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MATEMÁTICA
NATAL – RN
LORENA GADELHA DE FREITAS BRITO
Orientadora:
Profa. Dra. Márcia Gorette Lima da Silva
LORENA GADELHA DE FREITAS BRITO
Aprovado em
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Profa. Dra. Márcia Gorette Lima da Silva - Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
______________________________________________________________
Profa. Dra. Luzia Guacira dos Santos Silva
Secretaria Municipal de Educação – RN
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Isauro Beltran Nunez – UFRN
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Maria da Penha e Yedo Gadelha (in memorian), pelos
Ao meu marido Márcio e aos meus filhos, Bárbara e Márcio Filho, pelo apoio
Ao professor Franklin Nelson da Cruz pelas orientações iniciais para que este
para que este trabalho pudesse ser construído e ao CAP, em especial a Rubens.
precisei.
Matemática.
A todos que torceram por mim e me apoiaram durante toda essa trajetória.
À Banca Examinadora, em especial à professora Dra. Luzia Guacira dos
Santos Silva, pelas suas contribuições, para que este trabalho pudesse ser
realizado.
Dedico este trabalho especialmente aos meus filhos,
Bárbara e Márcio Filho, por tudo de bom que eles
representam na minha vida e pela compreensão nos
momentos em que precisei me ausentar para realização
deste trabalho. Amo vocês.
RESUMO
.
ABSTRACT
Nowadays there are many reasons that aim to include people with special
necessities, like those with visual deficiency, in the world of work, education, and in
the society as a whole. However it is observed that when we talk about schooling
inclusion, especially in High School, there is a huge gap between the theory and the
practice. The lack of didactic resources, the inadequate installations, unprepared
teachers, the families´ lack of information, are some of the factors that hinder the
process of inclusion. Furthermore, the educators also have to deal with the
roughness of the disciplinary contents and, refering to the study of Chemistry, with
the use of signals related to this subject´s language. So, the objective of our research
is to reflect about the apprehension of this language by the visually handicapped
people, and try to contribute with their process of inclusion in the school life. On this
perspective we work with the Periodic Table, which constitutes one of the
indispensable tools necessary to the Chemistry learning. In order to acomplish it, the
way followed by us happened in three passages. Initially, by means of a semi-
structured interview, we tried to get acquainted with the blind students opinion, who
were participating in the research about the Periodic Table used by them throughout
High School, as well as the dificulties felt when using it. After getting the answers,
the Table was reelaborated to fill those students´necessities. Here, two new Tables
were designed, one in Braille which shape is more compacted, and another made
with high printed dots, built with sand and glue. On the third moment, the new
designed Tables were tested by the students and, by means of a semi-structured
interview, we tried to identify if this new resource would solve the problems
concerned to the old Table. The students showed that the compacted Tables would
facilitate the touch reading of the chemical elements simbols, making it clear and
fast. We hope that, with the elaboration of this learning tools we can contribute with
one of the elements to favor the effective participation of blind students in Chemistry
classes, when studying the Periodic Table.
Figura 05 Reglete..................................................................................... 45
compacta................................................................................... 71
areia........................................................................................... 72
IBC............................................................................................. 73
tiveram contato.......................................................................... 66
identificaram............................................................................ 67
visuais........................................................................................ 68
Periódica.................................................................................... 69
LISTA DE TABELAS
Deficiência Visual
DV Deficientes Visuais
Norte
TP Tabela Periódica
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14
BUSCA INCESSANTE......................................................................................... 22
Tabela Periódica.................................................................................................. 65
elaboradas............................................................................................................ 74
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 81
ANEXO A: ............................................................................................................ 86
ANEXO B: ............................................................................................................ 87
ANEXO C:............................................................................................................. 88
INTRODUÇÃO
O Nordeste, sem sombra de dúvida, caracteriza-se por ser uma das regiões
revelam que, em 2003, apenas 0,3% dos alunos matriculados na rede pública têm
a esses alunos, que como cidadãos, possam ter uma vivência solidária na
pública, quando então tivemos contato com alguns alunos com essa característica. A
materiais.
Química que, por sua vez, utiliza uma linguagem própria para a representação dos
Braille, desenvolvido pelo pesquisador francês Louis Braille e baseado numa matriz
inclusão de alunos deficientes visuais nas aulas de Química. Tal escolha deve-
Química, tanto do ponto de vista teórico, quanto do prático. Além do mais, ela está
alunos e deixar que nos ensinem como ensiná-los a conhecer a Tabela Periódica e
3
Apesar de utilizarmos nesse trabalho o termo linguagem cabe ressaltar que o Braille não se constitui
em uma linguagem, nem em uma língua, e sim, em um código que considera o ato de ler não apenas
enquanto decodificação, mas principalmente enquanto um processo de busca de significação.
Tabela Periódica em Braille – em várias páginas – ao mesmo tempo em que
compreensão e participação mais efetiva dos alunos deficientes visuais nas aulas de
Química.
aprender como os elementos estão dispostos, também a montar a sua própria tabela
4
Utiliza-se essa terminologia para designar o sujeito que é totalmente desprovido de visão ocular.
5
Utiliza-se nessa pesquisa o termo subnormal ou visão residual para aquelas pessoas que
apresentam desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade
visual interfere ou limita seu desempenho. Para estas pessoas o processo educativo se desenvolve
utilizando alguns recursos tais como: Letra ampliada, caderno com linhas ampliadas, contraste de
cores entre outros (BRUNO apud SILVA, 2004).
da lei periódica dos elementos e os aspectos históricos que permearam a sua
fim apresentar e avaliar, junto com os alunos, todo o material. Cabe ressaltar que no
do trabalho.
sujeito com deficiência, seja ela qual for, é um aluno especial, para o qual as
Como bem destaca Silva (2004), a cegueira, constituída como uma condição
conviver com os videntes6 os quais, por sua vez, sempre se sentem constrangidos
quando se deparam com uma pessoa cega e, por total falta de conhecimento,
De acordo com essa realidade, acredita-se que este trabalho esteja pautado
mental, mas apontando para o fato de que são apenas pessoas que perderam um
sentido importante, mas que podem desenvolver os outros sentidos, levando uma
apenas um texto e não uma tabela. Dessa forma, os alunos não têm noção do seu
6
Pessoa que vê por oposição a pessoa cega (SILVA, 2004).
formato real, e nem de como usá-la, pois está transcrita sem muita explicação. No
Instituto Benjamin Constant7 – IBC existe uma Tabela Periódica em Braille para os
disponível nas escolas do Rio Grande do Norte. Aqui em Natal, no Rio Grande do
Norte, nós a testamos com três dos dez alunos que participaram dessa pesquisa e a
Para melhor compreensão dos alunos, fizemos também uma tabela em alto
relevo que mostra o formato da Tabela Periódica, pois, como na linguagem Braille,
os caracteres são muito grandes, e sem essa adaptação fica meio difícil imaginá-la;
tendo mais um recurso para se desenvolver nas classes regulares de ensino, sem
ficar apenas à mercê do verbalismo do professor ou dos colegas de turma, pois com
essa tabela o aluno deficiente visual terá o contato necessário para saber identificar
visual vem das angústias sentidas, de experiências vivenciadas durante quatro anos,
lecionando para alunos cegos e alunos com visão subnormal. Uma realidade
7
Centro de referência para deficientes visuais localizado no Rio de Janeiro.
competentes, pois faltam materiais didáticos, preparação de professores, dentre
outros problemas.
A partir dessas dificuldades, surgiu este trabalho, o qual mostra apenas uma
educação, essas atitudes podem até ser consideradas normais, se analisarmos que
BUSCA INCESSANTE
dimensão das dificuldades enfrentadas tanto pelos professores quanto pelos alunos
deficientes visuais.
enfrentam muitas dificuldades, pois são privados de várias coisas que as pessoas
grandes demais para serem apreendidos pelo tato, tais como edifícios, campos e
estradas. Além disso, na maioria das vezes, os cegos, têm comprometidas suas
condições de usufruir e exercer o direito de ir e vir com independência. Para isso, ele
tenham visão subnormal, ou seja, aquele indivíduo que possui sua acuidade visual
trabalho, cabe algumas explicitações. O cego é o cidadão que apresenta perda total
de visão ou baixa visão residual em tal grau que necessite do código Braille como
aquele que possui visão residual em tal grau que lhe permite ler textos a tintas, mas
utilizando alguns recursos didáticos, tais como letras ampliadas, contrastes e alguns
deficiente visual assumem uma grande importância, devido às limitações que estas
pessoas possuem.
8
Desenvolvimento da habilidade que a pessoa cega possui de reconhecer ambientes e estabelecer
relacionamento desses ambientes consigo mesma (CAIADO, 2003).
9
É o desenvolvimento que a pessoa cega possui de se movimentar de um lugar para o outro,
utilizando de técnicas específicas e dos sentidos remanescentes (CAIADO, 2003).
O ambiente físico, por sua vez, é um dos grandes problemas para o deficiente
visual, principalmente para o cego, visto que uma de suas dificuldades está na
maior dificuldade das pessoas com deficiência visual está em lidar com o
outra dificuldade, já que a carência de materiais adequados para esse aluno, pode
aprendizagem, de ter igualmente um contato físico com o universo que o cerca, para
que seja capaz de elaborar seus próprios conceitos. Nesse contexto, remetemo-nos
à questão da inclusão desses alunos nas escolas da educação básica, o que será
explanado a seguir.
metade dos anos 1980, nos países mais desenvolvidos, e em 1990 foi impulsionado
uma forma geral (SASSAKI, 1997). Por outro lado, a convivência diária na escola
é um conflito histórico que nada mais é do que o conflito da exclusão social, visto
especiais:
• A educação especial é tanto mais especial quanto mais elementar for o nível
de ensino;
político de uma educação especial inclusiva no ensino regular. Mesmo assim, esse
direito foi registrado como uma vitória das forças progressistas (CAIADO, 2003).
seja básica ou superior. E ainda, que a escola inclusiva possa proporcionar uma
discussão efetiva, colocando-a como uma das áreas prioritárias a todos, crianças ou
10
Cidade da Espanha onde em junho de 1994 ocorreu a Conferência Mundial sobre necessidades
educativas especiais.
11
Este mesmo documento conceitua esta expressão referindo-se a todas as crianças e jovens cujas
necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades em aprendizagem (CAIADO,
2003).
De acordo com essas orientações, muitos questionam quem seriam os
(CAIADO, 2003).
a lei 9394 de março de 1996 da Lei de Diretrizes e Bases, que esta modalidade de
educação escolar deve ser oferecida na rede regular de ensino para educandos com
comuns;
existem programas adequados, a inclusão funciona para todos os alunos com e sem
ganhos nas habilidades acadêmicas e sociais, bem como a preparação para uma
vida em sociedade.
importância. Para que todos tenham os mesmos direitos, devemos ensinar sempre
mostrando que, apesar das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Como
município de Natal/RN
– IERC, que funciona no bairro do Alecrim. O referido centro oferece aos deficientes
pessoas totalmente cegas são alfabetizadas no sistema Braille e aquelas com visão
assistência social.
(SILVA, 2004).
Além do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do
serviços de apoio pedagógico prestados aos deficientes visuais que estão inseridos
educandos cegos e aos de visão subnormal acesso aos recursos didáticos. O centro
Por fim, a Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte – SOCERN, que é
afirmar que a inclusão de deficientes visuais nas escolas é uma possibilidade que se
alunos com e sem deficiência. Sem dúvida que este tema envolve outras questões
necessária uma disponibilidade interna, tanto das instituições como dos professores,
dados alertam ainda serem poucos os alunos que freqüentam as escolas de ensino
1995 12 - 06 01 12 - - 08 27
1996 27 01 13 01 18 - - 05 38
1997 24 04 35 02 25 02 - 01 69
1998 50 07 60 07 74 01 - 49 198
1999 62 09 51 25 78 27 - 20 210*
09 51 15 56 04 04 64 203**
no qual não havia nenhum aluno com deficiência visual com o ano de 1999, em que
Tabela 02: Alunos com necessidades especiais matriculados nas escolas de Natal entre os
2000 53 25 69 32 97 25 4 88 340
2001 47 11 54 23 99 43 7 74 311
nos anos de 2000 a 2002, indicando, inclusive, uma certa, evolução no quadro da
Natal
Administrativ
Cegue Baixa Auditiv Surd Físic Ment Múlti Superdotado Condi total
a
ira visão o ez a al pla ção
típica
Federal 0 0 0 2 1 7 1 0 2 13
ao comparar com os dados da tabela 02, sob ressalva de que em 2004 foram
considerados também alunos que utilizavam correção visual, como óculos. Por esse
aprendizagem desses alunos. A inclusão vai além dessa perspectiva, é mais do que
de incluir todos em uma sociedade onde a diversidade está se tornando mais norma
Nas escolas de hoje, pelo que se vem notando ao longo dos tempos, não é
não somente àqueles com necessidades especiais, mas a todos os alunos. Com
precisam ter uma visão crítica do que está sendo exigido de cada aluno, mesmo
todos.
inclusivo. Os alunos com necessidades especiais precisam ser ouvidos, pois é uma
Todos têm direito à mesma proteção contra qualquer ato discriminatório que viole a presente declaração e contra qualquer
classes regulares. Também se observa que ainda são poucos os institutos e centros
alunos inseridos no contexto da escola regular. Nos institutos, assim como nos
realizar sua aprendizagem de forma mais significativa, ou seja, oferecem meios para
alunos, na maioria das vezes, são quanto ao tamanho da letra utilizada, que pode
deficientes visuais de forma geral. Alguns desses recursos são utilizados aqui em
12
Instrumento utilizado para escrita manual em Braille, composto por uma prancha e uma régua com
celas vazadas para a composição da escrita em relevo (CAIADO, 2003).
13
Sistema operacional para atender os deficientes visuais, desenvolvido pelo Núcleo de Computação
Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro com as seguintes ferramentas computacionais:
sintetizador de voz portátil, sistema operacional complementar ao Dos, destinado a produzir saída
sonora com fala em língua portuguesa, editor de textos, cadernos de telefones e outros (CAIADO,
2003).
Outros recursos são ainda utilizados como dispositivos para elaborar
tipos, seja para uso individual ou para produção em larga escala. As velocidades de
Braille, interpontando ou não em seis ou oito pontos, bem como produzir desenhos.
A seguir, a primeira figura mostra uma das impressoras que estão disponíveis no
14
Recurso ideal para duplicação de originais Braille, criando cópias para uso permanente em material
tipo braillon.É indicado para criar auxílios táteis em alto relevo para apoio educacional. Fonte: Internet
– Site: http//www.bengalabranca.com.br, acesso em (13/02/2005).
15
Tecnologia que tem possibilitado reproduzir mecanicamente a linguagem humana mediante
complexos processos eletrônicos, SILVA (2004).
mercado, e depois o teclado falado, com um teclado utilizado pelos deficientes
visuais que, quando está conectado a um computador, emite o som do que está
sendo digitado.
representados por seis pontos a partir de um conjunto matricial idêntico a uma sena
de dominó. Portanto, para ler, devemos substituir esses símbolos pelas letras,
relevo, que formam 63 combinações. Com ele é possível fazer letras, números,
A leitura do sistema Braille é feita com a ponta dos dedos indicadores de uma
experiente não supera 114 palavras por minuto, enquanto que a média dos videntes
(COLL, 1995).
Sueca do livro Sonoro e do Livro Braille e pela Biblioteca para cegos do Instituto
Nacional Canadense para Cegos, revelaram que mais de 85% das pessoas cegas
que aprenderam bem o Braille e o utilizam eficientemente atingem boas situações
O sistema Braille não foi a primeira nem a única modalidade de leitura táctil
utilizada pelos deficientes visuais, antes dele várias tentativas foram feitas para a
Alguns registros mostram que no século XIV havia documentos que falam de um
célebre professor árabe chamado de Zain-Din Al Amidi que criou um método para
fazer espirais, de papel bem fino, que eram engomados e dobrados sobre os
chegou à Itália em 1575, onde foi melhorada por Rampassett, mas falharam, já
que a leitura era difícil. Em 1651, em Nuremberg, foi usado um método que
consistia em utilizar uma tábua recoberta com cera, sobre a qual se escrevia com
por Diderot, da Carta sobre os cegos para uso dos que vêem, falando de uma
mulher que tinha sido alfabetizada através de letras recortadas em papel. Trinta e
quatro anos depois, em 1784, Valentin Haüy funda o Instituto Real dos Meninos
reconhecer letras fortemente impressas em papel. Haüy passa então a utilizar esse
Um século depois, surge o Sistema Braille, por volta de 1811, quando Charles
posteriormente utilizado por Louis Braille, um jovem que perdeu a visão aos três
(OLIVEIRA, 2004).
publicado, pela primeira vez, em 1829 e revisado, aperfeiçoado e reeditado por seu
inventor em 1837.
16
Sistema de escrita abreviada a base de pontos em relevo, idealizado pelo capitão francês Barbier
de La Serre no final do século XVII. É um sistema fonográfico, cujos signos então baseados em sons
franceses e é utilizado apenas no idioma francês. O próprio Louis Braille reconheceu ter se inspirado
nesse sistema para criar o sistema Braille (SILVA, 2004).
No Brasil, o Braille foi introduzido em 1850 por José Álvares de Azevedo,
jovem cego que havia ido estudar em Paris. Em 1854, com a Fundação do Imperial
Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, o sistema passou a
pessoas.
CAPÍTULO 02 – A TABELA PERIÓDICA E O SISTEMA BRAILLE
contexto escolar. Será reforçado aqui o interesse da escolha desse tema para a
Autores assinalam que a Química está ligada de certa forma com a Tabela
Periódica e, por sua vez, a descoberta da lei periódica é considerada um marco sem
sobre Tabela Periódica é muito vasta, então cabe aqui neste trabalho enfatizar a
Acreditamos que eles, os alunos sejam capazes de ter essa visão independente de
mensuráveis, uma vez que os conceitos que trazem para sala de aula vêm
tanto constitui um objeto de estudo como também uma ferramenta para abordar as
substâncias e suas transformações. Esse duplo papel, que mantém estreita relação,
Ensino Médio.
Periódica uma parte da Química de extrema importância para toda essa ciência.
A assimilação dos alunos da lei periódica não pode ser compreendida como
literatura existente. Os alunos deverão ser preparados para isso, de forma que esse
dos elementos (BELTRAN; CISCATO, 1995), ou seja, deve-se evitar que o ensino
relação com o aumento da massa atômica, assim podem ser introduzidos conceitos
como grupo, subgrupo, posição dos elementos, relação entre valência e o número
do grupo, entre outros. Essa preparação culmina com o manejo da Tabela Periódica
suas propriedades ou para uma determinada valência ou outras. Isso demonstra que
(BELTRAN; CISCATO, 1995; ARCE; LEYVA; DÍAZ, 1990) é que a Tabela Periódica
fique acessível ao aluno na sala de aula para que seja freqüentemente utilizada
elementos com o sistema Braille para os deficientes visuais pelo fato de ser a Tabela
vista teórico quanto prático. Além do mais, ela está presente no dia-a-dia de alunos
novas linhas de pesquisa nessa área, para alunos do Ensino Médio, Graduação e
Pós Graduação.
Com a descoberta da inúmera quantidade de elementos e suas propriedades
Química.
subsídios básicos, tais como: noções de espaço, plano, coordenadas para que
mais utilizado como recurso para os deficientes visuais, visto que este sistema é um
toda espécie de grafia. Ao propor esse sistema, Louis Braille abriu a esses
que o tamanho das células do Braille e dos pontos que formam as letras está muito
das texturas, das formas como os elementos estão disponíveis, poderão facilitar o
lento. O comprometimento visual faz com que o sentido do tato passe a ser o
1995).
BUENO, 2003).
contato vivencial com as pessoas e objetos do mundo circundante. É claro que nem
todas as palavras podem ser ilustradas, existem conceitos como cor, perspectiva,
espaço tridimensional, entre outros, que não podem ser aprendidos por meio de tato,
toda a sua vida. O Braille faz com que o deficiente visual usufrua da tecnologia
próprios textos traduzidos para essa linguagem; constitui, então, uma base
Defende-se neste trabalho que uma Tabela Periódica acessível aos alunos
seria aquela que mantivesse semelhanças com a usada pelos alunos videntes. Para
que assim o aluno deficiente visual, seja ele cego ou de visão subnormal, venha a
Braille e a Tabela Periódica para ele desenvolvida. Espera-se que o aluno possa se
diária de cada um, ou seja, por meio de leituras de textos disponíveis na linguagem
Periódica, e fazer previsões, já que nas aulas de Química essas propriedades são
sempre estudadas.
uma grande importância para a ciência Química, já que a partir dela surgem novas
linhas de pesquisa, tanto do ponto de vista prático quanto teórico. Essa ferramenta é
são bastante visíveis a falta de recursos para os alunos deficientes visuais. Destaca-
A TABELA PERIÓDICA
pessoas deficientes visuais. Por outro lado, também, já afirmado, a Tabela Periódica
trabalhados.
segundo uma propriedade específica. Dessa forma, para o aluno deficiente visual a
sociedade.
Periódica com relação ao material didático feito em Braille. Existem outros materiais
acessíveis para esses alunos sobre Tabela Periódica? Se existem, são suficientes?
questões de estudo:
propor um material de baixo custo, que pudesse estar disponível nas escolas para
6 perguntas abertas e
3 fechadas
5 perguntas abertas e
2 fechadas
dificuldade justifica o fato de se ter optado por participantes que estavam no meio
acadêmico e, na maioria das vezes, indicados por ex-alunos17 também deficientes
visuais, que haviam tido contato com a Tabela Periódica e que, portanto, poderiam
deles totalmente cegos e três deles com visão subnormal. Apesar do número ser
pequeno, outros deficientes visuais foram contatados, mas optaram por não
participar. A faixa etária dos participantes dessa pesquisa ficou entre 21 e 51 anos.
A coleta dos dados foi realizada em ambientes diversos, como nos locais de
caminhos totalmente diferentes. Todos têm uma vida própria, são independentes e
trabalham normalmente.
17
.Alguns desses ex-alunos haviam cursado o Ensino Médio como nossos alunos e foram os grandes
instigadores na busca de material alternativo diante do desafio do trabalho na sala de aula que deram
origem a essa pesquisa.
nosso objetivo era registrar as dificuldades sentidas por alunos deficientes visuais
das idéias gerais, proporcionando um espectro amplo das respostas. Além disso,
Sim ( ) Não ( )
Observa-se pelo roteiro dessa primeira etapa, que o eixo norteador das
ocorreu de acordo com a disponibilidade dos deficientes visuais. Esse fato não se
desenvolvida.
sua conveniência, até o sigilo das informações se for o caso; da capacidade de ouvir
e estimular o fluxo das informações, por parte do entrevistado, sem forçar o rumo
para que o informante se sinta à vontade para se expressar livremente, tudo isso
deve ser cumprido pelo entrevistador com seriedade (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).
Acredita-se que o processo aqui proposto tem como base uma abordagem
todos os pontos que foram abordados, pois nos serviram de base para a elaboração
então uma nova entrevista semi-estruturada baseada em 2 roteiros, sendo que cada
Periódica
conheciam-na em Braille com várias páginas, e 40% em outros modelos como, por
da Tabela Periódica lidas por outras pessoas, 10%, usaram cartões nos quais eram
para os videntes como a feita em Braille com várias páginas, 30% somente em
Braille com várias páginas, e 10% utilizou uma ampliação da Tabela Periódica
gráfico a seguir mostra a diversidade dos tipos de tabelas que os deficientes visuais
conhecem.
Videntes
10%
Cartões
30%
30% Videntes
e Braille
10% Braille
20%
Ampliada
Gráfico 01: Tabelas com as quais deficientes visuais entrevistados tiveram contato
dentificavam, 40% afirmaram que foi com a Tabela Periódica em Braille com várias
identificaram com a forma ampliada e 10% com a de cartões. Dos participantes, 30%
não se identificaram com nenhuma, afirmando terem sentido muita dificuldade. Pelos
Gráfico 02: Tabela Periódica com as quais os deficientes visuais mais se identificaram
elementos, pois a tabela que eles conheciam ocupava várias páginas. O gráfico 03,
Falta de
50%
Apoio
30%
Sem
dificuldade
colegas e professores na sala de aula, pois levavam muito tempo para reconhecer o
um melhor aprendizado, 10% não deram nenhuma sugestão, 20% sugeriram que
queriam montar a própria tabela através de cartões que fossem em alto relevo e com
o formato idêntico ao utilizada pelos videntes. Essa última foi justificada pelos
participantes pelo fato de que esse tipo de tabela serviria para alunos de visão
por 10% é que esta fosse em alto relevo, associada a um recurso oral, outros 10%
sugeriram que a tabela viesse acompanhada com um manual em Braille, e 10% não
próximas, o que confunde na identificação, e 40% sugeriram que a tabela fosse mais
sem sugestão
10% 10%
montar a tabela em
10% cartões
em alto relevo
Gráfico 04: sugestões dos entrevistados de como deveria ser a Tabela Periódica
Um outro aspecto a ser destacado aqui foi o anseio dos participantes sobre
afirmaram que apesar das dificuldades enfrentadas sentem-se orgulhosos pelo que
conseguiram (dos dez entrevistados, um tem nível superior completo e três está
material escrito em Braille e as transcrições dos livros para essa linguagem. Outras
vezes, o material demorava e continua a demorar muito para chegar as suas mãos.
A não disponibilidade desses recursos nas escolas regulares constitui uma violação
do direito à educação.
didático. As folhas foram colocadas em uma base e coladas formando uma única
cola, para facilitar a disposição das famílias dos elementos químicos na tabela,
deficientes visuais. Nele existem vários materiais didáticos para serem trabalhados
nas aulas de Química no Ensino Médio. Todos os recursos aqui apresentados foram
gentilmente cedidos pelo instituto. A figura a seguir mostra a Tabela Periódica do
Instituto Benjamin Constant, realizada tanto para pessoas com cegueira total como
de visão subnormal:
Figura 08: Tabela Periódica em Braille e escrita comum do Instituto Benjamin Constant
Essa tabela pode ser tanto utilizada pelo deficiente visual cego como pelo de
durante a entrevista era solicitado aos participantes que fizessem, além da análise
inicial, a comparação com a outra tabela elaborada pelo Instituto Benjamin Constant,
do Rio de Janeiro.
Nessa etapa, como já mencionado, foram elaborados dois roteiros com sete
compacta.
inicialmente foi feita uma breve explanação sobre o assunto. O quadro a seguir
apresenta o roteiro utilizado para conhecer as opiniões dos participantes sobre as
Constant.
Quadro 02: Roteiro do instrumento tabelas em Braille versus tabela fornecida pelo IBC
Observa-se por meio desse depoimento, que com o auxilio das tabelas os
identificar os elementos presentes, tal como os videntes, sabendo então como estes
interagir nas aulas de Química com os demais alunos, com igual capacidade de
possível que essas pessoas possam estar inseridas em sala de aula sem
observar que todos tiveram como identificar os elementos, saber como estavam
dispostos, e através da tabela em alto relevo saber qual o formato real da tabela. De
visuais.
Tanto na tabela elaborada nesta pesquisa, quanto na que foi fornecida pelo
continha muita informação para um primeiro momento, pois cada divisão da tabela é
apresentada com texturas diferentes, mas deixaram bem claro que é apenas uma
professor. Essa relação deve ser completa, de forma que possam interagir em
A inclusão dos deficientes visuais nas escolas regulares de ensino foi um dos
eixos norteadores deste trabalho. Como educadores, temos que fazer reflexões
sobre a inclusão desses alunos, visto que há uma necessidade de (re) aprender a
enxergar a realidade escolar atual, já que a inserção destas pessoas está crescendo
a cada dia nas escolas regulares, apesar de ainda termos uma sociedade voltada
pessoas deficientes não são respeitadas como cidadãos. Espera-se que a escola
inclusiva, ou seja, a escola para todos, esteja inserida num mundo inclusivo, onde as
anos, mas se observarmos sua estrutura, são identificadas falhas, como por
especiais, o que ainda está muito aquém do desejado. O professor com pouca ou
muito escassa, visto que falta material didático, acesso a outros meios de educação
que não são limitados apenas às escolas. Isto é, além do professor ser levado a
esse desafio, reconhecendo, muitas vezes, que em sua sala de aula há pessoas
Vale lembrar que inclusão não deve estar presente apenas na Educação,
entrevistas que apesar das Tabelas Periódicas – a de areia com cola e a outra em
Braille na forma compacta – não terem sido utilizadas no contexto de uma situação
real, o recurso foi bem aceito pelos deficientes visuais, porque facilitava o manuseio
e a apreensão do formato da tabela usada pelos videntes. Esse último foi ressaltado
material que se adequava as suas necessidades e não criava empecilhos para ser
e participação desses alunos nas atividades de sala de aula. O convívio com esses
Através das adaptações nas tabelas e das entrevistas realizadas para este
pesquisa venha a contribuir tanto com a aprendizagem dos alunos com deficiência
deixar as tabelas elaboradas disponíveis nas escolas do Rio grande do Norte, como
aprendizado dos alunos videntes. Deve servir para que os alunos concluintes da
ser divulgado, para que possa se concretizar o emprego de nossa tabela, precisa-se
pedagogia da inclusão nas escolas de uma forma geral. Acreditando que este
deficientes visuais, mesmo que de forma escassa ou não divulgada para o grande
público. Visto que na cidade do Natal esses materiais não se encontram disponíveis,
conclui-se que o material didático desenvolvido neste trabalho pode ser aplicável
MARTINS, L.A.R.; SILVA, L.G.S. Uma visão do atendimento dos educandos com
necessidades especiais no sistema municipal de ensino de Natal: [s.n.], 2004.
Palestra.
RIBAS, João B. O que são pessoas deficientes. São Paulo: Brasiliense, 1993.
SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de
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SÁ, Elisabete Dias de. Espaço para diversidade na Faculdade de Filosofia e Ciência.
Marília, SP, junho, 2002. Palestra apresentada no 3º milênio.
SILVA, Luzia Guacira dos Santos. Inclusão: uma questão também de visão –
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Educação) Universidade Federal d Rio Grande do Norte.Centro de Ciências Socais
Aplicadas. Departamento de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação,
Natal, 2004.
NOME:
GRAU DE ESCOLARIDADE:
IDADE:
DEFICÊNCIA:
5) Quando você utilizou a Tabela Periódica qual foi a sua maior dificuldade?
9) Dê sugestões de como você acha que deveria ser a Tabela Periódica para um
melhor aprendizado.
ANEXO B
NOME:
GRAU DE ESCOLARIDADE:
IDADE:
TIPO DE DEFICIÊNCIA:
4) Após ter utilizado essa tabela, quais dificuldades você encontrou para
manuseá-la?
6) Na sua opinião, o que poderia ser melhorado na tabela que você acabou de
conhecer? Ou o que você tem a acrescentar?
NOME:
GRAU DE ESCOLARIDADE:
IDADE:
TIPO DE DEFICIÊNCIA:
a. Família 3A do 2º período
b. Família 6A do 3º período
4) Após ter utilizado essa tabela, quais dificuldades você encontrou para
manuseá-la?