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Resumos de português- teste dia 4 de fevereiro- Frederico Pascoal nº5 12ºC

Alberto Caeiro- poeta bucólico

Poesia de Alberto Caeiro

“Poeta da Natureza”

A comunhão com a natureza

 A integração na natureza
 A identificação com os elementos naturais
 O paganismo (presença da divindade no mundo natural)
 A poesia deambulatória

O primado das sensações

 A sobrevalorização e a primazia das sensações no conhecimento do mundo


 A importância atribuída à visão (a “ciência de ver”)
 A recusa do pensamento (“pensar incomoda como andar à chuva”,” pensar é estar
doente dos olhos”)
 A defesa do objetivismo
 A negação de atitudes de análise e interpretação
 A atitude anti metafísica (de rejeição do que ultrapassa a apreensão imediata do real)

A teoria e prática poéticas

 A defesa da naturalidade
 A aparente simplicidade
 A poesia pensada e trabalhada

Linguagem e estilo

 Linguagem simples e objetiva


 Vocabulário e imagens do campo lexical da natureza
 Prosaísmo da linguagem
 Versos longos
 Irregularidade estrófica e métrica
 Ausência de rima (versos brancos)
 Tom coloquial
 Naturalidade sintática (predomínio da coordenação)
 Simplicidade estilística (comparação , metáforas, anáforas e paralelismos)
 Recurso habitual ao presente do indicativo
 Pontuação expressiva
Fingimento artístico de Caeiro

 Ser parte da harmonia universal da natureza


 Abolir o pensamento
 Viver tranquila e alegremente no seio da mãe Terra

Reflexão existencial: o primado das sensações


Alberto Caeiro define-se pela totalidade das sensações, mas sobretudo pela visão, que lhe
permite captar a essência da realidade, tal como o olhar ingénuo da criança. Tal como a
Natureza, não pensa, não crê em nada, apenas existe. É assim o criador do Sensacionismo, não
procurando conhecer o que está para lá do que vê e sente.
Os seus poemas expressam a aceitação natural da realidade, sem recordar o passado ou
pensar no futuro. O seu objetivismo permite-lhe recusar um envolvimento emocional e, por
isso, “os seus poemas” são “o que houve nele de vida”.
Exprime, através de uma linguagem simples e concreta, sensações aparentemente
espontâneas, mas que, na verdade, são produto de uma reflexão. Caeiro finge ser o mais
sensacionista dos heterónimos, mas é cerebral e a sua poesia é pensada e trabalhada.
Exemplo: “Eu nunca guardei rebanhos”

Criação artística

Negar a intelectualização Libertar-se da excessiva introspeção, da dor de pensar


De emoções

O fingimento artístico: o poeta bucólico

 Deambulação e contemplação da Natureza


 Integração, comunhão e harmonia com os elementos naturais e afastamento social
 Caeiro vive em plena sintonia com os elementos da natureza, sendo para ele essencial
a ausência de pessoas para a criação o ambiente de paz

No poema «O Guardador de Rebanhos», Caeiro apresenta-se como «um pastor», usando essa
máscara poética pela semelhança existente entre ambos: um e outro deambulam; um e outro
vivem em comunhão com a Natureza; um e outro observam o ambiente que os rodeia.

O poeta das sensações


 Sensacionismo: a sensação sobrepõe-se ao pensamento
 Observação objetiva da realidade
 Rejeição do pensamento abstrato e da intelectualização
 “filosofia” da antifilosofia

As perceções sensoriais assumem um papel crucial, pois a realidade é percecionada pelo


sujeito poético através dos cinco sentidos, tomando, dessa forma, conhecimento do mundo
que o rodeia.

Poemas Alberto Caeiro analisados


Oposição entre a “aldeia” e a “cidade”
O poema organiza-se em torno da caracterização contrastiva da “minha aldeia” e das
“cidades” ou da “cidade”, caracterização essa que se desenvolve, porém, em termos
inesperados.
A “minha aldeia” é apresentada como um lugar de eleição, na medida em que permite ao
sujeito o grau máximo de visibilidade do “quanto da terra se pode ver do universo (v.1); por
esse motivo, ela supera o estatuto de menor povoação que por definição é seu, tornando-se
“tão grande como outra terra qualquer”(v.2).
Por outro lado, a cidade revela ser limitativa, visto que, as “as grandes casas” afastam o olhar,
ocultam-lhe o céu e afastam-no da natureza (“Na cidade as grandes casas fecham a vista à
chave,/escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,”-vv. 7 e 8),
ou por outras palavras, desapossam-nos da “nossa única riqueza” que “é ver” (V.10).
Em conclusão a cidade tem um efeito de fechamento e afasta “a vista”(V.7) do “horizonte” e
do “céu” (V.8), enquanto que por outro lado a aldeia propicia uma abertura para o infinito
(“universo”-V.1). Consequentemente a cidade aparece correlacionada com a ideia expressa
nos versos 9 e 10 (“tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem
dar,/E tornam-nos pobres porque a nossa riqueza é ver.”), por oposição à aldeia que
consubstancia o enunciado no verso 2(“Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra
qualquer”) e, de forma implícita, a riqueza (V.10), invertendo, deste modo, as noções
tradicionais de aldeia e de cidade.

Importância do ato de ver


O desenvolvimento da oposição entre aldeia e cidade faz emergir, como ideia nuclear do
poema, a importância do ato de ver, manifestada, desde logo, pela utilização de formas do
verbo ver e de vocábulos com ele semanticamente relacionados ("vista", "olhar", "olhos" - vv.
7, 8 e 9). Para o sujeito poético, a visão é um modo de conhecimento privilegiado, pois permite
percecionar a imensidão do mundo, superando a dimensão física limitada do "eu" (vv. 3-4).
Com efeito, é o olhar que determina a configuração do mundo e do próprio ser, na medida em
que existe uma relação entre a extensão do campo de visão e a do espaço em que o "eu" se
situa ("Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo... / Por isso a minha
aldeia é tão grande como outra terra qualquer," - vv. 1-2); o que o sujeito vê e a perceção que
tem de si ("eu sou do tamanho do que vejo/ E não do tamanho da minha altura..." - vv. 3-4); e
a possibilidade de visão e o valor da existência humana ("as grandes casas fecham a vista à
chave", "Tornam-nos pequenos", "tornam-nos pobres", "a nossa única riqueza é ver" - vv. 7, 9
e 10).
Recursos estílicos relevantes
São relevantes, entre outros, os seguintes aspetos estilísticos: a presença de construções
causais, com destaque para a reiteração ou repetição da conjunção "porque", evidenciando a
intenção explicativa do discurso por parte do eu da enunciação ("Por isso", "Porque eu sou",
"porque nos tiram", "porque a nossa única riqueza" - vv. 2, 3, 9 e 10); a utilização da estrutura
paralelística (paralelismo anafórico), amplificando a noção de perda ("Tornam-nos pequenos
porque [...] / E tornam-nos pobres porque [...]" - vv. 9-10); o recurso ao grau comparativo dos
adjetivos (comparação), com o intuito de caraterizar a "aldeia" por referência a outros
espaços, realçando-se, por um lado, o nível idêntico de grandeza existente entre a "aldeia" e
"outra terra qualquer" (v. 2) e, por outro lado, apoucando a vida na cidade para valorizar a vida
na aldeia ("Nas cidades a vida é mais pequena / Que aqui na minha casa" — vv. 5-6); e a
conjugação da metáfora ("fecham a vista à chave", "empurram o nosso olhar" — vv. 7-8) com a
personificação de "casas" ("fecham", "Escondem", "empurram", "tiram"), para sublinhar a
atrofia do ver, provocada pelo ambiente citadino.

Homenagem de Alberto Caeiro a Cesário Verde

Neste poema Alberto Caeiro faz uma homenagem a Cesário verde, dizendo-nos que lê o seu
livro até lhe “arderem os olhos”, ou seja, até não poder mais.
Na 2ª estrofe, o poeta evidencia um sentimento: “que pena que tenho dele!”, ambos os
poetas são apaixonados pelo campo, porém, enquanto Alberto Caeiro vive no campo, Cesário
Verde encontra-se na cidade, sendo por isso “um camponês que andava preso em liberdade
pela cidade.”
É possível encontrar aqui um paradoxo que contrasta a liberdade e a falta dela, existe uma
síntese dos dois polos encontrados na poesia de Cesário: o campo e a cidade, mas enquanto a
cidade o aprisiona, o campo simboliza para ele a liberdade.
Alberto Caeiro diz-nos que tem pena de Cesário Verde, pelo facto de ele estar “preso”, de ser
“um camponês na cidade” e de ser um homem triste, que “andava na cidade como quem anda
no campo”, a olhar para os elementos citadinos como quem olha para elementos campestres…

Conceções poéticas (Cesário Verde VS. Alberto Caeiro)

Tal como Cesário Verde, Alberto Caeiro vive de impressões, sobretudo visuais, contudo a
aceitação do mundo como ele é, por parte de Caeiro contrapõe-se ao posicionamento de
Cesário que “andava na cidade como quem anda no campo”.
Caeiro é o poeta do real objetivo, com o espírito concentrado numa atividade suprema: o
olhar.
Olhar é o substituto da atividade cognitiva que Cesário não conseguiu abolir, e por isso, anda
“triste” na cidade.
A poética de Caeiro opõe ao conhecimento intelectual os sentidos, as sensações, Alberto
Caeiro é o poeta da natureza e das sensações, sendo o seu sentido primordial a visão.
Esta característica da Poesia de Caeiro é expressa por vocábulos como “olhava”; ”reparava”;
”olha”; ”olhos”; ”reparar”.

Recursos de estilo
Comparação: ”E triste como esmagar flores em livros”
Enumeração: “Mas o modo como olhava para as casas,/E o modo como reparava na rua,/ E a
maneira como dava pelas coisas”
Oxímoro:” Que andava preso em liberdade pela cidade”

Neste poema, cujo tema é a reflexão sobre o processo de criação poética e a sua relação com a
Natureza, Caeiro reflete sobre poesia, contrapondo duas conceções
Os poetas que designa, ironicamente, por artistas, que a veem como um trabalho, uma
construção, que constroem os seus poemas verso a verso, que valorizam o lado artificial ou
mecânico do ato de criação: “trabalham nos seus versos / Como um carpinteiro nas tábuas”
(comparação); “pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro / E ver se está bem, e
tirar se não está!” (comparação e exclamação). Estas comparações com um carpinteiro e com
os pedreiros servem para destacar o trabalho formal, minucioso e exigente, dos poetas que se
dedicam a essa poesia elaborada e produzida como outras construções humanas. Dito de
outra forma, expressam a preocupação desses poetas com a seleção das palavras, da
combinação de rimas / sonoridades, de arranjos estilísticos, de ritmos poéticos, de
dimensionamento dos versos, etc., ou seja, uma noção de poesia que exige trabalho de
dimensionamento, equilíbrio, polimento e construção dos versos, pensando muito a
experiência. No fundo, Caeiro está a criticar todos aqueles que não conseguem ser
espontâneos (verso 4) no ato de criação poética, facto que o leva a manifestar estranheza e a
sentir pena deles, antes a encaram como um trabalho árduo de intelectualização.

Cesário Verde
Cesário verde foi um poeta bucólico que privilegiava a ruralidade á cidade por acreditar que aí
se encontravam todas as perversões que o campo não tinha, acreditava também que a cidade
lhe retirava liberdade enquanto o campo lhe conferia liberdade por ser real, autêntico e
concreto.

Representação da cidade para Cesário Verde


 Espaço confinado e destrutivo marcado pela ausência ou perversão do amor.
 Espaço oposto ao campo (vitalidade, energia, ânimo, expressão idílica do amor).
 Representação minuciosa e realista, segundo a perceção sensorial e a reflexão/análise
do sujeito poético
 Captação de exteriores e interiores e de pequenos episódios do quotidiano,
decorrente da deambulação do sujeito poético pela cidade e da observação acidental.

Tipos sociais
 O povo/classes trabalhadoras eram alvo de simpatia e solidariedade por parte do
sujeito poético pois representavam a produtividade, vitalidade, autenticidade. Ex:
vendedora de legumes, calafates, obreiras, varinas…
 A burguesia era alvo de critica e ironia por parte do sujeito poético pois
representavam a inércia e a artificialidade. Ex: criado do bairro, burguês, dentistas,
arlequins, lojistas…
 Os marginais que vivem na cidade eram alvo de critica por parte do sujeito poético
pois representavam a degradação social e moral. Ex: ladrões, bêbedos, jogadores,
prostitutas…

O sentimento de um ocidental

Momentos em que está dividido o poema


I. Ave-Marias Seis da tarde
II. Noite fechada Escuridão
III. Ao gás iluminação a gás
IV. Horas mortas Noite profunda

I. Ave-Marias
 Espaço “Nas nossas ruas” (lisboa)
 Altura do dia “ao anoitecer” (seis da tarde)
 Sentimentos melancolia, soturnidade e náusea (provocam o “desejo
absurdo de sofrer”) desejo associado ao espaço e às sensações que o eu
lírico regista
Dicotomia espacial e temporal:
As “nossas ruas”- presente angustiante e melancólico felicidade dos que partem
O “mundo”- Passado grandioso e heroico recordação passado grandioso e heroico

II. Noite fechada


Na segunda parte deste poema a escuridão adensa-se, nas estrofes 1 e 2 ocorre a descrição da
prisão (sentido literal), ocorre a passagem para um sentido metafórico: a realidade aprisiona o
eu lírico que continua a evocação, aventurando-se pela história e emociona-se: “chora-me o
coração que se enche e que se abisma.”
Camões aparece como símbolo da epopeia que só é possível como memória (irrepetível)

No poema existe uma visão pessoal em conjunto com uma descrição critica:
 Soldados sombrios e espectrais
 Oposição entre o palácio e o casebre
 Contraste entre as elegantes que se curvam nas montras e as que vivem do trabalho

Descrição da “triste cidade!”

III. Ao gás
Na terceira parte acentua-se a ideia de aprisionamento/clausura “cercam-me as lojas, tépidas”
A cidade está iluminada pela luz artificial dos candeeiros a gás, é descrita como um espaço
impuro espaço da doença, da prostituição e espaço em que o espírito consumista
começa a imperar.
A honestidade do trabalho na cidade era representada no poema através do “cheiro salutar e
honesto do pão”.
Através da análise e da critica à sociedade retrata espaços associados ao consumismo e à
burguesia: “casas de confeções e modas”; “luxo […]/ que ao longo dos balcões de mogno se
amontoa”.
Reencontra o velho professor de latim: “pede-me sempre esmola um homenzinho idoso, meu
velho professor nas aulas de latim!” simboliza no seio de uma sociedade onde o luxo
se amontoa, o desprezo pela cultura e pelo saber.

IV. Horas mortas


Na quarta parte do poema o sujeito poético encontra-se a deambular na noite profunda, com
a luz baça das estrelas: “vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras” (metáfora e
personificação).
Ocorre também um registo de sensações visuais e auditivas:
 “lágrimas de luz”
 “Um parafuso cai nas lajes”
Desejo de evasão:
 “Enleva-me a quimera azul de transmigrar”

Alusão a um ambiente pastoril:


«As notas pastoris de uma longínqua flauta»
Desejo de perfeição e imortalidade:
«Se eu não morresse nunca [...]»
Nova evocação do passado português
(«frotas dos avós»), aliada ao desejo
de restaurar a grandeza no «porvir»
explorando «todos os continentes»

Recursos expressivos

Metáfora
«Que grande cobra»
«cardume negro»

Hipálage
«Um cheio salutar e honesto a pão»
«E os olhos duma caleche espantam-me, sangrentos»

Adjetivação
«hercúleas, galhofeiras»

Sinestesia
«Reluz, viscoso, o rio»

Comparação
«Como morcegos»

Utilização de verbos e advérbios que traduzem os efeitos opressivos do ambiente:


• «A noite pesa, esmaga» (verbos);
• «Cercam-me as lojas» (verbo);
• «Amareladamente, os cães» (advérbio).

Dimensão impressionista:
• Centralidade das sensações visuais, auditivas e olfativas
(«a maresia»: «tinir de louças»; «reluz, viscoso, o rio»; «cheiro [...] a pão»).

Poesia de Ricardo Reis

Definição de estoicismo

 Indiferença perante as emoções


 Aceitação do poder do destino (Apatia)
 Atitude de abdicação

Definição de Carpe diem horaciano

 Satisfação de aproveitar o dia e os prazeres do momento presente

Definição de epicurismo

 Procura da felicidade relativa


 Busca do estado de ataraxia (tranquilidade sem perturbação)
 Moderação nos prazeres
 Fuga às sensações extremas (e, por extensão, à dor)
 Indiferença face à morte
A consciência e encenação da mortalidade

 Consciência da efemeridade da vida


 Indiferença face à morte
 Reflexão sobre o fluir inelutável do tempo

Linguagem e estilo

 Relação forma/conteúdo
 Estilo trabalhado e rigoroso
 Regularidade estrófica e métrica- ode (predomínio dos versos hexassilábicos e
decassilábicos)
 Linguagem culta e alatinada (arcaísmos e vocabulário erudito)
 Complexidade sintática (anástrofes)
 Tom moralista (vocativos, modos imperativos e conjuntivo, frases declarativas)
 Tom coloquial

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