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PORTUGUÊS -- 12.

º ANO

DOMÍNIO: Educação literária

CONTEÚDOS: Parte I de O Guardador de Rebanhos – “Eu nunca guardei rebanhos”


________________________

INTRODUÇÃO À POESIA DE CAEIRO:

Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, destaca-se não apenas pela


espontaneidade e simplicidade ao nível da escrita, mas também pela
valorização das sensações como autêntica forma de aceder à realidade e
pela renúncia do recurso da razão.

1.ª estrofe (vv. 1-13):

O sujeito poético inicia o poema com a afirmação de que nunca guardou


rebanhos, isto é, de
que não é um pastor na realidade, mas comporta-se como se o fosse («Mas é
como se os
guardasse» - v. 2), ou seja, há uma parte de si que se comporta como um pastor
- a alma -, uma
alma de pastor (comparação do verso 3).
Estes dados permitem-nos, desde já, concluir que estamos na presença de um
pastor por
metáfora que procura estabelecer com a natureza uma relação de comunhão, de
harmonia, de simbio
O sujeito poético inicia o poema com a afirmação de que nunca guardou
rebanhos, isto é, de
que não é um pastor na realidade, mas comporta-se como se o fosse («Mas é
como se os
guardasse» - v. 2), ou seja, há uma parte de si que se comporta como um pastor
- a alma -, uma
alma de pastor (comparação do verso 3).
Estes dados permitem-nos, desde já, concluir que estamos na presença de um
pastor por
metáfora que procura estabelecer com a natureza uma relação de comunhão, de
harmonia, de simbio
O sujeito poético inicia o poema com a afirmação de que nunca guardou
rebanhos, isto é, de

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que não é um pastor na realidade, mas comporta-se como se o fosse («Mas é
como se os
guardasse» - v. 2), ou seja, há uma parte de si que se comporta como um pastor
- a alma -, uma
alma de pastor (comparação do verso 3).
Estes dados permitem-nos, desde já, concluir que estamos na presença de um
pastor por
metáfora que procura estabelecer com a natureza uma relação de comunhão, de
harmonia, de simbiose
. O poeta começa por referir que nunca guardou rebanhos, ou seja, não é pastor
na realidade, mas sim pastor por metáfora, pois comporta-se como se o
fosse: tal como um guardador de rebanhos, vive em contacto com a
natureza, em deambulação (v. 5), o que lhe permite usufruir ao máximo as
sensações (v. 6) e conhecer a realidade do meio que o rodeia (v. 4) não
pelo pensamento, mas justamente pelos sentidos - sensacionismo.

A natureza é percecionada na sua íntegra e encontra-se em plena harmonia e


comunhão com ele (“Toda a paz da Natureza sem gente/ Vem sentar-se a meu
lado.” – vv.7 e 8).

A chegada da noite é interpretada negativamente, pois traz ao sujeito poético a


tristeza, e ele deixa de poder ver e de assimilar o que o rodeia (vv. 9-10).

LINGUAGEM E ESTILO:

. comparação (vv. 3 e 9);

. polissíndeto (vv. 5 e 12);

. personificação (v. 5)

. ao longo de todo o poema surgem frequentemente palavras de dois campos


lexicais dominantes na poesia de Caeiro: o dos sentidos (“olhar”- v.6;
“esfria”- v.11; “ruído”- v.19); “sinto” – v. 36) e o da natureza (“vento”, “sol”-
v.4); “borboleta”- v.13; “Natureza” – v. 7; “flores” – v. 18; “cordeirinho” – v. 32;
“árvore antiga” – v. 61).

[…]

3.ª estrofe (vv. 19-25):

2
O exercício da razão transfigura o que é real e verdadeiro,
impossibilitando o sujeito de alcançar a felicidade (“Os meus pensamentos são
contentes/ Só tenho pena de saber que eles são contentes,” (vv.21 e 22).

[…]

Última estrofe (vv. 49-65):

Na última estrofe do poema, o poeta saúda os leitores de forma espontânea e


humilde, transmitindo-lhes um gesto de simplicidade (“Saúdo todos os que
me lerem/ Tirando-lhes o chapéu largo” – vv. 49 e 50), algo que só pode ser
adquirido através da vivência das sensações. Deste modo, convida-os a
aderir à sua doutrina, a usufruir, enquanto leem os seus versos, das
impressões sensitivas e a deixar de lado a razão (“Saúdo-os e desejo-lhes
sol/ E chuva, quando a chuva é precisa,” – vv. 53 e 54).

Como é característico da escrita de Alberto Caeiro, verifica-se, ao nível da


linguagem e do estilo, a utilização de um léxico simples e espontâneo
integrado em estruturas frásicas e sintáticas também sem grande complexidade.
Relativamente ainda à análise formal do poema, pode-se afirmar que há uma
certa irregularidade quanto à estrutura estrófica, sendo a métrica
também variável. Desta forma, o poema apresenta-se num tom meramente
discursivo e de ritmo moderado em que se faz perpetuar a descrição do ato de
sentir.

SÍNTESE:

Este poema destaca-se pela ênfase que o sujeito poético confere ao primado
das sensações (sensacionismo), única forma de aceder à verdade, e ao
seu desejo de supressão do uso da razão, elemento que limita a fruição dos
sentidos na sua plenitude e impede a relação de harmonia e tranquilidade
estabelecida entre o sujeito poético e a natureza. Assim, com um discurso
essencialmente descritivo, simples e espontâneo, o sujeito poético
descreve, quase sempre em deambulação, o que apreende do meio que o

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rodeia, como se perceciona a si mesmo, defendendo, ao longo do poema, a
doutrina que dirige e assenta na valorização dos sentidos.

Caeiro assume-se como o poeta natural, a quem acontece “fazer versos” ou para
quem “ser poeta é como ter sede”, ou seja, alguém para quem ser poeta não está
ligado ao pensamento, ao desejo de perfeição, mas sim à livre expressão da sua
apreensão da realidade e do conhecimento, que lhe chega por via dos sentidos
(sensacionismo).

Ao contrário de si, existem os

Poetas místicos, que são aqueles que querem quebrar a cabeça sobre o
sentido e a definição das coisas, ou seja, os que pensam; Caeiro fita apenas
concreto e o único. Para ele, as ideias e os pensamentos são falsidades,
porque, por detrás
deles, encontra-se o abstrato e não a vida. Os sentidos são a única via de
aceder ao conhecimento, porque não há nada mais para além daquilo que se
consegue alcançar com o olhar.

ATIVIDADE da pág. 69 do manual:

EDUCAÇÃO LITERÁRIA - CENÁRIOS DE RESPOSTA

1. O sujeito poético ama a Natureza em estado puro, sem pessoas


(v. 7); ela dá-lhe “paz” (v. 7). Este relacionamento altera-se ao
anoitecer, quando deixa de poder ver a Natureza (vv. 11-15);
nesse momento, o sujeito entristece.

2. O “eu” lírico porta-se como um pastor no sentido em que


deambula constantemente, olhando sempre (vv. 3-6): “Minha
alma é como um pastor. / Conhece o vento e o sol / E anda pela
mão das estações / A seguir e a olhar”.

3.
b) visuais.

4
c) táteis.
d) auditivas.
e) auditivas.
f) visuais e auditivas.

4. Em consonância com a felicidade que lhe advém do simples ato


de olhar a Natureza, o sujeito poético confessa, nestas estrofes,
que o conhecimento lhe chega através das sensações, neste
caso, auditivas (vv. 19-20). No sentido de reforçar a
importância do conhecimento baseado nas sensações – e não
no pensamento – ele vai ao ponto de dizer que lamenta saber ou
ter consciência de que os seus “pensamentos”, que personifica,
“são contentes” (vv. 21-22), pois soube-o através do
pensamento. Desta realidade decorre a afirmação construída
com base na comparação presente em “Pensar incomoda como
andar à chuva / Quando o vento cresce e parece que chove
mais” (vv. 26-27).

5. Na última estrofe, o sujeito saúda os seus leitores, através da


perífrase “todos os que me lerem”, desejando-lhes a felicidade
simples, proveniente da leitura dos seus versos e que essa
leitura os possa reconduzir à felicidade absoluta da infância.
Trata-se de uma relação de identidade entre o poeta e os seus
leitores, convidados a participar da naturalidade e simplicidade
do autor dos versos que leem.

GRAMÁTICA - CORREÇÃO

1. Resposta pessoal.
2. Relação de simultaneidade (valor temporal).
3. Dêixis pessoal: “Eu” (v. 1); “Minha” (v. 3)

5
Dêixis temporal: “guardei” (v. 1): pretérito perfeito, marca de
passado; “fico” (v. 9): presente do indicativo, marca de
presente.

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