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Revolução Inglesa

Do absolutismo à monarquia parlamentar


Durante o século XVII, a Inglaterra foi palco de mu- Os conflitos terminaram quando o rei Guilherme III
danças políticas que levaram ao fim do absolutismo mo- assumiu o trono britânico e teve de assinar a Declara-
nárquico. Essas mudanças fazem parte do longo processo ção de Direitos (Bill of Rights), em 1689. Esse episódio
chamado de Revolução Inglesa (1642-1689). é conhecido como Revolução Gloriosa. A Declaração
O absolutismo inglês teve início com o rei Hen- de Direitos limitava os poderes monárquicos. A partir
rique VII (1457-1509), fundador da dinastia dos Tu- de então, o rei não poderia, por exemplo, suspender lei
dor. Os sucessores deste rei consolidaram os poderes alguma nem aumentar tributos sem a aprovação dos
da monarquia. parlamentares. Estabelecia-se, assim, a superioridade
da lei sobre a vontade do rei. Esse passo decisivo signi-
O auge do absolutismo inglês ocorreu no reinado
ficou o fim do absolutismo na Inglaterra. A monarquia
de Elizabeth I (1533-1603). Nesse período, teve início
tradicional continuou a existir, mas com poderes limita-
a expansão colonial inglesa e a colonização da Amé-
dos pelo respeito às leis.
rica do Norte. Foi uma época de crescimento econô-
mico do país.
Depois do reinado de Elizabeth I, já na dinastia
Reino Unido atualmente

sidnei moUra

dos Stuart, vários setores da sociedade inglesa (gru-
pos de comerciantes, donos de manufaturas e parte
dos proprietários rurais) se uniram em torno do Parla-
mento tendo por objetivo controlar ou frear os avan-
ços do absolutismo monárquico. Seguiram-se longos
conflitos entre os aliados do rei e as forças do Parla-
mento. De um lado, o rei lutava pelo reconhecimento
OCEANO MAR DO
de seu poder absoluto. De outro lado, o Parlamento ATLÂNTICO ESCÓCIA
NORTE
lutava pela limitação jurídica do poder real.
Edimburgo
nichoLas hiLLard. rainha eLizaBeTh i. 1574. mUseUs nacionais de LiverpooL, ingLaTerra.

Glasgow
IRLANDA
DO NORTE

Belfast

Dublin Liverpool
Manchester
IRLANDA

PAÍS DE
GALES INGLATERRA

Cardiff

Bristol Londres
0 116 km
50º N

Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. 3. ed.


São Paulo: Saraiva, 2009. p. 116.
O Reino Unido tem suas raízes em meados do século XVII,
durante o processo da Revolução Inglesa. Essa união política
formou-se com Inglaterra, Escócia e País de Gales. Posteriormente,
a Irlanda do Norte passou a integrar o Reino Unido.

Rainha Elizabeth I. Painel a óleo de Nicholas Hilliard


(cerca de 1574). Filha de Henrique VIII, ela consolidou o
absolutismo e o anglicanismo na Inglaterra. A obra está
hoje na galeria de arte Walker, em Liverpool, Inglaterra.

CAPÍTULO 9 Inglaterra e Revolução Industrial 111


Desdobramentos na vida social
Após a Revolução Gloriosa, instalou-se a monarquia parlamentar no Reino
Unido, que vigora até a atualidade. Para caracterizar a nova condição do monarca
inglês, tornou-se costume dizer, jocosamente, que “o rei reina, mas não governa”.
De modo geral, o governo é exercido por um primeiro-ministro, normalmente
o líder do partido que possui o maior número de parlamentares na Câmara dos
Comuns. Porém, o monarca inglês continua exercendo funções importantes, como:
• a chefia do Estado, representando-o perante outros países;
• a chefia das Forças Armadas;
• a chefia da Igreja Anglicana, que congrega cerca de 43% da população do Reino
Unido.
A Revolução Gloriosa foi acompanhada de transformações na vida econômica.
O sistema feudal foi extinto no Reino Unido, abrindo espaço para a moderniza-
ção da propriedade agrária, das relações de trabalho no campo e das técnicas de
produção.
A burguesia das cidades e a nobreza rural melhoraram sua convivência políti-
ca e econômica. O país tornou-se a maior potência comercial da época e lançou
as bases para o desenvolvimento do capitalismo industrial.
Além disso, historiadores costumam destacar outras consequências da Revo-
lução Gloriosa, como:
• Tolerância religiosa – os ingleses passaram a desfrutar mais liberdade religiosa
que outros europeus. O anglicanismo predominava no país, mas era permiti-
do aos católicos e protestantes celebrar publicamente seus cultos religiosos. Na
mesma época, em boa parte dos reinos e principados europeus, era permitida
a prática de uma única religião, de acordo com o princípio expresso pelo bispo
Bossuet: “Um rei, uma fé, uma lei”.
• Liberdade de expressão política e filosófica – a monarquia parlamentar
proporcionou maior liberdade de expressão política e filosófica, fazendo
com que o regime inglês fosse admirado, no século XVIII, por intelectuais
liberais de várias regiões da Europa, a exemplo do filósofo francês Voltaire.
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Rainha Elisabeth II em cerimônia na Câmara dos Lordes. Seu reinado foi iniciado em 1952 e dura até
hoje. É o mais longo da história do Reino Unido, que permanece na atualidade como monarquia
parlamentar. Fotografia de 2015.

112 UNIDADE 2 Súdito e cidadão

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