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SOCIOLOGIA

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Capítulos de Sociologia

1. SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA..................................................…………………...PÁG. 3

2. SOCIOLOGIA DA CULTURA.......................................................………………….....PÁG. 4

3. RELIGIÃO, ESTADO E SOCIEDADE.....................................…………………….........PÁG. 5

4. FAMÍLIA E ESCOLA.....................................................................…………………....PÁG. 7

5. DESIGUALDADE, POBREZA E CONFLITO SOCIAL..............………………………...PÁG. 9

6. DESVIO E CONTROLE SOCIAL (MICHEL FOUCAULT)...........………………………PÁG. 10

7. ESTADO, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA...........……………………….PÁG. 11

8. PODER E DOMINAÇÃO............................................................………………....…..PÁG. 12

9. ÉMILE DURKHEIM...................................................……………………………....……..PÁG.13

10. MAX WEBER...........................................................…………………………….………..PÁG.15

11. KARL MARX.............................................................................………………..……..PÁG.17

12. SOCIOLOGIAS DO SÉCULOXX (ESCOLA DE CHICAGO, ESCOLA DE


FRANKFURT) ..............................................................................……………….…...PÁG.19

13. MOVIMENTOS SOCIAIS........................................................………………...……..PÁG.20

14. PÓS-MODERNIDADE (ZYGMUNT BAUMAN, LIPOVETSKY)………………………..PÁG.21

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SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Por que a sociologia foi Transformação política: cienti icismo e iluminismo, o
necessária durante a passagem homem questiona ideias abjetas.
da Idade Média para a Ocorreu, também, transformação A vida em sociedade estava na
Modernidade? política, a qual foi a transição do mão humana a partir desse
Absolutismo para o Liberalismo. momento e não nas mãos de
Foi quando ocorreu uma transição Absolutismo: Hobbes, o Estado Deus, como pensavam
econômica (feudalismo para o era interventor, autoritário, Estado antigamente. O marco
capitalismo) e, + Rei. Liberalismo: Locke, não histórico é o renascimento
consequentemente, problemas interventor, liberdades individuais, cultural.
sociais contribuíram para o despersoni icação do Estado
surgimento da iloso ia, tais como (eleição). O marco histórico da
longas jornadas, fábricas transformação política foi a
insalubres, baixos salários, tado (eleição). O marco
urbanização descontrolada, histórico da transformação
carência. política foi a Revolução
Francesa.

Transformação econômica:

A transformação econômica
gerou problemas modernos que
são objetos da sociologia a
revolução industrial foi o marco
econômico dessa transformação.

Transformação cultural:

Transformação cultural foi a


transição entre teocentrismo para
o geocentrismo. Por meio de
fenômenos como o racionalismo,

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SOCIOLOGIA DA CULTURA:
Estudar a cultura: Elementos da cultura:
Se por um lado produzimos a implicando punições dos mais
cultura, por outro somos produtos variados tipos.
• Universalidade Já as informais são
dela. A di iculdade em formular • Subcultura
um conceito especí ico de cultura entendidas como normas,
• Cultura popular porém não estão
decorre, dentre outros motivos, • Cultura periférica
do fato de que nós, seres formalizadas legalmente,
• Contracultura como é o caso do uso de
humanos, somos frutos dela e a • Assimilação cultural
produzimos e reproduzimos em vestimentas em diferentes
• Cumulativo ocasiões e lugares.
todos os aspectos da nossa vida. • Compartilhamento e
Portanto, uma das de inições Os tabus também são normas
transmissão cultural informais, porém mais rígidas e,
de cultura é o conjunto das
produções humanas que normalmente, há di iculdade
Normas e valores: em questioná-los ou relativiza-
perpassam todas as dimensões A cultura está relacionada ao
e todos os aspectos da vida lós.
comportamento, ao pensamento, à
social e pessoal. emoção e ao intelecto, ou seja, à
Olhar ao nosso redor tendo Valores:
maneira como cada um vê o mundo
como referência apenas a e sistematiza as compreensões da
cultura em que estamos Os valores são um conjunto de
realidade à sua volta. concepções coletivas de
inseridos é o que caracteriza o É fundamental termos
etnocentrismo. A postura de comportamentos, atitudes e
consciência das normas e dos pensamentos considerados
questionar o etnocentrismo valores de inidos como
com base em outras culturas e “bons” e “desejáveis” ou
hegemônicos em nossa cultura e “ruins” e “indesejáveis”. Eles
referências – sem classi icá-las sociedade.
ou compará-las de acordo com ditam as diretrizes de como as
Normas e punições: pessoas devem agir e viver.
a nossa própria realidade é A cultura pode limitar as ações dos
conhecida como relativismo seres humanos. Os sociólogos
cultural. Patrimonialização da cultura:
chamam esse processo de controle
social, que envolve todo tipo de É o processo de transformação
Cultura Material e imaterial: mecanismo de controle sobre de um bem material ou
comportamentos e pensamentos. imaterial em patrimônio
Cultura material: compreende Nesse contexto, o cumprimento
elementos concretos, físicos e histórico e cultural, por meio do
ou não de normas gera possíveis estudo, preservação,
palpáveis, como sítios recompensas e punições,
arqueológicos, prédios históricos, conservação e divulgação de
chamadas de sanções. As sua importância para a
obras de arte etc. sanções podem ser de dois tipos: sociedade que o criou
negativas e positivas. É fundamental não apenas
Cultura imaterial: envolve
aspectos abstratos, como para a preservação dos
técnicas, saberes e modos de patrimônios histórico-
fazer, além de questões culturais, mas também para
relacionadas ao pensamento e à torná-los conhecidos pela
linguagem, por meio das quais as própria sociedade que os
ideias são concebidas e trocadas. criou, garantindo sua
Está associada a contextos reprodução (no caso dos
subjetivos e simbólicos no campo imateriais) e valorização pela
das representações. economia local.

Existem 3 tipos de normas:

As formais são aquelas escritas


normatizadas por estatutos e leis,

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RELIGIÃO, ESTADO E SOCIEDADE:


Sociologia e religião: diferentes contextos sociais e sentido, a maioria dos indivíduos
históricos em que estão inseridas. vive uma vida profana, pois a
As crenças, lendas e Quase todas as sociedades maioria das atividades realizadas.
mitologias passaram a humanas possuem algum tipo de
justi icar e legitimar a sistema simbólico de credos, O mundo desencantado e
autoridade de lideranças ou as desde os mais simples até os mais reencantado:
divisões de poder dentro dos complexos e estruturados.
agrupamentos humanos. Isso Um mundo encantado é aquele
também contribuiu para que em que a magia está presente
fossem criadas identidades em todas as coisas, tanto nos
mais amplas de grupos, objetos como na natureza.
aproximando os indivíduos Portanto, desencantar é retirar
que eram adoradores dos essa magia, substituindo as
mesmos deuses e, como explicações mágicas pelas
consequência, afastando racionais, baseadas no
aqueles considerados empirismo e na
inimigos. A relação entre experimentação. De acordo
religião e comunidade foi com o sociólogo Max Weber, as
muito bem de inida por Émile Componentes da religião:
tradições religiosas
Durkheim, um dos estudiosos monoteístas constituem a
pioneiros na Sociologia da Crenças: referem a
primeira grande etapa desse
Religião. Para Durkheim, a representações do sagrado e das
processo, uma vez que
religião é: relações que sustentam essa
retiraram, gradualmente, a
“Um sistema solidário de crenças dimensão, envolvendo ainda
magia de suas experiências
e de práticas relativas a coisas proibições que distinguem o que
religiosas, concentrando-se em
sagradas, isto é, separadas, é sagrado e profano.
uma vida ética e focada em um
proibidas, crenças e práticas que As religiões podem ser
único Deus. A ciência moderna
reúnem numa mesma monoteístas (crença na existência
teria continuado esse processo
comunidade moral, chamada de um único deus) ou politeístas
de desencantamento, que,
igreja, todos aqueles que a elas (crença em vários deuses).
para o autor, não é nem linear e
aderem.” O rito (ou ritual), por sua vez, diz
nem irreversível.
O sociólogo alemão Karl Marx respeito às regras de conduta
destaca, em suas análises, uma sobre como os indivíduos
O processo de declínio do
visão mais crítica a respeito do devem se comportar diante dos
domínio religioso, bem como o
papel da religião na sociedade. objetos sagrados e nos espaços
enfraquecimento das instituições
Para ele, as instituições, ao religiosos.
religiosas e a perda do signi icado
pregarem crenças que, em geral, Sagrado e profano:
social delas para o âmbito racional
focam em recompensas ligadas O sagrado é algo misterioso, é
e cientí ico, é chamado de
a uma ideia de vida após a morte, uma manifestação que se
secularização. Politicamente, isso
contribuem para a manutenção apresenta de forma claramente
acarretou a separação entre a
da estrutura social vigente. Marx diferente da nossa realidade diária.
religião e o Estado, ou seja, levou
descreve a religião como um Pode-se entender o sagrado
à criação de Estados laicos.
“ópio do povo”. como aquilo que está além, ou
Weber aprofundou o tema da
seja, que transcende o mundo
religião em outros aspectos. Na
Diversidade religiosa: “natural”, “normal” (profano).
obra “A ética protestante e o
Fazem parte dele as divindades e
espírito do capitalismo”, ele analisa
O homem é um ser social, os demais elementos religiosos.
as relações entre o sistema
podendo também transformar-se Já o mundo profano é composto
capitalista e a religião protestante,
em ser religioso. As crenças, daquilo que faz parte do nosso
desde os primórdios das reformas
lendas, mitologias e religiões são dia a dia, como a alimentação, o
religiosas no século XVI.
encontradas por todo o planeta, trabalho, o consumo, os objetos
variando de acordo com os e as atividades no geral. Nesse

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O retorno das religiões: Os fundamentalistas consideram que


No Brasil, o catolicismo esses textos devem ser interpretados,
registrou uma diminuição em sua totalidade, de modo literal,
no número de adeptos ao deixando de lado as percepções
longo do século XX (e simbólicas, metafóricas e alegóricas. Do
continua essa tendência). ponto de vista da Sociologia, o
Por outro lado, as religiões fundamentalismo é um fenômeno
minoritárias, como a importante porque tem
umbanda, o candomblé e o consequências nos âmbitos político e
espiritismo, tiveram um social, uma vez que exerce papel
cresci mento, conforme essencial em movimentos políticos
demonstrou o último radicais, e, além disso, pode gerar
Censo Populacional consequências graves, como a
realizado no país, em 2010, perseguição e a intolerância religiosa, a
pelo IBGE. Mas o fenômeno perda da liberdade de consciência, entre
O argumento principal mais expressivo desse outras
do sociólogo está em período foi a ascensão das
dizer que havia uma igrejas evangélicas
ética entre os pentecostais e
protestantes – ou um neopentecostais. Alguns
código socialmente sociólogos observam
aceito de que esse retorno das
comportamento – que religiões, embora varie
favorecia a dedicação em diferentes contextos,
ao trabalho, ao revela em comum o fato
acúmulo de capitais e à de que muitas pessoas
vida ascética. Esse têm buscado conforto e
padrão ético, segundo segurança emocional nas
Weber, próprio dos religiões. Além disso, esse
protestantes dos países cenário inclui uma
do norte da Europa, particularidade: os
favoreceu o indivíduos têm,
desenvolvimento do frequentemente, usado
capitalismo naquela maior liberdade de escolha,
região. Enquanto o sul, assumindo crenças que
de padrão religioso e façam mais sentido a eles
ético católico, não ou combinando, por vezes,
experimentou um diversas religiões e/ou
desenvolvimento circulando entre
capitalista tão instituições diferentes.
acelerado.
O fundamentalismo:
Nem todos os países
do mundo se de inem Os fundamentalistas
pelo secularismo, ou leituras ao pé da letra de
pela laicidade de seus textos das doutrinas que
estados. São seguem e levam suas
chamados de Estados crenças a um nível extremo
teocráticos, pois a de intensidade, indo além
religião o icial dos espaços religiosos.
fundamenta as O fundamentalismo
diretrizes movimento religioso que
de ações políticas, enfatiza a verdade
jurídicas e policiais absoluta de aspectos
estatais, como é o caso essenciais — ou
do Irã e da Arábia “fundamentais” — da fé,
Saudita, onde, sobretudo os radicados
respectiva mente, o em textos sagrados.
islamismo xiita e o
sunita embasam toda a
estrutura estatal.

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FAMÍLIA E ESCOLA:
Instituições sociais: Família pode ser de inida como família nuclear corresponde
Família pode ser de inida como um um conjunto de duas ou mais ao casal e, em muitos casos, seus
conjunto de duas ou mais pessoas pessoas ligadas por contatos ilhos. Já na família extensa
ligadas por contatos primários, como primários, como relações há o compartilhamento da
relações afetivas, sanguíneas, alianças afetivas, sanguíneas, alianças dinâmica cotidiana com outros
(casamentos ou outras relações (casamentos ou outras relações parentes, como avós, tios,
acordadas) e família nuclear acordadas) e adoção. Essa sobrinhos etc. Nas sociedades
corresponde ao casal e, em muitos instituição compartilha uma contemporâneas, existe uma
casos, seus ilhos. Já na família extensa série de responsabilidades vitais tendência à nuclearização.
há o compartilhamento da dinâmica para a sociedade, como
cotidiana com outros parentes, como reprodução, proteção, sustento,
avós, tios, sobrinhos etc. Nas cuidado e formação de seus
sociedades contemporâneas, membros.
existe uma tendência à
nuclearização.
As instituições inspiradas em
comportamentos e baseadas em
valores compartilhados por uma
sociedade ou grupo social. Cumprem
requisitos, como:

• reposição de pessoas, ou seja,


recrutamento constante de novos
membros;
• treinamento de novos integrantes,
isto é, compartilhamento de
Sua composição está
diretamente relacionada a Uma das funções sociais da
valores culturais, contextos família é garantir o aumento
normas, crenças e modos de agir, socioeconômicos, papéis demográ ico de uma
pensar e sentir;
• produção de bens e serviços à
sociedade;
atribuídos aos seus membros,
entre outros processos e
sociedade.
A família também possui uma
• preservação da ordem e
apresentação de propósitos
fenômenos, como a in luência
de religiões ou normas
função econômica
fundamental, pois ela garante o
preconizadas por grupos sustento econômico e material
dominantes. Esses fatores de seus membros.
Autores marxistas argumentam que as fazem com que alguns tipos
instituições ajudam as elites a se familiares sejam mais frequentes
manter no poder e geram na do que outros, mas, apesar
população uma tendência a aceitar dessa pluralidade, existem
opressões, dominações e injustiças. A certas características que se
família e a escola são as instituições fazem presentes na maioria dos
sociais mais importantes na arranjos.
construção da sociabilidade
moderna, desde ao menos o século
XIX, no Ocidente. Consideradas
como a porta de entrada para a vida
social ampliada, essas instituições são
responsáveis pela construção de Da mesma forma, a
valores e comportamentos transmissão de valores
fundamentais para o futuro cidadão. culturais é também um papel
social da família. Tradições,
Família: festas, idiomas,
comportamentos, visões de
Tipos de casamento: mundo, práticas religiosas,
monogâmicos, arranjados. hábitos culinários e outros
poligâmicos, traços culturais também são
Arranjos familiares e funções preservados e transmitidos
sociais: por essa instituição.
Quanto à extensão, as famílias
possuem um núcleo e muitas
extensões. O que chamamos de
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O controle social é outra importante função excelência, tese defendida por teóricos como Émile
da família como instituição social. Cabe à Durkheim (século XIX). Mas, se por um lado a escola
instituição familiar a tarefa de transmitir as exerce funções importantes dentro da sociedade,
normas formais e informais vigentes na por outro, sociólogos
sociedade, pois essas regras regulam a como Pierre Bourdieu (século XX) defendem que
interação e a convivência entre os seus esse aspecto conservador pode di icultar
membros e as demais pessoas, bem como os importantes mudanças na sociedade e reproduzir
comportamentos nos espaços coletivos relações de poder e desigualdades sociais.
(códigos de vestimenta, cumprimento de
horários, respeito às autoridades). Escola e suas funções sociais:
A principal função da escola é transmitir
conhecimentos teóricos, técnicos e culturais.
A escola também se responsabiliza por ajudar a
preparar os estudantes para ingressar no
mercado de trabalho.
A escola é o principal agente socializador secundário,
continuando o processo iniciado pela família. Em
especial a partir da adolescência, os estudantes
formam grupos de interesses e gostos em comum e
redes de apoio e compreensão mútua.

A função integradora também se dá pelo


acolhimento de alunos de classes sociais, etnias,
crenças e culturas distintas e pela formação de
um espaço de convivência respeitoso e
Mudanças contemporâneas na família: tolerante.
Nuclearização da família, Redução da Outro papel atribuído à escola é a continuação da
quantidade de ilhos, geração “canguru”, socialização pelos mecanismos de controle, iniciada
Casamento a distância, Diminuição da duração no processo de socialização primário.
dos casamentos, Mães solo, Uniões
homoafetivas. A escola como fator de reprodução social:
Devido a seu aspecto preservador da sociedade, as
A educação e a escola: escolas correm o risco de contribuir para o
Durante a Idade Contemporânea, a escola prolongamento ou a manutenção do status quo (isto
adquiriu um caráter massi icado e obrigatório, é, da vida social como ela se encontra atualmente), o
passando a se con igurar, após a família, como a que muitas vezes inclui problemas e desigualdades
segunda mais importante instituição sociais.
socializadora. Nessa socialização secundária,
a sociedade ensina seus valores, normas, A educação brasileira acaba por acentuar uma
regras e traços culturais a seus membros diferença de posições: aqueles que já possuem
com o objetivo de fazer com que eles os boas condições inanceiras têm acesso a
conservem. A educação é, portanto, um melhores escolas, enquanto aqueles com menos
processo que visa à perpetuação da sociedade recursos ingressam nas instituições públicas,
e à adaptação do indivíduo à coletividade. cuja qualidade varia no território nacional, mas
Nesse sentido, entendemos a tarefa que no geral tem nível comparativamente mais
educacional como conservadora por baixo.

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DESIGUALDADE, POBREZA E CONFLITO:


Estrati icação e desigualdade Visão de Thorstein Veblen:
social: 1. Por castas
2. Estamento observa que, nas sociedades de
A Sociologia chama de consumo, há um
estrati icação as estruturas, ou 3. Por classes sociais
comportamento generalizado
formas de organização hierárquica, de compra de bens caros, não
dos grupos de uma sociedade. A por sua função manifesta (sua
palavra deriva do latim stratum, que utilidade prática), mas por sua
signi ica “camada, estrato”. As função latente (indireta,
desigualdades dos sistemas de implícita): a a irmação de um
estrati icação dizem respeito a status mais elevado. Assim,
riquezas, rendas e propriedades veri ica-se um paradoxo: há
e, também, a formas de acesso quem compre um produto pelo
ao poder, prestígio social, fato de ser caro, e não
in luência, entre outros. A necessariamente por sua
distinção também ocorre por qualidade ou função prática.
Teoria das classes sociais:
categorias sociais mais amplas,
Visão marxiana: A estrati icação
como gênero, raça, etnia e religião. Pobreza e desigualdades:
social, para Marx, é uma
consequência do modo de
produção da sociedade. Para o Pobreza absoluta: situações
sociólogo, as classes estão em que uma pessoa ou família
relacionadas, portanto, à posição se encontra abaixo do mínimo
comum de um grupo de pessoas necessário para que possa
em relação aos meios de garantir sua subsistência.
produção. Além disso, o modo de
produção ou dimensão econômica Pobreza relativa: mede a
de uma sociedade (sua carência de recursos e
infraestrutura) condiciona as oportunidades em
outras dimensões: política, cultural, comparação com outras
familiar e religiosa (a populações do mesmo país.
Tipo ideal: superestrutura).

O sociólogo alemão Max Weber Visão weberiana:


de ine o conceito de tipo ideal Se, para Karl Marx, a classe era
como uma construção teórica de inida pela posição face aos
abrangente, geral, feita com base meios de produção, para Max
em casos particulares, encontrados Weber, a estrati icação é um
na investigação sobre as diferentes fenômeno mais complexo. Weber
realidades sociais, econômicas, concorda com Marx que as
culturais etc. Os tipos ideais são sociedades se caracterizam por
construídos como estratégia de con litos motivados por poder e
investigação sociológica, recursos, mas parece-lhe
permitindo comparações entre incoerente resumir todo sistema
contextos diferentes. de estrati icação e desigualdades
somente ao fator econômico. Para
Temos, por exemplo, o tipo ideal ele, as diferenças de classe não do
de uma classe social, de um fato de um indivíduo possuir, ou
grupo político, de uma não, meios de produção e
organização religiosa: propriedades (dimensão
respectivamente, o “burguês”, o econômica). Elas seriam
“socialista” ou o “muçulmano”. agravadas por outros fatores.

Modelos de estrati icação:

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DESVIO E CONTROLE SOCIAL:


Enquanto desvio pode ser Cada indivíduo é levado a se como o poder da violência do
entendido como uma atitude concentrar nas suas próprias Estado – e as alterando. A essa
que contraria as expectativas atividades da forma mais e icaz sociedade do poder e da
hegemônicas de que puder. Há sempre um vigilância.
comportamento caminho de progresso, uma Foucault chama sociedade
social, os sociólogos direção a seguir: maior disciplinar.
chamam de controle e iciência e maior produtividade
social as técnicas e as possíveis. Para o pensador
estratégias de uma francês, cada corpo bem
sociedade ou grupo social individualizado é conectado
para fazer cumprir os a outros corpos
comportamentos individualizados, o que gera
considerados padrões e composições de forças. Se
prevenir possíveis desvios. pensarmos em uma empresa,
cada funcionário se especializa
Michel Foucault: na sua função, e forças maiores
Disciplina e poder a ele o encaixam em um
articulado sistema de produção
constituído também por todos
os outros funcionários.

O poder disciplinar se baseia


em três técnicas básicas, que
serão explicadas a seguir:
observação hierárquica,
julgamento e exame.

Observação hierárquica: os
Se contrapunha à clássica espaços físicos onde
soberania dos reis, no alvorecer acontecem as relações são
do século XIX: o poder projetados para que haja
disciplinar. constante vigilância.
O controle social, na
perspectiva foucaultiana, é Julgamento: no exercício do
exercido em todos os poder disciplinar, o julgamento
aspectos. O poder age sobre tem papel fundamental. Ele
gestos, movimentos e ações. deve ser normalizado de forma
O tempo também é contínua até ser percebido
cuidadosamente orientado por como natural.
cronogramas e horários bem
delimitados; seja em fábricas, Exame: quando os superiores
empresas, escolas ou outras submetem seus subordinados
instituições, o indivíduo se vê a exames, o cumprimento das
dentro de regras implícitas e normas é cobrado e reforçado,
explícitas, que lhe atribuem e o poder disciplinar se
rotinas diárias intensas, precisas materializa em um saber
e controladas. Separações por disciplinar.
faixa etária marcam os
alunos nas salas de aula, As relações poder-saber saem
aproveitamento e das instituições e se
quali icação de generalizam por toda a
trabalhadores em empresas sociedade, interagindo com
e respeito à hierarquia e outras modalidades de poder –
comportamento de soldados
nos quartéis.

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ESTADO, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO:


O Estado Moderno: demokratia (demo: povo; kratia: Democracia Liberal:
governo) e signi ica governo, cuja
O sociólogo alemão Max soberania é exercida pelo povo.
Weber de ine o Estado como Ainda que precursora, a
uma comunidade humana – concepção de democracia dos
uma sociedade – que se gregos possuía limitações. Na
organiza por meio de relações Atenas de 500 a.C., apenas os
legítimas de dominação, ou homens nascidos em Atenas e
seja, por vínculos de com mais de 18 anos podiam
dominação reconhecidos e participar das decisões políticas.
aceitos pela população. Mulheres, estrangeiros e
Diante disso, o Estado escravos não possuíam esse
direito. Democracia e cidadania são
moderno possui o monopólio instituições sociais dinâmicas que
legítimo do uso da violência, se constituíram ao longo de
que é exercida pelas intensos processos de lutas
autoridades: o governo e as sociais e confrontos. A democracia
instituições que fazem parte liberal, por exemplo, é um modelo
dele. Além disso, o Estado é político que resultou da luta das
administrado por um classes burguesas revolucionárias no
complexo aparelho político im da Idade Moderna. Assim, em
formado por diversas contraposição aos Estados
organizações, como absolutistas europeus, controlados
parlamento e órgãos por reis e aristocratas, a democracia
públicos. Todo Estado está liberal se apoia em direitos e leis para
associado a um território, o Democracia: participativa ou impor regras de atuação ao poder
qual é determinado por direta político do soberano. Desse modo,
fronteiras bem de inidas, onde assegurar as liberdades individuais
o governo é a autoridade A busca por mecanismos de passou a ser uma condição para a
absoluta, ou seja, é soberano. participação popular nas democracia
A defesa do território decisões políticas também está
nacional é uma das relacionada aos gregos, que Democracia Representativa:
responsabilidades das fundaram o modelo de
Forças Armadas, que se democracia participativa Entre as democracias liberais, o
baseiam na prerrogativa do (também conhecido como modelo mais comum é o da
uso legítimo da força para democracia direta), em que o democracia representativa, na qual a
garantir sua soberania, cidadão participa diretamente população elege os representantes
sobretudo no contexto dos debates e vota nas decisões para as instituições do Estado, como
internacional. em prol da cidade. Ainda que Congresso, executivo, órgãos
esse modelo seja interessante, municipais etc. Logo, o cidadão,
seria inviável aplicá-lo em com o direito ao voto, escolhe as
sociedades com centenas de lideranças políticas responsáveis para
milhões de pessoas e grande compor o governo. A eleição e o
nível de complexidade. Apesar sufrágio universal são elementos
disso, as democracias atuais primordiais ao funcionamento
dispõem de mecanismos desse modelo.
capazes de aumentar a
participação direta dos
Democracia: origens e cidadãos, como o referendo e o
modelos plebiscito.
Desde sua origem, na Grécia
Antiga, a democracia
constitui-se como um modelo
político que confronta as
formas monárquicas ou
aristocráticas de poder. A
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PODER E DOMINAÇÃO:
Poder, poderes: participar ou in luenciar
O poder está a divisão de autoridade. 2. Foucault e a microfísica do poder:
profundamente Assim, todo político O poder disciplinar é um mecanismo de
imerso nas nossas relações busca poder, seja para autoridade que se expande por toda sociedade,
sociais e se apresenta nas aplicá-lo para o bem exercido por técnica de dominação sobre os
mais diversas situações comum, seja para indivíduos. Como esse tipo de poder age sobre
cotidianas: o pátrio poder atender a interesses o comportamento dos indivíduos, Foucault o
exercido sobre crianças e egoístas. denominou micropoder. Nesse sentido, ele se
adolescentes; irmãos O Estado é o único ao contrapõe ao poder do Estado,
disputam o primeiro (e qual legitimamos o uso representante do macro poder. Foucault
maior) pedaço do bolo; da violência, que a investigou as forças que agem em nível
casais negociam as aplica por meio de suas micro e compõem um campo de atuação e
tarefas do dia a dia; instituições e sob re lexão que o autor batizou de microfísica
alunos fazem as orientação de um do poder.
atividades solicitadas governo. De acordo Em sua obra, para além do poder disciplinar, o
pelos professores que, com a de inição de ilósofo francês destacou dois tipos de poder,
por sua vez, são Weber, nenhuma outra com diferentes escopos de atuação: o poder
coordenados pelos instituição pode usar soberano e a biopolítica.
diretores e a violência física, exceto
coordenadores. se autorizada pelo 3. O poder simbólico de Pierre Bourdieu:
Estado. Nas famílias, Assim como Foucault, Bourdieu também
As relações de poder com frequência, os pais enxerga o poder como uma complexa rede de
também atuam na fazem uso de castigos e forças. Enquanto o primeiro fala em
produção e organização constrangimentos poder, Bourdieu prefere o termo dominação ou
da vida em sociedade. Em físicos sobre seus ilhos. violência, e foca em um tipo especí ico de
uma escola, por Além do poder do dominação: a simbólica.
exemplo, o professor é a Estado, o sociólogo
autoridade que ensina e Max Weber percebeu A dominação simbólica é realizada por meio
intermedeia os que a dominação se da cultura e molda nossa visão sobre o
processos de exercia em outros mundo e sobre nós mesmos. Para Bourdieu,
aprendizagem em sala níveis, e não somente essa dominação é tão poderosa que seu
de aula. por essa instituição. impacto sobrepõe ao da violência política e
Ele se interessou policial. E isso ocorre porque ela se apoia em
também por investigar um elemento central: o consentimento
o modo como as daqueles que a sofrem.
pessoas reconhecem e
legitimam autoridades,
permitindo-lhes o
exercício do poder.

Poder e dominação na Visando criar categorias


teoria sociológica: que pudessem ser
utilizadas em
1. A dominação de Max análises, ele
Weber: compreende três tipos
puros (ou ideais) de
Max Weber entendia que o dominação: tradicional,
estudo do poder é carismática e legal.
importante para
compreender os grupos
políticos e, em especial, o
Estado. De acordo com o
sociólogo, é desse poder
que deriva a ideia de
política, uma vez que esta
é de inida pelo conjunto de
esforços feitos pelos
indivíduos para 12
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ÉMILE DURKHEIM:
Obras importantes: Características do fato social: Consciência coletiva:
É um conjunto de crenças e de
“Regras do método Exterioridade: o fato social sentimentos compartilhados
sociológico”: estuda o precede o indivíduo. “Ao nascer, o pelos indivíduos que formam um
objeto e o método em indivíduo se depara com um sistema determinado e com vida
questão. conjunto de regras e normas própria. A personalidade, as
externas a ele”. Exemplo: pedir crenças e os valores são
“Suicídio”: defende que as benção. derivados da consciência
causas estão na sociedade e Coercitividade: é a pressão que a coletiva e ela molda a
não no indivíduo. sociedade exerce sobre o consciência individual.
“Da divisão do trabalho indivíduo, é uma espécie de molde
social”: fala sobre a da sociedade. “Quanto mais o Ser social > ser individual
solidariedade orgânica e indivíduo vai contra a
mecânica. sociedade, maior o peso dela A consciência coletiva não é a
sobre ele.” A coerção muda de simples soma das consciências
O método: acordo com o lugar devido à individuais.
É chamado de comparativo cultura, coerção é como se fosse
ou positivista, porém não é o uma sanção. Tipos de fato social:
mesmo de August Comte. Normal: saudável, é aquele que
Fala como o sociólogo deve reforça a consciência coletiva.
estudar a sociedade Característica: geral.
Patológico: é aquele que
Passos importantes: 1º extrapola os limites da aceitação
tratar a sociedade como da consciência coletiva.
coisas, ou seja, como um Características: excepcional,
objeto. 2º eliminar os transitório.
preconceitos e pré-noções,
deve- se eliminar paixões,
tratar com frieza. 3º alcançar
a objetividade do
conhecimento, a
neutralidade. Coerção = sanção moral:
cancelamento, por exemplo.
Objeto: fato social Coerção = sanção legal: multas,
O objeto pode ser toda a cadeia.
maneira de pensar, agir e Uma sanção moral pode ser
sentir comum à média dos mais punitiva que uma sanção
membros de uma legal. OBS → análise do crime: é um
sociedade, que forma um fato social normal, pois as
sistema determinado e com sociedades convivem com taxas
vida própria (suigeneres), isto de criminalidade, o crime é
é, assim que o indivíduo necessário para a vida em
nasce, a sociedade já existe, sociedade, porque o
já há instituições, moral, comportamento divergente deve
suicídio, moda, escola, ser punido para reforçar as
educação. normas da sociedade
(consciência coletiva). Contudo,
A educação formal ou o crime pode ser patológico se
concentrada seria a da Geral: “É social todo fato que é sair dos níveis esperados. Não é a
escola e a educação gravidade de um crime que
informal ou difusa seria a revela a sua patologia, ou seja,
da família e amigos. não é porque mobiliza a
sociedade que é patológico.
“Os pais não educam os Punição: serve para constranger
ilhos e para educar.
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Suicídio como fato social: Tipos de direito:

Tese: as causas do suicídio não são sociais: “O que Repressivo: é aquele que aplica uma sanção que
ocorre com a mente do indivíduo é um eco moral reduz o prestígio social do indivíduo, há a exclusão, o
do que ocorre com a sociedade” cancelamento. Ex: direito penal (penas alternativas).
Restitutivo: é aquele que permite o indivíduo corrigir o
Explicações para o suicídio: dano, prejuízo causado. Ex: direito de família, direito do
consumidor, direito trabalhista.
1º: psicologia: mente
2º biologia: hereditário Tipos de solidariedade:
3º geogra ia: clima
Solidariedade mecânica: relacionada a cultura,
De inição de suicídio: todo ato consciente simples, primitiva, consciência coletiva intensa,
produzido pelo indivíduo cujo resultado seja a sua similitude, consciência individual esmorecida,
própria morte. divisão do trabalho reduzida (idade, sexo), sanção
Inibidores do suicídio de acordo com moral, direito repressivo, suicídio altruísta.
Durkheim: meios sociais como freios morais,
como religião, família, política e pro issão. Solidariedade orgânica : capitalista, complexa,
consciência coletiva moderada, dissemelhança,
Tipos de suicídio: consciência individual vigorosa, divisão do
trabalho acentuada (individualização →
Egoísta: consciência coletiva afrouxa a otimização), sanção legal, direito restitutivo,
consciência individual, eu> nós, consciência suicídio egoísta ou anômico.
coletiva fraca, indiferença, apatia com a vida,
melancolia. Ex: jovens nas sociedades capitalistas.
Altruísta: consciência coletiva absorve a
consciência individual, nós > eu. Ex: homens bomba.
Anômico: consciência coletiva em crise, desamparo
moral. Ex: guerras, pandemia.

Solidariedade social:

São os laços, elos de interdependência entre os


indivíduos.
É o produto da consciência coletiva e da divisão
do trabalho social.

Indicadores de solidariedade: densidade


demográ ica (material, densidade moral
(comparar cidade do interior com capital).

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MAX WEBER:
Max Weber e a sociologia Valores e operação cientí ica: devem ser o objeto privilegiado
compreensiva pela Sociologia.
Weber entende que não é
tarefa dos cientistas emitir Weber classi icou as ações
juízos de valor. O meio sociais em quatro categorias:
cientí ico não tem lugar para
louvores ou julgamentos. O 1. Ação racional vinculada a
cientista busca causas e inalidades: ato praticado com o
elabora explicações, não propósito de alcançar
sendo sua função julgar fatos determinado im. Exemplo: um
ou pessoas. aluno que se dedica aos estudos
visando à aprovação no vestibular.
Weber não estava interessado em 2. Ação racional vinculada a
alcançar a objetividade absoluta valores: ato que se orienta não
na investigação sociológica. Todo por uma inalidade, mas por uma
cientista social é também um convicção que tem em vista a
cidadão, um irmão, possui idelidade a um valor, seja este
opiniões políticas e econômicas. moral, ético, religioso, político ou
Max Weber (1864-1920),
Logo, não estão isentos de outro. Exemplo: uma pessoa que
um dos importantes
juízos de valor. E é nesse se insere em uma missão de
pensadores atuantes na
sentido que Weber explora o assistência religiosa em razão de
passagem do século XIX
conceito de vocação. Para ele, um valor de sua crença.
para o XX, foi responsável
há uma neutralidade própria da 3. Ação afetiva: ato motivado por
pela consolidação da
vocação do sociólogo. Ou algum sentimento (ciúme, paixão,
Sociologia como ciência.
melhor, duas vocações: uma medo, esperança, inveja, orgulho,
Para ele, as diversas áreas do
cientí ica e outra política. vingança etc.). Exemplo: um
saber têm um caráter de
indivíduo que decide não admitir
cienti icidade na medida em
um erro que cometeu por medo
que conseguem produzir
de ser repreendido e passar a ser
diversas explicações causais
malvisto.
relativas à realidade. Em
4. Ação tradicional: ato
outras palavras, tanto as
motivado por alguma tradição,
ciências naturais quanto as
costume ou hábito enraizado em
ciências histórico-sociais
sua vida. Exemplo: uma pessoa
partem da mesma pergunta
que usa trajes brancos ou de
em suas investigações: “O
outra cor especí ica e simbólica
que causa isso?”.
no Réveillon por força da tradição
Se falamos em seleção,
em sua cultura.
também precisamos falar
no que move cada uma
dessas escolhas. Para
Weber, as escolhas feitas O estudo da ação social:
durante o processo O conceito de ação social é
investigativo são fundamental para compreender
motivadas por valores, ou as diferenças entre Weber e
seja, princípios que movem Durkheim. Enquanto Durkheim
as escolhas realizadas entendia a sociedade e suas
pelos pesquisadores. Não instituições como elementos
são juízos de valor, como externos ao indivíduo, Weber O tipo ideal weberiano:
uns poderiam crer, mas a irma que eles são produtos do
parâmetros de escolha dos conjunto das ações dos A im de conferir maior rigor aos
objetos a serem estudados indivíduos, que estão estudos sociológicos, Max Weber
e das questões a serem constantemente se inter- formulou a teoria do tipo ideal (ou
respondidas. relacionando. Nesse sentido, na tipo puro). Trata-se de uma versão
visão de Weber, as ações sociais simpli icada e generalizada de um
elemento da realidade, uma

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noção abstrata que serve de parâmetro para


estudos e análises de fenômenos.

Não devemos confundir


o “ideal” com o “idealizado” (de qualidades
que tendem à perfeição) ou com o que é objeto
de uma alta aspiração. Os tipos ideais não são
projeções do que gostaríamos de ver na
realidade: pelo contrário, eles são
generalizações assentadas na vida real. O
adjetivo “ideal”, nesse caso, signi ica “relativo
à ideia, abstração mental”.

As relações sociais: os tipos weberianos Dominação carismática: é a que tem fundamento


na obediência a uma liderança em razão do que as
O sociólogo alemão classi ica as relações pessoas veem como qualidades excepcionais do
sociais da seguinte maneira: líder. Exemplo: Antônio Conselheiro (1830- 1897), que
liderou, social e religiosamente, a comunidade de
1. Relações comunitárias: ocorrem quando os Canudos, no sertão baiano, em um modelo rural
participantes se alicerçam em um sentimento autossustentável que, no inal do século XIX, atraiu
de pertencimento ao grupo; ou seja, há uma agricultores pobres, escravizados recém-libertados e
base de ações afetivas ou tradicionais. indígenas.
2. Relações associativas: ocorrem quando os
participantes se ancoram em alguma união de Dominação tradicional: é aquela em que a
interesses manifestados em ações de cunho obediência se dá como consequência de tradições
racional, sejam elas vinculadas a inalidades, arraigadas. Exemplo: o poder dos senhores feudais,
sejam a valores. aceito por estar enraizado nos costumes nesse tipo
de sociedade.
Dominação:
Dominação legal: é aquela que se fundamenta em
De acordo com a visão weberiana, o poder é uma uma ordem legal, o icialmente estabelecida em
relação social em que alguém tem de imprimir a normas ou contratos. Exemplos: patrões e gestores
própria vontade mesmo diante da resistência de em empresas e chefes de Estado no poder público
outra pessoa e independentemente da base na
qual essa ação se Capitalismo, religião e Estado:
sustenta. Em outras palavras, de acordo com esse Ao procurar explicar o espírito do capitalismo, Weber
conceito, não há preocupação em de inir quais apresenta algumas ideias, como as atribuídas a
recursos são empregados pelo detentor do poder. Benjamin Franklin (1706-1790), ilósofo político,
Porém, além do poder não consentido, há outra diplomata e cientista estadunidense. Uma
relação: a dominação. Nesse caso, um indivíduo delas é que “tempo é
dominador, ou indivíduos dominadores, tem sobre dinheiro”. Entre as estratégias adotadas para
outro, ou outros, um poder assentado na aumentar a riqueza, está a ação de fazer
probabilidade de que haverá obediência. Isso se empréstimos. O tempo que um valor ica nas
dá em virtude de alguma legitimidade mãos de um outro rende juros, uma vez que o
atribuída ou reconhecida pelos dominados. credor deixou de empregá-lo e gerar lucros com
ele. A Igreja Católica, no passado, condenava
essa prática, chamada de usura: ela não via no
dinheiro um bem produtivo e gerador de valor,
mas sim apenas um instrumento de troca. Logo,
considerava um pecado (um afastamento de Deus)
ganhar sem ter trabalhado diretamente para isso.
Essa mentalidade começou a mudar com o advento
do protestantismo.

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O materialismo histórico- dialético de


Karl Marx:
KARL MARX:

Formado em um ambiente de
efervescências e transformações Para Marx, o trabalho não é apenas um meio gerador de
econômicas, o pensamento de Marx riqueza, mas também a forma por meio da qual o homem
trouxe uma nova visão sobre a história e se humaniza, transformando o meio à sua volta de acordo
as relações humanas: com suas necessidades e interesses. Porém, essa
dimensão do trabalho não seria mais veri icável no
Toda sociedade estaria assentada sistema capitalista, pois o que se via era o trabalho
nas condições materiais para sua pelo trabalho, visando tão somente à subsistência. Karl
existência, ou seja, se basearia na economia. Marx compreendeu essa mudança no trabalho como um
Marx considera que as mudanças nas processo de alienação, pois, à medida que os proletários
sociedades seriam resultado não de ideias, se tornavam alheios aos resultados de sua própria
mas de sua realidade material. É o que ele e atividade, consequentemente eles se tornavam estranhos
Friedrich Engels (1820-1895), seu amigo e a si mesmos. A inal, o que eles produziam servia
companheiro de trabalhos, teorizam sob a apenas ao enriquecimento dos proprietários dos
terminologia materialismo histórico. Este meios de produção, e não ao desenvolvimento de suas
representaria uma teoria da história que capacidades e condições de vida.
procura explicar suas mudanças e o seu
desenvolvimento por meio das A teoria do valor-trabalho e a produção capitalista:
contradições econômicas, conferindo às
relações de trabalho e de produção uma Na teoria do valor-trabalho são consideradas duas formas
importância preponderante na de valor: o valor de uso e o valor de troca das
determinação dos acontecimentos. mercadorias. O valor de uso tem por base a satisfação de
necessidades que uma determinada mercadoria
As ideias e o seu contexto: proporciona, o que a faz representar uma qualidade ou
Marx explicou que, ainda no século XVI, as utilidade distinta de outras: uma calça tem um valor de
estruturas sociais predominantes na Europa uso, um pacote de pães tem outro, um litro de leite tem
eram de origem feudal; entretanto, com o outro, etc.
comércio mundial alcançando novas e
maiores proporções, as antigas classes
transformaram-se, dando origem a novas. O
enriquecimento dos comerciantes e,
posteriormente, dos industriais, levou à
formação de uma classe burguesa ou
capitalista, detentora dos meios de
produção. Já os antigos servos feudais,
separados das terras e de todos os meios
de produção, dariam lugar aos
proletários, a classe operária, que, em
troca de uma remuneração em dinheiro
(salário), venderia sua força de trabalho,
identi icada como uma mercadoria.
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Ocorre que diferentes mercadorias, por mais que Ideologia e estruturas sociais:
tenham qualidades distintas, podem também ser
trocadas. E o que permite isso? Para Marx a O conjunto das relações de produção constitui a
resposta está no valor de troca: a medida do infraestrutura econômica da sociedade, ou seja,
poder que uma mercadoria tem de ser passível de justamente sua base real.
troca por determinada quantidade de outras. Mas Acima dessa infraestrutura, segue- se o que Marx
como o valor de cada mercadoria poderia ser chama de superestrutura, ou seja, a ordenação
estipulado? Esse valor deveria ser medido pela política e jurídica, bem como as ideologias políticas,
quantidade de tempo de trabalho aplicado na ilosó icas, religiosas etc. Desse modo, a
produção de uma mercadoria. Assim, o valor de superestrutura depende da infraestrutura e é
troca de cada mercadoria seria fruto da re lexo dela.
quantidade de tempo trabalhado para criá-la. Esse
valor, portanto, está diretamente relacionado O comunismo como o im da história:
ao trabalho necessário para produzir
determinada mercadoria. Por isso, essa ideia De acordo com sua perspectiva dialética, Karl Marx
icou conhecida como teoria do valor-trabalho. enxergava, no decorrer da história humana, uma
No entanto, no modo de produção capitalista, as constante oposição entre opressores e oprimidos.
mercadorias adquirem uma importância maior do O movimento em direção ao comunismo partiria do
que as forças humanas que as produziram. Essas aprofundamento das desigualdades entre
últimas passam a ter sua vida, de certa forma, burguesia e proletariado e da conscientização
vinculada ao movimento do mercado, ou seja, desse último grupo sobre sua condição de
de venda e compra. Em outras palavras, exploração. Como consequência natural, viria a
embora sejam as pessoas que produzam as ruptura com o capitalismo e, então, sua
mercadorias, essas acabam por se distanciar superação, mediante a luta de classes.
da relação de produção, ganhando uma
espécie de nova identidade, construída com o
auxílio do marketing e da imagem que as
pessoas fazem dela. Esse processo é chamado
por Karl Marx de fetichismo da mercadoria, uma
vez que a mercadoria aparece como que “caída do
céu”, sem que ique claro o processo de trabalho
humano que foi necessário para produzi-la.

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SOCIOLOGIAS DO SÉC XX:


Escola de Chicago: Escola de Frankfurt:
De inspiração marxista, os pensadores da Escola de Frankfurt teceram
análises sobre a sociedade, e elaboraram uma
teoria crítica, que possui duas categorias conceituais: totalidade e dialética.
Dessa maneira, por um lado, a teoria crítica analisa a sociedade
contemporânea como um todo, com foco na sociedade industrializada
e capitalista, e, por outro, traz à luz as contradições do capitalismo
(in luência da dialética hegeliano-marxista), com uma abordagem que
envolve campos econômicos, culturais e psicológicos (também há
Nos Estados Unidos, a embasamentos em teses freudianas).
Escola de Chicago se
desenvolveu em um Jürgen Habermas (1929-), membro da Escola de Frankfurt, considera que
contexto marcado pelo as teses de Adorno e Horkheimer contêm problemas. Os dois autores
crescimento da criticaram a razão pós-Iluminismo, que teria assumido o papel de
criminalidade, da violência instrumento do sistema capitalista, prestando- se ao propósito de dominação
em geral e das infrações das consciências das classes populares e de perpetuação das relações de
juvenis, com a formação exploração. Habermas vê no pensamento dos dois teóricos um tom
de gangues e de bolsões reducionista: a razão não pode ser reduzida a um aspecto dela, que seria sua
de pobreza e aplicação instrumentalizada ou utilitária. Ele propõe, então, a teoria do agir
desemprego, agravados comunicativo: a razão tem um caráter dialógico, ou seja, é fruto do
pela chegada de diálogo e da argumentação, utilizando-se da linguagem para chegar a
imigrantes e a formação consensos. Para essa ação
de guetos. Estamos nos social, é indispensável
referindo ao contexto do fortalecer valores como liberdade, respeito e
início do século XX, e reconhecimento do outro, os quais possibilitam construir uma ética do
precisamente sobre a diálogo. De acordo com o pensador alemão, essa ética deve ser um pilar
década de 1920. Um dos da democracia moderna. As decisões e as normas que dizem respeito à
teóricos de destaque da coletividade devem resultar, portanto, de consensos obtidos por meio
Escola de Chicago é o de debates que ocorrem no interior da sociedade e entre esta e o
estadunidense Robert Estado.
Park (1864-1944), um dos
criadores do termo
ecologia humana.
O espaço urbano está
marcado pela existência
de organizações físicas
e organizações morais e
se traduzem no espaço
urbano por meio de
regiões burguesas,
operárias, boêmias,
estudantis, comerciais.
De acordo com Park,
então, há quatro
processos básicos nas
interações do meio
urbano: competição, com
disputa por posições e
status; con lito decorrente
da competição; o acordo
gera o im do con lito e a
aceitação de posições
sociais; e a assimilação é
marcada pela integração
econômica e cultural dos
vários componentes da
sociedade.
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MOVIMENTOS SOCIAIS:
Ação coletiva e movimentos Movimentos sociais em rede: Com as mídias sociais, é possível
sociais: promover uma mobilização de amplo alcance, divulgá-la e
acompanhá-la em tempo real. Essas manifestações que ocupam
Ao nos depararmos com uma espaços públicos urbanos são mais autônomas, não contam
mudança social ou com a necessariamente com lideranças, programas, ideologias ou
possibilidade de ela ocorrer, projetos de inidos, e têm em vista a conclamação por
podemos contribuir para promovê- transformações na sociedade.
la ou reagir para tentar evitá-la ou
contorná-la. Uma das formas Outra possibilidade de participação on-line ciberativismo,
centrais de se posicionar de uma que consiste na militância via internet, especialmente nas
maneira ou de outra é mediante redes sociais, e promove o compartilhamento de posts,
ações coletivas, de inidas como hashtags e outros conteúdos. Esse engajamento pode envolver
mobilizações por meio das quais ou não a participação em movimentos presenciais e, em razão de
pessoas, em conjunto, procuram sua natureza, pode ser transitório e de comprometimento parcial.
gerar mudanças sociais ou
resistir a elas.

A ação coletiva, quando não é


violenta e segue padrões de
comportamento associados a
realidades sociais
institucionalizadas, como
passeatas, greves e protestos nas
ruas, é classi icada de usual.
Quando ela abandona ou
subverte padrões e convenções
prede inidos em estruturas
institucionais, recebe o rótulo de
não usual.

Os novos movimentos sociais:

1. Movimentos por demandas


materiais
2. Movimentos feministas
3. Movimento negro
4. Movimentos LGBTQIA+
5. Movimentos ambientalistas
6. Movimentos indigenistas
7. Movimentos pelos direitos
humanos
8. Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto
9. Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra.

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PÓS-MODERNIDADE:
A era pós-moderna: crise do conhecimento e 1. Lugares êmicos
do sujeito: 2. Lugares fágicos
3. Não lugares
Diversos pensadores têm chamado o período 4. Espaços vazios.
atual de pós- modernidade. O termo se
popularizou para designar uma era de Lipovetsky: a hipermodernidade
mudanças sociais, culturais e artísticas, entre
outras, que se dão em ritmo intenso. Para
teóricos como o francês Jean-François Lyotard
(1924-1998), este é um momento marcado pela
crise das grandes narrativas ou visões de
mundo.

A modernidade líquida de Zygmunt Bauman:

O sociólogo e ilósofo francês Gilles Lipovetsky


(1944-) trata da vida contemporânea como
hipermodernidade. Nesse caso, o pre ixo hiper reforça
a ideia de que este é um tempo de intensi icação da
modernidade.
A dinâmica de criação e vendas também inclui
variedade, inovação e so isticação contínuas dos
produtos e serviços: em curtos espaços de tempo,
surgem novos eletrônicos
O polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) (smartphones, televisores de computadores,
utilizou a metáfora da liquidez para se referir ao última geração e outros), aplicativos para diferentes
tempo presente como um momento em que os inalidades (como entregas em domicílio, transporte
conceitos e as verdades são maleáveis e de passageiros e entretenimento), vestuário, calçados
facilmente adaptáveis. A vida contemporânea, e artigos da moda, eletrodomésticos que poupam as
de acordo com ele, é também luida, sujeita a pessoas de diversas tarefas, novas refeições, fast-foods
rápidas alterações, e não uma identidade ixa e bebidas, novos modelos de veículos etc. Tudo isso
por muito tempo. visa assegurar a permanência das necessidades de
consumo.
Surgem também novas percepções
relacionadas ao espaço. Bauman observa,
quanto a isso, que o mínimo de harmonia no
convívio das relações interpessoais é
assegurado pela civilidade, o que requer a
presença de espaços civis, isto é, de espaços de
convívio. No entanto, há ambientes que não
favorecem esse aspecto ou que o negam,
alguns exemplos:

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