia.
11. (OSEC) A substituição de um dos átomos de hidro- d) I e II são isômeros de função.
gênio do anel aromático do fenol por um átomo X e) o nome comercial de II é acetona.
possibilita a formação de um número de isômeros
de posição igual a: REFERÊNCIA
a) 5.
b) 4. QUÍMICA. Os 14 melhores exercícios sobre isomeria
c) 3. plana com gabarito! Beduka, 2019. Disponível em:
d) 2. h�ps://beduka.com/blog/exercicios/quimica-exer-
e) 1. cicios/exercicios-sobre-isomeria-plana/ . Acesso em:
15 mar. 2023.
12. (Cesgranrio) A respeito de isomeria nos compostos
orgânicos, considere o esquema a seguir:
ISOMERIA ESPACIAL

ISOMERIA ESPACIAL GEOMÉTRICA

Também chamada de isomeria CIS-TRANS, ocorre


em compostos que apresentam ligação dupla ou que
sejam cíclicos. Porém há uma condição de ocorrência.
Condição: nos compostos com dupla ligação: que
Os compostos I, II e III podem ser, respectivamen- os ligantes do carbono da dupla sejam diferentes en-
te: tre si.
a) 3-pentanona, metilbutanona e pentanal.
b) 3-pentanona, metilbutanona e 2 – pentanol.
c) 3-pentanona, etilbutanona e 2 – pentanol.
d) 1-pentanona, etilbutanona e pentanal.
e) 3-pentanona, ciclopentanona e 2 – pentanol.
a≠b a≠b
13. (UFV) Considere os nomes dos hidrocarbonetos
a seguir:
Isômero CIS: apresenta os ligantes iguais de cada
I – 2,2-dimetilbutano.
carbono do mesmo lado do plano imaginário que cor-
II – 3-metilexano.
ta a dupla ligação.
III – 1,2-dimetilciclobutano.
IV – cicloexano.
V – hex-1-eno. Cadeia aberta Cadeia fechada
A opção que relaciona CORRETAMENTE isômeros
é:
a) IV e V.
b) II e IV.
c) I e III.
d) I e IV. Isômero TRANS: apresenta os ligantes iguais de
e) II e V. cada carbono em lados opostos do plano imaginário
que corta a dupla ligação.
14. (Mackenzie)
Cadeia aberta Cadeia fechada

174
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Observação: para compostos do tipo, Para que o composto tenha a capacidade de des-
viar a luz polarizada, ou seja, para que tenha ativi-
dade óptica, deve apresentar assimetria molecular,
que frequentemente deve-se à presença de carbono
assimétrico (ou quiral).

a≠b≠c≠d Carbono assimétrico ou quiral: é aquele que apre-


senta 4 ligantes diferentes.
utilizamos a nomenclatura sugerida pela IUPAC
E e Z.

E – entgegen: significa separados; logo os com-


parados estão em lados opostos do plano que corta Identifica-se o carbono assimétrico
a dupla ligação. com um asterisco (*).
Z – zusammen: significa juntos; logo os compara- a≠b≠c≠d
dos estão do mesmo lado do plano que corta a dupla
ligação. De acordo com o número de carbonos assimétri-
cos, teremos certo número de isômeros, segundo a
Devemos comparar os ligantes de maior priori- equação:
dade de cada carbono da dupla (nos compostos com
dupla ligação). nº isômeros nº de misturas
A prioridade maior é dada ao ligante de maior opticamente ativos: racêmicas:
número atômico ligado diretamente ao carbono da
dupla.
Exemplo:
Onde n é o número de carbonos assimétricos.
C–1 Nº
atômico A mistura de 50% de cada isômero opticamen-
H 1 te ativo de um composto forma um isômero inativo,
C (do H3C) 6 chamado de mistura racêmica, que não causa desvio
na luz polarizada.
C–2 Nº
atômico 1C ASSIMÉTRICO
Cl 17
C (do etil) 6 Exemplo 1: Quantos isômeros ópticos possui o
Butan-2-ol?
Logo, no C – 1, a prioridade seria do CH3 e no Escrevendo a fórmula estrutural do butan-2-ol,
C – 2, do Cl. temos:
Este seria, portanto, o composto E-3-cloropent-
-2-eno.

ISOMERIA ESPACIAL ÓPTICA

Os compostos apresentam fórmulas estruturais


espaciais muito similares. A diferença está no desvio Logo, temos 1 carbono assimétrico. E assim, te-
causado pelos compostos no plano de luz polarizada. mos:
Existem os isômeros dextrogiro, que causa desvio da
luz para a direita, e levógiro, que causa o desvio da a. isômeros opticamente ativos
luz polarizada para a esquerda.

dextrógiro levógiro
ou
levógiro dextrógiro

175
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Note que um isômero é a imagem especular (no 2 isômeros opticamente ativos: 1 dextrógiro e 1
espelho) do outro. Estas imagens não são podem ser levógiro
sobrepostas.

b. Misturas racêmicas
Apenas uma; a mistura formada por 50% de cada
isômero. É inativa por compensação externa.

2C ASSIMÉTRICOS DIFERENTES
dextrógiro levógiro
nº isômeros nº de misturas ou
opticamente ativos: racêmicas: levógiro dextrógiro

1 isômero opticamente inativo: o composto meso.

Composto meso: é aquele que tem metade da


molécula igual à outra metade.
Total: 4 isômeros e 2 misturas racêmicas

a. Isômeros opticamente ativos O composto


meso é
opticamente
d l
inativo por
compensação
interna.

1 mistura racêmica (mistura de 50% de cada isô-


d’ l’ mero d e l), inativa por compensação externa.

ATIVIDADES

01. Verifique, por meio de suas imagens especulares,


quais dos compostos abaixo apresentam atividade
d e l são enantiômeros (isômeros que causam o óptica:
mesmo valor angular de desvio, em sentidos opostos). a) CH3CHClCH2CH3
b) CH3CClBrCH3
d’ e l’ são enantiômeros (isômeros que causam o c) CH3CHCHCH3
mesmo valor angular de desvio, em sentidos opostos). │
CH2CH3
d e l’ são diastereoisômeros: (isômeros que cau-
sam desvio com valor angular diferente). 02. (UEPI) A anfetamina é uma substância com pode-
São diastereoisômeros: d e d’, d e l’, l e d’, l e l’. rosa ação estimulante sobre o sistema nervoso
central. É usada no tratamento de pacientes que
b. Misturas racêmicas sofrem de depressão e também em regimes de
emagrecimento. Todavia, algumas pessoas utili-
São as duas misturas racêmicas zam a anfetamina, sem orientação médica, com
o objetivo de obter a sensação de euforia por ela
Mistura 1 Mistura 2 provocada. A fórmula estrutural da anfetamina,
d l d’ l’ representada abaixo, exemplificando um caso de
50% 50% 50% 50% isomeria:

ATENÇÃO: no caso de 2C assimétricos iguais, te-


mos sempre 3 isômeros e uma mistura racêmica:

176
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Fórmula da anfetamina em exercício sobre isome- CAPÍTULO 5 – REAÇÕES ORGÂNICAS
ria óptica
a) geométrica.
b) de função. Habilidade específica
c) de cadeia. (EM13CNT304) Analisar e debater situações con-
d) de compensação. troversas sobre a aplicação de conhecimentos da
e) óptica. área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias
do DNA, tratamentos com células-tronco, neuro-
03. O alceno de menor massa molar que apresenta tecnologias, produção de tecnologias de defesa,
simultaneamente isomeria geométrica e isomeria estratégias de controle de pragas, entre outros),
óptica é o com base em argumentos consistentes, legais, éti-
a) C4H8. cos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos
b) C5H12. de vista.
c) C5H10.
d) C6H12. Objetivos de aprendizagem
e) C7H14. (GO-EMCNT304C) Identificar funções orgânicas
presentes nos defensivos agrícolas mais utilizados
04. (Puccamp-SP-mod.) Dos seguintes ácidos orgâni- na agricultura goiana, relacionando as funções quí-
cos: micas características às propriedades desses com-
postos (solubilidade, reatividade, dentre outras)
para discutir a sua aplicabilidade na agricultura, a
construção da sustentabilidade e redução de im-
pactos ambientais.

Objetos de conhecimento
• Reações Orgânicas

Descritores Saeb
• Reconhecer diferentes aplicações da biotecno-
apresentam isômeros ópticos somente: logia.
a) I e II.
b) II.
c) II e III. REAÇÕES ORGÂNICAS
d) II e IV.
e) III e IV. REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO

As reações de substituição são características de


REFERÊNCIA alcanos e compostos aromáticos. Neste tipo de re-
FOGAÇA, Jennifer. Exercícios sobre Isomeria. Óptica ação, um átomo (ou grupo) é substituído por outro
Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em: h�ps://exercicios. átomo (ou grupo).
brasilescola.uol.com.br/exercicios-quimica/exerci-
cios-sobre-isomeria-optica.htm. Acesso: 16 mar. 2023. TIPOS DE REAGENTES

 Nucleófilo: “amigo do núcleo”.


São espécies negativas ou com pares de elétrons
livres.

 Eletrófilo: “amigo do elétron”.


São espécies positivas ou que possam receber
elétrons.

SUBSTITUIÇÃO EM ALCANOS

Equação Genérica:

R – A + BX → R – B + AX

177
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
De acordo com o substituinte, há vários tipos de c. Sulfonação: entrada do grupo sulfônico (– SO3H)
substituição. com a saída de um hidrogênio. Ocorre com ácido sul-
fúrico a quente.
a. Halogenação: entrada de um halogênio (Cl ou
Br) com a saída de um hidrogênio. A reação ocorre
por via radicalar.

d. Alquilação de Friedel-Cra�s: substituição de


um hidrogênio do anel aromático por um grupo al-
quila.
Observação: existe uma preferência de substi-
tuição. A ordem de preferência de substituição é de
hidrogênio de:

C 3º > C 2º > C 1º

b. Nitração: entrada do grupo nitro (– NO2) com e. Acilação de Friedel-Cra�s: substituição de um


a saída de um hidrogênio. Ocorre com ácido nítrico hidrogênio do anel aromático por um grupo acila.
a quente. Forma-se uma cetona aromática.

c. Sulfonação: entrada do grupo sulfônico (– SO3H)


com a saída de um hidrogênio. Ocorre com ácido sul-
fúrico a quente.
SUBSTITUIÇÃO EM AROMÁTICOS SUBSTITUÍDOS

Deve obedecer a uma ordem de entrada dos


próximos substituintes, orientada pelo substituinte
já presente no anel aromático.

SUBSTITUIÇÃO EM AROMÁTICOS Posições possíveis no aromático

Ocorre via eletro�lica. O reagente substituinte vai


em busca da alta densidade eletrônica que existe no
anel aromático.

a. Halogenação: entrada de um halogênio (Cl ou


Br) com a saída de um hidrogênio.
Há dois tipos de orientadores:

 radicais orto-para dirigentes


- possuem o elemento mais eletronegativo ligado
diretamente no anel;
- são saturados (somente ligações simples);
b. Nitração: entrada do grupo nitro (– NO2) com - são ativadores do anel (facilitam a 2ª substitui-
a saída de um hidrogênio. Ocorre com ácido nítrico, ção).
a quente e utilizando H2SO4 como catalisador. Exceção: halogênios

 radicais meta dirigentes:


- não é o elemento mais eletronegativo que está
ligado diretamente ao anel;

178
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
- são insaturados (possuem duplas ou triplas) ou REGRA DE MARKOVNIKOV
tem ligação coordenada (dativa);
- são desativadores do anel (dificultam a 2ª subs- “Nas reações de adição, o hidrogênio será adiciona-
tituição). do ao carbono mais hidrogenado da insaturação ”.

REFERÊNCIA
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Regra de Markov-
nikov. Brasil Escola, [s.d.[.. Disponível em: h�ps://
brasilescola.uol.com.br/quimica/regra-markovnikov.
Observação: a diregência orto-para sempre pre-
htm. Acesso em: 31 mar. 2023.
valece sobre a meta.
Nas reações onde há opção de adição do hidro-
Caso haja possibilidade de substituição no anel
gênio, este deverá ser adicionado sempre ao carbono
aromático e na cadeia lateral, utilize a regra prática:
da insaturação (dupla ou tripla) que contenha mais
hidrogênios.
ATENÇÃO:
N, N, N: Noite, Neve, Núcleo ⇒ ou seja, na au-
Sobre o hidrogênio, temos a regra prática:
sência de luz e a frio, a substituição ocorre no anel
aromático.
c . Adição de halogenidretos: adição do hidro-
C, C, C: Claro, Calor, Cadeia ⇒ ou seja, na presen-
gênio e do halogênio de um hidrácido tipo HCl, HBr
ça de luz e a quente, a substituição ocorre na cadeia
ou HI à dupla ligação. Segue a regra de Markovnikov.
lateral.

REAÇÕES ORGÂNICAS

REAÇÕES DE ADIÇÃO

As reações de adição são características dos hi-


drocarbonetos insaturados (alcenos, alcinos e alca- Observação: se a reação de adição for de HBr
dienos). Neste tipo de reação, um átomo (ou grupo) e houver peróxido presente, a adição ocorre anti-
é adicionado aos átomos de carbono da insaturação. -Markovnikov. Esta é a regra de Karasch.
Devido à alta densidade eletrônica da insaturação,
ocorre via eletro�lica.

ADIÇÃO EM ALCENOS

De acordo com o grupo adicionado, há vários tipos


de adição. d. Hidratação: adição de água à dupla ligação.
Segue a regra de Markovnikov.
a. Hidrogenação: adição de hidrogênio à dupla
ligação. É muito conhecida como reação de Saba-
tier-Senderens, que é utilizada para a obtenção de
gorduras (saturadas) a partir de óleos (insaturados).

ADIÇÃO EM ALCADIENOS

Alcadienos são hidrocarbonetos que apresentam


duas ligações duplas.
b. Halogenação: Adição de um halogênio (Cl2, Br2
e I2) à dupla ligação.
a. Adição em alcadienos isolados: Alcadieno isola-
do é aquele no qual existem pelo menos duas ligações
simples entre as duplas.

179
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

b. Adição em alcadienos acumulados: Alcadieno


Ciclopropano Ciclobutano Ciclopentano
acumulado é aquele no qual as duas ligações duplas
estão no mesmo carbono. TEORIA DE BAYER

“A estabilidade dos ciclanos aumenta na medida


em que o ângulo das ligações C – C aproxima-se
do ângulo de um tetraedro regular: 109o28 ’.”
Devido à elevada eletronegatividade sobre o car-
bono, causada pela presença de duas hidroxilas, ha- REFERÊNCIA:h�ps://www.passeidireto.com/arqui-
verá uma desidratação e formação de uma cetona. vo/73485948/omega-modulo-27. Acesso em: 31 de
mar DE 2023.

Os ciclanos com 3, 4 e 5 carbonos sofrem adição


de hidrogênio, pois existe à alta tensão no anel, devido
ao ângulo entre as ligações: 60o no ciclopropano, 90o
no ciclobutano e 108o no ciclopentano.
c. Adição em alcadienos conjugados: Alcadieno
conjugado é aquele no qual as duas ligações duplas Exemplo: Hidrogenação do ciclopentano
estão separadas por uma única ligação simples.
Ocorre um rearranjo das ligações durante a reação
e a ligação simples que ficava entre as duplas passa
a ser dupla.

Os ciclanos com 3 e 4 carbonos sofrem adição


de halogênios. O ciclopentano já sofre substituição.
ADIÇÃO EM ALCINOS
Exemplo: Hidrogenação do ciclobutano
Alcinos são hidrocarbonetos que apresentam uma
ligação tripla.
Sofrem as mesmas reações dos alcenos, porém
em dobro.
A única exceção está na hidratação de um alcino, REAÇÕES ORGÂNICAS
na qual só é possível uma etapa de hidratação, devido
a um rearranjo que ocorre após a formação do enol. REAÇÕES DE OXIDAÇÃO

São caracterizadas pela variação do nox dos re-


agentes.

OXIDAÇÃO EM ALCENOS
O enol formado sofre tautomeria e entra em equi-
líbrio com uma cetona: a. OXIDAÇÃO BRANDA

Reagente inorgânico: Reagente de Baeyer

 KMnO4
 Meio básico
ATENÇÃO: ADIÇÃO EM CICLANOS  Sem aquecimento
Ciclanos são hidrocarbonetos cíclicos com ligações
simples somente.

180
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo: ozonólise do metil-but-2-eno
Na oxidação branda, ocorre o rompimento da liga-
ção π da dupla e formação de OH em cada carbono
que fazia a dupla ligação. Forma-se um diol vicinal.

Será possível identificar que se trata de uma oxi-


dação branda através dos reagentes utilizados.
A função do zinco é reagir com o H2O2 formado e
Exemplo: Oxidação branda do 2-metilpropeno impedir que este oxide o aldeído a ácido carboxílico.

OXIDAÇÃO EM ALCINOS

Ocorre de forma similar às oxidações dos alcenos.

a. OXIDAÇÃO BRANDA
Observação: [O] é chamado oxigênio nascente e
é gerado pelo reagente inorgânico. Reagente inorgânico: Reagente de Baeyer

b. OXIDAÇÃO ENÉRGICA  KMnO4


 Meio básico
Reagente inorgânico: Reagente de Baeyer  Sem aquecimento

 KMnO4 Na oxidação branda, ocorre o rompimento das li-


 Meio ácido gações π da tripla e formação de 2 OH em cada
 Com aquecimento carbono que fazia a tripla ligação. Forma-se um diol
geminal, que por desidratação gera o produto final.
Na oxidação enérgica, ocorre o rompimento total
da dupla ligação (ligações δ e π), oxigenando-a, Exemplo: oxidação branda do 2-metilpropeno
além de oxidar todo H de carbono da dupla a OH.

Será possível identificar que se trata de uma oxi-


dação branda através dos reagentes utilizados.

Exemplo: oxidação enérgica do metil-but-2-eno Desidratação do diol gêmino:

Exemplo: oxidação enérgica do metilpropeno


b. OXIDAÇÃO ENÉRGICA

Reagente inorgânico: Reagente de Baeyer

Observação: se houver dupla no carbono 1, haverá  KMnO4


formação de CO2 e H2O.  Meio ácido
 Com aquecimento
c. OZONÓLISE
Na oxidação enérgica, ocorre o rompimento total
Reagente inorgânico: O3, na presença de água e
da tripla ligação (ligações δ e π), e formação de 3
zinco (Zn).
OH em cada carbono que fazia a tripla ligação. Após
desidratação, tem-se o produto final.
Na ozonólise, ocorre o rompimento total da dupla
ligação (ligações δ e π), oxigenando-a. Será possível identificar que se trata de uma oxi-
dação branda através dos reagentes utilizados.

181
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo: oxidação enérgica do metil-but-2-eno Note que, preferencialmente, será eliminado o H
do carbono vizinho à função que tiver menos H. Nesse
caso, o da direita (carbono 3).

É a Regra de Zaitsev
Observação: se houver tripla no carbono 1, haverá
formação de CO2 e H2O. Nas reações de eliminação, o hidrogênio é mais
facilmente eliminado do carbono menos hidroge-
OXIDAÇÃO EM ÁLCOOIS nado.

Reagente inorgânico: Mais uma vez, vale a regrinha prática que já foi
 K2Cr2O7 ou KMnO4 passada a você:
 Meio ácido
Sobre o hidrogênio:
Os produtos da oxidação dependem do tipo de tira-se do pobre e dá-se ao rico.
álcool oxidado (primário ou secundário).

a. Oxidação de álcool primário: na primeira etapa a2. Desidratação intermolecular: forma um éter
forma um aldeído, que é oxidado, na segunda etapa, através da perda do OH dos carbonos funcionais de
a ácido carboxílico. duas moléculas de álcool.

Observação: a desidratação intermolecular pode


ocorrer, também, entre ácidos carboxílicos gerando
anidridos.

b. Oxidação de álcool secundário: é oxidado a ce-


tona, que não se oxida.

b. Eliminação em haletos orgânicos:


Observação: a oxidação é baseada na formação Ocorre a saída de um hidrácido com formação
de diol gêminal no carbono da função, devido à oxi- de um alceno. Também segue a Regra de Zaitsev (re-
dação do H a OH. Por isso álcool terciário e cetona tira-se hidrogênio do carbono menos hidrogenado)
não oxidam: não apresentam H no carbono funcional.

REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO

a. Desidratação de álcool: pode ocorrer dentro da


própria molécula ou entre duas moléculas.
c. Esterificação: é a reação entre um ácido carbo-
a1. Desidratação intramolecular: forma um alceno xílico e um álcool, gerando um éster e água. É também
através da perda do OH do carbono funcional e de um uma reação de desidratação intermolecular.
H do carbono vizinho.

182
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A reação é um equilíbrio químico e a reação in- Questão 3. (UESPI) A hidrogenação catalítica de uma
versa é chamada de hidrólise do éster. ligação dupla é caracterizada como uma reação de:
Caso a hidrólise do éster ocorra em meio básico, a) eliminação.
teremos a formação de um sal de ácido carboxílico. Se b) adição.
o ácido carboxílico original era um ácido graxo (cadeia c) transesterificação.
longa com 10C ou mais), teremos uma sabão: d) de saponificação.
e) substituição.

Questão 4. (Cesgranrio-RJ) É dada a reação

d. Transesterificação: é a reação de um éster com


um álcool, gerando um novo éster e um novo álcool.
É esta a reação utilizada na produção do biodiesel.
Nesse caso, utiliza-se um glicerídeo (óleo ou gordura)
reagindo com um álcool (metanol ou etanol) em meio
básico. que é classificada como uma reação de:
a) adição.
b) ciclo-adição.
c) condensação.
d) eliminação.
e) substituição.

Questão 5. (UFV-MG)
A monocloração de um alcano, em presença de luz ul-
travioleta, produziu os compostos 2-cloro-2-metilpro-
ATIVIDADES pano e 1-cloro-2-metilpropano. O nome do alcano é:
a) isopropano.
Questão 1. (FURG-RS) b) metilbutano.
Observe o esquema reacional abaixo: c) pentano.
d) butano.
e) metilpropano.

Questão 6. (USP) Uma substância orgânica reagiu com


iodeto de etil – magnésio dando um composto que,
Sobre esses compostos, é correto afirmar que todas depois de hidrolisado, formou metil – etilcetona. A
as reações são de: substância original é:
a) adição, sendo os produtos respectivamente: A=- a) Formiato de etila.
1-propanol; B=1-cloro-propano e C=propano. b) Acetona.
b) substituição, sendo os produtos respectivamente: c) Acetaldeído.
A=1-butanol; B=2-cloropropano e C= propano. d) Ácido acético.
c) substituição, sendo os produtos respectivamente: e) Cianeto de metila.
A=1-hidróxi-2-propeno; B=2- cloro-1-propeno e
C=propeno. Questão 7. (USP) Obtém-se um hidrocarboneto in-
d) adição, sendo os produtos respectivamente: A=1,- saturado pela reação entre o composto R – CH = CH
2-propanodiol; B=1,2-dicloropropano e C=propano. – CH2 – MgBr e:
e) adição, sendo os produtos respectivamente: A=- a) oxigênio.
2-propanol; B=2-cloro-propano e C=propano. b) ozônio.
c) cloro.
Questão 2. (UPE-PE) Assinale dentre as alternativas d) hidrogênio.
abaixo aquela que NÃO caracteriza uma reação de e) água.
adição.
a) Acetileno + Brometo de Hidrogênio. Questão 8. (UnB)
b) Butadieno 1,3 + Iodo. A reação de metanal com o composto CH3 – MgCl
c) Hexano + Cloro. e subsequente hidrólise do produto formado forma
d) Metilpropeno + água. etanol e Mg(OH)Cl. O mesmo tipo de reação realizada
e) Ciclobuteno + Cloreto de Hidrogênio. com acetona irá formar MgCl(OH) e:

183
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a) 1 – propanol. Questão 14. (UFRJ)
b) 2 – metil – 2 – propanol. Os aldeídos reagem com hidroxilamina fornecendo:
c) 2 – propanol. a) hidrazonas.
d) 2 – butanol. b) oximas.
e) propanol. c) fenil hidrazonas.
d) cianidrinas.
Questão 9. – (OSEC) e) azidas.
A reação de butanal com brometo de etil – magné-
sio seguido de hidrólise, produz uma substância que Questão 15. (UFPE 2019)
então reage com CrO3 em meio ácido, produzindo: Quando o composto p-cloro-nitrobenzeno é tratado
a) 3 – hexanona. com excesso de amônia em condições apropriadas,
b) 2 – hexanol. ocorre a formação do composto p-amino-nitroben-
c) 3 -hexanol. zeno de acordo com a reação abaixo:
d) hexanal.
e) ácido hexanoico.

Questão 10. (UnB)


Assinale a opção que contém somente métodos de
preparação de álcool e�lico:
a) redução de propanona e reação do etino com rea-
gentes de Grignard. É correto afirmar que esta reação é um exemplo de:
b) reação de compostos de Grignard com aldeído fór- a) adição eletro�lica aromática.
mico e reação do álcool me�lico com ácido acético. b) adição nucleo�lica aromática.
c) reação de bromoetano com hidróxido de potássio c) substituição eletro�lica aromática.
em meio alcoólico e hidratação do eteno em meio d) substituição nucleo�lica aromática.
ácido. e) eliminação eletro�lica aromática.
d) redução do etanal e halogenação do eteno.
e) n.d.a. REFERÊNCIAS

Questão 11. (USP) FELTRE, Ricardo. Fundamentos de química. 4. ed. São


A reação de um composto de Grignard com formal- Paulo: Moderna, 2005.
deído, seguida de hidrólise, produz:
a) um álcool primário. GEPEQ. Introdução e transformações. Química - En-
b) um álcool secundário. sino Médio. São Paulo: Edusp, 1999. v. 1. v. 2. v. 3.
c) um álcool terciário.
d) aldeído homólogo de formaldeído. KOTZ, John C.; TREICHEL JUNIOR, Paul M. Química
e) acetona. Geral e Reações Químicas. São Paulo: Pioneira Thom-
son, 2005. v. 1. v. 2.
Questão 12. (OSEC)
Pela reação do cloreto de metil – magnésio com o McMURRY, J. Química Orgânica. São Paulo: CENGAGE
composto A, e posterior hidrólise, obteve-se o álcool Learning., 2008. v. 1. v. 2.
isopropílico.
O composto A é: SANTOS, Wildson L. (coord.). Química & Sociedade.
a) propanona. São Paulo: Nova Geração, 2005.
b) etanol.
c) aldeído fórmico.
d) etanol.
e) propanal.

Questão 13. (UFF)


Os aldeídos reagem com o ácido cianídrico dando:
a) oximas.
b) hidrazina.
c) nitrila.
d) ácido barbitúrio.
e) cianidrinas.

184
Matemática e
suas Tecnologias
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Habilidade BNCC Cálculo de probabilidade de eventos relativos a
(EM13MAT310) Resolver e elaborar problemas de experimentos aleatórios sucessivos.
contagem envolvendo agrupamentos ordenáveis Probabilidade.
ou não de elementos, por meio dos princípios Cálculo de probabilidade de eventos relativos a
multiplicativo e aditivo, recorrendo a estratégias experimentos aleatórios sucessivos.
diversas, como o diagrama de árvore.
(EM13MAT311) Identificar e descrever o espaço
amostral de eventos aleatórios, realizando conta- Princípio Multiplicativo da Contagem
gem das possibilidades, para resolver e elaborar
problemas que envolvem o cálculo da probabili- A Matemática está diretamente relacionada com
dade. atividades e técnicas para contagem do número de
(EM13MAT312) Resolver e elaborar problemas que elementos de algum conjunto. As primeiras ativida-
envolvem o cálculo de probabilidade de eventos em des matemáticas que vivenciamos envolvem sempre a
experimentos aleatórios sucessivos. ação de contar objetos de um conjunto, enumerando
(EM13MAT511) Reconhecer a existência de diferen- seus elementos.
tes tipos de espaços amostrais, discretos ou não, As operações de adição e multiplicação são exem-
e de eventos, equiprováveis ou não, e investigar plos de técnicas matemáticas utilizadas também para
implicações no cálculo de probabilidades. a determinação de uma quantidade. A primeira (adi-
ção) reúne ou junta duas ou mais quantidades co-
Objetivos de Aprendizagem nhecidas; e a segunda (multiplicação) é normalmente
(GO-EMMAT310A) Compreender os conceitos aprendida como uma forma eficaz de substituir adi-
essenciais da análise combinatória identificando ções de parcelas iguais.
características específicas dos princípios aditivo e A multiplicação também é a base de um raciocínio
multiplicativo para resolver problemas do cotidiano muito importante em Matemática, chamado princípio
que envolvam contagem. multiplicativo.
(GO-EMMAT310A) Compreender os conceitos O princípio multiplicativo constitui a ferramenta
essenciais da análise combinatória identificando básica para resolver problemas de contagem sem que
características específicas dos princípios aditivo e seja necessário enumerar seus elementos.
multiplicativo para resolver problemas do cotidiano
que envolvam contagem. Considere a seguinte situação: Luciane vai sair
(GO-EMMAT311D) Resolver problemas que envol- com suas amigas e, para escolher a roupa que usará,
vem conhecimentos de probabilidade e esta�stica, separou 2 saias e 4 blusas. Vejamos no quadro, a se-
utilizando procedimentos matemáticos para avaliar guir, de quantas maneiras ela pode se arrumar.
propostas de intervenção na realidade.
GO-EMMAT312A) Compreender os conceitos de
probabilidade, a partir de exemplos (lançamento
de dados ou moedas, retirada de cartas de bara-
lho, entre outros), reconhecendo os elementos e
características (espaço amostral, evento etc.) para
calcular a probabilidade de eventos em experimen-
tos aleatórios sucessivos.
(GO-EMMAT312B) Calcular a probabilidade de
eventos em experimentos aleatórios sucessivos,
utilizando procedimentos matemáticos para resol-
ver e elaborar problemas relacionados a situações
cotidianas (Ciências da Natureza, Ciências Huma- Assim, Luciane dispõe de 4 · 2 = 8 maneiras de
nas, técnico-cien�ficas, entre outras). tomar as duas decisões: escolher uma blusa (decisão
(GO-EMMAT511B) Reconhecer o caráter de vari- 1) e escolher uma saia (decisão 2).
áveis aleatórias, identificando o espaço amostral
para resolver problemas que envolvam o cálculo Agora veja essa segunda situação: em uma lan-
de probabilidade em eventos equiprováveis. chonete, os sanduíches são vendidos em combos. O
cliente pode escolher um entre três tipos de carne
Objetos de Conhecimento (frango, porco ou bovina), um entre três tipos de quei-
Noções de combinatória: agrupamentos ordenáveis jo (muçarela, cheddar ou prato) e um entre dois tipos
(arranjos) e não ordenáveis (combinações). de bebidas (refrigerante e suco). Sendo assim, quantas
Princípio multiplicativo e princípio aditivo vezes um cliente pode pedir um combo sem repeti-lo?

186
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

Caso os conjuntos tenham uma interseção, ou


seja, haja elementos comuns entre eles, a quanti-
dade de elementos da união destes conjuntos seria
dada por

Ou seja, é preciso retirar da soma a quantidade


de elementos que existem em comum nos dois con-
juntos.

ATIVIDADES

1) Em uma entrevista sobre qual cor se prefere entre


vermelho, azul ou ambas, obteve-se com resposta
que: 20 dos entrevistados preferem vermelha; 40
preferem a cor azul; e 10 gostam de ambas as
cores. Calcule o número total de entrevistados.

2) Carla estava se organizando para viajar e colocou


na mala 3 calças, 4 blusas e 2 sapatos. Quantas
combinações Carla pode formar com uma calça,
uma blusa e um sapato?
(A) 12 combinações
(B) 18 combinações
(C) 24 combinações
(D) 32 combinações
(E) 48 combinações
A representação gráfica em árvore de possibilida- 3) Um professor elaborou uma prova com 5 ques-
des é muito ilustrativa. Nela podemos ver claramente tões e os alunos deveriam respondê-la assinalan-
os três níveis de decisão: carne (decisão 1), queijo do verdadeiro (V) ou falso (F) para cada uma das
(decisão 2) e bebida (decisão 3), consultando os vários questões. De quantas maneiras distintas o teste
tipos de cardápios possíveis. poderia ser respondido?
Nosso objetivo é saber as combinações possíveis (A) 10
e calcular o número total de possibilidades sem pre- (B) 20
cisar enumerá-las, pois muitas vezes isso será impos- (C) 25
sível devido ao grande número de opções e/ou de (D) 32
decisões envolvidos num problema. As técnicas da (E) 36
análise combinatória, como o princípio multiplicativo,
nos fornecem soluções gerais para atacar certos tipos 4) De quantas maneiras um número com 3 algaris-
de problema. mos distintos pode ser formado utilizando 0, 1, 2,
3, 4 e 5?
Princípio aditivo da contagem
5) (Enem) O diretor de uma escola convidou os 280
Como o próprio nome já diz, o princípio aditivo alunos de terceiro ano a participarem de uma
vem da reunião dos elementos de dois ou mais gru- brincadeira. Suponha que existem 5 objetos e 6
pos. Podemos seguir a ideia do princípio aditivo por personagens numa casa de 9 cômodos; um dos
meio da ideia de conjuntos tanto a adição quanto a personagens esconde um dos objetos em um dos
união estabelecem a mesma relação. cômodos da casa. O objetivo da brincadeira é adi-
Podemos, então, definir o princípio aditivo con- vinhar qual objeto foi escondido por qual perso-
siderando dois conjuntos finitos distintos A e B que nagem e em qual cômodo da casa o objeto foi
não possuem nenhum elemento em comum, assim a escondido.
união do número de elementos entre A e B é dada por

187
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Todos os alunos decidiram participar. A cada vez Permutação
um aluno é sorteado e dá a sua resposta. As res-
postas devem ser sempre distintas das anteriores, Conhecemos como permutação os agrupamentos
e um mesmo aluno não pode ser sorteado mais de ordenados de todos os elementos de um conjunto.
uma vez. Se a resposta do aluno estiver correta, Permutar é trocar de posição, formando uma nova
ele é declarado vencedor e a brincadeira é encer- ordem. Algumas de suas aplicações são problemas
rada. O diretor sabe que algum aluno acertará a que envolvem anagramas, filas e posições.
resposta porque há: A permutação de um conjunto com n elementos
(A) 10 alunos a mais do que possíveis respostas é calculada por:
distintas.
(B) 20 alunos a mais do que possíveis respostas
distintas. Lembre-se de que, para ser permutação, todos
(C) 119 alunos a mais do que possíveis respostas os elementos do conjunto devem ser utilizados. Além
distintas. disso, a ordem dos elementos é importante.
(D) 260 alunos a mais do que possíveis respostas
distintas. Exemplo
(E) 270 alunos a mais do que possíveis respostas Quantos anagramas existem na palavra RIOS?
distintas. Anagrama nada mais é do que a troca de posição
entre as letras da palavra, formando novas palavras,
Fatorial de um número que podem fazer sentido ou não na nossa língua. Esse
problema é uma permutação porque estamos calcu-
A multiplicação de um número por seus anteces- lando todos os agrupamentos possíveis ao mudar a
sores é bastante recorrente em problemas que en- ordem de todos os elementos do conjunto.
volvem análise combinatória, e é importante com-
preender as operações com fatorial e as possíveis A palavra RIOS possui 4 letras. Pelo PFC vamos to-
simplificações. mar 4 decisões, ou seja, escolher a primeira, segunda,
Seja n um número natural maior que 2, chamamos terceira e quarta letra.
de n! (n fatorial) a operação:
1ª letra
Para escolher a primeira letra, há quatro possibi-
lidades (R, I, O, S).

2ª letra
Como escolhemos uma letra na primeira, restam
três possibilidades, independentemente da escolha.

3ª letra
Como escolhemos uma letra na primeira e outra
na segunda posição, restam duas possibilidades, in-
Por definição, temos que dependentemente das escolhas.

4ª letra
Como já escolhemos três letras (primeira, segunda
e terceira posição), resta apenas uma possibilidade
para a quarta letra.
Tipos de agrupamentos Pelo PFC o número de anagramas da palavra RIOS
será calculado por: ·1
Os agrupamentos estudados na análise combina-
Esse produto é igual a 24 possibilidades.
tória são a permutação, a combinação e o arranjo.
Cada um deles é empregado em uma situação e possui
Permutação com repetições
métodos específicos para ser calculado. O que deve
ficar claro é quando devemos escolher o agrupamento
Existem casos particulares de permutação em que
e como realizar o cálculo. Nesta aula vamos estudar
há elementos repetidos no conjunto, por exemplo,
apenas a permutação.
na formação de anagramas de palavras que possuem
pelo menos duas letras repetidas.

188
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Para calcular a permutação com repetição, utili- 4) Murilo está brincando com os seus carrinhos, os
zamos a fórmula: enfileirando de maneiras distintas. Sabendo que
ele está brincando com 4 carrinhos, de quantas
maneiras distintas ele pode enfileirá-los?
(A) 4
(B) 8
Onde n é quantidade de elementos no conjunto e (C) 16
(D) 24
são as quantidades que cada um dos
(E) 120
termos que se repetem aparece.
5) Calcule o total de anagramas que podemos formar
Exemplo: quantos são os anagramas que podemos
com o nome GOIANIA.
formar com o nome ARARA?
Arranjos
Note que há 5 elementos, porém, a letra R se
repete 2 vezes e a letra A se repete 3 vezes. Então,
Arranjos são agrupamentos ordenados formados
temos que
por parte dos elementos de um conjunto. Dado um
conjunto de elementos, queremos saber quantos
agrupamentos ordenados podemos formar com
elementos, sendo sempre menor que .
Perceba a diferença entre o arranjo e a permu-
tação – em ambos a ordem é importante, mas na
permutação agrupamos todos os elementos do con-
junto, já no arranjo agrupamos apenas parte desses
elementos.
A fórmula utilizada para o número de arranjos é:

ATIVIDADES Veja o exemplo a seguir:


O conselho de uma escola organizou-se para es-
colher os ocupantes dos cargos administrativos mais
1) Calcule o valor do fatorial importantes. Esses cargos seriam escolhidos a partir
de votação de todos os membros do conselho. Os
2) (Cetro concursos) Analise as sentenças. cargos da instituição são diretor, secretário e coor-
I. 4! + 3! = 7! denador financeiro. Em cada voto será colocado o
II. 4! · 3! = 12! trio que ocupará cada um dos cargos. Sabendo que
III. 5! + 5! = 2 · 5! há 5 candidatos possíveis para cada uma das vagas,
o número de comissões administrativas possíveis é?
É correto o que se apresenta em: Ao analisar situações-problema que envolvem
(A) I, apenas. análise combinatória, é importante identificar o agru-
(B) II, apenas. pamento. Perceba que será feita uma escolha de 3
(C) III, apenas. entre 5 possibilidades. Note também que a ordem
(D) I, II e III. é importante. Por exemplo, o voto para Ana, Beto e
Caio não é o mesmo que o voto para Caio, Ana e Beto,
3) Quantos números de algarismos distintos são pos- pois nesse caso, já que são atribuídas funções para
síveis formar com os algarismos ímpares 1, 3, 5, cada um deles, por mais que a comissão seja formada
7, 9? pelos mesmos três candidatos, a ordem é importante,
(A) 6 o que torna essa questão um problema de arranjo.
(B) 16 A pergunta é: quantos agrupamentos de 3 pes-
(C) 24 soas podemos formar com 5 pessoas, importando a
(D) 120 ordem?
(E) 720

189
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
seguiu a recomendação de sua gerente, assim, o
número de senhas distintas que ela pode criar é
igual a:
(A) 210
(B) 420
(C) 1840
(D) 2520
(E) 5040

Combinação

A combinação é um agrupamento que está ligado


a subconjuntos de um conjunto. Entendemos como
combinação de , tomados de em , a contagem de
todos os subconjuntos possíveis com p elementos de
n. A diferença entre a combinação e o arranjo é que,
na combinação, a ordem não é importante, então os
conjuntos {A,B,C} e {C,A,B} são os mesmos conjuntos.
ATIVIDADES A fórmula utilizada para o número de combina-
ções é:
1) Em uma empresa, quinze funcionários se candi-
dataram para as vagas de diretor e vice-diretor
financeiro. Eles serão escolhidos através do voto
individual dos membros do conselho da empresa.
Vamos tomar como base uma turma formada por
De quantas maneiras distintas essa escolha pode
10 alunos. Se nós queremos agrupá-los em subconjun-
ser feita?
tos de 2 elementos (2 a 2), quantas duplas diferentes
podemos formar?
2) Em uma urna de sorteio de prêmios existem dez
Ao analisar situações-problema que envolvem
bolas enumeradas de 0 a 9. Determine o núme-
análise combinatória, é importante identificar o tipo
ro de possibilidades existentes num sorteio cujo
de agrupamento. Perceba que será feita uma escolha
prêmio é formado por uma sequência de 6 alga-
de 2 entre 10 possibilidades. Além disso, é possível
rismos.
perceber que a ordem não é importante, pois se a
dupla for composta por Ana e Beto ou Beto e Ana, por
3) Na competição de interclasse da escola, há 10 tur-
exemplo, não haverá diferença alguma. Como a ordem
mas competindo entre si pela medalha de ouro,
não importa e estamos escolhendo subconjuntos de
prata e bronze. Então, o número de maneiras dis-
um conjunto de 10 possibilidades, esse problema deve
tintas que o pódio pode ser formado é igual a:
ser resolvido por combinação.
(A) 120
(B) 460
(C) 540
(D) 720
(E) 90

4) Durante uma palestra no auditório, há 6 cadeiras


vazias consecutivas, assim, o número de manei-
ras distintas que Ana, Beto, Caio e Davi podem se
sentar nessas cadeiras é igual a:
(A) 720
(B) 360
(C) 120
(D) 90
(E) 15

5) As senhas bancárias são construídas com 4 dígitos.


Durante a criação da senha, a gerente da Karla
recomendou que ela criasse uma senha com 4
dígitos, todos distintos entre si. Suponha que Karla

190
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADES Probabilidade
1) Quantas comissões de 4 elementos podemos for- É a área da matemática responsável pelo estu-
mar com 20 alunos de uma turma? do da obtenção de um resultado em uma situação
(A) 4 845 comissões aleatória.
(B) 2 345 comissões Podemos então perceber em um simples exemplo
(C) 3 485 comissões como esse estudo acontece.
(D) 4 325 comissões Imagine o evento de se jogar uma moeda esperan-
(E) 5 455 comissões. do o resultado dela cara ou coroa ou até mesmo lançar
um dado de 6 faces numeradas de 1 a 6 esperando
2) Como prêmio pelo grande número de vendas de um dos seus resultados. Todos esses eventos são
uma empresa, os funcionários participarão de um aleatórios, eventos aleatórios podem ser repetidos
sorteio em que os vencedores serão contempla- diversas vezes nas mesmas condições e apresentar
dos com uma viagem de férias com tudo pago. Sa- resultados distintos.
bendo que 2 funcionários serão sorteados, e que Quando fazemos uma listagem com todos os pos-
participarão do sorteio 15 colaboradores, quantos síveis resultados de um evento aleatório, temos o que
são os resultados possíveis para esse sorteio? é conhecido como espaço amostral.
(A) 52 No caso do lançamento da moeda o espaço amos-
(B) 105 tral seria o conjunto . No caso do
(C) 170 lançamento do dado, o espaço amostral seria o con-
(D) 215 junto
(E) 310 Então, podemos definir duas situações temos o
espaço amostral que é a totalidade de eventos que
3) Um pesquisador cien�fico precisa escolher três podem acontecer, e temos os eventos aleatórios, ou
cobaias, num grupo de oito cobaias. Determine eventos favoráveis, que são aqueles que é de nosso
o número de maneiras que ele pode realizar a interesse.
escolha. Veja, então, a seguinte situação, vai ser lançado o
dado e busco saber como representar a possibilidade
4) (Enem) Doze times se inscreveram em um torneio deste dado cair com a face 1 virada para cima.
de futebol amador. O jogo de abertura do torneio Temos um total de 6 eventos possíveis, pois são
foi escolhido da seguinte forma: primeiro foram 6 faces do dado, e temos apenas 1 evento favorável.
sorteados 4 times para compor o Grupo A. Em Assim, definimos probabilidade como sendo a
seguida, entre os times do Grupo A, foram sor- razão entre o número de resultados favoráveis e o
teados 2 times para realizar o jogo de abertura número de resultados possíveis. Em outras palavras,
do torneio, sendo que o primeiro deles jogaria é o número de elementos do evento dividido pelo
em seu próprio campo, e o segundo seria o time número de elementos do espaço amostral a que ele
visitante. pertence.
A quantidade total de escolhas possíveis para o Assim, na situação apresentada a probabilidade
Grupo A e a quantidade total de escolhas dos ti- de ao lançar um dado e obtermos o resultado 1 será
mes do jogo de abertura podem ser calculadas
através de
(A) uma combinação e um arranjo, respectivamente.
(B) um arranjo e uma combinação, respectivamente.
(C) um arranjo e uma permutação, respectivamente.
(D) duas combinações.
ATIVIDADES
(E) dois arranjos.
1) Qual é a probabilidade de, no lançamento de uma
5) Em uma sala de aula existem 12 alunas, onde uma
moeda, o resultado ser cara?
delas chama-se Carla, e 8 alunos, onde um de-
les atende pelo nome de Luiz. Deseja-se formar
2) Qual é a probabilidade de, no lançamento de duas
comissões de 5 alunas e 4 alunos. Determine o
moedas, obtermos resultados iguais?
número de comissões, onde simultaneamente
participam Carla e Luiz.
3) No lançamento de um dado, qual é a probabilida-
de de sair um resultado menor que 3?

191
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) Uma urna contém bolas brancas, vermelhas e ver- pes: copas, ouro, paus e espadas. Dessa forma,
des. Sabendo-se que nela há 12 bolas brancas, 8 cada naipe é representado por 13 cartas. Deter-
vermelhas e que as 5 restantes são brancas, se mine a probabilidade de escolhermos ao acaso e
uma bola for retirada ao acaso, qual é a probabi- sucessivamente, três cartas de um mesmo naipe
lidade de que ela seja branca? E não branca? sem reposição.

5) (ENEM) Em uma central de atendimento, cem 5) Um professor escolheu aleatoriamente dois líde-
pessoas receberam senhas numeradas de 1 até res em um grupo de quatro estudantes qualifica-
100. Uma das senhas é sorteada ao acaso. Qual dos. Três dos estudantes, Sandra, Marta e Joana,
é a probabilidade de a senha ser um número de são meninas. O quarto estudante, Francisco, é um
1 a 20? menino.
Usando o espaço amostral de possíveis resultados
Eventos Independentes mostrado abaixo, onde cada aluno é representa-
do pela primeira letra de seu nome, responda às
Dado um espaço amostral qualquer, se dele ti- seguintes perguntas.
rarmos dois eventos e se eles forem independentes, a) A probabilidade de o primeiro estudante ser
então a sua probabilidade será calculada separada- um menino?
mente. b) A probabilidade de o segundo estudante ser
uma menina?
Eventos Dependentes c) A probabilidade de o primeiro estudante ser
um menino e o segundo estudante ser uma
A probabilidade condicional considera que, ocor- menina?
rido um evento, este influencia a ocorrência do outro, d) Os eventos A e B são independentes?
ou seja, são eventos dependentes.
A probabilidade condicional do evento A ocorrer, REFERÊNCIAS
tendo ocorrido B é:
OLIVEIRA, Naysa Crystine Nogueira . Princípio aditi-
vo da contagem. Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em:
h�ps://brasilescola.uol.com.br/matematica/princi-
pio-aditivo-contagem.htm. Acesso em: 01 mar. 2023.
Em que é a probabilidade da intersec-
RAMOS, Danielle de Miranda. Eventos independen-
ção entre A e B e é a probabilidade do evento B. tes. Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em: h�ps://brasi-
lescola.uol.com.br/matematica/eventos-independen-
tes.htm. Acesso em: 07 mar. 2023.
ATIVIDADES

1) Dois dados usuais e não viciados são lançados.


Sabe-se que os números observados são ímpares.
Então, qual a probabilidade de a soma destes nú-
meros ser 8?

2) Em uma cesta, temos oito bombons de morango,


dez bombons de maracujá e quatro bombons de
uva. Determine a probabilidade de retiramos su-
cessivamente com reposição, três bombons de
maracujá.

3) Em uma gaveta temos 12 camisas, das quais, qua-


tro são de gola polo e o restante, de gola normal.
Retirando duas camisas sucessivamente ao acaso
e sem reposição, qual é a probabilidade de as duas
camisas serem de gola polo?

4) Sabemos que um baralho é composto de 52 car-


tas, onde temos a representação de quatro nai-

192
Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
FILOSOFIA estabelecido, já que autoriza apenas um único partido
político. Há, assim, uma elite dirigente vinculada ao
SEMANA 01 partido que controla o Estado e o acesso ao partido,
que proíbe qualquer conduta ou expressão desvian-
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o te, recorre à violência para controlar os “corpos e as
papel dos organismos internacionais no contexto mentes”. Constitui um mundo fic�cio internamente
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí- coerente sustentado pelo terror psicológico e pela
tica sobre seus limites e suas formas de atuação perseguição política. Ora, o interessante é que Hannah
nos países, considerando os aspectos positivos e Arendt qualifica de totalitário tanto a direita quanto
negativos dessa atuação para as populações locais. a esquerda, tanto o nazifascismo (que exterminou
milhões de pessoas em campos de concentração)
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS604C) quanto o comunismo stalinista (que promovera ex-
Discutir o papel dos organismos internacionais no purgos e assassinatos). Angariou, assim, adversários
mundo contemporâneo, analisando, textos e dados de todos os lados. Alguns anos após a morte de Stalin,
que tragam os aspectos positivos e negativos dessa seu sucessor, Nikita Kruchev, denuncia seus crimes e
atuação para o Brasil para pensar de forma crítica a filosofia política da pensadora alemã ganha grande
os limites da cidadania nos países de capitalismo importância teórica. O que nos chama atenção é a
dependente. perfeita integração de seu pensamento com a dou-
trina dos direitos humanos da ONU.
Objeto de conhecimento: Impactos do Nazismo e
Figura 2
os Organismos Internacionais.

Observações: colocar textos e obras brasileiras que


trabalham ideias filosóficas e sociológicas que rela-
tam questões desses acontecimentos .

Figura 1 - Hannah Arendt

Disponível em: h�ps://definicionesyconceptos.com/guer-


ra-de-vietnam-resumen-motivos-
y-participantes/?print=print. Acesso em: 01 mar. 2023.

Hannah Arendt escreveu um livro intitulado Sobre


a violência, em 1969, em que apresenta a mais com-
pleta reflexão sobre o papel da violência na política
ou no controle das pessoas. Trata-se, especialmente,
de uma reflexão franca e aberta sobre os movimentos
estudantis de 1968 (“a rebelião estudantil é global”)
e os ideais revolucionários que defendiam a violên-
cia como uma forma de superar as injustiças sociais
Fonte: h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Hannah_Arendt
do capitalismo no quadro da Guerra Fria. Ela procura
mostrar que a violência e o poder se excluem mutua-
O termo “totalitarismo” era usado pelos fascistas mente, pois o poder reúne por meio do consentimen-
de forma elogiosa. Coube a Hannah Arendt (1906- to e a violência desagrega devido ao ressentimento:
1975), judia alemã radicada nos EUA, descrever o “A forma extrema do poder é o todos contra um, e
nazifascismo e o stalinismo como totalitários em a forma extrema da violência é o, um contra todos”
Origens do totalitarismo, de 1951. Trata-se de uma (ARENDT, 2010; coleção temas de formação filosofia,
forma de domínio que se apropria, simultaneamente, coleção Temas de Formação, vol.1 -Unesp/ NEaD) Diz
do individualismo moderno e da alienação das tiranias que a violência é instrumental e que para os podero-
antigas. O Estado totalitário impede o homem de ter sos é uma tentação recorrer à violência para continuar
relações privadas livres e fora do controle público, no poder, contudo o resultado é a impotência. Con-
priva-o assim de seu próprio “eu”, e ainda destrói os tra Hegel e Marx, diz que “a violência pode destruir
meios de organização política alternativa ao poder o poder, mas é incapaz de criá-lo” (ARENDT, 2010).

194
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Não considera que o mal possa ser a manifestação atuação para o Brasil para pensar de forma crítica
temporária de um bem oculto, sendo esta uma das os limites da cidadania nos países de capitalismo
características da negação dialética hegeliana, da qual dependente.
Hannah Arendt discorda.
Uma das implicações de seu pensamento é a po- Objeto de conhecimento: Segunda Guerra Mundial
lítica da não violência de Mahatma Gandhi (Mahat- e Organismos Internacionais.
ma Gandhi foi o líder do processo de independência
da Índia em relação à Inglaterra por meio da política
da não violência). Ela mostra bem que, conforme o Arendt e a crítica ao totalitarismo
contexto político, a desobediência civil pode ser tra-
tada como uma doença a ser extirpada, ou seja, com Hannah Arendt (1906-1975) viveu o horror da as-
enorme violência, com a brutalidade e o massacre; ou censão do nazismo na Alemanha e a crescente perse-
simplesmente pode alcançar seus objetivos. Depen- guição aos judeus. De família judaica, viu-se obrigada
de da disposição de quem ocupa o poder e de como a exilar-se nos Estados Unidos. Dedicou-se, então, a
esse poder se organiza. Essas análises nos permitem refletir sobre o totalitarismo, tomando-o como um
reconhecer, para nós brasileiros, um aspecto precá- problema filosófico e não apenas político e social.
rio de nossa elite nos anos 1960 e 1970, que optou Em seu livro As origens do totalitarismo, publicado
pelo terror para calar as críticas. Não ousou repetir em 1951, Arendt propôs uma explicação por meio
a mesma solução por ocasião dos “cara-pintadas ” de um amplo estudo histórico e político dessa nova
(pagina 208, Coleção Temas de Formação; v. 1) , que forma de governo. As duas primeiras partes do livro
derrubaram o ex-presidente Collor, fato que introdu- tratam de antissemitismo e imperialismo, e destacam
ziu a política brasileira num ciclo virtuoso, ou seja, alguns dos elementos que permitiram a ascensão do
qualitativamente superior. Segundo a filósofa alemã, totalitarismo alemão. A terceira parte do livro analisa
“exigir o impossível a fim de obter o possível nem os elementos que constituem os governos totalitários
sempre é contraproducente”. De fato, a ameaça da de Hitler, na Alemanha, e de Stalin, na União Soviética.
revolução (e da violência) pode angariar algumas boas Em ambos os casos, esse tipo de regime se fundamen-
reformas. Notemos, assim, que uma política de Estado ta na imposição de uma ideologia, na mobilização das
que respeite os direitos humanos introduz uma nova massas e no terror.
forma de lidar com os conflitos políticos ao longo da O totalitarismo é uma negação radical das liberda-
história. Ora (se nos é permitido ainda uma digressão des individuais. A questão filosófica que ele suscita é
brasileira), observamos ainda importantes focos de a seguinte: como podem as pessoas consentir com a
violência em nossa sociedade: é preciso restabelecer negação de sua própria liberdade, suportando e até
o poder onde ele está ausente. Qual poder? Aquele apoiando esse tipo de regime político?
que prescinde de violência.
Figura 3
REFERÊNCIA
PRADO, Lúcio Lourenço Prado; SCHLÜNZEN JUNIOR; Klaus;
SCHLÜNZEN, Elisa Tomoe Moriya (orgs.). Filosofia [recurso
eletrônico]. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade
Estadual Paulista: Núcleo de Ensino à distância, [2013].
(Coleção Temas de Formação; v. 1)

SEMANA 02

HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o


papel dos organismos internacionais no contexto
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
tica sobre seus limites e suas formas de atuação
nos países, considerando os aspectos positivos e
negativos dessa atuação para as populações locais.
Fonte: h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Totalitarismo
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS604C)
Discutir o papel dos organismos internacionais no Arendt retomou a análise de Montesquieu para
mundo contemporâneo, analisando texto e dados afirmar que o totalitarismo escapa ao sistema da
que tragam os aspectos positivos e negativos dessa política clássica. No esquema analítico de Montes-

195
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
quieu, há certos princípios de ação seguidos pelos Ampliando a perspectiva de sua análise, Arendt
indivíduos em cada regime político, bem como por afirmou que o totalitarismo consegue obter a adesão
seus governantes. Numa monarquia, esse princípio dos indivíduos porque eles se encontram totalmente
é a honra; numa república, é a virtude; numa tirania, isolados, sem laços sociais. É o que ela chamou de
é o medo. Em outras palavras: numa república, tanto uma “sociedade atomizada”. Isolamento seria dife-
cidadãos como governantes sentem orgulho em não rente de solidão: na solidão a pessoa está “consigo
dominar os demais, a menos naquilo que diz respeito mesma”, ao passo que no isolamento nem consigo ela
aos assuntos públicos; numa monarquia, as pessoas dialoga. Para Arendt, o terror totalitário consegue unir
agem visando à honra pública, isto é, cada um quer esses indivíduos na mesma medida em que os man-
ser reconhecido como alguém que obedece ou que tém isolados. O totalitarismo amplia seu isolamento
é obedecido conforme a posição que ocupa na socie- porque só indivíduos isolados podem ser dominados
dade; numa tirania, movendo as ações é o medo – o por completo, sem opor resistência. O terror tota-
medo dos súditos em relação ao tirano, mas também litário não forma uma comunidade política de fato,
o medo do tirano em relação aos súditos. Todo esse em que as pessoas participam de uma vida comum.
O totalitarismo transforma o povo em “massa”, em
esquema se baseia em uma separação das esferas
multidão, aquilo que Hobbes dizia ser algo anterior
privada e pública da vida. As relações políticas dizem
ao pacto político.
respeito à esfera pública, e aquilo que o indivíduo faz
Outro aspecto importante do totalitarismo é que
em sua vida privada não é necessariamente controla- seu governo só existe enquanto se mantém em mo-
do pelas regras de relação pública. vimento. É essa a razão do expansionismo totalitário,
Segundo Arendt, o totalitarismo escapa a esse que precisa conquistar outros países, outros territó-
esquema exatamente porque visa à dominação total rios. Seu limite é o mundo todo. Sua proposta é fundir
do ser humano, apagando a distinção entre as esferas todos os indivíduos em uma única humanidade, sob
pública e privada. Um governo totalitário não quer um mesmo governo totalitário, mesmo que estejam
dominar apenas o cidadão (esfera pública); ele quer todos isolados uns dos outros.
dominar também o indivíduo (esfera privada). Sendo
assim, é evidente que o princípio de ação do gover- Figura 4
no totalitário não é a virtude nem a honra. Seria o
medo? Será que as pessoas aderem ao totalitarismo
por medo? Arendt afirmou que não. O totalitarismo
não é uma tirania como aquelas classicamente co-
nhecidas. Os indivíduos até podem sentir medo do
governo, mas os governantes totalitários não agem
por medo dos governados. Para Arendt, o princípio
político do totalitarismo é o terror, que torna desne-
cessário qualquer daqueles princípios de ação expos-
tos por Montesquieu.
A questão central do governo totalitário é que ele
se coloca fora da divisão tradicional entre poder legal,
de direito, ou ilegal, arbitrário. A dominação totalitá-
ria não segue nenhuma lei já conhecida: no caso de
Stalin, segue uma razão que considera a existência Fonte: h�ps://filosofia.arcos.org.br/arendt/
de uma “lei da História”; no caso de Hitler, uma “lei
da Natureza”. Ambas as leis estão além das conven- Ainda segundo Arendt, o totalitarismo prepara os
ções humanas e não podem ser debatidas ou huma- indivíduos para serem, simultaneamente, carrascos
namente controladas. Por exemplo: nenhum regime e vítimas. É assim que funciona o terror totalitário:
político pode matar os cidadãos, pois a lei garante o ninguém está a salvo. Até aqueles que ocupam postos
de poder no governo podem, de uma hora para outra,
respeito à vida; mas o totalitarismo nazista matou
cair em desgraça e tornar-se vítimas, sofrendo o mes-
“legalmente” milhões de judeus, pois, segundo suas
mo destino que impunham a outros. Isso é garantido
ideias, estava seguindo uma “lei da Natureza” de puri-
por meio da ideologia e sua propaganda.
ficação da raça. Os governantes nazistas consideravam
O totalitarismo constrói uma ideologia, um sis-
um “bem à humanidade” matar os judeus, o faziam tema explicativo do mundo e da vida, que não tem,
segundo a sua lei, e não de modo arbitrário e ilegal. necessariamente, relação com a experiência concreta,
Esta é a base do terror totalitário: atribuir legalidade mas explica tudo – o passado, o presente e o futuro.
a ações abomináveis dos governantes. A ideologia amplifica sua ação por meio da propagan-

196
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
da. O poema do alemão Bertolt Brecht (1898-1956), “Eu quero dizer que o mal [...] não tem pro-
reproduzido nas páginas seguintes, foi escrito na dé- fundidade, e que por esta mesma razão é tão
cada de 1930, em pleno regime hitlerista, e mostra terrivelmente di�cil pensarmos sobre ele [...]
claramente o mecanismo da propaganda nos regimes O mal é um fenômeno superficial [...] Nós re-
totalitários. sistimos ao mal em não nos deixando ser leva-
dos pela super�cie das coisas, em parando e
REFERÊNCIA começando a pensar, ou seja, em alcançando
GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. São outra dimensão que não o horizonte de cada
Paulo: Scipione, 2014.
dia. Em outras palavras, quanto mais super-
Figura 5 - Caso nazista
ficial alguém for, provável será que ele ceda
ao mal” (ARENDT, 2001. p. 145).

Em nossos dias, situações semelhantes se repetem


nos “ataques cirúrgicos” que caracterizam as guerras
atuais. Resultado do refinamento da tecnologia de
armamentos, essas guerras a distância também bana-
lizam o mal, uma vez que quem aperta um botão não
presencia, não vive diretamente o horror da guerra.
Após assistir ao julgamento de Eichmann, Arendt
chegou à conclusão de que o mal não provém da ma-
levolência ou do desejo de fazer o mal. Em vez disso,
ela sugeriu, as razões pelas quais as pessoas agem
de certa maneira é que elas sucumbem a falhas de
pensamento e julgamento. Sistemas políticos opres-
sivos conseguem tirar vantagem da nossa tendência
para tais falhas, possibilitando que pareçam normais
certos atos que possivelmente consideraríamos “im-
pensáveis”.
A ideia de que o mal é banal não priva os atos
maléficos de seu horror. Em vez disso, a recusa em ver
Fonte: h�ps://pt.wikipedia.org/wiki/Nazifascismo
as pessoas que cometem atos terríveis como “mons-
tros” traz esses atos para mais perto da nossa vida
A banalização do mal cotidiana, desafiando-nos a considerar o mal como
algo de que todos somos capazes. Assim, devemos nos
Tomemos um caso que, por suas dimensões e ca- precaver contra as falhas de nossos regimes políticos,
racterísticas, nos dá uma ideia precisa do que pode disse Arendt, mas também uma das possíveis falhas
ser o uso “interessado” da racionalidade cien�fica e em nossos próprios pensamentos e julgamentos.
da tecnologia: a violência do regime nazista, instalado
na Alemanha entre 1933 e 1945. Tal fato foi analisado REFERÊNCIAS
pela pensadora alemã Hannah Arendt (1906-1975),
em seu livro Eichmann em Jerusalém. Em sua inves- ARENDT, Hannah. Diálogos, reflexões, memórias. Belo Ho-
tigação, ela destaca a forma cientificista, a racionali- rizonte: Ed. da UFMG, 2001. p. 145.
dade perversa com que foram mortos cerca de seis
milhões de judeus nos campos de extermínio, sob o COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de
comando de Adolf Hitler. O emprego da tecnologia – filosofia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
no caso, as câmaras de gás e os fornos crematórios
– era um procedimento frio, burocratizado, uma ope- GLOBO LIVROS. O Livro da filosofia. Tradução de Douglas
ração conduzida por funcionários públicos. Eichmann Kim. São Paulo: Globo, 2011. p. 272.
é o nome de um desses funcionários de Hitler, que
Arendt identificou como um produto �pico do regime
nazista. Analisando as condições que possibilitaram SEMANA 03
o extermínio de um número tão grande de pessoas,
Hannah Arendt concluiu que isso se deveu à banali- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o
zação do mal, obtida por uma prática cientificamente papel dos organismos internacionais no contexto
programada e racionalizada da violência. mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
tica sobre seus limites e suas formas de atuação

197
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
nos países, considerando os aspectos positivos e Figura 6
negativos dessa atuação para as populações locais.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS604A)


Identificar os processos que levaram à Guerra Fria,
refletindo sobre a formação da Organização das
Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) para compreender seus
limites e suas possibilidades de atuação.
Fonte: h�ps://agains�hecurrent.org/atc045/p4881/

Objeto de conhecimento: Guerra Fria e Mundo Michel Foucault afirmou que nas sociedades oci-
Contemporâneo. dentais predominaram três tecnologias de poder dis-
tintas, por meio das quais o poder é exercido: poder
de soberania, poder disciplinar e biopoder.
Foucault: os micropoderes
REFERÊNCIAS
Um dos principais pensadores da pós-modernida-
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia. São Paulo:
de foi o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984),
Saraiva, 2013. p. 333-320.
que centrou sua investigação em temas como certas
instituições sociais (notadamente as educativas, psi-
SEMANA 04
quiátricas e carcerárias), a sexualidade e, principal-
mente, o poder.
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o
De acordo com Foucault, as sociedades moder-
papel dos organismos internacionais no contexto
nas apresentam uma nova organização do poder que
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova tica sobre seus limites e suas formas de atuação
organização, o poder não se concentra apenas no se- nos países, considerando os aspectos positivos e
tor político e em suas formas de repressão, mas está negativos dessa atuação para as populações locais.
disseminado pelos vários âmbitos da vida social. para
esse filósofo, o poder fragmentou-se em micropode- Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS604B) As-
res e tornou-se muito mais eficaz. Em seu livro Micro- similar o processo de construção da Organização
física do poder, Foucault explica: “Por dominação eu Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Inter-
não entendo o fato de uma dominação global de um nacional do Trabalho (OIT), considerando, dados e
sobre os outros, ou de um grupo sobre outro, mas as textos que relatam sua atuação nos países de ca-
múltiplas formas de dominação que se podem exercer pitalismo dependente para entender criticamente
na sociedade” (FOUCAULT, ano 1978 , p. 181). seus limites de atuação no mundo contemporâneo.
Assim, sem se deter apenas no macropoder con-
centrado no estado, Foucault analisou esses micropo- Objeto de conhecimento: Movimentos Sociais e
deres que se espalham pelas mais diversas instituições Mundo Contemporâneo.
da vida social, isto é, os poderes exercidos por uma
rede imensa de pessoas que interiorizam e cumprem
as normas estabelecidas pela disciplina social – pais, Figura 7 - Soberania: poder de vida e morte
porteiros, enfermeiros, professores, secretárias, guar-
das, fiscais, etc.
Adotando essa perspectiva de análise, conhecida
como micro�sica do poder, ele afirma que “o poder
está em toda parte, não porque englobe tudo” e sim
“porque provém de todos os lugares” (FOUCAULT,
Michel. História da Sexualidade I: a Vontade de Saber.
Rio de Janeiro: Graal, 1976, p.). Na vida cotidiana,
segundo o filósofo, esbarramos mais com os guar-
diões dos micropoderes – os pequenos donos dos
poderes periféricos – do que com os detentores dos Fonte: h�ps://garage.vice.com/en_us/article/wjwjvx/accidental-
macropoderes. -style-icon-michel-foucault

O poder de soberania predominou nas sociedades


pré-capitalistas, em geral, com governos monárquicos.

198
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
É a tecnologia de poder que caracterizava a socieda- Foucault debruçou-se sobre uma dessas institui-
de analisada por Hobbes e Maquiavel, por exemplo. ções e escreveu o livro Vigiar e punir: história da vio-
Foucault afirmou que o princípio dessa tecnologia de lência nas prisões, em que mostra como a punição aos
poder era o direito do soberano sobre a vida e a morte criminosos no Ocidente foi se transformando – dos
de seus súditos. O governante soberano conseguia castigos �sicos ao encarceramento. Essas formas de
estabelecer leis que se aplicavam a todos os seus sú- punição impõem ao condenado uma disciplina que
ditos, mas não a ele mesmo. A lei determinava que um lhe permita ser ressocializado. Embora a instituição
indivíduo não devia matar o outro (pois o soberano pesquisada seja a prisão, a análise sobre a disciplina é
deveria conseguir manter a vida, a segurança e a in- válida para qualquer instituição disciplinar. Tanto que
tegridade �sica de seus súditos), mas não se aplicava a terceira parte do livro, na qual ele analisa o desenvol-
ao soberano: ele era o único que poderia tirar a vida vimento das tecnologias disciplinares, foca a escola.
de alguém sem descumprir a lei. Por isso, seria pos- A função da disciplina é produzir corpos dóceis,
sível enunciar o princípio básico desse tipo de poder que possam ser moldados, configurados segundo as
da seguinte maneira: “fazer morrer e deixar viver”. O necessidades sociais. Assim são produzidos os corpos
soberano era aquele que conseguia fazer morrer qual- dos estudantes, dos soldados e policiais, e também
quer um de seus súditos, por isso era também aquele dos trabalhadores. Os corpos disciplinados são corpos
que conseguia deixá-los viver. A vida dos súditos era exercitados e submissos. Segundo Foucault, a disci-
uma concessão do soberano. plina aumenta a força dos corpos orientada para a
Para Foucault, é apenas aparentemente que o po- produção, mas diminui a força dos corpos em sentido
der emana do governante, porque na realidade existe político, tornando-os obedientes. A obediência e a
toda uma rede de poder distribuída entre as pessoas conformação dos corpos os tornam mais produtivos.
que sustenta a posição do soberano. [...] a disciplina é uma “arte das distribuições”. Sua
primeira operação é a distribuição dos indivíduos no
REFERÊNCIA espaço. É necessário, portanto, delimitar esse espaço.
Não é por acaso que a arquitetura das escolas é muito
GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. 2. ed. semelhante, assim como a das fábricas ou dos quar-
São Paulo: Scipione, 2016. p. 231. téis: trata-se da organização de um espaço disciplinar.
Nesse espaço, os indivíduos são distribuídos segundo
Disciplina para a submissão uma lógica organizacional.
Como exemplo, basta pensar em como os estu-
dantes são distribuídos na escola, organizados por sé-
ries ou anos, por classes e grupos. Essa ação, segundo
o filósofo, transforma uma “multidão confusa” em
uma “multiplicidade organizada”.
O segundo aspecto da tecnologia disciplinar é sua
ação de controle das atividades. Numa instituição dis-
ciplinar, toda atividade é controlada, e esse controle
começa pelo tempo: há o momento certo para fazer
cada coisa. Cada indivíduo aprende a controlar seu
corpo, de modo, por exemplo, a ir ao banheiro no
horário estabelecido, e não quando tiver vontade;
almoçar no horário estipulado pela instituição, e não
“Segundo Foucault, o crescimento do capitalismo quando sentir fome. Um corpo assim disciplinado é
se sustentou graças à disciplina – invenção burguesa um corpo muito mais eficiente e produtivo, seja para
do século XVII consolidada no século XVIII. É um tipo o estudo, seja para o trabalho.
de poder que se exerce sobre os corpos dos indiví- A disciplina, por meio do adestramento dos cor-
duos. pos, produz indivíduos que são vigiados e controlados
Para que essa tecnologia de poder funcione com o tempo todo. Quando se desviam do comportamento
todo seu potencial, foram criadas “instituições dis- esperado, são punidos. A punição tem a função de
ciplinares” nas quais os indivíduos são confinados: normalizar sua ação, fazendo com que voltem a agir
a fábrica, o exército, a prisão, o hospital, a escola. conforme o esperado.”
Nessas instituições, as pessoas são individualizadas.
cada indivíduo tem um prontuário, no qual se anota
tudo o que lhe acontece. Por meio da disciplina o in-
divíduo pode ser conhecido, controlado e explorado,
tirando-se dele tudo o que pode oferecer.

199
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Biopoder: bem-estar social todos disciplinados e individualizados), mas para a
segurança da população em múltiplos sentidos. E a ga-
rantia da segurança é feita pelo controle populacional.
Segundo Foucault, essa tecnologia inverte o prin-
cípio do poder de soberania; trata-se agora de “fa-
zer viver e deixar morrer”. O Estado é responsável
por fazer com que os cidadãos vivam mais e melhor,
evitando as mortes que considerar desnecessárias.
A morte se torna um “problema de Estado”: só uma
autoridade legalmente constituída pode atestar que
alguém morreu, emitindo uma certidão de óbito,
assim como é o Estado que emite uma certidão de
nascimento.
Na visão de Foucault, as sociedades contem-
porâneas atuam com as duas tecnologias de poder
simultaneamente: a disciplina e o biopoder. O cida-
dão legalmente constituído vive em uma situação de
permanente controle por parte dos vários mecanis-
mos estatais, e essa disciplina lhe garante segurança
e bem-estar .”
Fonte: h�ps://colunastortas.com.br/biopoder/. Acesso em: 1 Para Michel Foucault (1926-1985),
mar. 2023.
“[...] o corpo é investido por relações de po-
Foucault afirmou que, uma vez consolidada a tec- der e de dominação; mas em compensação
nologia de poder disciplinar, por volta do fim do século sua constituição como força de trabalho só
XVIII começou a se constituir uma nova tecnologia. é possível se ele está preso num sistema de
É o que ele denominou biopoder, um poder sobre a sujeição (onde a necessidade é também um
vida. Mas o biopoder não deve ser confundido com instrumento político cuidadosamente orga-
o poder soberano. nizado, calculado e utilizado); o corpo só se
“O poder soberano é aquele que decide sobre a torna força útil se é ao mesmo tempo, corpo
vida ou a morte dos súditos, ao passo que o biopoder produtivo e corpo submisso” (FOUCAULT , obra
é aquele que procura administrar a vida de uma po- Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 33ª edi-
pulação. O biopoder é complementar ao poder disci- ção. Petrópolis: Editora Vozes, 1987. r, p. 28).
plinar, mas apresenta diferenças. Vimos que o poder
disciplinar se exerce sobre indivíduos adequando-os REFERÊNCIA
à norma. O biopoder, no que lhe concerne, se exerce
sobre os grandes grupos de indivíduos já disciplina- GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. 2. ed.
dos que formam as populações. O poder disciplinar São Paulo: Scipione, 2016. p. 233-234.
é, portanto, uma condição para que o biopoder se
exerça e, enquanto a tecnologia centrada no corpo
é individualizante, a tecnologia centrada na vida é SEMANA 05
massificante.
A tecnologia do biopoder está voltada para a ma- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os
nutenção da vida das populações organizadas pelo impactos socioambientais decorrentes de práticas
Estado como corpo político. Ela é a base do chamado de instituições governamentais, de empresas e de
“Estado de bem-estar social”, que se preocupa em indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
oferecer condições mínimas de vida digna para toda a selecionando, incorporando e promovendo aquelas
população. É por meio do biopoder que os programas que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
de previdência social são criados para garantir a saúde tal e o consumo responsável.
e a aposentadoria dos trabalhadores, bem como sis-
temas públicos de saúde, que atendem à população, Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As-
por exemplo, em campanhas de vacinação em massa, similar a política energética brasileira, estudando
para prevenir doenças. textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas,
O biopoder constitui o que Foucault denomina gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con-
“sociedades de segurança”, em que as ações dos go- siderações sobre os impactos ambientais e socioe-
vernos já não estão voltadas para a disciplina (já estão conômicos nestas políticas.

200
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Objeto de conhecimento: Classificação e situação cessidades ou as dos seres humanos, mas as de todo
atual. Vegetação e os impactos do desenvolvimen- o mundo natural. Ele sugeriu que, com frequência,
to. O Governo JK e Jânio Quadros (1956-1964). não percebemos as implicações mais amplas de nos-
sas ações, considerando apenas o bene�cio próprio e
Figura 8 - Arne Naess (1912-2009) imediato. “Pensar como uma montanha” significa se
identificar com o ambiente mais vasto e estar cons-
ciente do seu papel em nossas vidas.

Figura 9

Fonte: h�ps://www.youtube.com/channel/UCm_d7iaVqR0Owxh
OQOSI_8A

Amplamente reconhecido como o principal filó-


sofo norueguês do século XX, Arne Naess tornou-se o
mais jovem professor catedrático da Universidade de Fonte: h�ps://commons.wikimedia.org/wiki/File:Conical_sha-
Oslo, aos 27 anos. Foi também montanhista célebre e dow_of_Mount_Nam_Xay_over_green_trees_at_golden_hour,_
comandou uma expedição bem-sucedida ao cume do South-West_view_from_the_top,_Vang_Vieng,_Laos.jpg
Tirich Mir, no norte do Paquistão, em 1950. Apenas
após se aposentar do cargo de professor, em 1970, é Harmonia com a natureza
que Naess desenvolveu ativamente seu pensamento
sobre o mundo natural e envolveu-se na ação direta Naess adotou a ideia de Leopold ao propor sua
em questões ecológicas. Em 1970, acorrentou-se aos “ecologia profunda”. Ele afirmava que somente pro-
rochedos da Queda Mardalsfossen, na Noruega, para tegeremos o meio ambiente passando pelo tipo de
protestar contra a construção de urna barragem. Elei- transformação que Leopold descreveu. Naess nos con-
to presidente do Greenpeace norueguês em 1988, foi clamou a ver a nós mesmos como parte da biosfera.
nomeado cavaleiro em 2005. Em lugar de ver o mundo como apartado de nós, deve-
mos descobrir nosso lugar na natureza, reconhecendo
Pense como uma montanha o valor intrínseco de todos os elementos do mundo
em que vivemos.
A injunção de pensar como uma montanha se Naess introduziu o “eu ecológico”, uma percepção
tornou intimamente associada com o conceito de de “si” enraizada na consciência de nossa relação com
“ecologia profunda” – termo cunhado em 1973 pelo uma “comunidade maior de todos os seres vivos”. Ele
filósofo e ecologista norueguês Arne Naess. Ele usou afirmou que a ampliação de nossa identificação com
o termo para ressaltar sua crença de que devemos o mundo para incluir lobos, sapos, aranhas, e talvez
primeiro reconhecer que somos parte da natureza, e até montanhas, leva a uma vida mais prazerosa e sig-
não separados dela, se pretendemos evitar a catás- nificativa.
trofe ecológica. Mas a noção de “pensar como uma
montanha” remonta a 1949, quando foi formulada REFERÊNCIA
pelo ecologista norte-americano Aldo Leopold no livro
GLOBO LIVROS. O Livro da filosofia. Tradução de Douglas
de mesmo nome na tradução em português. Traba-
Kim. São Paulo: Globo, 2011. p. 282-283.
lhando corno guarda-florestal no início do século XX,
Leopold atirou numa fêmea de lobo na montanha.
“Alcançamos a velha loba a tempo de ver um brilho
verde selvagem morrendo em seus olhos”, ele escre-
veu. “Percebi então, e sei desde então, que havia algo
de novo naqueles olhos, algo conhecido apenas pela
loba e pela montanha.” A partir dessa experiência,
Leopold chegou à ideia de que devemos pensar como
uma montanha, reconhecendo não apenas nossas ne-

201
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Igualdade para os animais: especismo e so- famosa, Ética Prática (1979). A não menos polêmica
frimento animal sob a perspectiva utilitarista declaração acerca da “inutilidade” de algumas vidas
também é um dos alvos preferidos dos críticos de sua
singeriana
postura. Singer afirmou, em uma entrevista, que “o
Figura 10 ato de matar um bebê deficiente não equivale, mo-
ralmente, ao ato de matar uma pessoa”. Isso porque,
para o pensador, a vida de alguns seres deficientes,
tanto fisicamente, quanto moralmente, por ele toma-
dos como exemplo, não valem o sofrimento causado,
à própria criança e aos pais. A morte indolor, para ele,
é uma solução mais prática.

Figura 11

Fonte: h�ps://commons.wikimedia.org/wiki/File:Peter_Singer_
no_Fronteiras_do_Pensamento_Porto_Alegre_(9619604688)_
(cropped).jpg

O filósofo australiano Peter Singer construiu uma


fama não muito admirável em virtude de sua aborda- Fonte: h�ps://www.theheadline.jp/articles/141
gem em temas polêmicos como aborto e eutanásia. A
posição de Singer é basicamente utilitarista, ou seja, Sempre avesso aos eufemismos, Peter Singer, no
sendo bem simplista, ele pauta seus atos na busca início de sua carreira como escritor, embora menos
pelas consequências menos sofríveis e mais praze- radical e ultrajante, já era bem direto na defesa de
rosas, explicando muito de sua produção. A obra de seus argumentos. Num dos primeiros ensaios por ele
Singer no que tangente ao tema “direito dos animais” publicados, fome, Riqueza e Moralidade (1971) ele
está quase toda condensada nas obras Ética Prática e defende que seria moralmente imperativo que cada
Libertação Animal, nas quais ele expõe o seu caráter pessoa no mundo doasse seus rendimentos até que
defensor dos animais frente à ideia geral que prega toda a pobreza do mundo fosse sanada, ou até que o
a superioridade humana, que ele denomina especis- sacri�cio próprio fosse comparável ao sacri�cio dos
mo. Para embasar suas proposições, Singer faz um menos abastados.
apanhado sobre o que, para ele, coloca no mesmo Todo o pensamento de Singer é pautado em seu
patamar seres humanos e não-humanos, sem esque- engajamento filosófico, e é extremamente necessário
cer de elencar uma lista das principais atrocidades compreender a doutrina que rege o pensamento do
cometidas contra esses últimos. [...] autor antes de esmiuçar o trabalho do mesmo. Peter
Preliminarmente, é preciso esclarecer o pensa- Singer pertence à escola utilitarista, de Jeremy Ben-
tham e John Stuart Mill, ambos ingleses, que deixaram
mento do australiano Peter Singer de uma maneira
trabalhos entre os séculos XVIII e XIX. O utilitarismo de
geral antes de abortar temas mais específicos dentro
Bentham, na essência do pensamento, é bem definido
do universo ético trabalhado pelo autor. Peter Singer,
pelo jurista brasileiro Juarez Freitas, em obra acerca
ou “Dr. Morte”, para alguns, é considerado por deter-
da filosofia do direito:
minados ativistas políticos a “pessoa mais perigosa do
A primeira lei de natureza, para Bentham, consis-
universo”, tudo isso em função de posição extremada
tiria em buscar o prazer e evitar a dor, sendo necessá-
do cientista em relação aos temas mais polêmicos do
rio para alcançar tal escopo que a felicidade pessoal
meio bioético. Singer não faz questão de negar que
fosse alcançada pela felicidade alheia. (...) A solução
considera a vida humana tão quão, ou menos impor- para encontrar a cooperação entre os homens, ele a
tante que a vida de qualquer outro animal que habita aponta na identificação de interesses, fac�vel através
o planeta. “Comparar, e em alguns casos, equiparar da atividade legislativa do governo. (BENTHAM apud
a vida humana à vida de animais é justamente o que BRYCH, 2005, p.01)
faz esse livro” (SINGER, 1993, p.04), é o que chega a O pensamento de Mill, em O Utilitarismo, vem ao
declarar Singer ainda no prefácio de sua obra mais encontro da ideia supracitada:

202
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A utilidade ou o princípio da maior felicidade, e mostra segurança. Singer, é bom que se deixe claro
como fundamento da moral, sustenta que as bem a princípio, é vegetariano e contrário a qualquer
ações são certas na medida em que elas ten- tipo de consumo de carne por parte de humanos.
dem a promover a felicidade e erradas quan- O uso de animais na alimentação é provavelmente
do tendem a produzir o oposto da felicidade. a mais antiga e a mais difundida forma de utilização
Por felicidade entende-se prazer e ausência de dos animais. Num certo sentido, trata-se também da
dor, por infelicidade, dor e privação do prazer. forma mais básica e utilização dos animais. (SINGER,
(MILL apud BRYCH, 2005, p.02) 1993, p. 47)
Singer, como fica explícito no texto, lamenta a
De maneira mais rasteira, o utilitarismo é uma ligação intrínseca que existe entre a figura animal e
corrente que defende que a ética, a ciência que per- a nutrição. Escusos os animais domésticos, a grande
mite distinguir o Bem do Mal, assenta-se na premissa totalidade dos animais do planeta são criados com
de que uma ação é boa se provoca felicidade e má fins alimen�cios. Singer apenas reitera esse fato ao
se causa sofrimento. O utilitarismo que Singer utiliza afirmar que na sociedade contemporânea o principal
é um pouco diferente, consiste num “utilitarismo de contato entre humanos e não-humanos é à hora das
preferências”, que exige que o sujeito moral, ao reali- refeições. Ora, perguntaria um analisador da filosofia
zar uma ação, analise todos os interesses em questão singeriana, mas sendo a ideia principal do especis-
e adote um curso de ação que, examinadas todas as
mo igualar homens e animais, como conceber que
possíveis alternativas, resulte nas melhores consequ-
os primeiros não utilizem esses últimos como meio
ências para todos os que serão atingidos por seus
alimentar, se entre si, os próprios animais sustentam-
desdobramentos, direta ou indiretamente.
-se alimentando de seres de outras espécies? Singer
A partir desse conhecimento básico, não fica di�cil
foi atento também a esse ponto e previu que seria
entender o pensamento de Singer em relação a alguns
temas. O utilitarismo prático e aplicado do autor é questionado quando a isso. Para rebater a crítica,
utilizado por ele próprio, em seus livros, para embasar Singer apoderou-se de estáticas biológicas. Já restou
suas ideias. É frequente em suas obras, referências provado, que em condições normais, apenas 10% da
ao pensamento filosófico por ele adotado. Ora, se a quantidade de nutrientes ingerido por um determi-
ideia utilitarista é produzir a maior virtude, evitando nado animal é repassado ao seu consumidor. Ou seja,
o sofrimento, Peter Singer é bem coerente em dizer, 90% da energia alimentar é perdida no processo me-
pragmaticamente, que a eliminação de uma vida so- tabólico do animal. Tendo em mente que uma dieta
frível é um bem a ser almejado. Sendo tão extremis- humana, como já foi insistentemente comprovado
ta quanto o próprio Singer, e, ao mesmo tempo, tão pela ciência, a base somente de cereais primários
hedonista quanto Bentham, há uma certa lógica no é rica o suficiente e completa, nutricionalmente fa-
pensamento utilitarista, e porque não dizer, no utilita- lando, o que não ocorre para a maioria dos demais
rismo anti-sofrimento das obras de Singer. Ceifar uma animais, que assim, são obrigados a se alimentar de
vida que “não vale a pena”, nas próprias palavras do carne, é ilógico desperdiçar tanta energia para obter,
cientista, causando uma morte indolor a um bebê, de forma secundária, nutrientes. Como base no ex-
utilizando ainda o mesmo exemplo da explanação do posto, Singer afirma que o consumo de carne animal
primeiro capítulo, nada mais é que uma forma, ainda não é justificável nem pela perspectiva de aumentar
repugnantemente rude e cruel, é verdade, de evitar a quantidade de alimentos disponíveis, uma vez que
um sofrimento futuro maior. [...]” são utilizados campos que poderiam estar sendo mais
bem utilizados na agricultura, e nem por motivos de
Especismo e sofrimento animal em perspec- saúde, logo, tal consumo não passa de um luxo, total-
tivas práticas: animais para alimentação mente supérfluo e dispensável. Em outras palavras,
Singer aloja seu comentário sobre o fato de considerar
Figura 12 extremamente desnecessário e até mesmo torpe a
matança de animais para consumo humano por parte
da sociedade industrial atual. Tanto o é assim, que ele
não se opõe a pessoas que necessitam matar animais
para sobreviver, como no caso dos esquimós, que são
geograficamente impedidos de produzir seu próprio
alimento, e necessitam por questões maiores da carne
de outros animais.
Imagem Autoral: Gustavo Henrique José Barbosa A situação agrava-se, do ponto de vista de Singer,
quando se toma o fato das condições bem precárias
A argumentação de Singer no que concerne a esse a que são submetidos os animais no processo de en-
ponto de manifestação do especismo é bem fundada gorda ou desenvolvimento. A maioria do gado bovi-

203
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
no norte-americano, ele diz, provém de manjedouras GEOGRAFIA
superlotadas e os ovos são postos por galinhas que
não tem sequer a liberdade de abrir as asas. Diante de SEMANA 01
tudo isso, é que Singer coloca-se como vegano, adepto
do veganismo, corrente que propõe a erradicação do Habilidades da BNCC: (EM13CHS604) Discutir o
consumo de carne de procedência animal. Ainda para papel dos organismos internacionais no contexto
ele, mesmo que exista um modo de cultivar animais mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
para consumo que derrubasse todos os argumentos tica sobre seus limites e suas formas de atuação
por ele elencados, esse modo seria economicamente nos países, considerando os aspectos positivos e
inviável.” negativos dessa atuação para as populações locais.

BEZERRA, Felipe Adriano Saraiva Lustosa. Igualdade para os Objetivos de aprendizagem: (GO-EMCHS604A)
animais: especismo e sofrimento animal sob a perspectiva
Identificar os processos que levaram à Guerra Fria,
utilitarista singeriana. 2 abr. 2012. Disponível em: h�ps://
refletindo sobre a formação da Organização das
jus.com.br/artigos/21412/igualdade-para-os-animais-es-
pecismo-e-sofrimento-animal-sob-a-perspectiva-utilita- Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado
rista-singeriana. Acesso em: 1 mar. 2023. do Atlântico Norte (OTAN) para compreender seus
limites e suas possibilidades de atuação. (GO-EM-
CHS604B) Assimilar o processo de construção da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Orga-
nização Internacional do Trabalho (OIT), conside-
rando, dados e textos que relatam sua atuação nos
países de capitalismo dependente para entender
criticamente seus limites de atuação no mundo
contemporâneo. (GO-EMCHS604C) Discutir o papel
dos organismos internacionais no mundo contem-
porâneo, analisando, textos e dados que tragam os
aspectos positivos e negativos dessa atuação para
o Brasil para pensar de forma crítica os limites da
cidadania nos países de capitalismo dependente.

Objeto de conhecimento: Organismos mundiais.

ORGANISMOS MUNDIAS
Figura 1 - Símbolo da Liga das Nações

Disponível em: h�ps://www.google.com/url?sa=i&ur-


l=https%3A%2F%2Fwww.todamateria.com.br%2Fli-
ga-das-nacoes%2F&psig=AOvVaw1LVXBA8LkMZAgH3P0s-
mqgy&ust=1679158674094000&source=images&cd=v-
fe&ved=0CBAQjRxqFwoTCNDgw9S34_0CFQAAAAAdAAA-
AABAE. Acesso em: 17 mar. 2023.

204
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Liga das nações – Os 14 pontos de Thomas Woo-
drow Wilson, 1919, Conferência de Paris e o trata-
do de Versalhes:
1. Acordos públicos, negociados publicamen-
te, ou seja, a abolição da diplomacia secreta.
2. Liberdade dos mares.
3. Eliminação das barreiras econômicas entre
as nações.
4. Limitação dos armamentos nacionais com-
pa�vel ao mínimo para a segurança.
5. Ajuste parcial das pretensões coloniais, ten-
do em vista os interesses dos povos atingi-
dos por elas.
6. Evacuação da Rússia.
7. Restauração da independência da Bélgica. Principais motivos para “O FRACASSO”
8. Restituição da Alsácia e da Lorena à França. • a ausência da nova potência mundial, os Estados
9. Reajustamento das fronteiras italianas, se- Unidos;
guindo os limites e fronteiras nacionais cla- • a falta de vontade política entre os países membros;
ramente reconhecidas. • o colonialismo em várias partes do mundo;
10. Desenvolvimento autônomo dos povos da • a mudança brusca na política alemã, a partir da as-
Áustria-Hungria. censão de Hitler em 1933.
11. Restauração da Romênia, da Sérvia e do
Montenegro, com acesso ao mar para Sér-
via.
12. Desenvolvimento autônomo dos povos da
Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar
Negro ao Mediterrâneo (estreito de Bósfo-
ro e estreito de Dardanelos) permaneçam
abertos livremente.
13. Uma Polônia independente, habitada por
populações originárias e com acesso para
o mar.
14. Uma Liga das Nações, órgão internacional
que evitaria novos conflitos, atuando como
Disponível em: h�ps://casadacidadania.files. wordpress.
árbitro nas contendas entre os países. com/2021/03/onu.png. Acesso em: 17 mar. 2023.
Organizador: Alejandro de Freitas Paulino Matos
• 1945, São Francisco, EUA. 50 países assinaram a
Figura 2 - Presidente Wilson Woodrow
carta das Nações Unidas
• Assembleia-geral: composta por todos os países
membros
• Conselho de Segurança: formado por cinco mem-
bros permanentes (URSS, EUA, Inglaterra, França e
China) e mais dez membros provisórios eleitos
• Secretariado: presidido pelo Secretário Geral e com
atribuição de administrar e organizar a instituição
• Conselho econômico e Social: estão ligados diversos
órgãos, como a Unicef e a OMC
• Corte Internacional de Justiça: órgão jurídico da
ONU com sede em Haia, na Holanda

Disponível em: h�ps://www.britannica.com/biography/Woo-


drow-Wilson/First-term-as-president. Acesso em: 17 mar. 2023.

205
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO ORGANIZAÇÃO DO TRATADO
DO ATLÂNTICO NORTE

Foi criado em 1995, substituindo o antigo GATT (Acor-


Instituição militar criada durante o contexto inicial da
do Geral de Tarifas e Comércio, que no que lhe con-
Guerra Fria e que, basicamente, representava um tra-
cerne foi criado em 1947)
tado de defesa mútua entre os seus países-membros.
Princípios básicos:
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
1. não discriminação;
2. previsibilidade;
3. concorrência leal;
4. proibição de restrições quantitativas;
5. tratamento especial para países desenvolvidos.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Fundada em 1948, o objetivo da OMS, de acordo com


sua constituição, é garantir a todas as pessoas o mais
elevado nível de saúde. Vale destacar que essa agência
define saúde como um estado de completo bem-estar
�sico, mental e social, ou seja, a saúde é muito mais
do que a ausência de doenças.

Funções da OMS Fundada em 1919, logo após a Primeira Guerra Mun-


• Ajudar os Governos no fortalecimento dos serviços dial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi
de saúde. criada em um contexto de lutas e reivindicações dos
• Estimular trabalhos para erradicar doenças. movimentos sindicalistas do século XIX e início do sé-
• Promover a melhoria da nutrição, habitação, sa- culo XX. Para amenizar as injustiças sociais e promover
neamento, recreação, condições econômicas e de maior equidade entre as nações.
trabalho da população.
• Estimular a cooperação entre grupos cien�ficos para • Definir e promover normas e princípios e direitos
que estudos na área de saúde avancem. fundamentais no trabalho.
• Fornecer informações a respeito de saúde. • Criar maiores oportunidades de emprego e renda
• Realizar a classificação internacional das doenças. decentes para mulheres e homens.
• Melhorar a cobertura e a eficácia da proteção social
para todos;
• Fortalecer o tripartismo e o diálogo social.

206
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO
E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

01. (UERJ, 2013) Rússia e China rejeitam ameaça de


guerra contra Irã
A Rússia e a China manifestam sua inquietude com
1948, OECE. 1961, OCDE relação aos comentários do chanceler francês,
Bernard Kouchner, sobre a possibilidade de uma
BLOCOS ECONÔMICOS guerra contra o Irã. Kouchner acusou a impren-
sa de “manipular” suas declarações. “Não quero
• BENELUX (final da segunda guerra) que usem isso para dizer que sou um militarista”,
o Bélgica disso o chanceler, dias antes de os cinco membros
o Holanda (Netherland) permanentes do Conselho de Segurança da ONU
o Luxemburgo – França, China, Rússia, Reino Unido e Estados
• CECA (Comunidade europeia do carvão e do aço - Unidos – se reunirem para discutir possíveis no-
1951) vas sanções contra o Irã devido a seu programa
o Alemanha Ocidental nuclear.
o Itália (Adaptado de www.estadao.com.br, 18/09/2007).
o França
O Conselho de Segurança da ONU pode aprovar
TIPOS DE BLOCOS ECONÔMICOS deliberações obrigatórias para todos os países-
-membros, inclusive a de intervenção militar,
• Zonas de livre comércio como ilustra a reportagem. Ele é composto por
o Livre circulação de mercadorias e capital. quinze membros, sendo dez rotativos e cinco per-
Exemplo: NAFTA (Acordo norte-Americano de livre manentes com poder de veto.
comércio) A principal explicação para essa desigualdade de
poder entre os países que compõem o Conselho
• União aduaneira está ligada às características da:
o TEC: Tarifa Externa Comum a) geopolítica mundial na época da criação do
Exemplo: MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) organismo
b) parceria militar entre as nações com cadeira
• Mercado Comum cativa no órgão
o Tem a intensão de padronizar leis trabalhistas, c) convergência diplomática dos países com ca-
legislações econômicas, além da livre circulação de pacidade atômica
pessoas e empresas nacionais. d) influência política das transnacionais no perío-
do da globalização
• União econômica e monetária
o Adoção de uma moeda única e criação de um 02. (UFSC, 2016) Organizações internacionais são en-
banco central do bloco tidades criadas pelas nações do mundo visando
Exemplo: União Europeia trabalhar em comum para o pleno desenvolvimen-
• 1992 to das diferentes áreas da atividade humana: po-
• 27 membros lítica, economia, saúde, segurança, trabalho, etc.
• O EURO Em relação às proposições abaixo, marque V para
verdadeiro e F para falso:
BREXIT a) a Organização das Nações Unidas (ONU) foi cria-
• 2017 a 2020 da pelos países vencedores da Primeira Guerra
• Saída do Reino Unido da UE Mundial – apesar da oposição da União Sovié-
• “Britain” (Bretanha) e “Exit” (saída) tica – e tem como principal objetivo manter a
paz e a segurança internacionais.
BRICS – NÃO É BLOCO ECONÔMICO b) a Organização do Tratado do Atlântico Norte
• Brasil (OTAN) foi constituída em 1949, no contexto
• Rússia da Guerra Fria, como uma aliança militar das
• Índia potências ocidentais em oposição aos países
• China do bloco socialista, mas atualmente tem, entre
• África do Sul seus associados, países do antigo bloco socia-
lista.

207
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
c) uma das organizações mais bem-sucedidas é SEMANA 02
o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujo
principal objetivo é criar as condições para in- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os
vestimentos em infraestrutura e educação, sem impactos socioambientais decorrentes de práticas
ligação com questões financeiras dos países. de instituições governamentais, de empresas e de
d) a Organização Mundial do Comércio (OMC) indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
tem como principal objetivo criar as condições selecionando, incorporando e promovendo aquelas
necessárias para os acordos sobre livre movi- que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
mentação de pessoas, principalmente entre as tal e o consumo responsável.
populações do antigo “terceiro mundo”.
e) a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As-
diferentemente de outras instituições interna- similar a política energética brasileira, estudando
cionais, existiu apenas durante a vigência do
textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas,
bloco liderado pela extinta União das Repúbli-
gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con-
cas Socialistas Soviéticas.
siderações sobre os impactos ambientais e socioe-
f) o Banco Internacional para Reconstrução e De-
conômicos nestas políticas.
senvolvimento (BIRD) tem na atualidade apro-
ximadamente 185 países-membros e iniciou
suas atividades auxiliando na reconstrução da Objeto de conhecimento: Fontes de energia: matriz
Europa e de outros países devastados durante energética e fontes alternativas.
a Segunda Guerra Mundial.

03. A Organização para a Cooperação e Desenvol- A palavra energia vem do grego enérgeia, que sig-
vimento Econômico (OCDE) é um dos principais nifica ação. Embora não seja possível vê-la, a energia
organismos internacionais do mundo. O principal pode ser percebida pela força e capacidade de ação
objetivo dessa instituição é a: ou pelo trabalho realizado. Uma das metas que se
a) elevação dos indicadores educacionais das co- impõem no século XXI é garantir a oferta de energia
munidades tradicionais. em um mundo cada vez mais dependente da tecno-
b) promoção de padrões internacionais em dife- logia. Nesse cenário, o grande desafio é como obtê-la
rentes setores da sociedade. sem agredir a natureza e a um prego mais acessível
c) incentivação de trocas comerciais entre as prin- ao consumidor.
cipais indústrias mundiais.
d) preservação do meio ambiente nos países mais As fontes de energia são classificadas em não re-
industrializados do globo. nováveis e renováveis.
e) valorização das características culturais das na-
ções mais desenvolvidas. Energia não renovável
Disponível em: h�ps://exercicios.mundoeducacao.uol.
com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-ocde.htm.
“A energia não renovável (ou energia suja) são
04. Explique o contexto histórico em que se deu a aquelas produzidas a partir de fontes de energia que
criação da Organização das Nações Unidas (ONU) se esgotam na natureza, portanto, causam diversos
e qual era seu objetivo? impactos ambientais.
Essa energia de origem orgânica (de origem vege-
05. A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada tal ou animal) é limitada e demora milhões de anos
em 1945, após a Segunda Guerra Mundial (1939- para se formarem na natureza.
1945) com a missão de Ainda que apresentem grandes quantidades, se
a) promover a paz e a segurança internacionais. esgotadas não podem ser regeneradas facilmente,
b) promover a paz e a segurança europeia. uma vez que suas reservas são finitas.
c) criar projetos contra a fome no mundo.
d) realizar ações humanitárias nacionais. Exemplos de fontes de energia não renováveis
• Combus�veis Fósseis: são oriundos de restos
06. A Assembleia Geral da ONU é o mais importante orgânicos (animais e plantas) que ao longo dos anos
fórum de debates da instituição e o único de seus foram se acumulando na crosta terrestre. São eles: o
órgãos que petróleo, carvão mineral, xisto, betume e gás natural.
a) tem integrantes de apenas uma nacionalidade. A queima de combus�veis fósseis libera diversos
b) não reúne todos os países membros. gases nocivos que influenciam no aumento do efeito
c) reúne todos os países membros. estufa e do aquecimento global.
d) reúne quase todos os países membros.

208
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Como consequência temos a poluição do meio essencial à vida, é por meio dela que realizamos ati-
ambiente bem como as mudanças climáticas. Embo- vidades que vão desde iluminar o ambiente de casa,
ra seja muito poluente, no mundo atual é o tipo de até ações mais complexas como a produção de equi-
fonte mais utilizada para a geração de energia, com pamentos tecnológicos.
destaque para o petróleo. A energia é um fator essencial à sobrevivência,
mas a maneira como ela é aproveitada consegue im-
• Combus�veis Nucleares: a energia nuclear ou pactar nos ciclos naturais do planeta. Existem dife-
atômica é uma das mais perigosas, uma vez que pode rentes fontes energéticas que estão distribuídas em
causar danos irreversíveis no planeta. dois grupos: renováveis e não-renováveis. Embora as
Ela é proveniente de elementos radioativos, sendo renováveis sejam ideais para o consumo mais cons-
obtida a partir da fissão do átomo do urânio e tó- ciente e econômico, elas não são predominantemente
rio. O custo da geração de energia a partir das usinas utilizadas por grande parte do mundo.
nucleares é relativamente alto e seu sistema muito
complexo. Afinal, o que são as fontes de energia renováveis?
Ainda que seja uma opção energética vantajosa (alta
produção de energia), os riscos de contaminação radio- As fontes de energia renováveis remetem a toda
ativa são elevados, além da poluição térmica que gera. energia encontrada em abundância na natureza e é
resultante de recursos renováveis. A água, o sol e o
Vantagens e Desvantagens vento são três tipos de recursos do meio ambiente
que podem ser usados para a produção de energia.
Vantagens Mas vale ressaltar que o termo renovável não signi-
Uma das principais vantagens da utilização de fon- fica inesgotável, a água, por exemplo, requer o uso
tes de energia não renováveis é que elas são mais consciente.
baratas na implementação, manutenção e transporte.
São as mais conhecidas e utilizadas em diversos E quais são os tipos e os bene�cios das fontes
países, uma vez que possuem um elevado rendimento renováveis?
energético em comparação com as energias renová-
veis. As fontes de energia renováveis conseguem trazer
Além disso, seu uso tem gerado muito postos de diferentes bene�cios não apenas ao meio ambiente,
trabalho (sobretudo nos países subdesenvolvidos), mas também vantagens econômicas e sociais. Para a
contribuindo para a melhoria da economia e da dis- natureza, esse recurso produz menos poluentes com-
tribuição de renda. paradas às não-renováveis. Já quanto à economia, elas
são mais baratas, ou seja, a conta de energia para o
Desvantagens consumidor final tem menor custo. Por fim, a implan-
No entanto, a utilização dos recursos não reno- tação de fontes renováveis também pode trazer maior
váveis gera muitos poluentes e possui um elevado geração de renda.
impacto ambiental, por exemplo: aquecimento global,
chuva ácida, perda da biodiversidade, bem como o Estão entre os exemplos de fontes de energias re-
esgotamento das fontes. nováveis:
Os gases liberados pela queima desses combus- • Biomassa;
�veis poluem o ar e contribuem para o aumento do • Energia solar;
efeito estufa e do aquecimento global. • Energia eólica;
Muitos acidentes causados pelos combus�veis • Energia hídrica;
fosseis e nucleares (derramamento de petróleo, ex- • Energia Maremotriz e entre outras.”
plosão de usina nuclear, etc.) são extremamente de-
gradantes, e podem acabar com um ecossistema ou ALVES, Jéssica. O que são fontes de energias renováveis: entenda
poluir uma área por longo tempo.” o conceito e os bene�cios. E+B Educação, 21 jul. 2021. Disponível
ENERGIA NÃO RENOVÁVEL. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: em: h�ps://www.educamaisbrasil.com.br/cursos-e-faculdades/
h�ps://www.todamateria.com.br/energia-nao-renovavel/. Acesso engenharia-eletrica/noticias/o-que-sao-fontes-de-energias-re-
em: 30 mar. 2022. novaveis-entenda-o-conceito-e-os-beneficios?gclid=cj0kcqjw_
4-sbhcgarisaalegrxascnxxe7byqyncm1pemn7f4xqckfa-pzjscyfe-
O que são fontes de energias renováveis: enten- zhkbupl-gniltoaajxkealw_wcb. Acesso em: 30 mar. 2022.
da o conceito e os bene�cios

“Fontes de energias renováveis é um tema discu- Pesquisa: observe o quadro com exemplos de fon-
tido, principalmente quando o assunto refere-se ao tes de energia renovável e pesquise como elas são
consumo sustentável. De fato, a energia é um recurso desenvolvidas e como são utilizadas no Brasil.

209
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 03 MATRIZ ENERGÉTICA

HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os O mundo possui uma matriz energética composta,
impactos socioambientais decorrentes de práticas principalmente, por fontes não renováveis, como o
de instituições governamentais, de empresas e de carvão, petróleo e gás natural:
indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
selecionando, incorporando e promovendo aquelas
que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
tal e o consumo responsável.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As-


similar a política energética brasileira, estudando
textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas,
gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con-
siderações sobre os impactos ambientais e socioe-
conômicos nestas políticas.

Objeto de conhecimento: Fontes de energia: matriz


energética e fontes alternativas.
Matriz Energética Mundial 2019 (IEA, 2021)

Fontes renováveis como solar, eólica e geotér-


Matriz Energética e Elétrica
mica, por exemplo, juntas correspondem a apenas
2% da matriz energética mundial, assinaladas como
“Como vimos no texto O que é energia? Precisa-
“Outros” no gráfico. Somando à participação da ener-
mos de energia, por exemplo, para acender a luz, pre-
gia hidráulica e da biomassa, as renováveis totalizam
parar nossas refeições e nos transportar de carro até a
aproximadamente 14%.
escola, a praia... Essa energia vem de um conjunto de
A matriz energética do Brasil é muito diferente da
fontes que formam o que chamamos de matriz ener-
mundial. Por aqui, apesar do consumo de energia de
gética. Ou seja, ela representa o conjunto de fontes
fontes não renováveis ser maior do que o de renová-
disponíveis em um país, estado, ou no mundo, para
veis, usamos mais fontes renováveis que no resto do
suprir a necessidade (demanda) de energia.
mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica,
derivados de cana e outras renováveis, nossas reno-
váveis totalizam 48,3%, quase metade da nossa matriz
energética:

Muitas pessoas confundem a matriz energética


com a matriz elétrica, mas elas são diferentes. En-
quanto a matriz energética representa o conjunto
de fontes de energia disponíveis para movimentar
os carros, preparar a comida no fogão e gerar eletri-
cidade, a matriz elétrica é formada pelo conjunto de
fontes disponíveis apenas para a geração de energia Matriz Energética Brasileira 2020 (BEN, 2021)
elétrica. Dessa forma, podemos concluir que a matriz
elétrica é parte da matriz energética.

210
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
A matriz elétrica brasileira é ainda mais renová-
vel do que a energética, isso porque grande parte da
energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas hi-
drelétricas. A energia eólica também vem crescendo
bastante, contribuindo para que a nossa matriz elé-
trica continue sendo, em sua maior parte, renovável.

Percebemos pelo gráfico que a matriz energética brasileira


é mais renovável do que a mundial.

Essa característica da nossa matriz é muito im-


portante. As fontes não renováveis de energia são
as maiores responsáveis pela emissão de gases de
efeito estufa (GEE). Como consumimos mais energia
das fontes renováveis que em outros países, dividindo
Matriz Elétrica Brasileira 2020 (BEN, 2021)
a emissão de gases de efeito estufa pelo número total
de habitantes no Brasil, veremos que nosso país emite
menos GEE por habitante que a maioria dos outros
países. Você pode aprender mais sobre esse assunto
em Mudanças climáticas e Transição energética.

Agora que sabemos o que é a matriz energética e


conhecemos sua composição no Brasil e no mundo,
vamos descobrir mais sobre a matriz elétrica?

MATRIZ ELÉTRICA

Como já vimos no início desse texto, a matriz elé-


trica é formada pelo conjunto de fontes disponíveis
apenas para a geração de energia elétrica em um país, Aprendemos com o gráfico que a matriz elétrica
estado ou no mundo. Precisamos da energia elétrica, brasileira é baseada em fontes renováveis de energia,
por exemplo, para assistir televisão, ouvir músicas no ao contrário da matriz elétrica mundial. Isso é ótimo
rádio, acender a luz, ligar nossa geladeira, carregar para o Brasil, pois além de possuírem menores custos
nosso celular, entre tantas outras coisas. de operação, as usinas que geram energia a partir
A geração de energia elétrica no mundo é base- de fontes renováveis, em geral, emitem bem menos
ada, principalmente, em combus�veis fósseis como gases de estufa.”
carvão, óleo e gás natural, em termelétricas. Vamos
conhecer a matriz elétrica mundial? MATRIZ ENERGÉTICA E ELÉTRICA. EPE, [s.d.]. Disponível em: ht-
tps://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-ele-
trica. Acesso em: 30 mar. de 2022.

01. Qual das seguintes fontes de produção de ener-


gia é a mais recomendável para a diminuição dos
gases causadores do aquecimento global?
A) óleo diesel.
B) gasolina.
C) carvão mineral.
D) gás natural.
Matriz Elétrica Mundial 2019 (IEA, 2021) E) vento.

211
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
02. Empresa vai fornecer 230 turbinas para o segundo E o povo vai se embora com medo de se afogar
complexo de energia à base de ventos, no sudeste Remanso, Casa Nova, Santo Sé, Pilão Arcado, So-
da Bahia. O Complexo Eólico Alto Sertão, em 2014, bradinho adeus, adeus.
terá capacidade para gerar 375 MW (megawa�s), Fonte: CD: Outra vez na Estrada, Som Livre, 2001
total suficiente para abastecer uma cidade de 3
milhões de habitantes. O Rio São Francisco é utilizado de forma múlti-
MATOS, C. GE busca bons ventos e fecha contrato de R$ pla pelo homem, com importância fundamental
820 mi na Bahia. na integração e desenvolvimento do Brasil. Essa
Folha de S. Paulo, 2 dez. 2012.
utilização intensa gerou riquezas para o país ao
mesmo tempo, em que trouxe, também, sérios
A opção tecnológica retratada na no�cia propor- prejuízos ambientais.
ciona a seguinte consequência para o sistema Com base no texto e na literatura sobre o assunto,
energético brasileiro: é correto afirmar que a música retrata o(a)
A) redução da utilização elétrica. A) projeto de transposição do rio São Francisco,
B) ampliação do uso bioenergético. que modificou seu curso para possibilitar a ir-
C) expansão das fontes renováveis. rigação.
D) contenção da demanda urbano-industrial. B) sistema de irrigação da fruticultura nos mu-
E) intensificação da dependência geotérmica. nicípios citados na música, o qual acelerou o
processo de desertificação.
03. (PUC-RS, 2013) INSTRUÇÃO: para resolver a ques- C) transporte de carga de cereais por sua hidrovia,
tão, leia o texto a seguir, sobre fontes de energia, e principalmente a soja cultivada no oeste baia-
selecione as palavras/expressões que preenchem no, o que ocasionou assoreamento na maioria
correta e coerentemente as lacunas. do rio.
D) destruição das cidades citadas na música pela
O ____________foi importante fonte de energia grande enchente nos anos de 1950 e a poste-
para a Primeira Revolução Industrial. Atualmente, rior reconstrução das mesmas.
as maiores reservas estão localizadas no hemis- E) construção de uma usina hidrelétrica que ge-
fério ________. É um dos principais responsáveis rou o maior lago artificial do país, inundando
pela,____________pois sua queima libera grande as cidades citadas na música.
quantidade de óxido de enxofre na atmosfera.
05. As usinas hidrelétricas são amplamente utilizadas
A) carvão mineral — norte — chuva ácida no território brasileiro, sendo consideradas fontes
B) petróleo — sul — poluição dos oceanos energéticas renováveis, já que utilizam da água
C) petróleo — sul — chuva ácida para gerar a energia. A principal desvantagem das
D) carvão mineral — sul — poluição dos oceanos usinas hidrelétricas está atrelada ao
E) petróleo — norte — chuva ácida A) abrangente impacto ambiental gerado por
meio da sua instalação.
04. Considere a letra da música de Sá, Rodrix e Gua- B) emprego restritivo da energia produzida em
rabyra. áreas residenciais.
C) uso de combus�veis fósseis para o seu funcio-
Sobradinho namento.
D) processo de emissão de poluentes nas águas
O homem chega, já desfaz a natureza dos reservatórios.
Tira a gente, põe represa, diz que tudo vai mudar E) pequeno custo para a instalação das turbinas
O São Francisco lá prá cima da Bahia geradoras de energia.
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia 06. Assinale qual alternativa apresenta apenas fontes
Do beato que dizia que o sertão ia alagar renováveis de energia:
O sertão vai virar mar, dá no coração A) carvão mineral, solar, eólica e biomassa.
O medo que algum dia o mar também vire sertão B) biomassa, solar, eólica e gás natural.
Vai virar mar, dá no coração C) nuclear, petróleo, gás natural e biomassa.
O medo que algum dia o mar também vire sertão D) eólica, solar, hidrelétrica e biomassa.
Adeus Remanso, Casa Nova, Santo Sé Adeus Pilão E) solar, eólica, carvão natural e nuclear.
Arcado, vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira 07. A energia eólica é uma das fontes de energia que
Por cima da cachoeira o gaiola vai subir mais crescem no Brasil. Esse tipo de energia utiliza
Vai ter barragem no salto do Sobradinho

212
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
o vento, logo, é uma fonte de energia renovável e D) os prejuízos econômicos, que serão superados
não poluente. Qual região brasileira tem se des- pelos bene�cios trazidos para a população local.
tacado na produção de energia eólica no país? E) as transformações sociais, necessárias em
A) Centro-Oeste qualquer processo de desenvolvimento.
B) Nordeste
C) Norte 10. Como é corretamente chamado o tipo de energia
D) Sudeste gerado pelas marés?
E) Sul A) Nuclear
B) Geotérmica
08. Esse tipo de energia é obtido por meio do calor C) Solar
gerado no interior da crosta terrestre, sendo es- D) Maremotriz
pecialmente instalada em áreas com intensa ativi- E) Eólica
dade vulcânica. Qual o nome da fonte de energia
renovável tratada na frase anterior?
As bacias sedimentares são um tipo de estrutura SEMANA 04
geológica caracterizada pela sua presença em áre-
as de depressão relativa ou absoluta resultantes HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os
do acúmulo de sedimentos (par�culas de rochas), impactos socioambientais decorrentes de práticas
formando várias camadas de rochas sedimenta- de instituições governamentais, de empresas e de
res. indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
PENA, Rodolfo F. Alves. Bacias sedimentares. Brasil Escola. selecionando, incorporando e promovendo aquelas
Disponível em: h�ps://brasilescola.uol.com.br/geografia/
bacias-sedimentares.htm.
que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
tal e o consumo responsável.
O texto acima conceitua as bacias sedimentares.
Quais fontes de energia estão diretamente ligadas Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As-
às formações sedimentares? similar a política energética brasileira, estudando
A) Carvão mineral e eólica textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas,
B) Petróleo e gás natural gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con-
C) Carvão vegetal e solar siderações sobre os impactos ambientais e socioe-
D) Gás natural e nuclear conômicos nestas políticas.
E) Gás natural e biomassa
Objeto de conhecimento: Fontes de energia: matriz
09. (Enem 2011). Planejada ainda na Ditadura, a hi- energética e fontes alternativas.
drelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior
do mundo, virou um retrato do dilema a respeito
do futuro do Brasil. Para crescer, gerar empregos Potencial para geração de energia solar em
e reduzir a alarmante desigualdade social, o país Goiás é apresentado na Expo Municípios
precisará de energia em abundância. O que vozes
respeitadas perguntam, porém, é se uma grande “Em palestra na Expo Municípios, Adriano da Ro-
usina no meio da Amazônia é a melhor saída. cha Lima destacou projetos que visam alavancar setor
SIQUEIRA, A. Carta Capital. Ano XV, n° 593, 2010 no Estado
(adaptado).

Os impactos decorrentes da construção da hi-


drelétrica de Belo Monte sobre os diversos atores
que vivem na região onde se pretende construí-la
estão relacionados com
A) a promoção do desenvolvimento das ativida-
des tradicionais, possibilitada pela disponibi-
lidade de energia.
B) a ampliação das oportunidades de emprego,
que absorve as populações prejudicadas por
sua construção.
C) os riscos de deterioração das atividades tra-
dicionais, causados pelas transformações no O potencial de Goiás em geração de energia foto-
território. voltaica e os desafios para o desenvolvimento desta

213
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
matriz energética no Estado foram apresentados pelo sobre a geração de emprego, que segundo ele a cada
titular da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação megawa� instalado são gerados quase 30 empregos
(SEDI), Adriano da Rocha Lima, nesta quinta-feira (8), diretos. “A energia solar é necessária para o futuro e
em sua palestra sobre Energia Solar, no Centro de para o presente para gerar novos empregos e favore-
Cultura e Convenções de Goiânia, na Expo Municí- cer o desenvolvimento econômico”.”
pios, evento promovido pela Federação Goiana de
Municípios (FGM). SEDI. Potencial para geração de energia solar em Goiás é apre-
sentado na Expo Municípios. Comunicação Setorial – SEDI, 08
No momento em que Goiás vive uma crise ener-
ago. 2019. Disponível em: h�ps://www.desenvolvimento.go.gov.
gética, por conta da prestação deficitária da Enel, o br/noticias/2958-potencial-para-gera%C3%A7%C3%A3o-de-ener-
secretário Adriano da Rocha Lima, que tem estado gia-solar-em-goi%C3%A1s-%C3%A9-apresentado-na-expo-muni-
com o governador Ronaldo Caiado na busca de so- c%C3%ADpios.html. Acesso em: 30 mar. 2022.
luções para a resolução desta questão, aponta que o
Governo também está atento e ávido por alavancar
a produção de energia solar como uma alternativa
sustentável e viável.
“O Estado de Goiás não só está no país com mais
radiação solar do mundo, como está numa das regiões Produção de texto.
mais privilegiadas do Brasil. Então a gente poderia
dizer que Goiás está situado nos melhores locais do As energias renováveis são fontes inesgotáveis de
mundo para se utilizar este tipo de fonte de energia”, energia obtidas da Natureza que nos rodeia, como o
ressaltou o titular da SEDI. Sol ou o Vento. Estas energias podem ser:
Hoje, a energia solar corresponde a 0,3% da matriz • Energia Solar - A energia do Sol pode ser convertida
energética goiana e a 1,2% da matriz energética brasi- em electricidade ou em calor, como por exemplo
leira. Segundo Adriano da Rocha Lima, este panorama os painéis solares fotovoltaicos ou térmicos para
deve mudar de forma rápida. A projeção da energia aquecimento do ambiente ou de água;
solar na matriz energética brasileira para 2040 é de • Energia Eólica - A energia dos ventos que pode ser
32%, ultrapassando a energia hídrica. convertida em electricidade através de turbinas
A energia solar em Goiás ainda representa uma eólicas ou aerogeradores;
parcela muito pequena de 40 megawa�s de geração • Energia Hídrica - A energia da água dos rios, das
de energia solar. Conforme o titular da SEDI, em ter- marés e das ondas que podem ser convertidas em
mos percentuais esta produção é irrelevante, e um dos energia eléctrica, como por exemplo as barragens;
gargalos é a legislação que ainda não está atualizada • Energia Geotérmica A energia da terra pode ser
a fim de permitir maior investimento nesta área. convertida em calor para aquecimento do ambiente
“Nós temos que cada vez mais pensar em incenti- ou da água;
var esta geração de energia e focar na energia distri- (...)
Disponível em: h�ps://www.energiasrenováveis.com/
buída, pois é o caminho de atingir cada vez mais um Acesso em 31 de março de 2023.
número maior de pessoas com uma energia de fonte
limpa e de excelente qualidade, e sem riscos de um Escreva um texto dissertativo argumentativo (mínimo
apagão como vivemos com a energia hídrica, com a 20 linhas e máximo 30 linhas) que trate do uso de
seca”, frisou o titular da SEDI. energias renováveis para o Estado de Roraima.
Durante sua palestra, Adriano também ressaltou
que o crescimento do setor produtivo e o consequente Disponível em: h�ps://vestibulares.estrategia.com/public/
aumento da arrecadação do Estado não vão caminhar questoes/PROPOSTA-REDACA-TEMA3194b73be20/ Acesso
de forma adequada caso não haja oferta adequada de em 31/03 de 2023
energia de qualidade e em abundância e disponível
em qualquer parte do Estado para que as indústrias
se estabeleçam.
Além disso, o Secretário afirmou que o governo
deve pensar suas ações tendo em mente o reflexo no
futuro. “Nossas ações não podem só resolver proble-
mas do presente, mas têm que preservar o futuro, isto
é uma questão basicamente de ética: você proteger
o futuro por ações no presente”.
Ao falar dos pontos positivos da energia fotovol-
taica, como ser uma fonte inesgotável, limpa, sus-
tentável e renovável, Adriano também citou dados

214
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 05 de Petróleo), formada pelos principais produtores de
petróleo do mundo para unificar o preço do produto,
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os promovendo um cartel internacional e controlando a
impactos socioambientais decorrentes de práticas oferta do produto no mercado.
de instituições governamentais, de empresas e de O petróleo também serve como instrumento polí-
indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, tico para exercer pressão sobre as grandes potências
selecionando, incorporando e promovendo aquelas mundiais.
que favoreçam a consciência e a ética socioambien- Estados Unidos e Europa apoiaram Israel na guer-
tal e o consumo responsável. ra contra os árabes, fornecendo armamentos, tal fato
irritou os países árabes, que utilizou o petróleo como
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As- meio de atingir as nações que apoiavam Israel, pois
similar a política energética brasileira, estudando diminuíram a produção e elevaram os preços.
textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas, Entre as décadas de 80 e 90 várias oscilações no
gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con- valor do petróleo ocorreram.
siderações sobre os impactos ambientais e socioe- As crises do petróleo podem ser provocadas por
conômicos nestas políticas. conflitos no Oriente Médio, que limita a produção e
eleva o valor. O nível de consumo de um importador
Objeto de conhecimento: Sistema capitalista, in- interfere no preço, reforçando a lei da oferta e pro-
dustrialização e fontes de energia. cura.
Ao analisar esses fatos, que muitas vezes provo-
cam divergências, dá para imaginar o que acontecerá
A Crise do Petróleo quando esse recurso esgotar, pois estimativas revelam
que o combus�vel se findará daqui a 70 anos, aproxi-
“A crise do petróleo vem ocorrendo desde a dé- madamente, o que forçará o homem a buscar novas
cada de 1970, quando foi descoberto que o petróleo alternativas de fonte de energia.”
é uma fonte esgotável.
REFERÊNCIA
FREITAS, Eduardo de. A crise do petróleo. Brasil Escola,
[s.d.]. h�ps://brasilescola.uol.com.br/geografia/a-crise-do-
-petroleo.htm. Acesso em 30 de março de 2022. Acesso
em: 30 mar. 2022.

As crises do petróleo abalaram seriamente a


economia internacional nas décadas de 1970 e 1980

“Transformado em uma das mais importantes


fontes de energia do mundo, o petróleo ainda ocupa
posição fundamental no sustentáculo de várias eco-
nomias. Atualmente, a variação do preço do barril
no mercado internacional consegue provocar crises
O petróleo é um recurso que pode se esgotar
econômicas de grandes proporções. Desde os me-
gainvestidores até os mais simples consumidores da
Desde que o petróleo foi descoberto, no final do
cadeia econômica, se transformam em um frágil alvo
século XIX, foi consumido pela sociedade de forma
das oscilações do “diamante negro”.
abundante, principalmente na atual sociedade indus-
A expansão de seu consumo aconteceu, inicial-
trial e de consumo.
mente, graças à popularização dos automóveis produ-
Na década de 70 descobriu-se que o petróleo é
zidos em série e a utilização de motores combus�veis
uma fonte esgotável, tal afirmação elevou o preço
em outros meios de transporte. Com isso, na primeira
do produto, em pouco mais de sete anos o preço do
metade do século XX, grandes indústrias petroleiras
barril de petróleo praticamente triplicou.
buscaram capitanear a exploração desse recurso, prin-
Isso provocou o aumento do valor do produto
cipalmente no Oriente Médio. Frágeis ou mesmo sem
primário de países subdesenvolvidos, superando os
condições de controle, essas nações viram sua riqueza
produtos industrializados oriundos de países desen-
nacional sistematicamente explorada.
volvidos.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, essa situ-
Foram vários os fatores que propiciaram a eleva-
ação se transformou com a ascensão de governos in-
ção do preço do petróleo, dentre eles podemos citar a
teressados em controlar a exploração de petróleo em
criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores
seus próprios países. Em posição frágil, por conta das

215
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
terríveis perdas causadas pelas guerras, as grandes com que se unissem para desfrutar dos maiores lucros
nações capitalistas não tiveram outra opção a não ser possíveis com o produto que vendiam. No ano seguin-
reconhecer a nova política das nações médio-orien- te à criação, em 1961, foi realizada uma conferência
tais. Enfim, era melhor reduzir os lucros da exploração em Caracas onde foram definidos três objetivos para
do que correr o risco de não ter acesso aos valiosos a OPEP: o aumento da receita dos países membros
barris de petróleo. visando o desenvolvimento de cada um deles; promo-
ver um aumento gradativo do controle sobre a pro-
REFERÊNCIA dução de petróleo, para desbancar as multinacionais;
SOUSA, Rainer Gonçalves. Crise do petróleo. Brasil Escola, unificar as políticas de produção. A primeira medida
[s.d.]. h�ps://brasilescola.uol.com.br/historiag/petroleo1. prática tomada pela OPEP foi aumentar o valor dos
htm. Acesso em 30 de março de 2022. Acesso em: 30 mar. royalties pagos pelas empresas transnacionais e as
2022.
onerar com um imposto.
Na década de 1970 descobriu-se que o petróleo
“A crise do petróleo iniciou-se quando se desco-
é um recurso natural não renovável. Estima-se que
briu na década de 1970 que o recurso natural não é
em 70 anos o produto se esgote. Tal descoberta fez
renovável. Em decorrência disto ou utilizando o fato
o preço do produto se alterar, fazendo-o triplicar no
como pretexto, o preço do petróleo sofreu muitas va-
final de 1977. A OPEP já vinha diminuindo a oferta de
riações a partir de tal década, marcando efetivamente
petróleo desde sua criação para alcançar os objetivos
cinco momentos de crise do produto.
que tinha traçado e por causa disso uma série de con-
O petróleo foi descoberto ainda no século XIX,
flitos ocorreram com os países árabes integrantes da
mas desde momento tornou-se fundamental e pre-
OPEP. Os conflitos foram: a Guerra dos Seis Dias, em
sente ativamente na vida da sociedade. O produto
1967; a Guerra do Yom Kippur, em 1973; a Revolução
se tornou precioso e passou a ser chamado de “ouro
Islâmica no Irã, em 1979 e a Guerra Irã-Iraque, a partir
negro”, já que os felizardos por descobrir poços de
de 1980.
petróleo enriqueciam-se demasiadamente, tamanho
Em apenas cinco meses, entre outubro de 1973 e
o mercado consumidor que se estruturou em torno
março de 1974, o preço do petróleo aumentou 400%,
do recurso natural. O desenvolvimento da sociedade
causando reflexos poderosos nos Estados Unidos e
industrial e de consumo ampliou mais ainda os lucros
na Europa e desestabilizando a economia por todo
obtidos com o petróleo.”
o mundo. É justamente este momento que coincide
Apesar disso, outras questões políticas serviram
com o fim do milagre econômico ocorrido na ditadura
para que o controle exercido pelas nações do Oriente
militar no Brasil. A crise do petróleo que barrou os
Médio causasse sérias preocupações aos grandes ca-
altos índices de crescimento do Brasil foram funda-
pitalistas. No começo da década de 1970, as nações
mentais para a população começar a se rebelar contra
produtoras começaram a regular o escoamento da
o regime militar no país, fazendo aumentar as críti-
produção petrolífera por conta de sua natureza não
cas e transparecer os abusos que o governo encobria
renovável. Em 1973, o valor do barril mais que tripli-
ao longo dos anos com a máscara do crescimento
cou em um curto período de três meses.
nacional. Mas antes dessa crise houvera outra. São
“No Golfo Pérsico o petróleo foi descoberto em
identificados cinco momentos na história mundial de
1908 no Irã, devido ao forte atrativo pelo “ouro negro”
crise do petróleo.
e pela grande reserva descoberta, a região passou a
O primeiro deles ocorreu em 1956 quando o pre-
ser explorada e visada estrategicamente por países do
sidente do Egito nacionalizou o Canal de Suez que era
mundo todo. No ano de 1960 aconteceu um encontro
de propriedade de uma empresa Anglo-Francesa. A
em Bagdá reunindo os cinco principais países produ-
medida fez com que o abastecimento de produtos nos
tores de petróleo do mundo, dos quais quatro eram
países ocidentais fosse interrompido, o que causou
da região do Golfo Pérsico: Arábia Saudita, Iraque, Irã,
aumento no preço do recurso natural.
Kuwait e Venezuela. Apenas este último país represen-
O segundo momento foi o relatado acima, de
tava a América do Sul. No encontro os participantes
1973, como via de protesto ao apoio que os Estados
acordaram pela criação da Organização dos Países
Unidos davam a Israel durante a Guerra do Yom Kipur.
Exportadores de Petróleo (OPEP), a intenção era de
No qual os países membros da OPEP supervalorizaram
protestar contra o achatamento do preço do barril de
o preço do petróleo.
petróleo praticado por um grupo de empresas petro-
O terceiro ocorreu durante a crise política no Irã
leiras ocidentais, chamado de “sete irmãs”. Este grupo
que desorganizou o setor de produção no país. Logo
envolvia as empresas Standart Oil, Royal Dutch Shell,
em seguida à Revolução do Irã, travou-se uma guerra
Móbil, Gulf, BP e Standart Oil da Califórnia.
entre o mesmo país e o Iraque que reduziram a pro-
Os membros da OPEP são os maiores produto-
dução de petróleo e causaram o aumento do preço
res de petróleo do mundo, juntos somam 27,13% da
do produto no mundo, já que os dois eram os maiores
produção mundial. Esta tamanha representação fez

216
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
produtores e a oferta do petróleo ficou reduzida no 05. Qual a principal causa da crise do petróleo na dé-
mercado mundial. cada de 1970?
Em 1991 iniciou-se a Guerra do Golfo que gerou
um novo momento de crise. O Kuwait foi invadido pelo
Iraque, os Estados Unidos intervieram no conflito e
expulsaram os iraquianos do Kuwait, que antes de sair
incendiaram poços de petróleo de tal país, causando
uma crise econômica e ecológica.
O quinto momento de crise é muito recente, em
2008 movimentos especulativos de escala global fize-
ram com que o preço do produto subisse 100% entre
os seis primeiros meses do ano.”

REFERÊNCIA
GASPARETTO JUNIOR, Antonio. Crise do petróleo. Info Es-
cola, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.infoescola.com/
economia/crise-do-petroleo/. Acesso em: 30 mar. 2022.

06. Por que é necessário diversificar a matriz energé-


tica mundial?
01. Quais eram as empresas conhecidas como “as sete
irmãs”?

02. Qual o significado de OPEP?

03. Quais são os países membros da OPEP?

04. Qual a importância da OPEP?

217
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
SEMANA 06 02. Apesar da descoberta e desenvolvimento de ou-
tras fontes energéticas, o carvão mineral continua
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os sendo bastante utilizado como fonte de energia.
impactos socioambientais decorrentes de práticas Qual a principal utilidade do carvão mineral?
de instituições governamentais, de empresas e de
indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
selecionando, incorporando e promovendo aquelas
que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
tal e o consumo responsável.

Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304A) As-


similar a política energética brasileira, estudando
textos geográficos, cien�ficos, jornalísticos, mapas,
gráficos, dados esta�sticos e outros para fazer con-
siderações sobre os impactos ambientais e socioe-
conômicos nestas políticas.

Objeto de conhecimento: Sistema capitalista, in-


dustrialização e fontes de energia.
03. A fonte de energia básica da primeira Revolução
Industrial, na Grã-Bretanha, no século XVIII, foi:
Quadro 1 - Sistema capitalista, industrialização e fontes a) petróleo.
de energia b) gás natural.
c) carvão mineral.
d) energia nuclear.
e) energia hidrelétrica.

04. A intensificação do uso de fontes de energia de ori-


gem fóssil (carvão mineral, petróleo, gás natural,
etc.) gera vários problemas ambientais. Aponte os
principais problemas gerados pelo carvão mineral.

Fone: produção autoral

05. (PUC-PR) A industrialização europeia teve como


01. Como ocorre o processo de formação do carvão base energética o uso do carvão mineral. Até hoje,
mineral? mesmo com a ampliação do uso de petróleo, da
energia hidrelétrica e das usinas nucleares, o car-
vão permanece como importante fonte energéti-
ca, principalmente, nos países da Europa Oriental.
Ocorre, porém, que a queima do carvão mineral,
em grandes quantidades, pode provocar o aumen-
to do volume do óxido de enxofre na atmosfera
e, com isso, o fenômeno:
a) da chuva ácida.

218
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
b) do vento geotrópico. SEMANA 07 e 08
c) da rarefação do ar.
d) desertificação. HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS304) Analisar os
e) da redução da ionosfera. impactos socioambientais decorrentes de práticas
de instituições governamentais, de empresas e de
06. O petróleo é um combus�vel fóssil e não renová- indivíduos, discutindo as origens dessas práticas,
vel. A sua origem está atrelada à selecionando, incorporando e promovendo aquelas
a) formação de grandes aquíferos subterrâneos. que favoreçam a consciência e a ética socioambien-
b) decomposição de restos de animais e vegetais. tal e o consumo responsável.
c) evaporação de gases provenientes da erosão.
d) condensação de grandes reservas de minerais. Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS304C) Pro-
e) sedimentação de restos de rochas magmáticas. blematizar as questões ambientais do cerrado e
demais biomas brasileiros para percebê-los como
07. Quais são os dois hidrocarbonetos que compõem parte importante da biodiversidade e da manu-
o petróleo? tenção do equilíbrio ambiental e ecológico local
a) Carbono e hidrogênio. e global.
b) Nitrogênio e hidrogênio.
c) Oxigênio e sais minerais. Objeto de conhecimento: Brasil: biomas e forma-
d) Carbono e sedimentos. ções vegetais.
e) Ozônio e gases nobres.

08. O petróleo é muito utilizado como fonte de ener- Domínios morfoclimáticos do Brasil
gia, mas também possui diversos usos industriais.
Um desses usos é a “A paisagem brasileira pode ser dividida em seis
a) fabricação de plásticos. domínios morfoclimáticos, conforme classificação de
b) confecção de papéis. Aziz Ab’Sáber. Entre essas grandes regiões, ficam as
c) produção de orgânicos. faixas de transição.
d) extração de alimentos.
e) construção de estradas.

09. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um de-


rivado do petróleo:
a) querosene.
b) metal.
c) óleo diesel.
d) asfalto.
e) gasolina.

10. O petróleo é um recurso renovável diretamente


relacionado à formação de determinadas feições
de relevo. Essas feições são
a) as montanhosas rochosas.
b) as cordilheiras de serras.
c) as bacias sedimentares.
d) os planaltos metamórficos.
Distribuição dos domínios morfoclimáticos no território brasileiro.
e) os dobramentos modernos.
Os domínios morfoclimáticos são grandes regiões
delimitadas com base na presença de elementos
em comum que formam paisagens homogêneas.
Esses elementos são o clima, a vegetação, o solo,
o relevo e a hidrografia. O geógrafo Aziz Ab’Sáber
identificou seis domínios no Brasil:
• amazônico
• da caatinga
• do cerrado
• dos mares de morro

219
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
• das araucárias • Acre
• das pradarias • Amazonas
• Pará
Entre eles se formam faixas de transição. • Amapá
• parte de Roraima e Rondônia
Domínios morfoclimáticos são regiões definidas • extremo norte do Tocantins
com base na sua composição paisagística, formada
pela interação dos seguintes elementos: clima, relevo, Estende-se ainda por uma pequena parte do Nor-
vegetação, solo, hidrografia. deste, no noroeste do Maranhão.
O Brasil é composto por seis domínios: amazôni- Essa região é caracterizada pelo clima Equatorial,
co, da caatinga, do cerrado, dos mares de morro, das marcado pelas altas temperaturas e elevada umidade
araucárias e das pradarias. relativa do ar. Além disso, as chuvas são abundantes
Entre os domínios se formam as chamadas zonas nessa unidade, proporcionando a formação de uma
de transição, que apresentam características de duas cobertura vegetal densa e o abastecimento dos seus
ou mais unidades paisagísticas. principais cursos d’água.
São zonas de transição: mata dos cocais, pantanal A vegetação do domínio amazônico é formada
e agreste. pela Floresta Amazônica, que abrange um total de
O desmatamento e as queimadas são alguns dos nove países. Trata-se da maior floresta tropical do
problemas ambientais identificados nos domínios mundo, onde são encontradas matas ciliares, igapós,
morfoclimáticos brasileiros, motivados pelo avanço igarapés e matas de terra firme. Abriga uma enorme
da agropecuária, do extrativismo e também das áreas biodiversidade, com mais de 12 mil espécies vegetais
urbanas em expansão. e 40 mil espécies animais catalogadas.

O que são domínios morfoclimáticos? Domínio morfoclimático amazônico

Domínios morfoclimáticos são extensas regiões de-


limitadas no território brasileiro por meio da análise
da presença e interação de elementos em comum,
formando assim paisagens relativamente homogê-
neas. Em essência, o conjunto de elementos que
compõem os domínios morfoclimáticos hoje co-
nhecidos é o seguinte:
• Clima
• Relevo
• Vegetação
O domínio amazônico é caracterizado pela presença da Floresta
• Solos Amazônica e pelos rios da bacia Amazônica, maior bacia hidro-
• Hidrografia gráfica do mundo.

A classificação dos domínios morfoclimáticos ou A hidrografia desse domínio se divide entre a ba-
paisagísticos, como são também chamados, foi feita cia Amazônica, que é a maior bacia hidrográfica do
pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber, e é amplamente utilizada mundo, e a bacia do Tocantins-Araguaia, considerada
nos estudos da paisagem natural brasileira. a maior bacia exclusivamente brasileira. Entre os prin-
cipais rios que banham a região estão o Amazonas,
Quais são os domínios morfoclimáticos do Brasil? Negro, Tapajós, Madeira, Tocantins e Araguaia.
Já o relevo do domínio amazônico é bastante di-
Conforme o estabelecido por Ab’Sáber, o Brasil é versificado. Extensas áreas de planície e terras bai-
composto por seis domínios morfoclimáticos, os quais xas amazônicas dividem espaço com os planaltos e as
podem variar de centenas de milhares a até milhões depressões, demarcando assim áreas com substrato
de quilômetros quadrados de super�cie. bastante antigo e erodido pela intensa ação dos agen-
tes modeladores do relevo.
Domínio morfoclimático amazônico Os solos são pobres em nutrientes e, em parte,
arenosos, contrastando com a vegetação exuberante
O domínio morfoclimático amazônico é a maior da floresta tropical. Em contrapartida, possuem uma
das seis unidades paisagísticas do Brasil. Situa-se camada de material orgânico depositado em sua
predominantemente na região Norte, abrangendo super�cie, proporcionando assim a sua fertilização.
os estados do Os solos mais férteis são encontrados nas áreas de

220
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
planícies fluviais, onde há o depósito de nutrientes porte, caducifólias, isto é, que perdem as suas folhas
pelas águas dos rios. Os principais tipos de solos en- em determinado período do ano, com raízes longas
contrados nesse domínio são os argissolos, latossolos destinadas à absorção de água, e algumas delas com
e gleissolos. estruturas que servem para a sua defesa, como es-
pinhos, e para o armazenamento de água, como as
Domínio morfoclimático da caatinga cactáceas.
Quatro bacias hidrográficas comportam os rios e
O domínio da caatinga compreende estados da mananciais desse domínio, que são as bacias do São
região Nordeste do Brasil. Abrange: Francisco, do Parnaíba, do Atlântico Nordeste Oriental
• integralmente o estado do Ceará; e do Atlântico Leste. Em decorrência do seu regime
• o oeste do Rio Grande do Norte; de chuvas, grande parte dos seus rios é intermitente.
• Paraíba, Pernambuco e Alagoas; O principal rio perene da região é o São Francisco.
• o leste do Maranhão;
• e uma extensa área da Bahia. Domínio morfoclimático do cerrado

Uma pequena parte ao norte do estado de Minas O domínio morfoclimático do cerrado é o segundo
Gerais, da região Sudeste, integra também o domínio mais extenso do Brasil, abrangendo estados de quatro
da caatinga. regiões do país, com predominância do Centro-Oeste.
Constitui uma região com regimes de chuva irre- Nesta região, o domínio do cerrado ocorre em todos
gulares, podendo haver longos períodos de estiagem. os estados e também no Distrito Federal. No Sudeste
Além da baixa umidade relativa do ar, as temperatu- inclui áreas de Minas Gerais, no Nordeste compreen-
ras são bastante elevadas durante a maioria do ano, de o oeste da Bahia, sul do Maranhão e uma estreita
havendo assim a predominância do clima Semiárido. faixa a sudoeste do Piauí, enquanto na região Norte
Seu relevo é caracterizado pelas depressões Ser- incorpora áreas do Tocantins e de Rondônia.
taneja e do São Francisco, indicando assim a intensa O clima no domínio do cerrado é tipicamente Tro-
ação de agentes erosivos na região. Os solos encontra- pical, havendo a alternância entre uma estação seca
dos na área variam conforme a localização e o relevo, e a outra chuvosa, refletindo em sua vegetação. Esta,
estabelecendo-se estruturas profundas, como latos- como o nome sugere, é caracterizada pelos cerrados
solos, pouco profundas e de di�cil infiltração, como e cerradões, variando assim de gramíneas, arbustos
os vertissolos, e também rasas, como os neossolos e e árvores de pequeno, formando campos e savanas,
luvissolos. Assim, existem nesse domínio áreas com e médio porte até árvores de grande porte e forma-
solos férteis e outras com coberturas com baixo teor ções florestais.
de nutrientes e pedregosas, dificultando o desenvol- Muitas das espécies lenhosas do Cerrado apresen-
vimento de vegetação densa e limita as atividades tam troncos espessos e retorcidos, feições que surgi-
agrícolas. ram da adaptação às condições climáticas e também
à ação do fogo por meio de queimadas naturais ou
Domínio morfoclimático caatinga. antrópicas.

Domínio morfoclimático cerrado.

O domínio da caatinga recebe o nome da vegetação predomi-


nante.
O domínio do cerrado é predominante na região Centro-Oeste
A vegetação característica desse domínio é a da do Brasil.
Caatinga, formada por plantas adaptadas ao calor e
aos longos intervalos sem chuva. Dessa forma, ob- O relevo desse domínio é marcado pela presença
serva-se a presença de espécies de baixo e médio de planaltos, chapadas e depressões. Os solos encon-

221
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
trados no Cerrado são geralmente pobres em nutrien- tados da região Sul, sendo predominante em Santa
tes, portanto, possuem baixa fertilidade natural. Além Catarina e Paraná, e caracterizando a porção norte e
disso, a sua composição confere a eles um pH baixo, o nordeste da paisagem do Rio Grande do Sul.
que caracteriza a ocorrência de solos ácidos. A mata de araucárias, embora tenha sofrido uma
Esse domínio é conhecido por abrigar as nascen- severa redução de área em decorrência do avanço das
tes de importantes rios brasileiros, como o Paraná, atividades extrativas e agropecuárias, recobre a maio-
São Francisco, Tocantins, Araguaia, Parnaíba e outros, ria do domínio, motivando assim a sua denominação.
abrangendo grande parte das bacias hidrográficas que O desenvolvimento das araucárias, árvores de grande
conformam o sistema hidrológico brasileiro. estatura e aciculifoliadas (folhas em forma de agulha),
foi favorecido por, além das condições climáticas, so-
Domínio morfoclimático dos mares de morros los de elevado grau de fertilidade, em especial aqueles
que recebem o nome de “terra roxa”, que nada mais
O domínio dos mares de morros compreende todo são do que os latossolos avermelhados derivados da
o litoral leste do Brasil, desde o Nordeste até a região decomposição de rochas basálticas.
Sul, além de abranger a quase totalidade do estado
de São Paulo. Seu nome é derivado das formas de Domínio morfoclimático das araucárias.
relevo observadas em boa parte de sua extensão, ca-
racterizadas por conjuntos de morros arredondados,
que são também designados por relevo mamelonar
ou de meia-laranja.
Além das formas convexas que compõem a paisa-
gem de mar de morros, tal domínio é marcado pelas
planícies litorâneas, portanto, áreas de baixa altime-
tria, e pelas serras, das quais se destacam as serras
do Espinhaço, do Mar e da Mantiqueira, bem como
formas residuais, como ocorre no Rio de Janeiro.

Domínio morfoclimático dos mares de morros.

A mata de araucárias dá nome a esse domínio da região Sul do


Brasil.[1]

O relevo do domínio das araucárias é composto


por terrenos elevados que formam os planaltos e cha-
padas, onde se observa feições que vão de suavemen-
te onduladas até encostas íngremes. Os corpos d’água
e rios que banham suas terras estão compreendidos
nas bacias hidrográficas do Paraná, do Atlântico, Su-
deste e sul e também do Uruguai.
O domínio dos mares de morros recebe esse nome pelas feições
de relevo que exibe. Domínio morfoclimático das pradarias

Os climas variam conforme a latitude, indo de Tro- O domínio das pradarias está presente, no Brasil,
pical quente e úmido a Subtropical. Nos estados da somente no estado do Rio Grande do Sul. Abrange boa
região Sudeste, destaca-se também a ocorrência dos parte do oeste e sudoeste gaúchos, e corresponde à
climas Tropical e Subtropical de altitude nos terrenos paisagem que conhecemos campanha gaúcha.
mais elevados. A área coincide com o bioma Mata Ocorre em clima Subtropical com temperaturas
Atlântica, onde se observa a presença de florestas,
amenas e frias, dispondo de uma vegetação forma-
campos e vegetação litorânea.
da por gramíneas, principalmente, arbustos e árvores
Possui um denso sistema de drenagem potencia-
esparsas. O relevo dessa região recebe o nome de
lizado pelo relevo acidentado. Ao todo, seis bacias
coxilha, caracterizado por feições suavemente ondu-
hidrográficas fazem parte desse domínio, entre elas as
ladas e planas. Trata-se de uma área com solo fértil
bacias do Paraná, do Atlântico Leste e do Atlântico Sul.
da classe dos chernossolos, de coloração escura, em
sua maioria raso e com alta propensão ao desenvol-
Domínio morfoclimático das araucárias
vimento agrícola.
O domínio das araucárias ocorre em áreas de
clima Subtropical do Brasil, abrangendo então os es-

222
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Domínio morfoclimático das pradarias. ou menor grau. A grande maioria deles associada ao
desmatamento e ao processo de queimadas, ambos
com motivações de cunho econômico.
O principal impacto, causador de grandes per-
das nos domínios amazônico, do cerrado e também
dos pampas, está associado com o avanço da pro-
dução agropecuária, com a abertura de novas áreas
destinadas ao plantio de commodities, como a soja,
e também de pastagens para a prática da pecuária
extensiva.
Áreas nas proximidades da fronteira entre Ron-
dônia, o Amazonas e o Mato Grosso têm sido consi-
O domínio das pradarias ocorre somente no Rio Grande do Sul. deradas a “última fronteira agrícola”, no sentido de
mais nova, justamente pela crescente presença de
Faixas de transição dos domínios morfoclimáti- grandes lavouras. No domínio das pradarias, o que
cos do Brasil tem ocorrido é um processo de arenização dos solos
devido à remoção da vegetação natural também para
As faixas de transição correspondem a áreas situa- a prática agrícola de grande escala.
das entre dois ou mais domínios morfoclimáticos. Em Os desmatamentos avançam pela caatinga em
função da sua localização, dispõem de características função da retirada de matérias-primas utilizadas na
�sicas e climáticas que se assemelham aos domínios produção de lenha e carvão vegetal, assim como ati-
próximos. As principais faixas de transição encontra- vidades agropecuárias. Esse domínio se vê ameaçado
das hoje no Brasil são: igualmente pelas queimadas, que, somadas ao des-
• Mata dos cocais: localizada entre os domínios matamento, podem causar a desertificação do solo.
do cerrado, da caatinga e amazônico. Os índices de degradação e descaracterização dos
• Agreste: situado entre os domínios da caatinga domínios são elevados na mata de araucárias e no do-
e dos mares de morros (zona da mata). mínio dos mares de morro, este recoberto pela Mata
• Pantanal: localizado entre os domínios ama- Atlântica, sendo causados pela extração de recursos
zônico e do cerrado, no território brasileiro, e destinados à indústria madeireira, por exemplo, e pelo
também do chaco, que recobre países vizinhos avanço das áreas urbanizadas.”
como a Bolívia, a Argentina e o Paraguai.
REFERÊNCIA
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL. Brasil Esco-
la, [s.d.]. Disponível em: h�ps://brasilescola.uol.com.br/
brasil/dominios-morfoclimaticos.htm. Acesso em: 30 mar.
2022.

01. (Enem 2021) Em Goiás e Mato Grosso, as modi-


ficações dependeram fundamentalmente de no-
vos manejos aplicados às terras. Acima de tudo,
porém, o desenvolvimento regional deveu-se a
uma articulada transformação dos meios urbanos
Mata dos cocais. e rurais, a serviço da produção tanto de alimentos
básicos, como o arroz, por exemplo, quanto de
A mata dos cocais é uma formação �pica da faixa grãos para consumo interno e exportação, como
de transição entre os domínios amazônico, do cerrado a soja.
e da caatinga. AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil:
potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003.
Impactos ambientais sobre os domínios morfo-
climáticos do Brasil A realidade descrita no texto se estabelece sobre
qual domínio morfoclimático?
Identificam-se problemas ambientais em todos a) Pradaria
os domínios morfoclimáticos brasileiros, em maior b) Cerrado

223
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
c) Caatinga peneplano de rochas cristalinas, terra atormenta-
d) Araucária da ora pelas secas causticantes, ora pelas chuvas
e) Atlântico torrenciais. Porco-do-mato, ema, tapir, suçua-
rana, eis algumas espécies de sua fauna bravia.
02. (Enem 2017) Ao destruir uma paisagem de árvores E é neste cenário que nasce, se agita e morre o
de troncos retorcidos, folhas e arbustos ásperos vaqueiro nordestino — o mais bravio dos filhos
sobre os solos ácidos, não raro laterizados ou do Sertão. O seu tipo étnico provém do conta-
tomados pelas formas bizarras dos cupinzeiros, to do branco colonizador com o gentio, durante
essa modernização lineariza e aparentemente não a penetração do gado nos sertões do Nordeste.
permite que se questione a pretensão modernista Por razões econômicas e históricas, adaptou-se à
de que a forma deve seguir a função. atividade criatória.
HAESBAERT, R. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste: LAU, P. Tipos e aspectos do Brasil. São Paulo: Inep/MEC/
entre a globalização econômica e a reinvenção das Revista dos Tribunais, 1960.
identidades territoriais. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P.
C. C.; CORREA, R. L. (Org.). Brasil: questões atuais da
O contexto natural imediato do �pico vaqueiro
reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2008. mencionado é caracterizado pelo domínio da ve-
getação:
O processo descrito ocorre em uma área biogeo- a) mista de transição, um ambiente com clima
gráfica com predomínio de vegetação mais ameno e áreas com relevo elevado, como
a) tropófila e clima tropical. o planalto da Borborema.
b) xerótila e clima semiárido. b) tipo mosaico, com aspecto subarbustivo, arbus-
c) hidrófila e clima equatorial. tivo e presença de gramíneas, em sua maioria
d) aciculifoliada e clima subtropical. desenvolvida em solos profundos e ácidos, com
e) semidecídua e clima tropical úmido. pastos naturais nos campos limpos.
c) latifoliada, em sua maioria em solos de massa-
03. (Enem 2015) Algumas regiões do Brasil passam pê, profundos, acinzentados, e de alta fertilida-
por uma crise de água devido à seca. Mas uma de, e dominada por latifúndios seculares.
região de Minas Gerais está enfrentando a fal- d) esparsada de cocais, como as palmáceas, os
ta de água no campo tanto em tempo de chuva babaçuais e os carnaubais, em solos férteis, em
como na seca. As veredas estão secando no norte parte derivados das rochas básicas, e amplos
e no noroeste mineiro. Ano após ano, elas vêm terrenos recobertos de gramíneas nativas, for-
perdendo a capacidade de ser a caixa-d’água do mando pastos naturais.
grande sertão de Minas. e) xerófita com algumas espécies de cactáceas,
VIEIRA, C. Degradação do solo causa perda de fontes de bromeliáceas e palmáceas, em sua maioria em
água de famílias de MG. solos rasos, arenosos e salinos, de clima tropical
Disponível em: h�p://g1.globo.com. Acesso em: 1 nov. semiárido.
2014.

05. (Enem 2013) Então, a travessia das veredas serta-


As veredas têm um papel fundamental no equilí-
nejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
brio hidrológico dos cursos de água no ambiente
Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de
do Cerrado, pois
um horizonte largo e a perspectiva das planuras
a) colaboram para a formação de vegetação xeró-
francas. Ao passo que a outra o afoga; abrevia-lhe
fila.
o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama
b) formam os leques aluviais nas planícies das
espinescente e não o atrai; repulsa-o com as fo-
bacias.
lhas urticantes, com o espinho, com os gravetos
c) fornecem sumidouro para as águas de recarga
estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente
da bacia.
léguas e léguas, imutável no aspecto desolado;
d) contribuem para o aprofundamento dos talve-
árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos,
gues à jusante.
revoltos, entrecruzados apontando rijamente no
e) constituem um sistema represador da água na
espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lem-
chapada.
brando um bracejar imenso, de tortura, da flora
agonizante…
04. (Enem 2014) Pequeno no porte, magro e sóbrio de CUNHA. E. Os sertões. Disponível em: h�p://pt. scribd.
músculos; taciturno e desajeitado em descanso, com. Acesso em 2 jun. 2012.
intrépido e vibrátil quando solicitado para a ação,
é o vaqueiro do Nordeste um tipo característico do Os elementos da paisagem descritos no texto cor-
meio em que habita. Povoa o Sertão nordestino, respondem a aspectos biogeográficos presentes na

224
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
a) composição de vegetação xerófila. Após ler o texto, os alunos podem supor que, em
b) formação de florestas latifoliadas. Jurubatiba, os vegetais que sobrevivem nas áreas
c) transição para mata de grande porte. planas têm características tais como:
d) adaptação à elevada salinidade. a) quantidade considerável de folhas, para au-
e) homogeneização da cobertura perenifólia. mentar a área de contato com a umidade do
ar nos dias chuvosos.
06. (Enem 2016) Apesar da riqueza das florestas tro- b) redução na velocidade da fotossíntese e reali-
picais, elas estão geralmente baseadas em solos zação ininterrupta desse processo, durante as
inférteis e improdutivos. Grande parte dos nu- 24 horas.
trientes é armazenada nas folhas que caem sobre c) caules e folhas cobertos por espessas cu�culas,
o solo, não no solo propriamente dito. Quando que impedem o ressecamento e a consequente
esse ambiente é intensamente modificado pelo perda de água.
ser humano, a vegetação desaparece, o ciclo dos d) redução do calibre dos vasos que conduzem
nutrientes é alterado e a terra se torna rapida- a água e os sais minerais da raiz aos centros
mente infértil. produtores do vegetal, para evitar perdas.
(CORSON, Walter H. Manual Global de Ecologia, 1993.)
e) crescimento sob a copa de árvores frondosas,
que impede o ressecamento e a consequente
No texto acima, pode parecer uma contradição a
perda de água.
existência de florestas tropicais exuberantes sobre
solos pobres. No entanto, este fato é explicado
08. (Enem 2018) A presunção de que a super�cie das
pela:
chapadas e chapadões representa uma velha pe-
a) profundidade do solo, pois, embora pobre, sua
neplanície é corroborada pelo fato de que ela é
espessura garante a disponibilidade de nutrien-
coberta por acumulações superficiais, tais como
tes para a sustentação dos vegetais da região.
massas de areia, camadas de cascalhos e seixos
b) boa iluminação das regiões tropicais, uma vez
e pela ocorrência generalizada de concreções
que a duração regular do dia e da noite garante
ferruginosas que formam uma crosta laterítica,
os ciclos dos nutrientes nas folhas dos vegetais
denominada “canga”.
da região. WEIBEL, L. Disponível em: h�p://biblioteca.ibge.gov.br.
c) existência de grande diversidade animal, com Acessado em: 8 jul. 2015 (adaptado).
número expressivo de populações que, com
seus dejetos, fertilizam o solo. Qual tipo climático favorece o processo de alte-
d) capacidade de produção abundante de oxigênio ração do solo descrito no texto?
pelas plantas das florestas tropicais, considera- a) Árido, com déficit hídrico.
das os “pulmões” do mundo. b) Subtropical, com baixas temperaturas.
e) rápida reciclagem dos nutrientes, potencializa- c) Temperado, com invernos frios e secos.
da pelo calor e umidade das florestas tropicais, d) Tropical, com sazonalidade das chuvas.
favorecendo a vida dos decompositores. e) Equatorial, com pluviosidade abundante.
07. (Enem 1998) Alunos de uma escola no Rio de Ja- 09. (Enem 2017) O ganhador do Prêmio Nobel Philip
neiro são convidados a participar de uma excur- Fearnside já alertava em estudos de 2004 que,
são ao Parque Nacional de Jurubatiba. Antes do como consequência do desmatamento em gran-
passeio, eles lêem o trecho de uma reportagem
de escala, menos água da Amazônia seria trans-
publicada em uma revista: “Jurubatiba será o pri-
portada pelos ventos para o Sudeste durante a
meiro parque nacional em área de restinga, num
temporada de chuvas, o que reduziria a água das
braço de areia com 31 quilômetros de extensão,
chuvas de verão nos reservatórios de São Paulo.
formado entre o mar e dezoito lagoas. Numa área SERVA, L. Para ganhador do Prêmio Nobel, cheias no
de 14.000 hectares, ali vivem jacarés, capivaras, Norte e seca no Sudeste estão conectadas. Disponível em:
lontras, tamanduás-mirins, além de milhares de www.folha.uol.com.br. Acesso em: 10 nov. 2014.
aves e de peixes de água doce e salgada. Os pei-
xes de água salgada, na época das cheias, passam O fator apresentado no texto para o agravamento
para as lagoas, onde encontram abrigo, voltan- da seca no Sudeste está identificado no(a):
do ao mar na cheia seguinte. Nos terrenos mais a) redirecionamento dos ventos alísios.
baixos, próximos aos lençóis freáticos, as plantas b) redução do volume dos rios voadores.
têm água suficiente para aguentar longas secas. c) deslocamento das massas de ar polares.
Já nas áreas planas, os cactos são um dos poucos d) retenção da umidade na cordilheira dos Andes.
vegetais que proliferam, pintando o areal com um e) alteração no gradiente de pressão entre as áreas.
verde pálido.”

225
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
10. (Enem 2014) A convecção na Região Amazônica é alimentos também enfrentam secas periódicas e
um importante mecanismo da atmosfera tropical uma competição crescente por água.
e sua variação, em termos de intensidade e posi- MARAFON, G. J. et. al. O desencanto da terra: produção
de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro:
ção, tem um papel importante na determinação Garamond, 2011.
do tempo e do clima dessa região. A nebulosidade
e o regime de precipitação determinam o clima No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na
amazônico. agricultura produziram impactos socioambientais
FISCH, G.; MARENGO, J. A.; NOBRE, C. A. Uma revisão geral como:
sobre o clima da Amazônia. Acta Amazônica, v. 28, n. 2,
1998 (adaptado).
a) redução do custo de produção.
b) agravamento da poluição hídrica.
c) compactação do material do solo.
O mecanismo climático regional descrito está as-
d) aceleração da fertilização natural.
sociado à característica do espaço �sico de:
e) redirecionamento dos cursos fluviais.
a) resfriamento da umidade da super�cie.
b) variação da amplitude de temperatura. 13. (Enem 2011) As modificações naturais e artificiais
c) dispersão dos ventos contra-alísios. na cobertura vegetal das bacias hidrográficas in-
d) existência de barreiras de relevo. fluenciam o seu comportamento hidrológico. A
e) convergência de fluxos de ar. alteração da super�cie da bacia tem impactos
significativos sobre o escoamento. Esse impacto
11. (Enem 2008) As florestas tropicais estão entre os é normalmente caracterizado quanto ao efeito
maiores, mais diversos e complexos biomas do que provoca no comportamento das enchentes,
planeta. Novos estudos sugerem que elas sejam nas vazões mínimas e na vazão média.
potentes reguladores do clima, ao provocarem TUCCI, C.E.M.; CLARKE, R.T. Impacto das mudanças
da cobertura vegetal no escoamento: erosão. Revista
um fluxo de umidade para o interior dos conti- Brasileira de Recursos Hídricos, v. 2, n. 1 jan./jun. 1997
nentes, fazendo com que essas áreas de floresta (fragmento).
não sofram variações extremas de temperatura
e tenham umidade suficiente para promover a Ao analisar três rios com coberturas vegetais dis-
vida. Um fluxo puramente �sico de umidade do tintas — agrícola, floresta regenerada e floresta
oceano para o continente, em locais onde não natural ― de uma mesma bacia hidrográfica, após
há florestas, alcança poucas centenas de quilô- uma mesma precipitação, conclui-se que a vege-
metros. Verifica-se, porém, que as chuvas sobre tação é fundamental no comportamento da vazão
florestas nativas não dependem da proximidade dos rios, uma vez que a:
do oceano. Esta evidência aponta para a existência a) cobertura mais densa no ambiente agrícola
de uma poderosa “bomba biótica de umidade” proporciona o menor pico de vazão.
em lugares como, por exemplo, a bacia amazô- b) cobertura mais espaçada na floresta natural
nica. Devido à grande e densa área de folhas, as ocasiona o maior pico de vazão.
c) floresta regenerada, por possuir mais densida-
quais são evaporadores otimizados, essa “bomba”
de de biomassa, possui o menor pico de vazão.
consegue devolver rapidamente a água para o ar,
d) vegetação agrícola proporciona o mais demo-
mantendo ciclos de evaporação e condensação rado e o segundo maior pico de vazão.
que fazem a umidade chegar a milhares de qui- e) vegetação de floresta natural possui o menor
lômetros no interior do continente. pico de vazão.
A. D. Nobre. Almanaque Brasil Socioambiental. Instituto
Socioambiental, 2008, p. 368-9 (com adaptações).
14. Brasil: domínios morfoclimáticos
As florestas crescem onde chove, ou chove onde
crescem as florestas? Conforme o texto,
a) onde chove, há floresta.
b) onde a floresta cresce, chove.
c) onde há oceano, há floresta.
d) apesar da chuva, a floresta cresce.
e) no interior do continente, só chove onde há
floresta.

12. (Enem 2012) A irrigação da agricultura é responsá-


vel pelo consumo de mais de 2/3 de toda a água
retirada dos rios, lagos e lençóis freáticos do mun-
do. Mesmo no Brasil, onde achamos que temos (Aziz Nacib Ab’Sáber. Os domínios de natureza no Brasil,
muita água, os agricultores que tentam produzir 2003. Adaptado.)

226
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Os conjuntos espaciais assinalados no mapa pelos c) 1
números 1, 2 e 3 correspondem, respectivamente, d) 4
aos seguintes domínios morfoclimáticos: e) 2
a) Mares de morros, araucárias, amazônico.
b) Caatinga, pradarias, amazônico. 17. Observe o mapa a seguir que mostra a distribuição
c) Mares de morros, amazônico, pradarias. espacial dos domínios morfoclimáticos do Brasil.
d) Cerrado, Caatinga, pradarias.
e) Cerrado, mares de morros, araucárias.

15. (FPS) No território brasileiro são encontrados di-


versos compartimentos e feições de relevo. Essa
variedade geomorfológica decorre da conjugação
de diversos fatores, tais como as condições climá-
ticas pretéritas, atuais, tipos diferentes de lito-
massa e ações tectônicas verificadas num passado
remoto. Esses compartimentos e feições influen-
ciam os climas, as atividades agrícolas e até a loca-
lização de cidades e distritos. Examine a fotografia
a seguir e assinale a que domínio morfoclimático
brasileiro pertence essa paisagem.

Adaptado de AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de


natureza do Brasil: potencialidades paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

Conforme a classificação de Azis Ab’Sáber, os ma-


res de morros são caracterizados por
a) áreas mamelonares tropical-atlânticas flores-
tadas.
Fonte: www.google.com.br.
b) depressões intermontanas e interplanálticas
semiáridas.
a) Domínio dos ciclos orogênicos cenozoicos. c) terras baixas florestadas equatoriais.
b) Domínio dos planaltos tabulares. d) planaltos subtropicais com formação de matas
c) Domínio das planícies dissecadas. sulinas.
d) Domínio do mar de morros. e) coxilhas subtropicais com predominância de
e) Domínio das terras baixas fluviais da depressão herbáceas.
sertaneja.
18. (UEG) Em virtude de suas características �sico-
16. (Mackenzie) Observe a paisagem e o mapa. naturais, o Cerrado brasileiro permaneceu distan-
te dos interesses econômicos do país por muito
tempo. Somente a partir do ano de 1970 esse
domínio morfoclimático foi totalmente integrado
ao processo produtivo e inserido no contexto da
produção agrícola do país. O principal elemento
natural que impediu a sua incorporação imediata
Fonte da fotografia: h�p://ruralpecuaria.com.br. Acesso à economia do país foi
em: 10 set. 2018. a) as temperaturas elevadas, que não permitiam a
germinação de produtos como a soja e o trigo.
A paisagem retratada corresponde ao domínio b) o relevo acidentado, que impedia o processo
morfoclimático indicado no mapa pelo número: de mecanização e correção dos solos.
a) 3 c) os baixos índices pluviométricos, que eram in-
b) 5 suficientes para a produção agrícola.

227
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
d) a acidez dos solos, que dificultava a produção ORIENTAÇÃO AO(À) PROFESSOR(A)
agrícola sem o uso da adubação química.
e) a distância da região em relação aos centros de Este material didático propõe aos(às) estudantes
consumo e a falta de infraestrutura de trans- um alinhamento com o Documento Curricular para
porte. Goiás - Etapa Ensino Médio (DC-GOEM) para a área
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Os capítulos
19. (Unesp) Leia os excertos do geógrafo Aziz Nacib. foram organizados, seguindo a Bimestralização des-
sa área do conhecimento, respeitando as competên-
Excerto 1 cias específicas, habilidades específicas, objetivos de
Domínio com for�ssima e generalizada decom- aprendizagem e objetos de conhecimento deste mes-
posição de rochas, densas drenagens perenes, mo documento. Com maior ou menor intensidade, ela
extensiva mamelonização, agrupamentos even- também propõe um olhar interdisciplinar, integrando
tuais de “pães de açúcar”, planícies de inundação os quatro componentes curriculares da área de Ciên-
meândricas. cias Humanas e Sociais Aplicadas.
Por fim, as sugestões de trabalho, apresentadas
Excerto 2 neste material didático, refletem a constante busca
Domínio com planaltos de estrutura complexa, da promoção das competências de Ciências Humanas
planaltos com vertentes em rampas suaves, au- e Sociais Aplicadas indispensáveis ao enfrentamento
sência quase completa de mamelonização, dre- dos desafios sociais, culturais e profissionais do mun-
nagens espaçadas pouco ramificadas. do contemporâneo.
(“Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas
do Brasil”. In: A obra de Aziz Nacib Ab’Sáber, 2010.
Adaptado.)
HISTÓRIA
Os domínios morfoclimáticos caracterizados nos
excertos 1 e 2 referem-se, respectivamente, CAPÍTULO 01– ERA VARGAS
a) ao Cerrado e à Caatinga.
b) à Caatinga e aos mares de morros. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6: Participar do deba-
c) ao amazônico e às pradarias. te público de forma crítica, respeitando diferentes
d) aos mares de morros e ao Cerrado. posições. Além disso, fazendo escolhas alinhadas
e) às araucárias e às pradarias. ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e
20. (Fatec) Analise o climograma: responsabilidade.

HABILIDADES DA BNCC (EM13CHS604): Discutir o


papel dos organismos internacionais no contexto
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
tica sobre seus limites e suas formas de atuação
nos países, considerando os aspectos positivos e
negativos dessa atuação para as populações locais.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM (GO-EMCHS604B):


Assimilar o processo de construção dos movimen-
tos sociais na ERA VARGAS, considerando dados e
textos que relatam sua atuação nos países de ca-
pitalismo dependente para entender criticamente
seus limites de atuação no mundo contemporâneo.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente
o nome do domínio morfoclimático com as carac- OBJETO DE CONHECIMENTO: ERA VARGAS
terísticas representadas no climograma.
a) Pradaria
b) Cerrado Texto I
c) Caatinga
d) Araucária “Marco inicial da Segunda República no Brasil, a
e) Amazônico Revolução de 30 foi um movimento realizado em fun-
ção, pois, da construção de um novo Estado nacional,
do desenvolvimento econômico, da modernização do

228
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
país e do estabelecimento de novas relações entre o tas e que o Brasil não seria nem fascista, nem comu-
cidadão, o governo e a sociedade. Seu líder, Getúlio nista. Para tanto, os militares e ele próprio estavam
Vargas, foi, sem dúvida, a figura chave da política do assumindo todos os poderes do Estado para proteger
país no século XX. A revolução que liderou e conduziu a nação e estimular seu crescimento econômico e so-
durante 15 anos, pode ser considerada como o ponto cial. Estava estabelecida a ditadura do Estado Novo.”
de partida da emergência do Estado contemporâneo
brasileiro, entendido doutrinariamente como o espa- REFERÊNCIA
ço institucional onde a sociedade articula, negocia,
gerencia e efetiva os interesses de todos os grupos e JAMBEIRO, Othon. et al. Tempos de Vargas: o rádio e o
categorias sociais e profissionais nela contidos. Em- controle da informação. Salvador: EDUFBA, 2004.
bora os ideais revolucionários estivessem em estado
embrionário em movimentos de rebeldia militar ocor-
ridos em 1922, 1924 e 1926, sua ideologia somente
começou a tomar corpo quando Vargas assumiu o
comando do Governo Provisório, em 1930. Sete anos
depois, parcialmente realizada, a revolução que se
pretendia democrática sofreu seu definitivo desvio Questão 01: “Nos anos 30, passou a atuar como único
e enveredou pelo caminho 10 autoritário. Em 10 de chefe da nação e, em nome de um projeto que julgava
novembro de 1937, o já então presidente constitu- ser o melhor para o país, fechou o congresso, repri-
cional Getúlio Vargas consolidou uma aliança com miu as liberdades públicas, isolou os descontentes,
os militares, assegurando, assim, a implantação da perseguiu inimigos, cooptou possíveis opositores, im-
ditadura do Estado Novo. pôs-se como chefe de Estado e projetou-se como líder
Como todo evento histórico que se pretende popular, como populista e como estadista (D’Araujo,
mostrar como revolucionário precisa destacar seus 1997, p. 10).”
aspectos de novidade, valorizar sua criação e justi-
ficar-se historicamente, os doutrinadores do novo O trecho acima destaca a figura de:
regime produziram uma reinterpretação do movi- (A) Figueredo Magalhães.
mento de 30, segundo a qual 30 só se completou em (B) Getúlio Vargas.
37. Ou seja, o Estado Novo significava a realização do (C) Pedro de Oliveira.
projeto revolucionário iniciado sete anos antes. Essa (D) Dom João VI.
versão, no entanto, apresentava a Revolução de 30 e (E) Fernando Henrique Cardoso.
o Golpe de 37 como se tivessem acontecido em uma
simultaneidade temporal imediata e minimizava fa- Questão 02: “Depois da rebelião, uma forte repressão
tos importantes, ocorridos entre um e outro (Oliveira, se abateu não só contra os comunistas, mas contra
2001: 5003). De 1930 a 1937 sucessivas ações polí- todos os considerados opositores do regime. Milhares
ticas puseram em cheque o caráter do novo regime. de pessoas foram presas em todo o país, inclusive de-
Em 1932, o Estado de São Paulo tentou realizar uma putados, senadores, até mesmo o prefeito do Distrito
revolução dentro da revolução, embora com caráter Federal, Pedro Ernesto, um dos principais articulado-
contra-revolucionário, a Revolução Constitucionalista res da Revolução de 1930 (PANDOLFI, 2006, p.32).”
clamando por uma constituição nacional e por mais
poderes independentes e autonomia política para os A Revolução de 1930 representou a(o)
estados, mas o movimento foi derrotado. Em 1934, (A) ascensão da pequena burguesia.
uma democrática assembleia nacional constituinte re- (B) crise política de 1947.
digiu uma nova constituição, a mais liberal que o Brasil (C) fim da primeira República.
já havia experimentado e elegeu Getúlio Vargas, que (D) queda da economia industrial.
continuava no poder como presidente constitucional (E) fim da burguesia financeira.
para um mandato de quatro anos (1934-1938). Em
1935, o Partido Comunista tentou um golpe de Estado, Questão 03: Em janeiro de 1942 o novo ministro do
planejado a partir de Moscou, com a participação de trabalho passou a ocupar, todas as quintas-feiras, du-
revolucionários profissionais estrangeiros treinados rante dez minutos, os microfones do programa “Hora
no exterior, mas o movimento foi esmagado, sendo do Brasil”, produzido pelo Departamento de Imprensa
a maioria dos seus líderes presos ou mortos. e Propaganda e irradiado pela Rádio Nacional (GO-
A definição do governo revolucionário veio em MES, 1988, p. 229).
novembro de 1937, quando Getúlio Vargas mentiu ao
povo brasileiro, afirmando que um golpe, denominado Segundo trecho, o período varguista consolidou a
Plano Cohen, estava sendo preparado pelos comunis- (A) radiodifusão no Brasil

229
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
(B) televisão no Brasil. de capitalismo dependente para entender critica-
(C) música sertaneja no Brasil. mente seus limites de atuação no mundo contem-
(D) cultura elitista no Brasil. porâneo.
(E) democracia brasileira.
GABARITO: A OBJETO DE CONHECIMENTO: Movimentos Sociais
e Mundo Contemporâneo.

TEXTO I

O QUE É MOVIMENTO SOCIAL E


POR QUE SEU ESTUDO É IMPORTANTE
Assista ao vídeo complementar.
Maria da Glória Gohn

“Desde logo é preciso demarcar nosso entendi-


mento sobre o que são movimentos sociais. Nós os
encaramos como ações sociais coletivas de caráter
sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas
de a população se organizar e expressar suas deman-
das (cf. Gohn, 2008). Na ação concreta, essas formas
adotam diferentes estratégias que variam da simples
denúncia, passando pela pressão direta (mobilizações,
marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à or-
dem constituída, atos de desobediência civil, negocia-
ções, etc.) até as pressões indiretas. Na atualidade,
os principais movimentos sociais atuam por meio de
redes sociais, locais, regionais, nacionais e internacio-
Disponível em: h�ps://www.youtube.com/watch?v=-
nais ou transnacionais, e utilizam-se muito dos novos
TiJBt5RrA-E. Acesso em: 07 mar. 2023.
meios de comunicação e informação, como a internet.
Por isso, exercitam o que Habermas denominou de o
 Faça um pequeno resumo no caderno sobre o
agir comunicativo. A criação e o desenvolvimento de
vídeo complementar.
novos saberes, na atualidade, são também produtos
dessa comunicabilidade.
Na realidade histórica, os movimentos sempre
CAPÍTULO 02 – MOVIMENTOS SOCIAIS E existiram, e cremos que sempre existirão. Isso porque
MUNDO CONTEMPORÂNEO representam forças sociais organizadas, aglutinam as
pessoas, não como força-tarefa de ordem numérica,
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6: Participar do deba- mas como campo de atividades e experimentação so-
te público de forma crítica, respeitando diferentes cial, e essas atividades são fontes geradoras de criativi-
posições. Além disso, fazendo escolhas alinhadas dade e inovações socioculturais. A experiência da qual
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, são portadores não advém de forças congeladas do
com liberdade, autonomia, consciência crítica e passado – embora este tenha importância crucial ao
responsabilidade. criar uma memória que, quando resgatada, dá sentido
às lutas do presente. A experiência recria-se cotidiana-
HABILIDADES DA BNCC (EM13CHS604): Discutir o mente, na adversidade das situações que enfrentam.
papel dos organismos internacionais no contexto Concordamos com antigas análises de Touraine, em
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí- que afirmava que os movimentos são o coração, o
tica sobre seus limites e suas formas de atuação pulsar da sociedade. Eles expressam energias de re-
nos países, considerando os aspectos positivos e sistência ao velho que oprime ou de construção do
negativos dessa atuação para as populações locais. novo que liberte. Energias sociais antes dispersas são
canalizadas e potencializadas por meio de suas práti-
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM (GO-EMCHS604B): cas em “fazeres propositivos”.
Assimilar o processo de construção dos movimen- Os movimentos realizam diagnósticos sobre a
tos sociais na contemporaneidade, considerando, realidade social, constroem propostas. Atuando em
dados e textos que relatam sua atuação nos países redes, constroem ações coletivas que agem como

230
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
resistência à exclusão e lutam pela inclusão social.
Constituem e desenvolvem o chamado empowerment
de atores da sociedade civil organizada à medida que
criam sujeitos sociais para essa atuação em rede. SUGESTÃO DE ATIVIDADES
Tanto os movimentos sociais dos anos 1980 como os
atuais têm construído representações simbólicas afir- 1. Formar uma roda de conversa.
mativas por meio de discursos e práticas. Criam iden-
tidades para grupos antes dispersos e desorganizados, 2. Fazer a leitura coletiva do texto O que é movimento
como bem acentuou Melucci (1996). Ao realizar essas social e por que seu estudo é importante.
ações, projetam em seus participantes sentimentos
de pertencimento social. Aqueles que eram excluídos 3. Discutir as principais características político-sociais
passam a se sentir incluídos em algum tipo de ação dos movimentos sociais e sua importância.
de um grupo ativo.
O que diferencia um movimento social de uma 4. Solicitar aos(às) estudantes que respondam às
organização não governamental? O que caracteriza questões a seguir.
um movimento social? Definições já clássicas sobre os
movimentos sociais citam como suas características QUESTÃO 01: Leia o trecho, a seguir, e responda ao
básicas o seguinte: possuem identidade, têm oposi- que se pede.
tor e articulam ou fundamentam-se em um projeto
de vida e de sociedade. Historicamente, observa-se “Na atualidade, os principais movimentos sociais atu-
que têm contribuído para organizar e conscientizar a am por meio de redes sociais, locais, regionais, nacio-
sociedade; apresentam conjuntos de demandas via nais e internacionais ou transnacionais, e utilizam-se
práticas de pressão/mobilização; têm certa continui- muito dos novos meios de comunicação e informação,
dade e permanência. Não são só reativos, movidos como a internet. Por isso, exercitam o que Habermas
apenas pelas necessidades (fome ou qualquer for- denominou de o agir comunicativo. ”
ma de opressão); podem surgir e desenvolver- -se
também a partir de uma reflexão sobre sua própria Disponível em: h�ps://www.scielo.br/j/rbedu/a/
experiência. Na atualidade, apresentam um ideário ci- vXJKXcs7cybL3YNbDCkCRVp/?lang=pt&format=pdf.
vilizatório que coloca como horizonte a construção de Acesso em: 25 maio 2022.
uma sociedade democrática. Hoje em dia, suas ações
são pela sustentabilidade, e não apenas autodesen- O trecho reforça que:
volvimento. Lutam contra a exclusão, por novas cultu- A. os movimentos sociais não estão ligados as relações
ras, políticas de inclusão. Lutam pelo reconhecimento humanas.
da diversidade cultural. Questões como a diferença B. os movimentos sociais atuam por meio de redes,
e a multiculturalidade têm sido incorporadas para a locais, etc.
construção da própria identidade dos movimentos. C. os movimentos sociais não são representativos.
Há neles uma ressignificação dos ideais clássicos de D. os movimentos sociais representam apenas as eli-
igualdade, fraternidade e liberdade. A igualdade é tes.
ressignificada com a tematização da justiça social; a E. os movimentos sociais não representam a socie-
fraternidade se retraduz em solidariedade; a liberdade dade.
associa-se ao princípio da autonomia – da constituição
do sujeito, não individual, mas autonomia de inserção QUESTÃO 02: De acordo com o texto, quais são as
na sociedade, de inclusão social, de autodeterminação funções dos movimentos sociais?
com soberania. Finalmente, os movimentos sociais
tematizam e redefinem a esfera pública, realizam
parcerias com outras entidades da sociedade civil e
política, têm grande poder de controle social e cons-
troem modelos de inovações sociais.”

REFERÊNCIA
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contem-
poraneidade. Revista Brasileira de Educação, v. 16, n. 47,
maio-ago. 2011. Disponível em: h�ps://www.scielo.br/j/
rbedu/a/vXJKXcs7cybL3YNbDCkCRVp/?lang=pt&format=p-
df . Acesso em: 25 maio 2022.

231
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
tivesse ligações comunistas. Sendo assim, sua posse
foi garantida por um golpe preventivo, como destacam
Skidmore (2010) e Silva (2014), reafirmando a forte
SAIBA MAIS presença militar nos rumos do governo. Sua bagagem
política já era bastante extensa. Havia sido deputado
GOHN, Maria da Glória. O protagonismo da sociedade estadual pelo estado de Minas Gerais, Prefeito de
civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. 2. Belo Horizonte e Governador de Minas Gerais, o que
ed. São Paulo: Cortez, 2008. lhe assegurava vasta experiência. Em seu discurso,
sempre pregava a modernização e industrialização,
GOHN, Maria da Glória. Movimentos e lutas sociais carregando para seu mandato como presidente a ca-
na História do Brasil. 5. ed. São Paulo: Loyola. 2009. racterística de inovador e conquistando um sentimen-
to de simpatia e confiança com a população. Como
governador executou diversos projetos na área de
CAPÍTULO 03 – SOCIEDADE, transportes e geração de energia elétrica, traços que
NATUREZA E ECONOMIA carregaria durante os anos na presidência. Antes da
posse, Juscelino visitou a Europa e observou os resul-
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 03: Analisar e avaliar tados dos esforços de reconstrução do pós-guerra. Es-
criticamente as relações de diferentes grupos, po- sas observações, segundo Brum (1990), despertaram
vos e sociedades com a natureza (produção, distri- a convicção e o entusiasmo de que o Brasil também
buição e consumo) e seus impactos econômicos e teria condições de se erguer hegemonicamente.
socioambientais. Portanto, com vistas à proposição Juscelino encontrou um Brasil essencialmente
de alternativas que respeitem e promovam a cons- agrícola. André Villela (2005) relata em seu artigo que
ciência, a ética socioambiental e o consumo respon- a participação do setor rural no PIB brasileiro repre-
sável em âmbito local, regional, nacional e global. sentava cerca de 20%, semelhante ao da indústria de
transformação naquela época. Além disso, a maioria
HABILIDADES DA BNCC (EM13CHS304): Analisar os da população vivia no campo, com altos índices de
impactos socioambientais decorrentes de práticas analfabetismo, precária situação no sistema de saúde
de instituições governamentais, de empresas e de - com altos índices de mortalidade infantil - e uma in-
indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, dústria fraca, com pouca relevância. “A inflação havia
selecionando, incorporando e promovendo aquelas recuado de 20% para 12,2% em 1953 e 1954. Porém,
que favoreçam a consciência e a ética socioambien- ao término de seu mandato, a inflação ficaria na faixa
tal e o consumo responsável. de 30% a 40% a.a.” (Villela, 2005, p. 48). Através da
transformação da estrutura produtiva - perda de im-
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM (GO-EMCHS304A): portância relativa do setor agrário e ganho correspon-
Assimilar a política energética brasileira do Governo dente do setor industrial - e crescente urbanização, o
JK, estudando textos geográficos, cien�ficos, jorna- período JK ficaria marcado por mudanças econômicas
lísticos, mapas, gráficos, dados esta�sticos e outros e sociais importantes.
para fazer considerações sobre os impactos am- Em 1952, quatro anos antes da posse de Juscelino,
bientais e socioeconômicos na História brasileira. uma série de reajustes foi aplicada visando o reapa-
relhamento do estado e serviriam de base para os 3
OBJETO DE CONHECIMENTO: O Governo JK e Jânio acontecimentos a partir de 1956. Os ajustes mais im-
Quadros (1956-1964). portantes destacados por Carlos Lessa (1981) foram “a
elevação das taxas do imposto sobre combus�veis em
1952, criação de adicional restituível sobre o imposto
TEXTO I: de renda no mesmo ano para a constituição do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), e
OS ANOS DOURADOS de JK – “50 ANOS EM 5” a reforma cambial da instrução 70 da SUMOC1, cap-
tando ganhos de câmbio. ” Lessa ainda ressalta que
Edoard Stevan dos Santos Sartori o reajuste do salário mínimo em 1952, que elevou o
salário real em 119% em relação a 1949, e a reforma
“Em 31 de janeiro de 1956, Juscelino Kubitschek cambial de 1953 deu continuidade à alta de preços
de Oliveira tomava posse como presidente da repúbli- naquele período.
ca no Brasil, tendo ao seu lado, João “Jango” Goulart Bresser-Pereira (2003) destaca que foi apenas no
como vice-presidente. Não seria um ato envolto em governo Juscelino que o Estado brasileiro transfor-
tantas certezas, uma vez que havia a desconfiança mou-se em um “instrumento razoavelmente eficien-
de que a aliança política de Juscelino – PTB e PSD - te de desenvolvimento do país”, uma vez que este

232
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
só poderia ser alcançado através do planejamento. como forma de transformar a estrutura do país. Tinha
“Todo desenvolvimento ocorrido até então fora reali- na industrialização, segundo Villela (2005, p. 47), a
zado sem maior planejamento, ao sabor de es�mulos “forma mais eficiente de transformar um país popu-
externos que se casavam com a manutenção e cres- loso e com grande mercado interno em potencial e
cimento da demanda interna. Os investimentos em dotado de adequados recursos naturais”.
infraestrutura não acompanharam o ritmo acelerado Disponível em: h�ps://acervodigital.ufpr.br/bitstre-
desse desenvolvimento, apresentando-se como ver- am/handle/1884/37068/MONOGRAFIA11-2014-1.
dadeiros pontos de estrangulamento da economia”. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 25 maio
(BRESSER-PEREIRA, 2003, p.54). 2022.
Além disso, a situação dos transportes ferroviários
e da navegação encontrava-se em péssimas condições, Segundo o trecho, quais eram os planos de governo
assim como o setor de energia. BresserPereira (2003, de JK?
p.54) aponta que “no setor de energia, as empresas
estrangeiras, que dominavam 80% da produção, de- A. Desacelerar as políticas sociais.
sinteressavam-se por realizar investimentos, dadas as B. Acelerar as políticas educacionais.
tarifas baixas impostas pelo governo”. C. Acelerar o desenvolvimento econômico do país.
Durante toda a sua campanha eleitoral, JK ressal- D. Desacelerar as políticas educacionais.
tou que o país atravessava um período de transição E. Estagnar a economia brasileira.
entre seu passado agrário e um futuro industrial e
urbano. Dessa forma, seu plano de governo falava Questão 02: De acordo com o texto, qual área era o
explicitamente em acelerar o desenvolvimento eco- foco de JK para transformar a estrutura do país?
nômico como forma de transformar a estrutura do
país. Tinha na industrialização, segundo Villela (2005,
p. 47), a “forma mais eficiente de transformar um país
populoso e com grande mercado interno em potencial
e dotado de adequados recursos naturais”.”

REFERÊNCIA

SARTORI, Edoard Stevan dos Santos. O período pré-Dita-


dura: de Juscelino a Goulart. 2014. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Ciências Econômicas, Setor de Ci-
ências Sociais Aplicadas) – Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2014. p. 2-3. Disponível em:
h tt p s : / /a c e r v o d i g i ta l . u f p r. b r / b i t st re a m / h a n d - SAIBA MAIS
le/1884/37068/MONOGRAFIA11-2014-1.pdf?sequen-
ce=1&isAllowed=y. Acesso em: 12 maio 2022. JUSCELINO KUBITSCHEK. Especial 100 anos de JK. Senado
Federal. Brasília. Senatus, v. 2, n.1, p. 40 a 43, dez. 2002.
Disponível em: h�ps://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstre-
am/handle/id/70293/0657233%20Juscelino.pdf?sequen-
ce=3&isAllowed=y. Acesso em: 12 maio 2022.
SUGESTÃO DE ATIVIDADES

CAPÍTULO 04 – GUERRA FRIA


1. Leitura coletiva do texto Os Anos Dourados De Jk
– “50 Anos Em 5” em formato roda de conversa.
E NEOCOLONIALISMO

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6: Participar do deba-


2. Compreensão e discussão acerca dos principais
te público de forma crítica, respeitando diferentes
pontos do texto.
posições. Além disso, fazendo escolhas alinhadas
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
3. Solicitar aos(às) estudantes que respondam às
com liberdade, autonomia, consciência crítica e
perguntas a seguir.
responsabilidade.
Questão 1: Leia o trecho, a seguir, abaixo e responda
HABILIDADES DA BNCC (EM13CHS604): Discutir o
ao que se pede.
papel dos organismos internacionais no contexto
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
Dessa forma, seu plano de governo falava explicita-
tica sobre seus limites e suas formas de atuação
mente em acelerar o desenvolvimento econômico
nos países, considerando os aspectos positivos e

233
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
negativos dessa atuação para as populações locais. Texto II

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM (GO-EMCHS604A): MUNDO BIPOLAR


Identificar os processos que levaram à Guerra Fria,
refletindo sobre a formação da Organização das Leandro Augusto Martins Junior
Nações Unidas (ONU) e a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) para compreender seus “A Guerra Fria começa a ser contada com o envio
limites e suas possibilidades de atuação. das bombas atômicas às cidades de Hiroshima e Na-
gasaki e a consequente rendição japonesa na Segunda
OBJETO DE CONHECIMENTO: Guerra Fria e Neo- Guerra, o mundo parecia finalmente se encaminhar
colonialismo. para um cenário mais pacífico. Em meados de 1945,
o conflito fora oficialmente finalizado através da as-
Texto I sinatura de acordos de paz que decretaram o triunfo
dos Aliados, portanto, a derrota das nações fascistas
GUERRA FRIA POLARIZOU O MUNDO do Eixo. Muitos foram aqueles que proclamavam, en-
tão, a vitória da “democracia” ante o autoritarismo da
Roberto Nasser “extrema-direita”.
No entanto, nesse mesmo cenário, iniciava-se ou-
“O fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) tro conflito que, embora não declarado, seria travado
gerou um mundo novo no âmbito das relações in- nas mais diversas esferas sociais, impactando nos des-
ternacionais. Em 1947, o presidente dos EUA, Harry tinos de todos os países do mundo. Liderados pelas
Truman, estabeleceu a Doutrina Truman. Por meio duas grandes potências vitoriosas da 2ª Guerra, esse
dela, os EUA achavam legítimo intervir nos países novo combate colocava em lados opostos dois regi-
onde seus interesses estivessem ameaçados pela ex- mes político-econômicos antagônicos, o capitalismo
pansão soviética. e o socialismo, então conduzidos, respectivamente,
Essa atitude norte-americana deu início a uma por Estados Unidos e União Soviética.
nova política internacional conhecida como Guerra Após uma aliança momentânea no combate ao
Fria (1947-1989). O mundo da Guerra Fria foi marcado nazifascismo, URSS e EUA passavam a se entender
pelo conflito ideológico entre EUA e a antiga URSS. como inimigos. Esta luta, porém, não seria combatida
Liderando seus respectivos blocos, capitalista numa guerra convencional. Como as duas potências
(EUA) e socialista (URSS), essas duas superpotências dominavam a tecnologia nuclear, o risco da “destrui-
ção mútua” limitava as ações militares de ambos os
dividiram o mundo entre si.
lados, construindo um cenário marcado por uma es-
Na luta por suas áreas de influência, esses dois
pécie de “Equilíbrio pelo Terror”. É justamente a partir
países estiveram envolvidos em importantes questões
de tais referências que podemos determinar o início
internacionais como, por exemplo, a Guerra da Coréia,
da Guerra Fria.
a questão dos mísseis em Cuba, a Guerra do Vietnã e
a construção do Muro de Berlim.
Expansão Capitalista
Um outro bom exemplo de um mundo ideologi-
camente polarizado entre EUA e a antiga URSS foi o
Conflito de abrangência internacional, a Guerra
Plano Marshall.
Fria serviu como palco de uma intensa e constante
Procurando reerguer uma Europa recém-saída da
disputa entre as potências envolvidas. Aos Estados
Segunda Guerra Mundial e fortemente ameaçada por Unidos, competia desenvolver estratégias com o intui-
uma expansão comunista, o secretário de Estado nor- to de ampliar a área de influência da economia capita-
te-americano, general Marshall, elaborou um plano lista. Para tanto, mostrava-se fundamental estabelecer
de ajuda aos países europeus buscando, ao mesmo alianças com o maior número possível de nações. É,
tempo, impedir o avanço comunista na Europa Oci- neste sentido, que podemos localizar a formação da
dental, assegurar o mercado europeu para a produção “Doutrina Truman” e do “Plano Marshall”.
industrial americana e, com essa ação, consolidar o Baseada nas diretrizes estabelecidas pelo então
poder dos EUA na Europa Ocidental.” presidente norte-americano Harry Truman, a Doutrina
Truman previa a intervenção dos EUA em áreas ame-
REFERÊNCIA açadas pelo comunismo. Tal ingerência baseava-se
NASSER, Roberto. Guerra Fria polarizou o mundo. Folha de
no apoio militar e financeiro a essas regiões. Con-
S. Paulo, Especial, São Paulo, quinta, 13 de novembro de
1997. Disponível em: h�ps://www1.folha.uol.com.br/fsp/
comitantemente, o Plano Marshall fundamentava-se
especial/�131108.htm . Acesso em: 25 fev. 2022. no auxílio econômico aos países europeus destruídos
pela Segunda Guerra. Buscava, com isso, revitalizar a
economia de mercado nessas localidades.

234
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Com o mesmo intuito de bloquear a expansão
vermelha, foram criadas ainda a OTAN (Organização
do Tratado do Atlântico Norte) e a OEA (Organização
dos Estados Americanos). Internamente, o governo SUGESTÃO DE ATIVIDADES
estadunidense realizou uma verdadeira “caça às bru-
xas”, com a perseguição de “simpatizantes comunis- 1. Assista ao vídeo Guerra Fria Documentário.
tas” presentes no território norte-americano. Lidera-
do pelo senador Joseph McCarthy, tal “caçada” ficou 2. Discuta aos principais aspectos da Guerra Fria
conhecida como Macarthismo.” apontados no vídeo.

REFERÊNCIA Faça um fichamento individual no caderno sobre


as discussões referentes a Guerra Fria. O objetivo é
MARTINS JUNIOR, Leando Augusto. Mundo bipolar e a
registrar os pontos compreendidos.
Guerra Fria. Educação Globo, [s.d.]. Disponível em: h�p://
educacao.globo.com/historia/assunto/guerra-fria/mun-
do-bipolar-e-guerra-fria.html. Acesso em: 25 maio 2022.

SAIBA MAIS

BARROS, Arthur Victor Gonçalves Gomes de. A Guerra Fria


SUGESTÃO DE ATIVIDADES e a política de assistência norte-americana para a América
Latina. In: CARAVANA DE 25 ANOS DA ANPUH PERNAM-
1. Leitura coletiva do texto Mundo Bipolar. BUCO, 2016, Recife/PE. Anais [...]: Recife/PE, UFPE, 2016.
p. 01-15. Disponível: h�p://www.snh2011.anpuh.org/re-
sources/pe/anais/caravana/01/14.BARROS,%20Arthur%20
2. Roda de conversa com foco na compreensão e
Victor%20Gomes%20de..pdf. Acesso em: 12 maio 2022.
discussão dos principais pontos do texto.

Questões norteadoras:
MOMENTO ENEM
a) Quais foram os principais pontos da Guerra Fria?
b) Quais foram as ações propostas para expandir o
(ENEM, 2017) Após a Declaração Universal dos Di-
capitalismo e conter a expansão do socialismo?
reitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco pu-
c) Quais foram alguns dos desdobramentos da Guerra
blicou estudos de cientistas de todo o mundo que
Fria?
desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram
a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria
Observação: sistematizar as respostas no caderno.
dos próprios cientistas europeus passou a reconhecer
o caráter discriminatório da pretensa superioridade
VÍDEO: GUERRA FRIA DOCUMENTÁRIO
racial do homem branco e a condenar as aberrações
cometidas em seu nome.
SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo
cien�fico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-
Ásia, n. 23, 1999 (adaptado).

A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi


motivada por acontecimentos então recentes, dentre
os quais se destacava o(a)
A) ataque feito pelos japoneses à base militar ame-
ricana de Pearl Harbor.
B) desencadeamento da Guerra Fria e de novas riva-
lidades entre nações.
C) morte de milhões de soldados nos combates da
Segunda Guerra Mundial.
D) execução de judeus e eslavos presos em guetos e
campos de concentração nazistas.
E) lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e
Nagasaki pelas forças norte-americanas.
Disponível em: h�ps://www.youtube.com/watch?v=-
GQeZ4zHe2cs . Acesso em: 25 fev. 2023.

235
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
(ENEM, 2018) Os soviéticos tinham chegado a Cuba SOCIOLOGIA
muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela
fresta aberta pela imediata hostilidade norte-ameri- HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o
cana em relação ao processo social revolucionário. papel dos organismos internacionais no contexto
Durante três décadas os soviéticos mantiveram sua mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí-
presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, tica sobre seus limites e suas formas de atuação
sobretudo, com todo o apoio econômico que, como nos países, considerando os aspectos positivos e
saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona, negativos dessa atuação para as populações locais.
embora nos deixasse em dívida com os irmãos sovié-
ticos – e depois com seus herdeiros russos – por cifras Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS604C)
que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era Discutir o papel dos organismos internacionais no
oferecido em nome da solidariedade socialista tinha mundo contemporâneo, analisando textos e dados
um preço definido. que tragam os aspectos positivos e negativos dessa
PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul. atuação para o Brasil para pensar de forma crítica
2014 (adaptado). os limites da cidadania nos países de capitalismo
dependente.
O texto indica que durante a Guerra Fria as relações
internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a) Objeto de conhecimento: Impactos do Nazismo e
A) busca da neutralidade política. os Organismos Internacionais.
B) es�mulo à competição comercial.
C) subordinação à potência hegemônica.
D) elasticidade das fronteiras geográficas. MOMENTO 1
E) compartilhamento de pesquisas cien�ficas.
O MUNDO PÓS-SEGUNDA
(ENEM/2019) Tratava-se agora de construir um rit- GUERRA MUNDIAL
mo novo. Para tanto, era necessário convocar todas
as forças vivas da Nação, todos os homens que, com Organismos Internacionais
vontade de trabalhar e confiança no futuro, pudessem
erguer, num tempo novo, um novo Tempo. E, à grande Por Rodolfo Alves Pena
convocação que conclamava o povo para a gigantesca
tarefa, começaram a chegar de todos os cantos da “Entende-se por organizações ou organismos in-
imensa pátria os trabalhadores: os homens simples ternacionais as instituições internacionais que agre-
e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de gam em si ações de vários países sob um objetivo ou
pedra, e no calcanho, em carro de boi, em lombo de bem comum. Elas atuam, desse modo, a partir de
burro, em paus-de-arara, por todas as formas possí- diversas causas ou missões, sendo essas abrangentes
veis e imagináveis, em sua mudez cheia de esperança, ou específicas, a exemplo da ONU (Organização das
muitas vezes deixando para trás mulheres e filhos a Nações Unidas), do FMI (Fundo Monetário Interna-
aguardar suas promessas de melhores dias; foram cional) e várias outras.
chegando de tantos povoados, tantas cidades cujos Os organismos internacionais, de modo geral,
nomes pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, podem atuar em diversas frentes, tanto no campo
dentro dos antigos ritmos da imensa pátria... Terra de econômico quanto no âmbito social, mas exercem um
sol, Terra de luz... Brasil! Brasil! Brasília! peso primordial no cerne das relações geopolíticas.
MORAES, V.; JOBIM, A. C. Brasília, sinfonia da alvorada. Decisões, por exemplo, tomadas na esfera da ONU
A chegada dos candangos. Disponível em: www. ou do Banco Mundial, para citar dois exemplos muito
viniciusdemoraes.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012 comuns, podem reverberar em conflitos ideológicos
(adaptado). ou disputas de bastidores entre diferentes governos e
Estados. Nesse sentido, as organizações internacionais
No texto, a narrativa produzida sobre a construção de são encaradas por muitos como centros estratégicos
Brasília articula os elementos políticos e socioeconô- de disputa pelo poder.
micos indicados, respectivamente, em: A ONU é considerada por muitos como o principal
A) apelo simbólico e migração inter-regional. organismo internacional da atualidade, sendo comu-
B) organização sindical e expansão do capital. mente chamada de “estatal mundial”. No entanto, em-
C) segurança territorial e estabilidade financeira. bora essa entidade exerça uma grande influência no
D) consenso partidário e modernização rodoviária. mundo, suas ações estão condicionadas aos termos
E) perspectiva democrática e eficácia dos transportes. empreendidos pelos seus países-membros, sobretudo
aqueles que compõem o Conselho de Segurança, esfe-
ra máxima decisória da organização. Nesse conselho,

236
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
existem apenas cinco países permanentes, os quais 2) Analise a atuação da Organização das Nações Uni-
conseguem veto sobre qualquer decisão (Estados Uni- das (ONU) no cenário político atual.
dos, China, França, Reino Unido e Rússia), além de dez
temporários sem poder de veto. A criação da ONU
O FMI, no que lhe concerne, apesar de limitar
suas ações no plano econômico, também possui um “As consequências da Segunda Guerra Mundial
elevado peso político. O organismo opera por meio foram devastadoras. Foram mais de 30 milhões de
da concessão de crédito e empréstimos a países que feridos e pelo menos 50 milhões de mortos distribu-
sinalizam necessidade de ajuda econômica, exigindo, ídos em inúmeras cidades.
em contrapartida, uma série de medidas político-eco- Nações como França, Inglaterra e Alemanha foram
nômicas internas, geralmente relacionadas com corte algumas das mais arrasadas. A Polônia perdera seis
de gastos, desregulação da economia e implantação milhões de habitantes, e o Japão, 1,5 milhão em de-
de outras medidas liberais. O FMI foi criado em 1944, corrência das bombas atômicas lançadas em Hiroshi-
na Conferência de Bre�on Woods, e conta atualmente ma e em Nagasaki. 6 milhões de judeus também foram
com 187 países-membros. assassinados nos campos de concentração nazistas.
Outra organização internacional de elevado peso Além de toda essa devastação, com o fim da Se-
político na esfera internacional é a Otan (Organização gunda Guerra, o mundo estava se dividindo politi-
do Tratado do Atlântico Norte), criada durante a Guer- camente entre capitalistas e socialistas, como vimos
ra Fria como uma espécie de pacto entre os países da anteriormente. Era o começo da Guerra Fria, um perí-
frente capitalista diante de um eventual ataque da odo de incerteza e insegurança. Frente a esse cenário,
frente socialista em seus territórios. Atualmente, essa tornou-se essencial que fosse criado um órgão para
organização bélica é utilizada como um instrumento
manter a paz e a segurança internacional, bem como
militar e também um meio de pressão pelas grandes
desenvolver a cooperação entre os povos. Nesse con-
potências, com grande poder de intervenção sobre
texto, surgiu então a Organização das Nações Unidas
outros países, a exemplo das ações sobre o Iraque
(ONU), em 24 de outubro de 1945.
(2003), a Líbia (2011) e a Síria (2013).
Seu objetivo central era e ainda é solucionar os
A OMC (Organização Mundial do Comércio), no
problemas sociais, humanitários, culturais e econô-
que lhe concerne, atua no âmbito das relações de
exportação e importação tanto entre países quanto micos, promovendo o respeito às liberdades funda-
entre blocos econômicos. Além de julgar recursos e mentais e aos direitos humanos.
apelações frente a atitudes que possam ser considera- Atualmente, a ONU é a principal organização in-
das ilegais ou incorretas por parte dos países – como ternacional, com 193 países membros.
cartéis e outros –, a OMC objetiva a liberalização mun- A instituição se envolve em várias missões de paz
dial do comércio internacional, com a diminuição ou ao redor do mundo e age por sanções diplomáticas,
eliminação das barreiras protecionistas e alfandegá- econômicas, desportivas e políticas para punir os pa-
rias. As disputas no âmbito da OMC e as rodadas de íses que ameaçam a paz mundial.”
deliberações são consideradas muito importantes e
estratégicas geopoliticamente. A CRIAÇÃO DA ONU. Disponível em: h�ps://ead.pucpr.br/
Além dessas, existem muitas outras organizações blog/pos-segunda-guerra-mundial. Acesso em: 1 mar. 2023.
internacionais consideradas importantes e necessá-
rias para uma série de questões. Nesse ínterim, cabe Atividade
destaque para o BIRD (Banco Internacional para Re-
construção e Desenvolvimento), a OEA (Organização GOIÁS: PATRIMÔNIO
dos Estados Americanos), a OCDE (Organização para HISTÓRICO DA HUMANIDADE
Cooperação e Desenvolvimento), a OIT (Organização
Internacional do Trabalho), a OMS (Organização Mun-
dial da Saúde), entre tantas outras entidades.”

REFERÊNCIA
PENA, Rodolfo Alves. Organismos Internacionais. Mundo
Educação, [s.d.].Disponível em: h�ps://mundoeducacao.
uol.com.br/geografia/organismos-internacionais.htm.
Acesso em: 1 mar. 2023.

ATIVIDADES

1) Faça uma pesquisa sobre três organismos interna- Em 2001, a Cidade de Goiás recebeu o �tulo de
cionais e anote as funções de cada um deles. Patrimônio Histórico da Humanidade concedida pela

237
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Unesco, órgão pertencente à ONU que atua no campo • Melhorar a cobertura e a eficácia da proteção
educacional e cultural. A concessão desse �tulo ele- social para todos;
vou a nossa antiga capital ao reconhecimento inter- • Fortalecer o tripartismo e o diálogo social.
nacional a partir da sua história e da sua preservação.
Um organismo internacional como a ONU reconhecer Para que isso ocorra, é fundamental que os países,
a Cidade de Goiás como Patrimônio Histórico da Hu- empregados e empregadores atuem com convergên-
manidade nos enche de orgulho e nos responsabiliza cia de opiniões e ideias, buscando progresso e pros-
a cuidar da sua preservação. peridade para todos os envolvidos. [...]
Faça uma pesquisa sobre esse �tulo conquistado No Brasil, a OIT atua desde sua criação, pois nosso
pela Cidade de Goiás demonstrando quais exigências país é um dos seus membros fundadores, participan-
a nossa antiga capital teve que cumprir para ser reco- do ativamente das conferências anuais desde 1919.
nhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade e De forma �sica, essa organização tem uma sede em
o que se tem feito para continuar ostentando tal �tulo. nosso país desde 1950. Atualmente, a sede brasileira
da OIT está localizada em Brasília, no Distrito Federal.
MOMENTO 2 Grande parte das mudanças trabalhistas que
aconteceram no Brasil a partir da década de 1930,
HABILIDADES DA BNCC: (EM13CHS604) Discutir o com o governo de Getúlio Vargas, tem sua origem
papel dos organismos internacionais no contexto nas conferências promovidas pela OIT. Tratou-se de
mundial, com vistas à elaboração de uma visão crí- grandes avanços para os trabalhadores. No início des-
tica sobre seus limites e suas formas de atuação te século, em 2006, foi lançada, no governo do então
nos países, considerando os aspectos positivos e presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Agenda Nacional
negativos dessa atuação para as populações locais. de Trabalho Decente, que atua com diretrizes para
melhorar a promoção de empregos, oportunidades
ORGANIZAÇÃO equitativas e erradicação do trabalho infantil.
INTERNACIONAL DO TRABALHO Em 2010, o Plano Nacional de Emprego e Traba-
lho Decente foi criado para delimitar indicadores das
“A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é políticas públicas no campo de geração de emprego.
uma instituição mundial que organiza e legisla sobre Anos depois, em 2017, a OIT, em parceria com o Mi-
assuntos trabalhistas que possam valer em todos os nistério do Trabalho, lançou o Observatório Digital do
países-membros dessa organização. Trata-se de um Trabalho Escravo no Brasil e o Observatório Digital de
órgão fundamental para o respeito ao trabalho e dig- Saúde e Segurança do Trabalho.
nidade de cada ser humano deste planeta, sendo de Passados mais de 100 anos desde sua fundação, a
extrema importância para a diminuição e erradicação OIT mostrou-se firme nas ações do tempo e de gover-
de qualquer tipo de exploração no mercado de tra- nos, consolidando relações trabalhistas e garantindo
balho. [...] significativas melhorias, mesmo que, em alguns casos,
A OIT é a única agência especializada da ONU que de forma lenta e gradual, para os trabalhadores do
possui uma estrutura tripartite: membros de países, mundo inteiro.”
empregados e empregadores estão presentes nas to-
madas de decisões da organização. Atualmente 187 REFERÊNCIA
países adotam as diretrizes da OIT, sendo considera-
dos Estados-membros. MATIAS, Átila. Organização Internacional do Trabalho
Dentre seus princípios e objetivos, podemos des- (OIT). Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em: h�ps://brasiles-
cola.uol.com.br/brasil/organizacao-internacional-do-traba-
tacar que a OIT atua para a promoção de trabalhos
lho-oit.htm. Acesso em: 16 mar. 2023.
dignos e decentes para ambos os gêneros, com li-
berdade, segurança e equidade nas ações. Para atin-
Atividade
girmos níveis de desenvolvimento atrativos, superar
a pobreza e reduzirmos as desigualdades sociais, o
1) (Unilavras, 2018) Ratificada pelo Brasil, a Conven-
trabalho decente é um caminho a ser considerado,
ção 148 da Organização Internacional do Trabalho
com garantias democráticas e acessíveis a todos.
(OIT), aprovada em Genebra em 1977 e promul-
De acordo com a própria OIT, quatro objetivos
gada pelo Decreto n.º 43.413, de 15/10/1986, diz
norteiam suas ações para a promoção do trabalho
respeito
decente para a população de cada país-membro:
A) à proteção dos trabalhadores contra os riscos
• Definir e promover normas e princípios e direitos
profissionais devido à contaminação do ar,
fundamentais no trabalho;
ao ruído e às vibrações no local de trabalho.
• Criar maiores oportunidades de emprego e ren-
B) à prevenção e controle do calor e umidade a
da decentes para mulheres e homens;
que os agentes são expostos.

238
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
C) à prevenção de acidentes industriais relacio- ORGANIZAÇÃO DO TRATADO
nados à monotonia. DO ATLÂNTICO NORTE
D) à prevenção e controle de riscos de acidentes
devido à carga horária excessiva. “A Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) é uma aliança política e militar formada por
2) (MPT,2012) Em relação à Organização Internacio- países-membros, cujo objetivo é proteger reciproca-
nal do Trabalho (OIT), suas normas e princípios, mente em ataques militares.
assinale a alternativa INCORRETA:
A) Após a elaboração de uma convenção pela Atualmente, os países que fazem parte da OTAN
Conferência Internacional do Trabalho, será são 30:
dado a todos os Estados-Membros conheci- Albânia
mento daquela para fins de ratificação, sendo Alemanha
que o não assentimento a uma convenção Bélgica
pela autoridade ou autoridades compe- Bulgária
tentes do Estado-Membro o isenta das res- Canadá
pectivas obrigações, salvo a de informar ao Croácia
Diretor-Geral da Repartição Internacional Dinamarca
do Trabalho, nas épocas que o Conselho de Eslováquia
Administração julgar convenientes, sobre a Eslovênia
sua legislação e prática observada relativa- Espanha
mente ao assunto de que trata a convenção. Estados Unidos
B) São princípios e direitos fundamentais do tra- Estônia
balho previstos na Declaração da Organização França
Internacional do Trabalho (OIT) de 1998, a li- Grécia
berdade sindical e o reconhecimento efetivo Hungria
do direito de negociação coletiva; a proteção Islândia
ao meio ambiente do trabalho para a preser- Itália
vação da segurança e da saúde dos trabalha- Letônia
dores; a eliminação de todas as formas de Lituânia
trabalho forçado ou obrigatório; a abolição Luxemburgo
efetiva do trabalho infantil; a eliminação da Macedônia do Norte
Montenegro
discriminação em matéria de emprego e ocu-
Noruega
pação.
Países Baixos
C) A convenção não ratificada por um Estado-
Polônia
-Membro não o obriga à tomada das medi-
Portugal
das necessárias para efetivar as disposições
Reino Unido
da referida convenção; no entanto, em vir-
Romênia
tude da fundamentalidade de determinados
Tchéquia
direitos, como a eliminação de todas as for-
Turquia
mas de trabalho forçado ou obrigatório e a
abolição efetiva do trabalho infantil, todos os
A OTAN foi criada em 4 de abril de 1949, durante
Membros, independentemente de ratificação, a Guerra Fria, que se iniciou em 1947 e terminou em
devem respeitá-los, promovê-los e torná-los 1989. Na altura, o objetivo era conter a influência do
realidade, pelo simples fato de pertencer à socialismo da URSS no mundo, por isso era formada
Organização Internacional do Trabalho (OIT). pelas principais potências capitalistas e ocidentais.
D) A Convenção 182 da Organização Internacio- URSS é a sigla da União das Repúblicas Socialistas
nal do Trabalho (OIT) inclui entre as piores Soviéticas, que existiu entre 1922 e 1991 e era forma-
formas de trabalho infantil o trabalho que, da por 15 nações, dentre as quais a Rússia. A OTAN
por sua natureza ou pelas condições em que também é conhecida pela sua sigla em inglês NATO
é realizado, é susce�vel de prejudicar a saúde, (North Atlantic Treaty Organization).
a segurança ou a moral das crianças.
História da OTAN

Após a derrota do nazismo na Europa, Estados


Unidos e União Soviética seguiram por caminhos di-
ferentes.

239
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Os países libertos do nazismo pelos soviéticos, Atualmente, os objetivos da OTAN são:
adotaram o regime socialista e passaram à órbita de • preservar a segurança do bloco contra as ope-
influência da URSS. Como bem lembrou o ex-minis- rações de pirataria, guerras civis e terrorismo;
tro britânico Winston Churchill, uma cortina de ferro • evitar ao máximo a proliferação de armas de
caía sobre a Europa. Dessa forma, as relações entre destruição em massa.
os Estados Unidos e a União Soviética começaram a • Com a incorporação dos países do Pacto de Var-
se deteriorar. sóvia, dentre eles a Rússia, a OTAN se torna a
Por iniciativa dos americanos, a OTAN foi criada principal aliança militar no planeta.”
após o fim da Segunda Guerra Mundial. O objetivo era
OTAN. Organização do Tratado do Atlântico Norte. Toda
proteger as nações signatárias, na Europa e América
Matéria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.todamateria.
do Norte, de ataques exteriores. com.br/otan-organizacao-do-tratado-do-atlantico-norte/.
O artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte afirma Acesso em: 16 mar. 2023.
que:
OMC - ORGANIZAÇÃO
Um ataque armado contra um ou mais paí- MUNDIAL DO COMÉRCIO
ses membros será considerado uma agressão
contra todos. “A OMC (Organização Mundial do Comércio) é uma
Igualmente, esta união tinha como objetivo entidade internacional com objetivo de proporcionar
conter a expansão do socialismo, represen- a abertura comercial a todos os países. A organização
tada pela União das Repúblicas Socialistas foi criada em 1995, conta com 162 países-membros e
Soviéticas (URSS). a sede se encontra está em Genebra, na Suíça. Inglês,
francês e espanhol são suas línguas oficiais.
Os principais pontos do acordo eram: O principal objetivo da OMC é atuar como um
• fornecer assistência militar mútua; fórum de negociações e acordos para reduzir os obstá-
• conservar a liberdade e a segurança de seus culos ao comércio internacional. Seu trabalho consiste
membros; em garantir a estabilidade, concorrência entre todos
• unificar e padronizar as estratégias militares e os países e, dessa maneira, assegurar o desenvolvi-
sistemas de armamentos do comando integra- mento econômico das nações. Igualmente é de sua
do das Forças Armadas do Atlântico Norte. responsabilidade a solução de conflitos entre os es-
tados-membros e a assinatura de acordos comerciais.
• Além de manter os interesses políticos e mili-
A ideia de uma instituição que regulasse o comér-
tares das potências ocidentais pelo mundo, o
cio mundial surgiu em 1948 com a criação do Acordo
tratado garante que nenhum dos signatários
Geral de Tarifas e Comércio (GATT, em sua sigla em
assine outro compromisso internacional con-
inglês), que reunia 23 países, incluindo o Brasil. Desta
flitante com os termos da OTAN. maneira, se acabavam as negociações exclusivamente
bilaterais e se ampliava para um organismo multila-
Quanto à sua composição, destacam-se delega- teral. Sua meta era que não houvesse mais barrei-
ções nacionais dos países membros, compostas por ras alfandegárias que prejudicassem o comércio e as
escritórios civis e militares, orientados pelo Presidente nações. Foram realizadas oito rodadas multilaterais
do Comitê Militar. A sede da OTAN fica em Bruxelas, durante o GATT. A última, a Rodada Uruguai, em 1986,
na Bélgica. Os presidentes dos países membros, bem supôs a atualização desse organismo e sua transfor-
como os seus ministros militares, se reúnem regular- mação na OMC.
mente para tratar de assuntos pertinentes ao bloco.
Alguns anos mais tarde, em resposta à OTAN, o Os objetivos da OMC são:
bloco soviético cria o Pacto de Varsóvia. O tratado foi • negociar a redução ou eliminação de barreiras
assinado na capital polonesa em 14 de maio de 1955. comerciais, como as tarifas comerciais;
As tensões entre os blocos capitalistas e socialistas, a • gerir a regras de conduta do comércio, como
ameaça de um choque bélico entre essas duas alianças subsídios;
foi uma constante no período da Guerra Fria. • administrar os bens e serviços gerados pela
Com o fim da URSS no ano de 1991 e com a conse- atividade comercial, como a propriedade inte-
quente dissolução do Pacto de Varsóvia, a OTAN pre- lectual;
cisou adequar-se ao novo paradigma mundial. Afinal, • acompanhar a revisão das políticas comerciais
não existia mais o “inimigo vermelho” para combater. dos estados-membros;
Assim, com base no Novo Conceito Estratégico (New • atuar para o desenvolvimento dos estados-
Strategic Concept, 1991), garantiu a perpetuação e -membros;
expansão das alianças militares. • aplicar pesquisas comerciais e divulgar os dados
como forma de apoio aos países integrantes.”

240
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
REFERÊNCIA forma mais consistente, inclusive na pós-graduação
(mestrado e doutorado).
BEZERRA, Juliana. OMC - Organização Mundial do Comér- A Sociologia sofreu avanços qualitativos e quan-
cio. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.toda- titativos importantes a partir da II Guerra Mundial, o
materia.com.br/omc-organizacao-mundial-do-comercio/.
que favoreceu o desenvolvimento de especialidades
Acesso em: 16 mar. 2023.
ou subcampos da Sociologia. Nesse sentido, podemos
afirmar termos atualmente “Sociologias”, no plural.”
Atividade
REFERÊNCIA
1) Faça uma pesquisa sobre a participação brasileira
na Organização Mundial do Comércio ao longo dos BODART, Cristiano das Neves. Sociologia contemporânea.
últimos dez anos. Blog Café com Sociologia. jun. 2021. Disponível em: h�ps://
cafecomsociologia.com/sociologia-contemporanea/. Aces-
2) Organize um seminário em sua sala apresentando so em: 16 mar. 2023.
cada um dos organismos internacionais. Utilize a
criatividade. Atividade

1) Explique por que a Segunda Guerra Mundial se


MOMENTO 3 tornou o evento marcante para o surgimento da
Sociologia.
SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA
MOMENTO 4
“A Sociologia contemporânea compreende a
produção sociológica do pós-II Guerra Mundial (até
DESENVOLVIMENTISMO
os dias de hoje). Ela é uma categorização que visa
demarcar uma diferenciação em relação à Sociologia
“O termo “desenvolvimentismo” foi criado para
clássica, anterior a II Guerra Mundial, marcada por
se referir às políticas de desenvolvimento econômico
contribuições de autores basilares da Sociologia que
tomadas por governos após a década de 1930, em
se desenvolveu a partir de então. Alguns especialis- resposta a grande crise econômica que ocorreu em
tas na história da Sociologia separam esse período 1929 com a quebra da bolsa de valores de Nova York.
contemporânea em dois, um primeiro que vai até os O aumento da industrialização e ampliação das infra-
anos 1970 e um segundo a partir dessa data. Há ainda estruturas são processos ligados a esse fator, em busca
aqueles que apontam que a Sociologia contemporâ- de ampliar o desenvolvimento econômico, político e
nea teria se iniciado nos anos de 1970, após um perí- social.
odo de crise de paradigmas da Sociologia, sobretudo O desenvolvimentismo teve seu apogeu princi-
nos Estados Unidos. palmente após a Segunda Guerra Mundial, pois o
A partir da década de 1940 deu-se a maior ins- clima político e social estavam abalados, com isso foi
titucionalização dos cursos superiores de Sociologia possível adotar estratégias nacionais com intenção de
em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Como crescimento interno, a industrialização e em avanços
a produção intelectual foi, em grande medida, inter- sociais.
rompida durante a II Guerra, nos anos seguintes novas
perspectivas teóricas se desenvolveram, assim como É esperado que o desenvolvimentismo possua
novas especialidades, deliberou-se utilizar esse perío- como características principais:
do para demarcar a nova fase da Sociologia. As “novas • A formulação e legitimação de estratégia para
sociologias” – que trouxeram um amplo conjunto de o desenvolvimento produtivo e do projeto na-
recursos teórico-metodológico para o campo – foram cional;
desdobramentos, ou prolongamentos, das contribui- • A promoção da acumulação de capital (bens
ções dos teóricos da Sociologia clássica. de valor e dinheiro) no território nacional, com
Os anos pós-II Guerra Mundial foram marcados seletividade setorial e tecnologias de ponta, vi-
pela internacionalização da Sociologia norte-ameri- sando à maior agregação de valor no país;
cana, maior popularidade da Sociologia nas univer- • O es�mulo à formação de empresas competi-
sidades, inclusive com uma ampliação substantiva, tivas para o mercado mundial;
sobretudo entre 1950 e 1970, de pesquisas quanti- • A incentivo ao progresso cien�fico e tecnológi-
tativas; muitas das quais financiadas pelos Estados co vinculado à produção do país e sob controle
e por fundações privadas, como a Ford, a Rockfeller do Estado nacional;
e a Carnegie. A partir dos anos de 1950 os métodos • A regulação do comércio exterior e das relações
sociológicos se consolidaram no campo cien�fico de financeiras externas;

241
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
• O impulso para a estabilidade macroeconômi- infraestrutura poderia se equiparar a outros países
ca em sentido amplo (moeda e preços, juros, desenvolvidos.
câmbio, contas públicas e contas externas). Os governos militares que assumem o controle do
país durante a ditadura adotam os mesmos conceitos
Diversos países adotam essa metodologia de de- de desenvolvimentismo e nacionalismo propostos por
senvolvimento, porém nem todos saem satisfatórios Juscelino Kubitschek, porém de forma mais intensiva,
com isso, principalmente os países com menor de- utilizando moldes autoritários e deixando de lado no-
senvolvimento econômico como os da América Latina vamente o desenvolvimento social para diminuir as
e África. diferenças. Esses governos têm um foco na infraes-
No que diz respeito aos países menos desenvolvi- trutura e na industrialização, porém há um aumento
dos, os principais problemas relacionados à aplicação de empréstimos estrangeiros, gerando um processo
do desenvolvimentismo está na falta de estratégias de crise econômica no país que seria exposto alguns
para combater as diferenças sociais, mesmo que em anos após o fim da ditadura.”
contraponto possa ter gerado um aumento do PIB de
alguns desses países e gerado empregos a partir da REFERÊNCIA
industrialização. Muitas gerações de postos de traba-
lhos ocorreram utilizando mão de obra barata, com SILVA, Wellington Souza Silva. Desenvolvimentismo. Info
isso os fatores de bem-estar social e diminuição das Escola, [s.d.]. Disponível em: h�ps://www.infoescola.com/
economia/desenvolvimentismo/. Acesso em: 01 mar. 2023.
diferenças não conseguiram ser atingidos.
Uma das principais críticas a esse sistema é a não
viabilização de políticas sociais em busca de diminuir
as diferenças, pois, em geral, é executado por grupos
que visam um retorno financeiro, por exemplo, os
bancos que forneceram empréstimos a Estados nacio-
nais tiveram interesse nos juros para obterem maior
retorno monetário.

Desenvolvimentismo no Brasil

No Brasil a aplicação do desenvolvimentismo


ocorre principalmente com o governo de Juscelino
Kubitschek (1956 - 1961) a partir de um projeto de
Plano de Metas, esse estabelecia um desenvolvimento
no país para atrair indústrias estrangeiras em busca
de auxiliar na questão econômica, na geração de em-
pregos e no aumento da qualidade de vida, embora o
último não tenha ocorrido como o planejado.
De modo geral, as políticas adotadas pelo governo
de Kubitschek implicaram em uma transformação no
setor econômico do país, consolidando uma coope-
ração internacional no plano econômico, político e
cultural para o Brasil.
O Plano de Metas desenvolvido por Juscelino en-
volvia uma intervenção maior do Estado na economia
(intervencionismo), um aumento da participação do
capital privado nacional no processo de industrializa-
ção e na incorporação do capital estrangeiro. A par-
ticipação de capital estrangeiro tinha como condição
a superação do subdesenvolvimento econômico no
país, sendo utilizados investimentos diretos, financia-
mentos ou empréstimos para auxiliar no crescimento
econômico.
Juntamente ao discurso desenvolvimentista havia
um nacionalista, que impunha um caráter de compre-
ender o Brasil como um país rico em recursos que com
um avanço econômico, tecnológico, com indústrias e

242
Projeto
de Vida
PROJETO DE VIDA
PROJETO DE VIDA Tudo isso reduz os riscos de melhora significativa em
nossa saúde.
AULA 16: Viver bem

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: (EM3PV20) Refletir


sobre saúde e hábitos alimentares construindo ru-
bricas de autoavaliação para auxiliar na elaboração
do Projeto de Vida e possíveis mudanças de rota.

Competências Socioemocionais:
• Tomada de decisão responsável:
• Autoconsciência
• Autogerenciamento
Fortalece a memória
Quando definimos metas para se atingir um ob- A prática de exercícios regulares promove uma
jetivo no nosso projeto de vida, prezamos a melho- melhora na nossa capacidade cognitiva ao estimular o
ria das condições econômicas, ambientais, �sicas e desenvolvimento de novas células e manter a integri-
emocionais. Em nossa vida em coletividade buscamos dade do sistema cardiovascular, ajudando a proteger
obter o bem-estar voltado para a qualidade de vida, nosso cérebro e preservar a memória e as habilidades
mas devido as demandas, prazos e principalmente por de pensamento.
se sentir pressionado pelas obrigações e exigências a
comida principalmente processada vira uma forma de Combate doenças crônicas
alívio temporário para o estresse ou para a ansiedade. Quem se movimenta de forma regular apresenta
uma melhora nos níveis de HDL – conhecido como
colesterol bom – além de controlar a taxa de açúcar
no sangue e evitar o aumento da pressão sanguínea.
Dessa forma, é possível evitar uma série de doenças
crônicas e minimizar os sintomas do quadro, caso a
condição já tenha se desenvolvido.”

FUJII, Christiane. 5 bene�cios dos exercícios �sicos para a


longevidade saudável. E Saúde, 01 dez. 2019. Disponível
em: h�ps://christianefujii.com.br/5-beneficios-dos-exerci-
cios-fisicos-para-a-longevidade-saudavel/. Acesso em: 16
mar. 2023.

Melhora a saúde mental

Quando falamos em projeto de vida, também es-


tamos abordando o cuidado para com a sua saúde,
então devemos refletir sobre os nossos hábitos coti-
dianos e modificar determinados comportamentos
que afetam a nossa saúde. A prática de atividade �sica
traz vários bene�cios para o corpo e para a mente,
como os seguintes. Durante a prática de exercícios �sicos, nosso corpo
libera endorfina – uma substância que promove sen-
“Fortalece o sistema cardiovascular sação de felicidade e bem-estar – ajudando a inten-
Quando nos exercitamos regularmente, nosso co- sificar nosso humor de forma natural, o que contribui
ração passa a trabalhar com mais eficiência e sem a para a melhora da saúde mental e emocional. Assim,
necessidade de fazer um grande esforço. Além disso, doenças emocionais como o estresse, depressão, an-
as artérias e vasos ficam mais flexíveis, permitindo siedade também podem ser evitadas com a prática
que o sangue flua melhor a todos os tecidos do corpo. de atividades �sicas.

244
PROJETO DE VIDA
Controle de peso corporal
O excesso de peso é um dos principais fatores de
risco para o desenvolvimento de diversas doenças.
Como a atividade �sica promove a queima de gordu-
ra corporal, além de aumentar a massa muscular e
acelerar o metabolismo, fica mais fácil manter o peso
ideal e garantir uma longevidade saudável e livre de
doenças.
No livro O Poder do Hábito o autor Charles Duhigg
fala dos chamados “hábitos mestres”, capazes de de-
sencadear uma série de reações no modo da pessoa
organizar sua própria vida. Um bom exemplo de um
hábito mestre é o exercício �sico.

“Quando as pessoas começam a se exercitar


regularmente, começam a mudar outros compor-
tamentos que não estão relacionados à atividade
�sica. Passam a comer melhor e a levantar da cama
mais cedo. Fumam menos e se tornam mais pa-
cientes. (...) Não está completamente claro porque
isso ocorre, mas está provado que exercício é um
ATIVIDADE 2
hábito mestre, que propaga mudanças em todos
os aspectos da vida.”
h�ps://www.wishplanner.com.br/blog/rastreador-de- Leia a letra da canção “Saúde”, de Rita Lee e Roberto
habitos / de Carvalho e compare com as imagens, analisando
o que ambas têm em comum e como o tema se re-
Rastreador de hábitos laciona.

Geralmente não percebemos a frequência de di- Me cansei de lero-lero / Dá licença, mas eu vou sair
versas coisas que fazemos até que a colocamos de do sério / Quero mais saúde / Me cansei de escutar
uma maneira visual. O um rastreador de hábitos é opiniões De como ter um mundo melhor / Mas nin-
importante para avaliar a evolução dos hábitos de guém sai de cima, nesse chove-não-molha
maneira bem simples e rápida. Você bate o olho e Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim / Como
já sabe o que tá indo bem e o que você tem certa vai?
dificuldade de manter - ajudando a pensar também Tudo bem / Apesar, contudo, todavia, mas, porém
nos hábitos que você deseja mudar. As águas vão rolar, não vou chorar / Se por acaso
morrer do coração / É sinal que amei demais/ Mas
enquanto estou viva e cheia de graça / Talvez ainda
faça um monte de gente feliz
Como vai? Tudo bem / Apesar, contudo, todavia, mas,
porém / As águas vão rolar, não vou chorar, não!
Se por acaso morrer do coração / É sinal que amei
demais / Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz

ATIVIDADE 1
Reflita sobre a importância do bem-estar �sico listando
pontos de atenção dos próprios hábitos alimentares
e rotinas para reconhecer a importância de hábitos
e rotinas saudáveis no desenvolvimento do Projeto
de Vida.

245
PROJETO DE VIDA
Qual o significado de ser resiliente?

Que é capaz de retomar a sua forma original


depois de sofrer impacto ou deformação; que tem
elasticidade, resiliência. Que tem a capacidade de
recuperar após um revés ou de superar situações de
crise, adversidade ou infortúnio; que demonstra re-
siliência. Que é flexível. h�ps://dicionario.priberam.
org/resiliente
Resiliência é o ato de vencer as adversidades, ter
motivação, inteligência, focar na superação e ganhar
desenvolvimento pessoal.

“O significado original do termo resiliência vem


da �sica e define o nível de resistência de um mate-
rial e sua capacidade de retornar ao estado original
sem danos ou ruptura após sofrer uma deforma-
ção elástica. A Psicologia pegou emprestada esta
palavra e criou o termo resiliência psicológica (ou
resiliência emocional). O termo resiliência, dentro
da psicologia, se refere à habilidade das pessoas
Imagem 2 responderem às frustrações e estresses diários,
em todos os níveis, com superação e recuperação
Atividade 3 emocional.”

1.Como a alimentação saudável e a prática de TRABALHO. Resiliência: o que é o que você precisa saber
exercícios desenvolve bene�cios na sua vida? sobre suportar as adversidades. Zenklun, 26 abr. 2021.
Disponível em: h�ps://zenklub.com.br/blog/trabalho/re-
siliencia-ajuda-volta-por-cima/. Acesso em: 16 mar. 2023.
2. Qual o seu Índice de Massa Corporal (IMC), analise
o resultado e reflita sobre as suas práticas alimentares
e �sicas.

O resultado irá dizer se a pessoa está:


abaixo do peso (IMC inferior a 18,5); com peso normal
(18,5 a 24,9); com excesso de peso (25,0 a 29,9); ou
obesa (30 ou mais).

O Ministério da Saúde divide, ainda, a obesidade em


três estágios:
Grau 1 (IMC entre 30,0 e 34,9); Grau 2 (IMC entre 35
e 39,9); e Grau 3 (IMC maior do que 40).

AULA 17: Resiliência


“Embora estivesse vivendo em condições desuma-
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: (EM3PV21) Refle- nas à época, o autor observou que outras pessoas na
tir sobre as possibilidades e caminhos ao conclu- mesma situação enlouqueciam e se deixavam morrer,
írem o Ensino Médio, refletindo sobre as áreas e ao passo que outras sobreviviam e se mantinham ati-
setores da vida e a importância de considerá-las e vas. A esta capacidade de retomar a vida existente em
equilibrá-las na construção do Projeto de Vida para um fio ele chamou de resiliência. “Quando não con-
compreender a importância da continuidade dos seguimos mais mudar uma situação, temos o desafio
estudos diante dos demais elementos. de mudar a nós mesmos.” (Viktor Frankl)

TRABALHO. Resiliência: o que é o que você precisa saber


Competências Socioemocionais:
sobre suportar as adversidades. Zenklun, 26 abr. 2021.
• Tomada de decisão responsável Disponível em: h�ps://zenklub.com.br/blog/trabalho/re-
• Autoconsciência siliencia-ajuda-volta-por-cima/. Acesso em: 16 mar. 2023.

246
PROJETO DE VIDA
Todo mundo precisa ser resiliente? Para Frank, o sucesso e a felicidade são o resul-
tado da dedicação pessoal a uma causa maior e não
Certamente é importante termos uma adaptação podem ser simplesmente o que Frankl quer nos dizer é
aos acontecimentos sobre os quais temos pouco ou que precisamos desenvolver projetos que tragam um
nenhum controle. Em momentos de transformações sentido à nossa existência, pois isso nos torna pessoas
rápidas e de crises profundas, a resiliência parece ser a mais resilientes frente às adversidades da vida. “Quan-
resposta para ficarmos bem até tudo passar. Ouvimos, do não conseguimos mais mudar uma situação, temos
principalmente em redes sociais e no mercado de tra- o desafio de mudar a nós mesmos.” (Viktor Frankl)
balho, que, se formos resilientes, conseguiremos nos Quando temos um projeto maior para nos apoiar,
adaptar às mudanças e ter força mental suficiente passamos a entender que os problemas são apenas
para seguir em frente e dar a volta por cima. obstáculos a serem superados, são experiências nega-
tivas e o que se persegue é algo muito maior. Então,
simplesmente faça algo por você, algo importante,
por mais simples que possa parecer.

Quais as características de uma pessoa resiliente?

Pessoas resilientes são fáceis de reconhecer por-


que elas sabem utilizar seus pontos fortes para en-
frentar os mais variados problemas. Elas não apenas
se recuperam, mas também progridem

Mas nem sempre é assim. Se apostarmos tudo


nessa característica acreditando que aguentaremos
cargas excessivas e comprarmos o discurso que, in-
felizmente, ainda é muito difundido de que temos
de suportar qualquer coisa; o risco de extrapolarmos
os limites �sicos e mentais será enorme. Se não con-
seguimos retornar à forma original depois de sub-
metidos a tal deformação elástica, como diz a �sica,
significa que algo está errado.

h�ps://br.pinterest.com/pin/401172279288703035/

Quais as características de uma pessoa resiliente?

Algumas características são bem comuns nas pes-


soas com uma boa taxa de resiliência.
• Capacidade de lidar com problemas
• Superam obstáculos • Enfrentam situações de
adversidade
• Encontram equilíbrio em si mesmas nos mo-
mentos de estresse
• Têm uma visão positiva de si mesmas e de suas
habilidades
• Possuem a capacidade de fazer planos realistas
e cumpri-los
• Se comunicam bem • Se enxergam como luta-
doras em vez de vítimas
• São dotadas de alta inteligência emocional e
gerenciam emoções de forma eficaz.

h�ps://zenklub.com.br/blog/trabalho/resiliencia-ajuda-
-volta-por-cima/

247
PROJETO DE VIDA
AULA 18: Minha Pessoa!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: (EM3PV18) Eviden-


ciar, sob a ótica da cidadania, a diferença entre o
que é público e o que é do governo reconhecendo
coletivamente esses elementos na sua comunida-
de para desenvolver responsabilidade social pelas
questões públicas.

Competências Socioemocionais:
• Tomada de decisão responsável
• Habilidades de relacionamento
• Consciência social

Em algum momento de nossas


vidas refletimos sobre o sentindo de
nossas vidas e os significados que
estamos dando para ela e a compre-
ensão que temos das relações hu-
Como se tornar (mais) resiliente?
manas que contribuem para a nossa
formação de identidade. Ao idealiza a
Cultive o otimismo. Reescreva a sua própria his-
própria vida, planeja-se metas e ações visando atingir
tória Lide melhor com o estresse e estimula o cresci-
objetivos pessoais, mas temos que nos conscienti-
mento pessoal. Apoie os outros, ouça o que os outros
zar sobre a responsabilidade que cada um tem para
tem a dizer e comemore a vitória dos amigos. Saia da
consigo mesmo e para com o outro. As nossas ações
sua zona de conforto
refletem na sociedade, seja desenvolvendo valores
positivos ou negativos e ao exercer o seu projeto de
ATIVIDADE 1
vida, reflita sobre as atuações sociais que podem ser
Ouça atentamente a música “RESILIÊNCIA” do grupo
desenvolvidas por você ou pelo seu grupo em prol de
“Tribo da Periferia” e assista atentamente o vídeo
melhorias para a comunidade.
“Ayrton Senna - COMO TER SUCESSO NA VIDA”
Faça uma roda de conversa e discutam sobre qual a
ATIVIDADE 1
mensagem em comum em ambos os vídeos. Como a
Escolha um ou mais familiares e/ou amigos(as) que te
atitude de ser resiliente ajuda ou tem ajudado você
inspiram e pense por que aquela pessoa é importante
em sua vida?
para você hoje e na construção do seu Projeto de
Quais dicas do vídeo “Ayrton Senna - COMO TER
Vida. Por exemplo, por ser uma pessoa que te escuta
SUCESSO NA VIDA” Você pode aplicar em sua vida
e faz refletir sobre as suas atitudes e decisões, ou
para desenvolver a resiliência e atingir o sucesso dos
alguém que tem uma história de vida que você admira.
seus objetivos. Como você tem aplicado a resiliência
Converse com seus(suas) colegas e apresente essa
no ambiente escolar, familiar e social?
pessoa, fale das características que levaram à sua
escolha. Anote como foi a experiência de conhecer
ATIVIDADE 2
um pouco sobre as pessoas importantes que fazem
Converse com seus(suas) colegas sobre os limites da
parte da vida de seus colegas. Reflita sobre o que
resiliência.
vocês possuem em comum.
a. Quando ela é importante?
b. Qual o limite entre a coragem e insistir em objetivos
O que é bem comum?
inalcançáveis?
c. Qual o ganho em investir tempo em tarefas sem
A vida em sociedade é pau-
sentido aparente?
tada pelas ações que possibili-
d. Ser tolerante demais e aceitar tudo sem contestar
tam desenvolver a felicidade a
carrega mais bene�cios ou prejuízos?
todos ou para a grande maioria
Atividade 3: Escreva sobre as principais questões
das pessoas, logo são atitudes
levantadas na roda de conversa.
voltadas para o bem comum.
Essas ações possibilitam a cons-
trução de uma sociedade justa,

248
PROJETO DE VIDA
democrática e inclusiva, apoiada em princípios éticos diferencas-entre-espaco-publico-privado-e-acessivel-ao-
que promovem a cidadania, que pode ser alcançada -publico. Acesso em: 16 mar. 2023.
pelas condições oferecidas por essa sociedade aos
seus cidadãos. “Os espaços privados
são de propriedade priva-
Bem individual é a necessidade e desejo do indi- da (pessoas ou empresas),
víduo, quando a moral do indivíduo se contrapõe aos ou seja,casas, lojas comer-
desejos e necessidades comuns de um grupo que faz ciais, escolas particulares,
parte, prevalecendo a sua vontade individual e não Shopping Centers. Os res-
o bem comum. ponsáveis pela manutenção
e preservação locais são os
Bem coletivo são objetos, além de seus, são de proprietários.
todos aqueles que usufruem deles. É uma totalidade Os locais acessíveis ao público (que são locais
de coisas (objetos, valores) que promovem a interco- privados), ou seja, em que é facultado às pessoas, o
nexão entre os seres humanos que provoca o senti- acesso mediante o preenchimento de certas condi-
mento de pertencimento, união. ções, tais como, pagamento de ingresso e/ou despe-
sas pela utilização do local e/ou serviços.
Bem comum são as ações que proporcionam as Assim, não se confunde lugar público com espaço
pessoas a terem a capacidade de viver uma vida feliz acessível ao público (ou aberto ao público). Exempli-
e plena, e de alcançar o potencial máximo para rea- ficando, os shopping centers e bancos são estabele-
lização de qualquer sonho. cimentos comerciais privados, acessíveis ao público
em determinado horário.
“O espaço público é aquele de uso comum e pos- Portanto, os locais acessíveis ao público não ferem
o direito de ir e vir, ao impedir o acesso fora dos horá-
se de todos. Nestes locais desenvolvemos atividades
rios pré-determinados, quando proíbem o acesso de
coletivas, como o convívio de diversos grupos que
crianças e animais em seus espaços. Sendo certo que,
chamamos de sociedade urbana. Existem (pelo me-
em alguns locais, a lei proíbe o acesso por questões
nos) dois tipos de espaços públicos:
de segurança e higiene. Tampouco, fere o direito de
Os espaços públicos livres (em que é pleno o di-
ir e vir, impedir o acesso de pessoas que estão pro-
reito de ir e vir) definidos de circulação (ruas e ave-
vocando tumulto ou pânico, portando-se de modo
nidas) espaços de lazer e conservação (praças, praias
inconveniente ou desrespeitoso e perturbando o
e parques). trabalho e o sossego alheio.
Ainda, existem os espaços públicos com restrição
ao acesso e à circulação, nestes a presença é con- PUIME, Emilio. Diferenças entre espaço público privado
trolada e restrita a determinadas pessoas, como os e acessível ao público. Jus Brasil, 2014. Disponível em: ht-
edi�cios públicos (Prefeituras, Fóruns, residências tps://emiliopuime.jusbrasil.com.br/artigos/112339069/
oficiais de governantes), instituições de ensino, hos- diferencas-entre-espaco-publico-privado-e-acessivel-ao-
pitais, entre outros. -publico. Acesso em: 16 mar. 2023.
A manutenção dos espaços públicos é de respon-
sabilidade do município, estado ou União.” A diferença entre Estado e governo

PUIME, Emilio. Diferenças entre espaço público privado e É comum as pessoas confundirem o papel do Es-
acessível ao público. Jus Brasil, 2014. Disponível em: ht- tado com os governos. Então vamos a uma explicação
tps://emiliopuime.jusbrasil.com.br/artigos/112339069/ rápida sobre a diferença entre governo e Estado:

h�ps://appsindicato.org.br/qual-a-diferenca-entre-governo-e-estado-e-entre-servidores-e-indicadospoliticos/#:~:text=Enquanto%20
Estado%20abrange%20toda%20a,deve%20sempre%20servir%20%C3%A0%20pop

249
PROJETO DE VIDA
Problemas no ambiente escolar AULA 19: Recursos nossos de cada dia!

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: (EM3PV22) Pro-


mover espaço de reflexão sobre as mudanças no
mundo do trabalho ao longo dos tempos, refletindo
sobre os impactos e demandas do mundo moderno
para reestruturar seu Projeto de Vida.

Competências Socioemocionais:
• Tomada de decisão responsável
• Consciência social

A educação ambiental é fundamental para uma


conscientização das pessoas em relação ao mundo
em que vivem para que possam ter cada vez mais
qualidade de vida sem desrespeitar o meio ambiente.
Recursos nossos de cada dia!
“Observe profundamente a natureza e então você
vai entender tudo melhor.” (Albert Einstein)

“Preservação do Meio Ambiente: Entenda sua


Na dimensão Ambiente Educativo, observa-se que Importância!
os planos de ação se detiveram sobre os seguintes
problemas: A preservação do meio
1) falta de respeito às regras e problemas de dis- ambiente é fundamental para
ciplina; manter a saúde do planeta e de
2) agressividade e conflitos entre alunos; todos os seres vivos que moram
3) discriminação; nele. Neste post fizemos alguns
4) falta de respeito mútuo; levantamentos: Como preser-
5) desconhecimento do Estatuto da Criança e do var o meio ambiente?
Adolescente (ECA). Você está consciente que
suas ações, por menores que pareçam, podem ter
ATIVIDADE 2 – Agora é com você um grande impacto para o planeta?
A reflexão sobre os problemas existentes no ambiente
(familiar, escolar, laboral etc.) que frequentamos ajuda
a constatar os erros ou as atitudes e os comporta-
mentos, seja de um indivíduo ou grupo, que trazem
riscos para os membros da sociedade. A partir disso
deve-se adquirir a postura de desenvolvimento de
conscientização, ações que estimulem a mudanças
sobre os determinados comportamento que são ne-
gativos para a sociedade e, principalmente, para as
crianças e adolescentes.
a) Reflita e promova um debate sobre quais são os
problemas existentes no ambiente em que você
vive e frequenta e como eles impactam de forma
negativa na sua vida e na sociedade.
b) Quais são as ações que podem ser desempenhadas
para conscientização das pessoas e alguma delas
é pautada nos direitos garantidos pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA)? Como essas
ações desenvolveriam o bem comum? Coloque em O que é a preservação do meio ambiente?
prática essas ações.
Preservação do meio ambiente refere-se ao con-
junto de práticas que visam proteger a natureza das

250
PROJETO DE VIDA
ações que provocam danos ao meio ambiente. Devi- O que é sustentabilidade?
do ao atual modelo econômico, baseado em eleva-
dos níveis de consumo, o ser humano tem causado “Sustentabilidade é a capacidade de usufruir dos
inúmeros prejuízos para a flora e fauna no planeta, recursos naturais presentes no planeta sem compro-
ocasionando desequilíbrios ambientais irreversíveis. meter o uso dos mesmos para as gerações futuras.
Muitas vezes usados como sinônimos, preserva- Nesse sentido, por exemplo, temos cada vez mais a
ção e conservação ambiental representam ideias di- aplicabilidade do termo em ações cotidianas como o
ferentes dentro do campo da ecologia. Mais à frente consumo de produtos naturais, reutilização de emba-
iremos mostra a diferença entre eles. lagens, reciclagem, utilização de transportes menos
h�ps://agropos.com.br/preservacao-do-meio-ambiente/ poluentes. Investir em medidas que visam a aplicação
de práticas sustentáveis na cadeia produtiva são ações
Qual a diferença entre preservação e conserva- que diversas empresas estão adotando para aperfei-
ção? çoar processos, para reduzir o impacto ambiental e
para atrair consumidores.”
Presentes na maioria das discussões relacionadas
a área ambiental, os termos conservação e preserva- “Sustentabilidade ambiental: o que é? Tipos e
ção, são por vezes, usados de maneira errada. Am- exemplos:
bas correntes ideológicas têm como objetivo buscar 1- Utilização de fontes de energia limpas e reno-
o melhor para o meio ambiente, porém, enquanto váveis.
uma preza pela manutenção a outra procura formas 2- Racionalização e controle sobre a exploração
de tornar o desenvolvimento sustentável. de recursos minerais.
3- Exploração consciente e manejo controlado de
Preservação riquezas naturais.
A palavra “preservação” surgiu a partir de uma 4- Reflorestamento e valorização de áreas verdes.
corrente ideológica chamada de preservacionismo, 5- Coleta seletiva e reciclagem de resíduos.
que aborda a proteção da natureza independente- 6- Racionalização de água.”
mente de seu valor econômico ou utilitário, apontan-
do o ser humano como o causador da quebra desse SUSTENTABILIDADE. Portal da Indústria, [s.d.]. Disponível
“equilíbrio”. em: h�ps://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-
De caráter protetor, propõe a criação de santuá- -z/meio-ambiente-e-sustentabilidade/#:~:text=Meio%20
rios intocáveis, sem sofrer interferências relativas aos ambiente%20%C3%A9%20o%20ambiente,depende%20
avanços do progresso e sua consequente degradação. diretamente%20ou%20indiretamente%20dele. Acesso
Em outras palavras, “tocar”, “explorar”, “consumir” em: 16 mar. 2023.
e, muitas vezes, até “pesquisar”, tornam-se atitudes
que ferem tais princípios. h�ps://agropos.com.br/ ATIVIDADE 1
preservacao-do-meio-ambiente/

Conservação

Já o conservação tra-
ta a mãe natureza de uma
maneira bem menos rígida,
liberando a exploração dos
seus recursos desde que seja Como o seu Projeto de Vida é impactado pela questão
com inteligência, assim como ambiental? Reflita e debata com seus colegas pro-
o manejo correto do meio ambiente pelo homem. curando conhecer a relação que eles estabelecem
A conservação ambiental defende o desenvolvi- entre seus objetivos individuais e as questões da sua
mento sustentável da humanidade, para assim garan- comunidade
tir uma melhor qualidade de vida para as gerações
presentes e as futuras, priorizando o uso racional dos ATIVIDADE 2 – Agora é com você
recursos renováveis e causando a menor agressão Qual o maior desafio ao tentar promover conscien-
possível ao ambiente explorado.” tização sobre o tema de recursos naturais na sua co-
munidade escolar? Escreva um pouco sobre o tema.
MEIO AMBIENTE. Preservação do Meio Ambiente: entenda
sua Importância! Agropós, [s.d.]. Disponível em: h�ps://
agropos.com.br/preservacao-do-meio-ambiente/. Acesso
em: 16 mar. 2023.

251
PROJETO DE VIDA
AULA 20: O Mundo do Amanhã Em março de 2021, o Instituto Cidades Susten-
táveis divulgou um índice com a avaliação dos mu-
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: (EM3PV22) Pro- nicípios brasileiros em políticas de desenvolvimento
mover espaço de reflexão sobre as mudanças no sustentável. O Índice de Desenvolvimento Sustentável
mundo do trabalho ao longo dos tempos, refletindo das Cidades Brasileiras (IDSC-BR) é uma ferramenta
sobre os impactos e demandas do mundo moderno para estimular e monitorar o cumprimento dos Obje-
para reestruturar seu Projeto de Vida. tivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 770
cidades brasileiras. O estudo é elaborado com base
Competências Socioemocionais: em mais de 80 indicadores, atribuindo para cada mu-
• Tomada de decisão responsável nicípio uma pontuação específica por cada um dos
• Consciência social objetivos e uma pontuação final de classificação das
cidades para o conjunto dos 17 ODS. São eles :

5 pequenos hábitos que podemos mudar para


ajudar o meio ambiente

“A ação humana na Terra causa diversos impactos


ambientais, por isso é sempre importante buscar por
atitudes capazes de ajudar o meio ambiente. Às vezes,
parece que essa é uma causa que requer esforços
grandiosos que estão fora do nosso alcance. Mas não
é bem assim! Mudar pequenos hábitos podem ser
suficientes para ajudar o meio ambiente. Sobretudo
se conseguirmos fazer com que mais pessoas se en-
gajem. Felizmente, os brasileiros estão se preocupan-
do mais com a causa ambiental, segundo pesquisa “1. Separe o lixo para a reciclagem: A reciclagem
realizada pelo Ibope, a pedido da organização não é um processo que promove transformações �sico-
governamental WWF. Uma prova disso é o aumento -químicas no resíduo sólido permitindo que ele possa
do número de pessoas que se interessam em reduzir ser usado novamente como matéria-prima ou como
o uso de materiais descartáveis, aumento do número produto. Tendo isso em vista, a reciclagem é uma ati-
de vegetarianos, dentre outras práticas sustentáveis.” tude importante para ajudar o meio ambiente.
2.Reduza o consumo de água para ajudar o meio
ambiente: Tente reutilizar a água da máquina de la-

252
PROJETO DE VIDA
var ou captar água da chuva, através de baldes, por AULA 21: Autoavaliação
exemplo, para lavar o quintal, o carro, etc
3. Adote uma alimentação mais saudável: A ali- Caro(a) Estudante,
mentação humana está intimamente relacionada a
problemas ambientais, como é o caso do desmata- A disciplina Projeto de Vida está incluída como
mento. Por isso quando se trata de ajudar o meio parte obrigatória do currículo de Ensino Médio, sendo
ambiente, devemos repensar nossos hábitos. a carga horária distribuída em uma hora/aula para a
4. Evite o uso de itens descartáveis O plástico é 1ª, 2ª e 3ª séries. A organização pedagógica desse
um dos grandes vilões atuais, e se nosso objetivo é componente curricular tem o objetivo de estimular,
ajudar o meio ambiente, devemos evitar utilizar esses motivar e desenvolver o senso crítico e a percepção de
utensílios. Materiais plásticos demoram centenas de sua realidade, como de suas implicações nos aspectos
anos para se decompor, é uma das maiores causas de e contextos socioculturais, possibilitando a definição
poluição dos oceanos e ambientes terrestres, impac- de metas e estratégias para alcançar seus objetivos de
tando sua fauna e flora. vida, sendo um direcionamento, não cabe reprovação.
5. Prefira fontes de energia renováveis para ajudar O Projeto de Vida parte de uma proposta interdi-
o meio ambiente Tudo o que nós fazemos depende mensional, aliando aspectos cognitivos e não cogni-
de geração e transformação de energia, sendo algo tivos em busca de uma educação com significado, de
tão presente na nossa vida devemos nos atentar em forma integral e tornando o estudante capaz de seguir
relação a sua origem. Uma das fontes de energia mais sua trajetória fazendo boas escolhas com consciência,
utilizadas atualmente é o petróleo, um combus�vel autonomia e responsabilidade.
fóssil.” Para desenvolver essa metodologia é necessário
promover o acolhimento da diversidade constitutiva
BH RECICLA. 5 pequenos hábitos que podemos mudar para em vocês, jovens estudantes e o desenvolvimento da
ajudar o meio ambiente. BH Recicla, 25 maio 2012. Dis- sexta competência geral da BNCC na construção do
ponível em: h�ps://bhrecicla.com.br/blog/5-pequenos-ha-
Projeto de Vida conectado ao Projeto de Protagonis-
bitos-que-podemos-mudar-para-ajudar-o-meio-ambiente/.
mo Juvenil. Nessa perspectiva, com a orientação do
Acesso em: 16 mar. 2023.
professor registra a contribuição das atividades inte-
gradoras desenvolvidas em sala de aula e o que julgar
ATIVIDADE 1
necessário para a construção de seu Projeto de Vida.
Pesquise sobre sua cidade ou uma cidade da sua
O processo de desenvolvimento será analisado a
região. O que mais chama atenção nos Indicadores
partir da frequência e verificação de comportamentos
da sua cidade? Como seu Projeto de Vida ajuda no
observáveis em relação ao investimento do quanto
desenvolvimento dessas ideias dos Objetivos de
você está efetivamente se dedicando a essa constru-
Desenvolvimento Sustentável?
ção cotidianamente, bem como ao desenvolvimento
de habilidades, como autoconhecimento, autonomia,
ATIVIDADE 2 – Agora é com você
autorregulação, compromisso, iniciativa, planejamen-
Quais ações você pode colocar em prática visando o
to, resolutividade, responsabilidade pessoal e social
desenvolvimento da sustentabilidade e as questões
dentre outros.
ambientais no ambiente escolar e familiar?
A proposta de avaliação do Projeto de Vida não
tem atribuição de nota, pois trata-se de um modelo
ATIVIDADE 3 - Pesquise
de avaliação qualitativa, que por sua vez, refere-se ao
Pesquise sobre projetos ecológicos desenvolvidos
que não pode ser mensurável. O intuito do registro é
que podem mudar o mercado de trabalho? Como,
obter elementos complementares às observações a
por exemplo, sobre o tijolo ecológico, filtro ecológico
respeito das motivações, comportamentos e necessi-
com caroço e manga etc.
dades do estudante, bem como sua opinião e expec-
tativas. Nesse tipo de avaliação, os dados gerados não
são números, pois seu caráter é exploratório.
Estudantes o olhar atento do docente durante as
aulas de Projeto de Vida possibilitará o acesso a infor-
mações valiosas, que poderão alcançar o estudante
de forma individualizada, percebendo as potenciali-
dades (competências e habilidades), as evoluções ou
regressões, possibilidades de avanços, proposta de
novos planejamentos e atividades, relacionamento
com os colegas, e muitas outras são alguns dos exem-
plos possíveis.

253
PROJETO DE VIDA
Por fim, a cada aula de Projeto de Vida você, estudante poderá realizar sua autoavaliação, percebendo
suas próprias dificuldades de forma mais concreta, desenvolvendo seu autoconhecimento e entendendo as
relações construídas ao longo da vida, entenderá que esses são fatores importantes para a realização pessoal
e profissional de todo ser humano.

PROJETO DE VIDA

NOME: _______________________________________________
DATA: ___/____/2023
_____ BIMESTRE
1. AUTOCONHECIMENTO

REVENDO SUA VIDA PESSOAL

1. Como anda a relação com você mesmo, ( ) ótimo Como melhorar?


ao cumprir suas responsabilidades com os
compromissos de casa, da escola ou do tra- ( ) Bom
balho? ( ) Regular

2. Como andam seus relacionamentos com ( ) ótimo Como melhorar?


família, professores, colegas, amigos?
( ) Bom

( ) Regular

3. Nas atividades domésticas, quando soli- ( ) ótimo Como melhorar?


citado e por visão da necessidade do outro,
sempre me coloco a disposição. Esse meu ( ) Bom
comportamento é: ( ) Regular

4. Nas atividades escolares, demonstro-me ( ) ótimo Como melhorar?


sempre disposto a executar minhas obriga-
ções. Estou sempre aberto ao novo e gosto ( ) Bom
de ser participativo. ( ) Regular

5. O lazer é importante, bem como grupos ( ) ótimo Como melhorar?


de amigos etc. Tenho vivenciado tudo isso
com disciplina em relação aos horários e as ( ) Bom
regras sociais e pessoais? ( ) Regular

Levando em consideração todos os temas


trabalhados e todas as minhas reflexões, numa
escala de 0 a 10, você poderia atribuir qual nota
para as suas conclusões, atitudes e participação?

FICHA DOS ESTUDANTES

254
PROJETO DE VIDA
PROJETO DE VIDA

NOME DO PROFESSOR: DATA: ___/____/2023

2. AUTOCONHECIMENTO

NOME DO ESTUDANTE 1. Numa escala de 0 a 10 como foi a 2. Numa escala de 0 a 10 como VOCÊ 3. Numa escola de 0 a 10 como está
SUA participação e a sua frequência, avalia a sua assimilação e seu conhe- o SEU autoconhecimento em relação
_____________________________________ nas aulas de PV, no bimestre avaliado? cimento em relação aos temas traba- a construção do Projeto de Vida?
lhados nas aulas de PV?
I BIM. II BIM. III BIM. IV BIM. I BIM. II BIM. III BIM. IV BIM. I BIM. II BIM. III BIM. IV BIM.
Como posso melhorar a situação proposta da
questão 1?

Como posso melhorar a situação proposta da


questão 2?

Como posso melhorar a situação proposta da


questão 3?
Nessa ficha o estudante irá se auto avaliar. As três questões acima serão analisadas numa escala de 0 (zero) a 10 (dez), trata-se de uma proposta de análise quali-
tativa, o importante é perceber como você está se desenvolvendo, com base nas questões no decorrer de cada bimestre.
VALORES DA ESCALA:
SIM, SEMPRE: valor da escala corresponde de 8 a 10.
ÀS VEZES: valor da escala corresponde de 4 a 7
NÃO, NUNCA: valor da escala corresponde de 0 a 3

FICHA DOS ESTUDANTES

255
256
PROJETO DE VIDA

DATA: / /2023
NOME: __________________________________________________________
_____ BIMESTRE
3. AUTOCONHECIMENTO

FICHA DE DESENVOLVIMENTO 1ºSEMESTRE 2º SEMESTRE


VALOR DA VALOR DAS VALOR DA VALOR DA
Fatores Descrição Conceitual ESCALA ESCALA ESCALA ESCALA
I BIM. II BIM. III BIM. IV BIM.
1. Assiduidade Chega ao local das aulas de Projeto de Vida - PV todos os dias dentro do horário esta-
belecido e cumpre seu horário.
2. Disciplina Observa sistematicamente as normas estabelecidas para a execução das atividades
propostas para as aulas de PV.
3. Iniciativa Toma providências em situações não definidas ou não previstas pelo(a) mediador(a),
no(s) manual(is) de atividades para a realização das aulas de Projeto de Vida.
4. Responsabilidade É comprometido com suas tarefas/atividades e com as metas estabelecidas pelo(a)
mediador(a).
5. Produtividade Apresenta as atividades realizadas com qualidade e de acordo com o tempo proposto.
6. Discrição Tem postura e sigilo sobre assuntos reservados e confidenciais.
Total
Nessa ficha o estudante era se autoavaliar. As questões serão analisadas numa escala de 0 (zero) a 10 (dez), trata-se de uma proposta de análise
qualitativa, o importante é perceber como você está se desenvolvendo, com base nas questões no decorrer de cada bimestre.
VALORES DA ESCALA:
SIM, SEMPRE: valor da escala corresponde de 8 a 10. ÀS VEZES: valor da escala corresponde de 4 a 7
NÃO, NUNCA: valor da escala corresponde de 0 a 3
PROJETO DE VIDA

FICHA DOS ESTUDANTES


PROJETO DE VIDA
ORIENTAÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO QUALI- Ao finalizar a autoavaliação das três fichas, os(as)
TATIVA estudantes poderão somar todos os resultados, sendo
que esse número/total poderá chegar a 100. Com base
O processo de avaliação do desempenho e da nos valores dessa escala os(as) estudantes poderão
autoavaliação de estudantes poderá ser realizado perceber como estão evoluindo no decorrer de cada
a partir das três fichas propostas para estudantes bimestre.
e uma ficha para o(a) professor(a). Cada estudante Acreditamos que o processo de avaliação de de-
deverá ter as três fichas de autoavaliação durante os sempenho, a autoavaliação de estudantes e a ava-
04 bimestres para que possam responder. No final da liação qualitativa de mediadores sendo realizada de
avaliação realizada pelos(as) estudantes o mediador forma con�nua poderá contribuir significativamente
irá recolher as fichas e colocar num arquivo. A cada no processo do autoconhecimento dos(as) estudan-
bimestre o mediador poderá propor a ficha 1 com tes colaborando com a maturidade deles(as) para a
outras questões e aplicar as fichas 2 e 3. construção do projeto de Vida.

A FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCONHECIMEN-


TO/REVENDO SUA VIDA PESSOAL será utilizada por
todos(as) os(as) estudantes da turma para que eles
possam com base nas questões propostas se autoa-
valiar. Essa ficha poderá ser usada para os quatro (04)
bimestres, com as mesmas questões ou com outras
questões que o mediador achar pertinente. Serão cin-
co (05) questões para que os(as) estudantes analisem
como ele está de acordo com os conceitos REGULAR,
BOM e ÓTIMO. Também poderão listar os pontos que
precisarão melhorar. Na parte que propõem a nota
o estudante irá se avaliar numa escala de 0 a 10, o
intuito é que cada estudante possa se autoavaliar,
dessa forma será possível que cada um possa acom-
panhar se está evoluindo ou não, de acordo com sua
avaliação.

Na segunda FICHA DOS ESTUDANTES: AUTOCO-


NHECIMENTO há três questões de autoavaliação para
serem respondidas pelos(as) estudantes utilizando a
escala de 0 a 10, sendo: SIM, SEMPRE com valor da
escala corresponde de 8 a 10; ÀS VEZES com valor
da escala corresponde de 4 a 7 e NÃO, NUNCA com
valor da escala corresponde de 0 a 3. O mediador irá
utilizar a mesma ficha no decorrer de cada bimestre,
dessa forma o estudante poderá perceber como está
seu desenvolvimento nas questões levantadas. Nesse
caso, é importante que os(as) estudantes elenquem
os pontos de atenção que precisarão ficar atentos
durante a construção do Projeto de Vida.

Na terceira FICHA DOS ESTUDANTES: AUTO-


CONHECIMENTO os(as) estudantes irão avaliar sua
assiduidade, disciplina, iniciativa, responsabilidade,
produtividade e descrição. As seis questões também
serão respondidas com base na escala de 0 a 10 sendo:
SIM, SEMPRE com valor da escala corresponde de 8
a 10; ÀS VEZES com valor da escala corresponde de 4
a 7 e NÃO, NUNCA com valor da escala corresponde
de 0 a 3.

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