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posa de Lutero
Valdecélia Martins
SUMÁRIO
Capa
Créditos
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
2 — A TEOLOGIA DA FEMINILIDADE
A questão da igualdade
A missão da mulher
3 — A ESPOSA DE LUTERO
Seu nascimento
Acesso à fé reformada
A fuga do convento
Seu casamento
Vida familiar
Cuidados de esposa
Vida de devoção
Catarina e a maternidade
A morte de Lutero
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
SITES PESQUISADOS
Nossos livros
Mídias
A Feminilidade Bíblica e a Esposa de Lutero
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios sem per-
missão por escrito dos editores, salvo em breves citações, com indicação de fonte.
Para além disso, o Feminismo faz parte de uma agenda muito mais peri-
gosa que é o Marxismo Cultural8, que é um desdobramento do marxismo,
cujo objetivo fundamental é destruir a família, a religião, o gênero e a raça.
(….) O feminismo é uma estratégia comunista criada com o propósito de minar a
família e todas as outras instituições tradicionais de modo a que a relação primá-
ria que os indivíduos passem a ter seja com o Estado. (….) Ao destruir o casa-
mento, criando um fosso entre os homens e as mulheres, alienando os pais para
longe dos seus filhos, dissolvendo a autoridade paterna, chegando mesmo a dis-
solver a própria família, as barreiras para o controle estatal de todas as pessoas
são removidas. Paul Elam.9
Porém, não são apenas questões como estas que tornam o Feminismo
ilegítimo, mas também, e principalmente, por ser ele fundamentado no con-
ceito de que a mulher não precisa do homem. Na década de 1970, a famosa
feminista Glória Steinem14 disse: “Uma mulher precisa de um homem, assim
como um peixe precisa de uma bicicleta”. Esse conceito de emancipação fe-
minina nasceu com o pecado e foi desenvolvido no Éden, quando a mulher
passou à frente de seu marido e este não assumiu a função de liderança que
lhe fora dada por Deus (Gn 3.6-7). Quando o Feminismo em sua ideologia, e
através de suas militantes, menosprezam os homens, o casamento e a família,
estão negando uma verdade fundamental da criação e rejeitam o princípio da
feminilidade revelado na função de complementariedade. O pecado não só
trouxe uma inversão de papéis, como também deteriorou na mulher esta fun-
ção que o Senhor lhe concedeu na criação. A compreensão dessas verdades
leva-nos a um posicionamento alinhado com o padrão bíblico.
A Reforma Protestante fundamentou-se, essencialmente, na volta a este
padrão bíblico, não apenas no que se refere à visão sobre as mulheres, mas,
sobretudo, um retorno às Escrituras como fundamento do viver cristão e um
melhor entendimento da relação do pecador com seu Salvador, não como
uma “nova doutrina”, mas como um redescobrimento dos ensinos apostóli-
cos. A Reforma Protestante, por assim dizer, foi um retorno à doutrina bíbli-
ca.
A DOU TRI NA BÍ BLI CA DA RE FOR MA
sola fide (somente a fé): afirma a doutrina bíblica de que a justificação é pela
graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em
Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da per-
feita justiça de Deus (Ef 2.8).
Deus ficou satisfeito com tudo que fizera (v.31) 2) Homem e mulher são pecado-
res: a Bíblia é clara na afirmação de que tanto o homem quanto a mulher são cul-
pados diante de Deus. Conforme Rm 3.23 “todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus”. Em I Tm 2.14 a Bíblia diz que Adão não foi enganado quando
pecou, mas a mulher, sendo enganada caiu em transgressão. Isso não coloca um
em condição diferente do outro no que tange ao pecado, mas elucida a forma
como cada um foi induzido ao pecado.
a maternidade, definida antes da queda, agora seria com dores; a submissão, es-
tabelecida no papel de auxiliadora, agora seria com um conflito “seu desejo será
para o seu marido e ele te governará” (Gn 3.16).
Parte do juízo de Deus direcionado a Eva dizia que o seu desejo seria o
de “passar à frente do seu marido”, conforme o v.16, contudo, Adão domina-
ria sobre ela. A autoridade do homem sobre a mulher continuaria assim como
foi desde o começo, mas agora haveria uma luta pecaminosa entre o homem e
a mulher (esposo e esposa). A batalha dos sexos existe por causa do pecado.
O que antes havia sido um alegre cumprimento de papéis, tornou-se um jogo
de poder para obter o controle. Ver I Co 11.3,7-9,11-12 “Cristo é o cabeça
de todo homem e o homem cabeça da mulher…”.
Na ordem da criação não há sobreposição de valores enquanto seres cri-
ados, fomos igualmente criados por Deus, somos iguais e pessoalmente cul-
pados diante de Deus, mas nossos papéis são diferentes. Não se trata de capa-
cidade ou de habilidade. Comprovadamente podemos afirmar que, há mulhe-
res que são capazes de exercer atividades que são próprias aos homens, inclu-
sive aquelas que não exigem força física, mas que se deve ser considerado
não é a questão de capacidade, mas de especialidade, e o que não se pode dei-
xar de observar é o princípio estabelecido por Deus desde a criação.
As influências do feminismo geralmente são muito sutis, mas essa guer-
ra nascida no Éden insiste e persiste em todo o tempo até os nossos dias. Nem
sempre nos damos conta, mas o feminismo sutilmente influencia nosso dia a
dia, nossa maneira de administrar nosso lar, criar nossos filhos, a nossa ma-
neira de vestir, nossas relações conjugais e até mesmo nossa teologia.
Sem muito esforço, olhamos para a história e percebemos o quanto as
mulheres avançaram em suas conquistas ao longo do tempo. São notórias e
merecidas as conquistas sociais que lhes foram sendo outorgadas. A própria
Reforma contribuiu para que muitas mulheres dessem som às suas vozes e,
como sugerem alguns historiadores, saíssem do papel de apenas procriadoras
para se tornarem autoras de uma história que ainda não tinham escrito. As-
sim, cada vez mais, a figura feminina tem ocupado espaços significativos na
sociedade, em diversos níveis, quer seja na função de liderança ou não, nos
mais diversos setores e organizações. Não é o objetivo aqui ratificar esse
comportamento, mas, faz-se necessário considerar o expressivo aumento de
mulheres com depressão e outras doenças de origem emocional, nos fazendo
perceber que é possível que haja algo errado, pois, apesar de todas as con-
quistas registradas, a realização, contentamento e liberdade que, desde o Éden
foi almejada e até mesmo pleiteada, ainda não foi alcançada. Se tais conquis-
tas pessoais fossem realmente determinantes para a realização e alegria femi-
nina, o curso da história seria diferente. Tudo nos indica que alguma coisa
ainda não está funcionando bem, parecendo haver um desalinhamento do que
se tem experimentado com o plano original do Criador. Na criação o Senhor
Deus deu um papel, uma função à mulher. Não cabe ao ser criado determinar
o que quer ser, o sentido da nossa existência não é uma decisão nossa, mas de
Deus, que conferiu à mulher um papel específico para a Sua glória, e somente
com a compreensão desta função é que vamos saber atuar com excelência e
contentamento na família, na igreja e na sociedade.
A compreensão dessa verdade foi evidencia na vida de Catarina von
Bora. É possível olhar para sua história e perceber que ela compreendeu sua
identidade em Cristo e o seu papel igreja, na sociedade, na família e sobretu-
do na vida do reformador Lutero. Conhecer um pouco da sua vida pode nos
fazer perceber como a vida de uma mulher comum pode contribuir grande-
mente para que os planos e a glória de Deus se manifestem na história.
M uito do que se sabe sobre Catarina von Bora resume-se ao fato de ela
ter sido uma freira, e por vezes acrescenta-se a esse fato que era uma
“freira fugitiva”. É injusto pensar sobre essa grande mulher apenas assim. Há
muito de sua vida, seu caráter e serviço cristão que constituem, sem dúvida,
um grande legado às novas gerações. Mais que uma freira, foi uma esposa
amorosa e dedicada a um grande homem que, sozinho, enfrentou todo poder
da igreja na Idade Média. Mais que uma “fugitiva”, foi alguém que movida
pela fé na verdade que abraçou, moveu-se do seu estado de clausura e buscou
viver de acordo com o que havia aprendido. Se, de fato tivéssemos que des-
crever essa preciosa mulher, usaríamos outros adjetivos como admirável, ini-
gualável, ao invés de “freira fugitiva”, seria “serva dedicada e corajosa”.
Não é o objetivo aqui laborar na tentativa de exaltar a pessoa de Catarina
von Bora, como se tivesse sido ela infalível. Isso seria uma falácia. Todavia,
considerando o que se tem registrado sobre sua vida, reportamo-nos a ima-
gem de uma mulher sábia, nos padrões de Provérbios 31.10-31 “...Estende as
suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca. Abre a sua mão ao pobre, e
estende as suas mãos ao necessitado. Não teme a neve na sua casa, porque
toda a sua família está vestida de escarlata…”
Como qualquer uma de nós, Catarina foi passível de erros e pecados, no
entanto, sobressaiu em sua história de vida, sua entrega abnegada ao Senhor.
Ressalta-nos, ao conhecermos sua história, que sua dedicação diária e contí-
nua era para que o Senhor e unicamente o Senhor, fosse glorificado. “Temos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja
de Deus, e não de nós.” ( II Co 4.7)
SEU NASCIMENTO
Enquanto que, dentro do convento a vida parecia seguir seu ritmo natural de
normas e ritos, fora, a história tomava um curso mais intenso e tenso. Catari-
na estava agora com 16 anos e também já havia se tornado freira católica da
ordem monástica cisterciense em Nimbschen, na Alemanha. Embora estives-
se limitada à monótona vida do convento, sua mente galgava mais conheci-
mento que ultrapassava os muros que a rodeava. Mesmo ali no convento, já
se ouvia falar de Martinho Lutero, o doutor da Divindade na nova Universi-
dade de Wittenberg. Fora dali seus ensinos mostravam que a justificação é
pela graça mediante a fé, não sendo necessárias as obras e os sacrifícios para
alcançar a salvação, invadiam as casas e as vidas das pessoas. Lutero já esta-
va bem próximo de onde vivia Catarina, em Grimma, cerca de 52 Km de dis-
tância. O relato de seus sermões pregados nas igrejas começava a se expandir
e não demorou para que seus ensinos também adentrassem aos muros do con-
vento, provocando assim uma revolução de dentro para fora daqueles muros.
A maioria dos cultos naqueles dias papais não passavam de procissões,
cantos de coro e sacramento vazios e sem sentido, os sacerdotes usavam os
sermões para entreter o povo com lendas insensatas. Mas agora, o conheci-
mento das doutrinas bíblicas trazia novo sentido a muitos daqueles que outro-
ra viviam na clausura da religiosidade imposta pela igreja de Roma e seus sa-
cerdotes. Estes ensinos alcançaram uma freira chamada Madalena von Stau-
pitz, que estava profundamente convencida pelas doutrinas reformadas. Ela
recebeu alguns escritos de Lutero, que entraram cladestinamente no convento
e decidiu compartilhar secretamente com oito de suas amigas de monastério,
Catarina era uma delas. Em meio aos bordados e cultivo das ervas medici-
nais, estavam os estudos das doutrinas pregadas por Lutero. Isso levou-as a
concluir que poderiam servir a Deus e serem livres, poderiam casar, ter filhos
e família. A partir daí esse pequeno grupo de freiras manteve-se mais atento
às notícias eclesiásticas do mundo exterior. Foi assim, lendo os ensinos de
Lutero sobre a Bíblia que Catarina conheceu a verdadeira liberdade mesmo
ainda enclausurada, conheceu a bondade de um Deus gracioso, seu amor in-
condicional e libertador.
A essa altura o Papa Leão X, no intuito de levantar fundos para a cons-
trução da Basílica de São Pedro em Roma, enviou para a Alemanha, um ho-
mem chamado Tetzel para vender “indulgências” — que nada mais eram do
que a venda de perdão e absolvição de pecados, ou seja, por meio da compra
de um pedaço de papel assinado por uma autoridade eclesiástica, poderia se
ter todos os pecados perdoados, até mesmo os futuros, bastava ter dinheiro.
Conta-se a tradição que Lutero, no local onde exercia seu sacerdócio junto a
Igreja romana, foi confrontar um homem que vivia uma vida dissoluta de pe-
cados, e este homem, sendo exortado por Lutero, ufanou-se de haver compra-
do o perdão de todos os seus pecados, não precisando de pleitear mais por
uma vida santa e mostrou-lhe sua carta de indulgência. Isso deixou Lutero
profundamente irritado e disse-lhe que aquele papel não tinha valor aos olhos
de Deus, pois o verdadeiro perdão vinha de Deus por meio do arrependimen-
to verdadeiro.
Situações iguais a esta e muitas outras semelhantes, levaram Lutero a es-
crever 95 razões em que refutava veementemente a venda de indulgência, de-
clarando-as inúteis. Ele fixou suas teses na porta da principal catedral cons-
truída em Wittenberg, onde se reuniam um grande número de fiéis, às véspe-
ras do dia de todos os santos, em busca do perdão dos pecados por meio da
compra das indulgências. Era 31 de outubro de 1517. Este não deveria ter
sido um motivo de perseguição, nem havia intenção de iniciar uma nova igre-
ja, ou uma nova ordem, Lutero estava apenas, mediante a Escritura, manifes-
tando sua opinião e seu descontentamento com os falsos ensinos que a igreja
onde servia havia abraçado.
Mas, em pouco tempo, graças à nova arte de imprimir, a partir da desco-
berta da Imprensa por Gutenberg, assegurou a rápida disseminação das novas
ideias do Reformador Martinho Lutero. O papel fora levado para a imprensa
e logo inúmeras cópias espalharam-se por toda a Europa, e já não se falava
em outro assunto. Era inevitável, a Reforma Protestante estava acontecendo e
transformava o mundo da época.
A FUGA DO CONVENTO
Embora Catarina e suas amigas já não fossem as mesmas diante do que havi-
am aprendido, a vida dentro do convento seguia normalmente, porém, fora
dali a vida de Lutero tornava-se um reboliço. Ele mesmo não tinha intenção
de romper com a Igreja de Roma, em seu romantismo acreditava na reforma
da igreja, mas a realidade era bem diferente. No ano de 1520 fora condenado
pela bula papal Exsurge Domine, contudo, foi lhe dado uma oportunidade de
se retratar perante o Clero numa assembleia conhecida como Édito de Worms,
ocorrida em 27 de janeiro de 1521. Martinho Lutero compareceu à assem-
bleia e diante de todos recusou-se a retratar-se e reafirmou que não reconhe-
cia qualquer outra autoridade senão a Bíblia, a única Palavra de Deus, e, sen-
do forçado a negar seus ensinos, teve a coragem de reafirmá-los e ainda
acrescentou: “Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus
me ajude!” A partir daí ele foi declarado herege pela igreja e tornou-se fugiti-
vo. Sua atitude emocionou a Alemanha e toda a Europa, pois, sozinho, havia
conseguido desafiar o Papa.
Catarina agora tinha 18 anos e todos esses acontecimentos haviam mexi-
do com ela. Sendo ela já uma mulher adulta e com tantos conhecimentos ad-
quiridos, passou, juntamente com suas amigas, a ter novas perspectivas de
vida, pois agora conheciam a graça de Deus! Mediante tudo isso, decidiram
romper com a vida monástica, queriam ser realmente livres do peso da religi-
osidade para gozarem a verdadeira vida cristã que haviam conhecido através
do Evangelho. Inicialmente, cada uma escreveu aos seus familiares, dividin-
do com estes os sonhos e as expectativas de liberdade. No entanto, nenhuma
atitude fora tomada, no sentido de elas serem retiradas do convento por parte
de seus familiares. Mas elas não desistiram e buscaram outro meio para sair
da clausura.
Martinho Lutero, que era agora notícia em todos os lugares, perseguido,
mas também ovacionado por muitos, havia se tornado a inspiração do poder
de luta dessas jovens noviças. Mas, por onde andaria a essa altura? Ele, sim-
plesmente, havia desaparecido! Por dez meses nada se sabia acerca dele. Na
verdade, seus amigos, temendo por sua vida, o esconderam no Castelo de
Wartburg. Lutero ali ficou, longe das trincheiras onde se travavam as batalhas
que o queriam fazer calar para sempre. Contudo, este não foi para ele um
tempo ocioso de medo e dúvidas. Este foi um período de muita produtivida-
de, no qual dedicou-se a traduzir o Novo Testamento para o Alemão. Em se-
tembro de 1522, ele reaparece com sua primeira tradução impressa e colocada
à disposição do povo.
Mediante o acalmar da situação, Lutero reaparece no cenário dos aconte-
cimentos e o grupo de freiras, agora encabeçado por Catarina, decidiram es-
crever-lhe uma carta pedindo ajuda. A própria Catarina redigiu a carta. Marti-
nho Lutero tomou conhecimento da condição delas e decidiu ajudá-las a fugir
do convento.
Para pôr em ação o plano de fuga, pediu a ajuda de um amigo comerci-
ante de Torgau, que tinha acesso ao convento quando ali ia levar alimentos.
Seu nome era Leonardo Koppe. Então, em 14 de abril de 1523, Catarina e
suas amigas, 12 noviças, aguardavam para fugir para longe dos muros do
convento, rumo à uma nova vida. Viajaram agachadas em um barril de pei-
xes, lutando corajosamente pela verdade que agora conheciam, passando pela
cidade de Grimma, levando-as até Torgau, a qual ficava cerca de 52 Km de
Nimbschen, de onde saíram.
Do pequeno grupo de noviças fugitivas, três voltaram para suas famílias
e nove seguiram viagem para Wittenberg, situada cerca de 50 km de Torgau,
e ali foram bem recebidas. Eles procuraram por famílias que pudessem aco-
lhê-las e depois de um tempo, algumas delas casaram-se, tiveram filhos, ar-
ranjaram emprego, todas ajudadas por Martinho Lutero e Filipe Melanchthon.
Cada uma delas foi se arranjando na nova vida, e, em dois anos após a fuga,
todas já haviam encontrado seu caminho, exceto Catarina. Ela permaneceu
um tempo na casa de Lucas Cranach, o pintor que fez o seu famoso retrato e
tornou-se uma grande amiga de Barbara Cranach.
SEU CASAMENTO
Sua amizade pelo marido iniciou desde que ouvira falar a seu respeito, quan-
do ainda estava no convento e sua admiração por ele aumentava a cada dia ao
ler seus escritos e ao vê-lo palestrar ou pregar.
Durante sua vida Lutero sofreu com muitos transtornos decorrentes de
sua vida anterior de austeridade e em parte pelos seus trabalhos excessivos.
Catarina cuidava de seu marido com dedicação monástica; sempre fazia uso
de seus conhecimentos de medicamentos à base de plantas, aprendido no con-
vento, para aliviar suas dores nervosas. Ela também tinha que lidar com as
constantes perdas de humor dele, quando se entregava à tristeza profunda. Ás
vezes escrevia secretamente para o seu amigo, Justus Jonas20, que sabia, por
vezes, como restaurar a alegria e o ânimo a Lutero, usando um pouco de brin-
cadeira e assim, aliviando a pesada nuvem de tristeza que pairava sobre ele.
Conta-se que, em uma de suas profundas crises emocionais, Catarina, preocu-
pada com o estado depressivo em que definhava seu marido, tentou retirá-lo
do seu estado de angústia e prostração usando uma estratégia para atrair-lhe a
atenção. Resolveu aparecer diante dele vestida de preto, como se estivesse de
luto. Ao vê-la vestida daquela maneira, quis saber quem havia morrido, ao
que, apressadamente respondeu: “Deus. Deus morreu!”. Tentando recuperar-
se do susto, respondeu-lhe Lutero: “Mas, Deus não morre! O que você quer
dizer com isso?” Quando se deu conta que seu plano havia dado certo, Catari-
na disse-lhe: “Ah, é... Lutero! Olha, eu o vi tão cabisbaixo, triste e desanima-
do, que pensei que Deus tivesse morrido!”. Isso trouxe Lutero de volta à ra-
zão, permitindo-se sair do estado de tristeza que se encontrava, assimilando a
preciosa lição dada por sua sábia esposa. Lutero abraçou e beijou sua esposa
e em lágrimas agradeceu a Deus por sua companheira, por ela ter sido usada
como instrumento de restauração da sua fé e confiança da direção divina em
sua vida.
Catarina cuidou de Hans Lutero, seu primeiro filho, ao mesmo tempo
em que seu esposo passava por uma terrível depressão. Houve uma ocasião,
dois anos depois de seu casamento que Lutero ficou gravemente doente e,
apesar de todos os cuidados de sua bondosa esposa que dia e noite mantinha-
se dedicada a cuidar dele, sentia que iria morrer. Por precaução queria que
seus dois melhores amigos recebessem sua declaração de fé, para se proteger
das calúnias dos seus inimigos, caso anunciassem ao mundo, após a sua mor-
te, que ele havia se retratado da sua fé. Então, ele disse: “Onde está minha
querida Katy? Onde está o meu pequeno coração?”. Ela veio para o lado da
cama e ele abraçou a mãe e o bebê. “Ó meu querido filho,” ele disse com lá-
grimas: “Eu encomendo a Deus, você e sua boa mãe, minha querida Katy.
Vocês não têm nada, mas Deus vai cuidar de vocês. Ele é o Pai de órfãos e
viúvas… “, acrescentou depois, “você sabe que eu não tenho nada para dei-
xá-lo”. Mais uma vez Catarina encorajou-o, lendo algumas passagens das Es-
crituras, e, como para si mesma, disse: “Meu querido, se for a vontade de
Deus, então, eu preferiria que você estivesse com o nosso amado Senhor
Deus do que comigo. Mas não é tanto eu e meu filho que precisamos de você
como muitos cristãos devotos. Confio-vos à vontade divina, mas eu confio em
Deus, que ele, misericordiosamente irá mantê-lo”. Catarina não foi decepcio-
nada em sua esperança de recuperação do esposo. Nessa mesma noite, ele co-
meçou a sentir-se melhor.
VIDA DE DE VO ÇÃO
Catarina por sua devoção e amor a Deus havia desenvolvido um caráter cris-
tão que a aproximava do perfil da mulher sábia que a Bíblia descreve, era de-
vota na edificação de sua casa, priorizava o cuidado doméstico de sua família
e fazia disso seu serviço ministerial ao Senhor de sua vida.
Vê-se em Catarina uma esposa dedicada, entregue à missão de Deus
dada ao seu marido. Mesmo quando ele desvanecia em suas forças, devido à
suas enfermidades, ela mantinha-se firme e, com graça e sabedoria, soerguia
seu esposo para o lugar da sua missão. Regularmente ela se sentava ao seu
lado e lia a Bíblia para ele, edificando o seu coração.
Lutero dedicava as primeiras horas do seu dia à oração e estudo, e Cata-
rina tinha o cuidado de que ele tivesse esse tempo sem nenhuma perturbação.
Ela conciliava as tarefas da casa, de hospedagem, mãe, esposa com a árdua
tarefa de ajudá-lo na tradução das escrituras para o alemão. Ouvia os seus de-
sabafos e sabia que cada vez que ele saía para pregar, podia não o ver voltar,
pois quanto mais pregava, mais inimigos Lutero ganhava. Expandir o Reino e
as verdades bíblicas significava para Catarina poder ficar viúva. Mas ela sem-
pre o encorajava: “Deus cuidará de nós. Não tema! Pregue!” Ela realmente é
admirável. Sua postura permitia Lutero pregar livremente e arriscar sua vida
pela Verdade que defendia a custo da própria vida!
Contudo, Catarina possuía uma sensibilidade especial e usava isso para
o bem da família e do seu marido. Em certa ocasião, Lutero foi convidado
para o casamento de seu amigo Spalatin. Ela estava ansiosa com sua saída da
cidade para fora e implorou para ele não ir. Então ele escreveu: “As lágrimas
da minha Katy impedem que eu venha. Ela acha que seria perigoso”. Suas
“premonições” se mostraram corretas. Lutero tinha provocado o ressentimen-
to de quatro jovens nobres que perderam parte de sua herança, através de seus
pais, recebendo de volta suas irmãs resgatadas do convento de Freiberg. Des-
cobriu-se que esses homens tinham conspirado para tramar e assassinar Lute-
ro em seu caminho para o casamento.
C ATA R I N A E A M AT E R N I D A D E
Catarina von Bora deu à luz seis crianças: João (1526), Elizabeth (1527),
Magdalena (1528), Martin (1531), Paul (1533) e Margarete (1534). Ela che-
gou a ver seus filhos atingirem a idade adulta, alcançando posições de influ-
ência na sociedade, exceto aqueles que morreram na infância, que fora grande
sofrimento para o casal. Catarina e Lutero perderam duas filhas, a primeira
foi Elizabeth que morreu aos 8 meses de idade, e a segunda foi Madalena que
faleceu aos 13 anos. Quando Madalena adoeceu gravemente, Lutero orou:
“Senhor, eu amo muito a minha filha, mas seja feita a Tua vontade”. Ajoe-
lhando-se junto à cabeceira de sua cama, falou: “Madalena, minha menina,
eu sei que você gostaria de permanecer aqui com seu pai, e também sei que
gostaria de ir encontrar-se com o seu Pai no céu”. Ela, sorrindo, respondeu:
“Sim, papai, como Deus quiser”. Finalmente, depois de alguns dias, ela fale-
ceu em seus braços, e no seu sepultamento, Lutero disse chorando: “Minha
querida e pequena Lena, como você está feliz! Você ressurgirá e brilhará
como o Sol e as estrelas… É uma coisa esquisita — eu saber que ela está fe-
liz e em paz, e ainda assim, me sentir tão triste!”
Quanto aos outros filhos de Lutero e Catarina, foram todos guiados e
preservados por Deus, e, apesar da pobreza que se abateu sobre Catarina após
a morte de seu esposo, todos os seus filhos foram bem-sucedidos em suas vi-
das pessoais. O mais velho, Hans estudou Direito e tornou-se conselheiro de
estado do eleitor John Frederick II. O segundo, Martin, estudou Teologia. O
terceiro, Paul, era o mais talentoso, tornou-se um médico famoso, foi profes-
sor de Medicina da Universidade de Jena e mais tarde tornou-se um médico
da Corte. E, a quarta filha, Margareth casou-se com um rico prussiano21, um
grande admirador de seu pai e teve nove filhos. Alguns dos descendentes de
Lutero que ainda vivem, descendem de sua filha Margareth, dentre eles, Paul
Von Hindenburg, que presidiu a Alemanha de 12 de maio de 1925 a 2 de
agosto de 1934.
Catarina e Lutero eram pais diligentes, “disciplinando seus filhos, em
amor”. O lar deles era famoso pela vitalidade e felicidade ali reinantes e dessa
forma, tornou-se um modelo para as famílias cristãs alemãs por muitos anos.
Lutero considerava o casamento como a melhor escola para moldar o caráter
e a vida familiar, um método excelente e apropriado para treinar e desenvol-
ver as virtudes cristãs da firmeza, paciência, bondade e humildade.
O casal viveu em Schwarzes Kloster durante 20 anos com filhos, filhas,
familiares, estudantes, convidados, visitas, pessoas foragidas e também pes-
soas que trabalhavam com a família.
Eles cuidaram ainda de uma parente de Catarina e, em 1529, uma irmã
de Lutero faleceu. Então receberam em sua casa mais 6 crianças órfãs, que se
juntaram à família. Além dos familiares e de um cachorro de estimação, era
comum haver mais de 30 pessoas no mosteiro, entre hóspedes, viajantes em
trânsito e estudantes que costumavam receber ali, que pagavam pelos seus es-
tudos, ajudando no orçamento doméstico.
H O S P I TA L I D A D E , U M A M A R C A E M C ATA R I N A V O N
BORA
Catarina cultivava uma vida dada ao trabalho em que estava “atenta ao anda-
mento da casa e não come o pão da preguiça” (Pv 31.27). Lutero costumava
chamá-la de “a estrela da manhã de Wittenberg”, já que diariamente levanta-
va às 4 horas da madrugada para dar conta de suas muitas responsabilidades.
Com muita frequência, o reformador caía enfermo, e Catarina cuidava dele
não simplesmente como esposa, mas quase como enfermeira, devido aos
grandes conhecimentos médicos que possuía. Conhecimentos de medicina na
idade média era considerado muito importante; ela provavelmente possuía
uma rica farmácia doméstica, que contava com uma grande variedade de es-
pécies cultivada na sua horta.
Catarina tinha então, uma rotina diária bastante atarefada. Ela era uma
dona de casa no sentido exato que a palavra significada em seus dias. “Haus-
frau”24 ou “dona de casa” que significava ser a administradora de todos os
bens da família. Ela controlava o orçamento da família com muita dedicação
e sabedoria. Tinha uma horta, um orquidário, confeccionava material para
pescaria, e acabaram, posteriormente, adquirindo uma pequena fazenda em
Züllsdorf, onde criavam gado, galinhas e fabricavam cerveja caseira e ainda
alugou um açude para a criação de peixes. Ela, sem dúvida, contribuiu de for-
ma efetiva para a prosperidade da família e cuidava inclusive da produção in-
telectual do marido, pois era ela quem negociava com os editores sobre seus
escritos.
Catarina reformou o mosteiro e o administrou, o que veio a permitir que
Lutero gozasse de relativa paz e ordem em sua vida privada. Ela dirigia e ad-
ministrava as finanças da família, para que ele pudesse dedicar-se às tarefas
que essencialmente lhe competiam: escrever, ensinar e pregar. Ela foi uma
esposa dedicada e diligente, a quem Lutero frequentemente se referia como
“Kathe, minha patroa”.
Ela também gostava de ler e de bordar. Entretanto, sua vida não era so-
mente dedicada a coisas materiais. Seu marido a encorajava em seus estudos
bíblicos devocionais e sempre sugeria algumas passagens particulares para
que memorizasse.
Em termos de recreação, Lutero gostava de participar de jogos ao ar li-
vre com a família, e também apreciava os jogos de mesa, como o xadrez,
além de jardinagem e música.
A MORTE DE LUTERO
Lutero morreu no dia 18 de fevereiro de 1546. Ele havia feito de Catarina sua
única herdeira e responsável pelos filhos e filhas em seu testamento. No en-
tanto, esse desejo de Lutero não condizia com as leis da época, pois uma viú-
va necessitava de um tutor. O testamento de Lutero foi contestado e assim
Catarina perdeu o direito sobre muitos dos bens da família. O tempo de viu-
vez foi muito difícil, ela ainda viveu por mais 6 anos após a morte de seu ma-
rido, porém, no mesmo ano da morte de Lutero ela deixou Wittenberg e fugiu
para Dessau, devido à guerra smalkaldiana25. Uma grande peste se abateu so-
bre a cidade de Wittenberg e, em 1552, Katharina von Bora retirou-se com
sua filha Margarete para a cidade de Torgau, na Alemanha. Em direção a
Torgau, ela sofreu um acidente no caminho e foi jogada para fora da carroça,
ficando gravemente ferida. Ela não se recuperou e, em consequência deste
acidente, veio a morrer três meses depois, em 20 de dezembro de 1552. Antes
de morrer disse: “Vou me unir com meu Senhor e Cristo”. Ela foi enterrada
na Igreja de Maria, em Torgau.
CONTRIBUIÇÃO E LEGADO DE UMA MULHER DE
DEUS
Catarina von Bora, sem dúvida foi uma das figuras femininas mais importan-
tes da Reforma Protestante do Século XVI. Não que ela tenha praticado qual-
quer grande ato heroico, se envolvido pessoalmente em grandes controvérsias
ou sido martirizada em virtude da sua fé. Embora haja quem queira atribuir a
ela títulos de teóloga, doutora ou pregadora, um de seus biógrafos disse a seu
respeito: “ela não escreveu nenhum livro nem jamais pregou um único ser-
mão, mas seu inestimável auxílio possibilitou que seu marido fizesse tudo
isso como poucos na história da igreja”26.
Catarina teve oportunidade de se relacionar com a intelectualidade do
período da Reforma, pois, abrigava em seu pensionato em Schwarzes Kloster,
estudantes de várias regiões da Europa, além dos muitos hóspedes internacio-
nais, que vinham discutir com Lutero questões relativas à teologia e ao movi-
mento da Reforma que estava em curso. Como grande parceira que era de seu
marido, seguramente participou de muitas discussões e conversas teológicas
que aconteceram ao redor da mesa em sua casa com estudantes e reformado-
res, mas isso não conferiu a ela nenhum título ou posição diferente daquela
que a Teologia Reformada que Lutero pregava, dava-lhe.
Deseja frisar aqui, depois de tudo que já fora dito sobre esta grande mu-
lher, três aspectos de sua vida devotada a Deus:
A ajudadora idônea: Catarina demonstrou em sua vida que havia compreendi-
do seu papel ao lado de seu esposo como ajudadora idônea. Nota-se nos relatos
de sua vida e nos registros feitos por Lutero a seu respeito que ambos se comple-
tavam como uma equipe no papel de servir a Deus, à família e às pessoas. Não
se nota qualquer vestígio de competição ou de desagrado em Catarina em estar
debaixo da missão que Deus havia dado ao seu esposo.
20 Justus Jonas, o Velho (1493-1555) foi jurista, humanista, historiador, teólogo e re-
formador alemão. Foi tradutor da Bíblia e compositor de hinos. Teve papel significati-
vo na tradução do Velho Testamento, que fez parte da Bíblia de Lutero.
21 Natural da Prússia. O nome Prússia deriva dos prussianos. No século XIII, os cru-
zados alemães, os Cavaleiros Teutônicos, conquistaram os “prussianos”.
22 Emmanuel Levinas (905/ 1995), foi um filósofo francês nascido numa família ju-
daica na Lituânia.
23 Jacques Derrida (1930/2004), filósofo francês.
24 Hausfrau significa “dona de casa” em alemão. Mas hausfrau cuidava não apenas
da casa, mas de todos os bens da família.
25 Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer Bund, em alemão) era
uma aliança defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império Romano criada em
27 de fevereiro de 1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia
(atual Alemanha), onde foi proclamada. A liga foi fundada por Filipe I de Hesse e
João Frederico, Eleitor da Saxônia, que se comprometeram a defender-se mutuamente
caso seus territórios fossem atacados pelo imperador Carlos V. para poder desafiarem
a autoridade de Carlos com força militar.
26 Citando James I. Good em As grandes Mulheres da Reforma p.134
CONCLUSÃO
C atarina von Bora certamente foi uma mulher admirável em seu tempo;
uma esposa sensível e uma dona de casa aplicada, cujo legado e teste-
munho de vida ainda inspira mulheres deste século. Ela foi um grande apoio
para seu marido e proporcionou-lhe um ambiente familiar que lhe deu as de-
vidas condições de avançar nos estudos e ensino da doutrina bíblica. Como
Lutero mesmo disse a um amigo: “Minha querida Katy me mantém jovem e
em boa forma também (risos). Sem ela eu ficaria totalmente perdido. Ela
aceita bem minhas viagens e, quando volto, está sempre me esperando. Cui-
da de mim nas depressões. Suporta meus acessos de cólera. Ela me ajuda em
meu trabalho e, acima de tudo, ama a Jesus. Depois de Jesus, ela é o melhor
presente que Deus me deu em toda a vida”.
Um dia, já perto de sua morte, Lutero abraçou a esposa e, acariciando-
lhe o cabelo, disse: “Acredito que Deus tenha usado minha vida para mudar
a história da igreja, mas eu não poderia ter feito nada sem você. Se um dia
escreverem a história da Reforma da Igreja, espero e oro para que seu nome
apareça junto ao meu.” Tudo que Catarina falou ao ouvir isso foi: “Tudo que
tenho sido é esposa e mãe, e acho que uma das mais felizes de toda a Alema-
nha! ”
BIBLIOGRAFIA
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• A Confissão de Fé Belga
• O Catecismo de Heidelberg
• O Que Toda a Mãe Gostaria de Saber Sobre Disciplina Bíblica (Simone Quaresma)
• Os Cânones de Dort
• Perspectivas Sobre o Pentecostes: Estudos sobre o Ensino do Novo Testamento Acerca dos
Dons (Richard Gaffin)
• Por que Devemos Cantar os Salmos (Joel Beeke; Terry Johnson; Daniel Hyde)
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