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XX Jornadas sobre Alternativas Religiosas na América Latina

9 a 13 de agosto de 2022 IFCS/UFRJ - Rio de Janeiro - RJ

GT 20: Relações entre fenômenos religiosos, práticas e formas de


espiritualidades e o uso de substâncias psicoativas

Os Efeitos do Consumo Humano de Ayahuasca

Enzo Gutierres (UEL) e Ronaldo Lopes (UNOESTE)


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Resumo
A Ayahuasca é uma bebida de uso ritual fruto da decocção de um cipó e de uma folha
amazônica. Com o aumento do número de consumidores deste chá e de informações e
conceitos errôneos a respeito, o trabalho analisa tais situações de consumo, seus efeitos
fisiológicos e terapêuticos. Buscou-se descrever seus efeitos, expor e contextualizar seu uso
desde as etnias indígenas até a atualidade, apresentar as questões legais e identificar
possíveis efeitos terapêuticos. Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica, utilizado 16
textos datados a partir de 2003, em língua portuguesa, usando duas bases online, além de
um livro referência sobre o assunto. Conclui-se que os efeitos do consumo da Ayahuasca,
chá sem datação de origem, geram benefícios na conduta individual, na ampla saúde mental
e na expansão de âmbitos socioculturais dos consumidores, agregando grande sabedoria
ritualística e cultural. Inclusa exteriormente de sua naturalidade, o chá aduz questões de
legalidade social em busca de equilíbrio para todos os setores. De relevância concluinte, a
Ayahuasca age em estados de desequilíbrio da saúde humana, compreendendo
beneficiamento em inúmeros setores patológicos.

Palavras-chave: Ayahuasca; efeitos; culturas; legais; terapêuticos.

Abstract
Ayahuasca is a drink for ritual use resulting from the decoction of a vine and an Amazonian
leaf. With the increase in the number of consumers of this tea and information and
misconceptions about it, the work analyzes such consumption situations, their physiological
and therapeutic effects. We sought to describe its effects, expose and contextualize its use
from indigenous ethnic groups to the present, present legal issues and identify possible
therapeutic effects. This is a bibliographic review, using 16 texts dated from 2003, in
Portuguese, using two online databases, in addition to a reference book on the subject. It is
concluded that the effects of the consumption of Ayahuasca, tea with no date of origin,
generate benefits in individual behavior, in broad mental health and in the expansion of
sociocultural scopes of consumers, adding great ritualistic and cultural wisdom. Including
externally of its naturalness, tea raises questions of social legality in search of balance for all
sectors. Of concluding relevance, Ayahuasca acts in states of human health imbalance,
comprising improvement in numerous pathological sectors.

Keywords: Ayahuasca; effects; cultures; legal; therapeutic.


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Introdução

Ayahuasca é uma bebida de uso ritualístico, referida como chá, feita pela decocção
do cipó Jagube/ Mariri (Banisteriopsis caapi) e da folha da planta arbórea Chacrona/Rainha
(Psychotria viridis). Seu consumo em religiões como Santo Daime, a União do Vegetal e a
Barquinha fomenta pesquisas científicas em farmacologia, psicologia, psiquiatria,
antropologia, entre outras. Há necessidade de interpretação de seu uso nas culturas
indígenas, e em vários outros contextos da sociedade, com explicações dos efeitos de seu
consumo, e a possibilidade da utilização terapêutica em estados desequilíbrios da saúde
humana. Este trabalho tem o propósito de explicar, contextualizar e apresentar os estudos
sobre o tema.

Objetivos

Descrever os efeitos do consumo do chá Ayahuasca por humanos e contextualizar o


uso da Ayahuasca nas culturas indígenas que a utilizam e na sociedade brasileira atual,
apresentando questões legais do consumo com identificação de seus possíveis efeitos
terapêuticos.

Metodologia

Foi realizada revisão integrativa da literatura em língua portuguesa de trabalhos e


artigos científicos publicados entre 2003 e 2018, não pagos, com análise e interpretação de
dados obtidos de forma sintética, gerando uma conclusão. Foram utilizados os descritores
ayahuasca, benefícios, farmacologia, efeitos, psiquiatria, dependência química, malefícios,
toxicidade, psicologia, contraindicações, DMT e legalização. A literatura foi pesquisada
quanto aos efeitos do consumo humano e seus âmbitos abrangentes. Para busca foram
utilizadas as bases de dados Google Acadêmico e Scielo, além de livros.

A Ayahuasca na cultura xamânica originária

Para Rita Barreto de Sales Oliveira e Renilda Gonçalves do Amaral (2016), a história
da Ayahuasca é totalmente desconhecida uma vez que não há registros escritos na região
Amazônica após a invasão espanhola no fim do século XV. Tudo que há são vários mitos e
tradições orais passados por gerações. Todavia, um cálice de mais de 2.500 anos que foi
encontrado no Equador contém traços de Ayahuasca. Sabe-se que essa bebida é usada em
muitos países da América do Sul, inclusive Brasil, Equador, Venezuela, Colômbia, Peru e
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Bolívia, e por, no mínimo, 70 diferentes etnias indígenas das Américas. As tradições orais
dos povos ayahuasqueiros indígenas recebem vários tipos de versões sobre diversos mitos.
Observa-se entre os povos Makuna, Barasana, Tatuyo Kaxinawá e Ashananki uma rica
tradição mitológica constituída pelo consumo deste chá.
A Ayahuasca e substâncias similares são encontradas em um arco que vai das
nascentes do Ucayali às cabeceiras do Rio Negro, apresentando refinada farmacologia e
ricas cosmologias de 72 povos indígenas da Amazônia Ocidental dos troncos linguísticos
Pano, Aruák e Tukano. (MAURO ALMEIDA apud LABATE E ARAÚJO, 2009)
Segundo Luna (1986), a Ayahuasca além do xamanismo nativo exporta-se para
culturas de vegetalismo, uma forma de medicina popular à base de alucinógenos vegetais,
cantos e dietas feito por curandeiros de populações rurais do Peru e Colômbia mesclando
conhecimentos indígenas e esoterismo europeu.

A bebida, o ritual e as visões

Keifenheim apud Labate e Araújo (2009), explica que assim que o xamã do povo
anuncia que vai procurar cipós para preparo de Ayahuasca, a maioria dos participantes
prepara-se para a ocasião, cumprindo determinadas regras de dietas. Relata ainda:
Quanto aos ingredientes, distinguem-se três subtipos do cipó Banisteriopsis
caapi, que trazem o nome de xawan huni, baka huni e xane huni. Conforme
foi relatado, estes três tipos não se diferenciam externamente, mas sim de
acordo com o seu efeito. Alguns xamãs mencionam expressamente que
cada um desses tipos define as cores dominantes específicas, assim como
os motivos predominantes das visões por ele provocadas. Via de regra, o
Nixi pae primeiro é bebido por alguém experiente, que espera o início do
efeito da droga para então comunicar aos outros participantes de que tipo
de cipó se trata. O cipó xawen huni provoca, segundo diversas declarações
unânimes, visões de cor predominantemente vermelha (taxipa), dominadas
por motivos de sangue e fogo, consideradas as mais fortes e mais terríveis.
As visões provocadas pelo cipó xane huni são descritas como
predominantemente azul-verde (nanketapa) e relacionadas a imagens de
aldeias despovoadas. Em contrapartida, para as alucinações vaporosas-
esbranquiçadas (hene hexa) do cipó baka huni, frequentemente são
mencionados motivos de seca e de sede. As visões de serpentes são
consideradas – independentemente do tipo de cipó – como uma constante
de todas as experiências alucinógenas. Porém, cada tipo de cipó define a
cor na qual as serpentes são visualizadas. Conforme infere-se de diversos
relatos, as serpentes tanto podem aparecer em sua forma completa, quanto
na forma de língua de serpente enquanto atributo de outras aparições. Por
exemplo, ao se vislumbrar um pássaro nas visões xane huni, este aparece
com uma língua de serpente azul-verde, assim correspondendo à cor
dominante provocada pelo cipó xane huni.

Ott (1994) cita 98 espécies de 39 famílias de plantas que podem ser adicionadas à
Ayahuasca. Também se utilizam outras espécies do gênero Psychotria, tais como
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Psychotria cartagenensis, ou Diplopterys cabrerana (PIRES, A.P.S; OLIVEIRA, C.D.R;


YONAMINE, M. , 2010).
Segundo Luz (2009) a prática xamânica entre a etnia Yaminawá está absolutamente
ligada com o consumo da Ayahuasca, chamada por eles de “Shori”. É o Shori que possibilita
aos espíritos cantarem através do xamã. O canto xamânico, koshuiti, que propicia a cura,
está ligado ao shori. Para os Airo-pai, segundo Olschewski (1992) apud Luz (2009), o
consumo de Ayahuasca é de tal forma fundamental para a comunicação com os espíritos
que sem ingeri-lo o canto do xamã é inócuo, pois os espíritos não podem ouvi-lo.
Para Almeida (2009), xamãs e não-xamãs utilizam-se da Ayahuasca para transitarem
entre o mundo ordinário e a realidade verdadeira onde vivem os espíritos, como no sonho e
na morte; mas, ao contrário do que ocorre no sonho, de maneira controlada. As substâncias
psicoativas, portanto, possuem um papel, ao lado dos sonhos, de danças, do canto e de
outras técnicas, como operadores que modificam o corpo e a mente, tanto por exacerbar a
experiência sensível como ao abrir caminho para viagens no tempo e no espaço e revelar a
existência dos seres que habitam o mundo verdadeiro.
Entre os Ashaninka, também se verifica a crença de que a Ayahuasca proporciona
àquele que a toma a capacidade de ver os espíritos como eles realmente são, ou seja, em
sua forma humana. Somente quem bebeu Kamarampi (nome da bebida para esta etnia)
pode vê-los como humanos, seu aspecto verdadeiro (GERALD WEISS 1969 apud LUZ
2009).
O consumo de Ayahuasca, assim como do tabaco e da coca, alegra os
antepassados; a sucuri, o veículo dos ancestrais, é a mestra da mihi e de suas visões. A
Ayahuasca é o presente da sucuri e bebê-la é receber o coração desta, o coração da linha
de descendência e da fonte dos cantos e das visões. Sob o efeito da Ayahuasca tudo
adquire vida e seu aspecto exterior aparece como humano. As visões revertem o fluxo do
tempo. Ter uma visão causada pela Ayahuasca é como retornar à infância e mais ao
princípio do mundo antes da emersão da humanidade (IRVING GOLDMAN 1963 apud LUZ
2009).
Segundo Dolmatoff apud Couto (2009) a ingestão de Ayahuasca também é
considerada fundamental na preparação do indivíduo para a morte e está intimamente
ligada ao destino após a morte. É através da ingestão de Nixi pae que o indivíduo se dá
conta da separação que há entre o seu “bedu yuxin”, o espírito que vê, que tem consciência,
e o seu corpo. Sem isto, após a morte, o bedu yuxin fica louco e não consegue empreender
a viagem até a aldeia celestial.
Em contraposição, a razão alegada abertamente para o uso da Ayahuasca é ou
prevenir uma morte iminente, ou, no caso do xamã, para aprender o conhecimento usado
para prevenir futuras mortes (LUZ apud LABATE e ARAÚJO, 2009).
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Luciana Soares Gueiros da Motta (2013) assegura que ainda há um constante


estudo sobre os povos usuários da Ayahuasca, principalmente pelo fato de o utilizarem
como elemento de proteção e cura de inúmeras doenças. Tal ponto levantou
questionamentos a cerca desta nova função das substâncias ativas presentes na infusão.
Os povos utilizam o chá para curar doenças parasitárias e gastrointestinais comuns nos
trópicos. A Ayahuasca, vista pelos indígenas, tem a propriedade de limpar o indivíduo por
dentro, expelindo os restos de caça ingerida que é, acredita-se, aquilo que causa as
doenças (PETER GOW 1991 apud LUZ 2009).
A Ayahuasca é acima de tudo um purgante. A palavra purga é preferida pelos nativos
para definir o efeito de seu consumo. Tal efeito faz parte do processo de uma dramática
limpeza do organismo e ainda mais, uma limpeza dos sentimentos, das lembranças, dos
pensamentos e das vivências espirituais. A Ayahuasca é o veículo sagrado para ingressar
no mundo espiritual, mas ao mesmo tempo é o encarregando de limpar o viajante para que
possa ingressar em estado de pureza nesse mundo. Para os ocidentais, no entanto, estes
efeitos de purga (vômito, diarreia, sudorese, taquicardia, diurese aumentada entre outros)
são considerados como a prova de seu efeito tóxico. De forma paradoxal, para os nativos
esse mesmo efeito é considerado uma verdadeira desintoxicação ou limpeza. Muitas vezes,
se busca uma maneira de minimizar ou dissimular o clássico sabor amargo da condição
primordial para pôr à prova a vontade e a fé do indivíduo que comunga do sacramento
(ZUALAGA apud LABATE e ARAÚJO, 2009).

A cultura ayahuasqueira: desaparecimento e surgimento do consumo em povos

Luz (2009) afirma que aos diferentes grupos compartilharem um ambiente


semelhante, bem como certos traços culturais comuns, há a possibilidade de uma “área
cultural” ser caracterizada pelo uso da Ayahuasca.
Zualaga (2009) adiciona que por diversas razões estratégicas, geográficas e
históricas, os grupos indígenas do piemonte amazônico sul-americano puderam conservar e
manter suas práticas de xamanismo. Porém, com a colonização europeia, as tradições
ayahuasqueiras se tornaram importantes aspectos da cultura xamânica e da etnomedicina
cada vez mais em extinção.
Nas últimas décadas membros da Missão Suíça, atuante nas aldeias Kaxinawá da
região Purus-Curanja no Peru, durante vários períodos por ano, realizam projetos opositores
ao alucinógeno, por eles considerado como “obra satânica”. Essa influência tem provocado
uma redução maçante das sessões de Ayahuasca não só entre os Kaxinawá. Isto vem
ocorrendo em aldeias onde o próprio chefe ou xamã tornou-se cristão (KEIFENHEIM apud
LABATE e ARAÚJO, 2009). A Aldeia Guarani Águas Claras, localizada no litoral sul de
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Santa Catarina, passou por um processo de agregação da Ayahuasca em sua cultura afim
do resgate e da revitalização cultural do povo, através de uma equipe multidisciplinar de
médicos e religiosos. A própria aldeia tem uma visão ainda mais favorável a respeito dos
benefícios que essas práticas trouxeram para a comunidade. A realização das cerimônias
com Ayahuasca contribuiu para reverter a situação de perda cultural, resultando num
processo de “resgate”. Esse contribuiu para o reestabelecimento das relações de
compadrio, renovação do cultivo de plantas sagradas, redução da violência doméstica e do
abuso de álcool, e assim por diante. Porém, muitos Guarani, principalmente de outras
aldeias, não concordam com o uso da bebida, afirmando que se trata de “coisa de brancos”.
Na própria aldeia de Águas Claras, algumas famílias deixaram de participar das cerimônias,
e certas pessoas passaram a criticá-las. Entre os Guarani da rede das aldeias do litoral
catarinense, e mesmo entre os moradores de Águas Claras, não existe um ponto de vista
homogêneo ou um consenso sobre a Ayahuasca (ISABEL SANTANA DE ROSE e ESTHER
JEAN LANGDON LANGDON, 2010).

Das aldeias às cidades: a eclosão de religiões e práticas xamânicas urbanas

Ao longo dos dois últimos séculos, os seringais continuaram em atividade, povoados


por sucessivas gerações descendentes dos primeiros migrantes nordestinos, muitos dos
quais vieram a construir família através de uniões conjugais com mulheres nativas
capturadas e ou suas filhas. É quase certo que a apresentação da Ayahuasca aos
seringueiros deu-se nesse contexto de proximidade e contato com as populações indígenas
(MARIANA CIAVATTA PANTOJA FRANCO e OSMILDO SILVA DA CONCEIÇÃO, 2009).
Embora em vários países da América do Sul, como Colômbia, Bolívia, Peru,
Venezuela e Equador, haja uma tradição de consumo da Ayahuasca por xamãs e
vegetalistas, curiosamente é somente no Brasil que se desenvolvem religiões de populações
não-indígenas que fazem uso desta bebida. No caso dessas religiões brasileiras, tais são
formuladas a partir da herança de consumo da Ayahuasca pelos sistemas de curandeirismo
amazônicos, bem como de outras fontes: a tradição afro-brasileira, o espiritismo kardecista e
o esoterismo de origem europeia, sobretudo via o Círculo Esotérico da Comunhão do
Pensamento e a Ordem Rosa Cruz (LABATE, 2009).
Ao exercerem o ofício de seringueiro, Raimundo Irineu Serra (fundador do Santo
Daime) e José Gabriel da Costa (fundador da União do Vegetal), a exemplo de outros
migrantes, entraram em contato com povos da Amazônia peruana, com os quais de
iniciaram no uso ritual da Ayahuasca. Não só os seringueiros, mas pessoas que exerciam a
profissão de garimpeiro e que foram para Rondônia motivados pela busca do ouro,
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costumam dizer que “na verdade o ouro era o Daime e que graças a Deus o encontraram”
(ARNEIDE BANDERIA CEMIN apud LABATE e ARAÚJO, 2009).
A análise das formas de consumo da bebida Ayahuasca entre os seringueiros é um
vasto campo de estudos para compreender o aparecimento e a constituição do Santo
Daime, da União do Vegetal e da Barquinha. Segundo diversos relatos, a estrutura do ritual,
as chamadas (cânticos considerados sagrados, entoados durante o ritual) e as histórias que
constituem a mitologia dessas religiões podem ser encontradas, com determinadas
variações, é claro, em diversas regiões da Amazônia Ocidental (LABATE, 2009).
A cultura da Ayahuasca é considerada por muitos como a última das tradições
xamânicas que se conserva com maior grau de pureza do planeta. Aqui podemos afirmar
que esta foi extrapolada de seu contexto xamânico e se integra definitivamente numa forma
neo-religiosa. A Ayahuasca se converte agora em um novo Eldorado da cultura moderna
(ZUALAGA apud LABATE e ARAÚJO, 2009).
Conceição (2009) afirma que a Ayahuasca poderá operar também como um
orientador na condução da vida prática. Isto acontece quando as pessoas que o ingeriram
procuram saber, ou “futurar”, sobre o seu trabalho, viagens ou mesmo suas amizades.
Pode-se ingeri-la também em busca de cura para doenças, ou de “limpeza” do organismo.
Existem casos de que, na época dos seringueiros, a Ayahuasca promovia mudanças morais
em suas vidas, como parar de ingerir bebidas alcoólicas, de fumar cigarro e de se envolver
em festas e jogos de futebol, principais ocasiões em que brigas têm chance de ocorrer no
seringal.
Finalmente, com o auge das experiências psicodélicas no mundo ocidental, muitas
pessoas buscam a experiência da Ayahuasca com o único fim de experimentar as
sensações alucinatórias desta bebida. Alguns querem uma experiência “autêntica” e viajam
em busca de “verdadeiros xamãs”, enquanto outros ingressam nesta experiência guiados
pelas oportunidades à sua volta. Hoje é fácil conseguir uma garrafa de Ayahuasca pela
internet; nos Estados Unidos se oferecem viagens organizadas com destino ao Equador,
Peru e Brasil praticamente com o único objetivo de consumir esta substância visionária
através das mãos de algum pretenso xamã indígena a serviço de uma agência de viagens
(ZUALAGA apud LABATE e ARAÚJO).

O início da legalização do consumo

Segundo psiquiatras integrantes do grupo multidisciplinar do Conselho Nacional de


Políticas sobre Drogas (CONAD), responsáveis pela resolução que regulamentou o uso
religioso da Ayahuasca no Brasil, há uma importante distinção a ser feita: “Ampliar a
consciência não significa ter alucinação em seu sentido pejorativo", segundo eles, ampliar a
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consciência é alcançar um estado mental que permite uma reflexão profunda, semelhante à
meditação. Já a alucinação é uma percepção alterada da realidade (DIONATAS ULISSES
DE OLIVEIRA MENEGUETTI e NAILA FERNANDA SBSCZK PEREIRA MENEGUETTI,
2014).
Segundo José Arturo Costa Escobar (2012), a Ayahuasca é considerada, em geral,
pelos diversos grupos religiosos, como uma substância capaz de permitir ao usuário o
contato com o Divino ou dimensão divina, daí retirando conhecimentos, força e luz, que
permitam a evolução material e espiritual, atuando também como modo de orientação da
conduta diária. Atualmente, a Ayahuasca emerge em um contexto mundial, tornando-se uma
das mais importantes e mais conhecidas substâncias psicodélicas de uso ritual. Culturas
que normalmente não possuíam a Ayahuasca como elemento central de suas religiosidades
passam hoje a incorporar em suas cosmologias e rituais de cura, principalmente, a
Ayahuasca. Levando a autorização da bebida ritual, deve-se também o reconhecimento
como patrimônio cultural e histórico sendo de utilidade pública.
Motta (2013) assegura que o chá Ayahuasca é definido como uma substância
(bebida) psicoativa que segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (2004) é qualquer
substância química, natural ou sintética, proscrita ou não, que altera o comportamento, o
humor e a cognição, agindo preferencialmente nos neurônios, afetando o Sistema Nervoso
Central.
No Brasil, a primeira política importante relativa à Ayahuasca foi gerada em 1985
pela Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Medicamentos (DIMED), que classificou a
Ayahuasca como uma substância proibida (Portaria, 1985). Um Grupo de Trabalho foi em
seguida proposto pelo Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN), predecessor do
CONAD, para aprofundar o tema (Resolução, 1985). No ano seguinte, como recomendação
do Grupo de Trabalho, a Ayahuasca foi temporariamente desclassificada como substância
ilegal (Resolução, 1986). Após encontros extensivos com as comunidades ayahuasqueiras
brasileiras, o Grupo de Trabalho, por unanimidade de votos, recomendou definitivamente a
legalização da Ayahuasca e a autorização de seu “uso ritual e religioso”. Segundo o
Relatório Final, a bebida não causa dependência química (Relatório Final, 1987). Essas
recomendações foram aprovadas em uma reunião oficial do CONFEN (LABATE e KEVYN
FEENEY, 2012).
Segundo Motta (2013), o processo de legalização teve continuidade com a
Resolução Nº 4 do Conselho Nacional Anti-Drogas (CONAD), de 4 de novembro de 2002,
que reconheceu o direito ao uso do chá em contextos religiosos por menores de idade e
grávidas, decisão essa que foi reiterada pela Resolução nº 1/2010. Segundo a resolução, o
uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de
deliberação dos pais ou responsáveis, e cabem as grávidas a responsabilidade do uso,
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atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da


personalidade do menor e do nascituro. Foi recomendada a formação de um grupo
multidisciplinar para definir normas de controle social de seu uso. A Resolução n. 05
(Resolução, 2004) foi promulgada em 2004 para criar o Grupo Multidisciplinar de Trabalho
sobre a Ayahuasca, mas dois anos se passaram antes que os membros desse grupo – que
incluía integrantes do governo, pesquisadores e representantes de grupos ayahuasqueiros –
fossem eleitos. Esse grupo se reuniu periodicamente e produziu seu Relatório Final em
2006 (Relatório Final, 2006), posteriormente incluído na Resolução de 2010 do CONAD.
A Resolução de 2010 foi adotada como tentativa de estabelecer uma deontologia do
uso da Ayahuasca: um conjunto de regras, normas e princípios éticos a serem seguidos,
incluindo a proibição de distribuição comercial, uso terapêutico, turismo, publicidade e o
consumo de Ayahuasca com drogas ilícitas. Foram definidas regras relativas ao transporte
de Ayahuasca e à colheita das plantas selvagens Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis. A
Resolução recomendava que os grupos buscassem sustentabilidade ecológica, plantando
tais espécies para suprir suas necessidades. Sob essa Resolução, a preparação, o
armazenamento e o consumo de Ayahuasca também ficam permitidos, desde que seu uso
último esteja restrito aos rituais religiosos. Outros parâmetros da Resolução incluíam
estabelecer diretrizes para aceitar novos adeptos e uma sugestão de que os diversos
grupos ligados à Ayahuasca se constituíssem como entidades legais e se registrassem junto
ao CONAD. Finalmente, a Resolução estimulou o desenvolvimento de pesquisa científica
sobre os potenciais terapêuticos do uso da Ayahuasca (LABATE e FEENEY, 2012).
Segundo Garrido e Sabino (2009), o Relatório Final do Grupo Multidisciplinar de
Trabalho datado de 23 novembro de 2006 aprovou determinados princípios deontológicos
para o uso religioso da Ayahuasca que se encontram resumidos abaixo:
a) O chá Ayahuasca é o produto da decocção do cipó Banisteriopsis caapi e da
folha Psychotria viridis e seu uso é restrito a rituais religiosos, em locais autorizados pelas
respectivas direções das entidades usuárias, vedado o seu uso associado a substâncias
psicoativas ilícitas;
b) Não é permitida a comercialização deste chá e as espécies vegetais
utilizadas deverão ser cultivadas pela própria entidade religiosa ou serem extraídas
observando-se as normas ambientais;
c) Não é permitido o uso dos efeitos da Ayahuasca como forma de atração
turística ou de propaganda de suas propriedades;
d) Não é permitida também a associação dos efeitos da Ayahuasca ao
curandeirismo e os grupos que fazem o uso deste chá para fins religiosos devem se
constituir em organizações jurídicas;
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e) A entidade religiosa responsável pela administração do chá aos seus adeptos


também ficará responsável pelo controle de novos adeptos à prática religiosa e deve evitar o
ingresso de pessoas com histórico de transtornos mentais, bem como a pessoas sob efeito
de bebidas alcoólicas ou outras substâncias psicoativas. Estas pessoas serão esclarecidas
sobre o ritual religioso, cadastradas e seus dados arquivados pela entidade religiosa;
f) Os relacionamentos institucional, religioso ou social que venham a ocorrer
entre os adeptos, em qualquer instância, devem zelar pela ética e pelo respeito mútuo
A substância N, N-dimetiltriptamina (DMT), presente no chá de Santo Daime,
encontra-se na Lista F2 (Lista das Substâncias Psicotrópicas de Uso Proscrito no Brasil).

Funções terapêuticas

Santos (2004) relata que no início da década de 90, dezenas de pesquisadores de


várias partes do mundo (EUA, Finlândia, Brasil) reuniram-se em Manaus para estudar,
cientificamente, a Ayahuasca e seus mais diversos aspectos. Deste estudo (Hoasca Project)
surgiram alguns artigos científicos, afirmando a inofensividade para a saúde da referida
bebida:
a) Diagnósticos psiquiátricos: inexistência de distúrbios psiquiátricos, inclusive
os que caracterizam “vício” (abstinência, tolerância, comportamento de abuso e perda
social);
b) Avaliação neurológica: maior poder de concentração e melhor resposta de
memória auditiva imediata que os indivíduos do grupo controle (que nunca ingeriram a
Ayahuasca);
c) Análise da personalidade: os indivíduos experimentais tendiam a ser pessoas
mais seguras, calmas, dispostas, alegres, emocionalmente maduras, ordeiras, persistentes
e confiantes em si mesmas em relação aos indivíduos do grupo controle;
d) Ayahuasca X Serotonina: foi encontrado um aumento dos receptores
plaquetários de serotonina nos indivíduos da UDV em relação aos controles, o que neste
caso, não pode ser mal interpretado como sendo uma indicação de patologia neurológica
e/ou psiquiátrica e sim, ao contrário, devido ao melhor nível de humor encontrado entre os
membros da UDV que participaram do estudo, apontando um possível efeito antidepressivo
no chá;
e) Efeitos fisiológicos: não foram evidenciadas diferenças estatisticamente
significantes na contagem de células vermelhas (eritrograma) e células brancas
(leucograma), e nos níveis séricos de: creatinina, fosfatase alcalina, colesterol total e fração
HDL, transaminase glutâmicooxalacéticos (TGO), transaminase glutâmico-pirúvica (TGP),
bilirrubina total e frações, sódio, potássio e cálcio;
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f) Efeitos neuroendócrinos: todas as medidas avaliadas tiveram aumentos,


quando comparados aos níveis basais dos voluntários (hormônio do crescimento, prolactina
e cortisol). O hormônio do crescimento e a prolactina tiveram aumentos entre 90 e 120
minutos respectivamente, e voltaram aos níveis basais após 6 horas;
g) Efeitos autonômicos: diâmetro da pupila, frequência respiratória e
temperatura oral foram medidos, e, em todos os casos, sofreram um aumento. A frequência
respiratória e a temperatura oral sofreram um leve aumento, levando-se em conta que o
ambiente onde foram realizados os testes também sofreu um aumento de temperatura. Em
outro estudo, é sugerida uma estimulação adrenérgica, ou simpática, na primeira hora e
meia após ingestão do chá, após este período é observada uma resposta tipo
parassimpática, ou repouso, com decréscimo da frequência cardíaca, pressão arterial
sistólica e diastólica e frequência respiratória.
h) Efeitos cardiovasculares e excreção de metabólitos de monoaminas: os
efeitos subjetivos tiveram um pico entre 1 hora e meia e 2 horas; a pressão diastólica sofreu
um aumento significativo (9 mmHg aos 75 minutos) enquanto a pressão sistólica e a
frequência cardíaca foram moderadamente ou não significamente aumentadas,
respectivamente; a maior concentração de dimetiltriptamina (DMT) coincidiu com o pico dos
efeitos subjetivos;
i) Efeitos na atividade elétrica regional no cérebro - Tomografia
Eletromagnética: foi notado que, nas doses usadas no experimento, a Ayahuasca não
induziu sintomas psicóticos plenos e nenhum dos participantes perdeu a consciência de que
os efeitos psicológicos experimentados eram induzidos pela Ayahuasca; o decréscimo em
algumas ondas cerebrais de baixa atividade (delta e theta) apresentado é semelhante aos
produzidos por psicoestimulantes não puros , como o LSD; o presente estudo sugere o
envolvimento de estruturas paralímbicas (emoção e memória), límbicas e do córtex; os
efeitos na percepção e cognição foram considerados positivos e prazerosos pelos
voluntários, em contraste com o aspecto esquizofrenizante (pensamentos paranóicos, medo
de perder o controle, etc) reportado em estudos com outros enteógenos, como a psilocibina,
quando esta foi dada a sujeitos que nunca tiveram contato com este tipo de substâncias.
Motta (2013) afirma que há um crescente interesse na aplicação médica da
Ayahuasca incluindo suas propriedades antioxidantes, antimutagênicas e antigenotóxicas.
Existem sugestões dos efeitos psicoterapêuticos para depressão grave. Um potencial
terapêutico bioquímico ocorre, já que há uma regulação do número de recaptação de
serotonina em plaquetas sanguíneas. O uso regular e em longo prazo do chá resulta na
modulação da serotonina. Os transportadores de serotonina são significativamente elevados
nos usuários do chá de Ayahuasca, existindo a especulação que o uso da infusão possa
reverter os déficits de serotonina e assim controlar essas doenças além de promover
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positivas mudanças comportamentais, tanto em depressão como em vícios de drogas, por


exemplo, como também dito por Escobar (2011).
A Ayahuasca tem a capacidade de modular a expressão dos genes de transporte de
serotonina e o aumento desse gene de transporte pode ter efeitos imunomodulatórios
significantes (MENEGUETTI e MENEGUETTI, 2014).
Para Escobar e Roazzi (2010), os efeitos antidepressivos são dados pelo efeito das
beta-carolinas presentes no chá, provenientes da Banisteriopsis Caapi.
Um estudo conduzido por Santos et al. (2007), além de investigar o papel positivo do
referido chá na depressão, também relatou a positividade do uso no estado de ansiedade e
pânico. Relatara-se melhora na saúde física e mental além das relações interpessoais no
trabalho e na família. Muitos medicamentos prescritos, eficazes ansiolíticos, importantes no
tratamento antidepressivo e antipânico atuam exatamente inibindo a recaptação de
serotonina, mesmo mecanismo do chá.
O chá pode ser uma ferramenta terapêutica que permite a exposição segura para
eventos emocionais, como no tratamento de distúrbios do impulso, da personalidade, no
abuso de substâncias e no tratamento do estresse pós-traumático (TELES, 2016).
Escobar (2012) também cita a eficácia do chá no tratamento de transtorno obsessivo
compulsivo (TOC).
Segundo Goulart (2009) “O poder terapêutico do Daime está ligado à transformação
moral citada, referindo-se a um fenômeno muito mais amplo do que uma cura puramente
orgânica.”
Estudos clínicos mostram que a inibição da MAO pela harmina e harmalina
proporcionam proteção contra a neurodegeneração, tendo um grande potencial como ação
terapêutica para o tratamento da doença de Parkinson. O estresse oxidativo induzido tem
sido fortemente associado com a patogênese de doenças neurodegenerativas, incluindo a
doença de Alzheimer. Além disso, sugere-se que o extrato padronizado de Banisteriopsis
caapi com composição atribuído de marcadores pode ser útil para essas doenças
neurodegenerativas devido ao efeito combinado de proantocianidinas e beta-carbolina
alcaloides (MENEGUETTI e MENEGUETTI, 2014).
Segundo Motta (2013), o primeiro estudo sobre as propriedades terapêuticas dos
componentes da Ayahuasca foi realizado em 1928 pelo neurologista Kurt Bheringer, que
testava o extrato do cipó mariri no tratamento da doença de Parkinson. A doença é causada
pela perda de neurônios, que uma vez danificados param de produzir neurotransmissores
(dopamina) e comprometem a capacidade do cérebro de controlar os movimentos. Ainda
não se sabe ao certo o que danifica esses neurônios em pacientes com Parkinson, mas
sabe-se que os radicais livres tem essa função. Sendo assim, antioxidantes, agonistas de
dopamina ou inibidores da MAO podem atuar fornecendo proteção contra a
14

neurodegeneração, tendo importante papel no tratamento da doença. Um estudo conduzido


por Serrano-Dueñas et al. (2001), utilizou Banisteriopsis caapi em pacientes com doença de
Parkinson e obteve melhora significativa na função motora, sugerindo assim a utilização
desta planta no tratamento desses pacientes.
Uma das principais ações fisioimunológicas da Ayahuasca é o aumento das células
natural killers (NK) que estão diretamente envolvidas no combate a parasitas e células
cancerígenas. Há relatos de remissão de cânceres e outros problemas sérios, através do
uso regular do chá, sendo observada também redução significativa na dor física durante o
período da doença instalada e manifestada (MENEGUETTI e MENEGUETTI, 2014).
O aumento nas células natural killers (NK) pode explicar o uso da Ayahuasca na
etnomedicina mestiça em florestas de áreas de risco, como importante profilático diante de
graves doenças parasitárias tropicais, demonstrando sua ação antiparasitária, profilática e
antimicrobiológica. Os alcaloides do chá agem contra infestações gastrointestinais
ocasionados por vários agentes patogênicos, conforme podemos observar abaixo:
a) Significante ação anti-tripanosomal, contra o Trypanosoma lewisii, que tem a
capacidade de infectar primatas. Em ratos e camundongos experimentalmente infectados,
foram encontrados exemplares parasitando os rins, fígado, baço e coração
b) Efeitos contra o Trypanosoma cruzi também foram notificados. Este é o
agente etiológico da Tripanossomíase Americana conhecida popularmente como doença de
Chagas.
c) Combate o Plasmodium sp, um dos agentes etiológicos da malária
d) Ação contra Leishmania sp, agente etiológico da Leishmaniose. Alguns
autores acreditam que é devido ao uso desse chá que indígenas não se infectam por esse
parasita.
e) Efeitos contra Toxoplasma gondii, agente etiológico da Toxoplasmose, que
tem entre provoca meningoencefalite e miocardite congênitas.
f) Ação profilática contra amebíase e giardíase, que provocam alterações e
incômodos gastrointestinais.
g) Combate e tem ação profilática contra doenças parasitárias helmínticas, em
especial Ascaridíase e Teníase.
h) O extrato etanólico de Banisteriopsis caapi tem ação antibacteriana contra
Escherichia coli e Staphylococcus.
i) Há também relatos de combate a infecções por vários tipos de vírus.

A Ayahuasca pode ser utilizada, ainda em pequenas doses diárias como tratamento
de algumas moléstias, febres, dores de cabeça, diarreias, pois considera-se que se a
pessoa precisa de limpeza, assim, o chá faz com que evacue e vomite e, em caso de
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vômitos e de diarreias, o chá estanca-os. Além disso, é usado em ferimentos ou


queimaduras, apresentando, segundo os testemunhos, notável poder cicatrizante. Na
Doutrina Daimista, Mestre Irineu aconselhava que se tomasse uma colher de chá de
Ayahuasca todos os dias em jejum, para prevenir doenças. Relata-se também que o chá é
usado como proteção e como facilitador no parto de mulheres grávidas. Muitas vezes
realizados em casa ou em hospitais, aconselha-se que tomem o chá, o que assim fazem. As
crianças ao nascerem recebem uma gota do chá em sua boca, podendo ainda continuar a
recebê-lo ao longo da vida de acordo com a decisão dos pais (CEMIN, 2009).

Considerações finais

Sem datações do surgimento e uso entre nativos, mas carregando grandes traços
socioculturais, o consumo da Ayahuasca se expande na primeira metade do século IXX
culminando o surgimento de religiões presentes até hoje. A legislação para o consumo deste
chá engloba credenciamentos de instituições e frequentadores, anamnese de novos
consumidores e fiscalizações ambientais, sociais e comerciais. O consumo humano traz
benefícios em patologias psicológicas e psiquiátricas, Alzheimer, Parkinson, Doença de
Chagas, Leishmaniose entre outras.

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