Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
º ANO
1
que não é um pastor na realidade, mas comporta-se como se o fosse («Mas é
como se os
guardasse» - v. 2), ou seja, há uma parte de si que se comporta como um pastor
- a alma -, uma
alma de pastor (comparação do verso 3).
Estes dados permitem-nos, desde já, concluir que estamos na presença de um
pastor por
metáfora que procura estabelecer com a natureza uma relação de comunhão, de
harmonia, de simbiose
. O poeta começa por referir que nunca guardou rebanhos, ou seja, não é pastor
na realidade, mas sim pastor por metáfora, pois comporta-se como se o
fosse: tal como um guardador de rebanhos, vive em contacto com a
natureza, em deambulação (v. 5), o que lhe permite usufruir ao máximo as
sensações (v. 6) e conhecer a realidade do meio que o rodeia (v. 4) não
pelo pensamento, mas justamente pelos sentidos - sensacionismo.
LINGUAGEM E ESTILO:
. personificação (v. 5)
[…]
2
O exercício da razão transfigura o que é real e verdadeiro,
impossibilitando o sujeito de alcançar a felicidade (“Os meus pensamentos são
contentes/ Só tenho pena de saber que eles são contentes,” (vv.21 e 22).
[…]
SÍNTESE:
Este poema destaca-se pela ênfase que o sujeito poético confere ao primado
das sensações (sensacionismo), única forma de aceder à verdade, e ao
seu desejo de supressão do uso da razão, elemento que limita a fruição dos
sentidos na sua plenitude e impede a relação de harmonia e tranquilidade
estabelecida entre o sujeito poético e a natureza. Assim, com um discurso
essencialmente descritivo, simples e espontâneo, o sujeito poético
descreve, quase sempre em deambulação, o que apreende do meio que o
3
rodeia, como se perceciona a si mesmo, defendendo, ao longo do poema, a
doutrina que dirige e assenta na valorização dos sentidos.
Caeiro assume-se como o poeta natural, a quem acontece “fazer versos” ou para
quem “ser poeta é como ter sede”, ou seja, alguém para quem ser poeta não está
ligado ao pensamento, ao desejo de perfeição, mas sim à livre expressão da sua
apreensão da realidade e do conhecimento, que lhe chega por via dos sentidos
(sensacionismo).
Poetas místicos, que são aqueles que querem quebrar a cabeça sobre o
sentido e a definição das coisas, ou seja, os que pensam; Caeiro fita apenas
concreto e o único. Para ele, as ideias e os pensamentos são falsidades,
porque, por detrás
deles, encontra-se o abstrato e não a vida. Os sentidos são a única via de
aceder ao conhecimento, porque não há nada mais para além daquilo que se
consegue alcançar com o olhar.
3.
b) visuais.
4
c) táteis.
d) auditivas.
e) auditivas.
f) visuais e auditivas.
GRAMÁTICA - CORREÇÃO
1. Resposta pessoal.
2. Relação de simultaneidade (valor temporal).
3. Dêixis pessoal: “Eu” (v. 1); “Minha” (v. 3)
5
Dêixis temporal: “guardei” (v. 1): pretérito perfeito, marca de
passado; “fico” (v. 9): presente do indicativo, marca de
presente.