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Artigo de opinião
2021
A PRESENÇA DAS FORÇAS ARMADAS NO TEXTO DAS
CONSTITUIÇÕES HISTÓRICAS DO BRASIL
DESENVOLVIMENTO
No que toca a presença das Forças Armadas nas constituições brasileiras, convém
retroceder aos primórdios do Império. A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil
permite a criação da Estrutura de Governo considerada mínima para época, entre outros
1
BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. História Constitucional do Brasil, 3. ed., Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1991. p.5
2
CASTRO, Celso; IZECKSOHN Vitor; KRAAY, Hendrik. Da história militar à nova história
militar (Introdução). In: CASTRO, Celso; IZECKSOHN Vitor; KRAAY, Hendrik. (Org). Nova história
militar brasileira. Rio de Janeiro: FGV, 2004. p. 13
3
Ibidem. p. 17
órgãos e instituições, permitiu a criação da Academia Real Militar (1808)4. E, A partir da
Independência do Brasil, proclamada em 1822, desenvolveu-se a estrutura política do país
a fim de estabelecer a unidade nacional necessária do poder de Dom Pedro I.5
4
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de Direito Constitucional. 8. Ed, São Paulo: Saraiva,
2013. p. 115
5
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional – 13 ed. Ver. Ampl. e atual. –
Salvador: Juspodivm, 2019, p. 456
6
Brasil, Constituições brasileiras: — Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 2005. p. 5
7
BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de; Op. Cit. p.21
8
Idem.
9
Ibidem, p. 189
10
BRASIL, Constituição Política do Império (1824), Art 145. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil _03 /constituicao/constituicao24.htm Acesso em 14 de abril de 2021.
obrigação é imposta a todos os cidadãos, caracterizando a participação da Força Militar na
estrutura do Estado Imperial brasileiro.
IX. Ainda com culpa formada, ninguem será conduzido á prisão, ou nella
conservado estando já preso, se prestar fiança idonea, nos casos, que a
Lei a admitte: e em geral nos crimes, que não tiverem maior pena, do que
a de seis mezes de prisão, ou desterro para fóra da Comarca, poderá o
Réo livrar-se solto. [...]
11
BRASIL, Constituição Política do Império (1824), Op. Cit. Art 148.
12
Ibidem, Art 150.
13
Ibidem, Art 149, inciso IX e Parágrafo único.
14
BRASIL, Constituição Política do Império (1824), Op. Cit. Art 147.
A peculiaridade da atividade militar estabelece bens jurídicos tão diferenciados
que conferem uma organização e funcionamento de uma justiça especializada, a Justiça
Militar. De tal forma, um dos primeiros atos de D. João, Príncipe Regente de Portugal, ao
estabelecer a corte portuguesa no Brasil em 1808, foi criar o Conselho Supremo Militar e
de Justiça com atribuições administrativas e judiciárias.15
15
MARINE E SOUZA, Henrique. O princípio da insignificância na justiça penal castrense. In:
OLIVEIRA, Artur Vidigal de; ROCHA, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira (coord). A Justiça Militar da
União e a História Constitucional do Brasil. São Paulo: Migalhas, 2016. p. 349
16
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit. p. 457
17
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1891), Art 14. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm Acesso em 16 de abril de 2021.
18
CARVALHO, José Murilo de, Forças Armadas e Política no Brasil, edição atualizada e
revisada São Paulo: Todavia, 2019, p. 25
19
BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Op. Cit. p. 205
Dirley da Cunha Júnior define direito político como a “participação do povo no
processo de condução da vida política nacional”20, ainda divide os Direitos Políticos em
negativos e positivos, este último em direitos políticos passivos e ativos, os quais conferem
respectivamente, capacidade eleitoral passiva e capacidade eleitoral ativa ao cidadão21, em
resumo, o direito de votar e ser votado.
20
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit. p.721
21
Idem.
22
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1891), Op. Cit. Art 14.
23
Idem, Art 14.
24
IZECKSOHN Vitor. Recrutamento Militar durante a Guerra do Paraguai. In: CASTRO, Celso;
IZECKSOHN Vitor; KRAAY, Hendrik. (Org). Nova história militar brasileira. Rio de Janeiro: FGV,
2004. p. 440
25
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit. p. 459
26
CARVALHO, José Murilo de. Op. Cit. p 24
27
CUNHA JÚNIOR, Dirley da Op. Cit.p. 460
A Constituição de 1934 no seu curto período de vigência, foi reconhecidamente a
primeira das Constituições sociais28, tal constituição foi promulgada no período seguinte a
Revolução de 1930.
Cabe destaque para a pena de morte que era proibida na Constituição de 1934,
porém a própria Carta Constitucional deixou como exceção nas disposições da legislação
militar que trata a respeito.31
28
Ibidem, p.461
29
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934), Art 113, número 6).
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm Acesso em 25 de abril
de 2021.
30
Ibidem, Art 108, letra b.
31
Ibidem, Art 113, número 29.
32
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit. p.461
33
Ibidem, p.462
34
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934), Op. Cit. Art 14.
35
CARVALHO, José Murilo de, Op. Cit. p. 159
1947.36 No entanto, os militares em serviço ativo foram vedados do direito ao voto, com
exceção dos oficiais.37 E, por consequência do artigo 121 da própria constituição de 1937,
tornou os militares, salvo oficiais, inelegíveis.38
Até 1941, as Forças Armadas eram compostas apenas pela Marinha do Brasil e
Exército Brasileiro, quando em 20 de janeiro de 1941, por meio do Decreto-Lei no 2.961,
assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas fora criado o Ministério da Aeronáutica.
Em, 22 de maio de 1941, o então primeiro ministro, Joaquim Pedro Salgado Filho criou a
Força Aérea Brasileira.42
36
Idem, Idem
37
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934), Op. Cit. Art 117.
38
Ibidem, Art 121.
39
Ibidem, Art 161.
40
RODRIGUES, Fernando da Silva. Militares, Poder e Sociedade – Jundiaí: Paco Editorial, 2017.
p. 187
41
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit. p.462
42
BRASIL. Força Aérea Brasileira. Aeronáutica celebra sete décadas e meia de história.
Disponível em < https:// www.fab.mil.br/noticias/mostra/24341/75. > Acesso em: 26 de abril de 2021.
43
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934), Op. Cit. Art 132.
brasileiro.44 Contudo, mantem-se a possibilidade de pena de morte em caso de guerra, com
base nas disposições da legislação militar.45
44
Ibidem, Art 141, Parágrafo 9º.
45
Idem.
46
Ibidem, Art 181, caput c/c Parágrafo 1º.
47
DA SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, 30 ed, São Paulo: Editora
Malheiros, 2008, p.86
48
CARVALHO, José Murilo de, Op. Cit. p. 172
49
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Op. Cit. p.126
50
DA SILVA, José Afonso. Op. Cit. p.87
51
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil (1967), Art 92. Disponível em
<http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm> Acesso em: 26 de abril de 2021.
52
Idem
53
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil (1967), Op. Cit. Art 93. § Único.
54
MARINE E SOUZA, Henrique. Op. Cit. p. 350
Assim, após estudo da Constituição do Brasil de 1967 de 24 de janeiro de 1967,
entende-se que nas questões envolvendo a organização e missões constitucionais das
forças armadas, essa constituição também manteve o sistema anterior implantado pelas
constituições passadas, tal como afirma Dirley da Cunha Júnior.55
CONCLUSÃO
O discorrer desse artigo traz a luz que as constituições históricas brasileiras tiveram
normatizaram de maneira muito semelhante os temas envolvendo as Forças Armadas. A
evolução político-constitucional não estabeleceu movimentos abruptos nos temas
envolvendo as Forças Armadas.
55
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit.. p.721
56
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil (1988), Art 142, caput. Disponível
em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm > Acesso em: 2 de maio de 2021.
57
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Op. Cit.. p.1161