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“Poeta da Natureza”
A integração na natureza
A identificação com os elementos naturais
O paganismo (presença da divindade no mundo natural)
A poesia deambulatória
A defesa da naturalidade
A aparente simplicidade
A poesia pensada e trabalhada
Linguagem e estilo
Criação artística
No poema «O Guardador de Rebanhos», Caeiro apresenta-se como «um pastor», usando essa
máscara poética pela semelhança existente entre ambos: um e outro deambulam; um e outro
vivem em comunhão com a Natureza; um e outro observam o ambiente que os rodeia.
Neste poema Alberto Caeiro faz uma homenagem a Cesário verde, dizendo-nos que lê o seu
livro até lhe “arderem os olhos”, ou seja, até não poder mais.
Na 2ª estrofe, o poeta evidencia um sentimento: “que pena que tenho dele!”, ambos os
poetas são apaixonados pelo campo, porém, enquanto Alberto Caeiro vive no campo, Cesário
Verde encontra-se na cidade, sendo por isso “um camponês que andava preso em liberdade
pela cidade.”
É possível encontrar aqui um paradoxo que contrasta a liberdade e a falta dela, existe uma
síntese dos dois polos encontrados na poesia de Cesário: o campo e a cidade, mas enquanto a
cidade o aprisiona, o campo simboliza para ele a liberdade.
Alberto Caeiro diz-nos que tem pena de Cesário Verde, pelo facto de ele estar “preso”, de ser
“um camponês na cidade” e de ser um homem triste, que “andava na cidade como quem anda
no campo”, a olhar para os elementos citadinos como quem olha para elementos campestres…
Tal como Cesário Verde, Alberto Caeiro vive de impressões, sobretudo visuais, contudo a
aceitação do mundo como ele é, por parte de Caeiro contrapõe-se ao posicionamento de
Cesário que “andava na cidade como quem anda no campo”.
Caeiro é o poeta do real objetivo, com o espírito concentrado numa atividade suprema: o
olhar.
Olhar é o substituto da atividade cognitiva que Cesário não conseguiu abolir, e por isso, anda
“triste” na cidade.
A poética de Caeiro opõe ao conhecimento intelectual os sentidos, as sensações, Alberto
Caeiro é o poeta da natureza e das sensações, sendo o seu sentido primordial a visão.
Esta característica da Poesia de Caeiro é expressa por vocábulos como “olhava”; ”reparava”;
”olha”; ”olhos”; ”reparar”.
Recursos de estilo
Comparação: ”E triste como esmagar flores em livros”
Enumeração: “Mas o modo como olhava para as casas,/E o modo como reparava na rua,/ E a
maneira como dava pelas coisas”
Oxímoro:” Que andava preso em liberdade pela cidade”
Neste poema, cujo tema é a reflexão sobre o processo de criação poética e a sua relação com a
Natureza, Caeiro reflete sobre poesia, contrapondo duas conceções
Os poetas que designa, ironicamente, por artistas, que a veem como um trabalho, uma
construção, que constroem os seus poemas verso a verso, que valorizam o lado artificial ou
mecânico do ato de criação: “trabalham nos seus versos / Como um carpinteiro nas tábuas”
(comparação); “pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro / E ver se está bem, e
tirar se não está!” (comparação e exclamação). Estas comparações com um carpinteiro e com
os pedreiros servem para destacar o trabalho formal, minucioso e exigente, dos poetas que se
dedicam a essa poesia elaborada e produzida como outras construções humanas. Dito de
outra forma, expressam a preocupação desses poetas com a seleção das palavras, da
combinação de rimas / sonoridades, de arranjos estilísticos, de ritmos poéticos, de
dimensionamento dos versos, etc., ou seja, uma noção de poesia que exige trabalho de
dimensionamento, equilíbrio, polimento e construção dos versos, pensando muito a
experiência. No fundo, Caeiro está a criticar todos aqueles que não conseguem ser
espontâneos (verso 4) no ato de criação poética, facto que o leva a manifestar estranheza e a
sentir pena deles, antes a encaram como um trabalho árduo de intelectualização.
Cesário Verde
Cesário verde foi um poeta bucólico que privilegiava a ruralidade á cidade por acreditar que aí
se encontravam todas as perversões que o campo não tinha, acreditava também que a cidade
lhe retirava liberdade enquanto o campo lhe conferia liberdade por ser real, autêntico e
concreto.
Tipos sociais
O povo/classes trabalhadoras eram alvo de simpatia e solidariedade por parte do
sujeito poético pois representavam a produtividade, vitalidade, autenticidade. Ex:
vendedora de legumes, calafates, obreiras, varinas…
A burguesia era alvo de critica e ironia por parte do sujeito poético pois
representavam a inércia e a artificialidade. Ex: criado do bairro, burguês, dentistas,
arlequins, lojistas…
Os marginais que vivem na cidade eram alvo de critica por parte do sujeito poético
pois representavam a degradação social e moral. Ex: ladrões, bêbedos, jogadores,
prostitutas…
O sentimento de um ocidental
I. Ave-Marias
Espaço “Nas nossas ruas” (lisboa)
Altura do dia “ao anoitecer” (seis da tarde)
Sentimentos melancolia, soturnidade e náusea (provocam o “desejo
absurdo de sofrer”) desejo associado ao espaço e às sensações que o eu
lírico regista
Dicotomia espacial e temporal:
As “nossas ruas”- presente angustiante e melancólico felicidade dos que partem
O “mundo”- Passado grandioso e heroico recordação passado grandioso e heroico
No poema existe uma visão pessoal em conjunto com uma descrição critica:
Soldados sombrios e espectrais
Oposição entre o palácio e o casebre
Contraste entre as elegantes que se curvam nas montras e as que vivem do trabalho
III. Ao gás
Na terceira parte acentua-se a ideia de aprisionamento/clausura “cercam-me as lojas, tépidas”
A cidade está iluminada pela luz artificial dos candeeiros a gás, é descrita como um espaço
impuro espaço da doença, da prostituição e espaço em que o espírito consumista
começa a imperar.
A honestidade do trabalho na cidade era representada no poema através do “cheiro salutar e
honesto do pão”.
Através da análise e da critica à sociedade retrata espaços associados ao consumismo e à
burguesia: “casas de confeções e modas”; “luxo […]/ que ao longo dos balcões de mogno se
amontoa”.
Reencontra o velho professor de latim: “pede-me sempre esmola um homenzinho idoso, meu
velho professor nas aulas de latim!” simboliza no seio de uma sociedade onde o luxo
se amontoa, o desprezo pela cultura e pelo saber.
Recursos expressivos
Metáfora
«Que grande cobra»
«cardume negro»
Hipálage
«Um cheio salutar e honesto a pão»
«E os olhos duma caleche espantam-me, sangrentos»
Adjetivação
«hercúleas, galhofeiras»
Sinestesia
«Reluz, viscoso, o rio»
Comparação
«Como morcegos»
Dimensão impressionista:
• Centralidade das sensações visuais, auditivas e olfativas
(«a maresia»: «tinir de louças»; «reluz, viscoso, o rio»; «cheiro [...] a pão»).
Definição de estoicismo
Definição de epicurismo
Linguagem e estilo
Relação forma/conteúdo
Estilo trabalhado e rigoroso
Regularidade estrófica e métrica- ode (predomínio dos versos hexassilábicos e
decassilábicos)
Linguagem culta e alatinada (arcaísmos e vocabulário erudito)
Complexidade sintática (anástrofes)
Tom moralista (vocativos, modos imperativos e conjuntivo, frases declarativas)
Tom coloquial