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Terça-Feira, 8 de Setembro de 2009 - A Revista brasileira de Cidadania!

Espécies invasoras contribuem com a perda da biodiversidade


Meio Ambiente 21/05/2009

As espécies invasoras e a destruição de habitat causada pelo homem


têm sido as duas maiores causas de perdas de biodiversidade em todo
o mundo nos últimos cem anos. No Brasil, que é reconhecido como o
país que detém a maior fatia da biodiversidade mundial, ainda se
conhece pouco sobre como as invasoras interagem com as espécies
nativas. “Estudos e pesquisas sobre comportamento, controle e
manejo das espécies invasoras são fundamentais para a manutenção
da nossa biodiversidade e conservação da natureza”, afirma o
engenheiro florestal e analista de projetos ambientais da Fundação O
Boticário, Gustavo Gatti.

As espécies invasoras são o tema do Dia da Diversidade Biológica,


comemorado nesta sexta-feira (22), em todo o mundo. No Brasil, um
levantamento feito em 2007 por diversos especialistas e conduzido pelo
Ministério do Meio Ambiente catalogou mais de 600 espécies invasoras, que
podem causar prejuízos tanto aos ecossistemas naturais quanto à saúde
humana.

As espécies exóticas invasoras são aquelas encontradas fora de seu ambiente


natural e que conseguem se estabelecer e proliferar devido às suas
características e capacidade de adequação.

“Pela capacidade de adaptação que possuem e pela falta de predadores


naturais, as espécies invasoras se alastram com facilidade, interferindo
diretamente nos ambientes naturais onde foram introduzidas. Ameaçam os
ecossistemas onde se instalam, geram desequilíbrios e extinções de espécies
nativas e também podem causar prejuízos econômicos. Por este motivo, a
erradicação ou controle de qualquer espécie invasora não é uma tarefa fácil e a
prevenção deve ser priorizada”, explica Gatti.

A Fundação O Boticário, desde sua criação em 1990, apoiou em todo o Brasil


1.176 projetos de conservação da natureza, incluindo iniciativas que estudam
formas de controle e manejo de espécies invasoras. São exemplos os projetos
realizados no Parque Estadual do Pico Paraná, no Paraná; no Parque Nacional
da Serra do Cipó e na Área de Proteção Ambiental do Morro da Pedreira, em
Minas Gerais; no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro; e na
Caatinga, na Paraíba.

PROJETO CAMAPUÃ – No Paraná, um dos projetos apoiados pela Fundação O


Boticário é o controle de Pinus e análise de dispersão de sementes em campos
de altitude, desenvolvido pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e
Conservação Ambiental, na Serra do Mar.

As árvores do gênero pínus têm crescimento rápido e são plantadas visando à


produção comercial de madeira e celulose. “Essas plantações, quando feitas
com manejo adequado, são importantes porque possibilitam gerar matéria-
prima para a indústria moveleira, por exemplo, sem utilizar espécies nativas,
evitando a degradação de florestas”, ressalta Gatti.

No entanto, o engenheiro florestal ressalta que, quando elas extrapolam os


limites de sua plantação comercial, podem acarretar prejuízos ambientais e
econômicos às áreas próximas, gerando alterações nos solos, no regime
hídrico e em outros ciclos naturais. É o que está acontecendo na Serra do Mar
do litoral do Estado do Paraná. Ali, os pínus estão atingindo os campos de
altitude, que são áreas com grande riqueza natural, que contêm espécies que
só existem ali, mas que são frágeis – a declividade acentuada predominante e
aos solos pouco desenvolvidos facilitam a sobreposição de invasoras sobre as
espécies nativas.

O projeto desenvolvido no ano passado pelo Instituto Hórus e apoiado pela


Fundação O Boticário teve como objetivo principal realizar o controle da
invasão de pínus em três morros de campos de altitude da Serra do Mar do
Paraná: Camapuã, Camacuã e Tucum, pertencentes ao Parque Estadual do
Pico Paraná, região de Mata Atlântica. Entre 2008 e 2009, foram cortadas
2.390 árvores.

Apesar de todo o esforço do projeto, a erradicação da espécie nessas áreas


somente seria possível se os plantios na base dos morros fossem eliminados,
pois o vento dispersa as sementes serra acima. “Entretanto, visto a
importância do cultivo do pínus para a economia, esta alternativa mostra-se
inviável”, diz Gatti.

Uma solução, segundo os pesquisadores do projeto, seria uma


regulamentação para plantio de pinus que incluísse a prevenção e o controle
no manejo florestal praticado. Entre as medidas que podem ser adotadas para
minimizar a dispersão de sementes pelos plantios está a implantação de
barreiras de quebra-vento.

http://www.bempublico.com.br/novo.php?acao=mostrar_artigo&idArtigo=11090

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