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Usina Hidrelétrica de Itaipu

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Coordenadas: 25°24'29.31"S 54°35'

Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional

Imagem aérea da Usina de Itaipu.


Localização

Localização Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil


Hernandarias

Bacia hidrográfica Bacia do rio da Prata

Rio Paraná

Coordenadas 25°24'28"S, 54°35'24"W

Wikimedia | © OpenStreetMap

Dados gerais

Proprietário República Federativa do Brasil e República do Paraguai

Operador Itaipu Binacional

Projetista Comissão Técnica Mista Brasil-Paraguai

Período de 1975-1982
construção

Data de 5 de maio de 1984 (entrada em operação 1ª unidade


inauguração geradora)[1]

Características

Tipo usina hidrelétrica, barragem de aterro, transborder


building, buttress dam, barragem de gravidade
Altura 196 m

Fundação 17 de maio de 1974 (constituição da entidade)[2]

Reservatório

Área alagada 1 350 km²

Capacidade 14 000 MW
de geração

Unidades geradoras 20

Website www.itaipu.gov.br

Mídia relacionada no Wikimedia Commons

[edite no Wikidata]

Usina Hidrelétrica de Itaipu (em castelhano: Itaipú, em guarani: Itaipu) é


uma hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre
o Brasil e o Paraguai. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e
1982. O nome Itaipu foi tirado de uma ilha que existia perto do local de
construção. Na família linguística tupi-guarani, o termo significa "pedra na qual
a água faz barulho", através da junção dos termos itá (pedra), i (água)
e pu (barulho).[3] Quando foi concluída, era a maior barragem do mundo, título
que manteve por 21 anos até a construção da Hidrelétrica das Três Gargantas,
na China, em 2003.
A usina é operada pela empresa Itaipu Binacional, a líder mundial em
produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de
megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação.[4][5][6][7][8] Três Gargantas
produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, com
uma potência instalada 60% maior do que a de Itaipu (22,5 mil MW contra 14
mil MW).[9][10]
Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o
primeiro lugar ao superar seu próprio recorde [11] que era de 98,6 milhões de
MWh.[12][13] Em 2016, a usina de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao
produzir, em um único ano calendário, mais de 100 milhões de MWh de
energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos 103 098 366
MWh de energia.[13][14]
O seu lago possui uma área de 1 350 km2, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil
e Ciudad del Este, no Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao
norte. Possuindo 20 unidades geradoras de 700 MW cada e projeto hidráulico
de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade) de 14 mil MW. É
um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio
Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da Ponte
da Amizade. A Usina de Itaipu fazia parte da lista oficial de candidatas para
as Sete Maravilhas do Mundo Moderno, elaborada em 1995 pela
revista Popular Mechanics, dos Estados Unidos, mas não ganhou o título.[15]

Etimologia
Itaipu é uma palavra de origem tupi-guarani que significa "pedra que canta",
através da junção de itá = pedra [16] e ipo'ú = cantora,[17] ou então "pedra na qual
a água faz barulho", através da junção de itá (pedra), y (água, rio),
e pu (barulho).[18] Era o nome da pequena ilha que havia no atual local da usina,
antes da obra.[19]

História
Projeto

Símbolo de Itaipu Binacional.

A usina hidrelétrica de Itaipu começou a ser pensada ainda na década de 1960,


quando foram assinados os primeiros acordos de cooperação entre Brasil e
Paraguai.[20] Em 22 de julho de 1966,[21] os ministros das Relações Exteriores
do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai, Sapena Pastor, assinaram a "Ata
do Iguaçu", uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o
aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do Rio
Paraná "desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu".[22]
As primeiras pesquisas de campo para a elaboração do projeto foram feitas em
pequenas balsas por técnicos brasileiros e paraguaios. O local escolhido para a
construção foi um ponto do rio conhecido como Itaipu, que em tupi quer dizer "a
pedra que canta". As dimensões do projeto também foram traçadas desde o
início: a área da hidrelétrica vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este,
no sul do Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte deste país.[20]
A formalização do empreendimento se deu com a assinatura do Tratado de
Itaipu em 1973, que estabeleceu os pontos para o financiamento da obra e a
operação da empresa, num modelo de sociedade binacional, pertencente às
duas nações em partes iguais. Pelo documento, cada um dos países tem
direito a 50% da energia produzida. Caso uma das partes não use toda a cota,
deve vender o excedente ao parceiro a preço de custo.[20][23]
Construção

Maquete da usina durante a sua construção.

Fotografia aérea da usina

Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e ELC


Electroconsult (da Itália) venceu a concorrência internacional para a realização
dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do
trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de
1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o
aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná pelos dois países. Em 17 de maio de
1974, foi criada a entidade Itaipu Binacional, para gerenciar a construção da
usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro de 1975. Um consórcio de
construtoras, liderado pela Andrade Gutierrez, executou o projeto.[24]
Entre 1975 e 1978, mais de 9 mil casas e um hospital foram construídos nas
margens do rio Paraná para abrigar os trabalhadores que construíam a usina.
Na época da construção, Foz do Iguaçu era uma cidade com apenas duas ruas
asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em dez anos, a população aumentou
para 101 447 pessoas.[20]
A obra levou 10 anos para ser concluída e aglutinou cerca de 40 mil
trabalhadores. Foram usadas mais de 50 milhões de toneladas de terra e
rocha, que foram escavadas para ser feito o deslocamento do curso do rio
Paraná, o sétimo maior do mundo. A quantidade de concreto usado para
construir a usina seria suficiente para erguer 210 estádios do tamanho
do Maracanã, sendo que a quantidade total de ferro e o aço utilizados no
empreendimento poderia ser usada para construir 380 Torres Eiffel.[20] O volume
de escavação de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes maior que o
do Eurotúnel e o volume de concreto é 15 vezes maior.[14]
Acordo Tripartite
No dia 14 de outubro de 1978, foi aberto o canal de desvio do Rio Paraná, que
permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a
barragem principal, em concreto. Outro marco importante, na área diplomática,
foi a assinatura do Acordo Tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em 19
de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho
do Rio Paraná desde as Sete Quedas até a foz do Rio da Prata. Este acordo
estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes
empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época,
quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor
que o Brasil em um eventual conflito com a Argentina, abrisse completamente
as comportas de Itaipu, aumentando os níveis de água do Rio da Prata e
inundando a cidade de Buenos Aires. Entretanto, caso houvesse o rompimento
da represa de Itaipu, na verdade boa parte da água seria absorvida pela
profunda calha do Rio Paraná poucos quilômetros depois da barragem e a
Argentina ainda estaria protegida pela represa da Usina de Yacyretá, localizada
400 km abaixo de Itaipu.[25]
Inauguração e expansão
O reservatório da usina começou a ser formado em 13 de outubro de
1982,[26] quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do
canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros
e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro,
devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em 5 de maio
de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu.[1] As 20
unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.

Placa comemorativa em alusão ao recorde de produção de energia.

As duas últimas das 20 unidades geradoras projetadas entraram em operação


entre setembro de 2006 e março de 2007, elevando a capacidade instalada de
Itaipu para 14 mil MW, concluindo a execução da obra. Este aumento da
capacidade permite que 18 unidades geradoras permaneçam gerando energia
o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção.[27]
A capacidade de geração da usina é de 14 GW por ano, sendo que a potência
nominal de cada unidade geradora (turbina e gerador) é de 700 MW. No
entanto, devido ao fato de a queda bruta real ser um pouco maior do que a
queda bruta projetada, a potência disponível em cada unidade geradora é de
aproximadamente 750 MW na maior parte do tempo, aumentando a
capacidade de geração de energia da usina. Em 2004, quando completou 20
anos de atividade, a usina já havia gerado energia suficiente para abastecer o
mundo durante 36 dias.[20]
Para efeito de comparação, a vazão média das Cataratas do Iguaçu teria
capacidade para alimentar pouco mais de duas unidades geradoras. A Itaipu
produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o
aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em
níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de
MWh em um ano.[28]
Renegociação do Tratado de Itaipu e blecaute
Ver artigo principal: Queda de energia no Brasil em 2009

Fernando Lugo e Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião no Palácio Itamaraty em 2009.

Os termos do tratado têm sido objeto de descontentamento generalizado por


parte do Paraguai. O governo do presidente Fernando Lugo (2008-2012)
prometeu renegociar os termos do tratado com o Brasil, que permaneceu por
muito tempo hostil a qualquer tipo de renegociação.[29] Em julho de 2009, houve
uma renegociação do Tratado de Itaipu, pela qual o Brasil aceitou passar a
pagar o triplo do que pagava ao Paraguai pelo direito de uso da eletricidade
produzida por Itaipu. O direito de uso é um excedente ao preço da energia que
é pago diretamente ao governo paraguaio, ou seja não pode ser deduzido da
dívida assumida pelo Paraguai.[30] No total, entretanto o preço total da energia
subiu de 45,31 dólares por MWh para 50,93 dólares por MWh. Ainda por esse
acordo, o Brasil passou a permitir que o excedente da energia paraguaia seja
vendido diretamente às empresas brasileiras, se assim preferirem os
paraguaios.[31][32]
Um grande blecaute de energia elétrica afetou 30% do território brasileiro e
grande parte do Paraguai na noite de terça-feira, 10 de novembro de 2009. É
considerado um dos maiores apagões ocorridos no Brasil, podendo ter a
mesma grandeza ou ser até maior que o blecaute de 11 de março de 1999.[33] O
início do blecaute se deu às 22h13 em uma subestação de energia elétrica de
Furnas, localizada no município de Ivaiporã, no Paraná, devido a problemas em
três linhas de transmissão nos estados de São Paulo e Paraná, impedindo que
a energia gerada pela usina de Itaipu pudesse ser transmitida para os
consumidores brasileiros.[34] O blecaute afetou vários municípios de
18 estados.[35]
Vista panorâmica do topo da barragem.

Características
Administração
Itaipu Binacional

Tipo Empresa binacional

Atividade Geração de hidroeletricidade

Fundação 17 de maio de 1974 (constituição da entidade)[2][36][37]

Pessoas-chave Enio Verri


Manuel Maria Cáceres Cardozo

Produtos Energia elétrica

Acionistas ENBPar
ANDE
(50%)

Website oficial www.itaipu.gov.py


www.itaipu.gov.br

A Itaipu Binacional é uma entidade binacional pertencente à República


Federativa do Brasil e à República do Paraguai. Foi constituída pelo Tratado de
Itaipu para a operação da usina hidrelétrica. Seu aspecto de empresa jurídica
de direito privado binacional deve-se às ordens jurídicas de ambos os países
às quais está submetida.[38] Alcântara Cyclone Space, outra "Empresa
Binacional" no Brasil—classificação em relação à natureza jurídica.[39]—foi
encerrada em 2015.[40]
Os países possuem a mesma participação na entidade: a ENBPar[41] possui
50% e a Administração Nacional de Eletricidade (Administración Nacional de
Eletricidad, ANDE) com os outros 50%, representando o Brasil e o Paraguai
respectivamente. Ambos indicam paritariamente os doze membros do
Conselho de Administração. Dos seis membros de indicação brasileira, um é
da ENBPar e outro do Ministério das Relações Exteriores. O Conselho elege a
Diretoria Executiva também de forma paritária.[42]
Barragem e vazão

Entrada do complexo de Itaipu

Entrada da usina.
Sala de controle de Itaipu
Espaço no interior da estrutura da Usina

Eixo que acopla a turbina ao gerador

O comprimento total da barragem é 7 919 metros. A elevação da crista é de


225 metros. A barragem de Itaipu é constituída basicamente por seis seções:
barragem lateral direita, barragem principal, estrutura de desvio, barragem de
terra direita, barragem de enrocamento e barragem de terra esquerda.[43] A
barragem principal tem 196 metros de altura, o que é equivalente a um prédio
de 65 andares.[14]
A vazão máxima do vertedouro de Itaipu é de 62,2 mil metros cúbicos de água
por segundo, o que corresponde a 40 vezes a vazão média das Cataratas do
Iguaçu. A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 m3 de água por segundo cada)
corresponde aproximadamente à vazão média das Cataratas do Iguaçu (cerca
de 1,5 mil m3 de água por segundo).[44]
Geração de energia
Existem 20 unidades geradoras, sendo dez na frequência da rede elétrica
paraguaia (50 Hz) e dez na frequência da rede elétrica brasileira (60 Hz). As
unidades de 50 Hz têm potência nominal de 823,6 MVA, fator de potência de
0,85 e peso de 3 343 toneladas. As unidades de 60 Hz têm potência nominal
de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de 3 242 toneladas. Todas as
unidades têm tensão nominal de 18 kV. As turbinas são do tipo francis, com
potência nominal de 715 MW e vazão nominal de 690 m3 por segundo.[45][46] Uma
subestação blindada em gás de hexafluoreto de enxofre (SF6), que permite
uma grande compactação do projeto. Para cada grupo gerador existe um
banco de transformadores monofásicos, elevando a tensão de 18 kV para 500
kV. O Brasil teria que queimar 536 mil barris de petróleo por dia para gerar em
usinas termelétricas a potência de Itaipu.[14]
Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de
energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de
MWh.[4][5][6][7][8] Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada,
fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Sua
maior produção anual foi estabelecida em 2016, com 103 068 366 de
MWh.[13][14] O recorde anterior ocorreu em 2013, com a geração de 98 630 035
de MWh.[14]
Apesar de gerar menos do que em anos de recorde, Itaipu atingiu em 2014 o
melhor índice de eficiência operacional dos 32 anos, com 99,3%. Na prática,
isso significa que a operação da usina, que tem o objetivo de maximizar a
utilização da água (energia disponível), atendendo as demandas dos sistemas
elétricos brasileiro e paraguaio, teve quase zero de perdas. Ou seja, da água
que poderia ser turbinada, quase nada foi vertido em 2014. Tudo o que chegou
de água turbinável foi usado na produção de energia.[47]
Produção anual

Produção anual de energia

Número de
Ano GWh
unidades instaladas

1982 0 0

1983 0 0

1984 0–2 277

1985 2–3 6 327

1986 3–6 21 853

1987 6–9 35 807

1988 9–12 38 508

1989 12–15 47 230

1990 15–16 53 090

1991 16–18 57 517


1992 18 52 268

1993 18 59 997

1994 18 69 394

1995 18 77 212

1996 18 81 654

1997 18 89 237

1998 18 87 845

1999 18 90 001

2000 18 93 428

2001 18 79 307

2002 18 82 914

2003 18 89 151

2004 18 89 911

2005 18 87 971

2006 19 92 690

2007 20 90 620
2008 20 94 685

2009 20 91 651

2010 20 85 970

2011 20 92 245

2012 20 98 287

2013 20 98 630[14]

2014 20 87 795

2015 20 89 215[14]

2016 20 103 098[13][14]

2017 20 96 387[14]

2018 20 96 585[14]

2019 20 79 445[14]

2020 20 76 382[14]

2021 20 66 369[14]

Sistema de transmissão
O sistema de transmissão de Itaipu conecta a três subestações situadas dentro
da Central Hidrelétrica (duas subestações isoladas a gás, uma de 50 Hz e
outra de 60 Hz, instaladas dentro da Casa de Máquinas, e uma convencional
de 50 Hz na Margem Direita) com os Sistemas Interconectados paraguaio e
brasileiro.[48]
Subestações

 SE-ITAIPU 60 Hz (Subestação de Itaipu 60 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV


(com cerca de 10 km de extensão) transmitem toda a energia do setor de 60 Hz
até a SE-Foz do Iguaçu 60 Hz (Subestação de Foz do Iguaçu 60 Hz), que eleva a
tensão para 765 kV.
 SE-ITAIPU 50 Hz (Subestação de Itaipu 50 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV
(com cerca de 2 km de extensão) até a SE-MD 500 kV (Subestação da Margem
Direita 500 kV).
 SE-MD (Subestação da Margem Direita): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com
cerca de 9 km de extensão) transmitem a revenda de energia do Paraguai para o
Brasil (até a SE-Foz do Iguaçu 50 Hz - Subestação de Foz do Iguaçu 50 Hz). Para
o sistema paraguaio, saem 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-ACARAY
(Subestação de Acaray), 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-CYO
(Subestação de Carayao) e mais 1 linha de transmissão de 500 kV (com cerca de
300 km) até ES-Villa Hayes (Subestação de Villa Hayes, em Assunção, capital do
país).
Interligação com Sistema Brasileiro
O escoamento da energia de Itaipu para o sistema interligado brasileiro, a partir
da subestação de Foz do Iguaçu no Paraná, é realizado por Furnas e Copel. A
energia em 50 Hz utiliza o sistema de corrente contínua de Furnas (Elo CC) e a
energia em 60 Hz utiliza o sistema de 765 kV de Furnas e o sistema de 525 kV
da Copel. E o ONS (Operador Nacional do Sistema) é o responsável pela
coordenação e controle da operação da transmissão.[49]

 SE-Foz do Iguaçu 50 Hz: O pátio de corrente contínua (Corrente contínua em alta


tensão), que recebe a energia em 50 Hz. Devido à incompatibilidade entre as
frequências e as vantagens da transmissão em grandes distâncias, a energia é
convertida através de circuitos retificadores para ±600 kV e transmitida por duas
linhas até Ibiúna (São Paulo). Em Ibiúna, a energia é convertida para 60 Hz,
interligando-se ao sistema do Sudeste.
 SE-Foz do Iguaçu 60 Hz: O pátio de corrente alternada, que recebe a energia em
60 Hz e eleva para 765 kV, saindo três linhas de transmissão. É o nível de tensão
mais elevado existente no Brasil. As linhas seguem para as subestações
de Ivaiporã (Paraná) e Itaberá (São Paulo), até chegarem à subestação Tijuco
Preto que fica localizada no distrito de Quatinga em Mogi das Cruzes (São Paulo).
Interligação com Sistema Paraguaio
O escoamento da energia de Itaipu para o Paraguai é feito nas tensões de 500
kV e 220 kV a partir da subestação da Margem Direita para as subestações
de Acaray, Carayao e Villa Hayes.[50]
Vista panorâmica da barragem.

Impacto
Econômico
Mapa do complexo turístico de Itaipu.

Nos 170 km de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, o Reservatório de


Itaipu atinge áreas de 16 municípios brasileiros, dos quais 15
no estado do Paraná e um em Mato Grosso do Sul. Como compensação, Itaipu
paga royalties a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada.
No Paraguai, os recursos dos royalties são repassados ao Ministério de
Hacienda (Ministério da Fazenda), que já recebeu, desde 1985, mais de 4,5
bilhões de dólares. No Brasil, o Tesouro Nacional recebeu em royalties mais de
4,8 bilhões de dólares, sendo que a divisão, de acordo com a Lei
dos Royalties em vigor desde 1991,[51] é: 10% para órgãos federais; 45% da
compensação repassada aos Estados e 45% aos municípios. Os royalties são
aplicados na melhoria da qualidade de vida da população, nas áreas de
educação, saúde, moradia e saneamento básico.[52]
A grandiosidade da usina contribui para que Foz do Iguaçu seja mundialmente
conhecido como um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil. Desde
que foi aberta à visitação, Itaipu já recebeu mais de 16 milhões de
visitantes.[53] Para receber os visitantes, o Complexo Turístico Itaipu oferece
opções de visitas pelas áreas internas e externas da usina.
Ambiental

O Salto das Sete Quedas ficou submerso a partir de 1982, com a construção da hidrelétrica de
Itaipu.
Lago formado pela construção de Itaipu.

Com o fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1,5 mil
km2 de florestas e terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de Sete
Quedas, uma das mais fascinantes formações naturais do planeta,
desapareceu. Semanas antes do preenchimento do reservatório, foi realizada
uma operação de salvamento dos animais selvagens, denominada Mymba
kuera (que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários
conseguiram capturar mais de 4,5 mil bichos, entre macacos, lagartos, porcos-
espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais
foram levados para as regiões vizinhas protegidas da água.[54] No total, mais de
35 mil animais que viviam na área a ser inundada pelo lago precisaram ser
removidos.[20]
O município de Guaíra foi o mais afetado devido à perda das Sete Quedas, um
dos pontos turísticos mais conhecidos do país na época e responsável por
parte importante da receita local. A construção do lago de Itaipu inundou o salto
em 1982. A cidade recebeu 80 milhões de dólares a título de compensação
financeira entre 1985 e maio de 2016, mas alega que o ressarcimento não foi
condizente ao prejuízo causado.[55]
Social
Ver também: Brasiguaios

Vila A, bairro de Foz do Iguaçu criado para abrigar os trabalhadores da usina.

Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de 42 444


pessoas, das quais 38 440 eram trabalhadore(a)s do campo, o que gerou
inúmeros problemas sociais.[56] Parte dessas famílias viviam às margens do Rio
Paraná e foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Algumas
se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da
confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram,
eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do
Brasil, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.[57][58]
O espelho d'água da usina alagou diversas propriedades de moradores do
extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações foram suficientes para
que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras
no Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o
fenômeno social dos brasiguaios - brasileiros e seus familiares que residem em
terras paraguaias na fronteira com o Brasil.[59]
Segundo um relatório produzido ao longo de três anos pela Procuradoria Geral
da República, a construção da usina hidrelétrica gerou graves violações de
direitos dos povos indígenas, com adulteração de procedimentos para
subestimar o número de índios que habitavam a região. Para criar o lago
artificial, por exemplo, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu 40
mil pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam
diversos territórios considerados sagrados pelos índios guaranis, como os Salto
de Sete Quedas.[60]
O estudo concluiu que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena
de Ocoy foi reconhecida como indígena pela Funai, na época gerida por um
general do Exército, e depois reassentada "em condições piores do que as que
enfrentava antes". "Todas as demais localidades existentes entre Foz do
Iguaçu e Guaíra foram completamente ignoradas e as famílias indígenas que
nelas viviam foram tratadas como posseiros e invasores (porque não tinha
documentos das terras), sendo delas expulsas sem nenhum ressarcimento",
diz o relatório organizado pelos procuradores da República Gustavo Kenner,
João Akira Omoto, Julio José Araujo Junior e pela antropóloga Luciana Maria
de Moura Ramos, nomeada analista pericial da PGR.[60]

Vista panorâmica da usina à noite

Ver também
 Salto de Sete Quedas
 Lago de Itaipu
 Fronteira Brasil-Paraguai
 Milagre econômico brasileiro
 Regime militar no Brasil
 Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta
 Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira
 Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias
 Hidrelétrica de Três Gargantas
 Tratado de Itaipu
 Principais hidrelétricas a montante da Usina Hidrelétrica de Itaipu
 Alcantara Cyclone Space
 Entidade Binacional Yacyretá
 Lista de usinas hidrelétricas do Brasil
 Lista das maiores usinas hidrelétricas do mundo

Referências
1. ↑ Ir para:a b MONTEIRO, Nilson. Itaipu, a luz. Itaipu Binacional, Assessoria de Comunicação
Social. Curitiba, 2000. 2ª edição. Pp. 98. CDU 621.331.21
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