Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Coleção ou conjunto de flores foi o significado atribuído á palavra anthologia, na sua origem
grega,. Meliagro, poeta grego foi o. autor da primeira antologia de textos antigos. Porém,
nesta época , e não sendo ainda conhecido ou utilizado o termo antologia, florilégio,
romanceiro e também flores, eram as designações utilizadas para esta forma de apresentação
escrita. Ou seja, tratava-se de uma espécie de colheita, primeiro, e considerando a origem da
palavra, colheita de flores que igualmente vai também receber a significativa designação de
de florilégio, entre outras designações.
Curiosamente, aqui, esta colheita de flores traduz-se nesta Antologia numa colheita de
poemas como de textos em prosa poética, pode, em certo sentido também pode entender-se
como uma seleção e colheita de flores. Na vasta obra deste poeta português, e nas suas
múltiplas paisagens mais visíveis ou invisíveis, da exterioridade ou de sua alma, colhemos as
flores-poemas que aqui convosco partilhamos., sendo, muitos destes poemas escritos na
presença de múltiplos deuses e deusas, onde a deusa Flora também comparece. E dizemos
comparece, porque trata-se mesmo de aparecer com. No pensamento de Teixeira de Pascoaes
nada , aparece isolado, ou , talvez melhor, separado., mesmo que o seu pensamento e poesia,
o possam ter levado a sentir-se só e isolado, sobretudo pelo modo inovador e original como se
apresentou diante das perspetivas culturais do seu tempo.
A sua obra e criação poética emerge enquanto reflexo de uma totalidade cósmica, em que “ a
essência das cousas, essa verdade oculta na mentira, é de natureza poética…”(In, O Homem
Universal), e onde poeta rima sobretudo com profeta, vidente,. . Mas também , como
escrevera« A palavra Filosofia, é muito ampla…..Cabemos todos lá dentro, sábios e poetas. …
Quem não é poeta ou sábio e sábio ou poeta, ao mesmo tempo?».
O título desta antologia, que inicialmente havia sido pensado apenas como, Poesia Paisagem,
teve ,, depois de feita a seleção poética, e também pelo que já brevemente expomos, de ser
repensado . . Verdadeiramente, a paisagem em Pascoes assume uma simbologia e significados
de tão profunda reflexão filosófica que só poderia considerar-se, no mínimo uma espécie de
tÍtulo incompleto
«Ampliada á Natureza, a saudade é a própria alma universal, onde se realiza a unidade de tudo
quanto existe»( p.106, Bailado),
Sendo ainda «a ideia do infinito a que aspiramos», evocar a Saudade é evocar o Cosmos, a
Natureza, onde«há recantos de paisagem que me ficaram na memória. A. tinta destes quadros
tem um viço eterno. São lembranças do meu idílio com as cousas»(p.93, Livro de M emórias).E
é deste idílio, que se poderá compreender também as afirmações que escolhemos para
finalizar:
«Nada há que seja exterior, nem Andrómeda, nos confins da Realidade, nem Deus nos confins
da Idealidade. Adrómeda está nos meus olhos e a um milhão de anos-luz. Somos, em toda a
parte, que o pensamento é a última dimensão do nosso corpo. Entre nós e aquela estrela,
medeia apenas a sensação que temos da nossa grandeza universal»(p.97-8, Duplo Passeio).