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MÓDULO 10
Saúde
do homem
Programa Médicos pelo Brasil
EIXO 3 | CUIDADO A GRUPOS POPULACIONAIS ESPECÍFICOS
E SITUAÇÕES ESPECIAIS
MÓDULO 10
Saúde do homem
Ministério da Saúde
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
2022
Instituições patrocinadoras:
Ministério da Saúde
B823s
Inclui referências.
112 p. : il., gráfs., tabs., organogs. (Programa Médicos pelo Brasil. Cuidado a
grupos populacionais específicos e situações especiais ; 3).
978-65-84901-05-6
Referência bibliográfica
MINISTÉRIO DA SAÚDE. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Saúde do Homem
[módulo 10]. In: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Médicos pelo Brasil. Eixo 3: Cuidado a
Grupos Populacionais Específicos e Situações Especiais. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 112 p.
Ministério da Saúde
Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes | Ministro
Coordenação da UNA-SUS/UFSC
Sheila Rubia Lindner | Coordenadora
Coordenador Geral
Sheila Rubia Lindner
Conteudista
Flávia Henrique
Giovana Bacilieri Soares
Carolina Carvalho Bolsoni
Dalvan Antônio de Campos
Designer Instrucional
Soraya Medeiros Falqueiro
Ilustrador de EaD
Naiane Cristina Salvi
Paulo Alexsander Godoi Lefol
Suporte de TI - UNA-SUS/UFSC
Tcharlies Dejandir Schmitz
Objetivo geral de aprendizagem
do módulo
O profissional estudante, ao completar os estudos deste módulo, deverá ser
capaz de reconhecer a Saúde do Homem como uma das ações programáticas da
Atenção Primária à Saúde (APS), problematizando as condições de atenção à
saúde dos homens e suas particularidades na sua área adscrita e propondo
ações ancoradas nas diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
do Homem (PNAISH).
Esperamos que este módulo contribua com sua prática profissional em relação à
atenção à saúde dessa população a fim de propor estratégias inclusivas!
Desejamos bons estudos a você!
Sumário
1. Políticas públicas e acesso aos serviços de saúde 12
1.1 Política nacional de atenção integral à saúde do homem (PNAISH) 13
1.1.1 Conhecendo a PNAISH 14
1.1.2 Promoção de um novo olhar sobre a
atenção à saúde do homem 17
1.2 Acesso do homem aos serviços de saúde 19
1.2.1 Reconhecimento da população masculina no território 20
1.2.2 Estratégias de acesso da população
masculina aos serviços de saúde 21
1.2.3 Humanização do cuidado 27
Encerramento da unidade 28
2. Doenças prevalentes e perfil de morbimortalidade 29
2.1 Panorama epidemiológico da saúde do homem 30
2.1.1 Principais doenças e agravos 30
2.1.2 Doenças cardiovasculares (DCV) 33
2.1.2.1 Hipertensão arterial sistêmica (HAS) 34
2.1.2.2 Infarto agudo do miocárdio (IAM) 35
2.1.3 Diabetes mellitus (DM) 38
2.1.4 Acidentes e violência 39
2.1.5.1 Reconhecimento e abordagem dos homens
em situação de violência 44
2.2 Condições de vulnerabilidade na saúde do homem 46
2.2.1 Gênero, masculinidades e cuidado com a saúde 46
2.2.2 Hábitos relacionados à saúde 48
2.2.2.1 Uso de álcool, tabaco e outras drogas 49
2.2.2.2 Obesidade e sedentarismo 57
Encerramento da unidade 61
3. Atenção a saúde sexual e saúde reprodutiva do homem 62
3.1 Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva (SSSR) 63
3.1.1 Gênero, masculinidades e Saúde Sexual e
Saúde Reprodutiva (SSSR) 69
3.1.2 Importância do envolvimento dos homens com as questões
de SSSR (contraceptivos e demais tecnologias reprodutivas) 73
3.2 Neoplasias relacionados à saúde sexual e SAÚDE reprodutiva 75
3.2.1 Câncer de próstata 75
3.2.2 Câncer de pênis 79
3.3.3 Câncer de testículos 80
Encerramento da unidade 83
4. Promoção do cuidado e paternidade 84
4.1 Paternidade ativa 85
4.1.1 Envolvendo homens na paternidade e no cuidado 87
4.1.2 Promoção da paternidade ativa na APS 90
4.2 Pré-natal da parceria 97
4.2.1 Acolhimento e passo a passo do pré-natal da parceria 98
Encerramento da unidade 101
Encerramento do módulo 102
Referências 103
Biografia dos conteudistas 114
UNIDADE 01
Políticas públicas
e acesso aos
serviços de saúde
Objetivo de aprendizagem da unidade
Ao final desta unidade, o profissional deve conhecer a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) bem
como reconhecer estratégias de promoção do acesso e acolhimento
dos homens nos serviços de saúde no âmbito da APS.
Esses dois
eventos
Neste ano, ocorre a Conferên- demonstraram Neste ano, acontece a IV
cia Internacional sobre Popula- a importância Conferência Mundial sobre a
de inserir os
ção e Desenvolvimento, realiza- homens e suas Mulher, realizada em Pequim,
da na cidade do Cairo, no Egito. especificidades na China, em 1995.
nas políticas
de saúde.
13
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
REFLEXÃO
14
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Princípios da PNAISH
16
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Algumas justificativas:
• Historicamente, falta de políticas públicas de saúde com ações
voltadas para as especificidades da população masculina ou
que pouco exploraram suas vulnerabilidades.
• Inclusão recente do parceiro no pré-natal.
• Homens têm como principais causas de morte as causas
evitáveis, muitas relacionadas a comportamentos atribuídos
ao estereótipo tradicional de masculinidade (masculinidade
hegemônica).
17
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Legitimar as demandas
19
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
masculina, os profissionais devem ter clareza sobre as ações propostas com vistas à
integralidade, e não somente a oferta de serviços de saúde. Inclusive, destaca-se uma
importante reflexão acerca do consumo excessivo de exames. É importante disso-
ciar-se o conceito de prevenção da realização de procedimentos médicos, direcio-
nando-o para um contexto mais amplo que envolva autocuidado e informações em
saúde que subsidiem a promoção de comportamentos saudáveis, sempre se consi-
derando o contexto e valorizando-se a autonomia do usuário (FAUST et al., 2018).
REFLEXÃO
21
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Para uma adequada adesão da população masculina, com idade
entre 20 e 59 anos, esta deveria acessar os serviços de saúde da
atenção primária sempre que necessário, de acordo com suas
demandas em saúde. Destaca-se que este acesso não deve ser
somente para realização de exames ou procedimentos, mas também
incluir ações de promoção da saúde e demais ações preventivas.
22
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Território
As ações que visam o acesso dos homens na atenção primária podem ocorrer
no território em que os homens circulam, de acordo com os contextos locor-
regionais, priorizando que os homens sejam protagonistas dos processos de
ações em saúde. O conhecimento do perfil da comunidade, com seus aspec-
tos socioculturais, político-econômicos e epidemiológicos, torna-se chave para
o serviço de saúde traçar estratégias de cuidado. A visualização do número de
homens entre 20 a 59 anos no território contribui para o levantamento de
demandas de morbimortalidade, por exemplo. O diagnóstico de demanda e a
estimativa rápida participativa são formas de instrumentalizar a equipe para o
planejamento de ações para os homens da área de abrangência.
Vínculo
23
Acolhimento
Acolhimento
Atividades
Em consonância com aem grupo
PNH, o acolhimento parte de uma postura ética assumida
pelos profissionais da equipe que, ao terem contato com o usuário, devem colocá-la
Além do acolhimento individual, podem ser desenvolvidas atividades nas
em prática, compartilhando saberes, angústias e decisões sobre as intervenções
unidades de saúde, como ações nas salas de espera ou grupos de educação
de saúde a serem ou não adotadas. Acolher transcende a postura de ser educado
em saúde, com a finalidade de sensibilizar os homens para o cuidado com a
e receptivo ao usuário e pressupõe que seja assumida a responsabilidade de se
sua saúde, além de aproximá-los dos serviços de saúde. Também podem
adotar a melhor resolubilidade para o caso atendido.
ser identificados temas relevantes para abordagem em grupo com o público
masculino, também chamado “grupo de homens”, e algumas possibilidades
são: masculinidades e cuidado com a saúde, paternidade ativa e cuidado,
Lembre-se!
saúde no ambiente de trabalho, entre outros inúmeros temas que podem
O acolhimento
ser levantados por meio dosediagnóstico
diferencia da
da triagem,
situaçãopois tem como
de saúde local finalida-
bem
de a inclusão,
como da interação que vai além
entre profissionais da recepção.
e usuários. O ato de
Esses espaços acolher
são poten-
pressupõeda
tes para a promoção uma aproximação
saúde e disponibilidade.
e para a divulgação É nesse sobre
e sensibilização sentido
a
que a PNH propõe o acolhimento, ou seja, no compromisso
importância de ações preventivas e cuidados. As práticas integrativas e de
envolver-se
complementares, e potencializar
inclusive, são recursososrelevantes
protagonismos dos sujeitos.
que podem compor as
atividades de grupo.
Educação permanente
pelas quais se consolida. Para o acolhimento, não se faz necessário profis-
sional ouAcolhimento
horário específico, mas sim implica na escuta e nos saberes com-
partilhados, bem como no atendimento das demandas trazidas pelo usuá-
O espaço do acolhimento, sendo o primeiro contato do usuário com o
rio, de maneira resolutiva e responsável (BRASIL, 2013a). Nos serviços de
serviço
EIXO de saúde,
03 | MÓDULO deve do
10 Saúde considerar
homem as especificidades da saúde do homem,
saúde, o acolhimento é um espaço fundamental, no qual pode haver infor-
tais como os fatos que o levam a acessar menos esse serviço. Existem
mação e orientação sobre as ações disponíveis, de modo a atender o
formas variadas de acolhimento, sendo um processo relacional, este se
homem integralmente (CAVALCANTI et al., 2014).
definindo menos enquanto conceito e mais nas práticas concretas de saúde
pelas quais se consolida. Para o acolhimento, não se faz necessário profis-
sional ou horário específico, mas sim implica na escuta e nos saberes com-
Atividades em grupo
partilhados, bem como no atendimento das demandas trazidas pelo usuá-
rio, de maneira resolutiva e responsável (BRASIL, 2013a). Nos serviços de
Além do acolhimento individual, podem ser desenvolvidas atividades nas
saúde, o acolhimento é um espaço fundamental, no qual pode haver infor-
unidades de saúde, como ações nas salas de espera ou grupos de educação
mação e orientação sobre as ações disponíveis, de modo a atender o
em saúde, com a finalidade de sensibilizar os homens para o cuidado com a
homem integralmente (CAVALCANTI et al., 2014).
sua saúde, além de aproximá-los dos serviços de saúde. Também podem
ser identificados temas relevantes para abordagem em grupo com o público
masculino, também chamado “grupo de homens”, e algumas possibilidades
Atividades em
são: masculinidades grupo com a saúde, paternidade ativa e cuidado,
e cuidado
saúde no ambiente de trabalho, entre outros inúmeros temas que podem
Além do acolhimento individual, podem ser desenvolvidas atividades nas
ser levantados por meio do diagnóstico da situação de saúde local bem
unidades de saúde, como ações nas salas de espera ou grupos de educação
como da interação entre profissionais e usuários. Esses espaços são poten-
em saúde, com a finalidade de sensibilizar os homens para o cuidado com a
tes para a promoção da saúde e para a divulgação e sensibilização sobre a
sua saúde, além de aproximá-los dos serviços de saúde. Também podem
importância de ações preventivas e cuidados. As práticas integrativas e
ser identificados temas relevantes para abordagem em grupo com o público
complementares, inclusive, são recursos relevantes que podem compor as
masculino, também chamado “grupo de homens”, e algumas possibilidades
atividades de grupo.
são: masculinidades e cuidado com a saúde, paternidade ativa e cuidado,
saúde no ambiente de trabalho, entre outros inúmeros temas que podem
ser levantados por meio do diagnóstico da situação de saúde local bem
Envolvimento comunitário
como da interação entre profissionais e usuários. Esses espaços são poten-
tes para aPara
promoção da saúde e para sobre
a divulgação
criaçãoedesensibilização sobredoa
É importante conhecer uma experiência
que os profissionais, para quea estejam um grupo depara
preparados Saúdeo
importância
Homemde ações preventivas
na APS, acesse e cuidados.
o link: As práticas integrativas e
https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/
acolhimento e atendimento integral, além de capacitados, reconheçam e
complementares, inclusive, são recursos relevantes que podem compor as
article/view/15468
problematizam a realidade da sua comunidade com usuários e gestores, a
atividades de grupo.
fim de propor estratégias inclusivas para esse público (VIEIRA et al., 2014).
Educação permanente
26
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Você, como profissional de saúde, pode promover a inclusão
dessas diferenças a partir da realização de rodas de conversa,
da atuação em rede e junto aos movimentos sociais, bem como
na gestão dos conflitos existentes nos serviços. A participação
dos trabalhadores na gestão qualifica seus processos de trabalho,
bem como a inclusão dos usuários e suas redes sociofamiliares,
uma vez que amplia a corresponsabilização do autocuidado
(BRASIL, 2013a).
27
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
A escuta qualificada tem potencial de evidenciar demandas que não estavam ex-
plícitas no motivo inicial da consulta, e que frequentemente são decisivas para a
melhora da condição de saúde do usuário. Inclusive, o diálogo e a escuta qualifi-
cada permitem identificar possíveis demandas e encaminhamentos para outros
profissionais, possibilitando o cuidado integral. A escuta qualificada também favorece
a formação de vínculo entre usuários e equipe, o que propicia a construção de
novas relações, melhorando o acesso aos serviços de saúde.
A humanização em saúde evidencia-se enquanto uma estratégia de enfrentamen-
to, por meio do acesso, do acolhimento, da comunicação significativa e do vínculo.
A humanização potencializa a relação entre profissionais e usuários e amplia a
adesão aos serviços de saúde, sendo uma tecnologia potente para a realização da
atenção integral à saúde do homem (CAVALCANTI et al., 2014).
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Nesta unidade conhecemos a PNAISH, seu contexto de criação, objetivos, diretri-
zes e principais desafios de implementação. Compreendemos que a política visa a
construção de estratégias de ampliação do acesso e do acolhimento dos homens
pelos serviços públicos de saúde, favorecendo a resolutividade de demandas em
saúde da população masculina.
Observamos que, para qualificar a oferta de serviços de saúde a essa população,
é preciso ir além do espaço físico da unidade de saúde e do seu horário tradicio-
nal. É preciso atuar no território de maneira ampliada a fim de alcançar a população
masculina nos espaços onde se encontra: o ambiente de trabalho, os espaços de
lazer, os domicílios, entre outros espaços sociais, bem como ampliar os horários
de atendimento. Faz-se necessário que os profissionais estejam sensibilizados para
a captação e identificação das demandas em saúde dos homens, bem como os
serviços de saúde organizados para recebê-los, além de ofertar serviços pertinen-
tes às especificidades desse público.
Abordamos alguns dispositivos e estratégias para a superação dos desafios encon-
trados para o acesso e acolhimento na atenção primária, como a escuta qualifica-
da, o vínculo e a humanização do cuidado. Essa abordagem contribui com a qua-
lificação das práticas dos profissionais de saúde, possibilitando a implementação
da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH).
28
UNIDADE 02
Doenças
prevalentes
e perfil de
morbimortalidade
Objetivo de aprendizagem da unidade
Ao final desta unidade, o profissional estudante deve identificar as
principais doenças e agravos prevalentes, as condições de vulnera-
bilidade e o perfil de morbimortalidade da população masculina.
30
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
1º
para as internações por traumatismo intracra-
niano, com 60.033 internações.
1º
82% dessas internações ocorreram em homens.
31% dessas internações, entre os homens,
ocorreram na faixa etária de 20 a 29 anos.
2º
destacam-se as internações por hérnia inguinal,
com 65.200 hospitalizações.
2º
86% dessas internações ocorreram em homens.
36% dessas internações entre os homens ocor-
reram na faixa etária de 20 a 29 anos.
3º
rio: destacam-se as internações por infarto agudo
do miocárdio (IAM), com 40.780 hospitalizações.
3º
69% dessas internações ocorreram em homens.
64% dessas internações entre os homens ocorre-
ram na faixa etária de 50 a 59 anos.
4º
decorrentes da infecção pelo vírus HIV, com
4º 30.185 hospitalizações.
65% dessas internações ocorreram em homens.
35% dessas internações entre os homens ocorre-
ram na faixa etária de 30 a 39 anos.
5º
rio: destacam-se as internações por pneumonia,
com 125.420 hospitalizações.
5º
54% dessas internações ocorreram em homens.
37% dessas internações entre os homens ocor-
reram na faixa etária de 50 a 59 anos.
Internações
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem por doenças do aparelho respirató-
5º
rio: destacam-se as internações por pneumonia,
com 125.420 hospitalizações.
5º
Ainda segundo dados do MS, emdessas
2014 houve 361.577 óbitos naem
faixa etária de 20
54% internações ocorreram homens.
a 59 anos no Brasil, sendo que 68% dessas mortes foram em homens. A maior
37% dessas internações entre os homens ocor-
proporção desses óbitos entre os homens ocorreu na faixa etária de 50 a 59 anos
reram na faixa etária de 50 a 59 anos.
(38%). As cinco primeiras causas de mortalidade em 2014, para homens na faixa
etária de 20 a 59 anos, são descritas a seguir (BRASIL, 2015a).
1º
de arma de fogo ou de arma não especificada,
1º com 29.297 óbitos.
95% desses óbitos ocorreram em homens.
54% desses óbitos entre os homens ocorreram
na faixa etária de 20 a 29 anos.
2º
destacam-se as mortes por infarto agudo do
miocárdio (IAM), com 22.310 óbitos.
2º 70% desses óbitos ocorreram em homens.
61% desses óbitos entre os homens ocorreram
na faixa etária de 50 e 59 anos.
3º
mortes por neoplasia maligna dos brônquios e
dos pulmões, com 6.365 óbitos.
3º 54% desses óbitos ocorreram em homens.
77% desses óbitos entre homens ocorreram na
faixa etária de 50 e 59 anos.
4º
cam-se as mortes por doença alcoólica do fígado,
com 7.269 óbitos.
4º 88% desses óbitos ocorreram em homens.
44% desses óbitos entre os homens ocorreram
na faixa etária de 50 e 59 anos.
5º
resultante de doenças infecciosas e parasitárias,
5º com 8.162 óbitos.
67% desses óbitos ocorreram em homens.
34% desses óbitos entre homens ocorreram na
faixa etária de 40 e 49 anos.
32
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Novos dados que incluam a pandemia de Coronavírus, que iniciou
em 2019, seguramente trarão um rearranjo das causas de
morbimortalidade.
33
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
34
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
10
5
0
Rio Branco
São Luís
Curitiba
Manaus
Cuiabá
Salvador
Vitória
Boa Vista
Florianópolis
Aracaju
São Paulo
Belo Horizonte
Rio de Janeiro
Campo Grande
Palmas
Belém
Porto Velho
Fortaleza
João Pessoa
Goiânia
Teresina
Natal
Macapá
Maceió
Recife
Porto Alegre
Distrito Federal
Fonte: Brasil (2020a).
35
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
131.199 Norte
internações 4,4%
por IAM em 2019
Nordeste
19,1%
47.859
em mulheres 36,5%
Centro-Oeste
7,8% Sudeste
49,8%
Sul
83.340 18,9%
em homens 63,5%
Quanto à mortalidade nas diferentes regiões, uma recente pesquisa concluiu, por
meio da análise do efeito da idade-período e coorte entre os anos de 1980 e 2009,
que as diferenças observadas no risco de morte nas regiões brasileiras é fruto das
desigualdades socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde existentes no
território brasileiro, favorecendo a mortalidade precoce por essa causa sobretudo
em localidades mais pobres (SANTOS et al., 2018).
Tratando-se de mortes atribuíveis, a pressão arterial aumentada (13% das mortes
globais) é o principal fator de risco cardiovascular, seguido pelo uso do tabaco (9%),
glicemia elevada (6%), inatividade física (6%) e sobrepeso e obesidade (5%). Esses
fatores de risco comportamentais e metabólicos frequentemente coexistem na
mesma pessoa e atuam sinergicamente para aumentar o risco total do indivíduo
de desenvolver eventos vasculares agudos (WHO, 2011).
Entre os principais fatores de risco modificáveis está o colesterol elevado, princi-
palmente do nível do colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), e seu
controle traz grande benefício na redução de desfechos cardiovasculares como
infarto e morte por doença coronariana. As evidências indicam que a relação entre
sobrepeso/obesidade e o risco cardiovascular depende do acúmulo de gordura in-
tra-abdominal (obesidade central), a qual mostra alta correlação com a circunfe-
rência abdominal (SBC, 2015).
36
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
38
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Acidentes
Segundo o Relatório sobre a Situação Mundial da Segurança no Trânsito, a OMS
apresentou dados preocupantes sobre lesões e mortes resultantes de acidentes
de trânsito, apontando o Brasil no ranking entre os 10 países que apresentam os
mais elevados números de óbitos por acidentes de trânsito, com suas consequên-
cias como sequelas físicas e psicológicas, e que acomete principalmente a população
jovem e em idade produtiva (CONASS, 2019).
O perfil das vítimas de acidentes de trânsito indica que homens com idades entre
20 e 40 anos são os que se envolvem com mais frequência nos acidentes e a leta-
lidade tende a ser maior entre homens e mais elevada à medida que aumenta a
idade (BARROSO; BERTHO; VEIGA, 2019).
Em Minas Gerais, por exemplo, em série histórica dos óbitos por Acidentes de
Transporte Terrestre segundo gênero, verificou-se que 81% dos óbitos por acidentes
ocorreram entre os homens (MINAS GERAIS, 2021).
No Brasil, em 2016, aproximadamente
37 mil pessoas morreram vítimas de
acidentes de trânsito, das quais 6.400
(17%) vieram a óbito após ocorrências
em rodovias federais (BARROSO;
BERTHO; VEIGA, 2019). Os acidentes de
trânsito, segundo a Declaração de
Brasília sobre Segurança no Trânsito,
continuam a representar um grave
problema de saúde pública e uma das
principais causas de morte e lesões em
todo o mundo, uma vez que matam mais de 1,24 milhão de pessoas e lesionam e
incapacitam cerca de 50 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 90% das vítimas
mortais de países de baixa e média renda (BRASIL, 2015b). A morte de motociclis-
tas já é considerada uma epidemia global e, apesar das diferenças regionais, possui
altas prevalências ao redor mundo.
A política responsável pela temática de acidentes e violência no Brasil é a Política
Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (PNRMAV),
em vigor desde 2001. De acordo com a PNRMAV, acidentes são definidos como “o
39
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Gestão da
segurança
no trânsito
Segurança Infraestru-
veicular tura viária
adequada
Comporta-
mento/ Atendimento
segurança pré e pós
do usuário hospitalar
Violência
A PNRMAV define a violência como “o evento representado por ações realizadas
intencionalmente por indivíduos, grupos, classes, nações, que ocasionam danos
físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a si próprio ou a outros – por exemplo:
homicídio, agressão física, abuso sexual, violência psicológica, negligência e
abandono” (BRASIL, 2005a). Ainda assim, é possível encontrar na literatura diversas
definições de violência, as tipologias comumente utilizadas são da OMS, que clas-
sifica em três grandes categorias, veja a seguir.
Violência coletiva
41
Violência autoinfligida
Violência autoinfligida
Violência interpessoal
42
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
A literatura aponta que os homens cometem mais violência sexual, ou seja, como
autores, contra as mulheres; e também são os que mais cometem violência física
entre seus pares, ou seja, entre os homens. Acompanhe, a seguir, as informações
sobre violência.
De acordo com o Atlas da Violência, publicado em 2019, a proporção de óbitos
causados por homicídios foi de 2,2% entre as mulheres, enquanto entre os homens
esse valor foi de 14,7%. Tal problema ganha contornos ainda mais dramáticos
quando levado em conta que a violência letal acomete principalmente a população
jovem. Do total de óbitos de homens entre 15 a 19 anos de idade 59,1% são oca-
43
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
sionados por homicídio – sua taxa por 100 mil habitantes chegou a 130,4 em 2017,
seguido das doenças infecciosas, neoplasias, DAC e doenças do aparelho respira-
tório. Esses dados mostram a necessidade de políticas públicas direcionadas na
redução de homicídios entre jovens (IPEA, 2019).
Taxa de 130,4 em
100 mil habitantes em 2017
Fonte: adaptado de IPEA (2019).
44
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
No que tange à violência urbana que atinge principalmente os homens, como apre-
sentamos anteriormente, é fundamental que se façam investimentos nos jovens,
com prioridade aos territórios mais vulneráveis socioeconomicamente, de modo a
garantir condições de desenvolvimento infanto-juvenil, acesso à educação, cultura
e esportes, além de mecanismos para facilitar o ingresso do jovem no mercado de
trabalho. Já foi evidenciado que investir na primeira infância e juventude para evitar
que a criança de hoje se torne um homicida de amanhã, é muito mais econômico
do que dispor de recursos nas infrutíferas e dispendiosas ações de repressão bélica
ao crime na ponta e no encarceramento (IPEA, 2019).
Lembre-se!
Ainda que a violência e os acidentes sejam multicomplexos, a
OMS defende que eles são evitáveis e que ações preventivas
precisam ser incentivadas e implantadas.
Cabe aos serviços de saúde, além de promover uma boa assistência às vítimas,
adotar uma postura mais proativa na elaboração de parcerias para atuar na
prevenção da violência e dos acidentes como, por exemplo, reconhecer nos seus
territórios os dispositivos para auxiliar nessas ações, como escolas, igrejas, centros
45
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
comunitários, que são espaços onde a equipe pode se inserir e realizar atividades
de educação em saúde, além de atividades de promoção da saúde e da cultura de
paz (SANTOS; SANTOS; CAIRES, 2019).
Para que possamos propiciar aos homens
a busca pela rede de atenção à saúde do
SUS, devemos compreender seu caminho
na busca pelo cuidado, ao invés de cul-
pabilizá-lo pelo panorama de morbimor-
talidade, sobretudo os acidentes e a
violência. Ainda, faz-se necessária uma
ampla discussão sobre a PNAISH, entre
todos os atores sociais envolvidos, de
modo a implementar estratégias que
promovam o adequado reajuste entre a
demanda e a oferta de serviços voltados às necessidades de saúde do público
masculino, no seu contexto social e familiar (MARQUES et al., 2018).
Algumas ações de abordagem comunitária podem ser utilizadas para se aproximar
desse público frequentemente negligenciado pelos serviços. Segundo Dantas e
Modesto (2019), uma estratégia de aproximação seriam ações educativas em sala
de espera e em locais da comunidade onde os homens estão, como bares, times
de futebol, padarias, oficinas mecânicas, canteiro de obras, festas, feiras e demais
atividades esportivas.
46
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
47
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Os homens acabam sendo vítimas de comportamentos de risco
oriundos das construções de masculinidades hegemônicas, visto
que são mais acometidos de doenças e agravos que as mulheres,
além de apresentarem menor expectativa de vida.
48
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Uso de álcool
Cerca de 20% das pessoas que buscam um serviço de saúde na APS fazem uso de
álcool em um nível considerado de alto risco. Sendo o principal transtorno mental
nos diversos níveis assistenciais, alguns autores justificam estar em igual priorida-
de ao problema da hipertensão na APS. Inclusive, está mais relacionado ao gênero
masculino, em especial, a adultos jovens (GUSSO; LOPES; DIAS, 2019).
O consumo de álcool é permitido em quase todas as culturas do mundo. Vale
mencionar que os fatores envolvidos na decisão de beber ou em problemas tem-
porários com a bebida são diferentes dos fatores que contribuem para os problemas
severos e recorrentes (SILVA et al., 2019).
Dentre as diferentes substâncias psico-
ativas e considerando todas as faixas
etárias, o uso abusivo de álcool tem
maior prevalência global, trazendo
graves consequências para a saúde
pública mundial. Em estudo sobre a
carga global de doenças, foi estimado
que o álcool seria responsável por cerca
de 1,5% de todas as mortes no mundo,
bem como por 2,5% do total de anos
perdidos ajustados para incapacidade
(BRASIL, 2003). Entre os problemas
físicos em decorrência do abuso do
álcool estariam a cirrose hepática e a
miocardiopatia alcoólica, além das lesões
decorrentes de acidentes (BRASIL, 2003).
Acompanhe a seguir algumas informações divulgadas no Vigitel 2020 sobre o
consumo abusivo de álcool, no conjunto de 26 capitais e no Distrito Federal. Para
homens, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas corresponde à ingestão de cinco
ou mais doses, em uma mesma ocasião, dentro dos últimos 30 dias. Veja a repre-
sentação no mapa que demonstra alguns dados relacionados ao tema.
49
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
14,2%, em Natal
24,3%, em Salvador
Cuiabá (33,1%)
Salvador (31,7%)
Distrito Federal (30,9%)
Natal (20,8%)
São Paulo (21,2%)
Porto Alegre (21,6%)
Questionário CAGE:
• Cut down: Alguma vez já tentou diminuir a quantidade de bebida alcoólica
(ou parar de beber)? S/N
• Annoyed: Alguém já chamou a sua atenção/criticou seu modo de beber? S/N
• Guilty: Já sentiu-se preocupado ou culpado pelo hábito de beber? S/N
• Eye opener: Já bebeu logo pela manhã para aliviar algum mal-estar? S/N
50
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Abordagem do usuário
Temos inúmeras técnicas de abordagem do usuário de álcool. No entanto, a
prevenção constitui o principal elemento (ações educativas). A efetividade das ações
mistas (não farmacológica e farmacológica) obtém um melhor resultado.
• Não farmacológica: abordagem multiprofissional (psicossocial);
• Farmacológica: ação em relação às alterações agudas e crônicas da bebida.
Quando encaminhar?
• Necessidade de desintoxicação;
• Transtornos psiquiátricos graves associados;
• CAPS, AA, etc
Tabaco
Em todo o mundo, o tabagismo é a
principal causa de morte prevenível,
afetando mais de 1 bilhão de pessoas e
causando cerca de 8 milhões de mortes,
de acordo com informações da OMS
(WHO, 2020). A dependência ao tabaco
(nicotina) é considerada uma doença
crônica, que, com frequência, exige
repetidas intervenções e várias tentati-
vas para se obter uma abstinência pro-
longada (IAMONTI; LEITÃO FILHO, 2019).
Confira, a seguir, alguns dados brasilei-
ros sobre o tema.
51
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Vale ressaltar que, apesar de o tabagismo ser uma doença crônica prevalente,
existe tratamento eficaz disponível. É necessário fazer uma abordagem adequada
do fumante, mas deve-se salientar o papel importante do médico de família e co-
munidade e dos demais membros da equipe multiprofissional no controle do
tabagismo na população que assiste, atuando seja na prevenção durante a pueri-
cultura, seja na identificação e no tratamento de tabagistas, assim como na educação
em relação ao tabagismo passivo (IAMONTI; LEITÃO FILHO, 2019).
São considerados como dependentes os indivíduos que tenham apresentado, no
ano anterior, pelo menos três dos critérios a seguir (BRASIL, 2020c):
• desejo forte e compulsivo para consumir a substância (fissura ou craving);
• dificuldade para controlar o uso (início, término e níveis de consumo);
• estado de abstinência fisiológica diante da suspensão ou redução, carac-
terizado por síndrome de abstinência e consumo da mesma substância ou
similar, com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência (reforço
negativo);
52
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Teste de Fagerström
1. Em quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro?
• Dentro de 5 minutos (3)
• 6-30 minutos (2)
• 31-60 minutos (1)
• Depois de 60 minutos (0)
2. Você acha difícil ficar sem fumar em lugares onde é proibido (por exemplo, na
igreja, no cinema, em bibliotecas, e outros.)?
• Sim (1)
• Não (0)
3. Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação?
• O primeiro da manhã (1)
• Outros (0)
4. Quantos cigarros você fuma por dia?
• Menos de 10 (0)
• De 11 a 20 (1)
• De 21 a 30 (2)
• Mais de 31 (3)
53
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Interpretação do resultado:
Dependência (soma dos pontos):
• 0-2: muito baixa
• 3-4: baixa
• 5: média
• 6-7: elevada
• 8-10: muito elevada
54
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
55
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Outras drogas
56
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
• S
ugira à pessoa que faça um diário sobre seu uso de substância, registran-
do, por exemplo, onde costuma (ou costumava) usar, em que quantidade,
em companhia de quem, por qual razão, etc. Isso ajudará a identificar as
possíveis situações de risco.
• Identifique com a pessoa algumas atividades que possam lhe trazer prazer,
por exemplo, alguma atividade física, tocar um instrumento, ler um livro,
sair com pessoas para atividades de lazer. Após essa identificação, proponha
a ela que faça alguma dessas atividades no período em que, geralmente,
estaria usando a substância.
• F
orneça informações sobre os prejuízos associados ao uso de drogas e
sobre a rede de cuidados disponíveis em que a pessoa possa buscar ajuda
especializada, se for o caso.
• P
rocure ter conhecimento dos recursos existentes na comunidade, para
ajudá-la a identificar atividades que seriam de seu interesse participar,
como centros de convivência, oficinas, atividades esportivas e outras.
• D
escubra algo que a pessoa gostaria de ter e sugira que ela economize o
dinheiro que normalmente gastaria para obter a substância para adquirir
aquele bem. Faça as contas com ela sobre quanto ela gasta. Por exemplo,
um fumante que gaste R$ 10,00 por dia com cigarros, em um mês econo-
mizaria R$ 300,00 e em 6 meses R$ 1.800,00. Com este dinheiro, poderia
comprar uma TV nova, por exemplo, ou pagar mais da metade de um com-
putador completo. Contas simples como essa podem ajudar a perceber o
prejuízo financeiro, além dos problemas de saúde (BRASIL, 2013b).
57
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Homens Mulheres
• Meça sem roupa ou com
Adequado Adequado roupas leves
< 94 cm < 80 cm • Faça a medição ao final de
uma expiração normal
Risco Risco
cardiovascular cardiovascular • Localize a fita métrica à meia
> 102 cm > 88 cm altura entre o último arco
costal e o topo da crista ilíaca
58
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Salvador (47,2%)
Vitória (50,6%)
Macapá (53%)
A obesidade é um dos mais importantes fatores de risco para outras doenças não
transmissíveis, especialmente diabetes e doenças cardiovasculares. Caracterizada
pelo excesso de peso, a obesidade está relacionada ao aumento da mortalidade e
morbidade, atuando como fator de risco para a ocorrência de outras doenças,
como a litíase biliar e a osteoartrite. E está, ainda, associada a alguns tipos de câncer,
como os de cólon, de reto e de próstata (BRASIL, 2014a).
Em relação ao sedentarismo, a inatividade física está relacionada ao aumento da
incidência de doença coronariana, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial
sistêmica, entre outros agravos. Pessoas fisicamente ativas em geral têm um risco
de 25 a 30% menor de AVE ou morte, comparados aos menos ativos. No mundo,
a prevalência de sedentarismo é maior do que a de qualquer outro fator de risco
modificável, e isso é observado também no Brasil, onde o sedentarismo afeta em
torno de 70% da população (BRESOLIN-PINTO; DEMARZO, 2019).
Chama a atenção o fato de o sedentarismo ser menor entre os homens em relação
às mulheres, e pode ser uma das formas mais eficazes de aproximar os homens
da arena dos cuidados em saúde. Estudos mostram que, para homens, cuidados
com a saúde significam exercícios físicos e observância da alimentação (NASCIMEN-
TO et al., 2011; TONELI; SOUZA; MÜLLER, 2010).
59
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Para uma eficiente captação e acolhimento dessa demanda, a
sensibilização da equipe para esta temática é importante, enten-
dendo que o excesso de peso é um agravo à saúde, com grande
influência no desenvolvimento de outras doenças crônicas e que
a reversão desse quadro pode e deve ser, na maioria das
situações, realizada na APS (BRASIL, 2014a).
60
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Nesta unidade, estudamos sobre as principais doenças que acometem os homens,
percebemos que os fatores de risco têm relação com as questões de gênero, as
quais influenciam na forma com que os homens cuidam de sua saúde. Essas
questões de gênero se refletem nos comportamentos, como, por exemplo, maior
frequência de uso de álcool, tabaco e violência, o que os torna mais vulneráveis a
determinadas doenças. Assim, também observamos as diferenças entre homens
e mulheres quanto aos aspectos epidemiológicos de morbidade, mortalidade e os
fatores de risco das doenças mais prevalentes entre os homens.
61
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
UNIDADE 03
Atenção a saúde
sexual e saúde
reprodutiva do
homem
Objetivo de aprendizagem da unidade
Ao final desta unidade, o profissional deve reconhecer os aspectos
da Saúde Sexual, Saúde Reprodutiva (SSSR) e identificar as princi-
pais neoplasias relacionadas à SSSR nos homens.
62
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
IV Conferência
Declaração Conferência IV Conferên-
Internacional
Universal dos Mundial de cia Mundial
sobre Popula-
Direitos Direitos sobre a
ção e Desen-
Humanos Humanos Mulher
volvimento
63
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Capacitar os profis-
sionais da APS em
Capacitar
saúde sexual e saúde
reprodutiva.
64
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Acompanhe a seguir alguns aspectos centrais para a saúde sexual (BRASIL, 2013c):
• Viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações
e imposições e com respeito pleno pelo corpo da parceria.
• Escolher a parceria sexual.
• Viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças.
• Viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição
física, mental ou social.
• Escolher se quer ou não quer ter relação sexual.
• Expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homos-
sexualidade, bissexualidade, entre outras.
• Ter relação sexual independente da reprodução.
• Realizar sexo seguro para prevenção de gravidez indesejada e de IST/HIV/Aids.
• Acessar serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimen-
to de qualidade, sem discriminação.
• Acessar serviços que permitam prevenção e tratamento de todos os
problemas sexuais e de preocupações e distúrbios.
• Acessar informações sobre educação sexual e reprodutiva.
Uma abordagem da saúde sexual dos homens deve envolver o esclarecimento de
dúvidas sobre a anatomia, o funcionamento e as transformações do corpo nas di-
ferentes fases do curso da vida, bem como atuar sobre conflitos, expectativas, desejos,
comportamentos e satisfação com a atividade sexual. Além disso, deve contemplar
65
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
66
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
As questões relacionadas à anticoncepção, em geral, são tratadas
como responsabilidade exclusiva das mulheres. Assim, na
abordagem da APS deve-se fomentar a construção de parcerias
mais igualitárias e baseadas no respeito, bem como a corespon-
sabilização de homens e mulheres pelo processo reprodutivo.
É importante que a equipe de saúde da APS, por ser o primeiro contato e acompa-
nhar longitudinalmente a população masculina, desenvolva ações para envolvê-
-los nos seguintes temas (BRASIL, 2009b; BRASIL, 2013c):
• Planejamento familiar
• Prática de sexo seguro
• Prevenção de gestações não desejadas e de alto risco
• Divisão de responsabilidades na criação dos filhos e afazeres domésticos
• Acesso a informações sobre os diferentes métodos contraceptivos
• Oferta de diferentes métodos contraceptivos com aconselhamento e acom-
panhamento da equipe
67
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
68
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
69
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
70
Reconhecer determinados riscos
à saúde e à qualidade de vida
As barreiras sociais, principalmente relacionadas a
problemas de saúde atribuídos à sexualidade, fazem com
que os homens adiem sua ida aos serviços até o agravamento
do quadro. Além disso, mesmo quando buscam os serviços têm
EIXO 03 | MÓDULO
dificuldade de10
expor
Saúdeproblemas,
do homem dúvidas e inquietações relacio-
nadas a temas que coloquem em questionamento os ideais do
ser homem de “verdade” (CARNEIRO; ADJUTO; ALVES, 2019).
REFLEXÃO
71
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
72
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
73
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Esses exemplos nos ajudam a refletir sobre a importância de
desmistificar alguns aspectos do corpo e das corporalidades
masculinas que perpassam pela construção social dos homens.
74
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
As maiores taxas brutas de incidência (número total de óbitos, por mil habitantes,
em determinado espaço geográfico, no ano considerado) do país ficam nas regiões
Sul e Centro-Oeste. Os principais fatores para isso são a melhoria na qualidade dos
registros, o aumento da expectativa de vida da população, a maior disponibilida-
de de métodos diagnósticos e o aumento do sobrediagnóstico da doença em razão
da disseminação do rastreamento com teste do antígeno prostático específico (PSA)
e toque retal (INCA, 2017b). O sobrediagnóstico diz respeito a detecção de lesões
que nunca seriam identificadas ao longo da vida dos indivíduos, que poderiam
morrer por outras causas antes da manifestação clínica das neoplasias.
75
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Maior incidência
Sul (96,81/100.000)
Sudeste (69,83/100.000)
Centro-Oeste (66,75/100.000)
Menor incidência
Nordeste (56,17/100.000)
Norte (29,41/100.000)
O diagnóstico pode ser realizado a partir de biópsia a ser realizada em homens com
PSA ou toque retal alterado naqueles que não tenham queixa (rastreamento) ou
com queixas (investigação). Ao exame físico, é possível encontrar linfonodos palpáveis,
e o toque retal pode mostrar uma próstata endurecida ou um nódulo palpável,
apesar de esses achados terem variação entre os examinadores (KOLLING, 2019).
Em pacientes com queixa de Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI), ao inves-
tigar o câncer, é preciso lembrar que existem duas situações preocupantes: a grande
possibilidade de encontrar resultados falso-positivos no PSA, o que leva a uma in-
vestigação potencialmente desnecessária e com potencial de causar danos; e a
possibilidade de não conseguir prolongar a vida, ainda que o câncer seja diagnos-
ticado (KOLLING, 2019).
Como mencionado, o teste de PSA pode identificar o câncer de próstata localizado;
porém, existem limitações que dificultam a sua utilização como marcador desse
câncer (WATSON et al., 2002). Veja quais são suas principais limitações (BRASIL, 2010b):
• O PSA é tecido-específico, mas não tumor-específico. Logo, outras condições
como o aumento benigno da próstata, prostatite e infecções do trato urinário
inferior podem elevar o nível de PSA. Cerca de 2/3 dos homens com PSA
elevado NÃO têm câncer de próstata detectado na biópsia.
•A
té 20% de todos os homens com câncer de próstata clinicamente signifi-
cativo têm PSA normal.
• O valor preditivo positivo desse teste está em torno de 33%, o que significa
76
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
que 67% dos homens com PSA positivo serão submetidos desnecessaria-
mente à biópsia para confirmação do diagnóstico.
• O teste de PSA leva à identificação de cânceres de próstata que não teriam
se tornado clinicamente evidentes durante a vida do paciente. O teste de
PSA não vai, por si só, distinguir entre tumores agressivos que estejam em
fase inicial (e que se desenvolvem rapidamente) e aqueles que não são
agressivos.
No caso de o paciente e o médico entrarem em consenso (sabidos os riscos e be-
nefícios) de realizar a dosagem de PSA e toque retal, a pessoa deve ser informada
de que investigações com alterações devem ser acompanhadas de outros exames,
tais como ultrassonografia, ressonância e biópsias. Além disso, o paciente deve estar
ciente de que a confirmação de um câncer desencadeará uma série de tratamen-
tos como prostatectomia, quimioterapia e/ou radioterapia, e que esses tratamen-
tos podem deixar sequelas, como dor pélvica, incontinência urinária (IU), estenose
da uretra, impotência sexual, ejaculação retrógrada, entre outras (KOLLING, 2019).
Os pacientes assintomáticos são o grupo que mais gera controvérsia sobre seu
rastreamento. Segundo Steffen (2018), não há redução significativa da mortalida-
de entre pacientes que realizaram rastreamento e os que não realizaram. Kolling
(2019) informa que, no ano de 2017, a United States Preventive Services Task Force
(USPSTF) realizou uma consulta pública de um documento que mudou o grau de
recomendação de D para C. Essa alteração enfatiza que a decisão de rastrear ou
não deve ser feita após discussão individualizada.
Lembre-se!
Não se recomenda a solicitação de PSA com intuito de rastrea-
mento populacional do câncer de próstata. Leve em considera-
ção as preferências individuais dos usuários acompanhados in-
formando-os sobre potenciais benefícios e malefícios do
rastreamento. Para homens com sintomas do trato urinário
inferior, o PSA deve ser solicitado conforme suspeita clínica.
77
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
78
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Fatores de risco
para o câncer de pênis
Má higiene íntima.
Feridas e úlceras persistentes.
79
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Deve-se observar também, além da tumoração no pênis e das
feridas, a existência da presença de gânglios inguinais e/ou
nódulos, pois podem indicar metástase.
80
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Detecção precoce
Como estratégias principais para a detecção precoce do câncer tem-se o diagnós-
tico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença)
e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população assintomática,
aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer
e, a partir daí, encaminhar os pacientes com resultados alterados para investiga-
ção diagnóstica e tratamento) (BRASIL, 2020d).
Diagnóstico precoce
Esta estratégia de diagnóstico contribui para a redução do estágio de apresenta-
ção do câncer. Salienta-se a relevância de a população e dos profissionais estarem
aptos para reconhecer os sinais e sintomas suspeitos de câncer, além de haver
acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde (BRASIL, 2020d).
Diagnóstico
O câncer de testículo é um câncer com boa
resposta ao tratamento, geralmente
curável, que se desenvolve com mais fre-
quência em homens jovens e de meia-ida-
de. A maioria dos cânceres testiculares são
tumores de células germinativas. Para o
planejamento do tratamento, os tumores
de células germinativas são amplamente
divididos em seminomas e não seminomas,
pois possuem diferentes algoritmos de
prognóstico e tratamento. Para pacientes
com seminoma (todos os estágios combi-
nados), a taxa de cura excede 90%. Para
pacientes com seminoma ou não
seminoma em estágio baixo, a taxa de cura
se aproxima de 100% (PDQ, 2020).
81
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Rastreamento
O rastreamento do câncer é uma estratégia voltada para grupo populacional es-
pecífico em que o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável,
com maior impacto na redução da mortalidade. Os benefícios são: melhor prog-
nóstico da doença, tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. Dentre
os riscos ou malefícios, têm-se: resultados falso-positivos, que geram ansiedade e
excesso de exames; resultados falso-negativos, que causam falsa tranquilidade;
sobrediagnóstico e sobre tratamento, relacionados à identificação de tumores de
comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representem uma
ameaça à vida); possíveis riscos do teste elegível (BRASIL, 2020d).
Lembre-se!
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de
testículo traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o
momento, ele não é recomendado.
Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer deve ser buscado com a investiga-
ção dos seguintes sinais e sintomas mais comuns: aumento de tamanho (não
doloroso), de forma ou textura de testículo.
82
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Pacientes que foram curados de câncer testicular têm um risco cumulativo de apro-
ximadamente 2% de desenvolver um câncer no testículo oposto durante os 15 anos
após o diagnóstico inicial. Dentro dessa faixa, homens com tumores primários não
seminomatos parecem ter um menor risco de tumores testiculares contralaterais
subsequentes do que homens com seminomas (PDQ, 2020).
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Nesta unidade, estudamos aspectos relevantes da saúde sexual e reprodutiva dos
homens, considerando a influência das construções de gênero e masculinidades.
Conhecemos alguns caminhos e possibilidades para que você, junto aos profissio-
nais da saúde de sua equipe, possa identificar e atuar sobre problemas da saúde
sexual e saúde reprodutiva dos homens. Além disso, foram apresentadas as prin-
cipais neoplasias relacionadas à saúde sexual e reprodutiva dos homens, bem
como as possibilidades para promoção da saúde e intervenção para prevenção e
tratamento delas nos serviços de saúde da atenção primária.
83
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
UNIDADE 04
Promoção
do cuidado e
paternidade
Objetivo de aprendizagem da unidade
Ao final desta unidade, o profissional deve reconhecer os principais
aspectos da paternidade ativa e do pré-natal do parceiro, identifi-
cando as estratégias para sua realização na APS.
84
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
85
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
A paternidade ativa pode representar uma mudança significativa dos afetos dos
homens, promovendo uma introdução ou aprofundamento em direção a sensibi-
lidade, delicadeza e cuidado, sendo que esse movimento pode transformar as
relações dos homens na sociedade. Porém, o exercício da paternidade ativa exige
uma disposição de “atitude”, prontidão e proatividade dos homens no papel de pai
(SCHWARZ; LIMA, 2018).
Todavia, assim como é fundamental o apoio e envolvimento das mulheres no
processo gestacional, visto que este é um momento singular na vida das mulheres,
também deve-se ter esse olhar para as parcerias. A paternidade ativa é um processo
complexo e multifacetado, que requer dispositivos e atitudes dos profissionais de
saúde da APS para a inserção e envolvimento das parcerias no processo gestacio-
nal que deve ser incentivado.
No próximo item vamos conhecer alguns desafios para o exercício da paternida-
de ativa, bem como estratégias e caminhos para o envolvimento dos homens na
paternidade e no cuidado.
86
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
87
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Visando não correr o risco de criar estigmas ou fortalecê-los, deve-se saber que
nenhum desses obstáculos deve ser compreendido como determinante para o não
envolvimento com a paternidade por parte dos homens – como se houvesse um
perfil estabelecido de pai ausente. Em um outro caminho, eles devem ser utiliza-
dos como alertas para os profissionais da saúde, mostrando os cenários que
precisam ser observados e abordados de forma mais atenta, inclusiva e humani-
zada. As equipes podem potencializar a paternidade ativa por meio da orientação
clara durante o pré-natal, orientando as mães e suas parcerias acerca dos benefí-
cios que podem advir de um envolvimento dos homens com a gestação, o parto,
o pós-parto e os cuidados posteriores com a criança.
Para um envolvimento paterno adequado, Lamb (2000) sugere uma abordagem
baseada em três dimensões denominadas interação, disponibilidade e responsa-
bilidade. Acompanhe a seguir cada uma delas.
Responsabilidade
Estimular que os pais se percebam, assu-
mam e pratiquem em seu dia a dia ações
que garantam o bem-estar dos seus filhos.
88
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Nota-se que a literatura indica que homens que apresentam uma relação e imagem
positiva dos pais na infância participam mais ativamente no cuidado e na relação
emocional com seus filhos. Assim, percebe-se a importância intergeracional na
transição para a paternidade ativa, bem como no rompimento de construções de
masculinidades embasadas em comportamentos retrógrados e prejudiciais à saúde
dos homens (BOLZE, 2016; BOUCHARD, 2012; CABRERA et al., 2000; TURCOTTE;
GAUDET, 2009).
Lembre-se!
O envolvimento dos homens no papel de cuidadores traz bene-
fícios para a sociedade, pois promove a criação de crianças mais
seguras, protegidas da violência, com mais sucesso e capacida-
de de lidar com as tensões da vida com maior facilidade do que
aquelas com um pai ausente ou sem qualquer modelo de mas-
culinidade saudável para se espelhar.
Além disso, uma paternidade ativa, bem como o estímulo ao cuidado, pode ser
utilizada como uma forma de aproximar e inserir os homens na agenda dos serviços
de saúde da APS. A aproximação dos homens por meio do planejamento familiar,
do período pré-natal e da puericultura atua como uma “porta de entrada positiva”,
89
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
podendo ser utilizado para a promoção da atenção integral à saúde desses homens,
melhorando a qualidade de vida e a saúde familiar (BRASIL, 2018a).
Mediante a isso, no próximo item vamos conhecer algumas formas e exemplos de
como promover a paternidade ativa nos serviços da APS.
REFLEXÃO
90
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
91
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
92
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
93
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
• Instruir a parceria sobre o que fazer nas situações em que pode e quer par-
ticipar, como ajudar a vestir a mãe, acomodar seus pertences, apoiá-la emo-
cionalmente, fazer contato físico, entre outros.
•O
riente a parceria para entrar em contato com seu filho o mais cedo possível:
cortar o cordão, segurá-lo, pesá-lo, acompanhá-lo em procedimentos, etc.
Além dessas orientações específicas, o Programa P também recomenda a sensibi-
lização de gestores e profissionais de saúde para a criação de protocolos, indica-
dores e metodologias que possam avaliar o envolvimento e a participação dos pais
ou parcerias. Para isso disponibiliza no manual do programa um guia para ser
utilizado na avaliação sobre a paternidade nas unidades de saúde, para os momentos
do pré-natal, parto e pós-parto por meio de questões básicas e norteadoras para
os profissionais da saúde, como:
94
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Mediante isso, a estratégia Unidade de Saúde Parceira do Pai apresenta como eixo
norteador os 10 Passos para ampliar a participação do pai e parcerias nas políticas
públicas:
1. Preparar a equipe de saúde.
2. Incluir pais/parcerias nas rotinas dos serviços.
3. Incluir pais/parcerias no pré-natal, parto e pós-parto.
4. Incluir pais/parcerias nas enfermarias.
5. Promover atividades educativas com os homens/parcerias.
6. Acolher e cuidar dos homens/parcerias.
7. Preparar o ambiente.
8. Dar visibilidade ao tema do cuidado paterno.
9. Criar horários alternativos.
10. Fortalecer a rede de apoio social.
95
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
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EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
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EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
sejam aprimorados os vínculos afetivos familiares dos usuários por meio dos
serviços ofertados pela equipe (BRASIL, 2009a).
Neste sentido, o pré-natal busca destacar
a importância do envolvimento conscien-
te e ativo de homens/parcerias nas
diversas ações que compõem o planeja-
mento reprodutivo. Além disso, de forma
concomitante, o pré-natal da parceria
pretende ampliar e qualificar o acesso
dos homens aos serviços de saúde da
APS. Ele visa ser uma das principais
portas de entrada para os homens nos serviços da APS, para que sejam realizadas
ações de prevenção, promoção, autocuidado e adoção de estilos de vida saudáveis
com este grupo populacional (BRASIL, 2016b).
Para isso, deve-se estimular a reflexão constante sobre as construções sociais de
gênero na sociedade, valorizando os diferentes arranjos de família como os casais
homossexuais, pais solteiros, adolescentes, idosos e também homens que fazem
a função paterna como avós, tios, amigos, padrastos, entre outros.
Dentro das políticas públicas que estão relacionadas com esse processo destaca-
-se a Rede Cegonha, instituída no país em 2011 (BRASIL, 2011a, 2011b) que visa
desenvolver uma rede de cuidados para que a mulher tenha direito e acesso a um
planejamento reprodutivo, atenção humanizada à gravidez, parto e puerpério, ga-
rantindo à criança um nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudável.
Sendo assim, a rede se constitui como um espaço que propicia a inclusão e parti-
cipação ativa de pais e parcerias em todos os momentos, inclusive no pré-natal,
fomentando o trinômio parceria-mãe-criança.
98
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Lembre-se!
Nem sempre será possível ter uma relação de intimidade com os
pais/parcerias, sendo que isso se desenvolve com o tempo.
Lembre-se de que o acolhimento não é um momento fixo, mas sim
uma postura política, ética e empática na abordagem das famílias.
1
No primeiro contato, com postura acolhedora, deve-se incentivar o pai
ou parceria a participar das consultas de pré-natal e atividades educa-
tivas disponibilizadas no território. Informar que poderá tirar dúvi-
das e se preparar adequadamente para exercer o seu papel duran-
te a gestação, o parto e o pós-parto. Explicar a importância e
1º ofertar a realização de exames.
Passo
2
Solicitar os testes rápidos de sífilis, HIV, hepatites B e C e os exames de
rotina de acordo com a idade do homem/parceria e os fatores de
risco a que está exposto, bem como promover o acesso a exames e
aconselhamento para as infecções sexualmente transmissíveis e
outras doenças prevalentes na comunidade visando reduzir os
2º impactos dessas doenças na população adscrita.
Passo
99
Verificar e realizar a vacinação da parceria conforme situação atual,
visando a prevenção de doenças. Além disso, manter o Cartão de
Vacinação do pai ou parceria atualizado durante o período gestacio-
1
tivas disponibilizadas no território. Informar que poderá tirar dúvi-
das e se preparar adequadamente para exercer o seu papel duran-
te a gestação, o parto e o pós-parto. Explicar a importância e
1º ofertar a realização de exames.
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Passo
1
2
No primeiro contato, com postura acolhedora, deve-se incentivar o pai
Solicitar os testes rápidos de sífilis, HIV, hepatites B e C e os exames de
ou parceria a participar das consultas de pré-natal e atividades educa-
rotinaLembre-se!
de acordo com a idade do homem/parceria e os fatores de
tivas disponibilizadas no território. Informar que poderá tirar dúvi-
riscoLembre-se
a que estádeexposto, bem
respeitar os como promover
protocolos o acesso a exames e
das e se preparar adequadamente para estabelecidos
exercer o seu pelo
papelMinis-
duran-
aconselhamento
tério para
da Saúdeo para as infecções sexualmente transmissíveis e
te a gestação, partoaesolicitação desses
o pós-parto. exames.
Explicar Ao identificar
a importância e
1º outras
alguma doenças prevalentes
alteração na
nosdeexames comunidade visando reduzir ose
oferecer cuidado, tratamento
2º ofertar a realização exames.
Passo impactos dessas doenças
acompanhamento na população adscrita.
para a parceria.
Passo
2
3
Solicitar os testes rápidos de sífilis, HIV, hepatites B e C e os exames de
Verificar e realizar a vacinação da parceria conforme situação atual,
rotina de acordo com a idade do homem/parceria e os fatores de
visando a prevenção de doenças. Além disso, manter o Cartão de
risco a que está exposto, bem como promover o acesso a exames e
Vacinação do pai ou parceria atualizado durante o período gestacio-
aconselhamento para as infecções sexualmente transmissíveis e
nal, dando continuidade aos cuidados com os homens após este
outras doenças prevalentes na comunidade visando reduzir os
2º período. Estimular a participação no processo de vacinação de
3º impactos dessas doenças na população adscrita.
Passo toda a família, em especial da gestante e do bebê.
Passo
4
3
Verificar e realizar a vacinação da parceria conforme situação atual,
Manter durante todas as consultas e atividades realizadas na APS a opor-
visando a prevenção de doenças. Além disso, manter o Cartão de
tunidade de escuta e criação de vínculo dos homens/parcerias e profis-
Vacinação do pai ou parceria atualizado durante o período gestacio-
sionais da saúde para tirar dúvidas e realizar orientações sobre rela-
nal, dando continuidade aos cuidados com os homens após este
cionamento com a parceria, atividade sexual, gestação, parto e puer-
4º período. Estimular a participação no processo de vacinação de
3º pério, aleitamento materno, prevenção da violência doméstica.
Passo toda a família, em especial da gestante e do bebê.
Passo
4
Informar sobre os direitos das mulheres de permanência de acompanhan-
Manter Lembre-se!
durante todas as consultas e atividades realizadas na APS a opor-
5
te no pré-parto, parto e puerpério, bem como incentivar o pai ou parceria
tunidade de escuta e criação
O envolvimento de vínculo dososhomens/parcerias e profis-
a participar e dialogar ecom
a colaboração
a mãe sobreentre parceiros e
a possibilidade para o cuidado
forma da sua
sionais
comdaasaúde para
gestação e tirar
a dúvidas
criança e realizar
podem ocorrerorientações sobre rela-
independentemente
participação. Trazer exemplos para estimular e encorajar o pai ou par-
cionamento com a deparceria, atividade afetivo.
sexual, gestação, parto e puer-
4º ceriada existência
a cortar relacionamento
ou clampear o cordão umbilical; Sempre
levar consulte
o recém-nascido a
pério, aleitamento
gestante para sabermaterno,
qual a prevenção
melhor da violência doméstica.
abordagem.
Passo ao contato pele a pele; incentivar a amamentação; dividir os cuidados
da criança com a mãe, entre outros. Lembre-se sempre de apresen-
5º tar aos futuros pais/parcerias os benefícios de participar do parto.
Passo
Informar sobre os direitos das mulheres de permanência de acompanhan-
5
te no pré-parto, parto e puerpério, bem como incentivar o pai ou parceria
a participar e dialogar com a mãe sobre a possibilidade e forma da sua
participação. Trazer exemplos para estimular e encorajar o pai ou par-
ceria a cortar ou clampear o cordão umbilical; levar o recém-nascido
ao contato pele a pele; incentivar a amamentação; dividir os cuidados
da criança com a mãe, entre outros. Lembre-se sempre de apresen-
5º tar aos futuros pais/parcerias os benefícios de participar do parto.
Passo
100
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Ainda considerando esse passo, no caso de gestações de alto risco, com possibili-
dade de a criança nascer prematura ou com baixo peso, possibilitar que os pais/
parcerias conheçam a unidade neonatal da maternidade em que será realizado o
parto.
FECHAMENTO DA UNIDADE
Nesta unidade, você aprofundou seus estudos sobre a paternidade ativa, conhe-
cendo alguns aspectos históricos e das relações de gênero, bem como ferramen-
tas de inclusão e participação dos homens/parcerias em todas as etapas do plane-
jamento reprodutivo, da gestação, do parto, do pós-parto e do desenvolvimento
infantil. Além disso, você aprendeu sobre a promoção de uma paternidade ativa,
por meio do pré-natal dos parceiros e seu passo a passo indicado para uma
abordagem adequada no contexto da APS.
101
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Encerramento do módulo
Neste módulo estudamos a importância de reconhecer as particularidades na
atenção à saúde do homem, os dados coletados ao longo dos anos, as políticas
públicas direcionadas ao tema e como aprimorar a abordagem e o acolhimento
dessa população na APS. Também identificamos as ocorrências mais frequentes e
formas de aproximá-los aos serviços de saúde.
Vimos diferentes questões e conceitos, desde como funcionam as relações de
gênero e masculinidades até a promoção da paternidade ativa. Ao aprofundar seus
conhecimentos sobre o tema, em prol de fortalecer a participação social dos homens
no SUS, é possível facilitar e promover um maior acesso deles ao autocuidado e às
suas necessidades específicas.
Esperamos que este conteúdo impulsione você na melhoria e no aprimoramento
do seu cotidiano de trabalho na atenção à saúde dessa população na APS.
102
EIXO 03 | MÓDULO 10 Saúde do homem
Referências
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dad activa y la corresponsabilidad en el cuidado y crianza de niños y niñas. Para
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em: https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/02/16/internas_
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Health Organization, 2002.
109
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Professional Version. 2020. In: PDQ Cancer Information Summaries [Internet].
Bethesda (MD): National Cancer Institute (US), 2002. Disponível em: https://www.
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111
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WATSON, E.; JENKINS. L.; BUKACH, C.; AUSTOKER, J. The PSA test and prostate
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mes, 2002. Disponível em: http://www.cancerscreening.nhs.uk/prostate/information-
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113
Biografia dos conteudistas
Flávia Henrique
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2003), residência em Medicina de Família e Comunidade (2006), mestrado
em Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006), Pós-
-graduação no Curso de Qualificação de Gestores do SUS (2010) pela ENSP,
Especialização em Apoio Institucional pela UNICAMP (2013) e doutorado em
Saúde Pública pela ENSP (2017). É servidora efetiva da Prefeitura Municipal de
Florianópolis desde 2006, supervisora dos médicos do Mais Médicos desde
2014 e Professora efetiva da UFSC Araranguá desde 2016. Atuou como pro-
fessora substituta da UFSC por dois anos (2007/2009). Trabalhou como
apoiadora institucional descentralizada do Departamento de Atenção Básica/
Ministério da Saúde (2012/2016). Atuou como Gerente de Atenção Básica do
município de Criciúma (2016/2018). Tem experiência na área de Saúde da
Família e Saúde Coletiva, com ênfase em Avaliação, Planejamento e Gestão,
atuando principalmente nos seguintes temas: sus, avaliação na atenção
básica, programa saúde da família, medicina de família e comunidade, plane-
jamento, gestão pública e docência em saúde.
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/9464910409500247
Giovana Bacilieri Soares
Médica de Família e Comunidade, mestre em Saúde Pública UFSC (2009).
Especialização em Preceptoria de Residência Médica no SUS - Hospital Sírio-
-Libanês (2016). Residência médica em Medicina de Família e Comunidade
UFSC (2006).
Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/1802452690555389
115
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MÓDULO 10
Saúde
do homem
REALIZAÇÃO
Ministério da Saúde
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
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